1. A sociedade contemporânea é caracterizada por superficialidade, relações vazias e falta de responsabilidade, gerando "filhos órfãos de pais vivos".
2. As consequências incluem violência infantil, obesidade, vícios em idades precoces e desordem nas relações familiares.
3. Nos anos 1960, houve uma revolução nos papéis de gênero e na família, levando a uma permissividade excessiva que confundiu amor com negligência.
1. A sociedade contemporânea é caracterizada por superficialidade, relações vazias e falta de responsabilidade, gerando "filhos órfãos de pais vivos".
2. As consequências incluem violência infantil, obesidade, vícios em idades precoces e desordem nas relações familiares.
3. Nos anos 1960, houve uma revolução nos papéis de gênero e na família, levando a uma permissividade excessiva que confundiu amor com negligência.
1. A sociedade contemporânea é caracterizada por superficialidade, relações vazias e falta de responsabilidade, gerando "filhos órfãos de pais vivos".
2. As consequências incluem violência infantil, obesidade, vícios em idades precoces e desordem nas relações familiares.
3. Nos anos 1960, houve uma revolução nos papéis de gênero e na família, levando a uma permissividade excessiva que confundiu amor com negligência.
1. A sociedade contemporânea é caracterizada por superficialidade, relações vazias e falta de responsabilidade, gerando "filhos órfãos de pais vivos".
2. As consequências incluem violência infantil, obesidade, vícios em idades precoces e desordem nas relações familiares.
3. Nos anos 1960, houve uma revolução nos papéis de gênero e na família, levando a uma permissividade excessiva que confundiu amor com negligência.
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PENSAMENTOS A CAMINHO...DESAFIOS AOS PAIS CONTEMPORNEOS
Palestra para pais do Jardim Waldorf Acalanto e outras escolas ( Holambra- 23/02/13) Por Ana Paula I. Cury Introduo Nestas frias de vero, entre as leituras que fiz, uma me tocou de modo especial. Trata-se do livro de Sergio Sinay, um estudioso dos vnculos humanos, que aborda um triste fenmeno do mundo em que vivemos hoje e ao qual ele se refere como a Sociedade dos Filhos rfos. Uma sociedade , segundo ele, caracterizada por uma cultura da fugacidade, da superficialidade extrema, da banalidade, da vida light e desprovida de sentido, do prazer efmero e a qualquer preo, das relaes vazias, da conexo sem comunicao, da manipulao de conscincias e sentimentos, do ocaso da responsabilidade, da confuso entre liberdade e falta de compromisso, do consumo viciador e predador. claro que isto no tudo. Este tambm um tempo de possibilidades fantsticas. Contudo, no se pode negar que sua descrio retrata aspectos bastante prevalentes na sociedade e reconhecveis por qualquer um de ns. Em sua percepo, o autor assinala que o estilo de vida predominante, os paradigmas ticos reinantes e o modelo hegemnico adotado nas relaes humanas (entre sujeito e objeto, e no entre sujeito e sujeito) geraram, em boa parte dos pais e adultos envolvidos na educao de crianas e jovens, uma inclinao ao medo, negligncia, ao desentendimento e procura de solues fceis no exerccio dessa criao e educao. Um equivocado sentido de amor os leva a temer que o exerccio das funes parentais em seus aspectos menos fceis e demaggicos possa ter como consequncia o desamor dos filhos. H uma nefasta confuso entre paternidade e amizade, e esta desaba sobre os filhos na figura de um amigo ou amiga anacrnicos e disfuncionais, enquanto gera um vazio no to necessrio espao parental. ( Sergio Sinay) Os filhos rfos de pais vivos, como ele os chama, estariam sendo criados pela TV, pelos fabricantes de junk food, pelos produtores de uma tecnologia que os fascina por um lado, mas os incapacita, por outro, para muitas funes da vida cotidiana, atravs de artefatos que enfraquecem a vontade, eliminam a fora de fantasia e o poder da imaginao criativa, acachapando certas capacidades de aprendizado e discernimento, bem como suas habilidades para a comunicao humana real. As consequncias desta orfandade so estarrecedoras. Violncia infanto- juvenil, obesidade infantil epidmica, dependncia qumica e outras espcies de vcios e compulses em idades cada vez mais baixas, notveis ndices de ignorncia a respeito do ambiente em que vivem e como foi criado, incultura galopante, desordem nas relaes filiais e parentais, etc.
