Antropologia Bentes
Antropologia Bentes
Antropologia Bentes
MINISTRIO GOEL
Capa: Carlos Bentes Reviso e diagramao: Carlos Bentes 1 edio: 1995 2 edio: 2013
Bentes, Antnio Carlos Gonalves Antropologia Belo Horizonte: edio do autor, 2013. ISBN CDD CDU
ndice
ANTROPOLOGIA BBLICA - A TRICOTOMIA HUMANA PREFCIO INTRODUO: A CRIAO DO HOMEM I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X. XI. XII. XIII. XIV. XV. EVIDNCIAS QUANTO CRIAO DIVINA. HOMEM INTERIOR E EXTERIOR UNIDADE PSICOSSOMTICA TRS CLASSES DE HOMENS A PERSONALIDADE HUMANA E A TRIPERSONALIDADE DIVINA IMAGEM E SEMELHANA DE DEUS TRICOTOMIA HUMANA: ESPRITO, ALMA E CORPO A ALMA, A MENTE E O CREBRO A ORIGEM DA ALMA CORAO KARDIA CARNE - SARX A TEORIA FREUDIANA SOBRE O HOMEM O SUBCONSCIENTE INSPIRAO ANLISE CRIST DOS TRS TIPOS DE HOMENS. 4 4 6 9 9 15 17 23 24 29 42 48 67 70 72 72 77 91 93
BIBLIOGRAFIA:
ANTROPOLOGIA BBLICA - A TRICOTOMIA HUMANA PREFCIO O que me impulsionou a redigir este livro que existem muitos irmos que apesar de conhecerem a doutrina bblica do Batismo no Esprito Santo no conseguem receber esta bno extraordinria. A dificuldade est no desconhecimento da ANTROPOLOGIA BBLICA. A alma atravs das suas faculdades: intelecto, emoo e vontade; oferecem um verdadeiro obstculo aos candidatos a este Batismo. Este opsculo visa ajudar aos irmos receberem este batismo com a evidncia fsica em lnguas, pois a que jaz a dificuldade de muitos. Alguns quando esto buscando este batismo permitem a alma bloquear o fluxo do Esprito Santo. Deus coloca as lnguas no corao, no esprito humano, mas a alma atravs das suas faculdades torna-se uma oposio ao fluxo do Esprito Santo. A vontade forte e predominante; voc s falar em lnguas quando quiser, no basta ter f, voc ter que exercer a sua vontade para falar em outras lnguas (At 2.4; 1Ts 5.19). Creio que um cristo verdadeiramente salvo, que pede tal Batismo, Deus o conceder (Lc 11.5-13; 1 Jo 5.14, 15), logo a dificuldade jaz na alma, jaz na vontade. O intelecto tambm se torna um obstculo, pois, aqueles que querem falar em lnguas desejam entender as lnguas concedidas pelo Esprito Santo, quando a prpria Bblia nos informa que quando oramos em lnguas o nosso intelecto (nous - ) fica infrutfero (1 Co 14.2, 4, 14, 15). Falamos em lnguas no para edificar o nosso intelecto ou a nossa alma, mas para edificar o nosso esprito. Muitos oram com entendimento h muito tempo, todavia nunca oraram em lnguas, mas Deus quer que agora edifiquemos o nosso esprito, e no h outra maneira seno de orarmos ou cantarmos em lnguas. Devemos seguir o ensino Paulino; Orarei com o esprito, mas tambm orarei com o entendimento; cantarei com o esprito, mas tambm cantarei com entendimento. A ltima faculdade, emoo, tambm uma dificuldade, pois quando as emoes tornam-se fortes atrapalham o fluxo do Esprito, o fluxo das lnguas. Muitas pessoas quando excessivamente excitadas no conseguem falar nem sua lngua materna, quanto mais falar em outras lnguas; ficam a emitir sons que no edificam nem alma, nem o esprito. Na verdade, as emoes desordenadas impedem o Esprito Santo tanto quanto o intelecto superativo ou uma vontade superdeterminada. Um dos bloqueios ao recebimento do Batismo no Esprito Santo a atmosfera emocional altamente carregada, que alguns acham ser necessria ou til. O Batismo com o Esprito Santo nada tem haver com as emoes. Este batismo no calor no corpo fsico, arrepios ou quaisquer outras manifestaes. Evidentemente muitos ficaro alegres quando receberem tal batismo; ora! Ora! se o mpio emociona-se quando ganha prmios, quanto mais o salvo, alegrar-se- ao receber esta poderosa bno de Deus. No h nada errado com nossas emoes. Precisamos aprender a expressar e a desfrutar nossas emoes, especialmente em relao nossa comunho com Deus. O que
poderia ser mais maravilhoso ou que desperta mais emoo do que o sentimento da presena de Deus? A emoo, entretanto, uma resposta, uma expresso, no uma causa. Que este estudo possa ajud-lo a andar no Esprito, receber o poderoso batismo e possuir uma vida frutfera (Gl 5.16; Jo 15.8, 16; Gl 5.22.23). Sejamos testemunhas de nosso Senhor Jesus Cristo (At 1.8). Mas recebero poder quando o Esprito Santo descer sobre vocs, e sero minhas testemunhas em Jerusalm, em toda a Judia e Samaria, e at os confins da terra. Eu desejaria antes levar um s pecador a Jesus Cristo do que desvendar todos os mistrios da Palavra de Deus, pois a salvao aquilo pelo que devemos viver (Charles H. Spurgeon). Deus nos deu um esprito para termos comunho com Ele (Zc 12.1; Pv 20.21; Jo 4.24); a alma para lhe obedecer e amar (Mt 27.37; Lc 10.27; Jo 14.15, 21; 1Jo 5.3); e o corpo para lhe servir (Rm 6.13; 12.1) e para ser o novo tabernculo e templo do Deus vivente (1Co 3.16; 6.17, 19). Pr. A. Carlos G. Bentes
INTRODUO: A CRIAO DO HOMEM O homem o objetivo de todo o processo redentivo, o prprio redentor fez-se humano e historicamente manifestou-se depois da criao do homem. O termo Antropologia vem das duas palavras gregas: antropos [] = homem e logia [] = estudo. Existem vrias teorias sobre a origem do homem. Dentre outras destacamos as seguintes: O homem preexistente. Teria ele existido noutro planeta antes de habitar a terra. Todavia, at onde se conhece, no h documentos que comprovam tal suposio. O homem uma emanao de Deus. Seria admitir que, in Toutum ele viera de Deus, inclusive a parte orgnica. Da se v que isto um absurdo, pois que, Deus esprito e a matria corrupta. Aceit-lo seria admitir que Deus tambm esteja sujeito a corrupo. O homem produto de gerao espontnea. Todas as tentativas para sustentar tal assero resultaram em fracasso. O homem resultante da evoluo. O prprio Darwin, o pai da evoluo, cria que Deus criara a primeira forma de vida, em nmero muito reduzido e que todos os gneros e espcies procederam desse ponto de partida. Passemos a ver o homem como criao divina. A CRIAO DO HOMEM (Gn 1.27-Bara; Gn 2.7-Asah; Is 43.7-Bara, Asah, Yatzar). No incio, quando Deus criou o homem. Ele o formou do p da terra e depois soprou o flego de vidas em suas narinas. To logo o flego de vidas que se tornou o esprito do homem, entrou em contato com o corpo do homem, a alma foi produzida. Portanto, a alma uma combinao do corpo e do esprito. As Escrituras chamam o homem de Alma Vivente. O flego de vidas tornou-se o esprito do homem, isto , o princpio de vida dentro dele. O original da palavra vida em flego de vidas HAYIM e est no plural. Isto indica que o sopro de Deus (J 32.8; 33.4) produziu uma vida dupla: a vida da alma (vida fsica, mental e emocional) e a vida do esprito. Quando o Sopro de Deus entrou no homem, ele se tornou o esprito do homem; mas quando o esprito reagiu com o corpo a alma foi produzida. (Flego de vidas =
) . Em toda a parte, nos registros hebraicos, a alma animada nishmath hayim = distingue-se do corpo terreno. Gn 3.22,23 - Eis que o homem como um de ns, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que no estenda a sua mo, e tome tambm a rvore da vida, e coma, e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o lanou fora do jardim do den - o homem tinha a imortalidade da alma e, agora, para que no acrescentasse a imortalidade do corpo, ele foi tolhido da rvore da vida. Ec 12.7 - O p volte terra como era, e o esprito volte a Deus que o deu; Zc. 12.1 - O Senhor, que estende o cu, e que funda a terra, e que forma o esprito do homem dentro dele.
Para Bancroft a formao do homem seguiu este processo, a saber: 1. O homem veio existncia por um ato criador (Gn 1.27). Criou Deus o homem sua imagem, imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 2. O homem recebeu um organismo fsico por um ato de formao. Gn 2.7: Ento o SENHOR Deus formou o homem do p da terra e soprou em suas narinas o flego de vida, e o homem se tornou um ser vivente. Ec 12.7: o p volte a terra, de onde veio, e o esprito volte a Deus, que o deu.
3. O homem foi feito completo ser pessoal e vivo por uma ao final. (Gn 2.7: E o homem tornou-se alma vivente; Zc 12.1: Esta a palavra do SENHOR para Israel; palavra do SENHOR que estende o cu, assenta o alicerce da terra e forma o esprito do homem dentro dele; Is 43.7: todo o que chamado pelo meu nome, a quem criei para a minha glria, a quem formei e fiz). Em harmonia com essa trplice preparao do homem para a sua vida e trabalho sobre a terra, encontramos trs palavras hebraicas que descrevem o Ato Criador de Deus. A passagem de Is 43.7 ilustra o significado desses trs verbos: Os que criei (bara) para a minha glria (isto , produzi-os do nada); e que formei (asah, isto , fi-los existir numa forma determinada), e fiz (yatzar), isto , preparei as disposies e arranjos finais referentes a eles). Parece haver uma seqncia na criao e formao do homem, e podemos at fazer tal colocao a seguir: 1) Os criei (bara - )- criao do esprito humano (Gn 1.27). 2) E que formei (yatzar - )- criao do corpo humano (Gn 2.7; Jr 1.5; Zc 12.1). 3) E fiz (asah - ) - criao da alma humana (Gn 2.7; Is 43.7).
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ILUSTRAO: A lmpada eltrica (Pv 20.27); O filamento, o vidro e o metal correspondem ao corpo humano; a energia eltrica ao esprito humano; e a luz corresponderia alma. A corrente eltrica passando pelo corpo produz uma manifestao que a luz. O sopro de Deus (o primeiro esprito humano) ao entrar no corpo produz uma manifestao a alma humana. A PALAVRA DE DEUS REGISTRA TRS FLEGOS DIVINOS: 1) Aquele pelo qual o homem tornou-se alma vivente (Gn 2.7). 2) O Esprito Santo que o Cristo Ressuscitado soprou nos discpulos (Jo 20.22). 3) A Inspirao da Palavra de Deus (2Tm 3.16 theopneustos - = soprado por Deus).
ESPRITO
ESPRITO
ALMA
CORPO CORPO
A entrada do esprito (o sopro de Deus) no corpo humano fez surgir a alma humana. O esprito recm criado por Deus que desceu para entrar no corpo humano, no era o Esprito do prprio Deus, nem to pouco parte dele, mas um esprito parecido com Ele. Criou Deus, pois o homem sua imagem (Zc 12.1; Hb 12.9; Rm 8.16).
EVIDNCIAS QUANTO CRIAO DIVINA. Os itens abaixo relacionados por A. H. Strong constituem tambm os esteios obre os quais se apia doutrina da unidade da raa humana. 2 1. PROVAS BBLICAS Macho e fmea os criou. Gn 1.27; E de um s fez toda a gerao dos homens At 17.26; Por um s homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte; assim a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram (Rm 5.12). 2. LINGUAGEM A grande semelhana das razes nas lnguas primitivas indica unidade de linguagem nos primeiros dias da raa humana. Cerca de 170 razes servem para ligar os vrios grupos de lnguas asiticas, e destas, cerca de 50 ainda podem achar-se em todas elas; quer dizer, nas lnguas acadianas, egpcias, arianas, semticas e monglicas. 3. HISTRIA To remota quanto a histria das naes e tribos em ambos os hemisfrios possa ser traada, a evidncia aponta par a origem e ancestral comum na sia Central. As naes europias reconhecem terem vindo de ondas migratrias sucessivas da sia. Etnologistas modernos, em geral, concordam que as raas indgenas da Amrica derivam-se de fontes monglicas na sia Ocidental, tanto pela Polinsia como pelo caminho das Ilhas Auletas. 4. UM S SANGUE A experincia vem demonstrando que o ser humano o mesmo em sua constituio gentica. Casamentos entre americanos e japoneses no constituem problemas procriao. Os tipos raciais mais divergentes so uniformes neste particular. 5. NATUREZA O composto mental, moral e espiritual idntico em todos os homens. II. HOMEM INTERIOR E EXTERIOR 2 Co 4.16: Por isso, no desanimamos; pelo contrrio, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Rm 7.22: Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Ef 3.16: para que, segundo a riqueza da sua glria, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Esprito no homem interior. 1. O Homem Interior (ES ANTRPOS - ): o esprito e a alma do regenerado governados pelo Esprito Santo: Rm 7.22; 2 Co 4.16; Ef 3.16; Cl 3.10; 1 Pe 3.4; Ec 12.7. 2. O Homem Exterior (EKS ANTRPOS - ): o corpo humano (2 Co 4.16; 5.1-8; 2 Pe 1.13, 14; Ec 3.19-21; 12.7). 3. Elementos que compreendem a parte imaterial do homem: Alma, esprito, corao, carne e mente. So estes elementos separados que podem existir um separado do outro ou so funes do Ego? Geralmente se cr que esta ltima idia a que mais se aproxima da verdade; no obstante, a Bblia faz referncia a estes elementos ou faculdades
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I.
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemtica, vol. II. So Paulo: Editora Hagnos, p. 35-40.
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do Homem Interior de tal modo que nenhum deles pode representar o todo da natureza imaterial do homem. Alma e esprito so os termos que recebem destaque especial; no que sejam usados mais do que os outros, mas por causa da maneira em que so empregados. (Hb 4.12; 8.10; Lc 1.46, 47; Fp 1.27; 1 Ts 5.23; Jr 31.33). Levanta-se neste ponto a questo que tem dividido os telogos de todas as geraes, a saber: O homem um ser dictomo, com duas partes, material e imaterial, com suposio de que a alma e o esprito so a mesma coisa? Ou ser trictomo: corpo alma e esprito? H uma diferena muito grande entre alma e esprito, embora estes termos sejam usados como sinnimos. A Bblia d apoio tanto dicotomia como tricotomia. A diferena entre alma e esprito to incompreensvel quanto prpria vida, e os esforos dos homens de estruturar definies sempre continuam sendo insatisfatrias. Strong nos diz: Ao lado desta representao comum da natureza humana consistindo em duas partes, acham-se passagens que, primeira vista, parecem favorecer a tricotomia. Deve-se reconhecer que (esprito) e (alma), apesar de usados com freqncia de modo intercambivel e sempre designando a mesma substncia indivisvel so s vezes empregados como termos contrastantes. Neste emprego mais preciso, denota a parte imaterial do homem em seus poderes e atividades inferiores; como homem um indivduo consciente e em comum com o bruto tem uma vida animal, com apetite, imaginao, memria, entendimento. , por outro lado, denota a parte imaterial do homem em sua mais elevada capacidade e faculdade; - como o homem se relaciona com Deus e possui os poderes da razo, conscincia e livre vontade que o diferencia do bruto e o constitui responsvel e imortal.3 A.B. Langston ilustra a dicotomia da seguinte maneira: O homem como a casa de dois andares o primeiro representa o corpo, e o segundo, que representa a parte espiritual do homem, existe uma janela que d para o mundo ambiente (isto seria o aspecto inferior da alma), e uma clarabia que d parte o cu (seria o lado superior da alma) que se volta para Deus e para as coisas celestiais. 4 Prossegue ele: Geralmente, quando os escritores sagrados faziam uso dos termos esprito e alma, tratavam de uma s cousa em diferentes relaes. Empregavam o termo esprito quando faziam referncia relao da vida do homem para com Deus; e a alma quando faziam referncia ralao da vida do homem com as cousas terrenas.5 a) O homem descrito na Bblia tanto como algum que corpo e alma como algum que corpo e esprito: E no temais os que matam o corpo e no podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo (Mt 10.28); A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como
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STRONG, Wayne. Teologia Sistemtica. 1 ed. Vol. 2. So Paulo: Editora HAGNOS, 1999, p. 46 LANGSTON, A. B. Esboo em Teologia Sistemtica. 2 ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, p. 129. 5 Ibidem.
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no esprito (1 Co 7.38); Porque, assim como o corpo sem o esprito est morto, assim tambm a f sem obras morta (Tg 2.26). b) O termo esprito usado livremente para indicar a parte imaterial do homem: 1 Co 5.3; 6.20; 7.34; Tg 2.26. c) O termo alma tambm usado para indicar a parte imaterial do homem: Mt 10.28; At 2.31; 1 Pe 2.11. d) A tristeza atribuda alma como ao esprito: Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente (1 Sm 1.10); Porque o SENHOR te chamou como a mulher desamparada e triste de esprito; como a mulher da mocidade, que fora desprezada, diz o teu Deus (Is 54.6); Agora a minha alma est perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora (Jo 12.27); Tendo Jesus dito isto, turbou-se em esprito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vs me h de trair (Jo 13.21); E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu esprito se comovia em si mesmo, vendo a cidade to entregue idolatria (At 17.16); Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas (2 Pe 2.8). e) Da mesma forma, alma e ao esprito so atribudas as mesmas funes gerais: Confira Mc 8.12, 36, 37; 12.30; Jo 11.33; 13.21 com Mt 26.38; Jo 12.27. Confira 2 Co 7.13; 1 Co 16.18 com Mt 11.29. Conf. 2 Co 7.1 com 1 Pe 2.11; 1 Ts 5.23; Hb 10.39 Conf. Tg 5.20 com 1 Co 5.5. Veja ainda, Lc 1.46; Hb 6.18, 19; Tg 1.21. f) O louvor e o amor a Deus so atribudos tanto alma como ao esprito: Disse ento Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu esprito se alegra em Deus meu Salvador (Lc 1.46.47); Amars, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu corao, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas foras; este o primeiro mandamento (Mc 12.30). g) A salvao associada tanto alma como ao esprito: recebei com mansido a palavra em vs enxertada, a qual pode salvar as vossas almas (Tg 1.21); Seja entregue a Satans para destruio da carne, para que o esprito seja salvo no dia do SENHOR Jesus (1 Co 5.5). h) Aqueles que partiram desta vida so s vezes chamados de almas e outras vezes de esprito: Gn 35.18; 1 Rs 17.21; Mt 27.50; Jo 19.30; At 2.27, 31; 7.59; Hb 12.33; 1 Pe 3.18, 19; Ap 6.9; 20.4. i) Deus tambm foi revelado como Esprito e Alma: Is 42.1; Jr 9.9; Mt 12.18; Jo 4.24; Hb 10.38; Am 6.8. O binmio juntas e medulas citado em Hb 4.12 como figura de diferenciao entre alma e esprito pertinente a partir de observao de que juntas e medulas so as duas partes inclusive de textura diferente: Juntas de osso e medula de massa pastosa. Qualquer cirurgia na regio da espinha sempre melindrosa. De igual modo a separao entre a alma e o esprito to delicada que s a Palavra de Deus tipo como instrumento apto. Assim como h diferena de textura de juntas e medulas, tambm h diferena entre alma e esprito.
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Hb 4.12: Porque a palavra de Deus viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra at a diviso de alma e esprito, e de juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e intenes do corao. O versculo no diz que a Palavra de Deus pode dividir a alma, o esprito e o corpo, mas que ela pode dividir alma e esprito, juntas e medulas. Visto que juntas e medula pertencem ao corpo, ou a parte material do homem, a interpretao natural que alma e esprito tambm pertencem mesma parte de uma pessoa, ou seja, parte imaterial do homem.6 O homem interior constitudo de alma, esprito, corao, carne e mente. O sopro de Deus foi o primeiro esprito humano criado por Deus. A entrada do esprito no corpo fez surgir alma - o homem tornou-se alma vivente com a entrada do esprito no corpo. Nossa concluso que a imagem de Deus a parte imaterial. Nosso Ego, nosso Eu abrange a alma, o esprito, o corao, a carne e a mente. Porm nosso intelecto (nous) responde diretamente no que diz respeito imagem de Deus no homem. Muitos leitores tendem a pensar no esprito e no corao, ou at mesmo na alma, como mais ou menos no-intelectual, preferimos a palavra mente, de forma a lembrar ao leitor que, no importa como ele a chame, a parte imaterial do homem intelectual em natureza. A mente usada tanto pelo esprito como pela alma. Gordon H. Clark estima que o termo corao denota emoo em aproximadamente dez ou no mximo quinze por cento das vezes. Ela denota vontade talvez trinta por cento das vezes; e ela significa mui claramente o intelecto em sessenta ou setenta por cento das vezes.7 A Bblia ensina que o homem consiste de duas partes a material e a imaterial. Por isso no desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia (2 Co 4.16). Todavia assim como a constituio de medula difere juntas apesar de pertencerem parte material, assim tambm esprito difere de alma apesar de pertencerem parte imaterial. Para W. Nee. Assim que o sopro de vida que se tornou o esprito do homem, tomou contato com o corpo, a alma foi produzida. As escrituras, portanto, chamam o homem de Alma vivente... desse modo o homem foi criado predominantemente como alma vivente (O Homem Espiritual pg. 23). Continua ele: Atravs do corpo temos conscincia do mundo ambiente, atravs da alma, temos conscincia de ns mesmos, e por meio do esprito temos conscincia de Deus. ...Deus habita em nosso esprito, nosso ego habita em nossa alma, enquanto os sentidos residem no corpo. Pelo seu esprito, o homem mantm intercurso com o mundo espiritual, atravs do seu corpo o homem est em contato como o mundo exterior sensitivo, afetando-o e sendo afetado por ele. A alma encontra-se entre esses dois mundos e pertence aos dois. Ela se relaciona ao mundo esprito e ao material por meio do corpo... O esprito no pode agir diretamente sobre o corpo; precisa
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CHEUNG, Vicente. Introduo Teologia Sistemtica. So Paulo: Editora Arte Editorial, 2008, p. 172. CHEUNG, Vicente. Ibid. p. 174.
