Eles continuam entre nós
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Eles continuam entre nós - Zibia Gasparetto
Gasparetto
Uma boa alma
Esta história teve início em 1979, na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, onde Odete morava e trabalhava como consultora de cosméticos.
Sempre no mesmo horário, Odete ia a uma lanchonete para lanchar, encontrar-se com amigos e também freguesas.
Um dia ela conheceu o Luiz; tornaram-se grandes amigos e dessa amizade surgiu um grande amor. Ela, viúva, livre, independente e ele também; alugaram uma casa e decidiram assim, viver maritalmente. As despesas da casa eram quase todas pagas por Odete, já que Luiz ganhava bem menos que ela.
Odete estava bem financeiramente, tinha cinco propriedades, carro, telefone e todo o conforto, tudo conseguido por seu próprio esforço e muito trabalho.
Ela resolveu, então, em vez de ficar pagando aluguel, comprar uma casa financiada em nome de Luiz. Acostumada com os trâmites, foi providenciar a documentação necessária e, ao tirar a certidão de antecedentes de Luiz, descobriu que ele havia agredido sua ex-esposa.
Odete, muito abalada, conversou com ele, que lhe explicou seus motivos, e assim o caso foi dado por encerrado.
Ela conseguiu um atestado de antecedentes sem a restrição e providenciou o financiamento em nome de Luiz. O desconto das prestações seria realizado diretamente de seu holerite.
De repente, Luiz se transformou e começou a ser ignorante com a esposa, agredindo-a verbal e fisicamente. No decorrer desses acontecimentos, ela voltava para a casa de parentes e contava-lhes tudo o que acontecia. E mesmo que quisesse esconder, não conseguiria, vivia cheia de hematomas.
Essas separações aconteceram até 1986, foram sete anos, sete vezes. Odete estava muito chateada e resolveu que iria começar a olhar a situação em que se encontrava de outra maneira.
Tomou coragem, juntou suas coisas e desapareceu da vida dele. Foi para Campinas, onde iniciou uma nova vida, sempre trabalhando.
Durante oito anos, Odete só voltava para Rio Claro nas madrugadas; via seus familiares, matava a saudade e retornava para Campinas. Luiz a procurava, sem encontrá-la.
Uma noite, em 1994, Odete sonhou com Luiz. Ele estava vestido de branco e deslizava sobre sua cama, a uma altura de um metro. Com um lindo sorriso, ele aproximou-se e lhe disse:
— Odete, eu vim agradecer-lhe por tudo o que você fez por mim, adeus! Obrigado.
Odete passou toda a parte da manhã aos prantos, chorava muito, porquanto não havia conseguido esquecer Luiz, ainda o amava muito.
Nesse mesmo dia, às 12h30, seu filho ligou de Rio Claro:
— Mamãe, a pessoa que a senhora amou muito e lhe fez sofrer tanto, faleceu às 4h30 da manhã, vítima de uma vesícula estuporada.
Naquele momento, Odete lembrou-se do sonho e entendeu que Luiz, seu grande amor, assim que desencarnara, viera agradecer-lhe e despedir-se para sempre.
***
A princípio, pensei em não publicar esse caso, por não poder divulgar a identidade dos envolvidos. Mas por tratar-se de um caso verdadeiro e muito bonito, não resisti ao desejo de lhes contar.
É preciso notar como um temperamento violento, sem controle pode infelicitar a vida das pessoas. É da responsabilidade de cada um aprender gerenciar seus impulsos, evitar a violência e assim ter uma vida melhor.
Odete era mulher corajosa, esforçada, boa companheira, apaixonou-se, foi correspondida e, se não fosse a falta de controle do companheiro, poderiam ter ficado juntos usufruindo de uma vida feliz. Claro que ele a amava, mas no dia a dia não conseguia dominar a irritação, chegando a vias de fato.
Odete reagiu, fez muito bem em separar-se. Ninguém deve submeter-se a uma situação dessas. O amor não é suficiente para justificar a humilhação e a violência.
Certamente, ele se arrependeu muito de não ter se controlado, uma vez que a amou de verdade e nunca a esqueceu. Tanto que, no momento da morte, pensou nela com tal força, que seu espírito projetou-se até onde ela estava, para dizer-lhe que a amava e agradecer todo bem que ela lhe fizera.
Acredito que, a essa altura, ele, no mundo astral, continue arrependido, esforçando-se para aprender a dominar o mau gênio, visando a que, no futuro, venham a ter uma nova oportunidade de ficarem juntos, seja na outra dimensão ou em nova encarnação. Mas ele sabe que só conseguirá essa oportunidade quando aprender a ser melhor.
Obs.: a pedido da leitora, os nomes foram trocados para preservar a identidade dos envolvidos.
Caso enviado por:
Odete
Saúde – S. Paulo/SP
Ave-maria
Antigamente, no início do século vinte, existia na igreja católica, uma irmandade denominada: Irmandade da Virgem Maria, da qual só faziam parte moças jovens e virgens.
Criada e educada nesse regime, Vera nunca quis se casar, era devota da Virgem Maria. Joana, sua irmã, casou-se e Vera optou por continuar morando com a irmã, já que ambas se entendiam muito bem.
