Microestrutura Dos Materiais Cerâmicos
Microestrutura Dos Materiais Cerâmicos
Microestrutura Dos Materiais Cerâmicos
Helena Carasek Universidade Federal de Gois Nicole P. Hasparyk Furnas Centrais Eltricas
Introduo
Definio Materiais cermicos:
Os materiais cermicos podem ser definidos como sendo materiais formados por compostos de elementos metlicos (Al, Na, K, Mg, Ca, Si, etc.) e um dos cinco seguintes elementos no-metlicos: O, S, N, C e P. Esses elementos so unidos por ligaes fortes inicas e/ou covalentes.
Introduo
Exemplo tpico de composto cermico : MgO
com relao 1:1 entre tomos metlicos (Mg) e no-metlicos (O); amplamente presente como constituinte de materiais refratrios, pois pode suportar altas temperaturas sem se dissociar ou fundir.
Introduo
Outros exemplos:
SiO2 (slica); Al2O3 (alumina); Argilas: tambm so materiais cermicos comuns, s que bem mais complexos do que o MgO; Uma das argilas mais simples a caulinita, ou Al4Si4O10(OH)8, que forma sua estrutura cristalina com quatro diferentes unidades: Al, Si, O e o radical (OH).
Introduo
Tipos de ligao nos materiais cermicos:
Tipos de Ligao Covalente Material Si SiC Si3N4 NaCl Inica MgO Mica - (K,H3O)Al2(Si,Al)4O10(OH)2 Al2O3 Covalente-Inica Quartzo - SiO2 Vidro soda-cal Na2O.CaO.6SiO2
Tipos de ligao nos materiais cermicos (adaptado de ANDERSON et al., 1990).
Livro: Materiais de Construo Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia
Introduo
Materiais cermicos variedade de substncias e de materiais:
Na construo civil, os materiais cermicos abrangem grande variedade de substncias naturais e de materiais e produtos industrializados.
Introduo
Materiais cermicos materiais e componentes industrializados:
Materiais e componentes industrializados: os tijolos; os blocos e as telhas cermicas; os aglomerantes minerais (cimento Portland, cal e gesso) bem como os compsitos com eles fabricados (argamassas e concretos); as peas cermicas de revestimento (azulejo, porcelanato, pastilhas e placas cermicas em geral para revestimento de parede e piso); as louas sanitrias; os vidros; materiais refratrios.
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Parte de uma clula unitria hexagonal representando a estrutura do corndon (na clula, apenas 2/3 das posies do on Al3+ esto representadas).
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Silicatos
Definio Silicatos:
Materiais compostos essencialmente por silcio e oxignio. Exemplos de alguns materiais da construo constitudos por silicatos: Cimento Portland; Agregados; Tijolos; Telhas; Vidros.
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Silicatos
Composio qumica dos principais componentes presentes em alguns silicatos cermicos:
% Elementos qumicos presentes Cermica SiO2 Cimento Portland Slica refratria Argila calcinada refratria Mulita refratria Porcelana eltrica Porcelana de esteatita 25 96 50-70 28 61 64 Al2O3 9 45-25 72 32 5 K2O 6 MgO 30 CaO 64 outros 2 4 5 1 1
Composio qumica aproximada dos principais componentes presentes em alguns silicatos cermicos (SHACKELFORD, 1996).
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Silicatos
Estrutura dos silicatos: unidade fundamental
Quatro ons de oxignio nos vrtices de um tetraedro regular rodeando o on de silcio tetravalente, que os coordena.
a)
b)
Estrutura tetradrica do silicato, carregada negativamente: a) visualizao externa; b) vista interna com o silcio posicionado no interstcio dos tomos de oxignio.
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Silicatos
-
a) isolado
b) duplo
-
a) ilha de ortossilicato (arranjo isolado do tetraedro); b) ilha de pirossilicato (unidades tetradricas duplas); c) estrutura em cadeia; d) estrutura na forma de anel; e) estrutura em folha, tpica do argilomineral caulinita. (ASKELAND, 1990).
-
c) cadeia
O2Si4+ Al3+ O2-; (OH)Si4+ O2(OH)-
d) anel
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e) folha
Silicatos
Arranjos de alguns silicatos presentes nas rochas
Classe Nesossilicatos ou ortossilicatos Sorossilicatos ou pirossilicatos Ciclossilicatos Inossilicatos ou metassilicatos Filossilicatos Tectossilicatos Arranjo dos tetraedros SiO4 isolados duplo anis cadeias simples cadeias duplas folhas estruturas tridimensionais Relao Si:O 1:4 2:7 1:3 1:3 4:11 2:5 1:2 Exemplos de minerais Mineral Olivina Hemimorfita Berilo Piroxnio: enstatita Tremolita Talco Quartzo Frmula qumica (Mg,Fe)2SiO4 Zn4Si2O7(OH).H2O Be3Al2Si6O18 Mg2 (Si2O6) Ca2Mg5Si8O22(OH)2 Mg3Si4O10(OH)2 SiO2
Classificao dos minerais silicatos das rochas (KLEIN; HURLBUT Jr., 1999).