2 Esta ausncia repetida ou persistente dos pais, que em parte talvez se explique pelo contexto conformado pela cultura em que vivemos, no um assunto menor, mas um sintoma da crise de sentido, de transcendncia, de espiritualidade e de valores da poca manifestaes que corroem como uma doena crnica e progressiva a sociedade contempornea. Por isso mesmo, necessita de um olhar holstico, e uma leitura diagnstica adequada, que encare o fenmeno como resultado de um paradigma cultural e social em desacordo com os sinais dos tempos, as exigncias de um novo perodo de desenvolvimento da humanidade que se d segundo novos princpios. Para que a doena no nos leve ao bito, ser preciso enfrent-la no somente com teorias, explicaes, propostas e sugestes, mas com atos, compromissos, presena e coragem para assumir os riscos. Trata-se de uma jornada na qual queremos converter-nos de meros progenitores ( pais biolgicos) em pais no mais verdadeiro sentido da funo, que hoje, em si, supranatural. Isto , j no pode alicerar-se em uma base natural instintiva, mas requer conhecimento, ou melhor, autoconhecimento, e um esforo interior de aprimoramento a servio da realizao das potencialidades do ser que nos confiado como filho. Em outras palavras, um processo que requer conscincia, compromisso, responsabilidade e amor. Sim, pois ser pai, ser me no um hobby ou uma atividade para as horas livres. Mas um empreendimento de tempo integral com tarefas que exigem tempo, consomem energia, requerem presena. Muitos de ns talvez se sintam, em alguma medida, insuficientes, inaptos, despreparados, inseguros para no dizer perdidos. Haver uma sada? Como compreender toda esta situao? E o que podemos fazer para transform-la em algo melhor, em sintonia com os novos tempos? Uma mudana de paradigma At meados do sculo XX, pais e mes no tinham dvidas sobre seus papis e no se perguntavam sobre suas funes. O pai era o provedor material, impunha castigos, administrava as recompensas. A me gestava, dava luz, amamentava, cuidava da sade e das rotinas escolares. O pai era respeitado a partir do temor e da distncia emocional, enquanto a me era reverenciada por sua capacidade de sacrifcio em favor dos filhos. O pai era referncia de conduta no mundo do trabalho, a me da gesto domstica incluindo a mediao nas relaes e conflitos. Os papis, mais que arqutipos (modelos ricos em significados essenciais, porm moldveis em seus modos de expresso), haviam se tornado esteretipos ( papis que se repetem de modo automtico e prevalecem sobretudo pela forma). Poderamos enumerar, aos olhos de hoje, vrias zonas no atendidas, lacunas de comunicao, especialmente no campo emocional, carncia de respostas para perguntas decisivas que no podiam sequer ser formuladas.
3 No entanto, pais, mes e filhos se relacionavam dentro de uma ordem com cdigos e hierarquias assimilados sem questionamentos. Era simplesmente a ordem natural das coisas. At que vieram os anos sessenta. Os anos sessenta trouxeram profundas mudanas sociais. Em princpio, o surgimento da plula e dos mtodos contraceptivos permitiu mulher a iniciativa e recuperao da posse de seu corpo (seu tero), seu desejo e definitivamente, de sua sexualidade, propiciando-lhe um papel mais ativo nas relaes entre os sexos -- o que se somou a sua incorporao ao mundo do trabalho e outros espaos sociais e polticos. A revoluo sexual, os movimentos de liberao feminina, o movimento hippie, os levantes de maio de 68 na Frana e mais tarde em outras partes do mundo so alguns exemplos de impulsos de transformao que marcaram poca. O modelo familiar tradicional comearia a experimentar uma metamorfose cuja profundida e repercusses apenas seriam vistas em toda sua dimenso mais adiante. A confrontao dos velhos padres de educao e convivncia familiar segundo os quais os filhos deveriam ser repetidores dos modelos paternos e cumpridores das expectativas fez com que interrogaes se instalassem de maneira um tanto hamletiana no panorama das novas geraes. Afastar-se dos modelos dos prprios pais floresceu como uma necessidade imperiosa para um nmero crescente de jovens casais. E como costuma acontecer, todo modelo fixo, enrijecido e estereotipado acaba levando irrupo abrupta de seu oposto. Assim, da rigidez, do autoritarismo, do puritanismo, e da imobilidade de uma forma de criao antiga surgiriam uma maternidade e paternidade que fariam da permissividade, da ausncia de restries e referncias e da celebrao da sabedoria da infncia suas marcas no tecido social. O trgico que, apesar das melhores intenes, o pouco discernimento e uma certa imaturidade levou muitos pais a confundirem cumplicidade com amor, condescendncia afetiva com presena emocional e independncia e autonomia pessoal com prescindncia vincular quase que transferindo aos filhos a responsabilidade de se educar sozinhos. Em seu livro In Place of the Self, em que aborda a questo da drogadico como um desafio de nossa poca, Ron Dunselmann tambm fala destas transformaes sociais como um ponto crucial, porm de um outro ponto de vista. Se descrevemos at agora a fisionomia exterior dos fatos, ele nos d a perspectiva mais interior e oculta sob a face manifesta. Diz ele: Fica claro que desde 1960 tm havido profundas mudanas na vida social e cultural. At este tempo, os padres de pensamentos, sentimentos e desejos eram determinados em uma maior extenso pelo gnero, famlia, classe social, profisso, religio ou pela comunidade. Entretanto, no curso dos anos 60 (1960) as coisas mudaram drasticamente. Os ltimos anos da
