Biojóias

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Além do ecologicamente correto

Você já imaginou usar um colar feito a partir de sementes de melancia ou coco?


Calma, isso não é mais uma das idéias ecologicamente corretas, não! Esse tipo de
acessório existe e é chamado de biojóia ou ecojóia.
As bijuterias ecológicas têm como característica principal a utilização de
elementos naturais, como: fibras, couro, palha, madeiras, penas e tudo mais que a
natureza puder oferecer. Além disso, podem ser mais refinadas se forem combinadas
com a presença de metais ou pedras preciosas.
O Brasil possui um grande potencial nesse setor de acessórios, pois, pelo fato de
ser um país com dimensões continentais, conta com uma grande diversidade de
vegetação. Cada região brasileira possui recursos naturais que podem ser utilizados na
produção de ecojóias.
No Piauí, a produção de biojóias ainda é considerada inicial. A Associação da
Central de Compra da Arte bijuteria de Teresina (ACCABT), que, atualmente, é
formada por 12 designers, possui a marca Bioarte e é a pioneira na fabricação de
ecojóias no Estado. Antônia Alves, presidente da ACCABT, afirma que optou produzir
esse tipo de bijuteria por que não tinha ninguém trabalhando com isso no Piauí e pelo
baixo custo dos materiais, que são alternativos e podem ser aproveitados ao máximo.

Brincos ecológicos elaborados a partir de sementes

A qualificação das artesãs foi adquirida a partir da realização de um curso de


design em biojóias oferecido pelo SEBRAE, que, segundo a designer Rosália Borges,
foi muito importante, por que, além da oportunidade de desenvolver e aperfeiçoar as
técnicas de montagem de bijuterias, as peças produzidas possuem uma valorização
maior. “Muitas pessoas fabricam bijuterias, mas as peças que nós produzimos têm um
design diferente”, afirma Rosália.
Designer Rosália mostra o colar feito de sementes
Produção
A produção de um adereço pode levar de 20 minutos a duas horas de duração.
Antônia esclarece que depende muito do tipo da peça e observa que “é preciso fazer um
trabalho de elaboração antes, para que não haja desperdiço do material”.
No caso da biojóia piauiense, os materiais mais utilizados são: a carnaúba, o
buriti e o coco. Esses materiais são abundantes no Estado e podem ser aproveitados ao
máximo. O buriti, por exemplo, além da casca, do caroço e do cascalho, possui a fibra,
que pode ser utilizada para várias finalidades.
As sementes e demais produtos naturais utilizados na fabricação das peças são
fornecidos por Francisco Nascimento – mais conhecido como “Chico da semente” –
que colhe os materiais e vende para a Bioarte. Ele conta que não é tão difícil encontrar
material, pois o Piauí possui muitos recursos naturais. “Eu costumo coletar muito
material na beira dos rios aqui de Teresina (Poty e Parnaíba), nesses lugares há
abundância de sementes”, afirma.
Além de coletar a matéria prima, o “Chico da semente” também faz o polimento
e fura o material, assim, o produto já chega pronto nas mãos das artesãs. Chico ainda
acrescenta que as máquinas que ele utiliza para tratar a matéria prima foram construídas
por ele e que além do Piauí, fornece para outros Estados como, Ceará, Bahia e São
Paulo.

“Chico da semente” conta quais matérias são usados na fabricação de biojóias


Apesar de dar preferência aos recursos naturais do Piauí, as biodesigners
piauienses também utilizam insumos naturais oriundos de outros estados. Há muitas
peças que possuem sementes de açaí (originária do Pará) e saboneteira (Maranhão).

Colares de sementes

Pulseiras com sementes tingidas

Mercado
Apesar da boa aceitação das bijuterias ecológicas no mercado e de ser um
produto com um grande potencial lucrativo, a comercialização de biojóias piauienses
tanto no Piauí, como em outros estados, ainda não é muito significativa. Antônia declara
que, quando se fala em mercado nacional, “a maior penetração das ecojóias piauienses
acontece em São Paulo e Brasília.” Além disso, Antônia acrescenta que a Bioarte já
participou de feiras em quase todos os estados do Brasil.
A artesã Rosália observa que ainda falta oportunidade para expor o trabalho, ela
confessa que o estande que a Associação possui na Central de Artesanato é montado e
desmontado todo dia pelas próprias artesãs.
Estande da Bioart na Central de Artesanato

Quanto ao público consumidor, as designers afirmam que os turistas são maioria.


Elas explicam que o melhor período de vendas corresponde aos meses de dezembro,
janeiro e fevereiro, que são justamente os meses em que o fluxo de turistas aumenta no
Piauí.
As artesãs consideram que este ainda é um negócio pouco explorado e que tem
tudo para crescer, já que o Estado possui matéria prima em abundância e pessoas
qualificadas para trabalhar nesse ramo.

Clientela
Os clientes se dizem maravilhados com o trabalho artesanal que as mulheres da
Bioart realizam. Jane Botelho, oriunda da cidade de São Luís, afirma que esse é tipo de
bijuteria ela compra e usa muito, pois aprecia bastante a composição artesanal das
peças.
Já a estudante Raiara Monteiro declara que a biojóia “usada com uma camiseta
básica” deixa o visual mais sofisticado e diferente. Ela acrescenta que gostou tanto da
proposta estilística da ecojóia, que está fazendo um curso que ensina a confeccionar
essas bijuterias.

Jane Botelho prova o colar de sementes com crochê


Nova tendência
A ecojóia é a nova aposta do setor de moda em termos de acessórios. Em tempos
de “pense verde”, nada mais adequado do que substituir máquinas que, muitas vezes,
agridem o ambiente, por uma produção mais “ecologicamente limpa”.
Além do apelo ecológico, Antônia afirma que a Bioarte está sempre tentando se
adaptar ao que está sendo usado nas passarelas, para que as peças fiquem sempre bem
atuais. “Se estão utilizando muito crochê, nós tentamos incorporar esse elemento na
bijuteria”.
Outros produtos como, tiaras, chaveiros e fivelas para cabelo também são
produzidas. E como as artesãs trabalham principalmente com a criatividade, as idéias
não param de surgir. O novo pensamento agora é começar incorporar metais nobres,
como a prata, nas bijuterias da Bioarte.

Fivelas e chaveiros

Tiaras

O estande da Bioarte está localizado na Central de artesanato e o horário de


atendimento é de 8:00 às 18:00 horas.

Confira o vídeo em que a designer Rosália Borges apresenta algumas peças:

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