1. A história narra o romance proibido entre Vanina, a rapariga mais bela de Veneza, e o capitão Guidobaldo. Vanina é tutelada por Jacob Orso, que a prende em casa para impedi-la de se casar com quem quer.
2. Um dia, Guidobaldo vê Vanina e se apaixona. Ele passa a cortejá-la à noite com presentes atirados para sua varanda.
3. Quando Orso descobre o romance, ameaça Guidobaldo. Mas este resgata Vanina
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1. A história narra o romance proibido entre Vanina, a rapariga mais bela de Veneza, e o capitão Guidobaldo. Vanina é tutelada por Jacob Orso, que a prende em casa para impedi-la de se casar com quem quer.
2. Um dia, Guidobaldo vê Vanina e se apaixona. Ele passa a cortejá-la à noite com presentes atirados para sua varanda.
3. Quando Orso descobre o romance, ameaça Guidobaldo. Mas este resgata Vanina
1. A história narra o romance proibido entre Vanina, a rapariga mais bela de Veneza, e o capitão Guidobaldo. Vanina é tutelada por Jacob Orso, que a prende em casa para impedi-la de se casar com quem quer.
2. Um dia, Guidobaldo vê Vanina e se apaixona. Ele passa a cortejá-la à noite com presentes atirados para sua varanda.
3. Quando Orso descobre o romance, ameaça Guidobaldo. Mas este resgata Vanina
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1. A história narra o romance proibido entre Vanina, a rapariga mais bela de Veneza, e o capitão Guidobaldo. Vanina é tutelada por Jacob Orso, que a prende em casa para impedi-la de se casar com quem quer.
2. Um dia, Guidobaldo vê Vanina e se apaixona. Ele passa a cortejá-la à noite com presentes atirados para sua varanda.
3. Quando Orso descobre o romance, ameaça Guidobaldo. Mas este resgata Vanina
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A História de Vanina
Certa noite, terminada a ceia, o veneziano e o dinamarquês ficaram a
conversar na varanda. Do outro lado do canal via-se um belo palácio com finas colunas esculpidas. — Quem mora ali? — perguntou o Cavaleiro. — Agora ali só mora Jacob Orso com seus criados, mas antes também ali morou Vanina, que era a rapariga mais bela de Veneza. Era órfã de pai e mãe e Orso era o seu tutor. Quando ela era ainda criança o tutor prometeu-a em casamento a um seu parente chamado Arrigo. Mas quando Vanina chegou aos dezoito anos não quis casar com Arrigo porque o achava velho, feio e maçador. Então Orso fechou-a em casa e nunca mais a deixou sair senão em sua companhia, ao domingo para irá missa. Durante os dias da semana Vanina prisioneira suspirava e bordava no interior do palácio, sempre rodeada, espiada pelas suas aias. Mas à noite Orso e aias adormeciam. Então Vanina abria a janela do seu quarto, debruçava-se na varanda e penteava os seus cabelos. Eram loiros e tão compridos que passavam além da balaustrada e flutuavam leves e brilhantes, enquanto as águas os reflectiam. E eram tão perfumados que de longe se sentia na brisa o seu aroma. E os jovens rapazes de Veneza vinham de noite ver Vanina pentear-se. Mas nenhum ousava aproximar-se dela, pois o tutor fizera saber à cidade inteira que mandaria apunhalar pêlos seus esbirros aquele que ousasse namorá-la. E Vanina, jovem e bela e sem amor, suspirava naquele palácio. Mas um dia chegou a Veneza um homem que não temia Jacob Orso. Chamava-se Guidobaldo e era capitão dum navio. O seu cabelo preto era azulado como a asa dum corvo, e a sua pele estava queimada pelo sol e pelo sal. Nunca no Rialto passeara tão belo navegador. Ora certa noite Guidobaldo passou de gôndola por este canal. Sentiu no ar um maravilhoso perfume, levantou a cabeça e viu Vanina a penteares cabelos. Aproximou o seu barco da varanda e disse: — Para cabelos tão belos e tão perfumados era preciso um pente de oiro. Vanina sorriu e atirou-lhe o seu pente de marfim. Na noite seguinte à mesma hora, o jovem capitão tornou a deslizar de gôndola ao longo do canal. Vanina sacudiu os cabelos e disse-lhe: — Hoje não me posso pentear porque não tenho pente. — Tens este que eu te trago e que mesmo feito de oiro brilha menos do que o teu cabelo. Então Vanina atirou-lhe um cesto atado por uma fita onde Guidobaldo depôs o seu presente. E daí em diante a rapariga mais bela de Veneza passou a ter um namo- rado. Quando esta notícia se espalhou na cidade os amigos do capitão foram preveni-lo de que estava a arriscar a sua vida, pois Orso não lhe perdoaria. Mas ele era forte e destemido, e sacudiu os ombros e riu. Ao fim dum mês foi bater à porta do tutor. — Que queres tu? — perguntou o velho. — Quero a mão de Vanina. — Vanina está noiva de Arrigo e não há-de casar com mais ninguém. Sai depressa de Veneza. Tens um dia para saíres da cidade. Se amanhã ao