4 dcada de 60 do sculo XX foram uma poca de muitas revolues em nossa cultura; de revoltas estudantis, primeiro em Paris, e mais tarde tambm em outras partes do mundo. Lmagination au pouvoir( poder para imaginao) as coisas tinham de ser diferentes. Ns queramos pr as coisas em movimento. Queramos determinar por ns mesmos aonde iramos, com base em nossas prprias idias. Tentativas eram feitas para expandir a conscincia, e para muitas pessoas, as drogas ( particularmente o LSD e a maconha) pareciam perfeitas para isso. Tradies eram desafiadas, e muitas regras aprendidas eram quebradas ou invertidas. Alguns exemplos bvios disso incluem: o questionamento dos padres e papis nos relacionamentos, questionamento da autoridade na famlia, na escola, na universidade, no trabalho; o movimento para emancipao feminina e em favor das minorias oprimidas; mudanas no comportamento e moralidade sexual, com os relacionamentos se tornando cada vez mais abertos, livres e mais diversos, o declnio da ascendncia da Igreja, e assim por diante. A esse respeito, tradies e costumes tm duas caractersticas importantes. De um lado, elas impedem a psique de ser livre, e obstruem a atitude inquiridora da realidade. Por outro lado, elas oferecem alma uma coeso interna pelo fato de possibilitarem que ideias, costumes e motivos se interrelacionem. Em outras palavras, a tradio assegura que ideias e desejos estejam interrelacionados e formem uma certa unidade dentro da personalidade. ( Neste caso voc age com base na idia de que este o modo como se tem de agir ) Quando a fora formativa da tradio desaparece, isto no apenas conduz liberdade, mas tambm necessidade de criar um relacionamento interior entre as idias, sentimentos e desejos, a partir dos prprios recursos. Talvez uma das caractersticas das pessoas de hoje seja que muitas vezes o que elas pensam ou sentem no condiz necessariamente com o que elas fazem. Ou o que sentimos conflita com o que fazemos, ou pode ser que escutemos algo como: Eu penso ou fao uma coisa, mas em meu corao sinto outra. Pensar, sentir e querer comeam a viver cada qual a sua prpria vida, comeam a se emancipar, e como se a cada dia necessitssemos recriar o interrelacionamento entre estas trs foras na alma. At os anos 1960, a cultura e as tradies foram responsveis por criar esta unidade em grande medida. Mas a ruptura com as tradies criaram um espao na alma que, por um lado, nos deu a liberdade de criar o prprio contedo, de estabelecer o interrelacionamento e coeso do pensar, sentir e querer. Por outro lado, surge a questo: ser que temos fora suficiente para fazer isto a partir de ns mesmos, com recursos do nosso prprio ser?
5 E este o ponto em que nos encontramos como humanidade do sculo XXI. Todas as formas de afirmao de autoridade externa, identificadas com a tradio, devem ceder lugar a uma nova autoridade interna, forjada no exerccio e conquista da prpria conscincia e liberdade. Porm, se deixamos de fazer este caminho de exercitao da prpria vontade na busca do verdadeiro, do belo e do bom, que no mais podem ser ditados por padres externos, por regras pr-estabelecidas e generalizadas, mas devem ser encontrados a partir do prprio ntimo, camos num vcuo existencial, e este vazio que pode ser ocupado pelas manifestaes de seres e foras adversrias do desenvolvimento do Eu humano, cuja expresso ou semblante no outro seno o de todos os desafios que nos confrontam na formao do ser em nossos dias. Examinemos, pois, a questo no contexto da educao dos filhos e sua relao com um caminho de autodesenvolvimento. A famlia - o incio de nossa jornada humana Amar e educar os filhos, no apenas cri-los, comporta uma enorme gama de aes. Aes que muitas vezes tm sido delegadas, terceirizadas com srias consequncias. A famlia sempre foi o lugar no apenas do ninho, do abrigo, mas, sobretudo o lugar primeiro da educao, ali onde os seres humanos so iniciados sua prpria humanidade e humanidade dos seus semelhantes. Essa passagem da condio animal condio humana implica em uma ateno cotidiana, uma vigilncia e escultura das personalidades, sem a qual a condio animal prevalece, com suas cargas instintivas agressivas e sua ignorncia do que chamamos civilizao. ( Rosiska Darci) Essa escultura sempre foi primordialmente uma arte feminina porque requer qualidades que so atributos arquetipicamente femininos, e aqueles que se dedicarem a esta arte devero ter desenvolvidas ou em desenvolvimento tais virtudes, sejam eles homens ou mulheres, todos ocupados em trabalhar a argila humana. Iniciar nossos filhos sua prpria humanidade, contudo, algo que s podemos fazer se formos a um s tempo o barro a ser moldado e artesos do que estamos potencialmente destinados a ser ou que sonhamos ser. O que caracteriza o ser humano justamente o fato de que no foi criado perfeitamente pronto e acabado. A afirmao de sua dignidade est precisamente em se elevar acima de sua natureza inferior e a transformar a servio de algo maior e mais nobre, a dimenso ideal, espiritual do ser. Em sua filosofia da Liberdade, diz Steiner: Existe no homem a possibilidade de se transformar, assim como a semente da planta contm em si a possibilidade de evoluir para uma planta completa. A planta se desenvolver em funo da lei que lhe inerente; o homem permanece em
