COSTA

LIMA

INSETOS DO BRASIL
4. TOMO

PANORPATOS - SUCTRIOS (pulgas) NEURPTEROS - TRICPTEROS

ESCOLA NACIONAL DE SRIE DIDTICA N.

AGRONOMIA 5 1943

INSETOS DO BRASIL
4. TOMO

PANORPATOS - SUCTRIOS (pulgas)

NEURPTEROS TRICPTEROS

A. DA COSTA LIMA
P r o f e s s o r C a t e d r t i c o de E n t o m o l o g i a A g r c o l a da E s c o l a N a c i o n a l de A g r o n o m i a E x - C h e f e de L a b o r a t r i o do I n s t i t u t o O s w a l d o Cruz

INSETOS DO BRASIL
4. TOMO
CAPTULOS XXIV XXVII

PANORPATOS - SUCTRIOS (pulgas) NEURPTEROS TRICPTEROS

ESCOLA NACIONAL DE SRIE DIDTICA N.

AGRONOMIA 5 - 1943

CONTEUDO
CAPTULO XXIV

Ordem PANORPATAE ..............................................................................................................................................................................

CAPTULO

XXV

Ordem SUCTORIA .....................................................................................................................................................................................

17

CAPTULO

XXVI

Ordem NEUROPTERA ............................................................................................................................................................................... Superfamilia SIALOIDEA ......................................................................................................................................................... Superfamlia RAPHIDIOIDEA .................................................................................................................................................... Superfamlia CONIOPTERYGOIDEA ....................................................................................................................................... Superfamlia HEMEROBIOIDEA ............................................................................................................................................... Superfamlia MYRMELEONTOIDEA ........................................................................................................................................

73 76 78 80 81 92

CAPTULO

XXVII

Ordem TRICHOPTERA .............................................................................................................................................................................

109
135

ndice ......................................................................... ........................................... .......................

CAPTULO
Ordem

XXIV
1

PANORPATAE

(Panorpida; Mecaptera;

Mecoptera) 2

1. Posio sistemtica. - Com o estudo desta ordem, inicio a dissertao sobre os insetos chamados superiores ou helometablicos (Holometabola ou Endopterygota), que apresentam verdadeiras metamorfoses no desenvolvimento. Tais insetos, antes de atingirem a fase adulta, apresentam dois ou mais estdios larvais, seguindo-se ao ltimo, aps a 1 metamorfose, a fase de pupa ou ninfa, que, mediante nova metamorfose, d a forma adulta ou de imago. Os insetos holometablicos acham-se distribuidos nas seguintes Panorpatae ( Mecoptera ) , Suctoria, Neuroptera, Trichoordens: conjuntamente designadas por ptera, Lepidoptera, Diptera TILLYARD como "ordens mecopterides" ou "complexo panorpide" - Coleoptera, Strepsiptera e Hymenoptera. Tratarei primeiramente da ordem Panorpatae, por se acreditar hoje (v. TILLYARD, 1935) que estes insetos, oriundos, no Carbonfero Superior, de um tronco ancestral do qual tambem se originaram os Neurpteros, talvez sejam os mais antigos holometablicos, pois, no Permiano Inferior, j se haviam diferenciado em duas sub-ordens (Protomecoptera e Eumecoptera).
2. Caracteres. - Insetos terrestres, pequenos ou de porte mdio, geralmente providos de quatro longas asas membranosas, apresentando a cabea prolongada numa espcie de bico ou rostrum, mais
1 De paz (pas), todo; arph (arp e), instrumento em gancho. 2 De m hcoz (mecos), comprimento; pteron (pteron) , asa.

INSETOS

DO

BRASIL

ou menos alongado, tendo, no pice, peas bucais de tipo mandibulado (figs. 2 e 3). 3. Anatomia externa. Cabea - Apresenta o aspecto caracterstico que acabo de referir; em algumas espcies, porem, no prolongada em tromba. Olhos bem desenvolvidos, porem separados. Ocelos presentes (3) ou ausentes. Clypeus, genae e submentum alongados, formando o rostrum. Antenas longas, filiformes ou setceas, de 16 a mais de 50 segmentos. Aparelho bucal de tipo mandibu l ado. Em Bittacus, porem, as mandbulas so adaptadas para picar. Maxilas longas, com longos palpos de cinco segmentos; labium reduzido; palpos labiais de trs ou dois segmentos (fig. 3). Torax - Protorax pequeno,

Fig.

livre; meso e metatorax bem desenvolvidos, subiguais. Pernas de tipo comum, de tipo raptorial especial, ou muito finas, permitindo que o inseto se mantenha pendurado num suporte qualquer. Tarsos de cinco artculos; pretarso com um par de garras ou somente com uma garra (Bittacidae) (fig. 4). As 4 asas semelhantes, estreitas, membranosas, da mesma estrutura e com o mesmo sistema de nervao (fig. 5); hialinas ou com mculas escuras, alem do pterostigma; em repouso ficam dispostas em telhado sobre o abdomen.

1 - Bittacus flavescens Klug (Bittacidae) (De Kymmins, 1939, fig. 1) (Original gentilmente cedido pelo Dr. C. Bruch).

PANORPATAE

Em geral so estreitas; em algumas espcies, porem, so relativamente largas, enquanto que noutras so rudimentares ou ausente s ( Apterobittacus M ac Lachlan, 1893). Abdomen - D e 10 segmentos; o 10 reduzido, provido de crcos de 1 a 3 segmento s. A terminalia dos machos, de aspecto mais ou menos complicado, pode ser apreciada na fig. 6; neles os crcos so sempre u n i s e g m e n t a d o s .
4. Desenv olvimento e hbitos . - Nada se sabe relativamente ao desenvolvimento e aos costumes das nossas espcies, o que perfeitamente compreensivel, porque h poucos panorpdeos no Brasil. Todavia, como algumas espcies de outras regies, especialmente do gner o Bit-

tacus, ao qual pertencem as nossas formas mais conhecidas, teem sido bem rios estudadas autores , por vencon Fig. 2- Bittacus sp. (Bittacidae); visto de lado e um pouco a u m e n t a d o (foto C. L a c e r d a ) .

t r a n d o - s e dados assaz interessantes e recentes no admiravel trabalho de SETTY (1940), apresentarei resumidamente, nas linhas que se seguem, alguns dos mais importantes. Os insetos adultos habitam as matas sombreadas e midas ao longo de rios e riachos. Em repouso, ficam com o corpo pendurado pelas pernas dianteiras e, quando se deslocam sobre o suporte, fazem-no com movimentos semelhantes aos de um macaco, porque a constituio das pernas no lhes permite andar facilmente como o fazem os demais insetos. Todas as espcie s de Bittacus , como os demais panorpdeos, so predadoras, vivendo custa de mosquitos, moscas, microhimenpteros e outros pequenos insetos alados. Em cativeiro, no se lhes dando alimento, tornam-se canibais. A fmea, pelo macho. quando pendurada, em repouso, pode ser copulada

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BRASIL

Eis

como

SETTY

descreve

ato

precursor

da

fecundao:

The female was hanging from a twig in the usual fashion, holding and eating a house-fly. The male flew up and without lowering his outstreched wings, began eating on the side of the fly opposite that on which the female was feeding. In less than three minutes, he ceased his eating and began to bend and twist his abdomen freely with opened claspers in an effort to grasp the tip of her abdomen. She, being bed, stopped eating and lifted her wings for a second. Then the male suddenly discontinued his abdominal movements and began to feed again upon the fly. She soon followed his example. For the second rime, the male ceased his eating and bent his abdomen over Fig. 3 - Cabea de Bittacus sp; 1. antenas; 2, palpos to the base of hers. maxilares; 3, galea; 4, lacinia; 5, labrum; 6, palpo labial; 7, mandbula (X 17) ( foto C. Lacerda). Feeling along the ventral side of her abdomen by means of the claspers, he was able this time to apply bis genitalia to hers. Just at the time the union was effected, she again lifted and spread her wings. But in less than a second, the wings were returned to their resting position. The female ate busily the rest of the time. However, the male neither lowered his wings nor ate during the copulation which lasted about twenty-five minutes. Confirmam-se quanto numa ao modo figura assim, curioso as da em observaes cpula vrios nestes livros de BRAUER, por ele de clssicos especialmente representado entomologia.

insetos,

reproduzida

PANORPATAE

11

As fmeas, depois de fecundadas, poem os ovos no solo, onde se desenvolvem as larvas. Estas so eruciformes, isto , apresentam, alem das pernas torcicas, pares de falsas pernas nos oito primeiros urmeros, lembrando assim as lagartas dos himenpteros da superfamlia Tenthredinoidea. Normalmente so saprfagas, e de cadveres de insetos. alimentando-se de detritos vegetais

SETTY criava larvas de Bittacus dando-lhes minhocas ou moscas. Depois de trs ecdises sobre o solo, a larva se enterra a pouca profundidade e, na clula que prepara para se transformar em pupa, ainda muda de pele uma vez, dando uma nova form a larval ( prepupa ), que se metamorfoseia em pupa. Esta de tipo exarado (com pernas e tecas alares livres). Prestes a dar o inseto alado, a pupa rompe o oprculo superficial da clula e dela emerge o imago, ficando parte da exvia pupal entrada da clula.

5. Importncia. - Sob o ponto de vista econmico os panorpdeos no teem importncia. Como, porem constituem uma das mais a n t i g a s o r d e n s de H e x a p o d a , o seu estudo tem fornecido e poder ainda fornecer (dados valiosos nas investigaes relativas filogenia dos insetos.

Fig. 4 - Extremidade da tbia e tarso da perna posterior de Bittacus, v i s t a de lado. (X 17) (foto Lacerda).

6. Classificao . - H cerca de 200 espcies de panorpdeos ou mecpteros descritos, que vivem especialmente nas regies temperadas. A ordem pode ser dividida em duas subordens Protomecoptera e Eumecoptera, que se distinguem pelos seguintes caracteres. 1 - Tanto Rs como M com mais de 4 ramos; terminalia do macho relativamente simples, com gonocoxitos finos........................Protomecoptera 1' - Rs ou M, ou ambas, apenas com 4 ramos; terminalia de tipo mais complexo, com gonocoxitos alargados......................................................Eumecoptera

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A subordem Protomecoptera compreende as famlias Meropidae, sem espcies sul-americanas, e Notiothaumidae, exclusivamente com

Fig. 5 - Asas de Bittacus sp. (X4) (foto C. Lacerda).

uma espcie na regio neotrpica (Chile), uma das mais primitivas dentre os atuais panorpideos e bem estudada por CRAMPTON (1931 b). A subordem Eumecoptera, contem as famlias Choristidae, Nannochoristidae (considerada por ESBEN-PETERSEN
como subfamlia de Panorpi-

dae), Panorpidae, e Bittacida e .3

Boreidae

Fig. 6 - Terminalia do macho de Bittacus sp.; 1, cercus; 2, 10 tergito; 3, penis; 4, 9 tergito ("clasper"); 5, harpagos (gonapdios); 6, coxopoditos (X 30) (foto C. Lacerda).

Destas famlias, s a ltima tem espcies brasileiras. As duas primeiras so exclusivamente representadas por espcies da regio australiana e as duas seguintes, que abrangem o maior nmero de panorpdeos, por espcies do hemisfrio septentrional.

3 De

Bittacoz

(bittacos), papagaio.

PANORPATAE

13

Os bitacdeos so panorpdeos que muito se parecem com dpteros da famlia Tipulidae. So espalhados por todo o mundo (cerca de 60 espcies), porem, o maior nmero de espcies se encontra na Africa e na Amrica. No Brasil a espcie que me parece mais bela, pelos desenhos que ornam as asas, Neobittacus blancheti (Pictet, 1836), com pouco mais de 60mm. de envergadura e perto de 30mm. de comprimento. Todavia as mais conhecidas e Bittacus flavescens Klug, 1836. s o Bittacus brasiliensis Klug, 1836

Para o estudo das nossas espcies deve ser consultado o trabalho DE SOUZA LOPES e MANGABEIRA. 7. Bibliografia.

APPLEGARTH, A. G 1939 - The larva of Apterobittacus apterus MacLachlan (Mecoptera: Panorpidae). Microent., 4: 109-120, figs. 52-58.
BRAUER, F.

1853

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1930

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INSETOS

DO

BRASIL

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1927 -

FERRIS, G. F. & BRYANT E. REES

1932 -

The morphology of Panorpa nuptialis Gerstaecker (Mecoptera: Panorpidae). Microent., 4:79-108, figs. 36-51. Des Darmtraktus von Panorpa communis L. und seine Anhange bei Larve und Imago. Zool. Jahrb., Anat., 64:1-86, 60 figs. Der thorax von Panorpa communis L. Zool. Jahrb., Anat. , 65:295-338, 15 figs. Kopf und Vorderdarm von Panorpa communis L. Zool. J a h r b . Anat., 65:229-294, 21 figs. The morphology of the head of the scorpion- fly. Proc. Louis. Acad. Sci., 2:113-120, 4 figs. Morphological studies on the Panorpidae of Japan and adjoining countries and comparision with American and European forms. Jap. Jour. Zool., 4:315-416, 45 figs. Contribucin al estudio de los Mecpteros. Rev. Chil. Hist. Nat., 33 (1929); 537-549, 2 ests. Nota sobre Bittacus brasiliensis Klug (Mecoptera). Notas Mus. La Plata, 4, Zool., 27:403-405, 2 figs.

GREEL, K. G. 1938 -

HASKEN, W. 1938 HEDDERGOTT, H. 1938 HETRICK, L. A. 1935 ISSIKI, S. T. 1933 -

JAFFUEL, R. F. 1930 KYMMINS, D. E. 1939 -

PANORPATAE

15

LOPES, H. DE SOUZA & O. MANGABEIRA FILHO 1942 - Sobre algumas especies brasileiras do genero Bittacus Latr. 1807, com a descrio de trs espcies novas (Panorpatae, Bittacidae). Rev. Bras. Biol., 2:331-341,33 figs.

MERCIER L.
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1913 - Studies on the Mecoptera of Japan. Jour. Coll. Agric. Univ. Tokyo, 4:265-400, 10 ests, 6 figs,

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1922 - Head and m o u t h parts of Mecoptera. Ann. Ent. Soc. Amer., 15:310-327, ests. 25-28. POTTER, E. 1938 - The internal a n a t o m y of the order Mecoptera. Trans. R. Ent. Soc. Lond., 87:467-501, 53 figs. 1939 - The internal anatomy of the larva of Panorpa and (Mecoptera). Proc. R. Ent. Soc. Lond., (A) 13:117-130, 12 figs.

Boreus

SETTY, L. R.
1931 The biology of Bittacus stigmapterus Say (Mecoptera, cusidae). Ann. Ent. Soc. Amer., 24:467-484, est. 1 Bitta-

1940 -

Biology and morphology of some North American Bittacidae (Order Mecoptera). Amer. Midl. Nat., 23:257-353, figs. 1-175. Description of the larva of Bittacus apicalis and a key to bittacid larvae. Jour. Kansas Ent. Soc., 14:64-65 The biology and morphology of the adult hanging fly (Mecoptera). Proc. Mo. Acad. Sci., 6:74-75.

1941 -

1941 -

STITZ, H.
1908 TILLYARD, R. J. 1935 The evolution of scorpion-flies and their derivates. Ann. Ent. Soc. Amer., 28:1-45, 24 figs. Zur Kenntnis des Genitalapparates der Panorpaten. Zool. Jahrb., Anat., 26:537-564, 2 ests.

CAP TULO

XXV
4

Ordem

SUCTORIA

(A phaniptera; Siphonaptera)

8. Caracteres. - Ordem dos insetos que todos, no Brasil, conhecem pela designao de "pulgas". Na fase adulta teem o corpo fortemente comprimido, relativamente bem esclerosado, com os metmeros distintamente imbricados uns sobre os outros. As pulgas so pteras, porem possuem pernas desenvolvidas, de aspecto caracterstico, com tarsos pentmeros. Apresentam macroquetas relativamente robustas e, em muitas espcies, etendeos mais ou menos conspcuos. O aparelho bucal de tipo picador-sugador. As larvas so vermiformes, tendo as peas bucais conformadas para a mastigao. A grande semelhana que apresentam com as larvas de alguns dpteros dos mais primitivos, levou os antigos autores a considerarem as pulgas como dpteros saltadores epizoicos, e ainda hoje alguns entomologistas, bem que as separando desses insetos, agrupam-nas em ordem aparte, porem satlite de Diptera. MARTINI (1922), entretanto, acha que o grupo das pulgas deve ser aproximado a certos colepteros estafilindeos. Todavia, os conhecimentos adquiridos nestes ltimos tempos mostram que os suctorios no descenderam nem foram antepassados de dpteros ou de colepteros, parecendo mais provavel que sejam formas pteras, altamente especializadas, oriundas de panorpdeos primitivos da famlia Permochoristidae (Subord. Eumecoptera) (vide TILLYARD, 1933, bibliogr. Panorpatae).
De ajanhz (aphanes), oculto; pteron (pteron) , asa. De sijwn (siphon), tubo; 'apteroz (apteros), sem asas. Aphaniptera Kirby e Spence, 1818, 1822, tem prioridade sobre Siphonaptera Latreille, 1825 como provou WAGNER (1933, Konowia, 12:89); e Suctoria De Geer, 1778, sobre Aphaniptera, como mostrarei n u m catlogo de pulgas do mundo, que pretendo publicar brevemente.
4

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INSETOS

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9. Anatomia externa. - Cabea, prolongando-se em lmina sobre o pronotum e a apresentando, de cada lado, algumas macroquetas enfileiradas paralelamente borda posterior ou oc cipital (cerdas postceflicas ou occipitais ). Olhos, quando presentes, laterais, cada um deles transformado num grande ocelo arredondado, quasi sempre pigmentado de negro. Verdadeiros ocelos ausentes. Antenas curtas, inseridas acima e atrs do olho correspondente, apresentando: escapo caliciforme na parte distal e geniculado na proximal, pedicelo anular, geralmente provido de macroquetas e clava pectinada, formada por um nmero variavel de segmentos, segundo as espcies e mesmo em cada sexo, no excedendo porem de 10 segmentos. Fig. 7 - Xenopsylla cheopis (Rothschild, 1903) (Pulicidae), A segmentao consideravelmente amentada (C. Lacerda del.). da clava incompl eta, geralmente as divises no atingindo a borda anterior. Em repouso a antena aloja-se numa goteira ou sulco (sulco ou fosseta antenal), dirigido para baixo e para trs, em vrias espcies (Xenopsylla, Ctenocephalides) parcialmente coberto por uma lmina esclerosada. Em muitas espcies o sulco antenal, prolongando-se para cima, continua-se com o oposto, dividindo a cabea em duas partes distintas (subord. Fracticipita) (figs. 46 e 48), anterior (fronte) e posterior (vertex ou occiput , de alguns autores), que se articulam. Noutras espcies porem, tais partes confundem-se acima do sulco antenal (subord. Integricipita ), no se vendo, portanto, aquela diviso. Entretanto, em algumas espcies deste grupo, observa-se um vestgio da arti-

SUCTORIA

19

culao num espessamento interno, vertical, da parte dorsal da cabea ao fundo da goteiraantenal (falx) (fig. 8 e 37). Fronte geralmen te arredondada, podendo apresentar uma salincia dentiforme (tubrculo frontal), mais ou menos visivel. As genae, nestes insetos, so as partes adjacentes borda inferior da cabea, situadas atrs da fronte acima das peas bucais. A borda genal ou inferior da cabea pode apr esentar espinhos, voltados para trs, formando o pente ou ctenidio genal (figs. 8 (1), 48 (1)). Em algumas pulgas da famlia Macropsyllidae a fronte apresenta-se separada das genas por uma sutura e limitada atrs por uma coroa de dentes ou espinhos, que formam um ctendio (ctenidio frontal) e do, a essa parte da caFig. 8 - Parte anterior do corpo de Ctenocephalides felis (Bouch, 1835) (Pulicidae), consideravelmente aumentada; 1, ctendio genal; bea, o aspecto de 2, olho; 3, occiput e respectivas cerdas; 4, pronotum; 5, m e s o n o t u m ; uma coroa ou capa6, m e t a n o t u m ; 7, ctendio pronotal; 8, propleura e prosternum; 9, sutura oblqua separando o mesepimeron (atrs) do mesepisternum cete (fig. 47). (adiante), este em relao, em baixo e adiante, com o mesosternum; As peas bucais 10, metepisternum em relao, em baixo, com o metasternum; 11, 12 e 13, ancas ou quadrs, anterior, mdio e posterior. (fig. 9) adaptadas, A seta indica o falx. em ambos os sexos, para a perfurao do tegumento e para a suco do sangue, so comparaveis com as que se encontram na probscida de um mosquito. Compreendem as seguintes peas: uma mediana, fina e alongada, constituida pelo labrum unido ao epifaringe (labro-epifaringe); um par de mandibulas, igualmente finas, ensiformes e alongadas, porem denticuladas na parte apical; um par de maxilas com os respectivos palpos (palpos maxilares; o hipofaringe, extremamente reduzido, que no se prolonga alem da cpsula ceflica e o labium ou probscida com um par de palpos labiais longos, aproximadamente to longos quantos os maxilares.

