Análise Do Pai Nosso
Análise Do Pai Nosso
Análise Do Pai Nosso
1. INTRODUO O objetivo deste estudo refletir detalhadamente sobre cada um dos itens que compem a orao dominical, ditada por Jesus. 2. CONCEITO Anlise Segundo a etimologia grega, significa decompor e discernir as diferentes partes de um todo, mas tambm reconhecer as diferentes relaes que elas mantm, quer entre si, quer com o todo. PAI NOSSO o mais perfeito modelo de conciso, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos dos deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o prximo. Encerra uma profisso de f, um ato de adorao e de submisso; o pedido das coisas necessrias vida e o princpio da caridade. (Equipe da FEB, 1995) 3. O TEXTO EVANGLICO A orao dominical est inserida no captulo VI de O Evangelho Segundo Mateus, o qual trata, alm deste tpico especfico, a prtica da justia, como se deve dar esmolas, como se deve orar, como jejuar, os tesouros do cu, a luz e as trevas, os dois senhores e a ansiosa solicitude pela vida. Para o tema em questo, Interessa-nos transcrever: a) COMO SE DEVE ORAR E, quando orardes, no sereis como os hipcritas; porque gostam de orar em p nas sinagogas e nos cantos das praas, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles j receberam a recompensa. Tu, porm, quando orardes, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orars a teu Pai que est em secreto; e teu Pai que v em secreto, te recompensar. E, orando, no useis vs repeties, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar sero ouvidos. No vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peais. (Mateus 6, 5 a 9). b) A ORAO DOMINICAL Portanto, vs orareis assim: Pai nosso que estais nos cus, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino, faa-se a
vossa vontade, assim na terra como no cu; o po nosso de cada dia dainos hoje; e perdoai-nos as nossas dvidas, assim como ns temos perdoado aos nossos devedores; e no nos deixeis cair em tentao; mas livrai-nos do mal (pois vosso o reino, o poder e a glria para sempre. Amm). Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, tambm vosso Pai celestial vos perdoar; se, porm, no perdoardes aos homens (as suas ofensas), to pouco o Pai vos perdoar as vossas ofensas. (Mateus 6, 9 a 15) 4. OS SETE ITENS DA ORAO DOMINICAL Extrado do 28. captulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo (itens 2 e 3). 1) PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CUS, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME. A palavra Pai refere-se a Deus, inteligncia suprema, causa primria de todas as coisas; Cu significa o universo, os diversos mundos habitados. Santificado seja o vosso nome mostra que devemos crer no Senhor, porque tudo revela o seu poder e sua bondade. A harmonia do universo testemunha essa sabedoria. Por isso, todos deveriam reverenciar o seu nome em quaisquer circunstncias. De acordo com o Esprito Emmanuel, a grandeza da prece dominical nunca ser devidamente compreendida por ns que lhe recebemos as lies divinas. Cada palavra, dentro dela, tem a fulgurao de sublime luz. De incio o Mestre Divino lana-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da Vida deve constituir, para ns todos, o princpio e a finalidade de nossas tarefas... Em seguida, com um simples adjetivo possessivo, o Mestre exalta a comunidade. Depois de Deus, a Humanidade ser o tema fundamental de nossas vidas. (Xavier, s.d.p., p. 167) 2) VENHA O VOSSO REINO Deus apresentou-nos leis cheias de sabedoria e que fariam a nossa felicidade se as observssemos. Obedecendo a essas leis, que esto escritas em nossa conscincia, faramos reinar entre ns a paz e a justia. Praticando a excelsa caridade, todos nos ajudaramos mutuamente, expulsando por completo o mal de nosso planeta, pois todas as misrias vm da violao dessas leis, porque no h uma s infrao que no tenha conseqncias fatais. 3) SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, NA TERRA, COMO NO CU. Sabemos que a submisso um dever do inferior para com o superior, do filho com relao ao pai. No haveria uma razo ainda maior de nossa submisso com relao quele que nos criou. Ainda nos falta um sentido para compreender a existncia de Deus. Contudo, conforme formos depurando o nosso Esprito do jugo da matria, vamos tambm aumentando a nossa capacidade de conhecer os atributos da divindade. A atitude fundamental da prece deve ser de obedincia, de adeso vontade de Deus, de harmonizao entre ns e a sua Lei, que perfeita. Acontece que dada a nossa imperfeio oramos s avessas, ou seja, ao invs de nos conformarmos com a Lei queremos burl-la, tornando senhores de Deus, atravs de pedidos de ordem inferior. O Esprito Emmanuel comenta esta passagem dizendo-nos que comum a alterao dos votos que formulamos ao alto. Muitas peties endereadas
