Poesias - Projeto Chá Com Poesia (Artes)

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ACADEMIA DE LETRAS BLUMENAUENSE apresenta Exposio: LETRAS IMORTAIS - 2011 Neste espao construmos uma possibilidade de juntar nossas

VOZES Nesses dias que correm, onde os sonhos fogem. Buscamos saber quem somos na cidade que amamos. Sussurramos e lutamos em VERSOS VAZIOS Para lhes tirar a venda por que nada perfeito. Propomos refletir sobre o choro silencioso Dos que perderam tudo apesar das cicatrizes E das vozes abafadas e fadadas Dentro de cada um de ns. Desejamos olhos e coraes atentos nossa alma aqui exposta.

UM DIA QUALQUER Gotas insolentes vagueiam pela folha nua. Crua. Seres incertos vagueiam pelas ruas. Suas. Chuva fria. Vento foragido. Ido. Busca incessante de uma imagem. Miragem! Comportas de sonhos extravasam. Arrasam quarteires de ideologias. Afogados. A fome espreita estreita espremida na esquina

onde homem vira menina, e mulher coisa qualquer! Vidas latentes. Combatentes. Sonhos? Quem somos? Seres aflitos guiados por gritos. No olhar, pnico. nimo? Ps descalos no asfalto tosca roupa a cobrir o corpo criana esquecida pela vida na avenida sem comida. Assassinato. Morte: deles, minha, sua, nossa...

Maike Krausser

VOZES Existem muitas vozes sonantes E dissonantes na cidade Umas so dissimuladas, Outras cortantes como uma faca Noutro extremo: as abafadas H tambm as anasaladas, Algumas so manipuladoras, pegajosas E h at as conciliatrias. Tem as indiferentes, As independentes, As contraditrias, E, sobretudo, As caladas E fadadas.
(2008)
Suzana Sedrez

Quando chegamos rua indicada, a senhora pediu-me que a deixasse antes de sua casa, que era em um morro, pois se parssemos em frente, ela no conseguiria sair, j que a viatura era muito alta. Lembro que ela ainda apontou para a sua casa e disse: - l que eu moro. Hora mais tarde, aquela regio foi uma das mais castigadas da cidade, com a destruio de inmeras casas pelo deslizamento de terra e muita gente morreu.
(Trecho do livro Epicentro de uma tragdia, autor Paulo Roberto Bornhofen.)

PAULO ROBERTO BORNHOFEN

MEU SUSSURRO Minha alma dorme serena Na quietude Embalada pelo cio, Na tentativa de alcanar A minha plenitude. Em brancas nuvens Acolchoadas e transparentes, Meus pensamentos emergem, E ouvem, somente, O sussurro de mim mesma.
Dorothy de Brito Steil

BLUMENAU, CIDADE QUE EU AMO ! Talvez eu seja um dos ltimos integrantes da "tribo" que ainda v na figura vetusta do fundador, Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, a suprema exaltao ao ufanismo de algum ter nascido aqui, de aqui ter se criado, de continuar vivendo por aqui. [...] Hoje isto mudou. A figura "sagrada" do Dr. Blumenau comea a perder seu altar. Afinal, revela-se, chegou a ter alguns escravos; no deixava que uma imprensa livre circulasse nas suas terras; decidia autocrticamente quais os comerciantes que aqui podiam instalar-se; odiava Fritz Mller porque este era ateu. E at dizem que discriminava os italianos, porque eram catlicos, e por isto os teria direcionado para mais ao alto, para o mdio Vale do Itaja, afastados dos alemes. Verdade ou mentira ? Ou seja, muito da nossa histria est sendo desconstruda, aos poucos, na medida em que alguns destes fatos comeam a ser divulgados e discutidos. Mas o que importa a Blumenau que ele deixou e que muitos, depois, ajudaram a construir. [...] Que j teve muitas crises e adversidades, superadas com tenacidade, o que foi exaltado pelos outros.[...] Por tudo isto, e por um milhar de outras razes, que criei um slogan h muito tempo, usado em comentrios de rdio, jornal e em blogs: BLUMENAU, CIDADE QUE EU AMO ! CARLOS BRAGA MUELLER

No apenas existir Lutei por democracia Por liberdade, por justia. Lutei contra preconceito Contra excluso, Calaram a voz Da minha boca, No entanto, no Conseguiram calar A voz do corao Na minha luta Sei o valor de cada dia Nada supera, o ousar Lutar para vencer preciso lutar, viver e No apenas existir...