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As mandbulas, que so as nicas peas perfuradoras, dispoem-se de cada lado do labro-epifaringe e com ele formam o canal sugador, atravs do qual passa o sangue aspirado. As maxilas so laminadas e terminam ou menos aguada; os palpos maxilares, sentam quatro segmentos distintos. em ponta angulosa, mais bem desenvolvidos, apre-

O labium representado por um mento curto, dorsalmente escavado em goteira, que suporta as peas sugadoras; os palpos labiais, geralmente constituidos por cinco segmentos, podem ter somente dois, ou mais de cinco, at 17 segmentos. Distinguem-se facilmente dos palpos maxilares, no somente por se acharem posteriormente inseridos, como por serem mais finos e apresentarem os segmentos menos esclerosados. Como so internamente escavados, ao se aproximarem, formam uma bainha, na qual se alojam o labrum e as m a n d b u l a s . Torax - C om os trs segmentos, pro, meso e metatorax, distintos e subiguais. Cada um deles constituido por um tergum ou
Fig. 9 - Parte anterior da cabea de Pulex (Pulicidas) para se ver as peas bucais; 1, fronte; 2, maxilas; 3, palpos maxilares; 4, labrum e epifaringe; 5, mandbulas; 6, palpos labiais; 7, olho, adiante do qual se v o ponto de implantao da cerda a n t e - o c u l a r (C. Lacerda del.).

notum, que se prolonga, lateral e inferiormente, sobre o pleuron correspon-

dente e por um sternum latero-ventral. Destes escleritos, porem, os mais desenvolvidos so o notum e o pleuron, reduzindo-se considera-

SUCTORIA

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velmente o respectivo sternum, devido forte compresso do corpo nestes insetos. No protorax, prosternum e propleura formam uma pea nica, que se projeta para diante, sob a cabea, e na qual se articulam as pernas anteriores ou protorcicas, que assim parecem estar presas a cabea. A mesopleura, bem mais desenvolvida que a propleura, confunde-se tambem, em baixo, com a placa esternal correspondente, articulando-se ambas com a anca ou quadril das pernas mdias. A mesopleura pode apresentar-se simples ou dividida, vertical e diagonal-

Fig. 10 - Segmentos modificados de um macho de Nosopsyllus fasciatus (Bosc, 1801) (Dolichopsyllidae); 1 , 8 e 9 trgitos; 2 cerdas antepigidiais; 3, pygidium; 4 , 10 trgito; 5 , 10 estrnito; 6, exopodito (dedo ou processo movel do forceps) 7, paramero do penis; 8, penis, prolongando-se para a esquerda em peas finas que se enrolam em mola, atrs da qual (mola do penis, 15) se v a placa do penis; 9, cerdas acetabulares; 10 e 11, 9 esternito; 12, 8 esternito; 13, processo imovel da garra; 14 , manubrium da garra; 15, mola do penis (C Lacerda del.).

mente, por uma sutura (sutura mesopleural) (fig. 8-9), em relao com um espessamento interno, perfeitamente visivel nos preparados microscpicos, em dois escleritos, um anterior (mesepisternum) e outro posterior (mesepimeron). O metatorax, o mais desenvolvido dos segmentos torcicos, apresenta a metapleura dividida em metepisternum e metepimeron. Este,

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um grande esclerito esquamiforme atrs do metepisternum e do metasternum superpostos, encobre lateralmente a base do 1 urmero. O pronotum ou o metanotum podem apresentar, alem das fileiras de cerdas que sobre eles se inserem, ctendios na borda apical (ctenidio pronotal (fig. 7-8), ctendio metanotal). Pernas. - So de tal modo constituidas que, com elas, o inseto pode dar saltos enormes. Segundo Mitzmain, o Pulex irritans, saltando, pode atingir a quasi 20 cm. de altura; em direo horizontal. porem, chega a ir um pouco alem de 30 cm. Ancas (coxae) consideravelmente desenvolvidas; trocnteres pequenos; fmures robustos e achatados, porem, relativamente pequenos; tbias notavelmente mais alargadas para o pice, armadas na margem posterior de robustas cerdas espinhosas; tarsos tambem cerdosos, de cinco artculos, sendo o primeiro das pernas posteriores (metatarso) um tanto alongado; pretarso provido, no pice, de um par de garras (ungues) de aspecto caracterstico; em baixo e nas bordas veem-se, respectivamente, as cerdas plantares e as cerdas laterais. A disposio dos espinhos e cerdas nos vrios segmentos das pernas, assim como a presena ou ausncia de dentculos na face interna das ancas posteriores (fig. 41), teem grande importncia na classificao destes insetos. Abdomen constituido por 10 segmentos, regularmente imbricados, cada urmero com os respectivos tergito e esternito perfeitamente constituidos. Os urmeros 2 a 7 apresentam, de cada lado da regio tergal, um espirculo respiratrio. Alem de cerdas, quasi sempre regularmente dispostas em fileiras, os tergitos podem apresentar etendios, constituidos por espinhos ou dentes quitinosos mais ou menos robustos (ctenidios abdominais) (fig. 48). Na margem dorsal do 7 tergito, ou perto dela, implantam-se duas ou mais cerdas (cerdas antepigidiais), em geral bem mais robustas que as inseridas nos demais tergitos. Para trs destas cerdas h, no 9 tergito, uma regio sensorial de aspecto caracterstico, chamada pygidium ou placa sensorial, presente em ambos os sexos. Entre ela e o 7 tergito v-se o 8 espirculo (fig. 11). Os segmentos ou escleritos terminais do abdomen apresentam-se mais ou menos modificados em ambos os sexos, constituindo a ge-

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nitalia ou terminalia (segmentos modificados, de alguns autores), no macho distintamente voltados para cima. Nas fmeas (fig. 12), as partes laterais do 8 tergito expandem-se em largo lbo, que esconde o 9 tergito e esternito, entre os quais se abre o orifcio genital (vulva). De cada lado da parte distal do 9 tergito, abaixo d o pygidium, projeta-se um pequeno processo digitiforme, apenso ao 10 tergito (estilete) (fig. 12 - styl .), g eralmente provido de algumas cerdas laterais, de uma longa cerda apical e de outra subapical. Entre o 10 tergito e o 10 esternito, que tambem pequeno, abre-se o anus. Abaixo da vulva, entre o 8tergito e o 7 esternito, h o 8 esternito, sob a forma de uma pea mais ou menos alongada.

Fig. 11 - "Segmentos modificados" de um macho de Xenopsylla cheopis (Rothschild, 1903) (Pulicidae); 1 , cerda a n t e p i g i d i a l ; 2 , p y g i d i u m ; 3 e 4 , " c l a s p e r s " 1 e 2 do 9 ur ote r gito; 5 , 9 urosternito; 6 , 8 u r o s t e r n i t o (C. L a c e r d a del.).

Nos machos (figs. 10 e 11) constitue m a terminalia os trs ltimos urmeros consideravelmente modificados. O 9 tergito apresenta, como na fmea, o pygidium; o 10 tergito representado por pequena salincia cerdosa, situada imediatamente para trs do pygidium e acima do 10 esternito; o anus, como na fmea, encontra-se entre ambos. Para trs, vm-se peas esclerosadas, pares, chamada s forceps , pinas ou tenazes ("c laspers" , "Kaftapparates"), que constituem o

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aparelho copulador, apresentando sempre aspectos interessantes e variaveis nos diferentes gneros e espcies. As tenazes superiores, que fazem parte do 9 tergito, so representadas por um, dois ou mais pares de processos moveis (coxopoditos, dedos moveis, peas digitais), cada um articulando-se com uma placa de contorno irregular, constituida por uma parte distal (corpo, processo articular da tenaz) e um ramo proxima l ( manubrium ), m ais ou menos estreitado e prolongado para diante ou para baixo, dentro da cavidade abdominal. Acima do corpo da tenaz, em frente e em oposio ao dedo movel, veem-se dois processos arredondados ou cnicos (processo imovel, dedo ou pea digital imovel do forceps ). N o corpo da tenaz, perto da cavidade articular do dedo movel, implantam-se algumas cerdas alongadas (cerdas acetabulares), Fig. 12 - S e g m e n t o s modificados de u m a f m e a de importncia taxionde Ctenopsyllus segnis (Schnherr, 1816) mica. Os nonos esternitos, que formam as tenazes inferiores, so representados por um par de peas com o aspecto de "bomerang", cujo ramo exterior, ou posterior (ramo horizontal), de pice livre, dilatado ou acuminado, tem a parte basal escondida pelo 8 esternito (no macho, bem mais desenvolvido que na fmea); o ramo anterior ou interno, em cotovelo como aquele, prolonga-se geralmente at a base do manubrium. Na cpula o penis, cujo paramero geralmente membranoso, projeta-se entre as tenazes superiores e inferiores. Para maiores detalhes sobre a anatomia dos ltimos segmentos abdominais das pulgas, consultem-se os trabalhos de WAGNER (1932, 1933).
(Hystrichopsyllidae) (C. L a c e r d a del.).

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Fig. 1 3 - E s p e r m a t e c a s de diversas pulgas: a, Pulex irritans; b, Xenopsylla cheopis; c, Xenopsylla brasiliensis; d, Polygenis bohlsi; e, Rhopalopsyllus australis; f, Rhopalopsyllus lutzi; g, Rhopalopsyllus lutzi; h, Polygenis occidentalis; i, Ctenopsyllus segnis; j, Hormopsylla fosteri; k, Ctenocephalides felis; Rhynchopsyllus pulex; m, Dasypsyllus gallinulae; n, Ceratophyllus gallinae; o, Adoratopsylla antiquorum cunhai; p, Craneopsylla minerva; q, Tritopsylla intermedia; r, Nosopsyllus fasciatus; s. Echidnophaga gallinacea. T o d a s as figuras de P i n t o (1938, Zooparasitos, etc., fig. 32), exceto g e s , que so segundo Fox (1914).

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10. Anatomia interna. - Tubo digestivo (figs. 14 e 15). Estende-se, da boca ao anus, sem formar circunvolues. Como primeira parte do stomodaeum h o faringe, que se apresenta como um tubo piriforme, dirigido para cima e para trs, perceptivel, nos espcimes diafanizados e atravs do tegumento, nas proximidades do olho e do sulco antenal. Fortes msculos dilatadores prendem-se a parede dorsal, fixando-se, pela outra extremidade, a face interna do epicrnio. A parede ventral ou inferior (placa ventral do faringe) continua-se com o hipofaringe. As duas paredes farngeas, fortemente esclerosadas, acham-se ligadas por uma membrana. Ao faringe segue-se o esfago, exclusivamente constitudo pela tnica celular, que termina no proventriculo ou moela; esta, com a tnica muscular de fibras circulares bem desenvolvida, apresenta a ntima provida de numerosos prolongamentos quitinosos, que se projetam para a abertura cardaca, provavelmente impedindo a regurgitao do que tiver passado para o mesenteron, quando se opera a dilatao do faringe ou a suco do sangue, compensando assim a falta de um esfincter no esfago. O mesenteron (estmago, ventriculo quilifico ou intestino mdio) um saco curto, de calibre uniforme, que pode dilatar-se consideravelmente, quando se enche de sangue, ocupando ento a maior parte da cavidade abdominal. O proctodaeum ou intestino posterior, em tubo fino na sua maior extenso, apresenta-se um pouco dilatado na primeira parte, ao nvel da desembocadura dos quatro tubos de Malpighi, e consideravelmente ampliado na poro retal, formando uma empola piriforme (empola retal ), que contem seis distintas papilas retais (ler sobre o assunto os trabalhos de WAGNER (1935, 1936) e FAASCH). As glndulas salivares so representadas por dois corpos esfricos, ou ovoides, de cada lado, normalmente situados na base do abdomen e cada um deles provido de um curto canal secretor, que se une com o da glndula vizinha para formar um s canal; este, depois de atravessar o torax, une-se, na cabea, ao do outro par de glndulas, formando um curto canal secretor comum, que desemboca n a bomba salivar, em relao com o hipofaringe. Aparelho respiratrio. Sistema traqueal bem desenvolvido e em comunicao com o exterior mediante 10 pares de espirculos ou estigmas, dos quais trs so torcicos. Os espirculos pro e meso-

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torcicos, ficam na margem posterior, respectivamente, do pro e mesepmeros; o metatorcico abre-se na margem dorsal do metepmero.

Fig. 14 - Anatomia interna de uma pulga fmea; 1, faringe aspirador; 2, esfago; 3, proventrculo, 4, dueto salivar; 5, glndulas salivares; 6, ovrios; 7, corte da parte de um tubo de Malpighi; 8, feto e glndulas retais; 9, anus; 10, bolsa copuladora; 11, espermateca; 12, vulva; 13, vagina; 14, tero (De Pinto, 1938, segundo Fox, Insects and disease, etc. fig. 54).

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O primeiro urmero no tem espirculos; so perfeitamente visiveis os espirculos que se abrem nos urotergitos 2-7; o do 8 urmero encontra-se na margem posterior do 8 urotergito, perto da linha mdiodorsal. Aparelho circulatrio constituido, como nos demais insetos, por um vaso dorsal, que ocupa a cavidade abdominal. Sistema nervoso, de tipo primitivo, compreendendo trs gnglios torcicos e sete abdominais, aproximados. Aparelho reprodutor. Na fmea (fig. 17) representado por um par de ovrios constituidos por quatro a oito ovariolos do tipo panostico.

Fig. 15 - Tubo digestivo completo da fmea de Xenopsylla cheopis: h. in, intestino Posterior; Ib. ep, labrum-epifaringe; md. in, intestino mdio; mp. t., tubos de Malpighi; oe, esfago; ph, faringe; prv, proventrculo; rc, reto; rc. pp, papilas retais (De Patton & Evans, 1929, Insects, ticks, etc., fig. 277 ).

Em relao com a vagina, dorsalmente e abaixo da empola retal, h a bolsa copuladora, que se comunica por um canal com a espermateca. Esta, fortemente esclerosada, apresenta, quasi sempre, duas partes distintas, separadas por uma constrico: a mais dilatada em relao com o ducto da espermateca (corpo, cabea ou reservatrio), e a poro livre (cauda ou apndice). A espermateca, sob o ponto de vista taxionmico, uma das estruturas mais interessantes na caracterizao das fmeas de cada espcie (fig. 13).

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No macho (fig. 16) h um par de testculos, fusiformes ou ovides, em relao com finos e longos canais deferentes. Estes se reunem num ducto nico, que termina numa pequena vescula seminal. Na parte distal do canal ejaculador, em relao com o penis ou aedegus, desembocam os canais escretores de dois pares de glndulas accessrias.

11. Reproduo. Postura. - As pulgas

reproduzem-se por gamognese (anfigonia), realizando-se a cpula, normalmente, com a fmea caval gando o macho e quando ela se acha em Fig. 16 - Aparelho reprodutor do m a c h o de Xenopsylla cheopis; ab. si. estado de maI X , 9 urosternito; ac, g, os 2 pares de glandulas accessrias; aed, aedaegus (penis); clpi, clpii, as 2 peas d a g a r r a (clasper); ej. d, turidade sexual, canal ejaculador; intr. o, orgo intromissor; sm. vs, vesicula isto , alguns seminal; tt, testiculos; v. df, canal deferente (De Patton & Evans, 1929, Insects, etc. fig. 279). dias depois de saida do casulo. Em Nosopsyllus fasciatus, segundo STRICKLAND, s uma semana aps a metamorfose de pupa em imago que a fmea atinge esse estado. Pouco tempo depois da cpula e depois da pulga ter sugado sangue ocorre a primeira postura. Como se observa com as fmeas fecundadas do mosquito da febre amarel a ( Ades aegypti ), a alimentao sangunea, com o ser estimulante, indispensavel para a relizao das posturas. Segundo

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verificao de STRICKLAND, pulgas fecundadas, conservadas meses sem por ovos, pouco depois de uma suco de sangue, fazem as posturas. Nos machos tambem o sangue que os estimula para o encontro sexual. Os ovos so ovides ou esfricos e, por serem relativamente grandes (700 X 400 ), so perceptiveis a olho n, mormente quando examinados sobre um fundo escuro. Ora se apresentam viscosos, ora secos, conforme a espcie. A desova realiza-se, ou nos lugares frequentados ou habitados pelos animais que as pulgas atacam (ninhos), ou sobre eles, entre os pelos ou penas, caindo depois em tais lugares ou no solo. A pulga do homem (Pulex irritans) sempre procura o cho das habitaes para desovar. O nmero de ovos que uma pulga pode por varia, principalmente, com a espcie da pulga e, numa espcie, segundo o estado de nutrio. Fig. 17 - Aparelho reprodutor da fmea de XenopsylIa cheopis; B, esperAs postumateca vista com maior aumento; br. cpl, bolsa copuladora; c. ovd, oviducto comum; cn, constrico da espermateca; d ,ducto da espermateca; ras efetuam-se h, cabea da espermateca; mc, msculo da espermateca; ovd, oviducto; parceladamenovr, ovariolo; st, VI, VII, VIII, esternitos; spm., espermateca; ta. cauda da espermateca; tg, V I I , V I I I , I X , X , tergitos; vg, vagina (De te, sendo posPatton & Evans, Insects, etc., fig. 97). tos, de cada vez, poucos ovos. Xenopsylla cheopis, a famigerada e principal pulga transmissora da peste, pe de dois a seis ovos, ou pouco mais por postura e, durante toda a existncia, cerca de 300 a 400. BACOT, um

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dos autores que mais estudaram a bionomia das pulgas, observou uma fmea de Pulex irritans que ps, num perodo de 196 dias, 448 ovos, dos quais, 115 ferteis. 12. Desenvolvimento. - O desenvolvimento embrionrio, dependendo principalmente da temperatura e do estado higroscpico do meio em que se acham os ovos, dura normalmente de 2 a 16 dias; mais rpido no vero e com tempo seco. A larva sai do ovo cortando o crio com uma pequena salincia ceflica, com o aspecto de pequeno tubrculo esclerosado, provida de aresta cortante (ruptor ovi). As larvas das pulgas lembram as dos dpteros dos mais primitivos (fig. 18-25). So vermiformes, brancas, eucfalas e podas. Apresentam, como apndices locomotores, apenas dois processos carnosos, divergentes e mais ou menos alongados, no 10 urmero (apndices anais, "anal struts", dos ingleses). A cabea, bem desenvolvida e prognata, apresenta antenas de trs segmentos, peas bucais mastigadoras, representadas principalmente pelas mandbulas, maxilas e palpos, maxilares e labiais, estes unisegmentados, aqueles de dois segmentos. Ao segmento ceflico seguem-se os trs metmeros torcicos e os 10 abdominais, cada um deles apresentando, alem de curtos pelos inseridos na parte anterior, uma cinta de cerdas relativamente robustas, implantadas perto da borda posterior, que facilitam a locomoo da larva. A anatomia interna da larva pouco difere da do inseto adulto. As glndulas salivares, porem, nela so mais desenvolvidas (para o estudo das anatomias externa e interna das larvas devem ser consultados os trabalhos de PERFILJEW (1926), de WEBSTER (1929), de SIKES (1930) e de PINTO (1931)). As larvas das pulgas, mediante movimentos serpentiformes, deslocam-se rapidamente no meio em que vivem (cho empoeirado ou sujo das habitaes, gretas do assoalho, areia de solo, detritos nos ninhos dos animais que parasitam), evitando, porem a luz forte. Alimentam-se dos detritos orgnicos que a encontram, preferindo, quasi sempre, os excreta das pulgas adultas, representados por sangue coalhado e dessecado.

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O perodo larval varia, influenciado pelas condies mesolgicas, principalmente temperatura, umidade e maior ou menor fartura de alimento.

Figs. 18 a 25 (1-2) - Caracteres da larva da pulga Ctenocephalides felis; 1 -2, ultimos segmentos abdominais - a, pente anal de cerdas finas (11 cerdas de cada lado); aa, apndices anais; b , cerdas fortes ventro-laterais (3 de cada lado); 3 , larva - c , cabea, curta e mais estreita que o torax (t ), este formado por 3 segmentas mais estreitos que os urmeros, representados de I a X; 4 , mandibula da larva; 5 , apice da mandbula; 6 , antena da larva; p , poro sensorial; pa, papilas; pl , placa de insero; 7 , palpo maxilar; 8 , cabea - a , antenas; l , labrum; m, mandbulas; pl, palpo labial; pm, palpo maxilar (De C. Pinto, 1931, Bol. B i o l . , 18: figs. 1-5).

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Geralmente do 3 ao 7 dia aps o nascimento ocorre a 1 ecdise, realizando-se a 2 trs ou quatro dias depois. BACOT, no desenvolvimento de Ctenocephalides canis, verificou o mximo de 142 dias no desenvolvimento larval. Aps 7 a 14 dias de vida ativa, a larva, com a saliva, tece um casulo oval, pegajoso, que facilmente adere a qualquer suporte, retendo tambem partculas de poeira, que o tornam quasi imperceptivel. Realiza-se, ento a 3 e ltima ecdise e primeira metamorfose, cinco a sete dias depois da larva ter comeado a tecer o casulo. A pupa que surge apresenta apndices livres. A fase pupal dura geralmente de 7 a 10 dias; s vezes, porem, pode prolongar-se por longo tempo (at 354 dias, como verificou BACOT com o Ctenocephalides canis, ou mesmo 450 dias, numa observao com Nosopsyllus fasciatus). Provavelmente nos paises de inverno rigoroso nessa fase que as pulgas suportam a estao fria (v. MELLANBY, 1933). Atingida a fase adulta, a pulga fica algum tempo dentro do casulo, podendo a permanecer, se no a perturbarem, durante algumas semanas . Em resumo: se o desenvolvimento de uma pulga, em timas condies pode efetuar-se em cerca de duas semanas, em condies extremamente desfavoraveis, pode prolongar-se por um ano ou mais. Relativamente ao ciclo evolutivo de Xenopsylla e de Ctenocephalides em So Paulo, convem ler a nota de PESSOA e HORTA (1933).
13. Hbitos das pulgas adultas . - Aps a cpula, as pulgas procuram alimentar-se, podendo, entretanto, ficar em jejum durante 15 dias ou mais.

Eis como ALMEIDA CUNHA descreve a suco do sangue:

A suco faz-se pela introduo do aparelho sugador atravs da pele. Escolhido o lugar para a suco, no que a pulga gasta por vezes algum tempo, tateando aqu e al, o epifaringe impelido abrindo caminho atravs da camada epidrmica. As mandbulas, com suas pontas em serra, entram em funo aumentando a abertura do orifcio produzido, gradativamente se insinuando at que as pontas das maxilas alcancem a superfcie cutnea. A funo dos palpos labiais, puramente protetiva, consiste na defesa das peas sugadoras durante a introduo, antes e depois; durante a suco, dispem-se sobre a pele para os lados. Os palpos labiais funcionam apenas na procura do local para a suco, a pulga tocando com eles os vrios pontos da pele que experimenta.

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Durante a penetrao do epifarinje e mandbulas, a saliva das glndulas aspirada at a cavidade chamad a bomba salivar , cuja contrao a impele do canal salivar das mandbulas, at a extremidade desses orgos, lubrificando o canal aberto. O hipofarinje acompanha o movimento das mandbulas, a que se acha ligado, at alcanar a poro superior do canal perfurado na pele. ento que entram em funo os chamados msculos aspiradores, que vo d a bomba salivar at a face inferior do hipofarinje, cuja cavidade e alargada por esses musculos. O sangue assim aspirado vai poro horizontal do canal aspirador, cuja cavidade , ao mesmo tempo, alargada por msculos, que de suas paredes saem, indo fixar-se na quitina da regio frontal da cabea. As mandbulas e o epifarinje juntam-se, no momento da aspirao, formando um canal fechado por onde o sangue corre facilmente. Uma vez cheio o canal, vo-se relaxando, gradativamente, os msculos de diante para trs, forando o caminhar do lquido aspirado atravs do esfago, at o papo e o estmago. Durante a suco a cabea da pulga cola-se a pele, enquanto as patas agitan-se, conservando-se a extremidade do abdome em ngulo forte com a superfcie aspirada. Durante a suco, que prolongada, o inseto conserva-se alheio a todo perigo externo, sendo faclimo apanha-lo assim, pois que, mesmo tocando-o com os dedos, no se separa da pele. Observamos repetidas vezes em ns mesmos essa operao, que durou em mdia 12 a 15 minutos, com suces at de 20 minutos. Se so demoradas, so igualmente raras e nunca conseguimos obter uma nova suco antes de 48 horas decorridas da precedente. Essas observaes foram idnticas para o Pulex irritans e Ctenocephalus felis e canis, e tanto para pulgas novas e recem-saidas da ninfa, como para pulgas adultas, apanhadas depois do completo desenvolvimento e parasitismo presumidamente longo. Aps cerca de cinco minutos de suco comeam a sair pela extremidade anal da pulga gotculas de sangue que vo cair com fora distncia de um centmetro ou mesmo um pouco mais .

Em liberdade as pulgas sugam mais frequentemente. Xenopsylla cheopis , segundo observaes dos autores que a estudaram, suga duas e, no raro trs vezes por dia. Xenopsylla astia, segundo HIRST, alimenta-se mais a miudo.

A s pulgas so encontradas, ou nos lugares em que vivem os animais que atacam (habitaes, ninhos), procurando-os apenas para sugar o sangue (caso da pulga do homem - Pulex irritans), ou sobre um determinado hospedador, s o abandonando quando morre, para ento passar para outro animal da mesma espcie ou de espcie diferente (caso da pulga do rato, transmissora da peste, Xenopsylla cheopis).

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Em qualquer dos caso, porem, as pulgas s se fixam ao hospedador para sugar sangue. Fazem exceo regra todas as pulgas da famlia Hectopsyllidae, cujas fmeas, depois de fertilizadas, prendem-se pele do animal parasitado e a ficam at o fim da vida (caso do "bicho do p", Tunga penetrans). Como, soi dar-se com outros ectoparasitos, cada espcie de pulga ataca, especial ou preferencialmente, determinados animais, geralmente pertencentes a grupos taxionmicos mais ou menos prximos. Todavia, no encontrando o hospedador predileto, pode sugar o sangue de um animal bem afastado daquele que normalmente parasita . E m Xenopsylla cheopis essa eventualidade ocorre como um fenmeno absolutamente normal; h mesmo algumas espcies que atacam mamferos e aves de espcies diferentes (Echidnophaga). Longevidade das pulgas. Relativamente durao mxima da vida das pulgas, devemos consider-la no caso das pulgas no alimentadas e no das pulgas normalmente alimentadas. Em ambos, porem, uma temperatura elevada e um ambiente seco sempre influem encurtando a vida da pulga. Haja, vista o que observou BACOT com Xenopsylla cheopis no alimentada. Em ambiente normalmente mido e aquecido a 12,5 C. (55 F) manteve-se viva, em mdia, durante 25 dias; em atmosfera seca a 29 C (85 F) no viveu mais de quatro dias. As experincias de DINIZ (1912), SWELLENGREBEL (1913) e ALMEIDA CUNHA (1914) mostram que as pulgas no alimentadas morrem ao cabo de duas semanas. As que sugaram sangue, pelo menos uma vez, morrem antes do 10 dia de jejum (cinco a seis dias nas observaes de ALMEIDA CUNHA; oito a nove, nas experincias de SWELLENGREBEL) . Aps uma serie de experincias, BACOT verificou que o maximum de durao da vida das principais espcies de pulgas o que se l nas linhas que se seguem:
ALIMENTADAS DIARIAMENTE NO ALIMENTADAS

Pulex

irritans

(pulga (pulga

do

homem) europia indiana do da do do

......................... rato) rato) ......... ............ .............. ...............