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de um intermedirio; e este intermedirio a alma produzida pelo contato do esprito com o corpo. 8 Indiferentemente de sermos dicotmicos ou trictomos preciso observar que h relacionamento muito ntimo entre o esprito humano e o Esprito Santo, to ntimo que nem sempre temos certeza ao qual deles o Texto Sagrado est se referindo. O Esprito Santo opera atravs do e no esprito humano, mas isto no se diz a respeito da alma humana (Rm 8.16; Jo 4.24; Gl 5.16-18, 25). Uma alma humana pode estar perdida, mas isto no se diz do esprito (Mt 16.26). Os trs textos importantes que fazem distino entre alma e esprito so os seguintes: 1 Co 15.44: semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se h corpo natural, h tambm corpo espiritual; 1Ts 5.23: Que o prprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o esprito, a alma e o corpo de vocs sejam preservados irrepreensveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Hb 4.12: Pois a palavra de Deus viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra at o ponto de dividir alma e esprito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenes do corao. A Bblia de Jerusalm traduz 1 Co 15.44: Semeado corpo psquico ( ), ressuscita corpo espiritual ( ). Se h um corpo psquico, h tambm um corpo espiritual. O corpo atual (soma psiquikon) adaptado alma, o corpo futuro (soma pneumatikon) ser adaptado ao esprito, ser igual ao corpo glorioso de Cristo (Fp 3.21). A diferena entre o corpo atual (corruptvel, desonroso, fraco e prprio para alma) e o corpo da ressurreio (incorruptvel, glorioso poderoso e prprio para o esprito) apresenta aquilo que da perspectiva e da qualidade da alma, em contraste com aquilo que da perspectiva e da qualidade do esprito. Charles Hodge diz: No h duas substncias e , mas h uma e a mesma substncia com diferentes suscetibilidades e faculdades. A substncia de ambas espiritual, todavia h uma inexplicvel distino entre elas. Se for razovel o argumento supracitado, notemos mais esta argumentao Examinando 1 Co 15.44, verificamos que a alma e o esprito so claramente distintos. Semeia-se corpo natural (Soma psychikon), ressuscita corpo espiritual (Soma pneumatikon). Dizer, portanto que no existe diferena entre alma e esprito o mesmo que afirmar, no haver diferena entre corpo natural e corpo espiritual. Podemos dizer que h dicotomia afirmando que o homem formado de uma parte material e outra imaterial. Tambm podemos dizer que h tricotomia reconhecendo a tnue diferena entre esprito e alma.
NEE, Watchman. O Homem Espiritual vol 1. Belo Horizonte, MG: Editora Parusia, 1986, p. 23-28.
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A forma de pensar dos judeus entrou em contato com a filosofia grega fez surgir novos modos de pensar que posteriormente veio a influenciar o pensamento cristo. At a poca de Plato (427-347 a.C.), prevalecia entre os gregos a ideia de que o homem era uma dualidade constituda de corpo (parte material) e alma (parte imaterial). O corpo era visto como uma priso da alma, a qual era liberta por ocasio da morte fsica e se dirigia para o cu onde aguardava o momento de reencarnar em outro corpo. A alma era vista como a parte racional e sobrevivia independente de estar ou no encarnada. Plato ensinava que o corpo era matria perecvel, mas que a alma existia no mundo celestial em forma ou ideia pura, antes da sua encarnao no corpo humano. A alma, portanto, era incriada e imortal uma parte da deidade. O corpo a priso da alma; a alma est trancada no corpo como uma ostra na sua concha. Na ocasio da morte, a alma deixa o corpo para voltar ao mundo celestial, ou para ser reencarnada em algum outro corpo (WARD, apud EL WELL,1998, Vol. I, p. 465). Aristteles (384-322 a.C.), o maior de todos os filsofos gregos, compartilhava as mesmas ideias de Plato, mas ia mais alm. Para ele, a alma se dividia em duas partes: a alma animal (parte orgnica, que respira e comunica vida ao corpo) e a alma racional (parte intelectual). Da para a ideia de que existiam duas almas distintas foi algo quase que imediato, ou seja, o dicotomismo platnico deu origem ao tricotomismo ps-aristotlico: corpo, alma animal e alma racional.
O homem um ser dictomo: material e imaterial 1. Material: o corpo; 2. Imaterial: esprito e alma. Esprito H uma tnue diferena entre o esprito e alma. Alma Corpo
O esprito e alma esto dentro do corpo O esprito e a alma so elementos imateriais O corpo material
PINHO, G. de A. Apostila de Ps-graduao em Cincia da Religio. Londrina, PR. Seminrio Teolgico Hosana, 2012, p. 80.
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UNIDADE PSICOSSOMTICA O debate dicotomia/tricotomia acha-se agora em grande parte superado por uma nfase sobre a unidade da pessoa. Segundo a Escritura, eu no sou constitudo de partes combinadas, sejam elas duas ou trs; sou uma unidade psicossomtica. Os termos usados na Bblia, seja corpo, alma, esprito, corao ou mente, so simplesmente meios diferentes de olhar para a pessoa. significativo que as palavras traduzidas como alma (hb. Nefesh, gr. psych), embora fossem certamente usadas para distingu-la do corpo em alguns pontos (1 Rs 17.22ss; Lc 16.22ss), no geral referem-se pessoa inteira (Js 10.28ss; 1 Rs 19.14; Mt 6.26; At 27.37).10 Embora a Bblia veja o homem como um todo, ela tambm reconhece que o ser humano tem dois aspectos: o fsico e o no fsico, o material e o espiritual. Ele tem uma mente com a qual pensa, mas tem tambm um crebro, que parte do seu corpo, sem o qual no pode pensar (pelo menos enquanto est vivo fisicamente e reside no corpo). Quando as coisas no vo bem com ele, pode precisar de uma cirurgia ou de um aconselhamento. O calvinista Anthony Hoekema prefere definir o homem como uma unidade psicossomtica. A vantagem dessa expresso que podemos focar a dualidade humana (material e espiritual) e ao mesmo tempo focar a unidade do homem. O homem existe em um estado de unidade psicossomtica. Assim fomos criados, assim somos agora e assim seremos aps a ressurreio. O Plano da Redeno inclui o espiritual (alma e esprito) e o fsico (o corpo), visto que o homem no completo sem o corpo (Rm 8.23; 1Co 15.12-57). O futuro glorioso dos seres humanos em Cristo inclui igualmente a ressurreio do corpo e uma Nova Terra purificada e aperfeioada. A unidade psicossomtica o estado normal do ser humano. Na ressurreio o ser humano ser plenamente restaurado a essa unidade e se tornar, dessa forma, novamente completo. Mas devemos reconhecer que, segundo a Bblia, os crentes podem existir temporariamente em um estado provisrio separado de seus corpos atuais no interregno entre a morte fsica e a ressurreio do corpo. Esse estado intermedirio , todavia incompleto e provisrio. Aguardamos a ressurreio do corpo e a Nova Terra como apoteose do programa da Redeno Divina. O homem uma unidade, porm na morte fsica a parte imaterial (esprito/alma) separa-se do corpo ficando o Eu (Ego) restrito ao imaterial at a ressurreio. As Escrituras deixam bem claro que realmente temos uma alma distinta do corpo fsico que no s pode funcionar com relativa independncia dos nossos processos mentais (cerebrais) (1 Co 14.14; Rm 8.16), mas tambm, quando morremos, capaz de continuar conscientemente agindo e relacionando-se com Deus fora do corpo. Jesus disse ao ladro agonizante: Hoje estars comigo no paraso (Lc 23.43), embora seus corpos fsicos j estivessem beira da morte. Agonizando, Estevo sabia que imediatamente passaria presena do Senhor, pois orava: Senhor Jesus, recebe o meu esprito! (At 7.59). Paulo
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III.
MILNE, Bruce. ESTUDANDO AS DOUTRINAS DA BBLIA. 4 ed. So Paulo: Editora ABU, 1995, p. 100.
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no teme a morte, pois diz que seu desejo partir e estar com Cristo, o que incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Ele contrasta essa hiptese com a de permanecer nesta vida, que para ele permanecer na carne (Fp 1.24). De fato, diz ele que prefervel deixar o corpo e habitar com o Senhor (2Co 5.8), sinalizando a confiana em que, se ele morresse fisicamente, seu esprito subiria presena de Deus e ali desfrutaria da comunho com o Senhor imediatamente. O livro de apocalipse nos lembra que as almas daqueles que foram] [... sero] mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam (Ap 6.9) esto no cu e podem clamar a Deus pedindo justia sobre a terra (Ap 6.10; cf. tambm 20.4). Portanto, embora sejamos obrigados a concordar que, nesta vida, a Bblia nos considera uma unidade na qual corpo, alma e esprito agem juntos como uma nica pessoa, assim mesmo vir um tempo entre a morte e o dia da volta de Cristo em que nosso esprito (e alma) temporariamente existir apartado do corpo fsico.11 Conclumos que a parte imaterial do homem, vista como uma vida individual e consciente, capaz de possuir e animar um organismo fsico, chama-se ; vista como um agente racional e moral suscetvel de influncia e habitao divina chama-se . , ento, a natureza do homem com os olhos voltados para Deus e capaz de receber e manifestar o [Esprito Santo]; a natureza do homem com os olhos voltados para a terra e tocando o mundo dos sentidos. a parte mais elevada do homem relacionada com as realidades espirituais ou capaz de tais relaes; a a parte mais elevada do homem, relacionada com o corpo ou capaz de tal relao. Portanto, o homem no tricotmico, nem dicotmico, e sua parte imaterial, conquanto possua dualidade de poderes [mental e espiritual], uma unidade psicossomtica.
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GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemtica. 1 ed. So Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 398.
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IV.
Entre o carter e o gnero de vida diria dos Cristos existe uma manifesta diferena. Esta diferena reconhecida e definida no Novo Testamento. H uma possibilidade de aperfeioamento tanto nesse carter como nesse gnero de conduta diria de muitos Cristos, sendo esse aperfeioamento experimentado por todos aqueles Cristos que cumprem certas condies. Estas constituem, tambm, um tema importante na Palavra de Deus. O Apstolo Paulo, inspirado pelo Esprito, dividiu toda a famlia humana em trs classes: 1) o homem natural, aquele que no nasceu de novo, o homem que nunca se mudou espiritualmente; 2) o homem carnal, aquele que menino em Cristo e que anda conforme o homem natural; e 3) o homem espiritual. Estes grupos so classificados pelo Apstolo segundo sua capacidade em compreender e receber uma certa forma de Verdade, que nos revelada dos fatos pelo Esprito. Os homens so bem diferentes uns dos outros quanto ao fato do novo nascimento e a vida de poder e de bno divina; todavia a classificao desses indivduos revelada claramente pela atitude que tomam perante os fatos revelados. Em 1 Co 2.9 a 3.4, esta estabelecida esta tripla classificao, cuja passagem comea como se segue: Mas, como est escrito: As coisas que o olho no viu, e o ouvido no ouviu, e no subiram ao corao do homem, so as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Esprito. Apresenta-se, assim, bem clara, a distino entre os assuntos gerais do conhecimento humano que so adquiridos pela faculdade de observao, pela percepo auditiva ou pelo corao (o poder racional), e aqueles outros assuntos que se afirma serem-nos revelados pelo Seu Esprito. Aqui no h qualquer outra referncia seno aquela que ja esta includa nas Escrituras da Verdade, e esta revelao ilimitada, como nos prova a continuao da passagem citada. Porque o Esprito (Aquele que revela) penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Portanto, os homens so classificados conforme a sua capacidade para compreender e receber as profundezas de Deus. Mas ningum, por si s, pode chegar ao mago destas profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, seno o esprito do homem, que nele esta? Assim tambm ningum sabe as coisas de Deus, seno o Esprito de Deus (que as conhece). No entanto, e possvel a uma pessoa, mesmo sem auxlio (quer dizer, conduzida s por si), penetrar nos assuntos de seu semelhante, porquanto nele existe o esprito do homem. Mas no pode estender ou sair de sua esfera. No lhe possvel conhecer, por experincia prpria, as coisas do reino animal que inferior a ele; to pouco pode entrar numa esfera mais elevada e experimentar as coisas de Deus. Mesmo que o homem, s por si, no possa compreender os mistrios de Deus, o Esprito os conhece, e, por isso, todo aquele que estiver intimamente relacionado com esse Esprito, poder tambm atingir o conhecimento desses mistrios. E a passagem bblica continua: Mas ns no recebemos o esprito do mundo, mas o Esprito que provm de
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CHAFER, Lewis Sperry. O Homem espiritual. So Paulo: Imprensa Batista Regular, 1980, pp. 9-17.
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Deus, para que pudssemos conhecer o que (as profundezas de Deus, aquelas que o olho no viu, etc.) nos dado gratuitamente por Deus. Ns, (isto e, todos os salvos sem exceo) recebemos o Esprito que provm de Deus. Eis aqui uma grande possibilidade. Ficando ns to vitalmente relacionados com o Esprito de Deus, a tal ponto que Ele passa a habitar dentro de ns, possvel, devido a essa circunstncia, virmos a conhecer o que nos dado gratuitamente por Deus. S por ns, porm, jamais poderamos alcanar esse conhecimento, porque o Esprito que sabe, Ele que habita em ns e Ele que tudo nos revela. (Rm 8.16; 8.9,14; 1 Co 3.16; 6.17,19; Ef 2.12). Esta revelao divina -nos transmitida em palavras que s o Esprito Santo ensina, como o Apstolo continua expondo: As quais tambm falamos, no com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Esprito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. O Livro de Deus um Livro de palavras e as mesmas palavras que exprimem a sabedoria humana exprimem tambm as coisas que o olho no viu, e o ouvido no ouviu, e no subiram ao corao do homem. Todavia, aquele que no e ajudado pelo Esprito, no pode compreender estas profundezas de Deus, ainda que expressas nas palavras mais familiares ao homem, a no ser, repetimos, que elas sejam reveladas por esse Esprito de verdade. Mesmo assim, e avanando no conhecimento destas coisas reveladas, o progresso s alcanado quando as coisas espirituais forem comparadas com outras espirituais. Os segredos espirituais devem ser comunicados por meios espirituais. Fora do Esprito no pode haver compreenso espiritual. O Homem Natural Ora o homem natural no compreende as coisas (as reveladas ou as profundezas) do Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e nem pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente. Nesta passagem, o homem natural no censurado pela sua incapacidade. Simplesmente, o que se pretende dar e uma informao exata da realidade das suas limitaes, e a passagem prossegue ainda, determinando a causa verdadeira destas limitaes. Acabamos precisamente de ler que a revelao nos dada pelo Esprito. Conclui-se, portanto, que o homem natural impotente para discernir as coisas reveladas, enquanto no receber o Esprito que provm de Deus. Ele apenas recebeu o esprito do homem que existe nele. E ainda que ele possa, com sabedoria humana, ler as palavras, no pode, no entanto, entender o seu significado espiritual. Para ele a revelao loucura, porque no a pode conceber nem compreender sequer. Os versculos que precedem o contexto (cap. 1.18,23), explicam, de certo modo, o que a revelao divina, aquela que se diz ser loucura para o homem natural. Porque a palavra da cruz loucura para os que perecem; mas para ns, que somos salvos, o poder de Deus. Mas ns pregamos a Cristo crucificado, que escndalo para os judeus, e loucura para os gregos (gentios]. Estas palavras significam muito mais do que o simples fato histrico da morte de Cristo. Elas so o desenrolar divino da redeno da Humanidade atravs da graa que Jesus Cristo nos oferece pelo Seu sacrifcio, incluindo todas as participaes eternas que por esse meio se podem alcanar. Os princpios morais e muito
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dos ensinos religiosos da Bblia esto ao alcance da capacidade do homem natural. Bebendo nestas fontes, -lhe possvel pregar eloqentemente; sim, at mesmo com a maior seriedade, sem, no entanto, ter conhecimento de que as profundezas de Deus existem. Satans, no seu sistema falsificador da verdade, tem tambm profundezas para revelar (Ap 2.24) e doutrinas de demnios (1 Tm 4.1,2), doutrinas estas que, de certeza absoluta, no so aceitas pelos verdadeiros filhos de Deus, pois est escrito, Mas de modo nenhum seguiro o estranho, antes fugiro dele, porque no conhecem a voz dos estranhos (Jo 10.5). Contudo, as profundezas de Satans adaptam-se extraordinariamente ao cego e insensato homem natural e so, portanto, aceitas por ele. Todas as religies modernas so a prova concludente da veracidade desta reflexo. O homem perdido, ainda que instrudo com toda a sabedoria humana, e apesar da sua religiosidade e prtica, tem o entendimento fechado para o Evangelho (2 Co 4.3,4) e se lhe pedem para formular uma afirmao doutrinria, muito naturalmente apresentar uma nova teologia que, por ser to renovada, at omite o real significado daquela cruz que nos revela as profundezas de Deus. Sim, essa cruz na qual o pecado foi expiado pelo sacrifcio redentor, loucura para ele. As suas muitas limitaes como homem natural, exigem que a sua atitude seja esta mesma. A sabedoria humana no lhe pode valer, visto que tambm no foi pela sabedoria que o mundo conheceu a Deus. Por outro lado, as ilimitadas profundezas de Deus so para ser comunicadas gratuitamente quele que recebeu o Esprito que provm de Deus. Portanto, a revelao divina pode ser manifestada ao verdadeiro filho de Deus, logo que este tenha recebido o Esprito. Devemos, porm, acrescentar que um esprito exercitado um extraordinrio auxiliar; mas se o esprito treinado no tiver a presena do Mestre que habita em ns, sua capacidade intelectual nada lhe aproveitar em vir a conhecer o significado espiritual das coisas reveladas de Deus. Graves conseqncias tm surgido pelo fato de se pensar que so de valor, em matria espiritual, as opinies de uma pessoa que bem instruda em sabedoria humana. O homem natural com toda a sua cincia e sinceridade, no encontra nada mais seno loucura naquelas coisas que so reveladas pelo Esprito. Alm de que o conhecimento da cincia no pode ser substitudo pela permanncia do Santo Esprito de Deus, nem ter ligao direta com Ele, (porquanto essa sabedoria humana enche demasiadamente o obstinado Eu) . E como certo que sem o Esprito no pode haver regenerao, logo as profundezas de Deus ficam ignoradas. Quando um professor no regenerado, rejeita abertamente as verdades essenciais da salvao, que se encontram na Palavra de Deus, essas verdades, ordinariamente, so depreciadas e rejeitadas pelo aluno. Este o erro crasso de muitos estudantes das Universidades e dos liceus, hoje em dia. Geralmente, tambm se presume que o professor ou pregador, que uma autoridade em qualquer ramo ou ramos do saber humano, em virtude desse saber , igualmente, capaz de discernir assuntos espirituais. Mas no assim. Uma pessoa que no est regenerada (e
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quem mais seguramente no regenerado do que aquele que nega o fundamento e a realidade do novo nascimento?) no estar apta a receber e a compreender as mais simples verdades da revelao. Deus no uma realidade para o homem natural. Deus no ocupa todos os seus pensamentos. O homem perdido, portanto, est perturbado e procura meios para desfazer-se do sobrenatural. Para ele, a melhor resposta ao problema da origem do Universo a teoria infundada da evoluo. Para o homem regenerado, pelo contrrio, Deus real, e na confiana de que Deus O Criador e Senhor de todas as coisas, ele encontra satisfao e certeza. A capacidade para receber e compreender as coisas de Deus no se pode adquirir nas escolas, pois muitos que so ignorantes possuem essa faculdade, enquanto que outros que so doutos no a tm. um dom que nasce da permanncia do Esprito no ntimo da pessoa. Por esta razo, o Esprito tem sido concedido queles que so salvos para que possam conhecer as coisas que lhes so manifestadas gratuitamente por Deus. No entanto, entre os Cristos h alguns que permanecem sob certas limitaes por causa do seu apego as coisas do mundo. Esto incapacitados de receber alimento, mais devido sua carnalidade do que sua ignorncia. Entre os perdidos no h classificao divina, porquanto se diz serem todos homens naturais. H, contudo, duas classificaes de salvos, e no texto em anlise. O homem espiritual citado antes do homem carnal, ficando assim em contraste direto com o perdido. E este contraste tanto mais conveniente, quanto certo que o homem espiritual o ideal divino. AQUELE QUE E ESPIRITUAL (1 Co 2.15), o Cristo modelo ou normal, se no mesmo o mais comum. Mas existe, tambm, o homem carnal e ele tem que ser examinado. O Homem Carnal O Apstolo, no capitulo 3.1-4, prossegue com a descrio do homem carnal: E eu, irmos, no vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e no com manjar, porque ainda no podeis, nem to pouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vs inveja, contendas e dissenses, no sois porventura carnais, e no andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo: porventura no sois carnais?. Assim, h alguns crentes que so considerados carnais porque s podem receber o leite da Palavra, em contraste com o alimento forte; entregam-se a inveja, a contendas e a dissenses, andando segundo os homens, enquanto que do verdadeiro filho de Deus se espera que ande em Esprito (Gl 5.16), em amor (Ef 5.2) e que guarde a unidade do Esprito (Ef 4.3). Apesar de salvos, os Cristos carnais andam segundo o curso deste mundo, e so carnais porque a carne os domina (veja-se Rm 7.14). Ainda nesta mesma carta, 8.5-7, se encontra uma descrio diferente. A pessoa ali referida est na carne, e por isso no est salva; ao passo que o Cristo carnal no esta na carne; todavia, nele
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existe essa carne; Porm, vs, j no estais na carne, mas no Esprito, se que o Esprito de Deus habita em vs. Mas, se algum no tem o Esprito de Cristo, esse tal no dEle. O homem carnal, ou menino em Cristo, no capaz de suportar as profundezas de Deus, pois ainda criana; mas mesmo assim, e importante notar, a sua posio j de uma realidade tal elevada que nunca poder ser comparada com a completa incapacidade do homem natural. O homem carnal, por se ocupar pouco com o verdadeiro alimento espiritual, entrega-se a inveja e a contenda, as quais provocam divises entre os verdadeiros crentes. No se pretende fazer, aqui, qualquer aluso ao acontecimento irrefletido das divises exteriores ou as vrias organizaes. A referncia feita somente a inveja e a contenda que tinham dividido a preciosa comunho e amor dos santos. Muitas vezes as diferentes organizaes podem contribuir para que haja diferenas de classe entre os crentes, mas nem sempre assim e. 0 erro aqui apontado, e 0 que todo 0 crente comete quando segue os guias humanos. Mas, notamos com pesar que este erro no seria destrudo nem mesmo que todas as organizaes religiosas desaparecessem repentinamente da terra, ou se fundissem numa s. L em Corinto estavam presentes os seguidores de Paulo, de Cefas, ou de Apolo ou de Cristo (cf. 1.12). Estas atitudes no tinham criado, at aquele ponto, organizaes rivais, mas desunio dentro da igreja de Corinto que nascera da inveja e da contenda. A Histria, porm, prova-nos que tais desarmonias acabam sempre em organizaes rivais. O fato de eles serem divididos foi a expresso exterior do maior pecado da carnalidade e falta de amor. Pois, um Cristo glorificar-se em atitude de partidarismo e, na melhor das hipteses, conversa v, e revela a mais lamentvel falta daquele verdadeiro amor cristo que deve dimanar de todos os santos. As divises desaparecero e as suas ms conseqncias s acabaro quando os crentes tiverem amor sincero uns pelos outros. Mas o crente carnal , tambm, caracterizado por um andar que est no mesmo plano que o do homem natural. No sois porventura carnais, e no andais segundo os homens? (cf. 2Co 10.2-5). Os objetivos e as afeies baseiam-se na mesma esfera material que a do homem natural. Em contraste com este andar carnal, l-se em Gl 5.16: Digo, porm: Andai em Esprito, e no cumprireis a concupiscncia da carne. A isto se chama espiritualidade. O Homem Espiritual A segunda classificao de crentes, na passagem citada, diz respeito ao homem espiritual. Este, como os outros, tem que ser examinado em todos os requisitos que lhe so exigidos, mediante a nica prova da sua aptido para receber e compreender a revelao divina. Aquele que espiritual discerne bem todas as coisas. A ordem progressiva de todo este contexto e bem clara: Primeiro: - a revelao divina clara: Ela diz respeito as coisas que o alho no Viu, e o ouvido no ouviu, e no subiram ao corao do homem. Mas Deus as revelou pelo Seu Esprito (1 Co 2.9,10). Segundo: - a revelao sobre as profundezas de Deus, as quais ningum conhece. Porem o Esprito de Deus conhece-as (1 Co 2.10).