6 seu estado imperfeito, a menos que assuma a si mesmo como uma matria a ser transformada por fora prpria. A natureza faz do homem um mero ser natural; a sociedade, um ser que age conforme leis; um ser livre somente ele pode fazer de si mesmo. A natureza abandona o homem em determinado estado de sua evoluo; a sociedade o conduz alguns passos adiante; o ltimo aperfeioamento somente ele pode dar a si prprio. O homem no recebe sua qualidade humana como ddiva, mas tem que forj-la, tem que conquist-la. E esta conquista se d ao longo de um caminho de auto desenvolvimento. Auto desenvolvimento no passado e no presente Em tempos antigos, na infncia da humanidade, o homem foi guiado, a princpio, diretamente por seres espirituais, e mais tarde por lderes espirituais que estavam abertos inspirao e direo de seres mais elevados. Estes que se converteram em guias de seus semelhantes, desenvolveram a capacidade para isso nos assim chamados locais de mistrios. Um longo e rigoroso aprendizado levava por fim chamada iniciao o coroamento de um processo que despertava gradual e progressivamente capacidades de percepo supra-sensvel, permitindo- lhes conhecer as diretrizes a partir das quais se devia realizar o esplendor de uma poca cultural. Rudolf Steiner descreve todos os mistrios pr-cristos como sendo mistrios da sabedoria. Todos os contedos destes mistrios estavam direcionados no sentido de proporcionar ao discpulo um acesso sabedoria oculta da qual surgira toda a Criao. A antiga iniciao estava orientada para o passado ela buscava uma volta fonte da qual fluiu a sabedoria inerente a toda a natureza e obra divina. E assim, recebendo o que emanava dos deuses como sabedoria, estes lderes podiam ordenar toda a vida social e cultural impulsionando seus semelhantes conforme o que cabia realizar para cumprir a meta daquele estgio evolutivo. Hoje, j no tempo de se confiar e deixar-se guiar por uma autoridade externa. O ponto de partida para o ser humano sua capacidade intelectual altamente desenvolvida. O pensar claro, autnomo, em que o eu vivencia a si mesmo. Ele pode, em liberdade, tomar nas mos o prprio desenvolvimento, formar seu prprio mundo social e at transformar a natureza. Nesta poca o ser humano convocado para o empreendedorismo, para a tomada de iniciativas, para assumir responsabilidade pessoal. Para a atividade como artista (que de modo criativo, forma algo novo). Essas mencionadas caractersticas tm em comum a ao, o colocar em ao a vontade prpria. Desse ponto de vista, compreensvel que Rudolf Steiner tenha falado sobre os novos mistrios como mistrios da vontade. Os antigos mistrios
7 da sabedoria entraram em decadncia e perderam sua fora inspiradora no decorrer da evoluo. O que antes era ainda revelao viva morreu na tradio e no dogmatismo. Se antes todas as reas da vida possuam uma orientao espiritual com uma qualidade que reintegrava o homem sua origem, sua essncia, com o incio da poca moderna e a ruptura da conscincia que passa a ser orientada para o mundo sensorial exterior, a orientao espiritual se perdeu. A cultura j no mais inspirada pelos centros de mistrios, onde se abrigava a antiga espiritualidade; ela recebe seu contedo daquilo que as pessoas, por suas prprias foras, desenvolvem em termos de ideias. Em certo sentido, os centros de pesquisa das universidades assumiram a direo que outrora era dada pelos antigos mistrios. Eles indicam com sua cincia e com a continuao desta: a tcnica a direo da sociedade. Sem uma nova orientao para o espiritual, esse desenvolvimento nos conduziu a um materialismo cada vez maior. A combinao de cincia e mquinas ameaar a civilizao com trs formas de destruio se no nos unirmos o suficiente e nos voltarmos para o supra-sensvel. disse Steiner. Estas so as coisas que tm tido um efeito progressivamente intenso desde meados do sculo XV e esto agora roubando aos seres humanos sua prpria humanidade. Se as pessoas levarem o pensamento mecanicista e a indstria ao que resta da vida, ento seus espritos tornar-se-o mecanizados, suas almas dormentes e vegetabilizadas, e seus corpos animalizados. Ele considerou sua tarefa indicar caminhos para essa nova orientao rumo ao espiritual. Mas agora no mediante uma volta ao passado, e sim graas a uma vontade espiritual para o futuro. Em toda parte onde respostas para perguntas desta poca so procuradas com base na Antroposofia, essa vontade espiritual despertada. Ali os novos mistrios se tornam atuais, e so mistrios da vontade. As provas iniciticas que pertencem a este caminho de aprendizado nesses mistrios no sucedem em templos secretos e distantes, e sim na vida diria, em todo contexto em que se age e onde tem lugar o relacionamento com outras pessoas: na famlia, no trabalho, no trnsito, na vida comercial, etc. Em todas essas situaes de vida a coragem exigida, e passos so dados em direo a uma iniciao da vontade. Resta-nos agora indagar, como o despertar para a busca de um caminho interior no qual se procure cultivar a prpria essncia, a prpria espiritualidade se relaciona com a tarefa de educar os filhos? Toda educao autoeducao, e ns na qualidade de professores e educadores, em realidade formamos apenas o ambiente em que a criana se educa a si mesma. Devemos propiciar-lhe o ambiente mais favorvel possvel,