513 dias 106

125 dias 95 38 58 127

Nosopsyllus Xenopsylla

fasciatus cheopis

(pulga (pulga (pulga

100
234 354

Ctenocephalides canis Ceratophyllus gallinae

cachorro) galinha)

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BACOT tambem concluiu que, se as condies de meio forem favoraveis e no caso de no se alimentarem durante longos perodos, as pulgas podem manter-se vivas por longo tempo:
Pulex irritans ........................................ 19 Nosopsyllus fasciatus................................. 22 Xenopsylla cheopis ................................. 10 Ctenocephalides canis............................... 18 meses

Nos paises de clima quente a longevidade das pulgas no atinge esses nmeros. Tais dados mostram que o fato de se ficar cheio de pulgas, quando se entra num local h meses ou anos deshabitado, pode ser explicado pela longevidade desses parasitos. Na maioria dos casos, porem, a ocorrncia resuIta da proliferao continuada das pulgas num meio em que sempre encontram, em maior ou menor abundncia, o principal elemento de subsistncia, que o rato. Sobre a longevidade de Xenopsylla cheopis deve ser consultado o trabalho de LEESON (1936). 14. Pulgas e peste. - OGATA (1897) e SIMOND (1898) foram os primeiros a sugerir a possibilidade das pulgas transmitirem a Pasteurella pestis, o germe da peste, tendo SIMOND conseguido demonstrar, experimentalmente; essa transmisso de rato a rato, mediante as pulgas que o parasitam habitualmente. As experincias de SIMOND foram confirmadas por GAUTHIER e RAYBAUD (1903). VERJBITSKI, na mesma poca, conseguiu transmitir o bacilo da peste, de rato a rato, com as seguintes pulgas; Ctenocephalides felis, Ctenopsyllus segnis e Pulex irritans. Logo em seguida foram surgindo novas contribuies relativas transmisso da Pasteurella pestis pelas pulgas (de LISTON (1905) e outros), porem as mais interessantes resultaram das observaes e experincias levadas a cabo pela British Plague Commission da India (1906-1907). pena que, nas referncias feitas Xenopsylla cheopis pelos membros da citada Comisso, tenham sido confundidas trs espcies de Xenopsylla, hoje bem conhecidas pelos nomes de X. cheopis, X. astia e X. brasiliensis. Apresentando, nas linhas seguintes, o que escreveram PATTON e EVANS (1929) sob o mecanismo da transmisso do bacilo da peste pela Xenopsylla cheopis, devo tambem recomendar a leitura do trabalho de ESKEY & HAAS (1940).

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1. Infeco oriunda do intestino anterior. Interrompendo-se a suco de sangue numa pulga que esteja sobre um homem ou rato infectado, se essa pulga, pouco depois, picar um indivduo receptivel, pode infect-lo, pela inoculao dos bacilos que se acham nas peas bucais, ou pela regurgitao do sangue contido no esfago ou no mesenteron. Relativamente ao primeiro modo de infeco, a Comisso no conseguiu evidenciar semelhante ocorrncia e, quanto infeco pela regurgitao, concluiu ser impossvel efetuar-se devido poderosa ao obliteradora da vlvula proventricular. 2. Infeco oriunda do intestino posterior. Nas pulgas que ingeriram sangue infectado, os bacilos nele contidos podem passar para as excreta, que, assim, fi-

Fig 26 - A, representao diagramtiea de uma seco longitudinal do esfago, num espcime de Nosopsyllus fasciatus; oe, esfago; prv, proventrculo; md. in. mesenteron. A parte esparsamente ponteada indica a presena de sangue fresco impregnado de P pestis; a que se acha densamente ponteada, ou mais escura, mostra como a massa de bactrias, pela fora do sangue aspirado no esfago, se desintegrou na parte central, permitindo a passagem do sangue para o mesenteron; como consequncia, os dentes do proventrculo, inclusos na massa de bactrias, deixaram de funcionar como mecanismo valvular-B, aqu a massa que obstrue o proventrculo ainda no se rompeu; no obstante se achar sob a presso do sangue aspirado no esfago (De Patton, 1931, Insects, ticks, etc, fig 41)

cariam em condies de infectar um animal atacado pela pulga, ou devido contaminao da picada ou pela penetrao dos germes atravs de uma escoriao resultante do animal se coar. A Comisso concluiu que a infeco pestosa pode ser contraida por pulgas em tais condies. Entretanto BACOT e MARTIN verificaram que o bacilo da peste perde a virulncia no estmago da pulga e que relativamente poucos germes so encontrados nas fezes dessas pulgas.

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3. Infeco direta por uma s picada de uma pulga "bloqueada" (fig. 25). BACOT e MARTIN demonstraram que em certa percentagem de cheopis alimentadas com sangue contendo bacilos da peste, estes se multiplicam no intestino mdio, ficando presos aos dentes do proventrculo, eventualmente obliterando-o. As pulgas em tais condies, isto , bloqueadas ("blocked"), como no podem encher o estmago de sangue, ficam em estado de fome permanente, procurando insistentemente picar, e assim passando de um para outro ponto da pele de um mesmo animal ou de um para outro indivduo. BACOT mostrou que o bloqueio do proventrculo pode ser incompleto, no mais funcionando ele como vlvula. Uma pulga nesse estado, ao picar, no somente suga sangue fresco, como, pela regurgitao de um pouco do conteudo do mesenteron, que se mistura com o do esfago, pode contaminar a picada. BACOT mostrou tambem que a pulga bloqueada pode deixar de o ser, desde que se desmanche no proventrculo o bloco hemo-bacilar (v. fig. 26), o canal resultante podendo ser central (BACOT) ou lateral (HIRST). O esfago de uma pulga parcialmente bloqueada apresenta-se totalmente distendido por uma massa denegrida, continua com a do proventrculo e do intestino mdio. Tal massa constituida por sangue parcialmente digerido e bacilos da peste. Observando-se uma pulga nesse estado, quando se alimenta, v-se desaparecer a cor escura da referida massa proporo que vai sendo substituida por sangue fresco. HIRST acredita que, nessa ocasio, a massa contaminada regurgitada na picada. Mais tarde, forma-se no esfago nova massa hemo-bacilar. As pulgas parcialmente bloqueadas so pois, um srio perigo para a comunidade humana, tanto mais quanto teem longevidade maior que as pulgas completamente bloqueadas. Demais, se estas nem sempre so infectantes quando picam, como mostrou HIRST, aquelas infectam os animais picados, como provaram BACOT e HIRST. 4. Infeco direta pelo mtodo da dupla picada de uma pulga bloqueada. HIRST conseguiu transmitir o bacilo da peste a um rato obrigando uma Xenopsylla cheopis bloqueada a realizar vrias tentativas para sugar um rato com peste septicmica e fazendo-a depois sugar um rato no infectado. O sangue sugado do primeiro rato enche o intestino anterior, porem, no podendo passar para o mesenteron e sob a ao da bomba farngea, faz simplesmente um movimento de vai-vem. De modo que, se a pulga picar um segundo rato, este se contamina, pela picada, com o sangue do primeiro rato. HIRST diz que tais bacilos, oriundos de sangue septicmico, so muito mais virulentos e infectantes que os que procedem de cultura realizada no intestino mdio da pulga. HIRST considera este mtodo de infeco, chamado "mtodo de dupla picada" ("double bite method") como provavelmente de frequente ocorrncia na India, quando uma pulga bloqueada, depois de abandonar um rato ao morrer, sugar um moribundo de peste septicmica, enchendo assim o intestino anterior do sangue desse indivduo. Tal pulga ter amplo ensejo para picar e infectar uma ou mais das pessoas que cercarem o moribundo.
15. Fatores a considerar na transmisso do bacilo da peste pelas pulgas. - A Indian Plague Commission e os autores que se

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teem dedicado ao estudo da transmisso da peste, considerando os vrios fatores que possam ter influncia na transmisso da Pasteurella pestis pelas pulgas, verificaram que a temperatura alta e a umidade baixa, condies prejudiciais vida das pulgas em geral, teem uma ao ainda mais nefasta sobre as pulgas bloqueadas e mal alimentadas. Relativamente longevidade das pulgas infectadas, questo das mais importantes a ser averiguada, quando se estuda a epidemiologia da peste em qualquer regio, os trabalhos especializados no assunto indicam os extremos que ela pode atingir, em espcies j bem estudadas. De um modo geral, porem, pode dizer-se que pulgas totalmente bloqueadas, em condies mesolgicas favoraveis, podem viver vrios meses, infectando, durante esse tempo, vrios indivduos, pelo mtodo da dupla picada, descrito por HIRST. Pulgas parcialmente bloqueadas, como podem, de quando em vez, ingerir pequenas quantidades de sangue, podem tambem permanecer vivas mais tempo e sempre infectantes.

foi da ela por ou

16. Pulgas vectoras da peste. - Das pulgas estudadas na India, Xenopsylla cheopis a que se mostrou mais eficiente na transmisso Pasteurella pestis, e isso porque, segundo HISRT, no somente a que mais resiste a condies mesolgicas desfavoraveis, como ser a mais persistente no esforo para se alimentar, quando total

parcialmente bloqueada. Nos paises em que h, por toda parte, a Pulex irritans, natural que possa transmitir o germe da peste. Todavia, como no frequentemente encontrada em ratos, no provavel que seja de grande importncia na epidemiologia da peste. Ctenocephalides canis e C. felis, segundo VERJBITSKI, transmitem experimentalmente a peste de rato a rato. A Comisso Indiana, entretanto, no confirmou essa transmisso com Ctenocephalides canis. Relativamente a Nosopsyllus fasciatus, tambem um transmissor experimental do bacilo da peste entre ratos, HISRT conclue ser comparativamente insignificante o papel da mesma como agente primrio na disseminao da peste epizotica. A concluso anloga se chega quando se procura averiguar a importncia da pulga do rato Ctenopsyllus segnis, que, eventualmente,

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pica o homem. Os autores, em sua maioria, consideram-na um transmissor duvidoso na natureza. No Brasil tambem a Xenopsylla cheopis a espcie que tem sido r e s p o n s a b i l i z a d a c o m o d i s s e m i n a d o r a d a peste. Eis o que disseram MARCELLO SILVA JR. e VALENA JR. com relao a ocorrncia das duas espcie s de Xenopsylla no Cear: Vamos notando que na Zona sul do Estado (Crato) no aparece a Xenopsylla brasiliensis, a qual no chegou a cifra de 1% (0,46%) em Fortaleza durante um ano de observao. Em compensao, a Xenopsylla cheopis, a espcie pestgena por excelncia, porque acompanha o rato em todas as suas peregrinaes, pica indiferentemente esse roedor e o homem e resiste valentemente ao fenmeno da "blocage", entra numa porcentagem alarmante sobre o total de pulgas capturadas em cada sector: 99.99% no 4 (Crato) e 94,33% no 5 (Fortaleza). Paulo, interessante assinalar que MEIRA (1934), na cidade de So tenha verificado as seguintes porcentagens, para as pulgas 45,3%; Ctenopsyllus

que infestam rato s: Xenopsylla brasiliensis, segnis, 33,7%; Xenopsylla cheopis, 19,4%.

17. Peste silvestre e provaveis pulgas transmissoras. - U ma questo interessante, que carece ser ainda investigada em nosso pas, a da ocorrncia e da transmisso da peste silvestre. STEWART (1940) escreveu interessante artigo sobre o estado da questo na Amrica do Norte. LA, como aqui, encontram-se frequentemente certas espcies de pulgas sobre roedores selvagens, cuja eficincia na transmisso da peste ainda est por demonstrar. Todavia, o fato de terem falhado vrias tentativas de infeco experimental, no indicao definitiva de tais pulgas no poderem transmitir a Pasteurella pestis, porque, mesmo os transmissores habituais desse germe, como se sabe, nem sempre so capazes de transmitir a infeco. Esta, como vimos, depende em grande parte da constituio do bloco ou tampo proventricular de P. pestis.
18. Outros agentes patognicos transmissveis pelas pulgas. - Alem da peste, teem sido referidas outras doenas cujos agentes patognicos podem ser transmitidas pelas pulgas: infeces produzidas por algumas espcie s de Leishmania kala-azar, boto do Oriente) e o tifo endmico (doena de Brill).

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Entretanto, pesquisas bem orientadas com o fito de transmit-las pelas pulgas teem dado resultados negativos. Nos Estados Unidos a Pasteurella tularensis, bacilo causador da tularemia, pode ser transmitida de esquilo a esquilo pelo Diamanus montanus. No se sabe, porem, de caso humano algum dessa doena devido ao contacto com esquilos ou picada daquela pulga. As pulgas so hospedeiros intermedirios do Trypanosoma lewisi e de outros tripanosomas no patognicos de ratos, nelas se processando o ciclo esporognico desses parasitos. Os ratos se contaminam lambendo fezes das pulgas, que habitualmente os parasitam, as quais conteem tripanosomas metacclicos. Ctenocephalides canis, Ctenocephalides felis e Pulex irritans so hospedeiros intermedirios da tnia Dipylidium caninum (L.), cestide comumente encontrado no intestino delgado dos ces e gatos e, acidentalmente, do homem, principalmente crianas. Os ovos desse cestide, expelidos com as fezes do hospedador, so ingeridos pelas larvas de pulgas, deles saem embries, que atravessam a parede do intestino e caem na cavidade geral do corpo. A permanecem at a pulga atingir a fase adulta, quando se desenvolve o estdio de cisticercide. Sendo ento a pulga ingerida por um co ou gato, nele prosegue o desenvolvimento do helminto. Os casos de infestao do homem, principalmente criancinhas, pelo Dipylidium resultam tambem da ingesto de pulgas infestadas, que caem ou saltam no alimento ou diretamente na boca. CHEN (1935) escreveu interessante artigo sobre as reaes de Ctenocephalides felis ao Dipylidium caninum. Outro cestide, o Hymenolepis diminuta (Rudolphi), parasito comum do intestino do rato, raramente encontrado no homem, pode ter, por hspede inteimedirio do cisticercide, as pulgas que o parasitam (Nosopsyllus fasciatus, Xenopsylla cheopis e Ctenopsyllus segnis). Tais pulgas, infestadas, acidentalmente podem infestar o homem, principalmente a criana. H, porem, outros insetos hospedadores desse platielminto, de maior importncia que as pulgas na propagao da helmintose (Ver os trabalhos de BACIGALUPO (1932) e de PESSOA (1933) sobre o assunto). 19. Combate s pulgas. - As pulgas que, como Ctenocephalides felis , n os importunam com as picadas, devem ser combatidas, nas

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habitaes, nos ninhos ou lugares de descanso dos animais que frequentam as habitaes e sobre o corpo desses animais. Nas habitaes ou lugares frequentados por tais animais, o cho, cimentado ou assoalhado, dever ser mantido rigorosamente limpo; em cho cimentado, lavando-o e desinfetando-o frequentemente, em cho assoalhado, mantendo-o devidamente calafetado e encerado. As vezes, casas e apartamentos bem calafetados e encerados so temporariamente invadidos por grande quantidade de pulgas de co ou de rato, que neles se achem ou proliferem nas cercanias. Neste caso, como em todas as ocasies que seja necessria a destruio imediata das pulgas em qualquer parte, procede-se ao expurgo pelo gs ciandrico (ver BACK, 1932), pelo anidrido sulfuroso ou gs Clayton. Todavia, em infestaes parciais, so indicadas pulverizaes de inseticidas do comrcio, a base de petrleo e contendo rotenona. Para se manter os ces livres de pulgas preciso banh-los frequentemente, mergulhando-os numa soluo de creolina a 3%, durante 5 ou 10 minutos e lavando-os em seguida em gua morna. Relativamente destruio das pulgas mediante convem consultar-se o trabalho de GUIMARES (1936). inseticidas

Todavia, numa campanha anti-pestosa, alem dos cuidados a ter contra as pulgas que possam ser encontradas nas habitaes, a medida mais eficiente reside na desratisao. Sobre o assunto, alis amplamente estudado em todos os tratados ou manuais de higiene, recomendo a leitura do interessante livrinho de PUEL (1933). 20. Classificao. - A ordem Suctoria compleende cerca de 800 espcies distribuidas em mais de 150 gneros. No Brasil conhecem-se menos de 50 pulgas, em sua maioria espcies neotrpicas, algumas, porem, cosmopolitas. OUDEMANS (1909) dividiu a ordem em duas subordens: Fracticipita e Integricipita . Nas pulgas da subordem Fracticipita (caput fractum) a fronte (regio pre-antenal) e o occiput (regio post-antenal) so separados dorsalmente por uma fratura ou sulco, que se estende do extremo superior do sulco antenal de um lado ao do lado oposto (respeito caput fractum v. WAGNER, 1934). Nas da subordem Integricipita a fronte continua-se, sem interrupo, com o occiput.

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Em vrias pulgas desta subordem pode haver um espessamento quitinoso intern o ( falx ), na mesma situao daquele sulco, e mesmo em algumas h estreita fenda ness e lugar (Rhopalopsyllus ), que pode dar a impresso de se tratar de uma pulga da subordem Fracticipita, embora no haja propriamente uma articulao entre as duas partes da cabea. A respeito devo transcrever a seguinte observao de EWING (1929): If the group is to be divided into two suborders, probably those of OUDEMANS (1909), the Fracticipita and the Integricipita, are as acceptable as any that could be given. But not only is it hard to determine in certain genera whether the head is to be regarded as divided by a dorsal suture (Fracticipita) or not (Integricipita), but there are not enough other correlation characters to justify such a division according to the writer . A subordem Integricipita representada na Amrica pelas seguintes famlias: Hectopsyllidae , Pulicidae , Malacopsyllidae e Dolichopsyllidae. A subordem Fracticipita compreende as seguintes famlias, todas com representantes sulamericanos: Hystrichopsyllidae , Ischno psyllidae e Macropsyllidae . Para a determinao dos gneros de pulgas devem ser consultadas as chaves contidas nos manuais de Fox (1926, Insects and diseases of man, citado a pag. 31 do l tomo) e de EWING (1929, A manual of external parasites, citado a pg. 373 do l tomo). Dentre os autores, que mais se distinguiram no estudo da sistemtica das nossas pulgas, devo citar: JORDAN, ROTHSCHILD e WAGNER. Na "bibliografia" refiro apenas alguns dos muitos trabalhos deste ltimo. Quanto s numerosas contribuies de JORDAN e ROTHSCHILD, as mais interessantes encontram-se, principalmente, em "Novitates Zoologicae" e em "Ectoparasites". Para a determinao das famlias e gneros com espcies sulamericanas,
1
1

apresento

seguinte

chave:

- Os 3 tergitos torcicos reunidos mais curtos que o 1 urotergito (fig.35) (Hectopsyllidae).......................................................................2 - Os 3 tergitos torcicos reunidos no mais curtos que o l urotergito (fig. 36)..................................................................................................................5 - Quadris posteriores com denticulos ou espinhos curtos na face interna, perto do pice...........................................Echidnophaga Ollif, 1886 - Quadris posteriores sem denticulos na face interna ............................3

2 (1)
2'

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3 (2')

Fmures posteriores sem processo dentiforme perto da base; urmeros 2 e 3 da fmea sem espirculos; fmeas penetrantes............... .........................................................................................................Tunga Jarocki,1838 Fmures posteriores com processo dentiforme perto da base; urmeros 2 e 3 da fmea com espirculos; fmeas no penetrantes............4 Maxilas curtas, triangulares; orifcio da espermateca no situado num prolongamento ou salincia cnica................................................................... ................................................................................Hectopsylla Frauenfeld, 1860 Maxilas relativamente longas, estreitas, acuminadas e curvadas para trs; orificio da espermateca situado numa salincia cnica (fig. 35) ................................................................................Rhynchopsyllus Heller, 1880

3'

4 (3')

4'

5 (1')

- Fronte e o cciput no separados por uma fenda em relao com o sulco antenal; no raro h uma esclerose interna nessa parte (falx) (fig. 8) que, em algumas caso, porem, a espcies, pode dar a impresso de sulco; neste pulga no apresenta ctenidio.............................6 que articulados, separados por distinta fenda em relao com o sulco antenal (fig. 46 e 48) ....

5'

Fronte

occiput

como

(caput fractum),
6 (5) 6'

..............................................................................................19

- Urotergitos 2-7 apenas com uma fileira de cerdas (figs. 7 e 40)..........7

Urotergitos 2-7 com dupla fileira de cerdas; quadris posteriores sem espinhos na face interna (Dolichopsyllidae)....................................................13 Quadris (coxae) face interna posteriores com um grupo de pequenos espinhos na (Pulicidae).......................................................................................8

7 (6) 7'

Quadris (coxae) posteriores sem espinhos na face interna (Malacopsyllidae )......................................................................................12 Com ctenidio genal (figs. 8, 38 e 39)..........................................

8 (7) 8' 9(8') 9'

.......................................................Ctenocephalides Stiles e Collins, 1930 Sem ctenidio genal..........................................................................................9 Com ctenidio pronotal...............................................Hoplopsyllus Baker, 1930 Sem ctenidio pronotal.................................................................10 Mesopleura sem espessamento interno (pag. 37)............................

10 (9') 10'
-

..........................................................................................Pulex Linnaeus, 1758 Mesopleura com espessamento interno em forma de raqueta, do quadril para cima (fig. 40)..........................................................................................11

11 (10') - Metepisternum e metasternum fundidos...................................................................... 11'

......................................................................................Synosternus, Jordan, 1925 Metepisternum separado do metasternum (fig. 41)........................... ...................................................................................Xenopsylla Glinkiewicz, 1907

SUCTORIA

45

12 (7')

- Borda posterior do pronotum com dentes rombos, afastados uns dos

outros; margem posterior da mesopleura e do metepimero com processo triangular esclerosado; fronte sem tubrculo ....................................................... Wagner, 1939 ..............................................................................Phthiropsylla Borda posterior do pronotum, da mesopleura e do metepimero sem qualquer dente; fronte com tubrculo................................................................ ..............................................................................Malacopsylla Weyenberg, 1881

12'

13 (6') 13' 14 (13) 14'

- Sem ctenidio pronotal....................................................................................................14 - Com ctenidio pronotal......................................................................................................18

--

- Palpo labial de 4 segmentos..................................Tetrapsyllus Jordan, 1931 Palpo labial de 5 segmentos........................................................................15

15 (14') - Clava antenal longa, simtrica; segmentao visvel em toda a volta, geralmente com vrias cerdas ao longo da margem inferior do processo genal...................................................................Parapsyllus Enderlein, 1903 15' - Clava antenal curta, assimtrica, segmentao menos visivel na parte anterior; processo genal apenas com 2 cerdas atrs do olho... 16 16 (15') Prosternum com projeo anterior arredondada; mesosternum to alto quanto longo; 5 artculo tarsal posterior mais longo que o 2 tarso mdio..............................................................................Rhopalopsyllus Baker, 1905 Prosternum sem projeo anterior, mesosternum mais longo que alto; 5 articulo tarsal no mais longo que o segundo mdio.................. 17

16'

17 (16')

17'

Prosbscida atingindo ou excedendo o pice do trocanter; uma longa cerda abaixo do dente da margem posterior do forceps ("clasper"); 7 urosternito da fmea com sinus lateral........................................... Jordan, 1939 ................................................................................Tiamastus - Probscida, no mximo, atingindo a base do trocanter; 1 ou 2 longas cerdas na parte superior da margem posterior do forceps (acima da fovea); 7 urosternito da fmea sem sinus lateral.............................. Jordan, 1939 .................................................................................Polygenis Uma cerda antepigidial, de cada lado; 5 articulo tarsal, de todas as pernas, com 6 pares de cerdas plantares laterais................. Baker,1905 ......................................................................................Dasypsyllus - Na fmea 2 cerdas antepigidiais, de cada lado; no macho apenas a cerda mediana, longa; a inferior menor que a superior, reduzida a um pequeno pelo (fig. 10).....................Nosopsyllus Jordan, 1933 Ctenidio ceflico constituido por 2 dentes espatulados inseridos na parte antero-inferior da fronte (regio preoral), como as presas de uma foca; pulgas de morcegos (fig. 48) (Ischnopsyllidae ) . ..20 - Ctenidio ceflico, quando presente, noutra posio e com maior numero de dentes; no encontradas sobre morcegos.................................23 -

18 (13') -

18'

19 (5')

19'

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INSETOS

DO

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20 (19) 20'

Maxilas

truncadas;

abdomen

com

falsos

ctenidios..................

