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Observe este anncio.

Fonte: Folha de S. Paulo, 26/09/2008. Adaptado.


a) Na composio do anncio, qual a relao
de sentido existente entre a imagem e o tre-
cho quem e o que pensa, que faz parte da
mensagem verbal?
b) Se os sujeitos dos verbos descubra e pen-
sa estivessem no plural, como deveria ser re-
digida a frase utilizada no anncio?
Resposta
a) O anncio centra-se no conceito de impresso
(digital/individualizante e impresso pessoal). O
leitor convidado a conhecer quem o morador
de So Paulo revelado pela impresso digital
e, ao mesmo tempo, conhecer o que ele pensa
representado pelo desenho da cabea. No final, o
conjunto sugere que se pretende conhecer a iden-
tidade do morador da cidade.
b) Descubram quem so e o que pensam os mo-
radores de So Paulo.
Leia o seguinte excerto de um artigo sobre o
telogo Joo Calvino.
Foi preciso o destemor conceitual de um
telogo exigente feito ele para dar o passo ra-
cional necessrio. Ousou: para salvar a oni-
potncia de Deus, no d para no sacrificar
pelo menos um qu da bondade divina.
Antnio Flvio Pierucci, Folha de S. Paulo,
12/07/2009.
a) O excerto est redigido em linguagem que
apresenta traos de informalidade. Identifi-
que dois exemplos dessa informalidade.
b) Mantendo o seu sentido, reescreva o trecho
no d para no sacrificar pelo menos um
qu da bondade divina, sem empregar duas
vezes a palavra no.
Resposta
a) A informalidade pode ser identificada em "feito
ele", "no d para no...", "um qu".
b) H vrias possibilidades, entre elas: imposs-
vel no sacrificar... .
Leia este texto.
O ano nem sempre foi como ns o conhe-
cemos agora. Por exemplo: no antigo calend-
rio romano, abril era o segundo ms do ano.
E na Frana, at meados do sculo XVI, abril
era o primeiro ms. Como havia o hbito de
dar presentes no comeo de cada ano, o pri-
meiro dia de abril era, para os franceses da
poca, o que o Natal para ns hoje, um dia
de alegrias, salvo para quem ganhava meias
ou uma gua-de-colnia barata. Com a intro-
duo do calendrio gregoriano, no sculo
XVI, primeiro de janeiro passou a ser o pri-
meiro dia do ano e, portanto, o dia dos pre-
sentes. E primeiro de abril passou ser um fal-
so Natal o dia de no se ganhar mais nada.
Por extenso, o dia de ser iludido. Por exten-
so, o Dia da Mentira.
Lus F. Verssimo, As mentiras que os
homens contam. Adaptado.
Portugus
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a) Tendo em vista o contexto, correto afir-
mar que o trecho meias ou uma gua-de-co-
lnia barata deve ser entendido apenas em
seu sentido literal?
Justifique sua resposta.
b) Crie uma frase que contenha um sinnimo
da palavra salvo (L. 9), mantendo o sentido
que ela tem no texto.
Resposta
a) No, pois o trecho conota qualquer presente in-
significante.
b) No texto, salvo preposio equivalente a ex-
ceto, como em: Viajarei, exceto se algum impre-
visto surgir.
Uma nota diplomtica* semelhante a
uma mulher da moda. S depois de se des-
pojar uma elegante de todas as fitas, rendas,
joias, saias e corpetes, que se encontra o
exemplar no correto nem aumentado da edi-
o da mulher, conforme saiu dos prelos da
natureza. preciso desataviar uma nota di-
plomtica de todas as frases, circunlocues,
desvios, adjetivos e advrbios, para tocar a
ideia capital e a inteno que lhe d origem.
Machado de Assis.
*Nota diplomtica: comunicao escrita e oficial en-
tre os governos de dois pases, sobre assuntos do
interesse de ambos.
a) correto afirmar que, segundo o texto,
uma nota diplomtica se parece com o exem-
plar no correto nem aumentado da edio da
mulher? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista o trecho para tocar a ideia
capital e a inteno que lhe d origem, indi-
que um sinnimo da palavra capital que
seja adequado ao contexto e identifique o re-
ferente do pronome lhe.
Resposta
a) No, pois Machado de Assis compara uma
nota diplomtica a uma mulher elegante, com "to-
das as fitas, rendas, joias, saias e corpetes...".
b) Capital: principal, essencial, central, etc.
Lhe: refere-se a uma "nota diplomtica".
Leia o seguinte texto:
Um msico ambulante toca sua sanfoni-
nha no viaduto do Ch, em So Paulo.
Chega o rapa* e o interrompe:
Voc tem licena?
No, senhor.
Ento me acompanhe.
Sim, senhor. E que msica o senhor vai
cantar?
*rapa: carro de prefeitura municipal que conduz
fiscais e policiais para apreender mercadorias de
vendedores ambulantes no licenciados. Por exten-
so, o fiscal ou o policial do rapa.
a) Para o efeito de humor dessa anedota, con-
tribui, de maneira decisiva, um dos verbos do
texto. De que verbo se trata? Justifique sua
resposta.
b) Reescreva o dilogo que compe o texto,
usando o discurso indireto. Comece com:
O fiscal do rapa perguntou ao msico ...