A família, que morava em Rio Claro, interior paulista, aumentava, e Vera sempre ajudava a irmã nos afazeres domésticos e na criação de seus sobrinhos — duas meninas e um menino. Todos se davam e viviam muito bem.
Era uma família feliz.
Vera era a autêntica tia solteirona, fazia tudo por seus familiares e era adorada por todos. Diariamente, ela se recolhia em seu quarto por volta das 11h45 e lá ficava até às 12h15 para ouvir uma única música: Ave-Maria, de Franz Schubert, compositor austríaco da Era Clássica. Enquanto ouvia a música, ela orava fervorosamente.
Assim passou-se o tempo, e ela nunca deixou de ouvir sua música um dia sequer. As crianças cresceram e os adultos envelheceram.
Um dia, quando Vera terminou suas orações, foi para a cozinha arrumar as louças e guardá-las, e o inesperado aconteceu: ela foi ao chão.
A família toda, que estava ali presente, correu para socorrê-la, mas ela parecia não responder. O médico foi chamado e diagnosticou que ela desencarnara, vítima de um infarto fulminante.
A tristeza tomou conta de todos: familiares, vizinhos… mas nada havia para ser feito. O funeral foi arrumado na sala, como era costume na época. Ela seria velada até o dia seguinte.
O tempo transcorria. Durante a tarde, a noite e a manhã, todos permaneceram reunidos, esperando com respeito e silêncio absolutos a hora da saída do funeral. De repente, o relógio da sala começou a dar horas, era meio-dia. Nesse momento, todas as pessoas ali presentes puderam ouvir o som da música Ave-Maria, de Schubert, vindo do quarto daquela senhora.
Joana correu ao quarto para repreender quem estivesse ali mexendo nas coisas de sua irmã, porém não encontrou ninguém, tudo estava na mais perfeita ordem, e o toca-discos estava desligado, mas a música continuou ecoando pela casa toda, até o final de sua execução.
***
Para analisarmos esse fato, há duas possibilidades: a primeira é de que Vera era um espírito muito evoluído, estava lúcida durante o velório e decidiu dar uma prova de sua sobrevivência, fazendo com que todos ouvissem a música que ela tanto gostava, como se fosse um recado avisando que continuava vivendo, mesmo depois da morte do corpo. E também, como se a melodia selasse um abraço de despedida.
A segunda hipótese é que ela era uma pessoa boa, mas sem conhecimento da vida após a morte. Seu amor por Maria, sua fé, o fato de ter-se ligado a Ela durante toda a vida, fizeram com que, no momento de seu desligamento, fosse auxiliada por espíritos da falange de Maria e recebida por eles na outra dimensão.
Nos dois casos, com certeza, foram eles que desejando dar uma prova da continuidade de vida após a morte do corpo, provocaram esse fenômeno de efeitos físicos. Para que isso fosse possível, devem ter-se valido de algum encarnado, cujas energias foram manipuladas para produção de ectoplasma — elemento que propicia a produção de fenômenos físicos.
Caso enviado por:
Clarice Nalin
Rua Mauro, 585 – Apto.84 Bloco A
Saúde – S. Paulo/SP
Viagem marcada
Um dia, Maria Aparecida chamou sua amiga, Maria de Lurdes e contou-lhe:
— Estou muito angustiada, há uma semana tenho pensado em minha mãe, que mora no Mato Grosso do Sul. Nunca estive tão preocupada e chorosa. Eu sei que está acontecendo alguma coisa, mas não posso gastar dinheiro com passagem, a minha situação está muito difícil.
Assim os dias se passaram, até que durante uma madrugada, enquanto Aparecida lia um salmo, pedia a Deus que tirasse dela aquela angústia e ajudasse sua mãe, sentiu-se saindo de seu próprio corpo e deslizando pelo espaço. Foi tão real que pôde sentir o vento sibilando em seus ouvidos.
Viu-se chegando à casa da mãe que ainda estava acordada. Viu-a indo em direção ao quarto do filho mais novo, que já era um rapaz. Vendo-o adormecido, beijou-o, dizendo:
— Filho, eu o amo muito, porém não aguento mais sofrer — depois, dirigiu-se ao seu quarto, onde seu marido dormia e também se despediu.
Na cozinha, ela pegou um copo com água de dentro do forno do fogão e, quando ia beber, Aparecida percebendo o que ela faria, gritou:
— Mãe, não faça isso! — bateu fortemente no copo, que se quebrou.
Naquele momento, sua mãe a enxergou e disse:
— Minha filha, você é o meu anjo da guarda. Livrou-me de beber o veneno de rato que estava no copo, que eu mesma havia preparado para acabar de vez com meu sofrimento.
As duas abraçaram-se e choraram bastante.
Aparecida voltou ao corpo e se recordou de tudo. Logo, ajoelhou-se e agradeceu o amparo divino que ela e a mãe haviam recebido.
No dia seguinte, Aparecida estava alegre e disse ao marido:
— Vou viajar o mais rápido possível para a casa de meus pais.
Chegou lá durante a madrugada. Sua mãe, sentido sua presença disse ao marido:
— Cida está aí, é