.........................................................Myodopsylla Jordan & Rothschild, 1911 Maxilas acuminadas.................................................................................................21 Urotergitos sem ctenidios; processo genal acuminado...................

21 (20') 21' -

.........................................................Sternopsylla Jordan & Rothschild, 1921 Um ou mais urotergitos com ctenidio.......................................22 Fronte com urotergitos distinto tubrculo; 2-6 e metanotum 1 urotergito com com alguns dentes pequeno ctenidio, apicais curtos ..

22 (21') -

22'

.......................................................Ptilopsylla Jordan & Rothschild, 1921 Fronte sem tubrculo; abdomen com 4 ctenidios; processo genal arredondado no pice (fig. 48).......................................... ........................................................Hormopsylla Jordan & Rothschild, 1921

23 (19') -

Regio occipital sem espessamento dorsal; regio frontal no dividida; quando h 2 espermatecas, estas so iguais ( Hystrichopsyllidae ) ..............................................................................24 Regio occipital com espessamento dorsal no meio; regio frontal, em quasi todos os gneros, dividida por um sutura vertical em 2 partes, uma anterior (frontal ou capacete) e outra postero-inferior (gena), ambas com ctenidios; os da parte anterior, na maioria dos gneros, muito aproximados e inseridos na margem posterior dessa parte, formando um espcie de coroa, capacete ou cupula; quando h duas espermatecas estas so desiguais ( Macropsyllidae )...... 32 Sem ctenidios ceflicos, processo genal arredondado no pice e com conspicuo lobo triangular na margem ventral; uma s espermateca Jordan, 1931 .................................................................................Ctenidiosomus Com um ou dois ctenidios ceflicos e outro conjunto de caracteres
.......................................................................................................25

23'

24 (23) -

24'

25 (24') 25' -

Alguns urmeros com longos espinhos apicais laterais, que se estendem at os espirculos.............................................Ctenoparia Rothschild, 1909 Urmeros sem espinhos apicais laterais ou apenas com alguns curtos, que no vo alem de 2/3 da distncia at os espirculos............ 26

26 (25') - Cabea com ctenidios genal e frontal, este as vezes reduzido a 2 ou 3 ganchos ou curtos espinhos.............................................................. 27 26' - Cabea apenas com um ctenidio ceflico................................................. 28 27 (26) 27' Cabea com ctenidios genal e frontal; quadris posteriores com denticulos ou espinhos curtos na face interna Cleopsylla Rothschild, 1914 Cabea com ctenidio frontal reduzido a 2 ou 3 ganchos ou espinhos curtos; quadris posteriores inermes na face interna (fig. 44) ...... ......................................................................................Ctenopsyllus Kolenati, 1863

SUCTORIA

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28 (26') 28' -

Uma cerda antepigidial, de cada lado; ctenidio genal de 3 espinhos pequenos e plidos......... Agastopsylla Jordan & Rothshild, 1923 2 ou mais cerdas antepigidiais de cada lado..............................29 Ctenidio genal de Ctenidio genal 5 dentes................ Chiliopsylla Rothschild, 1915 de 4 dentes....................................................30

29 (28') 29' -

30 (29') - 1 dente do ctenidio quasi completamente escondido pelo 2; 2 cerdas antepigidiais de cada lado.......... Neotyphloceras Rothschild, 1914 - 1 dente do ctenidio no escondido pelo 2...................................................31 30' 31 (30') - Espinho inferior do ctenidio genal mais fino e mais longo que o seguinte; 2 longas cerdas antepigidiais de cada lado; a superior geralmente mais longa; forceps ("clasper") no dividido por uma concavidade (sinus apical), em 2 processos; ducto da espermateca dilatado perto da bolsa copuladora..............................Adoratopsylla Ewing,1926 31' - Espinho inferior do ctenidio genal no mais longo que o seguinte; 3 cerdas antepigidiais, de cada lado e em ambos os sexos; forceps dividido no pice por forte reintrancia em 2 processos; ducto da espermateca no dilatado perto da bolsa copuladora (figs. 45 e 46)... .........................................................................................Tritopsylla Cunha, 1929 32 (23') - Espao entre o bordo anterior do capacete e a insero do respectivo ctenidio, muito estreito, mais curto que o comprimento de um dente desse ctenidio...........................................Tiarapsylla Wagner, 1937 32' - O espao entre o bordo anterior do capacete e a insero do respectivo ctenidio mais alongado......................................................................................................33 33 (32') Das 2 longas cerdas genais implantadas perto da sutura que separa o capacete da gena, a inferior um pouco avanada em relao com a superior; espinho superior do ctenidio genal muito menor que os outros e deles bem separado, ou ausente; processo genal mais longo que os espinhos, arrendondado no pice; 1 segmento do palpo maxilar pouco mais longo que o 2; cabea da espermateca no dividida em 2 pores..........................................................Plocopsylla Jordan, 1933 A cerda genal inferior no implantada adiante da superior; espinho superior do ctenidio genal quasi to longo e to largo quanto os demais, no afastado do 2; processo genal curto e obliquamente truncado; 1 segmento do palpo maxilar tendo quasi o dobro do comprimento do 2.........................................................................................................34

33'

34 (33') 34'

Cabea da espermateca dividida em 2 partes distintas por profunda constrico...............................................................Sphinctopsylla Jordan, 1931 - Cabea da espermateca no dividida por profunda constrico (fig. 47) .................................................................................Craneopsylla Rothschild, 1911

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Famlia

HECTOPSYLLIDAE

21. Espcies mais interessantes .- As pulgas desta famlia so facilmente reconhecidas por terem os trs segmentos torcicos muito curtos e as mandbulas longas, largas e de bordos serrilhados. As fmeas, aps a fecundao, fixam-se ao hospedador. Nas espcies de Tunga Jarocki, 1838 (Rhynchoprion Oken, 1815, nec Hermann, 1804; Dermatophilus Lucas, in Gurin, 1839; Sarcopsylla Westwood, 1840) as fmeas, so penetrantes, localizando-se no epiderma (Tunga penetrans, T. coecata), ou no derma do hospedador (T. travassosi) deixando apenas exposta a parte posterior do abdomen. Algum tempo depois da penetrao, devido ao desenvolvimento dos ovos, isto , gravidez, o abdomen adquire um tamanho descomunal (figs. 28. 29 e 30). Fig 27 - Forte infestao por Tunga penetrans (L., 1758) (foto J Pinto) A pulga mais importante desta famli a a Tunga penetrans (L., 1758), a chamada "pulga da areia" , cuja fmea o famoso "bicho do p" ou "bicho do porco". Sobre o inseto, transcrevo a referncia feita por MATHESON (1932) em seu livro "Medical Entomology".

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The jigger is the smallest flea known, measuring only about 1 mm. on length. The adults are fond of warmth and drought and may be found in immense numbers in dry dust in and about human habitations. The males and virgin females attack a wide range of hosts, practically all warmblooded animals. Man and pigs appear to be favored hosts, though cats, dogs, and rats are readily attacked. When the female is fertilised she remains on the host and burrows into the skin. Her favorite points of attack are between the toes, under the toe nails, tender parts of the feet, etc. Here, nourished by the host's blood, the eggs begin to develop. The abdomen now swells up almost to the size of a pea (fig. 185), the posterior end barely reaching beyond the swelling of the host's skin and forming a plug for the hole. The eggs mature and are expelled through the tip of the abdomen. When all her eggs are laid,

Figs 28-29 - Tunga penetrans (L, 1758), fmea, extirpada da pele; 1, esquerda
(fig 27), veem-se a cabea e o torax no meio de volumoso abdomen; 2, direita, a mesma vista pela parte posterior (X 10) (foto C. Lacerda).

the female shrivels up and drops out, or is expelled by ulceration. The eggs drop to the ground and ir they fall in suitable situations, hatch and the larvae mature. HICKS (1930) states that, under experimental conditions, the eggs hatch in for three to four days. He reared the larvae on dried insect tissues satured with blood. He found the entire lifecycle took about seventeen days. FAUST and MAXWELL (1930) report an interesting case of a patient (in New Orleans) who became infected from sitting on sisal hemp which was just imported from Yucatan. The infection occurred about the pubic and inguinal regions and the lower right quadrant of the abomen. They found large numbers (several hundreds) of the larvae, in all stages of development, in scrapings from the infested skin. This finding is unique as it is probably the first authentic record of larvae development in the skin of a host. The wounds made by the burrowing females cause itchiness, inflamation, and become very painful. As the females develop in size the

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INSETOS

DO

BRASIL

swellings grow larger, ulcerations may follow, especially after the females have discharged all their eggs. These sores, especially on the feet (fig. 186) may become secondarily infected, resulting in grangrene, tetanus, etc. Children playing barefooted near piggeries or on roadways or streets over which pigs are driven become heavily infected and frequently die from gas gangrene and tetanus. When the feet are badly infected walking is impossible and PATTON points out that in the East African campaign during the World War the troops suffered severely from this terrible pest. The treatment for this flea when embedded in the tissues is not very satisfactory. Each flea can be removed under aseptic conditions by enlarging the entrance hole with a clean needle carefully removing the entire flea. The wound should then be thoroughly sterilised and dressed. The proper prophylaxis is the wearing of boots or shoes with close fitting leggings in regions where the flea is abundant; the housing of domestic animals as pigs, fowls, etc., away from human dwellings; the cleaning of yards and dwellings of dust, debris, and other refuse so as to reduce the breeding grounds; and forbidding the driving of infected animals over roads, streets, etc., frequented by barefooted children .

Alem da Tunga penetrans, encontram-se no Brasil a Tunga coecata (Enderlein, 1901) que parasita ratos dos gneros Rattus e Mus (M.

Fig 30 - Esquema baseado em fotomicrografias para mostrar a diferena entre as duas fmeas grvidas de pulgas penetrantes: A, Tunga travassosi Pinto & Dreyfus, 1927; B, Tunga coecata (Enderlein, 1901) (na mesma escala) (De Pinto, 1930, Arthrop. Parasit. fig 169).

musculus musculus), localizando-se as fmeas nas orelhas (fig. 33), e a Tunga bondari Wagner. 1932, que vive sobre o Tamandua tetradactyla.

SUCTORIA

51

Nestas duas espcies, a fmea grvida apresenta a cabea e o torax invaginados no abdomen da prpria pulga (fig. 30 B). Tunga travassosi (provavelmente idntica a T. terasma Jordan, 1937) parasita o tat (Tatusia novemcincta), localizando-se a fmea fecundada no derma da pele do abdomen do animal, formando volumosos tumores (figs. 30 A e 34). Ainda da famlia Hectopsyllidae, subfamlia Hectopsyllinae, encontram-se as seguintes espcies: Hectopsylla psittaci Frauenfeld, 1860, parasita de aves em vrios paises e Rhynchopsyllus pulex Haller, 1880 (fig. 35), ectoparasita de morcegos.

Fig. 31- Cabea de Tunga penetrans (L. 1758): I-IV, segmentos do palpo maxilar; ant, antena; l, labro-espifaringe; m. d, mandbula; o, olho, pigmentado de negro; pm, palpo maxilar (De Pinto, 1930, Arthrop. Parasit., fig 166)

Da subfamlia Echidnophaginae, caracterizada pela presena de pequeninos espinhos no lado interno do quadril, perto do pice, merece ser citada a cosmopolit a pulga da galinha Echinophaga gallinacea Westwood (1875).

52

INSETOS

DO

BRASIL

Durante algum tempo, deu-se a esta famlia de pulgas o nome Sarcopsyllidae,5 que lhe foi aplicado por TASCHENBERG, por ter, como gnero tpico, Sarcopsylla Westwood, 1840. As designaes: Hectopsyllidae Baker, 1904, Rhynchoprionidae Baker, 1906, Hectoropsyllidae Oudemans, 1906, Dermato philidae Oudemans, 6 1906 e Echidnophagidae Oudemans, 1909, por serem posteriores a Sarcopsyllidae, foram incluidas na sinonmia de Sarcopsyllidae. Verificando-se, porem, ser Sarcopsylla sinnimo de Tunga Jarocki, 1838, de acordo com o art. 5 das Regras Internacionais de Nomenclatura Zoolgica, que determina a mudana do nome de qualquer famlia, quando mudado o nome do gnero tpico, era foroso substituir Sarcopsyllidae por outra designao. Conquanto o citado artigo no especifique. F i g 32- Corte de pele de h o m e m a p a n h a n d o u m a fmea de Tunga penetrans cheia de ovos (De Pinto, 1930, Arthrop. como deva ser Parasit., fig 148). formado o novo nome, compreende-se que o mesmo deva ser constituido acrescentando-se a terminao idae ao novo termo genrico (no caso, Tunga). Da Fox (1925) ter introduzido a designao Tungidae. Nenhuma objeo surgiria ao uso deste nome se, antes de 1925, no tivessem sido aplicadas designaes outras para a mesma famlia. Ora, dos nomes propostos, trs, em hiptese alguma, poderiam ser
5 De sarx 6 D e de r m c

(sarx), carne; yulla (psylla), pulga. (derma), pele; jiloz (philos), amigo.

SUCTORIA

53

aproveitados. Refiro-me a Hectoropsylidae, emenda de Hectopsyllidae, portanto inaceitavel, Rhynchoprionidae , baseado em Rhynchoprion, Oken, 1815, homnimo de Rhynchoprion Hermann, 1804 e Dermatophilidae , oriundo de Dermatophilus tambem sinnimo de Tunga . Restam, pois, Hectopsyllidae e Echidnophagidae. A opinio dos autores atuais, sobre o caso, manifesta-se sob dois modos diferentes: Uns , com WAGNER (1936), no respeitando o que dispe o citado art. 5, continuam a usar o nome Sarcopsyllidae . A propsito devo aqui lembrar o que disse STILES (1932 - Key catalogue etc. p. 843) relativamente a manuteno de "Sarcopsyllidae". If a certain amendment (which has been proposed to Art 5, International Rules) is adopted, this name will supplant Tungidae . At agora, porem, que me conste, nenhuma resoluo foi aprovada nesse sentido. STILES, adotando ento o critrio daqueles que acham que se deve usar o nome de famlia baseado no gnero mais antigo, empregou, provisoriamente, o nome Tungidae. Outros autores, porem, como EWING (1929) e I. FOX (1940), adotam Hectopsyllidae, que tem prioridade sobre Tungidae. Alis, tal opinio est perfeitamente de acordo com a resoluo adotada unanimemente pela Comisso Internacional de Nomenclatura Fig 3 3 - Rato com a orelha direita infestada por Zoolgica, perante o ltimo 2 fmeas de Tunga coecata (Enderlein, 1901) (Foto gentilmente cedido por C. Pinto). Congresso de Zoologia (Lisboa, 1936), assim redigida: 2i, On the interpretation to be given to Article 4 of the International Code. Article 4 of the code, which relates to the naming of families and subfamilies, does not require that the oldest generic name in the family or subfamily concerned must be taken as the type genus of the family or subfamily .

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INSETOS

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WAGNER (1936), como vimos, inclue Tunga penetrans em Sarcopsyllidae, porem retira desta famlia Hectopsylla, que considera gnero tipo de Hectopsyllidae. A ser adotada a opinio de WAGNER, isto , desdobrando-se a atual famlia Hectopsyllidae em duas famlias distintas, uma evidentemente continuar a ser designada Hectopsyllidae, com Hectopsylla como gnero tipo; a outra, porem, com Tunga (= Dermatophilus ; Sarcopsylla) como gnero tipo, no podendo receber o nome usado por WAGNER (Sarcopsyllidae), nem Dermatophilidae, ter de ser designada Echidnophagidae, ou Tungidae, no caso de se separar tambem Echidnophaga em famlia distinta de Tunga . Aproveito o ensejo para fazer algumas consideraes sobre o nome Dermatophilus, aplicado por GURIN para o Pulex penetrans. Tal nome apareceu na "Iconographie" desse autor, na parte Fig 34 - Parte de um fragmento da pele da barriga de um tat do "Texto expli(Tatusia novemcincta) infestado por Tunga travassosi Pinto & cativo", datada Dreyfus, 1927 (De Pinto, 1930, Arthrop. Parasit., fig 173). de 1829-1838. Os autores, porem, consideram - e com razo - tal gnero como criado em 1842, quando realmente foi dado publicidade todo aquele "Texto", acompanhado de uma prefcio datado de 1842, ulteriormente, portanto, a Sarcopsylla . H nisso, entretanto, um engano que aqui devo corrigir. Quando WESTWOOD, em 1840, descreveu Sarcopsylla, no final do artigo escreveu o seguinte:

SUCTORIA

55

M. Gurin, also, in his Iconographie du Rgne Animal (Insectes, pl.2), has given figures of the insect in various states. His figures 9 and 9a represent a specimen with the abdomen of the ordinary small size, and terminated by a long furcate instrument composed of five pieces (fig. 9 f and 9 g), and which in his descriptive text (for proof sheets of the first part of which I am indebted to him) he regards as a male, with exserted organs of generation, considering that the forked appendages cannot be an ovipositor, and consequently that the individual must be a male. His figure 9b represents a female, with the abdomen distended as in my figure; and in his text he purposes the generic name of Dermatophilus for the insect . Todavia, (enviado a se o "Texto explicativo" o da Iconografia de GURIN s poude

WESTWOOD),

contendo

nome

Dermatophilus ,

Fig. 35 - Parte anterior do corpo de Rhynchopsyllus pulex Haller, 1880 (Hectopsyllidae) parasita de morcego (Molossus sp.) (Original gentilmente cedido por C. Pinto).

ser no de

publicado la nature,

tempos par

depois une

de

criado de l-se

Sarcopsylla , Naturelle et sous

antes des la informe:

dessa direction

data, de

"Dictionaire

Pittoresque (vol.

d'Histoire

phenomnes

socit 8:394),

naturalistes o

Gurin-1833-1839"

seguinte

Enfin, Mr. Gurin-Meneville dit, dans le texte de son Iconog. du Rgn. anim.: Nous croyons que les caractres qui distinguent la

56

INSETOS

DO

BRASIL

chique des Puces propement dites, joints la connaissance de ses moeurs, si diffrentes, peuvent autoriser la formation d'un genre pour ce singulier insecte, et a cela nous nous conformons aux. ides de Latreille, nous proposons donc de donner ce genre le nom de Dermatophyllus, ce sera pour nous le Dermatophylus penetrans, Iconogr. du Rgn. anim. de Cuv., Ins., pl. 2, fig. z . De acordo pois com o exposto e segundo o que dispoe o art. 21 das "Regras", Dermatophilus , o nome correto do gnero de GURIN,

Fig.

36

Pulex

irritans

(L,

1758) fmea consideravelmente (foto C. Lacerda).

aumentada

(Pulicidae)

citado

publicamente ora como

pela

primeira de

vez ora

em

1839 como tem

no

trecho prioridade

acima (evisobre

transcrito,

Dermatophyllus ,

Dermatophylus

dentemente erros Sarcopsylla.

tipogrficos

Dermatophilus ),

SUCTORIA

57

Famlia

PULICIDAE7

22. Espcies mais interessantes . - A esta famlia pertencem algumas das pulgas mais conhecidas em todo o mundo, dos gneros Pulex, Xenopsylla e Ctenocephalides(= Ctenocephalus Kolenati, 1859), a saber: Pulex irritans L., 1758, Xenopsylla cheopis (Rothschild, 1903), Xenopsylla brasiliensis (Baker, 1904), Ctenocephalides felis felis (Bouch, 1835) e C. canis (Curtis, 1826) j referidas neste captulo.

Fig. 37 - Parte anterior do corpo de Pulex irritans, vista com maior aumento; a seta indica o falx.

Alem destas espcies, ALMEIDA CUNHA (1914) assinalou tambem a existncia em nosso pas de Synosternus pallidus (Taschenberg, 1888). Famlia MALACOPSYLLIDAE3 (Megapsyllidae) 23. Espcies mais interessantes. - Pertencem a esta famlia os gneros Malacopsylla e Phthiropsylla WAGNER, ambos monotipicos,
7 8 De pulex , pulga. De (malacos) , mole. De (megas), grande.

58

INSETOS

DO

BRASIL

Fig.

38- Cabea de Ctenocephalides (Bouch, 1830) (Pulicidae).

felis

Fig.

39-Cabea de Ctenocephalides canis (Curtis, 1826) (C. L a c e r d a del.).

este com

com a espcie P. agenoris (Rothschild, 1904) e aquele M. grossiventris (Weyenberg, 1880), encontradas na Repblica Argentina e no Sul do Brasil parasitando dasipoddeos.
WAGNER (1939), revalidando a famlia, nela tambem inclue os gneRhopalopros syllus , Parap syllus e Te trapsyllus , at ento, estudados na famlia seguinte.

Fig 40 - Xenopsylla cheopis (Rothschild, 1903), fmea (Pulicidae); v-se d i s t i n t a m e n t e a e s p e r m a t e c a na p a r t e posterior do corpo (X 28) (foto C. Lacerda)

Famlia DOLICHOPSYLLIDAE9 (Ceratophyllidae)10 24. Espcies mais interessantes . - A maior famlia da ordem, com muitos gneros e nmerosas espcies. Dos gneros com espcies
9 D e (dolichos), longa; ( psylla ), pulga 10 D e (keras, atos), corno, a n t e n a .

SUCTORIA

59

assinaladas no Brasil h a referir: Nosopsyllus, no qual se inclue a famosa "pulga do rato" da Europa - Nosopsyllus fasciatus (Bosc, 1801) e Rhopalopsyllus, desdobrado por JORDAN (1939) em: Rhopalopsyllus, Polygenis e Tiamastus, com as seguintes espcies e variedades observadas no Brasil, sobre vrios mamferos: R. adelus Jordan & Rothschild, 1923; R. agilis Prado, 1933; R. australis tupinus Jordan & Rothschild, 1923; R. australis tamoyos Fig. 41 - Parte anterior do corpo de Xenopsylla; a seta superior Jordan & Rothsindica a esclerose i n t e r n a (apodema) em f o r ma de r a q u e t a , a d i a n t e d a q u a l se v o espessamento em d i a g o n a l referido no texto; child, 1923; R. ausa inferior, o gr upo de pequenos d e n t e s coxais, sempre tralis tupiniquinus presentes em P u l i c i d a e (foto C. L a c e r d a ) . Guimares, 1940; R. garbei Guimares, 1940; R. lugubris Jordan & Rothschild, 1908; R. lutzi lutzi (Baker, 1904); R. plaumanni WAGNER, 1937; R. truncatus Guimares, 1936 e mais as seguintes, includas no gnero Polygenis: P. atopus (Jordan & Rothschild, 1922); P. bohlsi bohlsi (Wagner, 1901); P. bohlsi jordani (Lima, 1937); P. klagesi klagesi (RothsFigs 42 e 43 - Espermatecas, de X. cheopis (da eschild, 1904); P. occidentalis querda) e de X. brasiliensis (da direita) (Cunha, 1914) (? = R. gwynei (C. L a c e r d a , del.). Fox, 1914); P. pradoi Wagner, 1937; P. pygaerus (Wagner, 1937); P. rimatus (Jordan, 1932); P. roberti (Rothschild, 1905); P. tripus (Jordan, 1933).

60

INSETOS

DO

BRASIL

Fig

44 - Parte anterior do corpo de Ctenopsyllus segnis (Schnherr, 1816), para se ver os ctendios genal e pronotal e os 2 dentes do ctendio frontal (foto gentilmente cedido por C. Pinto).

Fig.