pôr-do-sol não tiveres partido eu mandarei sete homens com sete punhais para te matarem. Guidobaldo ouviu, sorriu, fez uma reverência e saiu. Mas nessa noite, no silêncio da noite, a sua gôndola parou junto da varanda da casa de Orso. De cima atiraram um cesto só preso por uma fita e dentro dele o jovem capitão depôs uma escada de seda. O cesto foi puxado para a varanda, e a escada, depois de desenrolada, foi atada à balaustrada de mármore cor-de-rosa. Então, ágil e leve, Vanina desceu com os cabelos soltos flutuando na brisa. Guidobaldo cobriu-a com sua capa escura, e a gôndola afastou-se e sumiu- se no nevoeiro de Outubro. Na manhã seguinte as aias descobriram a ausência de Vanina e correram a prevenir o tutor. Jacob Orso chamou Arrigo e com ele e os seus esbirros dirigiram-se para o cais. Mas quando ali chegaram o navio de Guidobaldo já tinha desaparecido. — Conta-me o que sabes — disse Orso a um velho marinheiro seu conhecido. E o homem contou: — O capitão e a tua pupila chegaram aqui a meio da noite. Mandaram chamar um padre que os casou, além, naquela pequena capela que é a capela dos marinheiros. Mal terminou o casamento embarcaram. E ao primeiro nascer do dia o navio levantou a âncora, içou as velas e navegou para o largo. Jacob Orso olhou para a distância. O navio já não se avistava, pois a brisa assoprava da terra. As águas estavam verdes, claras, ligeiramente ondulantes, cobertas de manchas cor de prata. O tutor e Arrigo queixaram-se à Senhoria de Veneza e ao doge. Depois mandaram quatro navios à procura dos fugitivos: um que navegou para Norte, outro que navegou para Oriente, outro que navegou para o Sul, outro que 90 navegou para Ocidente. Mas o mar é grande e há muitos portos, muitas baías, muitas cidades marítimas, muitas ilhas. E Vanina e Guidobaldo nunca mais foram encontrados. Terminada a narração o Mercador encheu dois copos com vinho e ele e o dinamarquês beberam à saúde de Vanina e do navegador.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca
I
1. Aquando da passagem do Cavaleiro por Veneza, o seu anfitrião vai
contar-lhe uma história de amor. 1.1 Identifica os protagonistas desta história. 1.2 Caracteriza fisicamente a personagem feminina. 1.3 Clarifica a relação existente entre Vanina e Jacob Orso. 1.4 Descreve física e psicologicamente Arrigo. 1.5 Que comportamento adopta o tutor perante a recusa de Vanina em casar-se com Arrigo? 1.6 Na tua opinião, como pensas que se sentiria Vanina perante esta atitude? Justifica a tua resposta. 1.7 Como passava Vanina os seus dias? 1.7.1 E as noites?
2. Mas um dia, tudo mudou...
2.1 Que acontecimento contribuiu para essa mudança? 2.2 Traça o retrato físico do jovem capitão. 2.3 Que reacção tem Guidobaldo quando vê, pela primeira vez, Vanina? 2.4 Por palavras tuas, expõe a estratégia utilizada por Guidobaldo para cativar Vanina. 2.4.1 O que concluis do perfil psicológico de Guidobaldo? Fundamenta a tua resposta. 2.4.2 Qual foi a reacção de Vanina?
3. «E daí em diante a rapariga mais bela de Veneza passou a ter um
namorado.» 3.1 Que atitude tomaram os amigos de Guidobaldo face ao sucedido? 3.2 Que gesto corajoso teve o apaixonado de Vanina? 3.3 Refere o comportamento de Jacob Orso. 3.4 Descreve o plano arquitectado pêlos dois enamorados. Ilustra a tua resposta com elementos textuais.
4. Quando o tutor se apercebeu da fuga dos amantes, era já demasiado
tarde. 4.1 Quem lhe deu a terrível notícia? 4.2 O que fez ele? 4.2.1 Conseguiu Jacob Orso atingir os seus objectivos? Justifica tua resposta.
5. A história de Vanina e Guidobaldo constitui uma acção secundária de O
Cavaleiro da Dinamarca. 5.1 Como se designa esta técnica de organização das sequências narra- tivas? 5.2 Quanto ao relevo, como se denomina a acção que envolve o Cavaleiro?
6. Faz a correspondência entre as figuras de estilo que se seguem e os
respectivos exemplos. Figuras de estilo Exemplos 1. Dupla a. «O seu cabelo preto era azulado como a asa
adjectivação dum corvo [. . .].» (II. 24-25)
2. Hipérbole b. «[. . .] outro que navegou para Oriente, outro 3. Anáfora que navegou para o Sul, outro que navegou 4. Comparação para Ocidente.» (II. 89-90) 5. Tripla c. «[. . .] o achava velho, feio e maçador» (l. 1 0) adjectivação d. «[. . .] flutuavam leves e brilhantes [. . .].» (II. 1 6- 1 7) e. «E eram tão perfumados que de longe se sentia na brisa o seu aroma.» (II. 1 7- 1 8)
7. Analisa sintacticamente os elementos destacados.
a) «—Agora ali só mora Jacob Orso com seus criados [...].» (l. 5) b) «[...] Orso era o seu tutor.» (l. 7) c) «E Vanina, jovem e bela e sem amor, suspirava naquele palácio.» (l. 22) d) «Ora certa noite Guidobaldo passou de gôndola por este canal.» (l. 27)