8 para que junto ns ela se eduque da maneira como deve ser educada por seu destino interior. Rudolf Steiner
Para sermos pais conscienciosos, precisamos fazer um trabalho interior conosco mesmos aliado ao trabalho exterior de criar e proteger nossas crianas. O conselho tcnico que podemos aprender nos livros para nos ajudar no trabalho exterior precisa ser complementado por uma autoridade interna que s podemos cultivar e conquistar em ns mesmos por meio da lapidao de nossa experincia pessoal. Esta autoridade interna s se desenvolve quando nos damos conta de que, apesar de todos os acontecimentos que escapam ao nosso controle, continuamos sendo primordialmente atravs das escolhas que fazemos em razo desses fatos, e atravs do que partiu de ns mesmos, os autores de nossas vidas. Ao perceber isso, podemos acabar reconhecendo o quanto importante para nossos filhos e ns mesmos assumir responsabilidade pela forma como vivemos nossa vida e pelas consequncias das escolhas que fazemos. A autoridade e autenticidade interiores podem ser extraordinariamente desenvolvidas se fizermos esse trabalho interior. Nossa autenticidade e nossa sabedoria aumentam quando estamos conscientes das coisas que fazemos. Quando temos nossa ateno presente em cada pensamento, ato ou palavra. Com o tempo, podemos aprender a conhecer mais profundamente cada um de nossos filhos e saber o que precisam e tomar a iniciativa de descobrir formas apropriadas de educ-los promovendo seu crescimento em todos os sentidos. Tambm podemos aprender a interpretar os sinais diversos e muitas vezes enigmticos que s vezes eles nos enviam atravs de seu comportamento e confiar em nossa capacidade de encontrar uma maneira adequada de agir. Ateno, exame e considerao constantes so essenciais neste caminho. Podemos nos tornar pais intencional ou inadvertidamente, mas, seja como for, a paternidade e a maternidade so uma vocao. Na realidade, trata-se de nada menos que uma disciplina espiritual rigorosa a busca do ideal de realizao do que h de mais profundo e verdadeiro em nossa natureza como seres humanos. O simples fato de nos tornarmos pais um estmulo contnuo para a manifestao do que temos em ns de melhor, mais amoroso, sbio e carinhoso, para sermos as melhores pessoas que pudermos ser. Lidar com filhos anuncia todo um conjunto novo de solicitaes e mudanas em nossas vidas, exigindo que renunciemos a muitas coisas conhecidas e que assumamos outras tantas desconhecidas. Em geral contamos apenas com a bagagem que trazemos de nossa infncia, tanto a positiva quanto a negativa, para enfrentar o territrio desconhecido de ter filhos e educ-los.
9 E assim como na vida quando nos vemos diante de presses familiares, sociais e culturais para observar normas em geral tcitas e inconscientes, e de todas as tenses inerentes ao exerccio da paternidade, apesar de nossas melhores intenes e do amor que sentimos por eles, muitas vezes estamos ligados no piloto automtico. Alm disso, quanto maior for nossa preocupao com o tempo, a nossa pressa, tanto menor ser o nosso contato com a riqueza, o vio do momento presente Esse momento pode parecer demasiado comum, rotineiro ou fugaz para merecer ateno, e vivendo assim, facilmente camos na armadilha do automatismo ilusrio, enquanto mantemos a crena de que tudo o que fazemos por eles certo. Uma atuao automtica, no permeada pela ateno consciente pode causar danos profundos ao desenvolvimento da criana. A atitude inconsciente em relao educao dos filhos tambm conspira para deter nosso crescimento potencial como pais. Essa inconscincia traz, muitas vezes, tristeza, oportunidades perdidas, sofrimento, ressentimento, censura, sentimentos de autodesvalorizao, e outras coisas mais. Se formos capazes de permanecer despertos para os desafios e a vocao da paternidade/maternidade, isso no precisa acontecer. Ao contrrio, podemos usar todas as ocasies que surgirem com nossos filhos para derrubar barreiras em nossas prprias mentes, para enxergar com mais clareza dentro de ns mesmos e estar presentes para eles de modo mais efetivo. Um dos grandes desafios de se educar filhos em nossa poca vem do fato de vivermos numa cultura que no valoriza muito o ofcio da maternidade como trabalho vlido e honrado. Considera-se perfeitamente aceitvel as pessoas dedicarem-se integralmente s suas carreiras ou s suas relaes, ou crculos sociais, mas h bem pouco apoio, s vezes at crticas veladas ou mesmo abertas postura de quem escolhe dedicar-se aos filhos. A sociedade como um todo, com seus valores e instituies que moldam e ao mesmo tempo refletem o microcosmo de nossas mentes e valores individuais, contribui muito para desvalorizar o trabalho de educao das crianas. Quem recebe os maiores salrios no pas? Certamente no quem trabalha em creches, nem os professores, cujo trabalho tanto apia a tarefa dos pais. Onde esto os exemplos, as redes de apoio, o trabalho compartilhado e o trabalho em meio expediente para mes e pais que no se contentam em ficar apenas umas poucas semanas com seus filhos recm-nascidos em casa? Onde esto os subsdios para jovens pais, os cursos de pais, programas adequados de licena paternidade e maternidade, que, por sua prevalncia, nos mostram que o trabalho de educar os filhos da maior importncia e altamente valorizado pela sociedade?