45

Tritopsylla

intermedia

intermedia

(Wagner,

1902)

(foto

C.

Lacerda).

SUCTORIA

61

Famlia

HYSTRICHOPSYLLIDAE11
12

(Ctenopsyllidae ,

Leptopsyllidae)

13

25. Espcies mais interessantes .- Representada na Amrica do Sul por vrios gneros. Os nicos, porem, que tem espcies assinaladas no Brasil
so: Ctenopsyllus (=Leptopsylla Jordan & Rothschild, 1911), com a j citada Ctenopsyllus segnis (Schnherr, 1816), Adoratopsylla Ewing, 1926, com Adoratopsyilla antiquorum antiquorum (Rothschild, l904), Adoratopsylla antiquorum cunhai (Pinto, 1925), Ado-

Fig 46 - Parte anterior do corpo da pulga representada na fig 44, vista com maior aumento; 1 e 2 fileiras de cerdas frontais; 3, fratura entre a fronte e o occiput em relao com o sulco onde se alojam as antenas; 4, ctenidio frontal (foto C. Lacerda).

ratopsylla bisetosa Ewing, 1925 e Tritopsylla Cunha, 1929 ( = Stenopsylla Cunha, 1914, nec Kuwana,1909/10), com Tritopsylla intermedia intermedia (Wagner, 1902) (= Stenopsylla cruzi Cunha, 1914) e Tritopsylla intermedia copha (Jordan, 1926), esta, agora assinalada no Brasil Fig. 47- Craneopsylla minerva (Rothschild, 1903). 1 , parte pospela primeira vez, terior da cabea; 2, parte anterior (coroa frontal); 3, ctendio frontal; 4, ctendio genal (foto J. Pinto). de espcimens da
11 De (hystrix), porco espinho; (psylla), pulga. 12 De , ( c teis, enos), pente. 13 De (leptos), delgada.

62

INSETOS

DO

BRASIL

coleo do Dr. Cesar Pinto, retirados de "cuica", apanhados em Angra dos Reis (Estado do Rio de Janeiro). Famlia MACROPSYLLIDAE14
( Stephanocircidae ) 15

26. Espcie mais interessante. - Desta famlia a nica espcie assinalada no Brasil a Craneopsylla minerva (Rothschild, 1903), ectoparasita de esquilo (Sciurus aestuans). Famlia ISCHNOPSYLLIDAE16
27. Espcies mais interessantes. - Todas a s pulgas desta famlia parasitam morcegos. As espcies observadas no Brasil, at agora, so as seguintes:

Fg 48 -Parte anterior do corpo de Hormopsylla fosteri (Rothschild, 1903); 1, ctendio genal, 2 fratura entre a fronte e o occiput em relao com o sulco antenal; 3, ctendios torcicos; 4 , ctendio do l urotergito (X 73) (foto C Lacerda).

Myodopsylla wolffsohni wolffsohni (Rothschild, 1903); Myodopsylla notialis Jordan, 1937; Sternopsylla distincta Rothschild, 1903); Hormopsylla fosteri (Rothschild, 1903) e Hormopsylla noctilionis (Lima, 1920).
14 De ( macros), grande. 15 De (stephane), cora. 16 De (ischnos), fraca,

SUCTORIA

63

Espero do mundo Nele

concluir, que se h

talvez tempos

no

prximo

ano,

um com

catlogo o

de

pulgas do Sr.

venho das

preparando

auxlio de

CHARLES HATHAWAY.
encontraro, dos alem informaes referentes prprias a trabalhos inclusive desse gnero, a citao dos hospedadores de cada espcie e uma lista bibliogrfica principais trabalhos pulgas, os que tratam da importncia mdica de tais parasitos. 28. Bibliografia .

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CAPTULO
Ordem

XXVI

NEUROPTERA17

29. Limites. - A ordem Neuroptera, tal como foi criada por LINNAEUS, compreendia, alem das espcies hoje consideradas como verdadeiros neurpteros, insetos outros, que passaram a constituir novas ordens. Com TILLYARD e outras autoridades, incluo em Neuroptera, alem da diviso dos Planipennes (Planipennia) - hoje restrita a alguns dos grupos desta antiga seco de LATREILLE - as formas que alguns autores modernos segregam em duas ordens distintas: Megaloptera Latreille, 1802 (= Corydalides Leach, 1815; Sialidiformes Selys, 1888) e Raphidides Leach, 1815 (= Raphidiodea Leunis, 1860; Raphidiina Reuter, 1894). 30. Caracteres. - Os neurpteros so insetos de aparelho bucal mandibulado, providos, na fase adulta, de quatro asas membranosas, geralmente subiguais, em algumas espcies, porem, bem diferentes; as posteriores as vezes atrofiadas. O sistema de nervao pode tambem variar, porem, na maioria das espcies, veem-se sempre, alem das nervuras principais, nervuras accessrias, formando o conjunto uma trama ou retculo (da o nome da ordem), que lembra o das asas dos Odonatas. Todavia, em Neuroptera, as antenas so mais ou menos conspcuas, o que no se v em Odonata, e as asas, em repouso e na maioria das espcies, ficam dispostas sobre o abdomen (tectiformes). Alguns neurpteros apresentam as asas revestidas de densa pilosidade ou mesmo escamosas. O sistema de nervao, porem, bem diferente do que se v em Trichoptera e Lepidoptera.
17

De neuron (neuron), nervura; pteron (pteron), asa.

74

INSETOS

DO

BRASIL

H neurpteros antibiticos, porem a maioria constituida por espcies exclusivamente terrestres. As larvas, de aspecto variavel nas diversas famlias, so predadoras e muitas delas, por atacarem pragas das plantas cultivadas, desempenham papel saliente no combate bilogico a tais insetos. Tratam-se quasi sempre de espcies de pequeno porte e de corpo delicado na fase adulta. H, entretanto, neurpteros grandes, alguns dos quais podem atingir a 160 mm. de envergadura. 31. Anatomia externa . Cabea - D e aspecto variavel, porem no prolongada em tromba como nos panorpdeos. Olhos bem desenvolvidos e separados; ocelos presentes ou ausentes. Antenas mais ou menos alongadas, moniliformes, setiformes ou filiformes (neste caso, podendo apresentar a parte apical mais ou menos dilatada), s vezes pectinadas. Aparelho bucal de tipo mandibulado; palpos maxilares de cinco segmentos, labiais de trs. Torax - De aspecto primitivo, com as 3 regies bem desenvolvidas. Protorax, ora relativamente curto, ora alongado. Mesotorax sempre grande e distintamente segmentado. Metatorax semelhante ao mesotorax, porem menor. Pernas geralmente curtas e de tipo ambulatrio. As anteriores, em Mantispidae, de tipo raptorial, semelhantes s dos mantdeos. Sistema de nervao das asas variavel nas diversas famlias, como se pode apreciar nas figuras aqu apresentadas. Abdomen - Mais ou menos alongado, cilndrico ou subcilndrico, de 10 segmentos; na fmea, com um par de gonapofises, s vezes bem desenvolvidas e formando um ovipositor distinto. Crcos ausentes. 32. Desenvolvimento . - Larvas tisanuriformes, de aspecto caracterstico nos diferentes grupos que constituem a ordem. Sejam aquticas ou terrestres, teem hbitos predadores, alimentando-se, quasi sempre, de outros insetos. As da famlia Sisyridae, porem, v i v e m de esponjas ou briozorios de gua doce. As larvas aquticas metamorfoseiam-se fora dgua sem formar casulo. Nas terrestres, que tecem casulo, a seda que o constitue secretada pelos tubos de Malpighi e expelida pelo anus. Nelas o mesen-

NEUROPTERA

75

teron modo vimento As livres. morfose

no que

se as

comunica excreta, so so so inseto de

com que

o em

proctodaeum se isto um massa, quando ,

(intestino durante o pernas pouco e, com nasce

posterior), o inseto e antes as tecas da

de

naquele exarado, por

acumulam teem

desenvoladulto. alares meta-

larval, pupas As o para que

expelidas tipo adulto, protegidas

casulo, moveis

tornam-se

mandbulas,

facilmente 33. 3.700 nipennia ,

rompem. Pertencem em duas pelo ordem caracteres Neuroptera Megaloptera abaixo cerca e de Pla -

Classificao . espcies, que se

distribuidas

subordens:

distinguem

mencionados.

1 - Rs (sector radial) mediocremente ramificado; nervuras longitudinais pouco ou no se ramificando perto da borda da asa; as larvas teem o aparelho bucal mandibulado normal, seis tubos de Malpighi e no tecem casulo ......................................................................Megaloptera 1' - Rs geralmente com grande nmero de ramificaes; quasi todas as nervuras longitudinais bifurcando-se perto da borda da asa (exceto em Coniopterygidae): as larvas teem as mandibulas modificadas em peas perfurantes e sugadoras (canaliculadas), oito tubos de Malpighi e tecem casulo............................................................................ Planipennia Subordem 34. se 1
-

MEGALOPTERA 1 8 esta subordem Sialoidea cerca e na de 200 seguinte espcies, que chave:

Diviso . em

duas

Compreende pelos

distribuidas

superfamlias:

Raphidioidea ,

distinguem -

facilmente

caracteres

referidos

Protorax pouco alongado, quadrangular; asas anteriores sem pterostigma ou com este mal delineado; asas posteriores com o campo anal alargado e longitudinalmente plissado; gonopdios da fmea no salientes; larvas aquticas..................................................................................... Sialoidea Protorax muito alongado; asas anteriores com pterostigma bem visivel; campo anal das asas posteriores nem alargado, nem plissado; gonopdios da fmea formando um ovipositor mais ou menos alongado; larvas terrestres...................................................................................... Raphidioidea Para o estudo sistemtico destes insetos indispensavel consul-

l' -

tar-se as obras de DAVIS e de WEELE (1910).

18

De megaz (megas), grande; pteron (pteron), asa.

76

INSETOS

DO

BRASIL

Superfamlia S I A L O I D E A 35. Classificao . - Esta superfamlia, que abrange o maior nmero dos megalpteros conhecidos (cerca de 150 espcies), compreende duas famlias: Corydalidae ( = Chauliodidae ) e Sialidae, reconheciveis pelos caracteres aqui mencionados: 1' - Insetos grandes, cuja envergadura excede de 40 mm., podendo mesmo atingir a 160mm.; 3 ocelos; 4 articulo tarsal simples; as larvas vivem em cursos dgua de rpida correnteza; so providas de 8 pares de trqueobrnquias abdominais relativamente curtas, inteiras ou fracamente articuladas; apresentam no ultimo segmento abdominal um par de processos ou tubrculos, cada um provido de um par de ganchos .... Corydalidae 1' - Insetos pequenos, cuja envergadura no excede de 40 mm.; sem ocelos; 4 articulo tarsal distintamente bilobado; as larvas vivem em guas paradas ou de fraca correnteza, so providas de 7 pares de traqueo-brnquias abdominais, longas e articuladas, com longas cerdas; apresentam no ltimo segmento abdominal um longo processo (filamento terminal), provido de longas cerdas.............................................Sialidae Famlia SIALIDAE 19

36. Espcie mais interessante . - Pequena famlia (cerca de 20 espcies) com alguns representantes na regio neotrpica. Como espcie brasileira citarei Protosialis brasiliensis Navas, 1936. Famlia CORYDALIDAE 20

37. Hbitos . - Tratam-se de insetos geralmente grandes e de cor castanha (fig. 49), que atemorizam a quem no os conhecer. Raramente so vistos durante o dia, pois s voam ao cair da tarde ou noite. Podem ser encontrados perto das lmpadas de iluminao, dentro ou fora das habitaes, porem sempre nas proximidades dos rios ou riachos que tenham corredeiras. Nas espcies de Corydalus Latreille 1802, observa-se um notavel dimorfismo sexual. Nas fmeas as mandbulas so relativamente pouco
19 20

De staliz (sialis), nome de ave; De corudaliz (corydalis), nome de ave de crista.

NEUROPTERA

77

conspcuas; nos machos, porem (fig. 49), apresentam-se extraordinariamente alongadas e arqueadas para o pice, podendo entrecruzar-se (decussadas), no servindo, entretanto, nem para a alimentao, nem p a r a a defesa. Parece que o inseto delas s se utiliza por ocasio da cpula. A espcie mais frequentemente encontrada no Brasil o Corydalus affinis Burmeister, 1839 (= Corydalus cephalotes Rambur, 1842), alis prxima de Corydalus cornutus (Linnaeus, 1758), encontrada em quasi toda a Amrica Septentrional, cujos hbitos (do adulto e da larva) teem sido investigados por vrios autores norteamericanos, desde o trabalho clssico de HALDEMAN (1849 - History and transformations of Corydalus cornutus, in Mem. Amer. Acad. Arts. & Sci., Cambridge & Boston, p. 158). As posturas destes insetos efetuam-se sobre folhas, pedras ou em qualquer outro suporte em contacto com a gua ou perto dela. So grandes placas de 2.000 a 3.000 ovos, ocupando uma rea de um a pouco mais de 2cm. de dimetro. Fig. 49 - Corydalus sp., macho As larvas so aquticas; respi(foto C. Lacerda. u m pouco a u m e n t a d o ) ram o oxignio do ar dissolvido ngua mediante oito pares de trqueo-brnquias abdominais laterais e outras accessrias, em tufos apensos aos sete primeiros urmeros (fig. 50). Alimentam-se de formas jovens de efemerdeos, de perldeos e outros insetos que se encontram no mesmo habitat. Aps vrias eedises, que, na citada espcie americana, se processam em quasi trs anos de existncia, a larva sai da gua e, no longe da margem, escava no solo, sob uma pedra ou qualquer outro

78

INSETOS

DO

BRASIL

corpo, uma cavidade ou clula, dentro da qual se metamorfoseia em pupa. Aps um perodo pupal, que dura cerca de um ms, emerge o inseto alado. Superfamlia RAPHIDIOIDEA21 38. Distribuio. - Compreende uma famlia apenas - Raphidiidae, representada por espcies de pequeno porte, que se encontram, larvas e adultos, sobre as plantas. So predadores de pequenos insetos, atacando-lhes ovos e larvas. Excetuando uma espcie do Chile, quasi todos estes insetos vivem no hemisfrio septentrional, havendo cerca de 50 espcies descritas. Subordem PLANIPENNIA

(Hemerobiiformes)

39. Diviso . - Compreende esta subordem mais de 3500 espcies, pertencentes a 16 famlias, distribuidas em cinco superfamlias: Ithnoidea , Nemopteroidea, Hemerobioidea, Myrmeleontoidea e Conio pterygoidea . A primeira superfamlia, representada pela famlia Ithonidae22, contem gneros da Austrlia, da Nova Zelndia, um asitico Fig. 50 - Larva de orydalus sp. (X 2). e um americano, da Califrnia. Tratam-se de neurpteros relativamente robustos, com aparncia de mariposas, de cabea pequena, aplicada ao torax. As larvas, de
21 22

De (raphis), agulha (terebra). De (ithonia), deusa grega.

NEUROPTERA

79

hbitos dos pela delas, pequena. Da So asas muito mais zes a ou lineares,

subterrneos,

so

de

tipo

escarabeide,

isto

lembram

as

besouros escarabedeos, vulgarmente conhecidas em nosso pas designao de "po de galinha", que lhes servem de alimento, porem, se distinguindo porque apresentam cabea relativamente famlia teem as

superfamlia
23

Nemopteroidea, no de h aspecto espcies

constituida brasileiras.

pela porque

Nemopteridae , posteriores longas, menos as ve-

tambem

neurpteros

caracterstico

alargandocabea em porem As mais losno larextraFig. 51 - Asas de Coniopteryx angustipennis Enderlein, 1906, do Paraguai (Coniopterygidae) (segundo Enderlein, Lacerda cop.). N a designao das nervuras, segundo Enderlein, m 1 corresponde a M1 + 2, m2 a M3 + 4, an a 1 A e ax a 2A, no sistema de Comstock-Needham.

se no pice, e ou menos alongada tro, patae. vas pescoo alongado. As 1 demais superfamlias, com alguns ou muitos representantes no Brasil, distinguem-se mediante a seguinte chave: - Insetos delicados, com alguns milmetros de comprimento, no excedendo, porem, de 1 cm.; corpo e asas revestidos de induto farinceo branco ou acinzentado; nervao reduzida, tendo Rs apenas 2 ramos; poucas nervuras transversais; nervuras longitudinais no se bifurcando perto da margem (fig. 51)...................................Coniopterygoidea - Insetos maiores; corpo e asas sem induto esbranquiado ou farinceo; 1' asas com muitas nervuras longitudinais e transversais, aquelas bifurcando-se perto da margem......................................................................2 2 (1') 2'
23

como em Panorapresentam

ordinariamente

- Antenas moniliformes ou filiformes, s vezes pectinadas, porem, no dilatadas no pice................................................................Hemerobioidea - Antenas dilatando-se para o pice ou filiformes, porem com clava terminal......................................................................... Myrmeleontoidea
De nhma ( nema ), fio; ( pteron ), asa

80

INSETOS

DO

BRASIL

As larvas de todos os insetos desta subordem, excetuando as da famlia Sisyridae (Superfamlia Hemerobioidea), que so aquticas, vivem sobre plantas ou no solo. Superfamlia CONIOPTERYGOIDEA24

40. Diviso; caracteres; hbitos. - Esta pequena superfamlia, com menos de 100 espcies, constituida pela famlia Coniopterygidae, dividida em duas sub-famlias; Aleuropteryginae25 e Conio-

Fig. 52 - Macho de Nulema sp. (Dilaridae) (X 5,5) (foto C. Lacerda).

pteryginae, ambas com alguns representantes na regio neotrpica, do gnero Coniopteryx Curtis, 1834 e outros. ENDERLEIN estudou os neurpteros desta famlia em vrias contribuies (1906, 1908 e 1930). Tratam-se de insetos que, por terem alguns milmetros de comprimento e por se parecerem com afdeos ou aleiroddeos, passam geralmente despercebidos. As larvas, tisanuriformes e geralmente de cor rsea, assemelham-se, no s no aspecto, como nos hbitos, s dos hemerobideos. So predadoras de caros, de hompteros da subordem Sternorhyncha e de outros pequenos insetos que vivem sobre plantas.
24 De 25 De

(conics), poeirento; pterux (pteryx), asa.

(aleyron), farinha.

NEUROPTERA

81

Como as larvas dos demais Planipennes, prestes a se metamorfosearem em pupa, tecem um casulo de seda expelida pelo anus.

Superfamlia HEMEROBIOIDEA 41. Diviso. - Compreende as famlias: Hemerobiidae, Sympherobiidae, Dilaridae, Psychopsidae, Osmylidae, Polystoechotidae, Sisyridae , Chrysopi dae , Apochyrysidae , Berothidae, Trichomatidae e Mantispidae. Dessas famlias, porem, apenas nos interessam Hemerobiidae , Sympherobiidae, Dilaridae, Osmylidae, Chrysopidae, Berothidae e Mantispidae, que teem espcies da regio neotrpica. Para o reconhecimento destas famlias apresento a seguinte chave:
1 1' Pernas Pernas Machos com anteriores anteriores com 3 no e as raptrias,

Fig. 53 - Asas depiladas do dilarideo da figura 52 (cerca de X 9) (foto C. Lacerda).

lembrando

as

dos

mantideos;

protorax

geral-

mente muito alongado..............................................................................................Mastispidae normais...........................................................................................................2 antenas providas e unindo com pectinadas de R1 com na ou flabeladas. mais apical ou de vrias Fmeas menos asa com as nas antenas ambos asas;
26

2 (1') -

moniliformes, ocelos se

ovipositor parte

alongado; (figs.

geralmente com

nervuras

transversais

Sc
2' 26 De Machos

53-54)............

........................................................................................................................ Dilaridae

fmeas

outros caracteres...............................................................3 ( laros), agradavel, belo.

(dis), duas vezes;

82

INSETOS

DO

BRASIL

Figs. 54 e 55 - Asas de Nallachius (?) prestoni (Mac Lachlan, 1880) (Tilaridae); esquerda depiladas (cerca de X 5) (foto C. Lacerda).

3(2')

Asas

anteriores

com

Rs

aparentemente

fundida

com

R1

desta

partindo

2 ou mais ramos, isto , R com dois ou mais sectores; Sc no se unindo com R1 na parte apical da asa........................................................................4

Fig. 5 6

Asas de hemerobiideo (cerca X 9) (foto C. L acerda).

3' -

Asas divergir

anteriores de R1,

com ou

todos R

os apenas

ramos com

de um

Rs

partindo

deste

sector,

aps

sector..................................................5

NEUROPTERA

83

4 (3) - Asas anteriores com 3 ou mais ramos do sector radial; R4 e R5 partindo de R separadamente (fig.56) ........................................ Hemerobiidae - Asas anteriores aparentemente com 2 sectores radiais, sendo um R 2+3 4' e outro R4+5 (fig.57) .............................................. Sympherobiidae 5(3') - Sc e - Sc e 5' 6(5) 6'
R1 separados em toda extenso........................................................6 R1 reunindo-se na parte apical da asa.......................................7

Corpo e asas revestidos de densa pilosidade, especialmente na margem posterior, as vezes com escamas ............................. Berothidae (partim)27 - Corpo e asas no revestidos de densa pilosidade ......................... Chrysopidae Muitas nervuras transversas na rea discal das asas (fig.58); com ocelos ............................................................................................................. Osmylidae28 - Poucas nervuras transversas na rea discal das asas; sem ocelos ......... ................................................................................................................ Berothidae Famlia HEMEROBIIDAE 29 hbito s . regies do H muitos Na hemerobideos neotrpica, espaporem,

7 (5') 7'

42. lhados so Para destes ser por a

Distribuio; todas as raros. devem os tra-

mundo.

regio

relativamente insetos

determinao

consultados

balhos de NAVAS (1910), BANKS (1913) e KRUGER (1922). P o e m os ovos, s e m pednculo, plantas. mentam-se pequenos As de sobre larvas caros as alie

hompteros,

principalmente afdeos e psildeos. So um tanto parecidas com as larvas porem, sugaram de no e Chrysopidae, se de cobrem outros
Fig. 57 -Asas de Sympherobius notatus Kymmins, 1932 (Sympherobiidae), de S. Vicente, Antilhas (aumentado) (De Kymmins, 1932).

de peles dos insetos que detritos, como geralmente o fazem as daquela.

27 De beroh (beron), ninfa. 28 De osmh (osme), cheiro, odor. 29 De hmerodioz (hemerobios), que s vive um dia.

84

INSETOS

DO

BRASIL

famlia, e isso porque no possuem os conspcuos tubrculos setferos que se veem nas larvas de Chrysopa . Demais, no apresentam, entre as garras tarsais, o apndice obcnico caracterstico das larvas de Chrysopa. O casulo, de seda, tambem semelhante ao dos crisopdeos, ficando igualmente preso a qualquer suporte no vegetal.

Fig. 58 - Asas de osmildeo (X 3,8) (foto C. Lacerda)

Nada se sabe existentes no Brasil.

relativamente

ao

comportamento

das

espcies

Excetuando Chrysopidae e Mantispidae, que, pela sua importncia, sero estudadas linhas adiante, as demais famlias, como Hemerobiidae, so representadas na regio neotrpica por poucas espcies, cujos hbitos so totalmente desconhecidos. Famlia MANTISPIDAE30

43. Caracteres. - Famlia com cerca de 200 espcies, em grande parte encontradas na regio neotrpica. Os mantispdeos, pelo alongamento do protorax e pelo tipo raptorial das pernas anteriores, muito se parecem com os mantdeos. (fig. 59) Neles, porem, as asas posteriores, semelhantes s anteriores,
30 De

( mantis ), oraculo

NEUROPTERA

85

que so membranosas, no se dobram longitudinalmente como naqueles ortopterides. Nas quatro asas dos mantispdeos v-se um pterostigma mais ou menos distinto (fig. 60). 44. Hbitos . - Os mantispdeos poem, de cada vez, um grande nmero de ovos, uns ao lado dos outros (fig. 63), que ficam presos por um pednculo pouco alongado (fig. 61). Deles se originam minsculas larvas campodeiformes, de aspecto caracterstico (fig. 62). Realizamse depois metamorfoses que caracterizam o tipo de desenvolvimento postembrionrio, que se metabolia (hipermetamorfose), estudado (1869) na espcie europia Mantispa volvem em ovisacos de aranhas do
Fig. 59 EucIimacia semihyalina (Serville, 1831) (cerca de x 2) (foto C. Lacerda ).

enquadra na chamada hiperpela primeira vez por BRAUER styriaca, cujas larvas se desengnero Lycosa .