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Terceiro: - os crentes recebem o Esprito que tudo sabe, para que eles tambm possam conhecer os mistrios de Deus (1 Co 2.12; 1 Jo 2.20,27). Quarto: - A sabedoria divina est oculta nas prprias palavras do Livro de Deus; por isso o contedo espiritual destas mesmas palavras s compreendido quando algum capaz de comparar as coisas espirituais com as espirituais. (1 Co 2.13). Quinto: - o homem natural no compreende as coisas do Esprito de Deus, porque lhe parecem loucura; e no pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente. Ele no recebeu o Esprito que provm de Deus (1 Co 2.14). Sexto: - o Cristo carnal, esse nasceu de novo, e por conseguinte possui aquele Esprito (que fica habitando nele; contudo a sua condio carnal impede que o Esprito exera, satisfatoriamente, a Sua ao (1 Co 3.1-4). Stimo: - AQUELE QUE E ESPIRITUAL discerne bem tudo. Para ele no h qualquer limitao no reino das coisas de Deus. A revelao divina -lhe concedida gratuitamente e nela se gloria. No entanto, tambm a ele lhe permitido, como a qualquer outra pessoa, penetrar nos assuntos que so comuns ao conhecimento humano. Porquanto ele discerne todas as coisas, mas por ningum discernido nem compreendido. E como poderia ser de outra forma, se nele est a mente de Cristo? Duas grandes transformaes espirituais so possveis a experincia humana - uma a transformao do homem natural em pessoa salva, e a outra a transformao do homem carnal em pessoa espiritual. A primeira e divinamente realizada quando se tem uma verdadeira f em Cristo; a segunda quando existe uma perfeita adaptao ao Esprito. Por experincia direta, aquele que salvo, pela f em Cristo, pode, ao mesmo tempo, entregar-se completamente a Deus e comear no mesmo momento, uma vida de verdadeira submisso. Sem dvida que este o caso que sucede muitas vezes. Foi assim a experincia de Paulo de Tarso (Atos 9.4-6). Ao reconhecer Jesus como seu Senhor e Salvador, ele disse tambm, Senhor, que queres que faa?. E em tempo algum constou que ele se tenha desviado dessa atitude de submisso a Cristo. Todavia, devemos lembrar-nos de que muitos Cristos so carnais, mas para estes a Palavra de Deus d claras instrues quanto ao caminho a seguir para se tornarem espirituais. Estamos, pois, na presena de uma possvel transformao da condio carnal para a espiritual. O homem espiritual o ideal divino de vida e de ministrio, de poder com Deus e com o homem, duma constante comunho e bno. Tornar conhecidas estas realidades e as condies reveladas sobre as quais tudo pode ser realizado, eis o fim a que se destinam as pginas que se vo seguir.
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V. A PERSONALIDADE HUMANA E A TRIPERSONALIDADE DIVINA Em nenhum ponto a alma devota sente mais suas limitaes do que quando confrontada com a responsabilidade de entender a PESSOA de Deus. O homem tornou-se incapaz, parte da iluminao divina, de compreender o Criador soberano, e o salvo s recebe esse conhecimento de Deus atravs da iluminao do Esprito Santo. O estudo da personalidade humana est amalgamado ao estudo da pessoalidade divina e este por sua vez est amalgamado ao estudo da Trindade, pois Deus na sua essncia uno, Ele um ser simples, nico, no sentido que no existem nele partes componentes que, quando adicionada uma outra, componham o ser de Deus. Ele essencialmente um, porm a pluralidade de pessoas na deidade no nega a unidade essencial de Deus (R.C. Sproul). Precisamos ter o cuidado de no estabelecer a personalidade humana como padro pelo qual avaliar a personalidade de Deus. A forma original da personalidade no est no homem, mas em Deus; Sua personalidade arquetpica, ao passo que a do homem ectpica. A grande diferena entre ambos que o homem unipessoal, enquanto Deus tripessoal (Berkhof). Estamos acostumados a pensar em relao segundo a qual um ser equivale a uma pessoa. Cada pessoa que conheo no mundo um ser distinto. Entretanto, nada existe no puro conceito do ser que requeira que limitemos tal ser a uma nica personalidade, simplesmente porque estamos acostumados a pensar em uma pessoa que envolve um ser (R.C. Sproul). Na trindade, temos uma essncia (ser) e trs subsistncias. As trs pessoas da deidade subsistem na essncia divina (R.C. Sproul). Dizemos que h trs personas ou subsistncias, verdadeira e adequadamente assim chamadas, que so mutuamente distintas, cada uma possuindo inteligncia, subsistindo por si mesma e no transmitida ou transmissvel s outras, quais chamamos pessoas, de acordo com a definio que temos desse termo (Hermann Venema). As trs subsistncias, ou Pessoas, tm a mesma natureza divina (ousia ) (Hermann Venema). Deus no poderia existir em nenhuma forma a no ser a tripessoal (Berkhof). Deus no poderia contemplar-se a si mesmo, conhecer-se e comunicar-se Consigo mesmo, se no fosse trino em Sua constituio (Shedd). Cada membro da trindade uma Pessoa com aquelas faculdades e elementos constituintes que pertencem personalidade. Personalidade a soma total das caractersticas necessria para descrever o que uma pessoa (intelecto, sensibilidade e volio). Estas faculdades e elementos de Deus so perfeitos em grau infinito, mas em sua natureza mantm uma semelhana extraordinria com aquelas faculdades imperfeitas e os elementos que fazem parte do homem. Deus afirma nas Escrituras que o homem, diferentemente das outras coisas do mundo, foi criado Sua prpria imagem e semelhana (Gn 1.26,27).
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A Bblia d testemunho que o homem, os anjos e Deus, todos possuem aqueles elementos essenciais que juntos constituem a personalidade (Chafer). A alma sede da personalidade e as Escrituras revelam Deus no s como Esprito, mas tambm como Alma: Is 42.1; Mt 12.17,18; Sl 11.5; Jr 9.9 ERC; Am 6.8 ERC; Hb 10.38; Jo 4.24. Is 42.1: Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a - nefesh); pus o meu esprito sobre ele; ele trar justia aos gentios. minha alma ( Mt 12.17,18: Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaas, que diz: Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma ( - psiqu) se compraz; Porei sobre ele o meu esprito, E anunciar aos gentios o juzo. Sl 11.5: O SENHOR prova o justo; porm ao mpio e ao que ama a violncia odeia a sua alma ( - nefesh). Jr 9.9: Porventura por estas coisas no os castigaria? diz o SENHOR; ou no se vingaria a minha alma ( - nefesh) de nao tal como esta?. Am 6.8: Jurou o Senhor Jeov pela sua alma ( - nefesh). Hb 10.38: Mas o justo viver da f; E, se ele recuar, a minha alma ( - psiqu) no tem prazer nele. Jo 4.24: Deus Esprito ( - pneuma), e necessrio que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade. A verdade fundamental de toda a Escritura o fato de que Deus um Deus que subsiste em trs pessoas. Na trindade temos uma essncia (ousia - um s Esprito) e trs almas, ou Pessoas, e aps a encarnao um corpo (o do filho). VI. IMAGEM E SEMELHANA DE DEUS (Gn 1.26; Lc 1.46, 47; Is 26.9; Rm 8.16; Cl 3.16; 1 Ts 5.23; Gn 5.1; 9.5; 1 Co 11.7; Tg 3.9). O tema a imagem de Deus, tem uma importncia considervel na Teologia. No Antigo Testamento no aparece seno em Gn 1.26, 27; 5.1-3; 9.6. A palavra imagem (elem) significa a expresso da realidade. Podemos afirmar que significa sombra; a sombra tem uma semelhana com a pessoa, mas no exatamente uma cpia da pessoa. A imagem pode ser entendida tambm como uma cpia detalhada do original. Torna-se pertinente agora indagar o que a Bblia quer dizer quando declara que o homem foi feito ) e semelhana (demut imagem e semelhana de Deus. As palavras imagem (lem = = ) , alm de serem a representao exata dos fatos, tambm transmitem tudo o que a linguagem poderia transmitir sobre aquilo que predominante e supremo dentro do entendimento humano. Muito j se escreveu tendo em vista demonstrar alguma diferena vital entre o significado dessas duas palavras. Tais esforos tm falhado em estabelecer qualquer distino explcita, embora distines existam. No costume dos Escritores da Bblia a multiplicao de palavras quando no existe distino. Em que, ento, esta imagem e semelhana consistem? Conforme Gn 1.27, sabemos que Deus criou o homem
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sua imagem e semelhana; logo, a constituio do homem, espiritualmente falando, semelhante de Deus, que possui Pessoalidade e Esprito Perfeito. Como imagem e semelhana j carregavam esses significados, as Escrituras no precisam dizer algo como: O fato de ser o homem imagem de Deus significa que o homem como Deus nos seguintes aspectos: capacidade intelectual, pureza moral, natureza espiritual, domnio sobre a terra, criatividade, capacidade de tomar decises ticas e imortalidade [ou alguma declarao equivalente].13 A revelao de Deus traz evidncia de que, intelectualmente o homem se parece com Deus, porque, se no houvesse conformidade na estrutura mental, seria impossvel a comunicao de um com o outro, e no poderia haver tal revelao. O fato de Deus manifestar-se ao homem prova que o homem pode receber e compreender esta revelao e manifestao. O homem tem esprito e Deus Esprito, o homem uma pessoa e Deus tambm possui Pessoalidade. A imagem acha-se no esprito (Rm 8.16) e a semelhana entre um e outro se acha na alma, naquilo que o homem na sua natureza pessoal (Is 42.1; 26.9; Am 6.8). De acordo com a Bblia, Deus criou o homem sua imagem: Criou Deus o homem sua imagem, imagem de Deus o criou (Gn 1.27). Seja o que for que imagem de Deus signifique, ela no pode se referir a alguma coisa que ele prprio no possua. Visto que foi provado que Deus incorpreo, a imagem no deve, portanto, estar relacionada com o corpo do homem. Em que consiste, ento, a semelhana divina no homem? Deus Esprito; o homem esprito e corpo. No entendemos, portanto, porque deveria haver especulaes a respeito da questo. Os escritores do Novo Testamento entenderam perfeitamente a natureza da imagem divina no homem original (Jo 4.24; Ef 4.24; Cl 3.10). Deuteronmio 4.15-18 diz que Deus no tem forma alguma e, portanto, proibido fazer qualquer dolo ou imagem para representar a Deus, mesmo que seja na aparncia de um ser humano:
No dia em que o SENHOR lhes falou do meio do fogo em Horebe, vocs no viram forma alguma. Portanto, tenham muito cuidado, para que no se corrompam fazendo para si um dolo, uma imagem de alguma forma semelhante a homem ou mulher, ou a qualquer animal da terra, a qualquer ave que voa no cu, a qualquer criatura que se move rente ao cho ou a qualquer peixe que vive nas guas debaixo da terra.
claro que a imagem e a semelhana divina se acham na personalidade do homem. Deus se apresenta como Pessoa atravs de todas as Escrituras do Velho Testamento. H duas caractersticas essenciais da personalidade: a conscincia prpria e a direo prpria.
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GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemtica. 1 ed. So Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 365.
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certo que a imagem divina no homem no significa uma representao perfeita de Deus. Todavia, o salmista ousadamente declara que ele foi feito pouco abaixo de Deus (8.5). Podemos verificar, pelas Escrituras, que Deus e o homem tm os seguintes caractersticos em comum: as faculdades de sentir, raciocinar e querer. Ora, Deus tem estes poderes em absoluta perfeio. Nota-se, todavia, que ele no precisa raciocinar, como ns, para descobrir a verdade por um processo de lgica. Mas a Bblia nos revela o fato de que Deus freqentemente ajuda os seus mensageiros, no processo de raciocinar e esclarecer as mensagens divinas dirigidas aos seus ouvintes (Sl 94.9; Ams 3.2; Is 1.18) e em todos os apelos inteligncia do homem. pela faculdade de raciocinar que o homem progride na aquisio do conhecimento das leis da natureza, e de todas as cincias. A criao proclama a inteligncia do Criador. Confiando na inteligncia, na coerncia e na bondade do Criador, o homem investiga, experimenta e descobre como Deus opera atravs das obras da criao e aprende a cooperar com as leis de Deus na natureza fsica, utilizando, assim, as foras e as riquezas da natureza para o seu prprio benefcio. O cientista depende da integridade do Criador quando faz experincias com a misteriosa eletricidade, ou quando lana um satlite no espao exterior. Embora limitado na capacidade de raciocinar, o homem, no processo de adquirir novos conhecimentos, vai sujeitando a terra e aproveitando as suas riquezas.14 A mente racional do homem a semelhana de Deus e seu ponto de contato com ele. As qualidades intelectuais do homem so evidentes desde o princpio de Gnesis. Deus o abenoou em Gnesis 1.28-30, dando-lhe domnio sobre a natureza por um pronunciamento verbal. Ado cuidou de Eva, no por instinto, mas em obedincia s instrues verbais de Deus. Ele deu ao homem um mandamento moral em Gnesis 2.16, proibindo-o de comer da rvore do conhecimento do bem e do mal, mas permitindo que comesse de todas as outras. O homem foi advertido de que violar tal mandamento resultaria em sua morte. Somente uma mente racional poderia entender conceitos tais como dever, pecado e morte.15 A imagem e semelhana de Deus assexuada. 16 Quando perguntamos se Deus do sexo masculino, muitos se mostram claramente inseguros. Afinal de contas, no nos dirigimos a Deus como Pai? No empregamos continuamente o pronome pessoal Ele ao referir-nos a Deus? Considere a resposta de Jernimo. inconcebvel que exista sexo entre as agncias de Deus, desde que mesmo o Esprito Santo, de acordo com o uso da lngua hebraica, expresso pelo gnero feminino (ruach); em grego, no neutro (to pneuma); em latim, no masculino (spiritus). Disto
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CRABTREE. A. R. TEOLOGIA DO VELHO TESTAMENTO. 2 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1977, p. 141. CHEUNG, Vicent. Teologia Sistemtica. www.monergismo.com. p. 98. 16 HALL, Christopher A. LENDO AS ESCRITURAS COM OS PAIS DA IGREJA. 2 ed. Viosa: Editora ULTIMATO. p. 127,128.
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devemos entender que, quando h discusso sobre o acima citado e alguma coisa registrada no masculino ou feminino, isto no tanto uma indicao de sexo, mas uma expresso do idioma da linguagem. Porque o prprio Deus, o invisvel e incorruptvel, representado em quase todas as linguagens pelo gnero masculino, e portanto o sexo no se aplica a Ele. Aps a ressurreio dos justos todos seremos assexuados. O corpo espiritual ser tambm assexuado. Seremos como os anjos, portanto a imagem e semelhana jaz no esprito e na alma. Assim sendo, a imagem natural entre Deus e o homem durar para sempre, porque o homem no poder jamais deixar de ser um esprito como Deus o . Da mesma forma, a semelhana natural entre Deus e o homem perdura sempre, porque o homem no poder jamais deixar de ser uma pessoa como Deus o . O esprito no homem corresponde ao Esprito do seu Criador, e sustentado por Ele. Foi declarado que o esprito do homem, o esprito que est nele, s ele conhece as coisas relacionadas com o homem, , portanto anlogo ao Esprito Divino, que o nico que conhece as coisas de Deus (1 Co 2.11). Esta analogia , junto com outro texto, fortalecida com a idia da correspondncia ou comunicao. O prprio Esprito (PNEUMA - ) testifica com o nosso esprito (PNEUMA - ) que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Podemos deduzir, a partir dessas passagens, sem medo de errar, que a Bblia considera o esprito humano anlogo ao Esprito de Deus; e alma humana anloga a Alma Absoluta e Eterna de Deus. A conscincia do homem um aspecto essencial da semelhana divina. Conclumos: 1. O homem tem esprito e uma alma (Lc 1.64, 47; Is 26.9; J 10.8-10; 27.3; 32.8; 33.4). 2. Somos a imagem de Deus no esprito. O esprito humano anlogo ao Esprito Absoluto e Eterno que Deus (Rm 8.16; 1 Co 2.11; Cl 3.10; Ec 7.29). O esprito a sede da imagem de Deus no homem, imagem perdida com a queda, mas que pode ser restabelecida por Jesus Cristo (Cl 3.10; 1 Co 15.49; 2 Co 3.18). 3. Somos a semelhana de Deus na alma. A alma humana e anloga Alma Absoluta e Eterna de Deus. Temos as mesmas faculdades que Deus tem (Intelecto, Emoo e Vontade), mas estas faculdades nele so perfeitas (Hb 10.38; Mt 12.18; Is 42.1; 26.9; Lc 1.46, 47; Am 6.8). O homem uma pessoa como Deus Pessoal. Precisamos ter o cuidado de no estabelecer a personalidade humana como padro pelo qual avaliar a personalidade de Deus. A forma original da personalidade no est no homem, mas em Deus; Sua personalidade arquetpica, ao passo que a do homem ectpica. A grande diferena entre ambos que o homem unipessoal, enquanto Deus tripessoal (Berkhof). Cada membro da trindade uma Pessoa com aquelas faculdades e elementos constituintes que pertencem personalidade. Personalidade a soma total das caractersticas necessria para descrever o que uma pessoa (intelecto, sensibilidade e volio). Estas faculdades e elementos de Deus so perfeitos em grau infinito, mas em sua natureza mantm uma semelhana extraordinria com aquelas faculdades imperfeitas e os elementos que fazem parte do homem. Deus afirma nas Escrituras que o homem, diferentemente das outras coisas do mundo, foi criado Sua prpria imagem e semelhana
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(Gn. 1.26,27). A Bblia d testemunho que o homem, os anjos e Deus, todos possuem aqueles elementos essenciais que juntos constituem a personalidade (Chafer). 4. No sabemos se Deus tem um corpo, mas ns temos um corpo psquico (terreno), (Soma Psiquikon - ), corpo almtico, todavia teremos um corpo espiritual e glorificado (Soma Pneumatikon - ). (1 Co 15.39-54; Fp 3.21; 1 Jo 3.2). 5. Deus foi revelado na Bblia como Esprito (PNEUMA) e como alma PSIQU). Is 42.1; Mt 12.18; Jo 4.24; Hb 10.38; Sl 11.5; Jr 9.9; Am 6.8; 2 Co 3.17, 18. Is 42.1: Eis o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz. Porei nele o meu Esprito, e ele trar justia s naes. Mt 12.18 : Eis o meu servo, a quem escolhi, o meu amado, em quem a minha alma tem prazer. Porei sobre ele o meu Esprito, e ele anunciar justia s naes. Hb 10.38: Mas o meu justo viver pela f. E, se retroceder, a minha alma no se agradar dele. Sl 11.5: O Senhor prova o justo, mas o mpio e a quem ama a injustia, a sua alma odeia. Jr 9.9: Deixarei eu de castig-los?, pergunta o Senhor. No se vingaria a minha alma de uma nao como essa? (RC). Am 6.8: Jurou o SENHOR pela sua alma, o SENHOR, o Deus dos Exrcitos: Eu detesto o orgulho de Jac e odeio os seus palcios; entregarei a cidade e tudo o que nela existe (RC). Para Paulo, a imagem de Deus no homem significa geralmente aquela semelhana com Deus que Cristo restaura no homem unido a Ele pela F e pelo batismo; esta imagem aumenta por meio da vida vivida em unio com Cristo, e chega sua plenitude definitiva com a salvao escatolgica (1 Co 15.46-49; Cl 3.9, 10; 2 Co 3.18; Rm 8.29; 1 Jo 3.2). Somente Cristo a imagem verdadeira de Deus. Ser semelhante a Deus ser semelhante a Cristo (Cl 1.15; 2 Co 4.4; Hb 1.3). A semelhana do homem com Deus , portanto, participao na semelhana de Cristo com Deus na Graa e na F. O grande propsito do Criador realizar a redeno e restaurao desta imagem no homem at que seja perfeito como se observa em Cristo (2 Co 3.18; Rm 8.29; Cl 3.10; 1 Jo 3.2). Calvino achou que uma profunda depravao alienou o homem de Deus, mas que existe um remanescente dessa imagem. Ela foi destruda, diz ele, no sentido de ter sido radicalmente pervertida. Para Lutero, a imagem era apenas um conjunto de qualidade morais, intelectuais e espirituais que o homem tinha antes da Queda e que depois dela ningum experimentou. Karl Barth acha que essa imagem foi completamente destruda. Pherson disse: Se a imagem tivesse sido perdida, o homem teria deixado de ser homem. Emil Brunner, acertadamente diz: verdade que a imagem de Deus no homem tem sido destruda, mas uma relquia tem permanecido... Esta essncia de ser pessoa, certamente no est perdida.
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Finalizando, podemos dizer que a imagem foi terrivelmente desfigurada, pervertida, muito prejudicada, mas no perdida. Deus Esprito (Jo 4.24); o homem possui esprito (Zc 12.1; Rm 8.16; l.9). A imagem de Deus h de voltar sua perfeio na expressa imagem, da Pessoa de Deus, o Senhor Jesus. A perfeio absoluta s ser alcanada na eternidade, aonde chegaremos a estatura de varo perfeito. O homem, apesar do pecado original e de seu pecado pessoal, ainda um ser que carrega cunhada em si a imagem de Deus; embora desfigurada e manchada. A imagem no est aniquilada no homem. Est pronta para receber a Nova Vida em Cristo Jesus. Levando em considerao que as palavras imagem e semelhana no so to sinnimas e que como j foi dito anteriormente, a imagem est no esprito (pneuma - Rm 8.16); a semelhana deve cair na alma, e a essncia da alma a personalidade, podemos afirmar tambm, que a semelhana natural entre Deus e o homem perdurar para sempre, porque o homem no poder jamais deixar de ser uma pessoa como Deus uma Pessoa (ou melhor, tripessoal). evidente que com a Queda esta tambm foi afetada, como foi o esprito humano, mas que na regenerao foi e est sendo regenerada e que na ressurreio (1 Co 15.49) esta restaurao ser global e radical (Tg 1.21). VII. TRICOTOMIA HUMANA: ESPRITO, ALMA E CORPO Para fins didticos usaremos o conceito trictomo observando a tnue diferena entre o esprito e a alma. O homem um ser trictomo, isto , constitudo de trs partes: 1Ts 5.23: Que o prprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o esprito, a alma e o corpo de vocs sejam preservados irrepreensveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Hb 4.12: Pois a palavra de Deus viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra at o ponto de dividir alma e esprito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenes do corao.