10 Certamente h coisas boas e razes para se ter esperana. H tambm quem veja sua funo de pai/me como uma misso sagrada, e encontra maneiras criativas e calorosas de orientar seus filhos e cuidar deles, muitas vezes enfrentando grandes obstculos e dificuldades. Existem tambm os que se ocupam em criar programas e servios de orientao s famlias, oferecer conhecimento, alternativas saudveis de recreao, e assim por diante. Mas os problemas so desconcertantes e esto criando um ambiente social em que cada vez mais difcil para as famlias educar filhos saudveis. Manifestaes tangveis e dirias de amor, apoio, energia e interesse por parte de adultos de carne e osso e respeitados esto-se tornando cada vez mais raras hoje em dia. Porm, se de um lado somos sujeitos a grandes foras sociais que moldam nossas vidas e as vidas de nossos filhos, por outro, tambm temos a capacidade como indivduos de escolher conscientemente como vamos nos relacionar com as circunstncias e com a era em que vivemos. Todos ns temos o potencial para traar nossos caminhos, para viver com mais ateno e intencionalidade, e para tentar ver e honrar as profundas necessidades espirituais de nossos filhos e as nossas da melhor forma possvel. Traar um caminho como esse para ns fica mais fcil quando temos uma estrutura maior como parmetro e entendemos o que estamos fazendo e o que precisa ser feito uma estrutura que pode nos ajudar no caminho, mesmo que as coisas estejam sempre mudando e nossos prximos passos nem sempre sejam evidentes. O conhecimento cientfico- espiritual pode fornecer parte desta estrutura. A ateno pode complement-lo. Uma relao atenta com a integridade de nossa vida isto , com as nossas experincias interiores e exteriores uma alternativa profundamente positiva e prtica ao modo de operao no piloto automtico que adotamos tantas vezes sem sequer perceber. Isso particularmente importante para ns pais, enquanto fazemos malabarismos para tentar atender a todas as exigncias do dia-a-dia e trabalhamos para sustentar nossos filhos e lhes dar aquilo de que precisam num mundo cada vez mais desgastante e complexo. O Exerccio da Maternidade/Paternidade Atenta A maternidade/paternidade atenta uma convocao para o despertar de uma nova conscincia e uma nova intencionalidade para as possibilidades, benefcios e desafios da tarefa de criar os filhos. Esta conscincia, que vem a ser ateno consciente, pode levar compreenso mais profunda de nossos filhos e de ns mesmos.
11 A ateno tem o potencial de penetrar no fundo das aparncias e comportamentos e nos permitir enxergar mais claramente e agir com mais sabedoria e compaixo. Esta pode ser uma prtica regeneradora e transformadora. Neste caminho, muitas vezes nossos filhos so como mestres, eternamente desafiadores, sempre nos oferecendo oportunidades de fazer o trabalho interno de compreender quem somos e quem eles so, para que possamos estar em contato com o que realmente importante e lhes dar aquilo de que necessitam a fim de desvelar todo seu potencial. Ao longo desse processo, podemos descobrir que esta conscincia permanente pode nos liberar de alguns hbitos de percepo e relacionamento mais limitadores, as camisas de fora e as prises mentais que adquirimos ou construmos para ns mesmos. Quanto mais conseguirmos ter em mente a beleza e completude intrnsecas de nossos filhos, especialmente nos momentos em que isso nos mais difcil, tanto mais aprofundaremos nossa capacidade de agir atentamente. Esses nossos professores certamente nos oferecero inmeros momentos de maravilhamento e felicidade, e oportunidades para os sentimentos mais profundos de ligao e amor. E tambm evocaro nossas inseguranas, testaro nossos limites, tocaro aqueles nossos pontos que temos medo de tocar. Esto sempre como um espelho para que nos olhemos. Se estivermos dispostos a prestar ateno, eles nos mostraro o melhor da vida, inclusive seu mistrio, enquanto compartilhamos esta jornada com eles. Para colocarmos essa ateno consciente em nosso relacionamento com nossos filhos, bom saber algo sobre ela: Essa ateno significa uma conscincia permanente desprovida de crtica. algo que desenvolvemos cultivando a capacidade de nos concentrar, intencionalmente, no momento presente, e manter essa concentrao da melhor forma possvel. Em geral, vivemos a maior parte do tempo ligados no piloto automtico, sem dar importncia a muitas coisas importantes ou deixando-as passar totalmente despercebidas, e julgando tudo o que experimentamos a partir de opinies apressadas e muitas vezes no ponderadas, baseadas no que gostamos ou deixamos de gostar, no que queremos ou deixamos de querer. A ateno consciente nos oferece um meio para nos concentrarmos no que quer que estejamos fazendo a cada momento, e com isso, enxergarmos uma realidade mais profunda por trs do vu de nossos gestos e pensamentos automticos. A ateno consciente sempre esteve no cerne de todos os caminhos de desenvolvimento espiritual. Ela uma disciplina meditativa. interessante observar como no vocabulrio grego existe uma grande proximidade entre