WOGLUM (1935), na Califrnia, observou a emergncia de um exemplar de Plega signata (Hagen) (= Symphrasis signata Hagen) de uma crislida de Xylomiges curialis Grote (Lep. Noctuidae). Recentemente KASTON (1938) obteve um espcime de Mantispa fusicornis Banks do saco ovfero de Agelena naevia Walckenaer, apanhado em Michigan. Relativamente s espcies da regio neotrpica, quasi nada se sabe quanto aos hbitos destes neurpteros. Os nicos dados assinalados na literatura referem-se a Symphrasis varia (Walker), citada por WALKER (1853) e SMITH (1863) como tendo sido encontrada em ninhos de Polybia scutellaris (White) (Vespidae), do Brasil, a uma espcie de Mantispa, ou Mantispilla Enderlein, no determinada, que saiu de um saco de aranha Cupiennius sallei (Key-

86

INSETOS

DO

BRASIL

serling) (Clubionidae), segundo observao de MILLIRON (1940), e postura e aspecto da 1 larva de Mantispa decorata Erichson, 1839, observados por MERTI (1940) na Repblica Argentina. Para a determinao destes insetos, consultem-se os trabalhos de ENDERLEIN (1910), STITZ (1913), alem dos de NAVAS. Famlia CHRYSOPIDAE31 45. Caracteres. - A famlia Chrysopidae compreende um grande nmero de espcies de corpo delicado, tendo de 1 a 1,5 cm. de comprimento por 3 a 4,5 cm. de envergadura, geralmente de cor verde, olhos dourados, antenas filiformes, to ou mais longas que o corpo, e longas asas, hialinas ou com mculas escuras (fig. 64).
Hbitos . As crisopas, durante o dia, so encontradas Fig. 60 - Azas de mantispdeo; as notaes em letras so de Engeralmente pouderlein (1910) 1, 2 e 3, indicam as nervuras Cu, Cu2 e M de Comstock-Needham; an, a x e r 1 , so as nervuras 1 A , 2 A , e R I , sadas sobre a desse sistema ( x 5,9) (foto C. Lacerda). face inferior das folhas das plantas. Quando se tenta apanh-las, levantam um vo curto, pousando pouco adiante.
46 . -

A noite, podem ser vistas voando ou pousadas nas proximidades dos focos de iluminao.
31

De

( chrysopes ), aureo.

NEUROPTERA

87

Quando presas entre os dedos emitem odor desagradavel, que lembra o conhecido "cheiro de barata". Dizem os autores que o mesmo emana da secreo de um par de glndulas protorcicas, cujos poros se acham nos pleuritos, na parte anterior do protorax. Postura - As fmeas, depois de fecundadas, realizam as posturas no limbo ou, menos frequentemente, no pecolo das folhas. Fig. 61 - Ovos de Mantispa decorata (muito No a t o da postura, a aumentados) ( D e M e r t i , 1940, fig. 2). fmea, na maioria das espcies, encostando o pice do abdomen superfcie suporte, deixa sair uma gotcula de secreo das glndulas coletrias e, elevando o abdomen, estira-a num fio delgado, que se solidifica, formando-se assim, segundos depois, um fino pednculo de alguns milmetros de altura, no pice do qual fixa o ovo, que tem pouco menos de lmm. de comprimento. A operao repetida em pontos prximos, de modo que, ao terminar a postura, esta se apresenta com o aspecto caracterstico representado na fig. 67. O nmero de ovos que uma Chrysopa pode pr, durante toda a vida, atinge, em certas espcies, a mais de 600, como verificou SMITH (1922) com uma espcie norte-americana, q u e viveu 42 dias. 47. Desenvolvimento . - O desenvolvimento embrionrio, ou, como se diz, a maturao do ovo, efetua-se numa semana pouco mais ou menos, findo o qual,

Fig. 62 - Larva de Mantispa decorata

(1 estagio) (De Merti, 1940, fig. 3).

de cada ovo sai uma larva tisanuriforme (fig. 69). Esta, pouco tempo depois, desce pelo pednculo e passa

88

INSETOS

DO

BRASIL

Fig. 63 - Ovos de mantispdeo, como so encontrados na natureza (consideravelmente aumentados) (foto J. Pinto).

Fig. 64 - Chrysopa lanata (Chrysopidae) (X 8) (De Bruch, 1917, fig. 4).

NEUROPTERA

89

a andar sobre a folha, desempenhando ento vida ativa, que s cessa de todo por ocasio das ecdises ( a l entre o 2 e o 5 dia de nascida e a 2 entre o 9 e o 10) ou quando, completamente desenvolvida, comea a tecer o casulo, para dentro dele se metamorfosear em pupa, aps uma 3 e ltima ecdise (fig. 65) na fase larval que os crisopideos so dos mais eficientes predadores de pulges, cochonilhas e outros pequenos insetos que v i v e m sobre as plantas. Correndo cata de presas, de um para outro
Fig 65 - Chrysopa lanata; 1, ovo; la, larva recem nascida descendo do ovo; 2, larva; 2a, antena; 2b, palpo; 2c, verruga e cerdas do protorax; 2d e 2e, extremidade do tarso, vista de cima e de perfil; 3, larva, antes de se transformar em ninfa; 4, casulo depois de ecloso e ninfa (As figuras 1 , l a, 2 , 3 , 4 e 5 , cerca de X 9) (De Bruch, 1917).

lado, a larva de Chrysopa, com as robustas mandbulas que possue, facilmente pina as vitimas que se lhe apresentam, as quais, alis, no lhe oferecem a mnima resistncia, s as soltando depois de ter sugado completamente a hemolinfa. As mandbulas, alem de serem verdadeiras tenazes, funcionam tambem como peas sugadoras. Cada uma delas apresenta, ao longo do lado ventral, um sulco escavado do pice base, ao qual se adapta

90

INSETOS

DO

BRASIL

a maxila laminada, tambem longitudinalmente escavada, resultando, da unio das duas peas, constituir-se um canal, em comunicao com a cavidade bucal, atravs do qual passa o fluido aspirado.

Fig. 66 - Asa anterior de Chrysopa. A nomenclatura indicada a de N a v a s em sua monografia (1913); c, costal; c. pr, clula procubital tpica; cu, cbito (pseudocubitus de Tillyard); e, estigma; int., nervura intermediria; pr, procbito (pseudo-media de Tillyard); ptc. postcbito; r, rdio; sc, subcostal; sr, setor do rdio (foto C. Lacerda.).

no 3 instar larval, isto , depois da 2 ecdise, que a larva de Chrysopa exibe maior voracidade. BRUCH (1917) observou uma larva de Chrysopa lanata que, no 12 dia, aniquilou 16 pulges em 5 horas, tendo sido sugados os dois primeiros em menos de 10 minutos.

Fig. 67 - Ovos de Chrysopa, presos pelos respectivos pednculos a u m galho (consideravelmente aumentado) (C. Lacerda del.).

As larvas de muitas espcies de Chrysopa teem o hbito curioso de cobrir o corpo com peles ou exvias de pulges e outros detritos. Da o nome vulgar de "lixeiros" que se lhes aplica (fig. 68).

NEUROPTERA

91

Tais

larvas,

alem

das

cerdas

comuns,

apresentam

robustos

tufos

de cerdas, implantados no pice de tubrculos ou processos de cada lado do torax e do abdomen (fig. 69), que lhes permitem fixar massas mais ou menos volumosas de detritos. Se as larvas assim camufladas ficam realmente pouco visiveis quando paradas, em movimento, como ponderou SMITH (1926), no somente mais se destacam sobre o fundo verde das folhas, como

Fig. 68 - Larva de Chrysopa sp., inteiramente coberta de detritos, inclusive um fragmento espiralado; do corpo vem-se apenas, indicadas pelas setas, parte das pernas e das peas bucais (cerca de X 5) (foto C: Lacerda.).

Fig. 69 - Larva de Chrysopa sp. (consideravelmente aumentada).

excitam a curiosidade do observador casual. Aps uma quinzena, achando-se a larva completamente desenvolvida, em um dia tece o casulo com a parte caudal do abdomen. De fato, essa parte do corpo, at ento utilizada como p ou orgo adesivo, ao se aproximar a ninfose, passa a funcionar como orgo tecedor do casulo, com o fluido que sai do anus. Tal fluido secretado pelos tubos de Malpighi, cuja estrutura modificada permite essa funo secretria especial (v. M C DUNOUGH, 1909). Referindo-se emergncia do inseto alado do casulo BRUCH (1917) diz o seguinte:

92

INSETOS

DO

BRASIL

La imagen nace a los quince das. La delgada piel de la ninfa comienza a quebrarse en la regin antero-dorsal y la crisopa, en estado de pseudo-imagen, corta con sus mandbulas una tapita o oprculo en el capullo, que abandona despus, aun envuelta por la misma cutcula. Poco ms tarde se desprende de ella, y recin entonces se extienden sus tenues alas, adquiriendo de pronto la forma y el color del insecto perfecto. En el fondo del capullo y en la extremidad opuesta al oprculo, han q u e d a d o slo las e x u v i a s de la l a r v a .

As espcies brasileiras podem ser facilmente determinadas consultando-se os trabalhos de NAVAS (de 1913 e outros), alem da clssica monografia de SCHNEIDER.

Superfamlia MYRMELEONTOIDEA32
48. Classificao. - A superfamlia Myrmeleontoidea, pelo nmero de espcies que a constituem, , sem dvida, o grupo dominante na ordem Neuroptera.

Fig. 70 - Grapa sp. (Myrmeleontidae) (foto C. Lacerda).

Compreende cinco famlias Nymphidae, bopterygidae, Myrmeleontidae e Ascalaphidae.

22

Myiodactylidae,Stil-

De

myrmex), formiga;

(leon), leo.

NEUROPTERA

93

Como tratarei guem

1'

as

trs de

primeiras caracteres:

famlias e

teem

espcies que

australianas, se distin-

apenas pelos

Myrmeleontidae

Ascalaphidae,

seguintes

- Antenas relativamente curtas, com menos da metade do comprimento da asa anterior, aproximadamente do comprimento da cabea e do torax; asa com clula hipostigmtica (uma clula alongada, estreita, imediatamente atrs do ponto em que se reunem Sc e R 1 (figs. 71 e 72) ............. ............................................................................................ Myrmeleontidae 1 ' - Antenas longas, mais longas que a metade do comprimento das asas, terminando em distinta clava; asa sem clula hipostigmtica (figs. 80 e 81).. ........................................................................................................Ascalaphidae Familia

MYRMELEONTIDAE
(Myrmeleonidae)

49. rpteros

Caracteres. (cerca de

Abrange espcies

maior

nmero Na

de fase

espcies adulta

de estes

neuin-

1200

descritas).

Fig. 71 - Asas anterior e posterior de Grapa sp. (foto C. Lacerda).

setos se

lembram (fig.

os 70).

odonatos pelas

da

subordem que

Zygoptera; so bem

deles, visveis

porem, e no

distinguem

facilmente

antenas,

ciliformes

94
50. cidas pela Desenvolvimento designao

INSETOS
e vulgar

DO

BRASIL
As lees" larvas ou so "fures" bem (figs. conhe74-78).

hbitos"formigas

Fig. 72 - P a r t e distal d a asa anterior de Mirmeleontideo p a r a se v e r a clula hipostigmtica, indicada pela seta (foto C. Lacerda).

No Tijuca,

Rio no

so

encontradas arenoso

em

abundncia ao riacho

perto que ali

das

Furnas

da

solo

adjacente

corre.

Fig. 73 - A s a s d e G l e n u r u s b r a s i l i e n s i s N a v a s , 1 9 2 0 ( f o t o C . L a c e r d a ) .

Algumas de do

das

figuras artigo leo"

que de

aqui FRANK

apresento LUTZ

(76-78) sobre

foram os

tiradas costumes

um interessante uma "formiga

(1928)

NEUROPTERA

95

Eis como NAVAS (1921), uma das maiores rpteros, descreveu a vida destes insetos:

autoridades

em

neu-

Se passeardes por sitios arenosos ou batidos pelo sol, onde haja matto baixo ou plantas arbustivas ou herbaceas, facil vos ser encontrar u m a multido de taes larvas e presenciar, a vontade, as variadas scenas de sua vida. Sigamos-lhe a vida desde o ovo. Estes so pequenos, branquinhos e elipsoidaes. A f e m e a , com o instincto que lhe d o cu, os deposita isolados no solo, em sitios arenosos, por sobre os quaes costumam passar formigas exploradoras e outros artropodos que ho de constituir seu exclusivo almento.

A larva (fig. 74) O calor do sol aquecendo a ara, faz desenvolver o embrio do ovo, do qual nasce u m a larva de aspecto muito singular. Ella de forma ovalada, achatada, dotada de tres pares de paras pequenas, principalmente as posteriores. Sua cabea est a r m a d a de duas podei rosas mandibulas, instrumento principal de sua alimentao (fig. 75).

Fig. 74 - Larva de mirmeleontideo (X 7,6) (foto C. Lacerda).

O trabalho - curioso vel-a trabalhar. Si tomarmos uma larva de formiga-leo e a deixarmos na ara, ao cabo de pouco tempo, ella se por a andar para traz arrastando-se e encolhendo a parte posterior, com o fito de occultar o abdomen que, por ser delicado e volumoso, offerece succulento manjar a outros animaes de rapina. A formiga-leo, ou pelo menos as do genero acima referido,- essencialmente retrogada. Em sua marcha regressiva, uma vez enterrados o abdomen e o torax, ella apenas deixa a descoberto a cabea, que achatada, dura e resis-

96

INSETOS

DO

BRASIL

tente. Escolhido um local proprio aos seus intentos de caa, pe-se a formiga-leo a construir a armadilha. Com as patas dianteiras remove a rea dos lados e a deposita sobre sua cabea; em seguida, levantando subitamente esta, guisa de p, projecta a rea ao alto e distancia. A operao repete-se varias vezes, indo ao mesmo tempo a larva se encolhendo cada vez mais, construindo assim um cone invertido, em cujo vertice se encontra a cabea, ou melhor, a bocca, situada entre as mandibulas. Olhemos bem o fundo do cone (fig. 77). Alli veremos unicamente as duas mandibulas desmesuradamente abertas e a parte anterior da cabea. Alli se acha o animalzinho esperando pacientemente a presa com que lhe queira favorecer a Divina Providencia.

Sua comida - Si, emquanto observamos, chegar uma formiga incauta borda do cone, cedendo a rea sob seus ps, ella resvala pelo plano inclinado at ao fundo do cone; ento, cerrando-se presto as mandibulas da formiga-leo, a victima fica fortemente agarrada e sujeita aos dentes daquella, dando-se comeo ao seu martyrio. Mas, com frequencia, ou porque a formiga caia de cabea e com suas fortes mandibulas possa ferir sua terrivel adversaria, ou ainda com sua agilidade retroceda, o golpe falha. No primeiro caso, a formiga-leo, a solta e lanando-a suavemente para o alto, afim de no rebaixar o bordo Fig. 76 - Larva de mirmeleontideo ("formiga-leo") comeando do cone, espera a e sc a va r no solo a c r a t e r a em que se aloja ( D e Lutz, 1928). que ella caia de

Fig. 75 - Cabea da larva representada na fig. 74, consideravelm e n t e a u m e n t a d a p a r a se ve r o sulco m a n d i b u l a r ; a ga le a m a x i l a r do lado esquerdo acha-se um pouco a f a s t a d a da g o t e i r a ou sulco m a n d i b u l a r (foto C. Lacerda).

melhor posio, a formiga-leo,

para que possa chupal-a notando que se escapa

impunemente. No segundo caso, a presa, comea um activis-

NEUROPTERA

97

simo trabalho de ataque, sem mover-se de seu posto. Com a cabea, atira ps e ps de ara sobre a fugitiva, ao mesmo tempo que solapa o terreno sob seus ps. Aquillo um contnuo e terrvel bombardeio, cujos projecteis tombam sobre a diligente formiga. Por fim, vai esta cair no fundo, indo parar nas mandbulas da inimiga. Comea a suco. Nas mandbulas existe um canal que conduz por detraz bocca. Por esse canal avana e retrocede, maneira de embolo, um ramo da maxila, pelo qual o succo da formiga vai passando ao tubo digestivo da formiga-leo. Esta, ento, volve e revolve sua victima, chupa aqui, absorve alli, at que lhe fique s a pelle. Ento, carrega-a sobre sua cabea, arroja-se de um golpe rapido, maior distancia possvel, por sobre o bordo do

Fig.

77

No fundo da cratera aparecem as mandibulas de uma d e m i r m e l e o n t d e o j s o t e r r a d a ( D e L u t z , 1928).

larva

cone; d'ahi, vai esperar que venha outra incauta prolongar ou repetir o banquete. Como todos os animaes carnivoros, pde a formiga leo passar muito tempo sem alimentar-se. Ento aguarda pacientemente, mantendo o cone profundo e amplo. Porm si a fome excessiva, dada a prolongada demora de victimas sua armadilha, a formiga-leo vai tentar fortuna em outra freguezia. Mas, ai d'ella si, em seu movimento retrogado, chega a dar com o alapo de outra formiga-leo sua irm! Esta outra, sem a menor considerao, agarra-a aleivosamente pela espadua e lhe d morte dolorosa em lucta cannibalesca.

98

INSETOS

DO

BRASIL

A metamorphose - Quando a larva tem attingido ao maximo desenvolvimento, depois de haver mudado de pelle por diversas vezes, dispe-se a realizar sua completa metamorphose. Reune os grozinhos da ara que encontra em redor de si, mediante um liquido viscoso ou seda, segregada pela fieira que possue no extremo do corpo, e com tal artificio os enlaa, a ponto de dar ao casulo uma frma perfeitamente espherica. Por dentro est o casulo revestido de um forro de
Fig. 78 - Uma formiga que caiu na cratera e dela tenta sair, est sendo atordoada por uma saraivada de partculas de terra atiradas pela "formiga-leo" (De Lutz, 1928).

se da, deposta pela ultima vez

a pelle larvar, dorme a crysalida por espao de umas tres semanas, at se lhe formarem as azas e os demais orgams indispensaveis, que lhe dm a imagem. A imagem - Chegado o dia (ou noite, pois minhas observaes me induzem a crr que durante a noite se verifica o exodo) correspondente, a nympha corta com suas mandibulas um casquete no casulo, e deixando nelle o despojo nvmphal (fig. 79), se encarapita em alguma planta, espera que as azas se alarguem sufficientemente e os tegumentos adquiram consis79 - Casulo de mirmeleontdeo vazio; v-se a exuvia da ninfa projetando-se atravs da tencia para o empreendiabertura (X 5) (foto C. Lacerda). mento do vo, pois sua vida area tambem carnivora. Si enquanto est assim tenrinha, a descobre

NEUROPTERA

99

alguma formiga, talvez desprezada por ella, ento morrer despedaada aos bocados. Parece que tem soado a hora da vingana.; acudiro porfia as formigas afim de cevar-se em suas carnes, pois esta muito cobiada e deve ser como a do faiso, p a r a sua mesa. Quem diria que daquella extranha larva arenicola, havia de proceder um insecto de elegantes formas, habitante dos ares como as mariposas, semelhantes em seus c o n t o r n o s s graciosas libelulas !

Conhecimentos valiosos sobre estes insetos podem adquiridos nas obras de DOFLEIN e de WHEELER.

tambem

ser

51. Espcies mais intessantes . - O Brasil rico em mirmeleontdeos, pertencentes a vrios gneros, em sua maioria estudados por NAVAS nos vrios trabalhos em que trata dos neurpteros sul-

Fig. 80 - Haplogenius (?) handlirschi Van der Weele, 1908 (Ascalaphidae) (um pouco reduzido do tamanho natural) (foto C. Lacerda).

americanos. Uma das mais belas espcies que brasiliensis (fig. 73), descrita por NAVAS em que lhe foram enviados de So Vicente (So AMADEU A. BARBIELLINI. Outra espcie frequentemente encontrada nas elegans (Perty, 1830), figurada por NAVAs no Revista do Museu Paulista (1922).

conheo Glenurus 1920, de exemplares Paulo) pelo Conde colees Dimares trabalho incluso na

100

INSETOS

DO

BRASIL

Com espcies conspcuas, quanto ao porte, h o gnero Palpares Rambur, 1842, que tem, na regio neotrpica, Palpares gigas Dalman, cuja envergadura atinge 17 cm. Para a determinao das Fig. 81 - Parte anterior da asa de um ascalafideo, para se ver que principais divino h a clula h i p o s t i g m t i c a alongada indicada n a fig. 72 (foto C. Lacerda). ses de Myrmeleontidae recomendo consultar as chaves do artigo de NAVAS, incluso em "Brotria" de 1912 (Notas sobre mirmelenidos).

Famlia

ASCALAPHIDAE33

52. Hbitos . - Relativamente aos hbitos das espcies brasileiras, nada se sabe. MC CLENDON, nOS Estados Unidos, publicou interessante trabalho sobre o desenvolvimento e os hbitos de Ulula hyalina, espcie que vive no Texas. Nas matas que embelezam as montanhas do Rio, no raro encontrar-se um ou outro ascalfdeo pousado em galho, com as asas cobrindo o abdomen, exatamente na posio caracterstica representada na figura de Mc Fig. 8 2 - L a r v a de ascalafdeo ( X 5,5) CLENDON e reproduzida em (foto C. Lacerda). vrios manuais de entomologia. As espcies de Haplogenius , porem, pousam como os odonatos da subordem Anisoptera, isto , com asas abertas (fig. 80).
33

De

( ascalaphos), especie de abutre.

NEUROPTERA

101

As larvas so predadoras e, como se pode ver na fig. 82, de um exemplar apanhado h tempos em Niteri, so, at certo ponto, parecidas com as dos mirmeleontdeos. Teem, porem, o corpo deprimido, a cabea mais larga e o abdomen provido de expanses laterais, munidas de fortes cerdas. Conquanto tambem vaes infundibuliformes, vivam no solo, no se enterram em escapela

mantendo-se

superfcie,

camufladas

cor de terra e detritos espalhados sobre o corpo. As espcies que se encontram em nosso territrio podem ser facilmente determinadas mediante a monografia de VAN DER WEELE (1908), em que so descritas mais de 200 espcies, e os trabalhos de NAVAS r e l a t i v o s aos ascalafdeos sul-americanos.

53 . B i b l i o g r a f i a .
AST, F. 1920 - Ueber den feineren Bau der Facettenaugen bei Neuropteren. Zool. Jahrb., Anat., 41:411-458, est. 26-33. BANKS, N. 1906 1908 Revision of the Nearctic Hemerobiidae. Trans. Amer. Ent. Soc., 32:21-51,3 ests. On the classification of the Corydalinae, with description of a new species. Proc. Ent. Soc. Washington, 10:27-30. Synopsis and description of exotic Neuroptera. Trans. Amer. Ent. Soc., 39:201-242, ests 23-36. Geographic distribution of Neuropteroid insects, with an analysis of the american insect fauna. Ann. Ent. Soc. Amer., 8:125135. Revision of Nearctic Myrmeleonidae. Bull. Mus. Comp. Zool. Harvard Coll., 68:1-84, ests.1-4. Antillean Ascalaphidae. Jour. Agric. Univ. Puerto Rico, 22:177-189, 1 est. Larves de Nvroptres ventuellement hmatophages. Bull. Soc. Path. Exot., 11:586-592, 5 figs.