O HOMEM
ESPRITO
ALMA
CORPO
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1 Co 15.44: Semeado corpo psquico (sma psiquikon - ), ressuscita corpo espiritual (sma pneumatikon - ). Se h um corpo psquico, h tambm um corpo espiritual (BJ). 1. Corpo (bassar, sma): 2 Co 4.16; 5.1-8. O corpo nos torna cnscios deste mundo, a alma nos torna cnscios de ns mesmos, e o esprito cnscios de Deus. O Corpo a parte inferior do homem; feita do p da terra (Gn 2.7). : Gn 2.24; 1Rs 21.27; Sl 83.3; 119.120; Pv 4.22. a) Hebraico Bassar (baar) - Aparece 273 vezes no Velho Testamento; 104 vezes refere-se a animais. Os hebreus faziam
uma distino clara entre o esprito e a carne (bassar) do homem. O homem carne (bassar ), animado pelo esprito (ruah), assim se tornando uma alma ou ser vivente (nephesh).
b) Grego Sma - (1Co 15.44-49; 2Co 4.7.10; 10.10; Mt 5.29, 30). CONCEITO: No Antigo Testamento no h nenhum termo nico que corresponda ao do Novo Testamento - SMA - ; o corpo fsico distinto da alma. Os termos em hebraico, BASSAR - ( carne), em Lv 14.9; 15.2; NEBELA - ( cadver), em 1 Rs 13.22, 24; e GEWYA - , em 1 Sm 31.10, 12 esto entre os mais freqentes traduzidos por SMA, na LXX, e por corpo, em algumas tradues em portugus. No Novo Testamento, a palavra corpo usada cerca de 150 vezes. Esta palavra pode servir como traduo de KOLON - (membro: Hb 3.17); de CHROS - (pele: At 19.12); de SARX - (carne: Cl 2.5; Hb 9.10); de PTOMA - (cadver: Mt 14.12; Mc 6.29; 15.45; Ap 11.8, 9); e de SMA (corpo - aproximadamente 140 vezes). DEFINIO: Alma a parte material do homem que foi formada em inteireza do p da terra, que recebeu aquela parte divina que transmitiu vida. O Sopro de Deus que se tornou o esprito do homem, era diferente das outras formas de vidas que havia no mundo criado por Deus. Esse hlito foi uma vida infinita, uma vida no sujeita morte, embora, como penalidade pelo pecado o corpo morreu. Esta vida assoprada no deve ser confundida como o DOM GRATUITO DE DEUS QUE A VIDA ETERNA EM CRISTO JESUS NOSSO SENHOR (Rm 6.23). Este ltimo a transmisso da regenerao e livremente concedido a todo aquele que cr para a salvao da alma. Com sua simplicidade incomparvel e sublime, a Palavra de Deus declara que Deus formou o corpo do homem do p da terra. Quimicamente, isto verdade. A cincia declara que 18 elementos do solo se encontram representados no corpo humano. Assim podemos ver que o testemunho da cincia reitera a revelao bblica de que o corpo humano formado da terra terreno (1 Co 15.47-19), e que o esprito do homem, como tesouro est escondido em vasos de barro (2 Co 4.7; 5.1-8; Gn 3.19; 2 Co 12.2; Tg 2.26). 1.1. OS CORPOS FSICOS. Alm do corpo humano, a Bblia faz meno de corpos de animais (Gn 15.11; Jz 14.8,9; Dn 7.11; Hb 13.11; Tg 3.3). Somente uma passagem refere-se ao corpo de uma planta (1 Co 15.37, 38). Alm disso, h uma referncia aos corpos terrestres e celestiais (1Co 15.40). Embora no haja nenhuma referncia especfica a anjos que tenham corpos,
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sua aparncia deve ser semelhante dos homens, porque s vezes so confundidos com eles (Gn 18.2, 16; Ez 9.2; Dn 10.5, 6,10,18; 12.6,7; Ap 20.1). 1.2. O CORPO TERRESTRE (1 Co 15.40 - ). O uso lingstico predominante na Bblia refere-se ao corpo humano. Tornou-se evidente pensar no corpo como algo mais que o corpo fsico; a pessoa como um todo. Todavia este conceito tem sido desafiado por R.H. Gundry, que examina o uso de SOMA na literatura extra bblica, e conclui que a palavra aplica-se ao corpo fsico do homem. Outro termo referente ao corpo fsico CARNE (SARX - ). SARX pode referi-se substncia fsica do homem (Jo 3.6; Gl 2.20; 4.13; Fp 1.22, 24) ou de Cristo (Cl 1.22; Rm 8.3). Embora SOMA, como SARX esteja sujeito s concupiscncias (Rm 6.12) e seja mortal (Rm 6.12; 8.11; 2 Co 4.11), ele diferente em vrios aspectos: a) O corpo que pode ser transformado, pois a habitao do E. Santo (Rm 8.11; 1Co 6.19), ao passo que na CARNE no habita nada de bom (Rm 7.18). b) O corpo para o Senhor e deve glorific-lo (1Co 6.13, 20). Mas a CARNE no pode agradar a Deus (Rm 8.8). c) O corpo deve ser instrumento da retido, e no do pecado (Gl 5.13). A carne inimizade contra Deus (Rm 8.7; Gl 5.16, 17). d) O corpo aguarda a Redeno e a Ressurreio (Rm 8.23; 1 Co 15.39-45), ao passo que a CARNE no pode ser ressuscitada (1 Co 15.50), mas est destinada para a morte. e) Visto que o corpo ser ressuscitado, ele comparecer diante do Tribunal de Cristo para ser julgado segundo as aes feitas atravs dele (2 Co 5.10). A diferena essencial entre o CORPO e a CARNE que o CORPO pode ser transformado e a CARNE no pode. O corpo pode ser usado como instrumento do pecado ou da justia, mas a CARNE no pode ser instrumento da justia, mas somente do pecado. J.A.T. Robinson resumiu a questo: Ao passo que SARX representa o homem, na solidariedade da criao, no seu distanciamento de Deus. SOMA representa o homem na solidariedade da criao, como feito para Deus. O homem mais do que um mero corpo: fsico e imaterial; o corpo mais a alma, mais o esprito. A alma no prisioneira do corpo; pelo contrrio, o corpo instrumento, atravs do qual a parte imaterial (alma + esprito) se expressa. As partes material e imaterial esto em p de igualdade. As duas precisam da REDENO e vivem eternamente. O homem no apenas o corpo ou apenas alma/esprito, mas a combinao deles. O CORPO RESSURRETO. Quando a pessoa morre, ocorre a separao entre a parte imaterial e a parte material. Na ocasio da morte, a parte material ou fsica continua a existir, embora esteja em processo de decadncia. Para o cristo o corpo considerado adormecido, aguardando a Parusia do Senhor (1 Co 15.6, 18; 1 Ts 4.13-16). A parte imaterial, pelo menos para o 1.3.
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cristo, parte imediatamente para estar com o Senhor (2 Co 5.6-8). Visto que uma pessoa tanto imaterial quanto material, muitos pensam que entre a morte e a ressurreio h um corpo intermedirio. Porm, esta teoria, baseia-se em Lc 16.19-31; Ap 6.9-11; 20.4, 2 Co 12.2-4, e ningum pode ser extremamente dogmtico quanto natureza do estado intermedirio. Paulo descreve o corpo ressurreto (1 Co 15.35-49). Ele contrastado com o corpo almtico, que descrito com o corpo da alma (soma psiquikon) ou corpo material governado pela alma. Na criao, Deus fez o homem do p da terra e soprou nas suas narinas o flego de vidas (nishmat hayim), e ele se tornou uma alma vivente (Gn 2.7; Is 43.7; 1 Co 15.45). O corpo do homem foi projetado para existncia terrestre e mortal, teria imortalidade fsica se comesse da rvore da vida, por causa da queda adquiriu morte fsica. O corpo ressurreto descrito como um corpo espiritual (soma pneumatikon 1 Co 15.44). Isto no descreve a sua composio, pelo contrrio, declara que corpo material governado pelo esprito. imortal e projetado para uma existncia celestial (1 Co 15.5053). O corpo ressurreto ser matria que poder ser observada, porque Paulo demonstrou a Ressurreio de Cristo com base em muitas pessoas que tinham visto Cristo no Seu Corpo Ressurreto (1 Co 15.5-8). Alm disso, nas narrativas dos Evangelhos e em Atos, Cristo foi visto pelos seus discpulos (Mt 16.20; 28.9, 10; Mc 16.9, 12, 14-18; Lc 24.13-52; Jo 20.14-29; At 1.11). Embora o corpo ressurreto de Cristo tivesse algumas semelhanas com o corpo almtico nos fatos de que Ele respirava (Jo 20.22), comia (Lc 240.42, 43) e era reconhecido (Jo 20.27-29), tambm era diferente porque Ele nem sempre era imediatamente reconhecido (Lc 24.16-31; Jo 20.14; 21.4); Ele podia atravessar portas e paredes (Jo 20.19, 26; Lc 24.36) e cobrir distncias grandes rapidamente (Mt 28.7-10). Em resumo: embora os corpos pr e ps-ressurreio sejam contrastados por Paulo pelos termos perecvel e imperecvel, desonra e glria, fraqueza e poder, da alma e do esprito (1 Co 15.42-44), os dois no deixam de ser fsicos ou materiais. O corpo atual est adaptado alma, sendo soma psiquikon, enquanto que o futuro corpo (soma pneumatikon) ser adaptado ao esprito. Considerando que o corpo da ressurreio ser igual ao corpo do Cristo Glorificado e considerando que o corpo adaptado ao esprito, segue-se que o esprito do homem almeja aqueles requintes indescritveis que caracterizam o corpo glorificado de Cristo. O corpo atual (almtico) de humilhao ou limitaes, mas aquele satisfar todo o desejo do esprito (1 Co 15.42-50; Fp 3.20, 21; 1 Jo 3.1, 2). 2. A Alma A alma a sede da personalidade, aquele princpio inteligente que anima o corpo e usa os sentidos fsicos como agentes na explorao das coisas materiais, e todos os rgos do corpo para expressar-se e comunicar-se com o exterior. A alma sede da percepo, do desejo do prazer e do desfrutamento. A alma o prprio homem, aquilo em que reside sua identidade e personalidade. o Ego (Charles Hodges). De certa forma a personalidade no est s na alma. O Eu ou Ego reside no homem completo esprito,
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alma e corpo. O lxico de Arnadt Gingrich define o esprito como parte da personalidade humana. Quando se faz referncia ao homem em sua relao com Deus, ruah (esprito) o que mais provavelmente ser usado..., mas quando se faz referncia ao homem em relao a outros homens, ou o homem vivendo a vida comum, ento nefesh (alma) mais provvel, se um termo psquico exigido. Tanto um como outro caso envolve o homem todo (W. D. Stacey). Leia: Lc 1.46; Is 26.9; Sl 139.14; Lm 3.20; Pv 2.10; 3.21, 22, 24; 1 Sm 18.1; Ct 1.7; J 10.1; Mt 12.18; Sl 86.4; 42.5; Jn 2.7. A palavra hebraica Nefesh - e a grega Psiqu - . PSIQU aparece 102 vezes no Novo Testamento; 37 nos Evangelhos sinpticos, 10 em Joo, 15 em Atos, 13 nas cartas paulinas, 6 em Hebreus, 6 em 1 Pedro, 2 em Tiago, 2 em 2 Pedro, 2 em 1 Joo, 1 em 3 Joo e 7 em Apocalipse (Mt 10.39; 16.25; 20.28; Mc 8.35; Lc 9.24; 17.33; 14.26; 12.29-21; Jo 12.25; At 2.27; Tg 1.8 (DIPSIQUIKOS); 1.21; 5.20; Jd 19 PSYQUIKOS; Ap 6.9; 8.9; 12.11; 16.3; 18.13, 14; 20.4). Nefesh aparece 755 vezes no Velho Testamento. O homem segundo a Bblia possui corpo, esprito e alma. Por que o esprito e o corpo so insuficientes? Por que tambm necessria a alma? porque a alma precisa colocar-se entre os dois para servir de intermediria. O que Deus deseja que saibamos nos dado a conhecer pela intuio no esprito, pois ele o rgo que tem conscincia de Deus; ele que nos capacita a comunicar-nos com Deus e conhec-lo. Deus nos deu o corpo para que tenhamos contato com o mundo, sentindo assim as coisas que nele existem. Mas a alma foi criada para autoconscincia, para que tivssemos conscincia de ns mesmos. Ns seres humanos no somos espritos incorpreos como os anjos. Temos o esprito e o corpo, juntamente com a alma que serve de intermedirio entre os dois. Desta maneira tudo que pertence ao esprito e ao corpo expressa-se atravs da alma. O corpo representa a conscincia do mundo exterior; a alma, a conscincia prpria; o esprito, a conscincia de Deus (W. Nee). William Barclay falando sobre a alma afirma: 17 A alma (Psiqu - psuche) o princpio da vida fsica. Falando claramente, toda criatura vivente tem psuche. O animal tem uma psuche; pode at ser dito que as plantas e as coisas que crescem tm psuche; tudo quanto vive tem psuche. Psuche aquilo que liga o homem criao animal, da qual ele participa com uma parte do seu ser. Por aquela razo Paulo pode usar a palavra psuche de duas maneiras populares, que tm estreita afinidade com nosso uso coloquial. (a) Pode us-la no sentido de uma pessoa viva, da mesma maneira que poderamos dizer: No vi nenhuma viva alma, ou como poderamos chamar uma pessoa triste de pobre alma. As verses modernas do NT obscurecem corretamente, este fato, mas a ARC o conserva: A tribulao e angstia viro sobre toda a alma do homem que obra o mal (Rm 2.9). Aqui, as verses modernas se referem ao ser humano (subentendido em BV
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BARCLAY, William. As obras da Carne e o Fruto do Esprito. 1 ed. So Paulo: Edies Vida Nova, 1985, p. 16,17.
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e BLH). Assim, a ARC diz: Toda a alma esteja sujeita s potestades superiores (Rm 13.1), sendo que nesta passagem a ARA diz simplesmente homem. Neste uso, psuche simplesmente significa uma pessoa vivente, conforme diramos, por exemplo, que um navio afundou com trezentas almas a bordo. (b) s vezes usa psuche simplesmente no sentido de vida, uso este que at as tradues mais antiga obscurecem. Diz a respeito de quila e Priscila que expuseram suas cabeas pela vida dele, onde a palavra traduzida vida psuche (Rm 16.40). Diz a respeito de Epafrodito que arriscou sua vida para completar o servio dos filipenses a ele, onde, mais uma vez, a palavra psuche (Fp 2.30). A conexo bsica no pensamento de Paulo entre psuche e a vida fica bem clara (William Barclay). Vrios sentidos para alma: a) A alma parte no momento da morte (Gn 35.18; 1Rs 17.21; 19.4). b) A alma significando sangue (Dt 12.23; Lv 17.14 alma = vida). c) A alma significando pessoa (1Pe 3.20; At 27.37; Rm 2.9; Tg 5.20; Rm 13.1; Lc 12.19 - Ego = Eu = Alma; Lc 9.24, 25; Mc 8.34-38). d) A alma significando corao (Pv 14.10; J 19.27; Sl 7.9; Jr 17.9). Porque a vida (1iteralmente alma) da carne est no sangue (Lv 17.11). As Escrituras ensinam que, tanto no homem como no irracional, o sangue a fonte e o depositrio da vida fsica. (Lv 17.11; 3.17; Dt 12.23; Lm 2.12; Gn 4.10; Hb 12.24; Jo 24.12; Ap 6.9,10; Jr 2.34; Pv 28.17). Vamos citar as palavras de Harvey, mdico ingls, descobridor da circulao do sangue: o primeiro rgo a viver e o ltimo a morrer; a sede principal da alma. Ele vive e nutre-se de si mesmo, e por nenhuma outra parte do corpo. Em Atos 17.26 e Jo 1.13 o sangue se apresenta como a matria original de onde surge o organismo humano. Usando o corao como bomba, e o sangue como meio da vida, a alma envia vitalidade e nutrio a todas as partes do corpo. O lugar que a criatura ocupa na escala da vida determina o valor do seu respectivo sangue. Primeiro vem o sangue dos animais; porm de valor maior o sangue do homem, porque o homem tem a imagem de Deus. (Gn 9.6). De estima especial o sangue dos inocentes e dos mrtires. (Gn 4.10; Mt 23.35). O mais precioso de todos o sangue de Cristo (1 Pedro 1.19; Hb 9.12), de valor infinito por estar unido com a Divindade. Pelo plano benigno de Deus, o sangue tornou-se o meio de expiao, quando aspergido sobre o altar de Deus. Pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiao pelas vossas almas; porquanto o sangue que far expiao pela alma (Lv 17.11). 18 e) A origem da Alma (Gn 2,7; Nm 16.22; 27.3; 10.8-12: 33.4; Sl 104.29; 139.13-16; Ec 11.5; 12.7; IS 57.16; Jr 38.16; Zc 12.1; Hb 12.9). Nossa alma no recebida diretamente; ela foi produzida depois que o esprito entrou no corpo (Gn 2.7). No existe discordncia quanto origem da alma de Ado; a discordncia que h quanto origem da alma dos descendentes deste. (Ver sobre a origem da alma).
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MYER, Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bblia. 6 ed. EUA: Editora VIDA, 1977, p. 78.
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AS PROPRIEDADES DA ALMA: a) Movimento; b) Observao; c) Percepo; d) Incorporealidade. OS CINCOS INSTINTOS DA ALMA EXPRESSOS ATRAVS DO CORPO: 1. O instinto da autopreservao. Capacita o homem a cuidar de si mesmo. 2. O instinto da fome e da sede. Conduz o homem busca de alimentos para a sua satisfao. 3. O instinto da reproduo. o que obedece a lei da multiplicao da espcie humana. 4. O instinto de aquisio. o que conduz o homem aquisio de provises para a sua sobrevivncia. 5. O instinto do domnio. o que conduz o homem ao exerccio de iniciativa prpria (Gn 1.26; Sl 8.6-8; Tg 3.7, 8). Os sentidos mentais 19 Portais para o seu subconsciente Feche os olhos por um momento e escute uma voz dizendo dentro da sua mente: Seus olhos so muito bonitos! (ou alguma outra frase legal que lhe venha). De onde veio o som da voz? Para que voc oua algo externo, deve haver vibraes no ar, que entram pelo ouvido at chegar ao seu crebro. Assim, se no foi pelo ouvido, como voc ouviu a voz? Agora, pense um pouco no que gostaria de fazer no fim de semana: um cinema? Namorar? Ih, tem que trabalhar ou estudar? Voc certamente viu cenas, imagens de voc fazendo alguma coisa, mesmo que no tenha nada ainda definido. De onde vieram as imagens? Para que voc veja algo externo, seus olhos devem receber luz, que seguem um complexo caminho at o crtex visual. Assim, se no foi pelos olhos, como voc viu as imagens? H atualmente uma discusso cientfica sobre outros sentidos que teramos; enquanto eles resolvem, vamos fazer algo prtico e de aplicao imediata, mostrando que voc tem pelo menos mais dois sentidos. Nossa demonstrao experiencial: acreditamos que, se podemos comprovar algo pela experincia e, principalmente, perceber de forma sustentada a utilidade desse algo, podemos dispensar aparelhos e medies. Os sentidos a que nos referimos, e que conduzimos voc a usar no incio, so a viso mental e a audio mental, que voc usa todo o tempo. Quando voc tem saudade de algum, enxerga mentalmente imagens da pessoa; se tem medo de algo que no est prximo, o algo deve estar em uma imagem ou cenrio; quando planeja um passeio ou imagem, sua motivao comea em saber para onde vai. J aquela msica chata que voc
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http://www.possibilidades.com.br/suas_capacidades/sentidos_mentais.asp.
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ouviu boa parte do dia no tocou l fora, e as falas consigo mesmo j tm at nome: dilogo interno. Se voc achar muito bvio o que for dito, melhor para voc, que j ter conscincia do assunto; h muitas pessoas que no a tem, o que pode constituir-se em origem de vrios inconvenientes. Nomes aos bois interessante ter nomes distintos para coisas distintas, para facilitar e tornar mais precisa a comunicao e a compreenso, alm de que nomes tambm ajudam a estabilizar um aprendizado. No caso das imagens, usamos ver para o sentido fsico da viso, e enxergar para a viso mental. Assim, voc v um carro passando l fora, mas enxerga o que vai fazer no fim de semana. Lembrar enxergar algo do passado. Voc pode notar que a expresso usada acima, enxergar mentalmente, portanto redundante. Para sons usamos ouvir para sons fsicos e escutar para sons mentais. Voc pode ouvir algum sua frente lhe dizendo Parabns!, mas se esse algum no est prximo, voc pode escut-lo dizendo a mesma coisa. Quem no escuta vozes crticas de vez em quando? E quem no se enxerga no futuro realizando algum desejo ou sonho? Se voc ouvir um conselho e, no momento oportuno, escut-lo, tem como segui-lo. Diante de um problema, voc enxerga opes para lidar com ele - ou no. Uma outra palavra que complementa as outras duas visuais olhar: entendemos olhar como direcionar o sistema perceptivo, isto , apontar a ateno para uma direo. Quem olha ainda no viu nem enxergou. Note que no estamos criando, aqui; estamos apenas formalizando nomes para algo que da experincia cotidiana de todas as pessoas. Ou ser que existe algum que nunca escutou uma vozinha interior (interior redundante, se escutou porque interior) ou no enxergou um objetivo? Usos Vamos mostrar agora um uso bem interessante de enxergar. Suponha que voc vai viajar para um local distante. Essencialmente, uma viagem normal consiste de ida, estada e volta. O diagrama abaixo esquematiza essas etapas em uma linha que representa o fluxo de tempo.
Viajar requer uma srie de providncias e preparaes, sendo uma delas arrumar as malas. Imagine que voc est fazendo as malas: que referncias precisa para saber o que levar? Se voc for para uma praia, leva algumas coisas, se for a servio, leva outras. Um evento como um casamento implica em levar pelo menos uma roupa social. Se o destino for uma fazenda, outras coisas devem ser levadas. O fato que, para preparar a bagagem, voc precisa olhar para o destino da sua viagem e enxergar as coisas de que vai precisar l (figura).