Resposta
a) Trata-se do verbo acompanhar, que pode ser
entendido como "ir com", "fazer companhia a" ou
"seguir com voz ou instrumento uma cano".
b) O fiscal do "rapa" perguntou ao msico se ele
tinha licena, ao que o msico respondeu que
no. Ento, o "rapa" pediu-lhe que o acompa-
nhasse e o msico respondeu que sim, e indagou
ao fiscal qual msica este cantaria.
H outras possibilidades
Leia estas duas estrofes da conhecida cano
Asa-Branca, de Lus Gonzaga e Humberto
Teixeira.
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de So Joo,
Eu perguntei a Deus do cu, ai
Por que tamanha judiao.
..........................................
Quando o verde dos teus olhos
se espalhar na plantao,
eu te asseguro, no chores no, viu,
eu voltarei, viu, meu corao.
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a) Indique uma palavra ou expresso que
possa substituir Qual (primeira estrofe),
sem alterar o sentido do texto.
b) Na segunda estrofe, substitua a palavra
viu por outra que cumpra a mesma funo
comunicativa que ela tem no texto.
c) Nessas estrofes, os nicos recursos poticos
utilizados so rima e ritmo? Justifique sua
resposta.
Resposta
a) Qual conjuno comparativa e pode ser
substituda por como, igual, entre outras.
b) viu: reduo de ouviu, expresso coloquial e
pode ser substituda por t, ok, tudo bem, entre
outras.
c) No. Existem outros recursos, tais como lingua-
gem conotativa ou figurada, com uso da compara-
o, metfora e outras figuras.
Gente que mamou leite romntico pode
meter o dente no rosbife* naturalista; mas em
lhe cheirando a teta gtica e oriental, deixa
logo o melhor pedao de carne para correr
bebida da infncia. Oh! meu doce leite ro-
mntico!
Machado de Assis, Crnicas.
*Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou fil
bovinos, bem tostado externamente e sangrante na
parte central, servido em fatias.
a) A imagem do rosbife naturalista em-
pregada, com humor, por Machado de Assis,
para evocar determinadas caractersticas do
Naturalismo poderia ser utilizada tambm
para se referir a certos aspectos do romance
O cortio? Justifique sua resposta.
b) A imagem do doce leite romntico, que se
refere a certos traos do Romantismo, pode
remeter tambm a alguns aspectos do roman-
ce Iracema? Justifique sua resposta.
Resposta
a) Sim. Os exageros do Naturalismo so expressi-
vos em O cortio, no qual o determinismo marca a
revelao do grotesco, da realidade crua e "san-
grenta", tal qual a imagem sugerida pelo rosbife.
b) Entre outras coisas, o romance Iracema procu-
ra resgatar as origens do Brasil, em que se ideali-
za a infncia da ptria, alimentando a fantasia do
leitor com um passado mtico, heroico e belo, dis-
tanciando-se da dura realidade da colonizao.
Considere a seguinte relao de obras: Auto
da barca do inferno, Memrias de um
sargento de milcias, Dom Casmurro e
Capites da areia. Entre elas, indique as
duas que, de modo mais visvel, apresentam
inteno de doutrinar, ou seja, o propsito de
transmitir princpios e diretivas que inte-
gram doutrinas determinadas.
Divida sua resposta em duas partes: a), para
a primeira obra escolhida e b), para a segun-
da obra escolhida, conforme j vem indicado
na respectiva pgina de respostas. Justifique
sucintamente cada uma de suas escolhas.
Resposta
a) Primeira obra escolhida:
Em Auto da barca do Inferno, h uma inteno
moralizante-pedaggica manifesta na denncia
dos vcios e das fraquezas de quase todas as per-
sonagens focalizadas, uma vez que a crtica ao
comportamento e s mazelas sociais se conforma
viso crist de Gil Vicente.
b) Segunda obra escolhida:
Em Capites da Areia, Jorge Amado visa cria-
o de um romance panfletrio, no qual e pelo
qual defende a classe proletria por meio da traje-
tria de Pedro Bala, que de filho de operrio e
menor abandonado ascende a lder sindical.
O pequeno sentou-se, acomodou nas per-
nas a cabea da cachorra, ps-se a contar-lhe
baixinho uma histria. Tinha um vocabulrio
quase to minguado como o do papagaio que
morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de
exclamaes e de gestos, e Baleia respondia
com o rabo, com a lngua, com movimentos
fceis de entender.
Graciliano Ramos, Vidas secas.
Considere as seguintes afirmaes sobre este
trecho de Vidas secas, entendido no contex-
to da obra, e responda ao que se pede.
a) No trecho, torna-se claro que a escassez
vocabular do menino contribui de modo deci-
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sivo para ampliar as diferenas que distin-
guem homens de animais.
Voc concorda com essa afirmao? Justifi-
que, com base no trecho, sua resposta.
b) Nesse trecho, como em outros do mesmo li-
vro, por exprimir suas emoes e sentimen-
tos pessoais a respeito da pobreza sertaneja
que o narrador obtm o efeito de contagiar o
leitor, fazendo com que ele tambm se emocio-
ne.