Ivo Hadlich

MULHER Sou Mulher... No sou de ferro... Sou de ROCHA... A vida me empurrou, queria para baixo, mas segui em frente. Exausta prossegui... Queria mais do que eu mesma podia me dar... Busquei alm de mim mesma... Na queda amadureci... As cicatrizes permitiram meu seguir... A alma leve resultou da Paz de... mim mesma.
Neida Rocha

ESTRUTURA VIDENTE* O SER QUE DOMINOU A TERRA AUTOR DE DOUTRINAS E REGRAS ATORMENTA-SE CHORA EM SILNCIO CAMINHA COM PS DE CONCRETO E A CABEA PARTIDA.
*Da pintura homnima de Rubens Oestroem.

Raquel Furtado

VERSOS VAZIOS Hoje minha escassez lrica denota minha poesia... Filtrando poucas palavras midas e tmidas... Lmpidas se apegaro s tochas da saudade Tento encarnar Drummond, Neruda, W. Shakespeare, Cames, Verssimo, C. Alves e outros tantos mais entre incontveis imortais! Mas, sinto um vazio estranho. Chamas chamuscadas ao vento vacilam cambaleantes, sem pavio. Sente meu corpo o sopro do frio! A msica, ao longe, tenta alertar... Ainda estou sem rimas, sem versos A azia da mente arde sem arte... O acaso continua "cochilante". Existiu meu "tempo-amante"? A voz rouca e trmula descansa. Ainda estou sem rima! Ecoam... VERSOS VAZIOS
(2009)

Ilka Bosse

Os artistas todos nada tm venda; tm a vos tirar dos olhos a venda que j no possuem nos olhos seus.
Jairo Martins

MOS EM PRECE Mos em prece Abenoam a vida Nas contas do rosrio. Mos em prece Apressam o tempo Prendendo o sonho No sacrrio. Os dias correm... Os sonhos fogem... Capim fresco ao vento, Arroio beijando os ps. Respiro todos os tons, Recolho todos os sons Que a brisa sopra. O cu se torna cristal Nas mos do arteso. Eu me torno criana Na beirada da infncia To morta. Maria de Lourdes Scottini Heiden

No existe pai, nem me, nem filho perfeito, ou seja, no existe a famlia perfeita. No h nada de errado nisso, j que aprendemos muito mais com os nossos erros do que com os acertos. O que, no entanto, deve existir diante dessas imperfeies a famlia honesta e sincera, capaz de admitir seus erros e deles tirar suas lies. Assim, alm do exemplo, positivo e negativo, sem dvida fundamental na constituio de referenciais e modelos, preciso desenvolver e fortalecer os valores ticos e morais, de auto-estima e autoconfiana, e de responsabilidade desde o incio da infncia. A grande confisso, o grande 'mea-culpa' depois da constatao do desvio comportamental do filho sempre a mesma: eu devia ter sido mais exemplo, ter conversado mais com meu filho, vivido mais perto dele... No necessariamente o conhecimento sobre as drogas, mas so os valores que a criana e o adolescente construram dentro de si que orientam sua deciso na hora da confrontao com as mesmas.
(REHFELDT, Klaus H. G. Onde erramos? E.P.U., So Paulo, 2009, pg. 34. )

Klaus H. G. Rehfeldt

Compreender ouvir para alm das palavras. (Suzana Sedrez) Ningum se desnuda mais que aquele que quer esconder seus defeitos. (Klaus Rehfeldt) Ler e escrever, um sublime prazer. (Ivo Hadlich - Sheick) A solido a ltima companhia de que precisamos. (PAULO BORNHOFEN) A ignorncia do homem diretamente proporcional s armas que ele fabrica. (JAIRO PACHECO MARTINS) Sustentabilidade saber que amanh algum vai querer o hoje parecido com o ontem. (Gustavo Siqueira) Sbias palavras proferidas jamais cairo no vazio, o tempo as conservar. (Ilka Bosse) Nada to preciso quanto o tempo. No atrasa, no adianta. Apenas passa. (Maria de Lourdes Scottini Heiden) Ao falso, prefiro o genuno, ainda que spero. (Nelson Valente) Faa sorrir sua alma. Seu rosto se iluminar. (Dorothy Steil)

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