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Confronte essas situaes com outra em que voc no sabe para onde vai nem o que vai fazer l: o que levar? H muitas outras situaes em que voc precisa enxergar a si mesmo no destino. Se vai a uma festa, enxergar a festa lhe permite escolher a roupa. Se vai ao cinema, a roupa pode ser quase qualquer, mas se o cinema em questo costuma ficar frio pelo ar condicionado, voc pode resolver levar um palet. Ao escolher o que vai comer em um restaurante, voc pega um prato, se enxerga comendo e pelo sabor que supe que o prato ter decide pegar ou no o prato. Se estiver namorando, ter vontade de aprofundar ou no o relacionamento em funo do futuro que enxerga com a pessoa. Se voc quer fazer uma boquinha e enxerga o que h na geladeira, pode escolher sem precisar ir l e ver o que tem. E voc consegue caminhar em um ambiente escuro se conseguir enxerg-lo, ou seja, se tiver imagens fiis e estveis do que est sua volta. Em outro contexto, um engenheiro olha para um trecho de rio e enxerga uma represa; de fato, enquanto ele no conseguir enxerg-la, no vai conseguir fazer o projeto. Um designer de sites ou capas deve enxergar um visual antes que possa trabalhar. Por vezes ocorre de no enxergarmos um resultado desejado. Podemos ento fazer um esboo em papel ou programa e us-lo como apoio e insumo para a prxima passagem de concepo do resultado. Neste caso o conceito de enxergar ajuda a vencer a paralisia criativa: voc sabe que o que precisa acontecer voc enxergar o resultado ou destino, e fica mais fcil descobrir caminhos para chegar l. Enriquecimento A palavra viso, alm de ser usada para a viso fsica, costuma tambm ser usada para representar um sonho ou projeto. Nesta acepo, vises tipicamente so enxergadas. Quando vrias pessoas trabalham colaborativamente, extremamente importante que tenham a mesma viso, isto , enxerguem o mesmo resultado. Por vezes ocorre que os envolvidos tm vises diferentes imagine operrios de uma mesma obra enxergando casas diferentes e as conseqncias podem ser desastrosas. Assim, quando em colaborao, importante que se garanta uma mesma viso, o que normalmente ou deveria ser feito pelo lder. Interpretar a linguagem envolve enxergar. Por exemplo, quando algum lhe conta o que fez nas frias, voc vai criando imagens mentais que representam a sua interpretao do que o outro est falando: Estive em uma praia de areias muito brancas, guas verdssimas e um pr-do-sol de cair o queixo... A inversa verdadeira: voc tambm tem o poder de fazer outras pessoas enxergarem coisas. Quando fala de um filme que viu, est influenciando o que a outra pessoa enxerga do filme. Tambm quando diz a algum que
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acha que ela tem um futuro brilhante, est induzindo-a a enxergar esse futuro brilhante, talvez uma imagem vazia mas luminosa, j que voc no foi especfico. Um aspecto da ateno parece ser que s podemos processar um sentido de cada vez. Ou seja, se estamos ouvindo, no podemos escutar, e se estamos vendo no enxergamos e vice-versa. Em outras palavras, se algum est com a ateno no espao fsico, no poder captar informao do espao mental. Isso explicaria, por exemplo, porque algum no nos escuta em certos momentos: estava virado para dentro, escutando ou enxergando. Dito de outra forma, o outro no estava ali, sua ateno no estava usando sentidos fsicos. Explicao possvel Temos viso fsica porque temos olhos, temos audio fsica porque temos ouvidos. E o que possibilita a viso e a audio mentais? Bem, a resposta franca : no sei, mas posso supor; formular e testar hipteses um dos mtodos preferidos dos cientistas. Vou propor aqui um ponto de partida que, se no estiver totalmente correto, pelo menos serve como base para evoluo. Considere que somos de fato seres estruturados, isto , temos corpo e mente. Dizer que temos j elimina a possibilidade de sermos. Sendo algo diferente de corpo e mente, a percepo estar em ns, e no no corpo ou na mente. Tambm fazemos uma distino importante: assim como temos o espao fsico, temos o espao mental. O espao fsico onde nosso corpo est. O espao mental onde percebemos imagens e sons mentais e tambm est nossa volta, s que em outra dimenso de percepo, provavelmente virtual como as imagens em um computador (comprovao: feche os olhos e pense em algo que est sua frente; voc enxergou parte desse espao). E, assim como temos um corpo fsico, podemos ter um corpo mental, que nos capacita a interagir com o espao mental. Assim, uma possvel explicao para os sentidos mentais que temos a capacidade de perceber atravs do corpo fsico ou atravs do corpo mental. Se direcionarmos nossa percepo para o espao fsico usando os sentidos fsicos, vemos; se olharmos para o espao mental usando os sentidos mentais, enxergamos. O mesmo vale para outros sentidos. Note que essa explicao no necessria para usarmos os processos em questo, mas talvez possam inspirar novas possibilidades. Concluso Palavras em geral fazem mais do que suportar a comunicao: elas induzem pensamentos e conduzem a percepo. Dispor de conceitos como enxergar e escutar lhe abre caminhos e facilita algo extremamente til: a conscientizao dos processos de pensamento. Conscientizar-se do que se passa no seu espao mental muitas vezes o bastante para resolver inmeros problemas (veja por exemplo Inteligncia Emocional: O futuro se abriu em possibilidades), e outras vezes permite obter as informaes necessrias para resolv-los.
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Buscando destruir nossas almas, o Diabo tenta atrair nossos corpos. Alguns sentidos fsicos foram envolvidos na trama do pecado no den, num processo gradual de corrupo. 1- Audio Eva deu ouvidos voz do Diabo, que usou at a palavra de Deus para induzi-la ao erro (2 Co 11.3). O Diabo nos atinge com muitas mensagens todos os dias. a primeira de uma srie de estratgias. Para mudar nossas aes, ele procura alterar nosso modo de pensar. a forma que ele tem para nos atacar distncia, como os guerreiros antigos que lanavam flechas incendirias sobre as muralhas das cidades (Ef 6.16). Se o fogo se espalhasse, os portes poderiam ser abertos. 2- Viso Vendo a mulher que a rvore era boa para se comer, e agradvel aos olhos... A rvore era boa? O julgamento pela aparncia pode nos levar ao engano. No porei cousa m diante dos meus olhos (Salmo 101.3). O mal identificado pela palavra de Deus e no pela nossa opinio particular. O ser humano muito influenciado pelo que v. Muitos precisam ver para crer. Por isso so feitas imagens de dolos. Precisamos viver por f e no por vista (2 Co 5.7; 2 Co 4.18). 3- Tato - Eva disse: Nem tocareis nele..., todavia tomou-lhe do fruto.... O envolvimento da mulher aumentou ao tomar o fruto em suas mos. No toqueis coisa imunda (Is 52.11; Lv 5.2; 7.19-21.) 4- Paladar - Tomou-lhe do fruto e comeu. Esta foi a consumao do pecado. Eva comeu a isca de Satans, sem levar em conta o anzol oculto. Concluso: Eva repetiu este processo com Ado, levando-o ao pecado. Da mesma forma, muitos agem hoje como representantes do inimigo, levando adiante seus propsitos. Precisamos desenvolver nossos sentidos espirituais, afim de no vivermos dominados pelos sentidos fsicos.
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FACULDADES DA ALMA. AS TRS PARTES DA ALMA: MENTE, VONTADE E EMOO. H trs partes da alma e trs partes do esprito. Precisamos descobrir o que so as trs partes, tanto da alma como do esprito. Em 1 Ts 5.23 indica-se que somos um ser tripartido: esprito, alma e corpo. A Palavra de Deus prova clara e definitivamente que a alma consiste de trs partes: Mente, Vontade e Emoo.
FACULDADES DA ALMA
MENTE
ESPRITO
EM O O
VO
A NT
DE
INTELECTO MENTE NUS - . (Pv 2.10; 19.2 ERC; 24.14; Sl 13.2; 139.14; Lm 3.20). No Antigo Testamento, a palavra normalmente traduzida com a idia de mente corao. A mente inclui tanto as faculdades de perceber e de entender como os sentimentos, os juzos e a determinao. As principais palavras gregas usadas pelo Novo Testamento para definir esse conceito so fron (), nous () e snesis (: Mc 12.33; Lc 2.47; 1 Co 1.19 ). Intelecto a parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece. o intelecto que recebe conhecimento. A Mente o instrumento para os nossos pensamentos e manifesta nosso poder intelectual. Dela surge a sabedoria, o conhecimento e o raciocnio. A falta dela faz o homem tolo e embotado. A Encyclopedia Britannia (14 Edio) alude palavra intelecto como sendo o termo geral para mente com referncia sua capacidade de compreender. Este tema pertence propriamente cincia da psicologia. Contudo quando temos em vista o entendimento aumentado, operado na mente humana pelo poder do Esprito Santo, o assunto se torna teolgico. Uma iluminao sobrenatural para o no regenerado foi prometida por Cristo em Jo 16.7-11. Esta iluminao foi evidentemente designada para vencer aquela incapacidade descrita em 2 Co 4.3,4. Da mesma forma, um campo ilimitado de verdade est disposio dos regenerados por causa do mesmo Esprito (Jo 16.12-15; 1 Co 2.9-3; Hb 5.12-14; 11.3; 1 Pe 2.2; 1 Jo 2.20, 27; Ef 1.17).
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O Intelecto abrange trs outros valores: a. Imaginao. Consiste num processo de pensamento que habilita o homem a construir imagens. b. Memria (Lm 3.20). Capacita o homem a guardar em seu crebro os fatos passados e presentes. c. Razo. Faculta o homem a pensar, julgar e compreender as relaes entre as coisas, distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal. A palavra mente no Novo Testamento nous (leia nus) . usada 24 vezes em todo o Novo Testamento (Lc 24.45; Rm 1.28; 27; 7.23, 25; 11.34; 12.2; 14.5; 1 Co 1.10; 2.16; 14.14, 15.19; Ef 4.17; Cl 2.18; 2 Ts 2.2; 1 Tm 6.5; 2 Tm 3.8; Tt 1.15; Ap 13.18; 17.9). Pela intuio no esprito, recebemos uma impresso de Deus. Pela mente na alma, essa impresso intuitiva interpretada e nos dada a conhecer.
INTUIO
Zc 12.1
A cadeia do conhecimento Intuio
ESPRITO
ALMA
Mente Crebro
CORPO
A CADEIA DO CONHECIMENTO
O homem possui trs rgos de conhecimento. No corpo o crebro, no esprito a intuio, e na alma a mente. Quando dissecamos o crebro nada vemos alm de substncia cinzenta e branca. E a intuio algo que s vezes sentimos e s vezes no. s vezes parece constranger e outras vezes que parece restringir. a entidade que est no profundo de nosso ntimo. A mente, porm, se encontra entre a intuio e o crebro. Ela interpreta o significado da intuio e leva ao crebro a express-la em palavras. O que Deus d nossa intuio comunicado ao crebro atravs da mente. 21
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NEE, Watchman. Conhecimento Espritual. Belo Horizonte: Editora Vida, 1992, p. 103.
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Para o homem espiritual, assim que a atuao de Deus se manifesta em sua intuio, instantaneamente registrada em sua mente e executada por seu crebro. Ao sermos salvos, recebemos um tipo de conhecimento especial para conhecer Deus (1 Co 2.9-16; 1 Jo 2.20, 27). A intuio, a mente e o crebro trabalham juntos e simultaneamente. apenas para esclarecer melhor que os descrevemos separadamente (W. Nee). VIII. A ALMA, A MENTE E O CREBRO
Muitos filsofos discorreram sobre a metafsica, como Aristteles, Agostinho, Descartes, Spinoza. A metafsica a rea da filosofia que discursa sobre a alma humana, e esta ultrapassa os limites estritamente fsicos do crebro. A grande questo se a psiqu humana ou no meramente um computador biolgico, um aparelho qumico. Se pensar, produzir ideias, sentir medo, amar, odiar, sonhar, ousar, recuar so ou no apenas frutos do metabolismo cerebral. Se o ser humano possui ou no um esprito, um mundo psicolgico que ultrapassa os limites da lgica e das reaes bioqumicas. Est em pauta a ltima fronteira da cincia. 22 As religies desapareceriam caso prevalecesse a ideia de que a alma humana apenas uma fantstica mquina biolgica, pois o vazio existencial, as inquietaes do esprito, a procura pelo Criador e pela transcendncia da morte seriam meros desarranjos bioqumicos. Uma vez corrigidos esses desarranjos, os conflitos existenciais se dissipariam, pondo um fim religiosidade humana. 23 H mais mistrios entre o crebro e a alma humana do que imagina nossa v cincia!. 24 A psiqu um complexo e indecifrvel campo de energia que coabita, coexiste e cointerfere com o crebro, ultrapassando seus limites. 25 O crebro o nico instrumento biolgico e universal que constitui o alicerce para o comportamento humano, sede de todos os sentimentos, pensamentos e emoes.26
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CURY, Augusto Jorge. O Futuro da Humanidade. So Paulo: Editora Arqueiro, 2005, p. 175. CURY, Augusto Jorge. Op. Cit., p. 176. 24 Ibid. 25 Ibid. 26 MARINO, Raul Jnior. A religio do Crebro. So Paulo: Editora Gente, 2005, p. 29.
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O crebro a nica janela ou lente atravs da qual podemos estudar o Universo e sua fonte dinmica o Criador -, e o amor, tecido que interliga toda a humanidade numa s urdidura. 27 A relao mente-crebro constitui um dos enigmas mais antigos da filosofia. Como equao ainda no solucionada pelos mais recentes progressos da psicofsica, a relao mente-crebro continua a ser uma igualdade de muitas incgnitas, que, como em qualquer equacionamento, s ser resolvida quando determinados valores dessas incgnitas forem encontrados. 28 Os antigos msticos da religio, como so Boaventura e Hugo Vitor, afirmavam que todo ser humano possui trs tipos bsicos de conhecimento: o olho da carne, o olho da mente e o olho da contemplao - o olho da carne seria o empirismo da cincia; o olho da mente, o conhecimento racional e lgico; e o olho da contemplao, o olho da gnose ou do conhecimento espiritual. 29
INTUIO
ESPRITO
ALMA CORPO
A TRICOTOMIA HUMANA
No nosso grfico vemos que a mente est na intercesso do esprito e da alma, sendo instrumento de ambos. J o crebro est na intercesso da alma e do corpo. Mesmo que o crebro seja fsico usado pela alma. Nos seres humanos vivos, a mente e o crebro trabalham juntos. Aps a morte fsica a alma continua tendo a mente. Nossa mente e nossa conscincia podem ser treinadas para conhecer e reconhecer a mo de Deus em tudo o que vemos e pensamos, sem a contaminao da racionalizao humana. 30
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MARINO, Raul Jnior. Op. Cit., p. 30. MARINO, Raul Jnior. Op. Cit., p. 71. 29 MARINO, Raul Jnior. Op. Cit., p. 16. 30 MARINO, Raul Jnior. Op. Cit., p. 143.
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W. Grudem na sua Teologia Sistemtica afirma: As atividades de pensar, sentir e decidir no so realizadas somente pela alma. O esprito tambm pode viver emoes, como em At 17.16, quando o seu esprito [de Paulo] se revoltava, ou quando angustiouse Jesus em seu esprito (Jo 13.21). 31 As funes de conhecer, perceber e pensar so tambm executadas pelo esprito. Por exemplo: 1. Marcos retrata Jesus percebendo [gr. , Epiginosk, = conhecer] logo por seu esprito (Mc 2.8). 2. Paulo nos diz que: O Esprito Santo testifica com o nosso esprito que somos filhos de Deus (Rm 8.16). O nosso esprito recebe e compreende esse testemunho, o que certamente equivale faculdade de conhecer algo. 3. Paulo pergunta: Qual dos homens sabe [ - oiden (Perf. Defectivo do pres. - oida = conhecer)] as coisas do homem, seno o seu prprio esprito, que nele est? (1 Co 2.11). A mente na realidade no seria uma faculdade apenas da alma, mas estaria na interseo do esprito e da alma, sendo assim instrumento de ambos. EMOES (SENSIBILIDADE) A Emoo constituda por quatro elementos principais: conhecimento, expresso, experincia e excitao. 32 Conhecimento. Quanto ao conhecimento, uma situao deve ser percebida e relacionada a experincias passadas bem como avaliada antes que ocorra a emoo. Essa avaliao vai refletir as influncias culturais da famlia, da sociedade etc. As reaes no ocorrero de modo espontneo nem consciente, mas abruptamente, num nvel subconsciente, determinando o tipo e a gradao da emoo adequados situao. Expresso. A expresso das emoes, mostra-se externamente por meio de atividades somticas e autnomas, como expresso facial, lgrimas, vocalizao, ereo pilosa, enrubescimento ou palidez, riso, fuga ou ataque. Manifesta-se tambm internamente, sob a forma de alteraes viscerais ou vasculares mediadas pelo sistema nervoso autnomo. Experincia. a parte subjetiva do processo emotivo. o que o indivduo realmente sente, introspectivamente, quando emocionado. Psiclogos dividiram as experincias emocionais em dois tipos de reao afetiva: agradvel e desagradvel. Essas sensaes so passveis de estudo quantitativo e objetivo.
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GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemtica. 1 ed. So Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 392. MARINO, Raul Jnior. A religio do Crebro. So Paulo: Editora Gente, 2005, pp. 44,45.
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Excitao. A excitao reflete a vivacidade excessiva dos processos mentais durante uma emoo. s vezes, entretanto, uma reao oposta, de lentido e depresso dos processos mentais, pode ocorrer. O lado subjetivo da excitao, bem como sua afetividade, difcil de ser estudado psicologicamente. A Emoo. Esta outra faculdade da alma foi tambm devidamente classificada como um importante tema da psicologia; mas h muito mais do que emoes em Deus e no homem, portanto teolgico. Neste aspecto, o homem reflete ou espelha aquilo que verdade em se tratando de Deus. Como o Amor de Deus (GAPA - ) vasto, e como real o amor (FLE - ) e a devoo do corao humano (Jo 3.16; 1Co 13.48; 1Sm 18.1-4; 2Sm 1.26 [ ]; Is 26.9). Alm disto, a natureza emocional, tal como o intelecto humano, pode ser desenvolvida, e experimentalmente alargada pelo poder do Esprito Santo que habita no homem (Rm 5.5; 1 Co 13.1; Gl 5.22). As Escrituras declaram que a compaixo divina pode se expressar atravs do cristo e que isso vem, no da capacidade dele, mas do Esprito Santo que nele habita. O Fruto do Esprito AMOR (Gl 5.22). O cristo amando com GAPE, vai amar aqueles objetos que Deus ama. A extenso dessa possibilidade ilimitada. Este amor divino sendo a fora atuante, as emoes e a vida so elevadas ao plano do que sobrenatural. Da alma humana podem emanar trs tipos de amor: GAPE - (DIVINO). FLEO e EROS (HUMANO CARNAL). Leia Jo 21.15-17; Rm 5.5; 1 Sm 18.1; Ct 1.7. E poder tambm odiar (J 33.20; 2 Sm 5.8; Sl 107.18; Ez 36.5). FACULDADE EMOTIVA DA ALMA: 1 Sm 18.1; Ct 1.7; 2 Sm 5.8. a) Emoes de afeies: 1 Sm 18.1; Ct 1.7; Lc 1.46; J 33.20; Sl 107.18; b) Emoes de desejos: Sl 42.1-6; 84.2; Mt 12.18; 1 Sm 20.4; Dt 14.26; Ez 24.25; Jr 44.14. c) Emoes do sentimento e percepo: Lc 2.35; 1 Sm 30.6; 2 Rs 4.27; J 19.2; Is 61.10; Sl 42.5; 86.4; 86.4; 107.5; 119.20; 116.7; Mt 26.38; Jo 12.27; 2 Pe 2.8. VONTADE. a qualidade da mais forte da alma humana. A vontade o instrumento para as nossas decises e revela nosso poder de Escolha. Ela manifesta nossa disposio ou indisposio: queremos ou no queremos. Sem ela o homem reduzido a um autmato (J 6.7; 7.15; 1Cr 22.19). A vontade um tema importante da teologia. Considerando que o homem foi criado imagem de Deus e reflete aos atributos divinos, a vontade do homem est indiretamente relacionada com o Tesmo. O fato da vontade uma verdade psicolgica, enquanto a liberdade da vontade teolgica. A vontade geralmente age movida ou influenciada pelo Intelecto e pelas emoes, e a sua liberdade no nada mais que o exerccio sem a necessidade consciente; mas nenhuma necessidade maior poderia ser imposta do que aquela que surge quando o intelecto e as emoes so influenciados por um poder superior. Sobre os no regenerados se diz que Satans est operando neles,
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ou dando-lhes energia (Ef 2.2,3), enquanto que nos regenerados se diz que Deus lhes d poder para o Querer como o Realizar (energein), segundo a sua bondade (Fp 2.13). Estas duas passagens, explicam toda a humanidade e, portanto, determina a verdade, realmente importante; nenhuma vontade livre no sentido absoluto (Jo 5.21,40; 6.37,44). O intelecto a alma conhecendo; o sentimento alma sentindo; a vontade alma escolhendo. Em cada ato da alma todas as faculdades atuam...Mas, como conhecer e o sentir so atividades, nenhuma delas possvel sem a vontade (Strong). Textos sobre a faculdade volitiva da alma: Sl 27.12; 41.2; Ez 16.27; Dt 21.14 (vontade = a alma no original); 1Cr 22.19; Jr 44.14; J 6.7; 7.15). O intelecto envolve o conhecimento da alma. A vontade est intrinsecamente ligada a escolha que a alma faz dos meios e fins desejados. O homem responsvel por todos os efeitos da vontade, como tambm pela prpria vontade; pelos afetos voluntrios, como tambm pelos atos voluntrios; pelos pontos de vista intelectuais dos quais a vontade participou, como tambm pelos atos da vontade atravs dos quais essas opinies foram formadas no passado ou so mantidas no presente (2 Pe 3.5). A vontade s vezes impede as manifestaes do Esprito Santo (Ne 9.30; At 7.51; 1Ts 5.19). Esta tem que ser vencida pela Palavra de Deus (2 Co 10.5) e dominada pelo Esprito Santo (Rm 8.13; Gl 5.16; 1 Ts 5.19). A VIDA DA ALMA 33 Alguns eruditos da Bblia indicam-nos que existem trs palavras diferentes empregadas no grego para designar VIDA: a) BIOS (). Refere-se ao meio de vida ou subsistncia(Lc 21.4: Mc 12.44: Lc 8.14; 15.12, 30; 1 Tm 2.2; 2 Tm 2.4; 1 Jo 2.16; 3.17). b) PSIQUE (). Refere-se vida animada do homem, sua vida natural ou vida da alma (Mt 16.25, 26; Lc 9.24). Aparece 102 vezes no Novo Testamento. A Bblia emprega este termo, quando descreve a vida humana. c) Z (). a vida mais elevada, a vida do Esprito. Sempre que a Bblia fala de Vida Eterna ela usa esta palavra (Jo 3.16; 4.14; 5.24-26; 6.27, 33, 35, 49, 47, 48, 51). Das 135 referncias do Novo Testamento grego, 122 diz respeito a vida eterna ou a vida que s Deus possui. Apenas 13 referncias diz respeito a esta vida terrena. Veja o exemplo abaixo: Lc 16.25: Disse, porm, Abrao: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida (), e Lzaro, somente males; e, agora, este consolado, e tu, atormentado.