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102

INSETOS

DO

BRASIL

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CAP TULO

X XVII

Ordem T R I C H O P T E R A 3 4
(Phryganides; Phryganites; Plicipennes; Phryganina; Phryganaria; Phryganoidea) Phryganeodea;

54. Caracteres . - Os tricpteros so insetos alados, de alguns milimetros a alguns centmetros de envergadura, quasi todos muito parecidos com mariposas (fig. 83), especialmente algumas espcies de porte reduzido, que podem ser confundidas com microlepidpteros da superfamlia Tineoidea. Distinguem-se, porem, destes insetos, porque as asas no so escamosas e sim revestidas de pelos (macrotrichia ), em maior ou menor abundncia, aplicados contra a membrana alar. Como quasi todos os tricpteros se criam na gua, natural que s se encontrem formas aladas destes insetos nas imediaes das colees e cursos dgua. 55. Anatomia externa . - Os tricpteros teem o corpo de consistncia relativamente delicada, revestido tambem de pubescncia ou pilosidade mais ou menos densa. Sendo, em geral, pouco vistosos, no despertam a ateno dos colecionadores e da serem representados nas colees por um nmero reduzido de espcies e de exemplares. Cabea - (fig. 84) Relativamente pequena, livre. Olhos hemisfricos, mais ou menos desenvolvidos, finamente facetados; ocelos presentes (3), se bem que mais ou menos escondidos pela pilosidade; em vrias espcies ausentes. Antenas longas ou mesmo muito longas, multisegmentadas, setceas; em algumas espcies ciliadas, porem no pectinadas. H entretanto tricpteros que as possuem curtas e relativamente robustas.
34

De

(trix, trichos), pelo;

(pleron), a s a .

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Aparelho bucal de tipo mandibulado, porem, com mandbulas atrofiadas ou reduzidas a meros tubrculos aos lados do labrum; este geralmente curto e largo, s vezes com pilferos bem desenvolvidos. Maxilas pequenas e soldadas entre si, formando com o hipofaringe, que bem desenvolvido, e com o labium, uma tromba geralmente curta ( haustellum ), s vezes, porem, muito alongada. Palpos maxilares e labiais, normalmente, bem desenvolvidos, especialmente aqueles, que teem cinco segmentos; os labiais apresentam dois segmentos. Fig. 83 - Barypenthus sp. (Odontoceridae) (foto Lacerda). H espcies sem palpos e muitas outras nas quais os palpos do macho diferem consideravelmente dos da fmea, no s na forma, como no nmero de segmentos. Torax - Protorax curto, livre, com patagias rudimentares; meso e metatoraces bem desenvolvidos, aquele mais que este e provido de pequenas tgulas. Pernas de tipo ambulatrio, delgadas, em algumas espcies bem alongadas. Nas fmeas de outras espcies as pernas mdias so do tipo natatrio. Ancas alongadas, principalmente as mdias e posteriores. Tbias e tarsos geralmente espinhosos. Tbias com espinhos moveis, alongados, apicais (ou terminais) ( espores ) e subapicais (ou mediais), cuja posio e nmero teem grande importncia na classificao destes insetos. Tarsos pentmeros; entre as garras um empdio (planta) e , no raro, um par de pulvlios. Asas, na maioria das espcies, bem desenvolvidas, as posteriores geralmente mais largas que as anteriores e, em repouso, dobrando-se longitudinalmente, como nos lepidpteros.

TRICHOPTERA

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Alguns tricpteros so pteros, ou teem as asas posteriores abortadas, num sexo (geralmente a fmea), ou em ambos os sexos. Em quasi todas as espcies as asas so mais ou menos densamente revestidas de macrotriquios inseridos nas nervuras e na prpria membrana. Normalmente a pilosidade mais abundante nas asas anteriores, que so um pouco mais espessadas que as posteriores. Nos microtri-

Fig. 84 - Cabea de tricptero (Hydropsychidae - Macronematinae); 1 , vertex; 2 , olho; 3, palpo maxilar; 4 , palpo labial; 5 , haustellum (labium); 6 , labrum, entre mandbulas triangulares, ponteagudas; 7, gena; 8 , clipeus; 9, antena.

cpteros da famlia Hydroptilidae os pelos so mais ou menos eretos e formam, nas bordas das asas estreitadas, uma verdadeira franja, mais comprida na margem posterior das asas posteriores e mesmo distintamente mais longa que a largura das mesmas, aspecto este que os torna confundiveis com microlepidpteros da superfamlia Tineoidea.

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A cor das asas, geralmente dada pela respectiva pubescncia, pode ser uniforme (cinzenta, parda ou negra) ou entremeada de reas translcidas ou diferentemente coloridas (fig. 86). Em alguns leptocerdeos e sericostomatdeos veem-se escamas alares; estas, porem, nunca atingem o desenvolvimento observado
R1

Fig. 85 - Asa de Barypenthus sp. (Odontoceridae); o ponto negro na base da clula ( I I I ) indica a posio do nygma; ct, clula tiridial (c. postmediana); lj, lobo jugal; mc, clula medial ou mediana; rc, clula radial (c. discoidal); 1-5, as 5 forquilhas apicais) (C. Lacerda del.).

nos lepidpteros; so de tipo primitivo, isto , estreitas, acuminadas e indistintamente estriadas. A asa posterior de alguns tricpteros (Leptoceridae, Hydropsychidae), pode apresentar, ao longo da cesta, alguns pequenos ganchos (hamuli), que a prendem ao bordo anal da anterior. Nunca, porem, se v um verdadeiro frenulum. Em algumas formas mais generalizadas (Rhyacophila), a asa anterior apresenta um lbulo posterior, espcie de jugum ou fbula (lobo jugal), que se adapta parte basal (humeral) da asa posterior.

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O sistema de nervao dos tricpteros muito semelhante ao dos panorpdeos, no sendo, alis, muito diferente do que se encontra nas formas mais generalizadas dos lepidpteros. Relativamente ao assunto recomendo a leitura do trabalho de TILLYARD (1935). Na figura 85 leem-se as designaes das nervuras e clulas, mais usadas pelos autores que se teem ocupado com o estudo destes insetos. Em quasi todos os tricpteros observa-se, no ngulo da forquilha formada por R 4 e R 5, uma pequena mcula ( nygma ). Observa-se tambem, perto da bifurcao de M, minscula rea em que o tegumento menos esclerosado e geralmente sem pelos ( thyridium), que parece ser uma reFig. 86 - Asa de Macronemratinae (Hydropsychidae) (foto Lacerda). gio sensorial. Abdomen - de 10 segmentos, podendo o ltimo, nas fmeas, apresentar um par de cercos, no mximo de dois segmentos. A terminalia do macho, mais ou menos complicada, varia consideravelmente nos diferentes grupos que constituem esta ordem. Do seu aspecto tiram-se sempre timos caracteres para a separao das espcies (fig. 87). Na fmea os segmentos terminais, sendo menos modificados que no macho, no apresentam variaes to interessantes; s vezes, porem, so tubulares e retracteis, formando uma espcie de ovipsitor. Consulte-se a respeito os trabalhos de STITZ e de ZANDER. 56. Anatomia interna. - Tubo digestivo relativamente curto, provido de seis tubos de Malpighi. Testculos separados e constitudos por nmero variavel de folculos. Ovrios formados por numerosos ovarolos, de tipo politrfico, dispostos unilateralmente sobre um longo oviducto. Espermateca em relao com a parte dorsal da vagina (v. STITZ).

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57. Hbitos dos adultos . - Os tricpteros adultos so encontrados nas proximidades dos rios, riachos, lagos, pntanos e outras colees dgua doce em que se criam as respectivas larvas. S noite ou ao crepsculo que se mostram ativos, permanecendo quietos durante o dia, pousados nas plantas situadas perto dos criadoiros. Ficam, ento, com as antenas tocando-se e estendidas para diante da cabea e as asas tetiformes repousando sobre o corpo, atitude essa que os faz esguios. No ato de pousar, o inseto habitualmente no para logo, como fazem as mariposas, e sim anda um pouco para frente, at Fig. 87 - Representao diagramtica dos segmen- se aquietar. tos que constituem a terminalia do macho de um A estrutura do aparelho tricptero, vistos de lado; an, anus; cl, garra ou tenaz (clasper); dp, processo dorsal; lp, bucal dos tricpteros indica que processo lateral; pa, apndices preanais; no se devem alimentar de subpn, penis; pu, penuncus, sap, placa subanal; st, stilus; 9, 10, urotergitos; IX, 9 stncias slidas, sendo mesmo urosternito (De Tillyard, 1926 - Insects of Australia, provavel que muitos deles, du1926, fig 2). rante os poucos dias que vivem como insetos adultos, no ingiram qualquer alimento. H es-

Fig. 88 - Representao diagramtica de uma larva de tricoptero (hipottica). A, labium; B, maxila, , mandbula; D, labrum: E, fronte; F, olho; G, gena; H, episternum I, pronotum; I, mesonotum; J, epimeron; K, placa quitinosa ceflica; L, placa quitinosa lateral; M, placa quitinosa caudal; N, sutura pleural; O, processo ou tubrculo espaador dorsal; P, branquia sub-dorsal; P', branquia lateral; P", branquia sub-ventral; Q, dilatao pre-axiaI; R, coxa; S, trocanter; T, femur; U, tbia; V, tarso; W, espinho ou corno prosternal; X, franja lateral; Y, placa quitinosa; Z, falsas pernas abdominais (prolegs); Z, gancho movel). (De Lloyd, 1921) (C. Lacerda cop.).

pcies que, noite, frequentam flores para lhes sugar o nectar, sendo tambem encontradas bebendo gua ou lambendo as iscas usadas para atrair mariposas noturnas.

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Excetuando-se um tricptero europeu, cujas larvas se desensolvem sobre musgo e outro australiano, com larvas marinhas, o desenvolvimento post-embrionrio, nas demais espcies, realiza-se sempre em gua doce. 58. Postura. - As fmeas, depois de fecundadas, poem os ovos inclusos numa massa gelatinosa, transparente, que, em contacto com a gua, se dilata consideravelmente, apresentando forma variavel segundo a espcie, no raro de colorido esverdeado, no meio da qual se veem os ovos, grupados tambem de modo peculiar em cada espcie.

Fig. 89 - Aglomerado de casulos de tricptero apanhado no Rio Grande do Sul pelo Dr. Cesar Pinto (pouco menos do tamanho natural) (foto Federmann).

Muitos tricpteros soltam a massa ovfera na superfcie dgua ou mergulham o abdomen e deixam-na submergir. Outros, mergulhando, colam-na a um suporte qualquer. Finalmente outros fazem as posturas sobre pedras ou quaisquer suportes, porem, perto do nivel da gua.
Desenvolvimento post-embrionrio. Larvas e respe 59. ctivas casas ou estojos . - (figs. 88-96). As larvas dos tricpteros podem ser encontradas em quaisquer colees dgua doce, mesmo em pequenos pntanos.

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Se h larvas que se deslocam livremente, inteiramente expostas, ou sob a proteo das pedras, a maioria constituda por formas que secretam, atravs do labium, seda fluida, que imediatamente se solidifica, formando a substncia ou fio que empregam, exclusivamente ou para cimentar partculas slidas que encontram no meio lquido,

Fig. 90 - Casulos de Triplectides sp. (= Tetracentor sp.) ((Leptoceridae). Da coleo de Fritz Mller, do Museu Nacional do Rio de Janeiro (quasi X 2) (foto C. Lacerda).

na confeco dos abrigos em que vivem. Estes, ou so casas fixas, ou estojos moveis, numa extraordinria variedade de formas, dependentes naturalmente do material usado pela larva na respectiva construo (pedrinhas, areia, fragmentos de madeira, etc.). Tais casas, qualquer que seja o aspecto exterior que exibam, so internamente de contorno circular; umas apresentam calibre uniforme em toda a sua extenso, outras, porem, lembram a forma de um chifre ou cornucpia. As larvas deste tipo, proporo que crescem, vo alargando o estojo na parte anterior, sem retocar a parte caudal, que assim tem o calibre primitivo, quando a se alojava a larva no 1 estdio.

TRICHOPTERA

117

As larvas do outro tipo esto sempre acomodando toda a estrutura da casa ao desenvolvimento do corpo, desmachando em ambas as extremidades a construo primitiva para substitu-la por novo material. H dois tipos principais de larvas de tricpteros: o tipo campodeiforme ou tisanuriforme, de corpo mais ou menos deprimido e cabea prognata, e o tipo eruciforme ou suberuciforme, de corpo cilndrico e cabea hipognata. As larvas deste tipo formam casas ou estojos portateis. As do tipo campodeiforme, ou vivem livremente, ou se alojam em galerias

Fig. 91 - Casulos de Helicopsyche sp. (Sericostomatidae). Da coleo de Fritz Mller, do M u s e u Nacional do Rio de J a n e i r o (cerca de X 3) (foto C. Lacerda).

feitas com gros de areia ou detritos vegetais, que fixam a pedras ou outros suportes, ou, finalmente, tecem, entre pedras, engenhosas redes para reter as partculas arrastadas com a correnteza, das quais se alimentam. Todas as larvas, porem, apresentam a cabea e o torax bem esclerosados. O abdomen, excetuando algumas espcies que apresentam

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pequenas placas esclerosadas, ora na parte dorsal, ora na parte ventral de alguns segmentos, de constituio m e m b r a n o s a (fig. 88). Aparelho bucal, de tipo mandibulado, bem desenvolvido. Torax provido de trs pares de pernas de tipo ambulatrio. Abdomen, aparentemente de 10 segmentos, geralmente providos de estruturas de aspecto filamentoso (brnquias) ou trqueo-brnquias, simples ou formando tufos, via de regra mais abundantes nas larvas que vivem em guas estagnadas. As larvas que habitam gua com certa correnteza, rica de ar oxigenado portanto, no teem tantas brnquias e as trocas gasosas nelas se realizam, principalmente, atravs do tegumento (respirao cutnea). Veem-se em algumas espcies, ao redor do anus, estrutuFig. 92 - Grumicha sp.; A, grupos de estojos fixados (tamanho natural); os maiores so de machos, os menores de fmeas; B, ras filamentosas ou tampa do orifcio posterior, com buraco central e circular; C, tamvisiculosas com aspepas anteriores de estojos de fmeas, com fenda transversal abaixo do centro; D, tampa de estojo de macho (X 8) cto de brnquias san(Sericostomatidae) (De Mller, 1880, fig. 8). guneas. O segmento terminal do abdomen apresenta-se dividido num par de apndices carnosos, tendo no pice um garra movel, que permite a larva fixar-se fortemente parede do abrigo em que vive. Nas larvas tisanuriformes tais apndices so mais alongados, inserindo-se as garras em pedicelos mais robustos. As larvas dos tricpteros de vida livre nadam mal; as que vivem em guas rpidas deslocam-se quasi sempre rastejando sobre as pedras; as que habitam guas estagnadas movem-se sobre a lama do fundo. As que vivem em abrigos fixos, geralmente formados por tubos de seda grosseira, tecem, perto da abertura do abrigo, o retculo de seda a que j me refer e em cujas malhas ficam presas as partculas de natureza vegetal ou animal de que se alimentam.

TRICHOPTERA

119

As larvas que carregam a casa, deslocam-se livremente procura do alimento, geralmente representado por folhas de plantas submersas. Depois de um certo nmero de ecdises (at 7), a larva se transforma em ninfa ou pupa. Pupa - As larvas que habitam estojo movel, quando completamente desenvolvidas, fixam-no definitivamente a um suporte qualquer, fecham-lhe as aberturas e, no interior, metamorfoseiam-se em ninfa ou pupa. As que vivem desprotegidas, ao se aproximar a ninfose, constroem uma clula ou casulo. E m todos os casos, porem, o fechamento do casulo feito de modo que a gua possa circular livremente, pois as ninfas, como as Fig. 93 - Casas de tricptero cujas larvas vivem entre as folhas de
uma bromelicea de mata virgem; A e B , vistas de cima; A ' e B ',

larvas, continuam as mesmas, vistas da face central (De Mller, 1880, fig. 17). a respirar o oxignio do ar dissolvido na gua, mediante brnquias semelhantes as das larvas e atravs de certas regies do tegumento. O fato das pupas dos tricpteros respirarem exclusivamente em tais condies no ocorre seno raramente em outros insetos anfibiticos, mesmo naqueles cujas larvas apresentam uma respirao puramente Fig. 94 - Casas de Diaulus ladislavii (Muller, 1880) (fam. Hydroptilidae); aqutica. A , casa normal, de dois canos; A ', seco transversal d a m e s m a ( X 15); B , casa de trs canos; C , casa da larva, a i n d a pouco prolongadas alm dos Citam-se canos ( X 25) (De Mller, 1880, fig. 26). apenas, como casos anlogos, as pupas de alguns dpteros, das famlias Chironomidae e Simuliidae.

120

INSETOS

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interessante consignar que h espcies cujas pupas possuem brnquias, sendo as larvas delas desprovidas e vice-versa. As pupas dos tricpteros so de tipo exarado (pupa libera); conquanto no sejam to ativas como as pupas dos mosquitos, no se manteem imoveis; o abdomen move-se ritmadamente, agitando a gua que o circunda. Por ocasio da 2 metamorfose, isto , quando o inseto adulto, j formado, est prestes a abandonar a pele da pupa, esta, dotada

Fig.95 - Casa de Oxyethira hyalina (Mller, 1880) (fam. Hydroptilidae): A, casa da larva; B e C, casas da ninfa (De Mller, 1880, (fig. 28); casa de Oxyethira spirogyra (Mller, 1880): E, casa fixada cuja larva ainda no se transformou em ninfa, vista de cima; F. casa de ninfa, vista de cima; f, f', f", seces t r a n s v e r s a s d a m e s m a casa, segundo os pontos nela marcados.

de robustas mandbulas, rompe a parede do casulo e, libertando-se da priso em que vivia, nada ou rasteja (conforme a espcie) at a superfcie da gua, realizando-se a, ou fora da gua, a saida do imago, que voa imediatamente. 60. Importncia econmica . - Os tricpteros teem grande importncia na economia da natureza se atentarmos para o valor das larvas e pupas como principais alimentos dos peixes de gua doce. Como pondera LLOYD (1921), no deve estar longe a poca em que estes insetos sero intensivamente criados nos estabelecimentos de piscicultura.

TRICHOPTERA

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61. Classificao . - H perto de 3.000 espcies descritas de tricpteros. O nmero das espcies brasileiras conhecidas, entretanto, relativamente pequeno; aumentar, porem, quando alguem, retomando as investigaes prediletas de FRITZ MUELLER, se dedicar ao estudo deste interessantissimo grupo de insetos. A esse sbio alemo devemos uma das mais valiosas contribuies biologia dos tricpteros, publicada, em nossa lngua, nos "Archivos

Fig. 96 - (29) Casas de Rhyacopsyche hagenii Mller, 1880 (fam. Hydroptilidae); A, B, C, casas de larvas de diferentes idades, fixadas por uma corda flexivel, abertas em ambas as extremidades; h , parte mais nova da casa; D e E , casas j fechadas numa das extremidades; F , casa da ninfa, toda fechada, fixada por um pednculo curto e rijo; F ', seco transversal da mesma; (30) casas de Pellopsyche sieboldii Mller 1880 (Hydroptilidae): A, casa da larva; B, da ninfa, ambas fixadas pela f a c e v e n t r a l ; A '; seco transversal de A ( D e Mller, 1880).

do Museu Nacional" do Rio de Janeiro (1881), aps pacientes observaes por ele feitas em Santa Catarina. Depois do trabalho de
MUELLER e alem do que escreveram NAVAS, ULMER e MOSELY, pouco

mais se publicou relativamente a sistemtica dos nossos tricpteros. Houve um momento em que ADOLPHO LUTZ, o incomparavel sbio brasileiro, dedcando-se ao estudo da fauna das guas torrenciais encachoeiradas, tentou reunir material de Trichoptera para investigaes ulteriores. Infelizmente, porem, no lhe foi possivel realizar o seu intento e nem mesmo sei onde se acha o material por ele colhido.

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INSETOS

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A ordem Trichoptera dividida pela maioria dos autores (segundo KOLENATI) em duas subordens Aequipalpia e Inaequipalpia, esta compreendendo as espcies que teem os palpos maxilares dimrficos, isto , de 5 segmentos nas fmeas e, nos machos, de 4, 3 ou 2 segmentos, com larvas sempre em casas ou estojos livres; aquela com as espcies cujos palpos teem igual nmero de segmentos e geralmente semelhantes nos dois sexos.
MARTYNOV (1924) dividiu os tricpteros em Integripalpia e Annulipalpia, segregando naquela subordem as formas que apresentam o ltimo segmento palpal inteiro e nesta as que o apresentam secundariamente anelado ou incompletamente segmentado. A subordem Aequipalpia abrange a pequena superfamlia Hydroptiloidea, com a famlia Hydroptilidae, e a superfamlia Rhyacophiloidea , com as famlias: Rhyacophilidae , Philopo tamidae, Stenopsychidae, Polycentropodidae, Hydropsychidae, Psychomyiidae, Calamoceratidae, Odontoceridae, Leptoceridae e Molannidae

A subordem Inaequipalpia compreende ganoidea , com as familias Phryganeidae a superfamlia Sericostomatoidea , com a tidae.

a superfamlia Phrye Limnephilidae , e famlia Sericostoma -

Passo a dar as chaves para a determinao dos adultos e das larvas, a destas formas segundo MILNE (1939) e a daqueles de acordo com os autores que se ocuparam com o estudo destes insetos.

Subordem
1 -

AEQUIPALPIA

1'

Espcies muito pequenas (microtricpteros), de asas muito estreitas, apresentando nervao reduzida; franja de pelos nas asas posteriores to ou mais longa que a margem da asa, lembrando microlepidpteros da superfamilia Tineoidea, porem, sem escamas nas asas e com aparelho bucal de tipo mandibulado (superfamlia Hydropti 35 loidea).................................................................................................... Hydroptilidae Insetos com outros caracteres (superfamlia Rhyacophiloidea )..2 Ultimo segmento dos palpos maxilares to ou pouco mais longo que os outros, simples, isto , no anelado ou imperfeitamente dividido em subsegmentos e geralmente no flexvel................................................. 3
( hydor ), agua; (ptilon), pluma fina.

2 (1') -

35 De

TRICHOPTERA

123

2'

Ultimo que

segmento os outros,

dos

palpos ou

maxilares

geralmente dividido

muito em

mais

longo

anelado

imperfeitamente

subsegmentos,

sempre flexvel........................................................................................................................7 3 (2) 3' 4 (3') 4' 5 (4') 5' 6 (5') 6' 7 (2') 7' 8 (7) Com Sem Asa Asa Asa Asa Os S Com Sem Asa Asa 2 o ocelos.....................................................................................................Rhyacophilidae
36

ocelos.................................................................................................................................4 anterior anterior anterior anterior ramos ramo com sem e com de a clula mediana fechada............... Calamoceratidae
37

clula

mediana...............................................................................5 sem radial clula radial............... Molannidae

38

posterior clula Rs

fechada...........................................................6 radial) bifurcados .... Odontoceridae

39 40

(sector de Rs

superior

bifurcado.........................

Leptoceridae

ocelos................................................................................................................................8 ocelos.................................................................................................................................9 posterior posterior semelhante muito mais a larga anterior que a ......... Philopotamidae
41 42

8'
9(7') 9' 10 (9') 10'

anterior.. Stenopsychidae

Tibia anterior com 3 espores, 2 apicais e um mediano .................................. 43 ................................................................ Polycentropodidae ( Polycentropidae ) Tbia Ramo Ramo anterior anterior anterior com de de menos Rs , Rs , na na de asa asa 3 espores............................................. bifurcado simples .... ..... 10

anterior, anterior,

Hydropsychidae Psychomyiidae
44

Subordem
1 Palpos maxilares do

INAEQUIPALPIA
macho semelhantes aos da fmea (superfamlia Phry -

1'

ganoidea)...................................................................................................................2 - Palpos maxilares do macho muito diferentes dos da fmea, de 2 a 3 segmentos ( Sericostomatoidea )........................ Sericostomatidae
45

(1)

- Palpos maxilares do macho de 4 segmentos.....................................Phryganeidae Palpos maxilares do macho de 3 segmentos.............................