12 as palavras proseuch orao e prosoch ateno. Como diz LeLoup, um homem atento j um homem que ora; nesse caso, a orao no outra coisa seno a ateno do corao Presena Una que transforma cada coisa em um presente; um reconhecimento agudo e terno daquele que em tudo o que ... Malebranche tambm disse: A ateno a prece natural da alma. E agora at mesmo a neurocincia reconhece estas relaes entre orao/meditao e ateno atravs de estudos por ressonncia magntica que demonstram uma maior ativao de reas do crebro relacionadas com a funo ateno em estados meditativos e seus efeitos sobre a sade. No um acaso se os antigos terapeutas eram chamados grandes vigilantes; os monges tambm se juntaram a eles nesse labor e desta ateno que extrado seu conhecimento e louvor. Alis, a ateno constitui o momento nico em que a inteligncia e o corao podem estar juntos. Didoco de Ftice convida incessantemente a prestar ateno; disso, os manuscritos de sua obra revelam: Quando um psiquismo (psich) comea a se purificar pela intensidade de sua ateno, nesse caso, como se fosse um verdadeiro remdio de vida, ele sente o frmito divino que o queima. Aqui, a ateno considerada como um remdio; trata-se do retorno ao Real. A ateno exatamente este caminho de retorno: ela faz-nos voltar desse esquecimento do Ser; ainda mais, ela faz-nos sair do inferno que a ausncia de misericrdia. ... A ateno neste caso, outro nome para dizer Amor, quando este no se contenta com emoes ou boas vontades, mas torna-se o exerccio cotidiano de um encontro com o que , com o que somos. Atravs dos labirintos de nossas preocupaes, seria necessrio conservarmos um fio de feliz vigilncia. Sem essa vigilncia, como poderamos reconhecer a Presena Una, sob suas mltiplas formas, e degustar seu sabor (sapienza)? Como poderamos cuidar do Ser? O exerccio da educao atenta envolve ter em mente o que verdadeiramente importante enquanto estamos executando as atividades do dia-a-dia com nossas crianas. Na maior parte do tempo, podemos achar que precisamos nos lembrar do que isso, ou mesmo admitir que no o sabemos naquele momento, pois fcil perder o fio do sentido e o rumo de nossas vidas. Mas mesmo nos momentos mais difceis e s vezes terrveis que enfrentamos como educadores, podemos cuidadosamente recuar e comear de novo, perguntando-nos como se pela primeira vez, e vendo com novos olhos: O que verdadeiramente importante aqui?
13 De fato, ser atento na educao de crianas significa ver se podemos lembrar-nos de colocar este tipo de concentrao, abertura e sabedoria em todos os momentos que temos com elas. E para isto, preciso aprender a ficar em silncio dentro de ns mesmos. Na quietude, estamos mais preparados para enxergar alm do tumulto, nebulosidade e reatividade endmicos em nossas mentes, nos quais freqentemente nos enredamos, e assim, desenvolver a lucidez, a calma e a percepo, aproveitando essas coisas diretamente em nosso trabalho com nossas crianas. Como todo mundo, ns temos nossas necessidades e desejos, assim como as crianas. E tanto em aspectos importantes como em aspectos banais, estas necessidades podem ser muito diferentes e at conflitantes. E este choque de necessidades, especialmente se estamos estressados, sobrecarregados e esgotados, pode se tornar num cabo de guerra, uma competio, um medir foras para ver quem sai ganhando. Ao invs de competir com as crianas, os educadores atentos desenvolvem uma conscincia, exatamente em momentos assim, de como nossas necessidades so interdependentes. O bem-estar das crianas afeta o nosso, e o nosso afeta o deles. Isto , se eles no esto bem ns sofremos, e se no estamos bem, eles sofrem. Isto significa que temos de estar sempre trabalhando para perceber as necessidades deles assim como as nossas, tanto emocionais quanto fsicas, e, dependendo da idade deles, dialogar e chegar a acordos com eles e internamente conosco, para que todo mundo consiga um pouco daquilo de que mais necessita. Pela qualidade de nossa presena, nosso compromisso com eles sentido, mesmo nas horas mais difceis. E com o tempo, podemos fazer escolhas mais ditadas por essa ligao sincera, o que certamente envolver mais bondade e sabedoria. Consideramos o trabalho dos educadores uma responsabilidade sagrada. Em geral, espera-se dos pais e educadores que sejam nada menos que protetores, nutridores, confortadores, professores, guias, companheiros, modelos e fontes de amor e aceitao incondicionais. Bem sabemos que no conseguimos corresponder totalmente a isso. Mas se pudermos ter em mente essa concepo desse trabalho como uma responsabilidade sagrada, e colocarmos um pouco de ateno no processo medida que ele se desenvolve, muito mais provvel que nossas respostas sejam guiadas por uma conscincia do que esse momento, ou esse menino ou menina _ nesse estgio de sua vida _ est nos pedindo, com seu ser e seu comportamento. Estando altura desse desafio, podemos no apenas acabar fazendo o que melhor para eles, mas tambm revelar e passar a conhecer o que temos de melhor e de mais profundo. A educao atenta requer o reconhecimento e identificao dos desafios que enfrentamos diariamente na tentativa de fazer um trabalho consciente