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NEE, Watchman. O Homem Espiritual, Vol. 1. Belo Horizonte, MG: Editora Parusia, 1986, p. 39.
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122 referncias de z () no Novo Testamento Vida no sentido absoluto, vida como Deus a tem, vida que o Pai possui em si mesmo, e Ele deu ao Filho encarnado, para que a tivesse nele mesmo... Devemos observar que as palavras alma e vida da alma, na Bblia, so uma s e a mesma palavra no original. No Antigo Testamento a palavra para alma NEFESH usada igualmente para Vida da Alma. O Novo Testamento conseqentemente emprega a palavra PSIQU tanto para alma como para Vida da Alma. Por isso sabemos que alma no apenas um dos trs elementos do Homem, mas tambm a vida do homem, sua vida natural. Em muitos lugares na Bblia alma traduzida como vida (Gn 9.4, 5; Lv 17.1; Mt 2.20; Lc 6.9; At 15.26; 20.24; Mt 20.28; Jo 10.11.17). A palavra vida nestes versos alma no original. Foi traduzida assim porque seria mais difcil de entender de outra forma. Um homem sem alma no vive (1Rs 17.21). A vida do homem apenas a alma permeando o corpo. Quando a alma unida ao corpo, ela torna-se a vida do homem. Vida o fenmeno da alma. A Bblia considera o atual corpo do homem como um corpo da alma (SOMA PSIQUIKON) 1 Co 15.44 BJ, pois a vida do corpo atual a da alma, todavia, na ressurreio receberemos um corpo espiritual SOMA PNEUMATIKON. A vida do homem , portanto, simplesmente uma expresso de um composto das suas energias mentais, emocionais e volitivas. A Personalidade, na esfera natural, engloba estas diferentes partes da alma, mas apenas isto. A vida da alma a vida natural do homem (1 Co 2.14). 34 A ALMA E O EGO DO HOMEM (Mc 8.34-38) 35 A alma a sede da nossa personalidade, o rgo da vontade e da vida natural e, por isso podemos facilmente concluir que esta alma tambm o verdadeiro Eu. Nosso Ego alma (1 Pe 3.20; At 27.37; Rm 2.9; Tg 5.20; Lc 12.19; Mt 16.26; Lc 9.23-25; Mc 8.34-38). Em Marcos 8.34 temos a frase: Negue-se a si mesmo que em grego aparnsasth heauton ( ). APARNEASTHO o imperativo aoristo de APARNEOMAI que significa Negar. A idia bsica dizer no. negar-se a si mesmo, repudiar a idolatria do egocentrismo (Cranfield). A alma o prprio homem, aquilo em que reside sua identidade e personalidade. o Ego. No h no homem nada mais elevado que a alma. Por isso, ela amide usada como sinnimo do eu. Cada alma cada homem; minha alma eu mesmo; sua alma voc mesmo. Que dar o homem em troca de sua alma? alma que peca (Lv 4.2), a alma que ama a Deus. Recebemos ordem de amar a Deus: [Ame o Senhor, o seu Deus de toda a sua alma]- (Mt 22.37) (Charles Hodges).
34 35
NEE, Watchman. O Homem Espiritual, Vol. 1. Belo Horizonte, MG: Editora Parusia, 1986, p. 40. NEE, Watchman. O Homem Espiritual, Vol. 1. Ibid., p. 41.
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IX.
A ORIGEM DA ALMA
Nossa alma no diretamente recebida, ela foi produzida depois que o esprito entrou no corpo (Gn 2.7). No existe discordncia quanto a origem da alma de Ado; a discordncia que h quanto origem da alma dos descendentes deste. Textos: Gn 1.26, 27; 2.7; Nm 16.22; 27.16; J 27.3; 33.4; 10.8-12; Sl 104.29; Ec 12.7; Is 57.16; Jr 38.16; Zc 12.1; Hb 12.9. EXISTEM TRS TEORIAS SOBRE A ORIGEM DA ALMA: A) A Teoria da Pr-existncia. B) A Teoria do Criacionismo. C) A Teoria do Traducionismo. A) Teoria da Pr-existncia. De acordo com esta teoria as almas estavam em existncia em um estado anterior; foram criadas por Deus e guardadas para, na concepo, serem comunicadas a cada ser humano. Esta teoria foi defendida por Plato, Filo e posteriormente por Scotus Erigena, Julius Mller e Edward Breecher. Os dois ltimos aceitavam esta idia para explicar a depravao herdada. Alguns acham que os discpulos de Cristo foram influenciados pela idia quando disseram a respeito do homem que havia nascido cego: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (Jo 9.2). Sobre isso no temos certeza. Filo, o famoso filsofo judeu de Alexandria, desarrolhou sobre base platnica esta teoria para explicar o porqu da atual priso das almas nos corpos de matria imunda: as almas emanantes de Deus foram atradas pela matria e castigadas ao serem encarceradas nos corpos. Segundo o Talmude, todas as almas foram criadas ao princpio e guardadas como gros de trigo no celeiro de Deus, at que chegasse o tempo de se unirem aos corpos que lhes foram designados.
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Scotus Erigena disse que o pecado entrou na humanidade num perodo anterior ao tempo e por isso todo homem nasce pecador. No segundo sculo j existiam aqueles que apoiavam esta doutrina, entre eles Justino Mrtir e Orgenes. Esta doutrina no s pertence metempsicose e ao misticismo em geral, mas encontra-se plenamente no pensamento oriental. Foi condenada pelo Conclio de Constantinopla, em 540 d.C., mas tem freqentemente reaparecido no pensamento moderno. A teoria destituda de base bblica e contradiz a descrio bblica da criao do homem criado imagem de Deus. Objees a esta teoria so trs: a) As Escrituras so ignoradas. b) A doutrina do pecado original fica desacreditada, embora o fato do pecado fosse reconhecido. c) No h prova para esta teoria. Essa doutrina se baseia num dualismo maniquesta, estranho Bblia. B) A Teoria do Criacionismo ou da Criao. O criacionismo ensina que Deus cria uma alma e um esprito, direta e indiretamente, para cada corpo na hora da concepo, e que apenas o corpo gerado pelos pais humanos. Acha-se que esta teoria preserva a natureza espiritual da alma, e que a teoria Traducionista d entender que a alma material. Certas passagens das Escrituras que falam de Deus como Criador da alma e do esprito (Nm 16.22; Ec 12.7; Is 57.16; Zc 12.1; Hb 12.9) so apresentadas para substanciar este ponto de vista. Aristteles, Ambrsio, Jernimo, Pelgio, e em tempos mais recentes, Anselmo, Aquino, e a maioria dos telogos catlicos romanos e reformados tm aceitado esta idia. Os telogos luteranos tm, quase sem exceo, sido traducionistas. Fisher diz: Aps o comeo do quinto sculo, o criacionismo prevaleceu no Ocidente, mas os Pais Gregos no estavam unidos nesta opinio. A esta teoria replicamos porque as Escrituras no a confirmam. As referncias que falam de Deus como o Criador da alma do a entender criao mediata. Deus , com igual clareza, mostrado como Criador do corpo (Sl 139.13-16; Jr 1.5), e nem por isso interpretamos isto como se significasse criao imediata, mas sim mediata. Deus est presente em toda gerao natural, mas mediatamente e no imediatamente. Em segundo lugar, replicamos porque os homens muito se parecem com seus antepassados em esprito bem como no corpo. O criacionismo no pode explicar o fato dos filhos se parecerem com os pais nos aspectos intelectuais e espirituais tanto quanto nos fsicos. A nova fisiologia apropriadamente encara a alma, no como algo que foi acrescentado de fora para dentro, mas sim como o princpio que anima o corpo desde do princpio e como tendo uma influncia determinante sobre todo o seu desenvolvimento (Strong). Parece bem claro que o grmen da vida leva a mentalidade e a personalidade ao mesmo tempo em que leva o tamanho, a cor, o sexo, etc. A evidncia leva concluso que as qualidades normais de carter so herdadas tanto quanto as anormais. Em terceiro lugar, replicamos porque esta teoria no explica a tendncia que todos os homens tm de pecar. Ou Deus deve ter criado
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cada alma em condio de pecaminosidade, ou o simples contato da alma com o corpo deve t-la corrompida. No primeiro caso, Deus o autor direto do pecado, e no segundo, o indireto. Tudo isso prova que a teoria da criao insustentvel. C) A Teoria Traducionista. O ter mo traduciano provm do verbo latino traducere (levar ou trazer por cima , transportar, transferir). Essa palavra deriva -se d o latim trans, <<atravs>>, e ducere, <<conduzir>>. Esta teoria afirma que a raa humana foi criada e m Ado, com relao alma tanto quanto ao corpo, e que ambos so propagados a partir de le por gerao natural. Parece que Tertuliano (160-220 d.C.) deu origem a esta idia, apesar de ter um conceito exageradamente materialista da alma. Agostinho (354-430 d.C.) oscilava em sua declarao a respeito da origem da alma, e que alguns o consideravam criacionista enquanto outros o colocam entre os traducionista (Shedd). Os telogos luteranos geralmente tm seguido o ponto de vista traducionista (LUTERO 1483-1543 d.C.). Quando se afirma que alma criada, necessrio fazer algumas distines: a criao (BARA) uma produo do nada; a alma produzida na matria; a produo da alma necessita de uma realidade criada j existente; na produo da alma, a ao divina no tem como objetivo uma alma separada e sim o homem completo (1 Ts 5.23); o homem no um aglomerado de duas substncias completas e sim um nico sujeito encarnado; o corpo humano a manifestao visvel de um EU... como unidade de alma e corpo, o homem no pode vir diretamente das mos de Deus, sem algum veculo horizontal com o homem biolgico. O fato singular de que Deus produz um EU, no da matria e sim utilizando-se da mesma, caracteriza a interveno singular de Deus, a quem se deve a origem de toda a pessoa humana (Zc 12.1; Nm 16.22; Is 57.16; At 17.26). Toda nova pessoa humana fruto da ao de Deus e da dos pais: Deus e os pais produzem o sujeito inteiro. difcil entender que uma natureza pecadora atribuda a todos os homens originria do pecado de Ado (Rm 5.12, 18, 19) possa existir, se Deus cria alma e esprito individualmente no nascimento. Se como os traducionistas defendem, a parte imaterial do homem transmitida de pai para filho, o pai procriando segundo a sua espcie, a transmisso da natureza admica no apenas razovel, mas at uma conseqncia inevitvel. Quando tentam explicar a natureza pecadora universal, estranhas especulaes so apresentadas pelos criacionistas. A Bblia testemunha que filhos e no meramente corpos so gerados pelos pais humanos. Est claro, tambm, que caractersticas mentais temperamentais so to herdadas quanto semelhanas fsicas. Provavelmente nenhuma passagem bblica mais reveladora do que Hb 7.9, 10: E por assim dizer, tambm Levi, que recebe dzimos, pagou-os na pessoa de Abrao. Porque aquele ainda no tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. Aqui est declarao de que Levi pagou dzimos, um ato que no poderia ser atribudo a um mero embrio de um ser humano sem vida, enquanto ainda se encontrava em seu bisav, Abrao. A doutrina traducionista no compromete a doutrina do
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PARENTE-REMIDOR. Se a parte imaterial de Cristo que foi humana foi uma criao direta e totalmente no relacionada com as outras criaes de Deus, o fundamento do seu servio como PARENTE-REMIDOR fica diminudo at o ponto do desvanecimento. A Teoria Traducionista mais aceita porque : a) Ela se harmoniza com a Escritura. Ela ensina que o homem uma espcie e a idia de espcie subtende a propagao do todo do indivduo saindo dela (Shedd). Shedd acrescenta: Os indivduos geralmente no so propagados em partes, mas em todos (Gn 1.26, 27; 5.2; Rm 7.1; Mt 12.35; 1 Co 15.21). Todos estes textos falam ou usam o termo homem genericamente. Em Salmos 51.5 Em pecado me concebeu minha me. Isto s pode significar que Davi herdou uma alma depravada de sua me. Em Gn 46.26, lemos a respeito das almas que descenderam de Jac. Atos 17.26 ensina que de um s (sangue) fez toda a raa humana. b) Ela se harmoniza com a Teologia: Primeiro, nossa participao no pecado de Ado explicada melhor na teoria traducionista (Rm 5, 12, 18, 19). Segundo, a transmisso de uma natureza pecaminosa tambm explicada melhor por esta mesma teoria. O CATECISMO MAIOR diz: O pecado original passado de nossos primeiros pais para a sua posteridade por gerao natural, de modo que todos que deles procedem dessa maneira so concebidos em pecado (Sl 51.5; Rm 5.12-19; J 14.4; 15.14; Sl 58.3; Jo 3.6; Ef 2.3). Os crticos da teoria traducionista se digladiavam argumentando: se os pais transmitem a natureza pecaminosa nos filhos e Jesus era filho de Maria (a qual era humana e, portanto com natureza pecaminosa), como se explica o fato de Jesus no ter sido um pecador como os demais homens? Para responder a tal crtica, consideremos: 1) Jesus no foi gerado por pai humano, Ele era filho do Esprito Santo (Lc 1.35), portanto era a prpria Divindade Encarnada (Cl 2.9; Jo 1.1,14; Fp 2.6-7), Ele era genuinamente Deus (Jo 10.30). Antes que algum diga que esse parecer confirme a teoria criacionista ou ento o pr-existencialismo, devemos nos lembrar que... 2) Jesus foi gerado pelo Esprito Santo no ventre de Maria e como tal tinha uma natureza humana (Rm 8.3; 2 Co 5.21; 2.14; 10.5). Ele foi tentado, mas o Homem Jesus venceu toda forma de tentao, venceu sua prpria natureza humana (Hb 4.15; 2.17-18; 7.26), a fim de que, dentre outras coisas, segussemos seu exemplo (1 Pe 2.21). Os telogos traducionistas sempre creram que houve uma proteo divina especial contra a natureza admica transmitida pela me humana (Lc 1.35; Mt 1.18). Cristo foi tentado por meio de sua natureza humana como ns somos. No entanto, Ele no tinha uma natureza pecaminosa e era tambm uma Pessoa Divina (o Logos preexistente). 1 Ado foi criado sem pecado e, no entanto foi tentado. O 2 Ado Jesus, foi gerado sem pecado e semelhantemente foi tentado. Tentabilidade no implica em suscetibilidade. Finalizando, a origem da alma pode explicar-se pela cooperao tanto do Criador como dos pais. No
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princpio duma nova vida, a Divina Criao e o uso criativo de meios agem em cooperao. O homem gera o homem em cooperao com O Pai dos Espritos (Hb 12.9; Zc 12.1). O poder de Deus domina e permeia o mundo (At 17.28; Hb 1.3) de maneira que todas as criaturas venham a ter existncia segundo as leis que Ele ordenou. Portanto, os processos normais da reproduo humana pem em execuo as leis da vida fazendo com que a alma nasa no mundo. A origem de todas as formas de vida est encoberta por um vu de mistrios (Sl 139.13-16; Ec 11.5; J 10.8-12), e esse fato deve servir de aviso contra a especulao sobre as coisas que esto alm dos limites das declaraes bblicas. 3. O Esprito O Sopro Divino Originador Da Alma No Corpo (Gn 2.7; Is 43.7).
Esprito (ruah = pneuma - ): Lc 1.47; Pv 25.28; Is 26.9; Zc 12.1; Rm 8.16). Em poucas palavras, Moiss nos conta como foi a criao do homem: e formou o Senhor o homem do p da terra (corpo), e soprou-lhe nas narinas o flego de vidas (Nishmat Hayim - o esprito), e o homem tornou-se alma vivente (alma) - Gn 2.7.
Deus formou o corpo do homem a partir da matria j existente, que Ele mesmo criara anteriormente, porm o corpo criado era morto sem vida. Deus fez com que o corpo adquirisse vida, ou seja, o homem tornou-se alma vivente. O corpo s adquiriu vida depois que o esprito entrou nele, portanto o esprito o sopro divino originador da alma no corpo. O esprito veio diretamente de Deus, portanto o homem tem alguma coisa de divina em seu interior que o seu esprito. Devido ao fato de ter vindo de Deus para comunicar vida ao corpo, o esprito passou a ser o elemento de ligao entre Deus e o homem, e entre o homem e Deus. A palavra esprito vem do latim SPIRITU, que por sua vez corresponde ao termo grego PNEUMA - (220 vezes no Novo Testamento), o qual por fim corresponde ao hebraico - RUAH (377 vezes no Velho Testamento). Todas essas trs palavras significam nos seus idiomas originais: vento, sopro, vapor, flego, hlito, Etc...Vejamos a comparao que Jesus fez a Nicodemos entre vento e Esprito. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se algum no nascer da gua e do Esprito (gr. pneumatos), no pode entrar no Reino de Deus. O vento (gr. pneuma) sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas no sabe donde vem, para onde vai; assim todo aquele que nascido do Esprito (gr. pneumatos) (Jo 3.5,8). - RUAH e - PNEUMA podem ser usadas para designar: As palavras 1) Vento simplesmente - J 21.18; At 27.4, 7, 13-15. 2) Vento enviado por Deus - 1Rs 19.11: Ap 7.1. 3) O Esprito Santo - Gn 6.3; Mc 1.10, 12. 4) Anjos Bons - Hb 1.13, 14. 5) Espritos malignos - 1Sm 16.16; Ef 6.12. 6) Esprito humano - J 32.8; 1Ts 5.23.
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No Velho Testamento h duas outras palavras empregadas para se referir ao ( Gn 2.7) e NESHAMA - ( Is 57.16). Ambas as esprito, que so NISHMAT palavras tm a raiz NESH ou NISH que quer dizer vento, sopro, hlito, respirao, (Portanto tm basicamente o mesmo significado de RUAH), e os sufixos MAT e AMA que pode ser usado para designar vida biolgica. Por esta razo, essas duas palavras so em geral traduzidas por flego da vida e esprito da vida respectivamente. Esprito - Ruah Pneuma (Rm 8.16; 1Co 2.11; 5.4; 14.14, 32; Pv 25.28; Hb 12.23 Zc 12.1). Os versos das Escrituras agora citados so o suficiente para provar que ns, seres humanos possumos esprito humano. Este esprito no sinnimo da nossa alma, nem mesmo que o Esprito Santo. Ns adoramos a Deus neste esprito (Jo 4.23, 24). O homem tem esprito, mas uma alma (Berkhof). O esprito humano a vida imortal, inteligente e invisvel do homem. ele que vivifica a alma. pelo esprito que o homem tem conscincia de Deus. Nosso esprito vem diretamente de Deus, pois dado por Deus (Nm 16.22; 27.16; Zc 12.1; Is 57.16; Ec 12.7; Hb 12.9). Esse esprito o centro e a fonte da vida humana, a alma possui e usa essa vida e lhe d expresso por meio do corpo. O esprito do homem, quando se torna a morada do Esprito (1Co 3.16; 6.17, 19; Rm 8.16), o centro de adorao (Jo 4.24); de orao, cnticos espirituais (1 Co 14.14, 15); de servio e bno (Rm 1.9; Fp 1.27; Cl 3.16; Ef 5.19). interessante notar que h TRS PESSOAS DA DEIDADE, h trs partes do ser humano, h trs partes da alma e tambm h trs partes para o esprito humano. Todos so em trs partes. A Bblia tambm revela trs partes no Tabernculo, o edifcio de Deus. Portanto, o esprito uma unidade completa, composta de trs partes ou funes: Conscincia, Comunho e Intuio (Watness Lee).
FACULDADES DO ESPRITO
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AS FACULDADES DO ESPRITO CONSCINCIA, INTUIO e COMUNHO 1. CONSCINCIA Conscincia. uma faculdade do esprito, a lei moral e espiritual no interior do homem (Ed 1.1), que aprova ou desaprova seu procedimento. A conscincia o rgo de discernimento, que distingue o certo do errado, mas no por meio da influncia do conhecimento acumulado na mente, seno por um julgamento espontneo e direto. A conscincia um guia que regula todas as demais faculdades do corpo e da alma. A parte fsica do homem opera sob o princpio dos sentidos; a parte psicolgica (PSIQUE - ) obedece ao princpio da lgica, mas a parte espiritual (PNEUMA - ) regida pela conscincia, intuio e comunho. A conscincia deve ter sensibilidade nas verdades divinas, nas exigncias morais de Institudas para reger o ser trplice do homem. a faculdade pela qual o homem aprende as exigncias morais de Deus (W. Nee). 36 A conscincia o poder judicial e moral da alma, o poder interior de julgar e de exigir (E. H. Bancroft). A conscincia o conhecimento que um homem tem de suas prprias relaes morais, junto com um peculiar sentimento vista de tais relaes (A. H. Strong). Conscincia vem da palavra grega SUNEIDEIS - - que significa: um conhecimento acompanhador ou co-percepo (Rm 8.16; 9.1; 1Co 5.3). O testemunho que a Bblia d referente conscincia que : a) NATURAL, fazendo parte da pessoa no regenerada. b) SOBRENATURAL, que faz parte da pessoa regenerada. A conscincia da pessoa no regenerada : corrompida (Tt 1.15); m (Hb 10.22); acusadora (Jo 8.9); cauterizada (1 Tm 4.2). Por outro lado, a conscincia sobrenatural, ou a do cristo, muito complexa. Na verdade, um verdadeiro problema determinar se o cristo vive pela conscincia. Sustenta-se que ele influenciado pelo Esprito Santo que nele habita e que se entristece conforme o seu procedimento ou modo de vida (Sl 38.3,4). O Esprito emprega a conscincia como Seu meio de expresso, e impresso e, talvez, essa seja a revelao da verdadeira relao existente entre o Esprito Santo e a conscincia do crente (Ed 1.1). A mente pode originar pensamentos, a memria pode ret-los, o esprito pode discernir o valor dos pensamentos e a alma reagir aos mesmos, mas a conscincia julga os pensamentos quanto ao seu valor moral. Funo moral ou Lei da conscincia moral.
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NEE, Watchman. O Homem Espiritual, Vol. 1. Belo Horizonte, MG: Editora Parusia, 1986, p. 32.