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Silicatos
Formas cristalinas polimrficas principais da slica:
Quartzo Estrutura fortemente unida, estvel e com maior fator de empacotamento Cristobalita Minerais metaestveis, baixo fator de empacotamento e baixa densidade Tridimita
a)
b)
Silicatos
Quartzo:
Mineral considerado termodinamicamente mais estvel.
Pode se tornar reativo quando sujeito ao processo do metamorfismo, apresentando seu retculo cristalino tensionado.
Potencialidade reativa do ponto de vista da reao lcali-slica (RAS) em compsitos base de cimento (concretos e argamassas).
Silicatos
Quartzo - outras fases potencialmente reativas:
quartzo microcristalino - quartzo de granulao fina, produzido pela recristalizao dinmica do mineral; calcednia - variedade criptocristalina de quartzo da classe fibrosa.
Outros silicatos potencialmente reativos: vidro vulcnico - silicato presente nas rochas gneas, produzido pelo resfriamento rpido da lava fundida;
opala - mineralide, conhecido como uma slica hidratada amorfa ou coloidal.
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Silicatos
Silicatos Anidros do Cimento Portland
Alita (C3S): silicato triclcico, Ca3SiO5 (ou 3CaO.SiO2) Belita (C2S): silicato diclcico, Ca2SiO4 (ou 2CaO.SiO2) Celita ou aluminato (C3A): fase aluminato triclcico, Ca3Al2O6 ou 3CaO.Al2O3 Ferrita ou Ferroaluminato (C4AF): ferroaluminato tetraclcico (Ca2AlFeO5 ou 4CaO.Al2O3.Fe2O3)
Silicatos
Silicatos do Cimento Portland - Alita
Estrutura do C3S do cimento Portland, com seus dois principais elementos (adaptada de LEA,1970).
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Silicatos
Silicatos do Cimento Portland - Belita
Silicatos
Silicato hidratado do Cimento Portland: C-S-H
Slica vtrea:
Tetraedros unidos por ligaes covalentes para produzir uma rede tridimensional ao acaso, ou seja, sem orientao, havendo carncia de cristalinidade, apesar de se assemelhar slica cristalina em uma anlise a curta distncia.
Diagrama de Fases
O conhecimento dos equilbrios de fases fundamental para prever-se o comportamento dos materiais, porque necessrio atingir-se o equilbrio (ou pelo menos um estado prximo a ele) para se alcanar estabilidade qumica.
Diagrama de Fases
Diagramas de fase = Diagramas de equilbrio Determinam: quais fases se encontram em equilbrio para uma dada composio a certa temperatura; Permitem: determinar a composio qumica de cada fase; calcular a quantidade de cada fase presente.
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Diagrama de Fases
Mapas a partir dos quais se podem determinar as fases presentes, para qualquer temperatura e composio, desde que o material esteja em equilbrio.
Diagrama de Fases
Diagrama de Fases
Sistema de um nico componente SiO2. Observao: um diagrama mais completo incluiria tambm as modificaes de cada fase sob temperaturas mais baixas (adaptada de VAN VLACK, 1973).
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Diagrama de Fases
Outra forma de representar o diagrama de fase presso-temperatura para o sistema SiO2 (ASKELAND, 1998).
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Diagrama de Fases
Diagrama de Fases
Diagrama de fases binrio:
A presso considerada constante e igual a 1 atm, eliminando-se, assim, essa varivel de estado. Exemplo: O diagrama SiO2-Al2O3 um dos mais importantes no entendimento e na previso das propriedades e comportamento de vrios materiais cermicos de construo civil.
Diagrama de Fases
Diagrama de fases SiO2-Al2O3, sob presso constante (adaptada de VAN VLACK, 1984).
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Diagrama de Fases
Operao de queima na indstria cermica: importante o conhecimento das transformaes termoqumicas das argilas e massas cermicas; quando a massa cermica aquecida, ocorrem diversas transformaes, sendo as mais importantes: a retrao; a variao de porosidade; a liberao ou a absoro de calor; a perda de massa; as mudanas da estrutura .
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Diagrama de Fases
Perda de massa
pequena pequena muito grande pequena
Temperatura (oC)
20 -100 100 - 400 400 - 500 500 - 900
Retrao
nula nula pequena mdia
Porosidade
alta alta alta alta
Efeitos trmicos
nenhum nenhum grande absoro nenhum
Anlise petrogrfica
cristais de caulinita cristais de caulinita quebra de cristais cristais invisveis
Diagrama de Fases
Perda de massa
nenhuma
Temperatura (oC)
900 -1000
alta
mdia
1000 -1150
nula
nenhuma
1150 -1200
alta
nenhuma
Principais propriedades das cermicas: alta estabilidade trmica; boa resistncia compresso e ao cisalhamento; fratura do tipo frgil; baixa condutividade eltrica.