14 como educadores. Neste exerccio de ateno, a conscincia tem de ser inclusiva. Quer dizer, tem de incluir o reconhecimento de nossas prprias frustraes, inseguranas e defeitos, nossos limites e limitaes, e at nossos sentimentos mais sombrios e destrutivos, e as maneiras como podemos nos sentir esmagados ou desfeitos. Desafia-nos a trabalhar essas questes de forma consciente e sistemtica. Assumir uma tarefa destas pedir muito de ns mesmos. Pois em diversos aspectos somos produtos e, s vezes, em maior ou menor grau, prisioneiros dos fatos e circunstncias de nossa infncia. J que a infncia molda significativamente nossa viso de mundo e de ns mesmos, nossas histrias inevitavelmente moldaro nossa viso de nossas crianas e do que eles merecem ou de como devem ser tratados, ensinados e socializados. Mesmo que s vezes no percebamos, somos muito apegados s nossas vises, sejam elas quais forem, como se estivssemos dominados por encantos poderosos. S quando percebemos esta caracterstica que podemos aproveitar o que houve de bom, positivo e enriquecedor no modo como fomos educados , e superar os aspectos que podem ter sido destrutivos e limitadores. Para aqueles de ns que tiveram de se fechar, de no ver, de suprimir os sentimentos para sobreviver prpria infncia, tornar-se mais atento pode ser especialmente difcil e doloroso. Nessas horas, em que somos governados por nossos antigos demnios, em que vm tona crenas prejudiciais, padres destrutivos e pesadelos de nossa infncia, e somos atormentados por sentimentos negros e achamos que as coisas so ou pretas ou brancas, complicadssimo parar e ver as coisas com novos olhos. Mas o que conta no a perfeio de resultados, e sim, a qualidade do esforo, o sentido de compromisso. A educao atenta um processo contnuo de aprofundamento e refinamento da conscincia e da habilidade de estarmos presentes e agir com sabedoria. No uma tentativa de atingir objetivos ou resultados fixos, por melhores que sejam. Uma parte importante deste processo justamente sermos compassivos conosco mesmos. Isto significa enxergar e aceitar nossas limitaes, cegueiras, nossa humanidade, falibilidade, e trabalhar com estas deficincias de forma atenta, procurando fazer o melhor possvel. Agora, preciso que se diga, este um trabalho para quem se interessa, de verdade, pelo bem-estar e qualidade de vida das crianas. para quem realmente quer demonstrar amor atravs de seu ser e de seus atos cotidianos. No provvel que possamos fazer isto se no tivermos esta motivao como ponto de partida. Assim, antes que vocs me perguntem Como podemos fazer isso? eu preciso perguntar: Vocs querem fazer isto? Por que se no formos pessoas autnticas e em contato com a
15 totalidade dos sentimentos que experimentamos, no avanaremos neste caminho. Como todos ns sabemos, h poucas respostas fceis ou solues simples no que diz respeito educao de seres humanos. Por outro lado, no se trata tanto de resultados perfeitos, e sim, de amor em ao. De compromisso assumido em amor. De decidir o que se quer e ser fiel a tal propsito com o melhor de nossas foras. Mas para os que quiserem assumir este compromisso temos uma proposta e um convite...
Como Podemos Fazer Isso? Podemos tomar a resoluo de empreender a busca cada um individualmente. E certamente h uma dimenso deste trabalho que individual e solitria. Mas tambm podemos nos reunir num esforo conjunto e compartilhado, uma vez que nos encontramos numa escola, numa pedagogia (P. Waldorf), que tem a inteno de cultivar precisamente estes valores: a contnua ampliao do conhecimento e a auto-educao. Isto o que temos tentado praticar atravs de nossa Escola de Pais uma iniciativa que surgiu em 2009 na Escola Waldorf Rudolf Steiner e vem desde ento se consolidando atravs de encontros semanais em que partimos de temas que correspondem s nossas perguntas e angstias existenciais como pais e buscamos contedos da Antroposofia que lancem luz sobre nossas questes. A partir da nova compreenso que alcanamos, sentimos o desejo de levar a efeito esta nova conscincia atravs de comportamentos coerentes com ela. O fato de nos esforarmos individualmente para isso, mas podermos contar com companheiros que compartilham da mesma inteno e metas, reconfortante, encorajador e estimulante. Num ambiente fraterno, onde podemos aprender juntos de nossos erros e acertos, promover novas iniciativas e at mesmo criar elementos novos como base de uma nova cultura familiar e comunitria escolar. Nossa Escola de Pais para ns como um moderno centro dos novos mistrios onde trilhamos o caminho interior dos que querem fazer da tarefa de educar os filhos uma responsabilidade sagrada.
16 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. Sociedade dos Filhos rfos Sergio Sinay 2. In Place of the Self Ron Dunselmann 3. Filosofia da Liberdade Rudolf Steiner 4. Conhecimentos dos Mundos Superiores como adquiri-los Rudolf Steiner 5. A Educao da Criana Luz da Cincia Espiritual 6. Reengenharia do Tempo Rosiska Darci 7. Confiana, Doao, Gratido -Foras Construtivas da Vida Social Lex Bos 8. Ateno Jean Yves Leloup 9. Nossos Filhos, Nossos Mestres 10. Consultrio Peditrico Michaela Gloeckler