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O homem foi criado imagem e semelhana de Deus. A semelhana divina inclui a semelhana moral e a natureza religiosa. A respeito da semelhana moral, pode-se dizer que todos os homens possuem uma lei moral escrita em seu interior e que motiva as suas aes, e por essa mesma lei ele ser julgado (Rm 2.13-15). Essa lei moral atributos de Deus que o prprio Criador legou sua criatura; so atributos morais de Deus, os quais devemos refletir na nossa vida como um espelho (2Co 3.18). Vejamos quais so alguns desses atributos morais de Deus: 1) Deus Amor (1Jo 4.8, 16). Portanto deve o homem amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a si mesmo (Mt 22.37-39; Mc 12.30-33; Rm 12.10). 2) Deus Santo (Kadoshe-separado Lv 11.44, 45). Portanto deve o homem ser separado do mundo (2Co 6.14-7.1) e separado para Deus (1 Pe 1.15-17; Hb 9.14; Lc 11.41; Lv 19.2; 20.7, 26; 1 Ts 4.3, 7). 3) Deus Verdade (Sl 31.5 117.2; Jo 3.33; Rm 3.4; 1 Ts 1.9). Portanto deve o homem viver uma vida em verdade e irrepreensvel (Ex 18.21; 1 Co 5.8; 1 Jo 3.18, 19). 4) Deus Fidelidade (Ex 34.6; Dt 7.9; 32.4; Sl 145.18; Jr 1.12; Nm 23.19; 1 Co 1.9; 10.13; 2 Co 1.18; 2 Tm 2.13). Portanto deve o homem ser fiel (Sl 31.23; 89.24; 101.6; Mt 24.25; 25.23; 1 Co 4.2). 5) Deus Justo (Dt 32.4; Sl 7.9; 119.37; 145.17; Is 45.21; Rm 3.26; 2 Tm 4.8). Portanto deve o homem ser justo (Sl 37.17, 25; 52.6; Pv 10.28; 11.21; Mt 13.43; Rm 1.7; Cl 3.11; Hc 2.4; Hb 10.38; 12.23). 6) Deus Misericordioso e Benigno (Gn 19.16; Ex 34.6; Sl 36.7; 40.11; 103.4; Lm 3.22, 23; Ef 2.4). Portanto deve o homem ser misericordioso e benigno (Mt 5.7; Lc 6.36; Cl 3.12, 13). 7) Deus compassivo, Clemente e Longnimo (Ex 34.6; Nm 14.18; Sl 40.11; 103.8; Jn 4.2). Portanto deve o homem ser compassivo, clemente e Longnimo (Pv 16.32; Ec 7.8; Mt 18.33; Ef 4.32; Cl 3.12; 1 Pe 3.8). 8) Deus perdoador (Ne 9.17; Sl 86.5; Ef 4.32). Portanto deve o homem ser perdoador (Mt 6.12, 14, 15; Ef 4.32). Muitos outros atributos morais de Deus que podemos encontrar na Bblia, tais como Deus : luz, paz criador, etc..., Mas o mais importante sabermos duas coisas a respeito desses atributos: 1) O homem foi feito imagem e semelhana de Deus e como tal deve refletir Deus em todos seus atos, palavras, intenes e desejos mais ntimos, demonstrando os atributos divinos como: amor, santidade, fidelidade, justia, misericrdia, benignidade, compaixo, clemncia, longanimidade, perdo e todas as demais manifestaes e fruto do Esprito (Gl 5.22, 23). 2) Os atributos morais de Deus so mais que meros sentimentos humanos, so qualidades divinas no homem. Os atributos morais no esto localizados na alma como os sentimentos, mas esto no esprito (Rm 5.5). Mais que caractersticas externas da personalidade, tais atributos determinam o Interior do homem como uma lei que orienta (mas no determina) suas atitudes externas. Em Gl 5.22, 23 vemos que o Fruto do Esprito comea com o Amor (gape) e termina com o domnio prprio ou temperana. O amor
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serve de base para as demais manifestaes deste fruto, mas a temperana rege as aes da alma. Em outras palavras, o esprito do homem tem uma lei moral que deve sobrepor a vontade da carne (Gl 5.16, 17). Mas como pode o homem conseguir cumprir essa lei moral? O Cumprimento da Lei Moral = o amor. O cumprimento da lei moral, gravada em nosso esprito, ou seja, o reflexo constante da semelhana divina em ns, no se consegue pela observao de mandamento e ordenanas como a Lei Mosaica, pois os fariseus cumpriam rigorosamente os preceitos da Lei, porm estavam muito longe de refletirem a semelhana divina (Mt 15.1-20; Mc 7.123; Mt 23.1-30; Lc 11.39-52). Jesus nos diz que todos os mandamentos da Lei se resumem em apenas dois: Amar a Deus e ao prximo (Mt 22.34-40; Mc 12.28-31; Lc 10.25-28). Paulo resume os mandamentos em apenas um: Amor (Rm 13.8-10). O que ambos querem dizer que o cumprimento frio de mandamentos no tem valor, se no for por amor. Por sua vez, a lei moral (Ez 36.26, 27; Hb 8.10-12) gravada em nosso esprito, em funo de seu cumprimento tambm chamada de: 1) Lei do Amor (Rm 13.9-10; Gl 5.14). As manifestaes do Fruto do Esprito comeam com o Amor (Gl 5.22, 23) e ao amor seguem-se as demais manifestaes. Se tivermos o amor, teremos tambm os demais atributos divinos, mas se no tivermos o amor quase impossvel que venhamos a ter qualquer um dos demais atributos; 2) O NOVO MANDAMENTO (Jo 13.34, 35; 14.15, 21, 23; 15.10; 1 Jo 4.20, 21; 5.2, 3; 2 Tm 6; Rm 13.8-10). Obviamente a lei do amor possui mandamentos, cujos preceitos muitas vezes podem parecer mais pesados que prpria Lei Mosaica (Mt 5.21, 22, 27, 28, 31-44). 3) LEI DA F (Rm 3.27). A f tambm uma das manifestaes do Fruto Esprito (Gl 5.22, 23). F significa, dentre outras coisas, obedincia (At 6.7; Rm 1.5; 10.16, 17; 16.26; I Pe 1.2), mas uma obedincia voluntria, espontnea, decorrente do amor. Portanto se tivermos o amor, obedeceremos (pela f) aos preceitos do Novo Mandamento. 4) LEI DE CRISTO (1 Co 9.20, 21; Gl 6.2). O cumprimento do Novo Mandamento de Cristo se consegue pela f e pelo amor a Cristo, por esse motivo, tal lei chamada de Lei de Cristo, e os que esto sujeitos a ela, no esto isentos da lei, mas sim debaixo de uma nova lei, chamada ainda por dois outros nomes: 5) Lei Perfeita (Tg 1.25); 6) Lei da Liberdade (Tg 1.25; 2.12; 2 Co 3:17). Que nos faz refletir a semelhana divina (2 Co 3.18). O Esprito Santo atravs da regenerao capacita o crente a cumprir a Lei Moral. J vimos que o cumprimento da lei moral gravada em nosso esprito baseado essencialmente no amor e na f, mas como pode o homem natural, almtico (psquicos),
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dominado pela sua alma (seu Eu) ser capacitado a cumprir essa lei? Somente o homem espiritual (o regenerado) pelo poder do Esprito Santo refletir a imagem de Deus e cumprir a lei moral (Tt 3.5; 1 Co 2.14, 15; 2 Co 3.18). O homem natural (Almtico) dominado por sua prpria alma (psiqu), mas o homem espiritual (pneumatikos) regido pelo Esprito Santo que mora no seu esprito humano. O Esprito de Deus sempre est tentando uma comunicao com o esprito do homem (Hb 3.7, 8, 15; 4.7). O homem pode fechar seu corao e sufocar a voz de Deus (Jo 5.40; At 7.51; Rm 10.21; 2 Ts 3.2; Hb 3.7, 8), ou ao contrrio, pode ter um corao contrito e humilde que busque a Deus (Sl 51.10-17; 34.18; Ef 4.23). Quando o homem natural (almtico) se converte, o Esprito, como um vento misterioso e invisvel, penetra dentro do homem, toma o seu esprito adormecido, morto e dominado pela alma e lhe comunica uma nova disposio, um vigor e tal homem ressuscita para uma nova Vida (Z - ), nasce de novo, REGENERA-SE (Jo 3.3-8; Ef 5.14). Uma vez que o Esprito Santo tenha entrado em nosso esprito, somos transformados em Templo de Deus (Ef 2.22, 1 Co 3.16; 6.17, 19; Ez 36.27; Rm 8.9, 16; 2 Co 6.16), e com isso somos capacitados a cumprir a lei moral escrita em nosso esprito (Ez 11.19, 20; 18.31; 36.26, 27; Jr 31.31-34; Hb 10.15-17; 8.8-12; 1 Jo 3.9). Vivemos agora pela f e cumprimos as obras da Lei da F, e essas obras fazem com que reflitamos a presena de Deus em nosso interior (Ef 2.8-10; Mt 5.16; Tt 3.5). O Esprito tambm peca, ou somente a alma e o corpo cometem pecados? Aqueles, que defendem a tricotomia geralmente concordam que a alma pode pecar, pois crem que a alma inclui o intelecto, as emoes e a vontade (1 Pe 1.22; Ap 18.14). Quando Paulo encoraja os corntios a se purificarem de toda impureza, tanto da carne como do esprito (2 Co 7.1), ele sugere nitidamente que pode haver impureza (ou pecado) no esprito. Do mesmo, fala da mulher solteira que se preocupa em ser santa assim no corpo como no esprito (1 Co 7.34). Outros versculos falam de modo semelhante. Por exemplo, o Senhor endureceu o esprito de Seom, rei de Hebrom (Dt 2.30). O salmo 78 fala do povo rebelde de Israel, cujo esprito no foi fiel a Deus (Sl 78.8). A altivez do esprito precede a queda (Pv 16.18), e possvel pessoas que pecadoras sejam orgulhosas em esprito (Ec 7.8). Isaas fala daqueles que erram de esprito (Is 29.24). Em Daniel 5.20, lemos que o seu esprito [de Nabucodonosor] se tornou soberbo e arrogante. O fato de que todos os caminhos do homem so puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o esprito (Pv 16.2) implica a possibilidade de que nosso esprito esteja errado aos olhos de Deus. Outros versculos implicam a possibilidade da existncia do pecado no nosso esprito (Sl 32.2; 51.10). Finalmente, o fato de as Escrituras aprovarem aquele que domina o seu esprito (Pv 16.32) implica que nosso esprito no simplesmente a parte espiritualmente pura da nossa vida, que deve ser acatada sempre, mas que tambm pode ter inclinaes ou desejos pecaminosos.
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As duas naturezas do crente e a liberao do esprito. Como acabamos de ver anteriormente, no ato da converso o crente adquire uma nova natureza, uma natureza espiritual (2 Pe 1.4), porm a sua natureza antiga, carnal, pecadora continua presente em seu interior, sem muitas modificaes ou at sem modificao alguma. Aps a converso o crente passa a ter duas naturezas. A velha natureza ainda quer conduzi-lo ao pecado, mas a nova natureza quer conduzi-lo para Deus, e com isso ambas entram em conflito. S aps a converso que o homem vai conhecer a verdadeira fora da sua alma, da sua carne, dos seus desejos e concupiscncia, do seu EGO (Eu). A partir de agora o crente estar vivendo em constante conflito espiritual, com muitas vitrias, e com muitas derrotas, enquanto aprende a conhecer-se e dominar-se (Rm 7.17-25; GL 5.16-25). Com relao a esse conflito interior h trs coisas que devemos considerar: 1) Todo crente sincero vive constantemente envolvido nesse conflito e Deus usa-o para conduzir o homem disciplina e ao crescimento na Graa e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Saber, porm, que tem duas naturezas, no desculpa ou autorizao para o crente cair ou se deixar levar pelo pecado (Rm 6.1, 2, 12-14). 2) A derrota vez ou outra no indicao de naufrgio na f, isto , se o crente ao pecar no sinta prazer no pecado, mas sim tristeza (1 Jo 3.9; Rm 6.1, 2, 12-15; Sl 51.17; 34.18; 32.5). 3) O segredo para a vitria andar no Esprito (Gl 5.16, 25). Quebrando a casca da carnalidade e do pecado que nos envolve, libertamos o esprito de debaixo do poder da alma; s assim nos conduziremos de modo agradvel aos olhos do Senhor e refletiremos a semelhana divina. Valem aqui as palavras de A. B. Langston, no seu livro Esboo de Teologia Sistemtica: A nossa conscincia tem, portanto, um valor realmente grande na vida prtica. A conscincia voz de Deus e dela podemos usar como aferidor dos nossos atos desde que ela continue, progressiva, ininterruptamente a aproximar-nos de Deus. O esprito humano pode ser dominado por sua alma pecadora. J vimos que o homem natural (almtico) dominado por sua alma pecadora, enquanto seu esprito est adormecido. J o homem carnal (antropos sarkos) tem um esprito renovado (regenerado), porm a sua alma tem domnio sobre ele. Tal luta existe mesmo no homem espiritual (antropos pneumticos), pois Jesus nos recomenda vigiar para no cairmos nas tentaes que surgem; o esprito esta sempre pronto para fazer a vontade de Deus, porm a carne no tem fora para resistir, muito pelo contrrio, ela se inclina de imediato para o pecado (Mt 26.41; Mc 14.38; Jo 6.63), silenciando a voz do esprito. A Bblia apresenta diversos estados negativos no esprito, mas se lermos com ateno os textos onde eles aparecem veremos que a nfase no est no estado do esprito em si, mas no estado da alma que exerce domnio sobre ele, ou seja, o estado da alma reflete-se sobre o esprito:
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1) Esprito abatido - dominado por alma dorida (Pv 15.13; 17.22; 18.14). 2) Esprito angustiado - dominado por alma triste (Is 65.14). 3) Esprito amargurado - dominado por alma desanimada (Pv 31.6; Gn 26.35). 4) Esprito infiel - dominado por alma instvel (Sl 78.8). 5) Esprito precipitado - dominado por alma irada (Pv 14.29). 6) Esprito desobediente - dominado por alma sem entendimento (Is 29.24). 7) Esprito irado - dominado por alma arrogante (Ec 7.8, 9). 8) Esprito endurecido - dominado por alma obstinada (Dn 5.20; Dt 2.30). 9) Esprito altivo - dominado por alma soberba (Pv 16.18). 10) Esprito de luxria - dominado por alma exaltada (Os 4.12). O pecado est na alma e no corpo (Ez 18.4, 20; Rm 7.23). No s qualidades ruins da alma so refletidas no esprito, mas tambm qualidades boas (Nm 5.14; J 17.1, 2; Sl 106.32, 33; J 7.11; Gn 41.8; Dn 7.15; Jz 8.3). Quando, porm, procuramos conhecer os atributos do esprito, mais marcante no salvo do que no incrdulo, vemos que os autores bblicos nunca associam a ele sentimentos ruins, mas somente sentimentos nobres tais como: 1) Esprito manso (1 Co 4.21; Gl 6.1; 1 Pe 3.4) e sereno (Pv 17.27). 2) Esprito humilde (Mt 5.3; Pv 16.19). 3) Esprito entendido (J 20.3; 32.8) e sem dolo (Sl 32.2). 4) Esprito contrito (Sl 34.18; turbado (Jo 13.21); quebrantado (Sl 51.17); e comovido (Jo 11.33). 5) Esprito revoltado contra o pecado (At 17.16). 6) Esprito alegre (Lc 1.47). Etc... Podemos apresentar mais um argumento que nos permite deduzir que o esprito do homem no o responsvel pelo pecado do prprio homem. Quando Jesus fala da condenao dos mpios, diz que eles sero lanados em corpo e alma no inferno, mas no em esprito (Mt 10.28) e ainda diz que esse o local onde o bicho no morre (Mc 9.4448). Esse termo bicho aqui mencionado nada tem a ver com animais no sentido literal da palavra, e nem to pouco e refere a Satans, mas se refere s pessoas mpias que rejeitam a salvao (Is 66.24). Jesus compara os mpios condenados a bichos, apenas porque os animais s tm corpo e alma. Jesus no fala de condenao do esprito junto com a alma e o corpo, pois o esprito no peca, mas sim a alma e o corpo}- Opinio do Pastor Gilson de Almeida Pinho. Uma questo em aberto, diante de argumentos inclusivos. O pastor Gilson Pinho da opinio que no ser humano a alma atravs do corpo quem peca, j o esprito no peca, porm pode estar sublimado pela alma pecadora. H pessoas que pensam diferente e atribuem o pecado tambm ao esprito. Essa uma questo em aberto, pois a Bblia no admite enfaticamente que o esprito humano peque, mas
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tambm no afirma que ele no peca. O autor desta apostila da opinio que quando o homem peca, no apenas uma parte do seu ser que peca, mas todos os elementos que compem o homem participam da ao do pecado, por isso a redeno atinge os trs elementos: esprito, alma e corpo. Que o prprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o esprito, a alma e o corpo de vocs sejam preservados irrepreensveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 5.23). 2. Intuio. At o momento, no sabemos como a intuio funciona nem quais so exatamente as reas cerebrais que a medeiam. Em filosofia, a definimos como o poder da mente para vislumbrar certas verdades auto-evidentes. Nos ltimos dois sculos, a cincia, a filosofia ocidental e seu materialismo, e o excesso de informaes e de lgica, muito tm contribudo para o amortecimento do funcionamento do dom divino da intuio em processos neurais e em nossa vida cotidiana. 37 A intuio o rgo sensitivo do esprito humano. to diametralmente diferente do sentido fsico e do sentido anmico que chamada intuio. A intuio suporta uma sensibilidade direta independente de qualquer influncia exterior. Esse conhecimento que nos chega sem nenhuma ajuda do pensamento, da emoo ou da vontade intuitivo. Sabemos por meio de nossa intuio, e nossa mente nos ajuda a compreender. As revelaes de Deus e todos os movimentos do Esprito Santo so perceptveis para o crente atravs da intuio. Em conseqncia, um crente deve levar em considerao dois elementos: a voz da conscincia e o ensino da intuio.38 A definio segundo o dicionrio do MEC a seguinte: a percepo clara, direta, imediata, de verdades sem a necessidade da interveno do raciocnio. A intuio envolve um sentimento direto e independente de qualquer ajuda da mente, emoo ou vontade, chega intuitivamente. Ns realmente conhecemos atravs da nossa intuio (1 Co 2.9-16); nossa mente simplesmente nos ajuda a entender. As revelaes de Deus e todas as manifestaes do Esprito Santo tornam-se conhecidas do crente por meio da sua intuio. O crente deve, portanto, estar atento a estes dois elementos: a voz da CONSCINCIA e ao ensino da INTUIO. A Intuio exatamente o lugar onde ocorre a UNO que ensina (1 Jo 2.20,27). Os dons do Esprito Santo nos vm ao nosso esprito atravs da intuio, no s os dons, mas tambm, os ministrios e as operaes. (1 Co 12.4-6). A Funo da Intuio no esprito humano: Mt 26.41 (pronto); Mc 2.8 (perceber); Mc 8.12 (suspirando); Jo 11.33 (comoveu-se); At 18.25 (fervorosos); At 20.22 (constrangido); 1 Co 2.11 (entender); 1 Co 16.18 (recrear = refrigrio). Assim como a alma tem sentidos, assim tambm o esprito. L naquele recesso mais interior, ele pode regozijar, entristecer, prever, amar, temer, aprovar, condenar, decidir e
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MARINO, Raul Jnior. A religio do Crebro . So Paulo: Editora Gente, 2005, p. 38. NEE, Watchman. O Homem Espritual, Vol. 1. Belo Horizonte: Editora Betnia, p. 25.
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discernir. Estes movimentos so sentidos no esprito e so bem distintos daqueles manifestados pela alma atravs do corpo. Podemos aprender a respeito dos sentidos do esprito e seu carter mltiplos nos seguintes versculos: Mt 26.41 Vigiai e orai, para que no entreis em tentao; na verdade, o esprito est pronto, mas a carne fraca. Mc 2.8: E Jesus, conhecendo logo em seu esprito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso corao?. Mc 8.12: E, suspirando profundamente em seu esprito, disse: Por que pede esta gerao um sinal? Em verdade vos digo que a esta gerao no se dar sinal algum. Lc 1.46,47: Disse, ento, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu esprito se alegra em Deus, meu Salvador. Jo 4.23,24: Mas a hora vem, e agora , em que os verdadeiros adoradores adoraro o Pai em esprito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus Esprito, e importa que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade. Leia ainda: Jo 11.33; 13.21; At 17.16; 18.25; 19.21; 20.22; Rm 12.11; 15.30; 1 Co 2.11; 4.14,15; 2 Co 4.13; Ef 1.17; Cl 1.8. O esprito como alma tem seus pensamentos, sentimentos e desejos. Necessitamos distinguir o espiritual daquilo que almtico (da alma). L no interior do nosso ser, h uma voz no pronunciada e sem som. O crente sabe (conhece) as coisas de Deus pela intuio do seu esprito. O saber obra da intuio, o compreender tarefa da mente. 3. Comunho. adorar a Deus no esprito. Os rgos da alma so incompetentes para adorar a Deus. Deus no percebido pelos nossos pensamentos, sentimentos ou intenes, pois Ele s pode ser conhecido diretamente em nosso esprito. Nossa adorao e as comunicaes de Deus conosco so diretamente realizadas em nosso esprito (Jo 4.14-24). Elas acontecem no Homem Interior e no na alma ou no Homem Exterior. Somos morada de Deus no nosso esprito (Ef 2.22). A funo da comunho no esprito do homem: Lc 1.47 (exulta); Jo 4.23, 24 (adorao); Rm 1.9 (sirvo); Rm 7.6 (servimos); Rm 8.15 (clamamos); Rm 8.16 (testifica); 1 Co 6.17 (um s esprito com o Senhor); 1 Co 14.14,15 (orar e cantar no esprito); Ap 1.10 (arrebatado em esprito); Ap 21.10 (levado em esprito). O esprito do homem no a mente, nem a vontade, nem a emoo do homem; pelo contrrio, ele inclui as funes da conscincia, da intuio e da comunho. aqui no
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esprito, no Santo dos Santos homem, que Deus nos regenera, nos ensina e nos conduz ao Seu Descanso. Portanto resta ainda um REPOUSO SABTICO para o povo de Deus. Ora vista disso, procuremos diligentemente entrar naquele DESCANSO, para que ningum caia no mesmo exemplo de desobedincia (Hb 4.9,11). Qual este DESCANSO? Precisamos dar uma olhada em outro tipo no Velho Testamento para descobrir o seu significado. Depois que os israelitas foram libertos e salvos da terra do Egito, eles foram trazidos para o DESERTO com a inteno de que prosseguissem para a terra de Cana. Cana era a sua terra de descanso, um tipo de Cristo. Ele a boa terra de Cana, Ele nosso DESCANSO. Se queremos entrar no descanso, precisamos entrar em Cristo. Mas onde est Cristo hoje? Respondemos: Ele est em nosso esprito. Os israelitas, que foram conduzidos para fora do Egito, ao invs de prosseguirem para Cana, vagaram por muitos anos no deserto. Que isso prefigura? Significa que muitos cristos, aps serem salvos, esto simplesmente vagando na alma. A razo pela qual o livro de Hebreus foi escrito que muitos cristos hebreus foram salvos, mas estavam vagando na alma. Eles queriam prosseguir do deserto para dentro da boa terra, isto , para dentro do Cristo que habitava em seus espritos. No devemos continuar vagando em nossa alma, mas prosseguir diligentemente para entrar no Santo dos Santos (Hb 10.19, 20). Isto , entrar no nosso esprito, onde Cristo em Esprito o nosso DESCANSO. Veja o diagrama abaixo:
Porque a Palavra de Deus viva (Zn- ) e eficaz (energs - ), e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra at a diviso de alma e esprito.... (Hb 4.12). O escritor de Hebreus enfatizou a necessidade de se dividir alma de esprito. A Palavra deve penetrar em ns de maneira que possamos prosseguir diligentemente, da alma para dentro da boa terra, o Santo dos Santos - o nosso esprito humano. O homem natural (almtico) permanece no Egito, o homem carnal (tambm dominado pela alma) vagueia no deserto da alma, onde no h descanso. Todavia o homem espiritual j chegou Cana, j adentrou no Santo dos Santos, j chegou ao Monte Sio, e cidade do Deus vivo, Jerusalm Celestial, a mirades de anjos; universal assemblia dos primognitos inscritos nos cus, e a Deus, o Juiz de todos e aos espritos
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dos justos aperfeioados; e a Jesus, o mediador de uma nova Aliana, e ao sangue da asperso, que fala melhor do que o de Abel (Hebreus 12.22-24). Antes de o crente nascer de novo, o seu esprito torna-se to submerso e cercado pela alma, que impossvel para ele distinguir se algo emana da alma ou do esprito. As funes da alma se misturam com as do esprito. Alm disso, o esprito perdeu sua funo primria para com Deus; pois est morto para Deus. Assim o esprito apenas um acessrio da alma. E quando a mente, emoo e vontade se fortalecem, as funes do esprito tornam-se eclipsadas a ponto de quase se tornarem desconhecidas. por isso que deve haver a obra de separao entre a alma e o esprito depois que o crente regenerado (Hb 4.12). Examinando a Bblia, parece que um esprito no regenerado funciona do mesmo modo que a alma (Gn 41.8; Pv 17.22; Is 29.24; 65.14; Dn 5.20). Estas passagens mostramnos as obras do esprito no regenerado e indicam como so semelhantes as da alma. A razo porque o esprito, e no a alma, mencionado, visa revelar o que aconteceu nas profundezas do homem. Isto mostra como o esprito do homem veio a ser controlado e influenciado completamente por sua alma, como resultado ele manifesta as obras da alma. A Mente e o Esprito.