Metal
O arranjo de coordenao nos metais o mesmo antes e aps uma etapa completa de escorregamento.
Comparao dos mecanismos de escorregamento entre metais monoatmicos e materiais cermicos biatmicos.
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Cermica
Comparao dos mecanismos de escorregamento entre metais monoatmicos e materiais cermicos biatmicos - continuao.
(a)
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(b) FRGIL
(a)
(b) DCTIL
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Cermica Avanada
Cermica avanada, tambm denominada de cermica tcnica ou cermica fina, engloba uma classe de novas cermicas, em que as matrias-primas so artificiais, h um grande controle do processo e, principalmente, um forte controle da microestrutura. (YOSHIMURA, 2002)
Cermica Avanada
Caractersticas especiais:
alta resistncia mecnica; alta dureza e resistncia abraso; alta durabilidade (resistncia qumica e corroso); alta resistncia temperatura (so materiais refratrios); alto ponto de fuso (alguns chegam at cerca de 2500C a 3000C); baixa dilatao trmica; elevada tenacidade; baixo peso.
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Cermica Avanada
Exemplos de cermicas finas:
Alumina; Zircnia; Nitreto de silcio; Sialon (Si-Al-O-N); Nitreto de alumnio; Nitreto de boro; Carbeto de silcio; Carbeto de boro.
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Cermica Avanada
Material Composio Densidade (g/cm3) 3,98 3,10 3,20 3,24 5,80 Resistncia compresso (MPa) 2810 3935 3935 3515 3515 Resistncia trao (MPa) 210 175 175 560 420 Mdulo de Elasticidade (GPa) 395 420 420 315 315
* Nitreto de silcio prensado a quente; ** Zircnia parcialmente estabilizada. Propriedades mecnicas de algumas cermicas avanadas valores aproximados (adaptado de ASKELAND, 1994).
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Bibliografia Consultada
ANDERSON, J. C. et al. Materials Science. 4. ed. London: Chapman & Hall, 1997. ASKELAND, D. R. The science and engineering of materials. 2. ed. London: Chapman & Hall, 1990. ______. The science and engineering of materials. 3. ed. Boston: PWS Publishing Company, 1994. ______. The science and engineering of materials. 3. ed. London: Chapman & Hall, 1998. CALLISTER Jr., W. D. Materials science and engineering: an introduction. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1991. CAMPBELL, D. H. Microscopical examination and interpretation of Portland cement and clinker. Illinois: Construction Technology Laboratories Portland Cement Association, 1986.
Bibliografia Consultada
HASPARYK, N. P. Investigao dos mecanismos da reao lcaliagregado efeito da cinza de casca de arroz e da slica ativa. Goinia: UFG, 1999. 257p. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil), Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Gois, Goinia, 1999. JASTRZEBSKI, Z. D. Nature and properties of engineering materials. New York: John Wiley & Sons, 1959. KLEIN, C.; HURLBUT Jr., C. S. (after JAMES D. DANA) Manual of mineralogy. 21. ed. USA: John Wiley & Sons, Inc., 1999. LEA, F. M. The chemistry of cement and concrete. 3. ed. London: Edward Arnold (Publishers), 1970. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. So Paulo: PINI, 1994. MONTEIRO, P. J. M. et al. Effect of aggregate deformation on alkali-silica reaction. ACI Materials Journal, v. 98, n. 2, p. 179-183, 2001.
Livro: Materiais de Construo Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia
Bibliografia Consultada
NORTON, F. H. Introduo tecnologia cermica. So Paulo: Edgard Blcher, 1973. PITEIRA, M. Cermicos tcnicos. Disponvel em: http://www.dcm.fct.unl.pt /Discipl/Ct/ MP.pdf. Acesso em: 4 mar. 2007. RAMACHANDRAN, V. S.; BEAUDOIN, J. J. Handbook of analytical techniques in concrete science and technology. Ed. Norwich/New York/U.S.A.: Noyes Publications / Willian Andrew Publishing, 2001. SHACKELFORD, J. F. Introduction to materials science for engineers. 4. ed. New Jersey: Prentice Hall / Simon & Schuster, 1996. ______. Introduction to materials science for engineers. 5. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2000. TAYLOR, H. F. W. Cement Chemistry. 2. ed. London: Thomas Telford, 1997. VAN VLACK, L. H. Princpio de cincias dos materiais. So Paulo: Edgard Blcher, 1970.
Livro: Materiais de Construo Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia
Bibliografia Consultada
______. Princpios de cincia e tecnologia dos materiais; traduo de Edson Monteiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1984. ______. Propriedades dos materiais cermicos; traduo de Cid Silveira e Shiroyuki Oniki. So Paulo: Edgard Blcher, 1973. YOSHIMURA, H. N. Bate-papo programado Cermica Avanada: IPT Atividades, 2002. Disponvel em: http://www.ipt.br/atividades/servios/chat/ARQ. Acesso em: 4 mar. 2007.