Voc concorda com a afirmao? Justifique
sua resposta.
Resposta
a) No, pois o que acontece em Vidas secas
exatamente o oposto: a escassez vocabular no
s do menino, como de toda a famlia aproxi-
ma-os dos animais, em um processo claro de ani-
malizao.
b) No, porque no h a expresso de emoes e
sentimentos pessoais por parte do narrador o
que se nota so outros recursos: o leitor depa-
ra-se com cenas que o sensibilizam, como, por
exemplo, um menino que aninha a cabea de sua
cachorrinha para contar-lhe uma histria.
Leia este trecho do poema de Vincius de Mo-
raes.
MENSAGEM POESIA
No posso
No possvel
Digam-lhe que totalmente impossvel
Agora no pode ser
impossvel
No posso.
Digam-lhe que estou tristssimo, mas no
[posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que h milhes de corpos a
[enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza
[pelo mundo
Contem-lhe que h uma criana chorando
[em alguma parte do mundo
E as mulheres esto ficando loucas, e h
[legies delas carpindo
A saudade de seus homens: contem-lhe que
[h um vcuo
Nos olhos dos prias, e sua magreza
[extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicdio
[rondam os lares, e preciso reconquistar a vida.
Faam-lhe ver que preciso eu estar alerta,
[voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a
[morrer se for preciso.
...........................................................................
Vincius de Moraes, Antologia potica.
a) No trecho, o poeta expe alguns dos moti-
vos que o impedem de ir ao encontro da poe-
sia. A partir da observao desses motivos,
procure deduzir a concepo dessa poesia ao
encontro da qual o poeta no poder ir: como
se define essa poesia? quais suas caractersti-
cas principais? Explique sucintamente.
b) Na Advertncia, que abre sua Antologia
potica, Vincius de Moraes declarou haver
dois perodos distintos, ou duas fases, em
sua obra. Considerando-se as caractersticas
dominantes do trecho, a qual desses perodos
ele pertence? Justifique sua resposta.
Resposta
a) Trata-se da poesia lrica, centrada no "eu" e in-
diferente dor alheia. A ela, Vincius ope a dura
realidade social e o sofrimento do prximo.
b) Pertence segunda fase. Nela, Vincius se dis-
tancia do misticismo dos primeiros anos, aderindo
temtica do cotidiano e s questes sociais.
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Um mundo por imagens
Fonte: http://www.imotion.com.br/
imagens/data/media/83/4582janela.jpg.
Acessado em 15/10/2009. Adaptado.
A imaginao simblica sempre um fa-
tor de equilbrio. O smbolo concebido como
uma sntese equilibradora, por meio da qual
a alma dos indivduos oferece solues apazi-
guadoras aos problemas.
Gilbert Durand.
Ao invs de nos relacionarmos diretamen-
te com a realidade, dependemos cada vez
mais de uma vasta gama de informaes, que
nos alcanam com mais poder, facilidade e
rapidez. como se ficssemos suspensos entre
a realidade da vida diria e sua representa-
o.
Tnia Pellegrini. Adaptado.
Na civilizao em que se vive hoje, cons-
troem-se imagens, as mais diversas, sobre os
mais variados aspectos; constroem-se ima-
gens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, li-
vros, instituies e situaes.
No cotidiano, comum substituir-se o
real imediato por essas imagens.
Dentre as possibilidades de construo
de imagens enumeradas acima, em negrito,
escolha apenas uma, como tema de seu texto,
e redija uma dissertao em prosa, lanando
mo de argumentos e informaes que deem
consistncia a seu ponto de vista.
Instrues:
Lembre-se de que a situao de produo
de seu texto requer o uso da modalidade es-
crita culta da lngua portuguesa.
D um ttulo para sua redao, a qual deve-
r ter entre 20 e 30 linhas.
NO ser aceita redao em forma de ver-
so.
Comentrio
Apresentando a afirmao de que "No cotidiano,
comum substituir-se o real imediato por essas
imagens", o tema prope uma dissertao sobre
como "essas imagens" so construdas.
Ao redigir seu texto, o candidato foi convidado a
escolher um tpico dentre pessoas, fatos, livros,
instituies e situaes.
Se partirmos do princpio de que estamos rodea-
dos de smbolos, signos, metforas e muitas ou-
tras representaes, o tema solicitou que se fizes-
se uma anlise do quanto as imagens se sobre-
pem realidade e do quanto necessrio o
equilbrio entre a realidade e sua representao.
Tema interessante, porm complexo, que certa-
mente exigiu versatilidade no lidar com argumen-
taes, inclusive filosficas.
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Prova bem articulada
Sem questes de alta complexidade, com enunciados claros e
bem elaborados, o exame revelou-se seletivo. Exigiram-se do
candidato respostas bem formuladas e articuladas, associa-
es semnticas e conhecimento de quase todas as obras li-
terrias pedidas. Uma leitura atenta de algumas questes po-
deria auxiliar nos argumentos diante do exigente tema de re-
dao.

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