Vida Maior, em muitas ocasies, quando atendidas, j nos encontram modificados por splicas diferentes. Ele afirma: Em circunstncias diversas, acontecimentos que nos parecem males so bens que no chegamos a entender, de pronto, e basta analisar as ocorrncias da vida para percebermos que muitas daquelas que nos afiguram bens resultam em males que nos dilapidam a conscincia e golpeiam o corao. (Xavier, 1986, p. 318) 4) DAI-NOS O PO DE CADA DIA Dai-nos o alimento para a manuteno das foras do corpo; dai-nos tambm o alimento espiritual para desenvolvimento do nosso Esprito... Uma vez que a lei do trabalho a condio do homem na Terra, dai-nos a coragem e a fora para cumpri-la; dai-nos tambm a prudncia, a previdncia e a moderao, a fim de no lhe perder o fruto. Inspira-nos sempre bons pensamentos para que tenhamos em mente um trabalho profcuo. E se, porventura, a sociedade nos recusar tal mister, que saibamos ter a necessria resignao para com a vontade divina a nosso respeito. O Esprito Emmanuel, em Fonte Viva, captulo 18 (No Somente), traa alguns pensamentos a respeito da relao entre os cuidados materiais e os espirituais. No somente o agasalho, a beleza fsica, o domiclio confortvel e os ttulos honrosos, mas tambm o refgio de conhecimentos superiores que fortaleam a alma, a formosura e a nobreza dos sentimentos, a casa invisvel dos princpios edificantes e as virtudes que enriqueam a conscincia eterna. 5) PERDOAI AS NOSSAS DVIDAS COMO NS AS PERDOAMOS QUELES QUE NOS DEVEM. PERDOAI NOSSAS OFENSAS, COMO PERDOAMOS QUELES QUE NOS OFENDERAM. Cada uma das nossas infraes s vossas leis, Senhor, uma ofensa para convosco, e uma dvida contrada que nos ser preciso, cedo ou tarde, pagar. Para elas solicitamos o perdo de vossa infinita misericrdia, sob a promessa de fazer esforos para no contrair novas dvidas. Um estudo acurado sobre o perdo leva-nos a interpret-lo de forma diferente daquela que feita simplesmente pela repetio de frases feitas. Falamos que devemos perdoar no sete, mas setenta vezes sete vezes, que devemos esquecer a ofensa, que devemos nos ajustar com o adversrio enquanto estivermos a caminho. Mas, na prtica, como que funciona? Estamos bem longe de praticar esses atos com conhecimento de causa. Muitos at dizem: eu perdo, mas no quero mais v-lo na minha frente. A prtica correta do perdo, a que estabelece o esquecimento da ofensa, tem valor cientfico. Em primeiro lugar, como o acaso no existe, tudo o que se nos acontece deve ser bem meditado. Antes de maldizer o ofensor, o correto seria agradecer a Deus por t-lo colocado em nosso caminho para ser motivo de nossa pacincia.
Uma coisa que deve ficar clara: ningum ofende ningum. A ofensa subjetiva e, como tal, somente nos sentiremos ofendidos se assim o interpretarmos. A ofensa , antes de tudo, um agravo Lei de Deus. Nesse sentido, o ofensor feriu-se a si mesmo, pois se desviou da lei de Deus e dever, cedo ou tarde, fazer o seu ajustamento. Diante desse ensinamento, nunca deveramos, em hiptese alguma, fazer justia com as prprias mos, pois ao invs de eliminar um mal estaremos cometendo outro. No se apaga o fogo com mais fogo, mas com gua. 6) NO NOS ABANDONEIS TENTAO, MAS LIVRAI-NOS DO MAL. Dai-nos, Senhor, a fora de resistir s sugestes dos maus Espritos que tentarem nos desviar do caminho do bem, em nos inspirando maus pensamentos. Cada imperfeio uma porta aberta sua influncia, ao passo que nada podem, e renunciam a toda a tentativa, contra os seres perfeitos. Por isso deveramos nos humilhar diante da dor e do sofrimento, rogando foras para eliminar de ns mesmos a imperfeio, a tentao, que atrai os Esprito menos felizes. 7) ASSIM SEJA. Esperamos que os nossos desejos se cumpram! Mas nos inclinamos diante a vossa sabedoria infinita. Sobre todas as coisas que no nos dado compreender, que seja feito segundo a vossa vontade e no segundo a nossa, porque no quereis seno o nosso bem, e sabeis melhor do que ns o que nos til. 5. CONCLUSO Saibamos orar e tenhamos confiana na Divina Providncia. A f que no enfrenta o ridculo dos homens no f verdadeira. Srgio Biagi Gregrio 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995. KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., So Paulo: IDE, 1984. XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Esprito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, s.d.p. XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Esprito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986. So Paulo, maro de 2003