47 46

2'
36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47

Limnephilidae

( philos ). amigo . ( ryax, achos); riacho De ( ceras, ceratos), corno . (calamos), cana, junco; De D e mola, m. ( odous, ontos ), dente; (keras), corno. De (keras), corno. De (leptos), fino; (potamos) , rio. De (philos), a m a n t e ; ( psyche ), alma, mariposa. De ( stenos ), e s t r e i t o ; ( centron ), aguilho, p o n t a . De (polys), muito; ( myia ) , m o s c a . De (psyche), mariposa; ( stoma ) , boca . ( sericos), seda; De ( p h r y g a n i o n ) , p e d a o de p o seco. De ( limne ), lago, pantano; (philos), amigo. De

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Para o estudo das larvas e ninfas dos tricpteros, vrias chaves foram apresentadas, quasi todas copiadas fielmente, ou com modificaes, das chaves de ULMER (1909) e de KRAFKA (1915). Todavia a chave de MILNE (1939), da-me a impresso de ser a mais simples e adequada para o estudo das formas sul-americanas. Por isso, passo a transcrev-la:
1 - Abdomen muito mais largo que o torax; espcies muito pequenas, com os trs segmentos torcicos fortemente esclerosados em cima, vivendo em casas portateis de seda, que so muito maiores que as larvas.............................................................................................. Hydroptilidae - Abdomen no muito mais largo que o torax; espcies muito maiores, as portadoras de casas nunca apresentando os trs tergitos torcicos fortemente esclerosados; as casas, quando presentes, no muito maiores que as larvas........................................................................ 2 Ultimo segmento abdominal nunca com escudo esclerosado em cma; corpo campoderforme; cabea prognata, formando uma continuao do eixo longitudinal do corpo; abdomen de nove segmentos; apndices locomotores abdominais distintos um do outro; sem tubrculo no primeiro urmero; sem corno prosternal; sem franja lateral: abdomen deprimido, as suturas entre os segmentos profundamente impressas quasi sempre sem brnquias; estruturas branquiais retais geralmente presentes, porem nem sempre em prolapso; larvas no construindo casas moveis......................................................................................................................3 Ultimo segmento abdominal geralmente com escudo esclerosado em cima, quando sem ele, o corpo eruciforme (hipognato) e as larvas vivem em casas moveis (Leptoceridae); brnquias geralmente presentes........................................................................................................10 Labrum membranceo, esbranquiado, retractil sob a margem da fronte....................................................................................................4 Labrum completamente escIerosado...........................................................................5 Mandbulas com dente fronte com profunda proeminente emarginao no meio da margem medial; assimtrica...............................................

1'

2 (1')

2'

3 (2) 3' 4 (3)

4'

subfam. Chimarrhinae ...................................................Philopotamidae, Mandbula sem tal dente proeminente; fronte francamente emarginada.................................................Philopotamidae, subfam. Philopotaminae Garras tarsais longas e finas, quasi retas, apenas com um esporo basal; penltimo segmento do palpo maxilar muito longo ........ ..........................................Psychomyiidae, subfam. Polycentropodinae Garras tarsais curtas, robustas, curvadas; penltimo segmento do palpo maxilar no muito longo.............................................................6

5 (3')

5'

TRICHOPTERA

125

6(5') 6'

Brnquias ausentes; apenas duas cerdas no lado convexo da mandbula...................................................................................7 Brnquias presentes; numerosas cerdas no lado convexo da mandbula; todos os trs tergitos torcicos esclerosados...........................8 S o pronotum esclerosado dorsalmente................................................................. subfam. Psychomyiinae .................................. Psychomyiidae ,

7 (6)
7'

Todos os trs notos torcicos esclerosados........................................................... ..................................................................Psychomyiidae, subfam. Ecnominae Gula alongada, retangular, separando completamente as metades epicranianas; todos os filamentos branquiais, em feixe, partindo do pice de um pednculo, como os tentculos de uma hidra; formas grandes...............................................Hydropsychidae, subfam. Arctopsychinae Gula triangular, nunca atingindo a margem posterior da cabea; metades epicranianas contguas numa curta distncia; filamentos branquiais inseridos tanto no pice como nas partes laterais do pednculo (disposio pectinada).................................................................9 Superfcie dorsal da cabea achatada, formando um largo disco, incluso em forte carena, que cruza afronte perto do pice, deixando fora um pequeno tringulo; mandbulas com dentes largos, rombos, em toda a margem interna, interespaos largos e profundos ...... Hydropsychidae , subfam. Macronematinae Superfcie dorsal da cabea achatada, porem no limitada por uma carena; mandbulas com dentes de pontas aguadas ............. subfam. Hydropsychinae ........................ Hydropsychidae , Corpo campodeiforme; abdomen deprimido; casa movel, as vezes, porem, tecendo larva nunca construindo abrigo fixo ............ 11

8 (6')

8'

9(8')

9'

10 (2') 10'

Corpo eruciforme ou suberuciforme; cabea hipognata; abdomen cilndrico, as suturas intersegmentais em geral fracamente impressas; brnquias geralmente presentes; larvas sempre vivendo em abrigos tubulares, moveis..........................................................................................................12 Apndices locomotores abdominais ("prolegs") bem desenvolvidos, inteiramente separados uns dos outros; garras dos mesmos longas e finas, sem dentes no lado convexo; garras accessrias algumas vezes presentes ao lado daquelas; lobos maxilares longos e finos subfam. Rhyacophilinae ............................... Rhyacophilidae ,

11 (10)

11'

Apndices locomotores abdominais ("prolegs") curtos, segmentos basais completamente esclerosados e fundidos com o 9 urmero em posio quasi vertical; garras daqueles apndices muito curtas, com pequenos dentes no lado convexo; lobos maxilares curtos e largos; geralmente constroem abrigo fixo no ultimo estdio larval ....... .......................................................Rhyacophilidae, subfam. Glossosomatinae

126

INSETOS

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12 ( 10' ) - Prosternum com um corno ou espinho salente entre os quadrs anteriores............................................................................................13 12' - Prosternum sem tal salincia..............................................................................15 13 (12) Corpo suberuciforme; brnquias laterais nos segmentos 2-7 geralmente pubescentes, com pelos negros; mesonotum, geralmente, no esclerosado como o metanotum, raramente com duas pequenas placas esclerosadas; constrices abdominais bem visveis ........ ...................................................................................... Phryganeidae . Corpo eruciforme; brnquias laterais nos segmentos 2-7 nunca pubescentes, com pelos negros; mesonotum, em geral inteiramente esclerosado, s vezes somente com pequenas placas, porem raramente no esclerosado..............................................................................................................14 Mesonotum inteiramente esclerosado; metanotum com trs pares de placas; pernas mesotorcicas mais robustas e longas que as posteriores...........................................................................................Limnephilidae Mesonotum no inteiramente esclerosado; metanotum, em geral, no esclerosado; pernas mdias no mais longas que as posteriores Alguns Sericostomatidae .. ( Goerinae & Lepidostomatinae ) das pernas mdias e posteriores divididos numa pea basal e numa apical longa; mandbulas direitas sem cerdas internas; h cerdas accessrias na parte dorsal da mandbula ...... 16 no divididos................................................................................................17

13'

14(13')

14'

15 (12 ) -

15'

Fmures curta no - Fmures

16 (15) - Linha lateral bem desenvolvida..............................................................................17 16' - Linha lateral pouco desenvolvida ou ausente...............................Leptoceridae
-

17 (15') -

Linha lateral bem desenvolvida, o 8 segmento nunca com pontos esclerosados formando uma linha; labrum com uma fileira transversa de muitas cerdas, robustas, adiante do meio, ou, quando sem estas cerdas, muito mais longo que largo .............................Odontoceridae

17'

- Linha lateral muito fraca, incompleta ou ausente; s vezes, em alguns

segmentos veem-se, em seu lugar, pontos esclerosados; labrum nem com fileira transversa de cerdas, nem mais longo que largo...................................................................................................18 18 (17') 18' Antenas rudimentares; pronotum esclerosado; mesonotum, no mximo,

parcialmente esclerosado.....................................................................Sericostomatidae - Antenas grandes, segmento basilar largo, 2 mais fino e provido no pice de fina cerda; pro e mesonotum esclerosados ............ 19

19 (18') - Espores distais das tbias anteriores e mdias no em proeminncia; pernas posteriores com garras normais; casas com a forma de tubos curvos, nunca largas.........................................................................Beraeidae

TRICHOPTERA

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19'

Espores distais das tbias anteriores e mdias em proeminncia; garras das pernas posteriores anormais; casas de areia, com o aspecto de carapaa de tartaruga, exceto as das larvas muito jovens, que vivem em tubos retos de areia, s vezes com pedacinhos de carapaas de moluscos...................................................Molannidae

62.

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TRICHOPTERA

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mit

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ab-

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TRICHOPTERA

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NDICE

Adoratopsylla, 47, 61 antiquorum antiquorum, 61 antiquorum cunhai, 25 bisetosa, 61 Aequipalpia, 122 Agastopsylla, 47 Aglaena naevica, 85 Aleuropteryginae, 80 Annulipalpia 122 Aphaniptera, 17 Apochrysidae, 81 APLEGARTH, 13 Apterobittacus, 9 Arctopsychinae, 125 Ascalaphidae, 92, 93, 100 AST, 101 BACIGALUPO, 41, 63 BACK, 42, 63 BACOT, 30, 33, 35, 36, 37, 38, 63 BAKER, 63 BANKS, 83, 101 BARBIELLINI, 99 BARRETO, 69 Barypenthus, 110, 112 BEIER, 64 Beraeidae, 126 Berothidae, 81, 83 BETTEN, 127 Bicho do p, v. Tunga penetrans Bittacidae, 12 Bittacus, 9, 10, 11, 12 brasiliensis, 13 flavescens, 8, 13

BLANCHARD, 101 BOCK, 101 Boreidae, 12 BRANCH, 127 BRAUER, 7, 13, 85, 101, 102 BRUCH, 8, 89, 90, 91, 102 Calamoceratidae, 122, 123 CANALIS, 64 CARPENTER, 13, 102 Ceratophyllidae, 43, 44, 58 Ceratophyllus gallinae, 35 Chauliodidae, 76

CHEN, 41, 64
Chiliopsylla, 47 Chimarrhinae, 124 Choristidae, 12 Chrysopa, 84, 87, 89, 90, 91 lanata, 88, 89, 90 Chrysopidae, 81, 83, 86 Cleopsylla, 46 Coleoptera, 7 Coniopterygidae, 80 Coniopteryginae, 8 0 Coniopterygoidea, 78, 79, 80 Coniopteryx, 80 angustipennis, 79 COPELAND, 127 Corydalidae, 76 Corydalis, 73 Corydalus, 76, 77, 78 affinis, 77 cephalotes, 77 cornutus, 77

136

INSETOS

DO

BRASIL

CRAMPTON, 12, 13, 102, 127 Craneopsylla, 47 minerva, 25, 61, 62 CROWELL, 127 CORTER, 127 Ctenidiosomus, 46 Ctenocephalides, 18, 33, 44, 57 canis, 33, 34, 35, 39, 41, 57, 58 felis, 19, 25, 32,34, 36, 39, 41, 57, 58 Ctenocephalus, v. Ctenocephalides Ctenoparia, 46 Ctenopsyllidae, 61 Ctenopsyllus, 46, 61 segnis, 24, 25, 36, 39, 40, 41, 60 CUMMINGS, 127 CUNHA, 33, 35, 57, 64 Cupiennius sallei, 85 DALLA TORRE, 64 DAMPF, 64 Dasypsyllus, 45 gallinulae, 25 DAVID, 102 DAVlS, K. C.,75, 102 DAVIS, M. B., 127 DEBAUCHE, 127 DEL PONTE, 64 DENNING, 128 DEMBOWSK I, 127 Dermatophilidae, 52, 53, 54. Dermatophilus, 48, 53, 54, 55, 56 Dermatophyllus, 56 Dermatophylus, 56 Diamanus montanus, 41 Diaulus ladislavii, 119 Dilaridae, 80, 81, 82 Dimares elegans, 99 DINIZ, 35, 65 Diptera, 7 Dipylidium, 41 caninum, 41

DODDS, 128 DODSON, 128 DOEHLER, 128 DOFLEIN, 99, 102 Dolichopsyllidae, 43, 44, 58 DREYFUS, 69 DUNN, 65 Echidnophaga, 35, 43 gallinacea, 25, 51, 54 Echidnophagidae, 52, 54 Echidnophaginae, 51 Ecnominae, 125 ELKINS, 128 ELTRINGHAM, 128 ENDERLEIN, 14, 79, 80, 86, 102 Endopterygota, 7 ESBEN-PETERSEN, 12, 14, 102 ESKEY, 65 ESSlG, 65 Euclimacia semihyalina, 85 Eumecoptera, 7, 11, 12 EVANS, 28, 29, 30, 36, 68 EWING, 43, 53, 65 EYER, 128 EYSELL, 65 FAASCH, 26, 65 FAGET, 64 FAUST, 49, 65 FERRIS, 14, 102 FIALHO, 69 FONSECA, 65 Formiga-leo, 94-99 FOX, C., 25 27, 43, 52, 65 FOX, I., 53, 65 Fracticipita, 18, 42, 43 GAUTHIER, 36, 65 GEHUCHTEN, 128 Glenurus brasiliensis, 94, 99 Glossosomatinae, 125 Goerinae, 126 GONALVES, 35, 65 GOOD, 66 Grapa, 92, 93

NDICE

137

GREEL, 14 Grumicha, 118 GURIN, 54, 55, 56 GUIMARES, 42, 66 HAAS, 65 HAGEN, 103, 128 HALDEMAN, 77, 103 HAMMAR, 103 HANDLIRSCH, 128 HANSTROEM, 66 Haplogenius, 100 handlirschi, 99 HARMS, 66 HASE, 66 HASKEN,14 HATHAWAY, 63 Hectopsylla, 44 psitaci, 51, 54 Hectopsyllidae, 43, 48, 52, 53, 54

Hectopsyllinae, 51 Hectoropsyllidae, 52, 53 HEDDERGOTT, 14 Helichopsyche, 117 Hemerobiidae, 81, 82, 83 Hemerobiiformes, 78 Hemerobioidea, 78, 79, 81 HENDERSON, 66 HENSEVAL, 129 HETRICK, 14 HICKS, 49, 66 HILTON, 103 HIRST, 34, 38, 39, 66 HISAW, 128 Holometabola 7 Hoplopsyllus, 44 Hormopsylla, 46 fosteri, 25, 62 noctilionis, 62 HORTA, 33, 68 Leptopsyllidae, 61 HUBAULT, 129 LESTAGE, 129 Hydropsychidae, 111,113, 122, 123, 125 LIMA, 67 Limnephilidae 122, 123, 126 Hydropsychinae, 125 LINK, 104 Hydroptilidae, 122, 124 LINNAEUS, 73 Hydroptiloidea, 122

Hymenolepis diminuta, 41 Hymenoptera, 7 Hystrichopsyllidae, 43, 46, 61 Inaequipalpia, 122, 123 Integricipita, 18, 42, 43 Integripalpia, 122 Ischnopsyllidae, 43, 45, 62 ISSIKI, 14 Ithonidae, 78 Ithonoidea, 78 JAFFUEL, 14 JELLISON, 66 JONES, 103 JORDAN, 43, 66 KARNY, 129 KARSTEN, 66 KASTON, 85, 103 KESSEL, 66 KILLINGTON, 103 KJELLGRIN, 127 KOLBE, 103 KOLENATI, 122, 129 KOPSTEIN, 67 KRAFKA, 124, 129 KRAWNY, 129 KRUGER, 83, 104 KYMMINS, 8, 14, 104 LAMEERE, 129 LASS, 67 LATREILLE, 73 LEESON, 35, 67 LEIDY, 103 Leishmania, 40 Lepidoptera, 7 Lepidostomatinae, 126 Leptoceridae, 122, 123, 124, 126 Leptopsylla, 61 musculi, v. Ctenopsyllus segnis

138

INSETOS

DO

BRASIL

LISTON, 36 LIU, 67 LLOYD, 114, 120, 129, 131 LOPES, 13, 15 LOZINSKI, 104 LUBBEN, 129 LUCAS, 129 LUNDBLAD, 104 LUTZ, A., 121 LUTZ, F., 94, 96, 97, 98, 104 Lycosa, 85 Macronematinae, 125 Macropsyllidade, 43, 46, 62 Malacopsylla, 45, 57 grossiventris, 58 Malacopsyllidade, 43, 44, 57, 62 MANGABEIRA, 13, 15 Mantispa decorata, 36, 87 fusicornis, 85 styriaca, 85 Mantispidae, 81, 84, 86, 88 Mantispilla, 85 MARSHALL, 130 MARTIN, 37, 38, 63 MARTINI, 17, 67 MARTYNOV, 122, 130 MATHESON, 48, 67 MAXWELL, 49, 65 MC CLENDON, 108, 104 MC DUNNOUGH, 91, 105 Mecaptera 7 Mecoptera, 7 Megaloptera, 73, 75 Megapsyllidae, 57 MEIRA, 40, 67 MELLANBY, 33, 68 MERCIER, 15 Meropidae, 12 MERTI, 86, 87, 105 MICKEL, 130 MILLIRON, 86, 105, 130 MILNE, 122, 124, 130 MINCHIN, 68 MITZMAIN, 22, 68

MIYAK, 15 Mollanidae, 122, 123, 127 Molossus, 55 MORSE, 105 MOSELY, 121, 127, 130 MUELLER, 116, 117, 118, 119; 120, 130, 131 Mus musculus 50 Myiodactylidae, 92 Myodopsylla, 46 wolffsohni, 62

Myrmeleonidae, 93 Myrmeleontidae, 92, 93, 94, 95 Myrmeleontoidea, 78, 79, 92 Nallachius prestoni, 82 Nannochoristidae, 12 NAVAS, 83, 86, 90, 92, 95, 99, 100, 101, 105, 106, 107, 121 NEEDHAM, 131 Nemopteridae, 79 Nemopteroidea, 78, 79 Neobittacus blancheti, 13 Neotyphloceras, 47 Neuroptera, 7, 73 NEWELL, 66 NOELLER, 68 Nosopsyllus, 45, 59 faciatus, 21, 25, 29, 33, 35, 36 37, 41, 59 Notiothaumidae, 12 NOYES, 131 Nulema, 80, 81 Nymphidae, 92 Odontoceridae, 122, 123, 126 OGATA, 36 ORCUT, 127 Osmylidae, 8l, 83, 84 OTANES, 15 OUDEMANS, 42, 43, 68 Oxyethira hyalina, 120

NDICE

139

Palpares, 100 gigas, 100 PANKRATH, 131 Panorpatae, 7

Panorpida, 7
Panorpidae, 12 Parapsyllus, 45, 58 Pasteurella pestis, 36, 38, 39, 40 tularensis, 41 PATTEN, 131 PATTON, 28, 29, 30, 36, 37, 50, 68 Peltopsyche sieboldii, 121 PERFILJEW, 31, 68 Permochoristidae, 17 PESSOA, 33, 41, 68 Peste, 36 PEUS, 68 Philopotamidae, 122, 123, 124 Philopotaminae, 124 Phryganama, 109 Phryganeidae, 122, 123, 126 Phryganeodea, 109 Phryganides,, 109 Phryganina, 109 Phryganites, 109 Phryganoidea, 109, 122 Phthiropsylla, 45, 57 agenoris, 58 PINTO 25 27, 3l, 32, 50, 51, 54, 55, 60, 61, 69, 115 PICTET, 131

Polygenis, 45, 59 atopus, 59 bohlsi bohlsi, 26, 59 bolhlsi jordani, 59 klagesi klagesi, 59 occidentalis, 25, 59 pradoi, 59 pygaerus, 59 roberti, 59 rimatus, 59 tripus, 59 Polystoechotidae, 81 POTTER, 15 Protomecoptera, 7, 11, 12 Protosialis brasiliensis, 76 Psychomyiidae, 122, 123, 124, 125 Psychomyimae, 125 Psychopsidae, 81 Ptilopsylla, 46 PUEL, 42, 69 Pulex, 20, 44, 57 irritans, 22, 25, 30, 31, 34, 35, 36, 39, 41, 56, 57 penetrans, 54 Pulicidae, 43, 44, 57 RABAUD, 107 RAMBUR, 107 Raphidides, 73 Raphidiidae, 78 Raphidiina, 73 Raphidodea, 73 Raphidioidea, 75, 78 Rattus, 50 RAYBAUD, 36, 65 REES, 14 REHN, 107 Rhopalopsyllus, 43, 45, 58, 59 adelus, 59 agilis, 59 australis, 25 australis tupinus, 59 australis tamoyos, 59 australis tupiniquinus, 59

Planipennes, 73 Planipennia, 73, 75, 78 Plega signata, 85 Plicipennes, 109 Plocopsylla, 47 Polybia scutellaris, 85 Polycentropidae, 123 Polycentropodidae, 122, 123 Polycentropodinae, 124

140

INSETOS

DO

BRASIL

Rhyacophila, 112 Rhyacophilidae, 122, 123, 125 Rhyacophilinae, 125 Rhyacophiloidea, 122 Rhyacopsyche hagenii, 121 Rhynchoprion, 48 Rhynchoprionidae, 52, 53 Rhynchopsyllus, 44 pulex, 25, 51, 55 RIDEWOOD, 63 RIEL, 131 RIESEL, 64 ROTHSCHILD, 43, 69 ROUBAUD, 69 RUSS, 131 RUSSELL, 69 Sarcopsylla, 48, 52, 54, 55, 56 Sarcopsyllidae, 52, 53, 54 SCHEFFLER, 131 SCHNEIDER, 92, 107 Sericostomatidae, 122, 126 Sericostomatoidea, 122, 123 SETTY, 9, 10, 11, 15 Sialidae, 76 Sialidiformes, 73 Sialoidea, 75, 76 SIBLEY, 132 SIKES, 31, 69 SILTALA, 132 SILVA ,Jr., 40, 70 SIMOND, 36, 70 Siphonaptera, 17 Sisyridae, 80, 81 SMITH, 85, 87, 91, 107

SOGONINA, 70
Sphinctopsylla, 47 Stenopsychidae, 122, 123 Stenopsylla, 61 cruzi, 61 Stephanocircidae, 62 Sternopsylla, 46 distincta, 62 STEWART, 40, 70 Stilbopterygidae, 92

STILES, 53 STITZ, 15, 107, 114, 132 Strepsiptera, 7 STRICKLAND, 29, 30, 70 Suctoria, 7, 17 SULC, 108 SULLIVAN, 70 SWELLENGREBE, L, 35, 70 Sympherobiidae, 81, 83 Sympherobius notatus, 83 Symphrasis signata, 85 varia, 85 Synosternus, 44 pallidus, 57 Tamandua tetradactyla, 51 TASCHENBERG, 52, 70 Tatusia novemcincta, 51, 54 Tetracentor, 116 Tetrapsyllus, 45, 58 THIENEMANN, 132 Tiamastus, 45, 59 Tiarapsylla, 47 TILLYARD, 7, 15, 17, 73, 108, 113, 114 132 TIRABOSCHI, 70 TOWNSEND, 108 Trichomatidae, 81 Trichoptera, 7, 109 Triplectides, 116 Tritopsylla ,47, 61 intermedia copha, 61 intermedia int Trypanosoma lewisi, 41 Tunga, 44, 48, 52, 53, 54 bondari, 50 coecata, 45, 50, 53 penetrans, 35, 48, 49, 50,51, 52, 54 terasma, 51 travassosi, 48, 50, 51, 54

NDICE

141

Tungidae, 52, 53, 54

TURNER, 108 UHLMANN, 132 ULMER, 121, 124, 132, 133 Ulula hyalina, 100 Unti, 70 URIARTE, 70 VALENA ,Jr., 40, 70 VERJBITSKI, 36, 39, 71 VORHIES, 133 WAGNER, 24, 26, 42, 43, 43, 54, 57, 58 71 WALKER, 85, 108, 133 WEBSTER, 31, 71 W ESENBERG-LUND, 133

WEELE, 75, 101, 108 WESTPHALEN, 108 WESTWOOD, 54, 55 WHEELER, 99, 108 WITHYCOMBE, 108 WOGLUM, 85 Xenopsylla, 18, 33, 40, 44, 57, 59 astia, 34.36 brasiliensis, 25, 36, 40, 57, 59 cheopis, 18, 23, 25, 28, 29, 30, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 57, 58, 59 Xylomiges, curialis, 85 ZANDER, 113, 133