CONSCINCIA
Zc 12.1
A cadeia do conhecimento Intuio
ESPRITO
ALMA
Mente Crebro
CORPO
A CADEIA DO CONHECIMENTO
Deus comunica-se conosco por meio de nosso esprito, no atravs de nossa alma e de nosso corpo. Devemos ter um esprito aberto e sensvel para mantermos comunicao viva com Ele. Todavia, esta comunicao no ser completa sem o uso da mente. Com a intuio em nosso esprito, necessitamos da nossa mente renovada. A intuio d conhecimento interior (1 Jo 2.20, 27). Mas sentir as coisas espirituais uma coisa e entend-las outra coisa bem diferente! As coisas de Deus so sentidas no esprito, mas so compreendidas na mente.
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Muitas vezes conhecemos alguma coisa de Deus dentro do nosso esprito, mas devido ao problema da nossa mente, no a compreendemos. Necessitamos da compreenso em nossa mente para interpretar o que est em nosso esprito. por essa razo que nos dito em Rm 12.2 que necessitamos da renovao da mente. Se a mente estiver fechada, a luz de Deus no ser concedida ao esprito, pois no haver sada para o que quer que o esprito obtenha. Se a mente do cristo for defeituosa, seu esprito tambm ser. Por isso o cristo tem que ter uma mente constantemente renovada (Ef 4.17-24; Rm 12.1, 2). Uma vez que a mente uma parte da alma, na alma que a transformao ocorre. Fomos regenerados no esprito (Jo 3.3-8), mas agora o problema a alma. No h dvida sobre a regenerao do nosso esprito, sabemos que o Esprito Santo est habitando nele. Nosso esprito foi vivificado e regenerado com Cristo, recebendo a Vida () de Deus, pelo Esprito Santo. Mas e nossa alma? E a nossa mente, nossa vontade e nossa emoo? Em nosso esprito, somos inteiramente diferentes das pessoas do mundo, mas temo que em nossa mente sejamos iguais a elas. A regenerao foi cumprida em nosso esprito, mas aps a regenerao, ainda necessitamos da transformao da nossa mente, da transformao da nossa alma. A diferena entre a mente renovada e a no renovada como diferena entre uma janela de vidro transparente e uma de vidro fosco. A mente no renovada no capaz de pensar e fazer o que a mente renovada capaz. O poder do pensamento melhorar muito. Por isso devemos tratar de renovar a nossa mente diariamente. O poder, os Dons, as operaes e as manifestaes fluiro do Esprito Santo via esprito humano para a mente da alma, e desta para o corpo atravs do crebro. Quando a nossa mente recebe a verdade de Deus transmitida ao nosso esprito, conhecemos dentro de curto ou longo prazo, a verdade completa. Muitas pessoas espirituais conseguem receber de Deus grandes verdades com toda a clareza. Deus mostra essas verdades s nossas mentes para que alimentem tanto a ns como a outras pessoas. Se a mente estiver impedida, o esprito no ter por onde se manifestar e Deus no poder us-lo.
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TIPOLOGIA: O TABERNCULO E O TEMPLO O TEMPLO E O HOMEM: (Hb 8.5; 9.1-8; Ex 40.17-33; 1 Co 3.16; 6.17, 19). 1. Ptio ou trio corresponde ao corpo (Ex 40.29-33). 2. Lugar Santo corresponde alma (Ex 40.22-27; Hb 9.2). 3. Santo dos Santos corresponde ao esprito humano (Hb 9.3; Ex 40.20, 21).
INTUIO
Zc 12.1
A cadeia do conhecimento Intuio
ESPRITO
LUGAR SANTO
ALMA
Mente Crebro
CORPO
PTIO
A CADEIA DO CONHECIMENTO
A LOCALIZAO DO ESPRITO HUMANO A Bblia nos diz que Deus Pai est em ns (Ef 4.6), que Cristo est em ns (2 Co 13.5) e que Esprito Santo est em ns (Rm 8.11). Todas as Pessoas do Deus Trino esto em ns?. Quantas Pessoas esto em ns? Trs ou uma? No devemos dizer que trs Pessoas separadas esto em ns, nem dizer que somente uma Pessoa est em ns, mas que os trs-em-um esto em ns. As trs Pessoas da Deidade no so trs Espritos, mas um nico Esprito (Ef 4.4). O Pai est no Filho, o Filho est no Esprito e o Esprito est em ns. A essncia (ousia) da Unidade de Deus est no Esprito. Mas onde, dentro de ns est o Deus Trino? Paulo na sua 2 carta a Timteo, afirma que Cristo est em nosso esprito (2 Tm 4.22). E na carta aos efsios, Paulo nos diz: Sois edificados para morada de Deus no esprito (Ef 2.22). Veja tambm Rm 8.9 Mas se algum no tem o Esprito de Cristo, esse tal no dele. Cristo Esprito, ns temos um esprito e finalmente estes dois espritos devem ser amalgamados como um nico esprito (1 Co 6.17). Quero, porm ressaltar que a Plenitude da Divindade no reside em ns. Segundo a Revelao Divina, apenas o Esprito Santo reside no Corpo Mstico que a IGREJA.
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A fim de localizar o esprito humano, necessitamos separar a alma do esprito humano (Hb 4.12). A Palavra de Deus viva e eficaz (energtica), uma espada afiada para penetrar no nosso ser, para separar nossa alma do nosso esprito. A Bblia nos diz em 1Co 3.16, 17 que somos o Templo de Deus. De acordo com o Velho Testamento, o Templo, como o Tabernculo eram constitudos de trs partes: a primeira era o Ptio (ou trio Exterior), a segunda era o Lugar Santo e a terceira era o Santo dos Santos. Sabemos que Deus estava no seu Templo, mas, em que parte? Ele no estava no Ptio e nem no Lugar Santo. Ele estava no Santo dos Santos. L no Santo dos Santos habitava a PRESENA de Deus, chamado em hebraico de SHEQUINAH. No Ptio estava o altar, que um tipo de Cruz, e logo atrs do altar estava a Pia com a Bacia que tipifica o trabalho do Esprito Santo (Tt 3.5). O Lugar Santo inclua a Mesa da Proposio, o Candelabro e o Altar de Incenso. Mas, no Santo dos Santos estava a ARCA, que tipifica Cristo! Portanto, o Esprito de Cristo estava no Santo dos Santos, e a Presena de Deus, a Glria SHEQUINAH de Deus, tambm estava l. semelhana do Tabernculo e do Templo, ns tambm somos constitudos de trs partes: o corpo, a alma e o esprito. Ef 2.22 nos diz claramente que somos morada de Deus no nosso esprito. O nosso esprito o prprio Santo dos Santos nesta dispensao. A tipologia do Tabernculo e do Templo no Velho Testamento apresenta uma figura muito clara. Cristo e a presena de Deus esto no Santo dos Santos. Hoje, essa figura do Templo de Deus cumprida em ns. Somos constitudos de trs partes: nosso corpo corresponde ao PTIO, nossa alma ao Lugar Santo e o nosso esprito humano ao Santo dos Santos, que a prpria morada de Cristo e onde se encontra a presena de Deus. Tendo, pois, irmo, ousadia para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus (Hb 10.19). O que o Santo dos Santos, no qual devemos entrar hoje enquanto estamos aqui na terra? O nosso esprito o Santo dos Santos. A mulher samaritana queria saber qual o verdadeiro lugar de adorao, pois os samaritanos diziam que era o Monte Gerizim e os judeus diziam que era o templo em Jerusalm. E Jesus lhe ensinou: Deus Esprito; e importa que os seus adoradores o adorem em esprito (o esprito humano) e em verdade (Jo 4.24). Porque ns que somos a circunciso, ns que adoramos a Deus no esprito (Fp 3.3). Mas judeu no o que exteriormente, nem circunciso a que o exteriormente na carne. Mas judeu o que o no interior, e circunciso a que o do corao, no esprito, no na letra; cujo louvor no provm dos homens, mas de Deus (Rm 2.28, 29). O nosso esprito humano o Santo dos Santos onde o prprio Deus habita, onde o prprio Cristo faz morada. No procure Jesus ali acol, procure-o no seu esprito. Deus em Cristo est mais perto de voc que sua prpria veia jugular.
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X.
CORAO KARDIA
CORAO MENTE
INTUIO
ESPRITO
EM O O
VO
DE A NT
O corao no uma parte separada adicionada alma e ao esprito, mas uma composio de todas as partes da alma (mente, emoo e vontade) mais a intuio que uma faculdade do esprito. No sentido fsico, o corao o rgo central do corpo, ncleo da vida fsica; o distribuidor do sangue, e o conceito bblico : a vida est no sangue (Lv 17.11). Mas como outros termos antropolgicos, corao tambm muito usado num sentido psicolgico, como centro ou foco da vida interior do homem. O corao a origem ou a fonte dos motivos; o centro das paixes; o mago dos processos dos pensamentos; a fonte da conscincia. O corao, na realidade est associado com aqueles aspectos que hoje so chamados os elementos COGNITIVOS, AFETIVOS e VOLITIVOS da vida pessoal (Mt 9.4; 13.15; Mc 2.6; Lc 1.51; Hb 10.22; 4.12; 1 Jo 3.20). O Antigo Testamento emprega LEB ( )e LEBAB ( ) para corao. LEB ocorre nas partes mais antigas, e LEBAB no aparece at Isaas (Is 1.5). O A. T. emprega o corao no sentido literal metafrico. A palavra leb ou lebab significa corao, mente, inteligncia, vontade , conscincia, ntimo. Depois a conscincia (leb) doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul (1 Sm 24.5). O corao geralmente considerado como a sede da inteligncia e da vontade (Is 10.7). difcil fazer uma distino exata entre nephesh, ruah e leb do homem. O pensamento pode representar a atividade de qualquer um destes trs rgos, mas isto no quer dizer que as palavras so sinnimos, a no ser em sentido muito limitado. Na totalidade do seu ser, o homem pode ser designado por nephesh, mas ele tem um ruah e um leb. Convm lembrar que nephesh tem vrios outros sentidos. A Septuaginta traduz leb predominantemente por KARDIA, mas raramente por DIANOIA (mente) e PSIQU (alma).
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A - O corao encarado como rgo do corpo a sede da fora fsica (Sl 38.10; Is 1.5). Quando o corao fortalecido pelo alimento, o homem inteiro se revifica (Gn 18.5; Jz 19.5; I Rs 21.7). B - No sentido metafrico, leb a sede da vida espiritual e intelectual do homem, a natureza ntima da pessoa. Aqui se v com clareza especial a conexo estreita entre os processos espirituais e intelectuais, e as reaes funcionais da atividade do corao. Explica-se, assim o contato, estreito de Leb e de Nefesh (alma) que podem ser at intercambiados (Js 22.5; 1 Sm 2.35; Dt 6.5). No Antigo Testamento leb tambm a sede do sentir, pensar e desejar do homem. O livro de Provrbios esclarecedor neste aspecto; O corao a sede da sabedoria (2.10); da confiana (3.5); da diligncia (4.23); da perversidade (6.14); de projetos inquos (6.18); da concupiscncia (6.25); da astcia maligna (7.10); do entendimento (8.5); do engano (12.20); da estultcia (12.23); da ansiedade (12.25); da amargura (14.10); da tristeza (14.13); do caminhar infiel (14.14); da alegria (15.13); do conhecimento (15.14); do bom nimo (15.30); da arrogncia (16.5 B. J.); do orgulho (18.12); da prudncia (18.15); da murmurao ou irritao (19.3); da inveja (23.17 B. J.). O esprito comunga com Deus e o rgo nos permite conhecer a Sua vontade, ao passo que o corao o mordomo do esprito, trabalhando para expressar de tudo o que nele se encontra. Tudo o que tiver no esprito expresso atravs do corao. Ele , portanto, o elo entre as obras do esprito e da alma. como o centro de um sistema telefnico para onde todas as linhas se convergem e so ligadas. Tudo o que entra no esprito passa pelo corao. O corao atinge a alma mediante o corao; e atravs do corao a alma transmite ao esprito o que ela descobre no mundo exterior. O corao onde nossa personalidade se localiza. o nosso verdadeiro Eu. Conhecendo o conceito bblico de corao podemos julgar quo significativo para ns: Consultai no travesseiro o vosso corao, e sossegai (Sl 4.4). Em outras palavras, o corao sou eu mesmo. A palavra corao no Novo Testamento KARDIA - . Ela, tambm, tem uma ampla conotao psicolgica e espiritual. O Senhor enfatizou a importncia do corao puro (Mt 5.8; Sl 24.3-5); o pecado inicialmente cometido no corao (Mt 15.18); do corao procedem os maus desgnios (Mt 15.19; Mc 7.21, 22; 5.27, 28); o divrcio fruto de um corao endurecido (Mt 19.7, 8); o perdo deve vir do corao (Mt 18.35); os homens devem amar a Deus de todo o corao (Mt 22.37); a Palavra de Deus semeada e tem de dar frutos no corao (Lc 8.11-15; Mt 13.19); o servio deve ser feito com um corao sincero a Cristo (Ef 6.1-9); a adorao a Deus no corao (Cl 3.16). Sobre tudo o que deves guardar, guarda o teu corao, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23 cf. 14.10). Desta maneira a Palavra de Deus relaciona o termo corao com auto conhecimento natural. Veja: Is 6.10; 1 Co 2.9. No comeo da histria do homem j se diz que o corao do homem mau (Gn 6.5) e v-lo-emos assim em todo o Velho Testamento (Jr 5.23, 24; 17.9, 10; Ez 11.19). Enfim, tanto no V.T. como no Novo Testamento, o corao o centro da vida, do desejo, da vontade e do juzo. O corao sabe, compreende, delibera, calcula, est disposto, dirigido, presta a ateno, e inclina-se para as coisas (1 Rs 3.9; Rm 8.5-7). O
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corao o depsito de tudo quanto se ouve ou se experimenta (Lc 2.51). O corao a fabrica, por assim dizer em que se formam os pensamentos e propsitos, sejam bons ou maus (Mt 9.4; 15.18, 19; Mc 7.20-23; 1Co 7.37; 1Rs 8.17; Pv 6.14). 1. O corao centro da vida, do desejo, da vontade e do juzo. O amor, o dio, a determinao, a vontade e o gozo (Sl 105.3) unem-se com o corao. O corao sabe, compreende (1 Rs 3.9), delibera, calcula; est disposto, dirigido, presta ateno, e inclina-se para as coisas. Tudo o que impressiona a alma se diz estar fixado, estabelecido, ou escrito no corao. O corao o depsito de tudo quanto se ouve ou se experimenta (Lc 2.51). O corao a fbrica, por assim dizer, em que se formam pensamentos e propsitos, sejam bons ou maus. (Vide Sl 14.1; Mt 9.4; l Co 7.37; l Rs 8.17). 39 2. O corao o centro da vida emocional. Ao corao atribuem-se todos os graus de gozo, desde o prazer, (Is 65.14) at ao xtase e exultao (Atos 2.46); todos os graus de dor, desde o descontentamento (Pv 25.20) e a tristeza (Jo14.1) at ao ai lacerante e esmagador (Sl 109.22; At 21.13); todos os graus de m vontade desde a provocao e ira (Pv 23.17) at clera incontrolvel (At 7.54) e o desejo vingativo ardente (Dt 19.6); todos os graus de temor desde o tremor reverente (Jr 32.40) at ao pavor (Dt 28.28). O corao derrete-se e se retorce em angstia (Js 5.1); torna-se fraco pela depresso (Lv 26.36); murcha sob o peso da tristeza (Sl 102.4); quebra-se e fica esmagado pela adversidade (Sl 147:3), consumido por um ardor sagrado (Jr 20.9). (Is 65.14; At 2.46; Pv 25.20; Jo 14.1, 27; Sl 19.8; 109.22; At 21.13; Js 5.1; Lc 24.32; Jo 16.6; 16.22). 40 3. O corao o centro da vida moral. Concentrado no corao pode haver o amor de Deus (Sl 73.26) ou o orgulho blasfemo (Ez 28.2, 5). O corao a oficina de tudo quanto bom ou mau nos pensamentos, nas palavras ou nas aes. (Mt 15.19). onde se renem todos os impulsos bons ou as cobias ms; a sede dum tesouro bom ou ruim. Do que tiver em abundncia ele fala e opera.(Mt 12.34, 35). o lugar onde originalmente foi escrita a lei de Deus (Rm 2.15), e onde a mesma lei renovada pela operao do Esprito Santo. (Hb 8.10). sede da conscincia (Hb 10.22) e a ele atribuemse todos os testemunhos da conscincia, (1 Jo 3.19-21.) Com o corao o homem cr (Rm 10.10) ou descr (Hb 3.12). campo onde se semeia a Palavra divina (Mt 13.19). Segundo as suas decises, est sob a inspirao de Deus (2 Co 8.16) ou de Satans (Jo 13.2). a morada de Cristo (Ef 3.17) e do Esprito (2 Co 1.22); da paz de Deus (Cl 3.15). o receptculo do amor de Deus (Rm 5.5), o lugar da aurora celestial (2 Co 4.6), a cmara da comunho secreta com Deus (Ef 5.19). uma grande profundidade misteriosa que somente Deus pode sondar. (Jr 17.9). (Sl 73.26; Mt 15.19; Jr 17.9; Pv 6.14). 41 4. O corao a sede da conscincia (Hb 10.22; 1 Jo 3.19-21). 5. O corao tem relao com a mente (Mt 9.4; Mc 2.6; Lc 1.51; 24.38; Mt 13.15; Hb 4.12; Rm 2.15 conscincia + mente; Gn 6.5). 6. O corao tem relao com a vontade (At 11.23; Hb 4.12).
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MYER, Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bblia. 6 ed. EUA: Editora VIDA, 1977, p. 77. Ibid., p. 77. 41 MYER, Pearlman. Conhecendo as Doutrinas da Bblia. 6 ed. EUA: Editora VIDA, 1977, p. 78.
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O corao o campo onde se semeia a Palavra Divina (Mt 13.19). a morada de Cristo (Ef 3.17), e do Esprito Santo (1 Co 3.16; 6.17, 19; 2 Co 1.22; Ef 2.22), da Paz de Deus (Cl 3.15). o receptculo do Amor de Deus (GAPE - Rm 5.5; 1 Co 13.1-13), a cmara da comunho secreta com Deus (Ef 5.19). uma grande profundidade misteriosa que somente Deus pode sondar (Pv 14.10; Jr 17.9). Fica a advertncia de Provrbios 4.23. (Leia ainda Sl 119.11; Mt 6.19-34; Pv 28.26; Lc 2.51; 17.20-36). Na regenerao Deus ns d somente um esprito novo e um corao novo, mas no nos d uma alma nova. Deus nos d um esprito novo para que tenhamos comunho com Ele. D-nos tambm um novo corao para vivermos uma nova vida e termos novos desejos (Sl 51.10; Ez 36.26; Tg 1.18-21). Ao dar-nos um corao novo, Deus no nos d outro corao; Ele simplesmente renova o nosso corao corrompido. Do mesmo modo, ao conceder-nos um esprito novo, Deus no nos d outro esprito; Ele simplesmente vivifica o nosso esprito morto. Paulo faz uso da palavra KARDIA em diversos textos. Segundo H. W. Robinson em seu livro A Doutrina Crist do Homem, em 15 casos corao denota, de modo geral, a personalidade, ou a vida interior (1 Co 14.25); em 13 ocorrncias a sede das emoes e da conscincia (Rm 9.2); em 11 casos a sede das atividades intelectuais (Rm 1.21); em 13 ocorrncias sede da volio (Rm 2.5). Paulo usa outras expresses, tais como mente, alma e esprito, para ampliar o conceito do homem; mas de modo geral, pode se dizer que a palavra KARDIA no Novo Testamento reproduz e expande as idias includas nas palavras hebraicas LB e LEBAB no Antigo Testamento. XI. CARNE - SARX Certos significados bvios, literais e figurados so expressos em toda a Bblia pela palavra CARNE. As palavras She`er - e Bassar - . No A. T., e Novo Testamento, SARX - , descrevem o veculo e as circunstncias da vida fsica neste mundo. Desta maneira, em Fp 1.22-24, Paulo constrata permanecer na carne com o partir para estar com Cristo. De modo geral, sarx usada juntamente com ossos, sangue, ou corpo (Pv 5.11; 1 Co 15.50) com referncia ao aspecto fsico da natureza do homem. Todavia h outros empregos para a palavra CARNE no Velho Testamento, mas um sentido amplo s ser visto no Novo Testamento, principalmente nos escritos de Paulo. A doutrina neotestamentria da Carne principal, mas no exclusivamente paulina. A carne um princpio dinmico da pecaminosidade (Gl 5.17; Jd 23). Os no-regenerados so a carne pecaminosa (Rm 8.3); so segundo a carne (Rm 8.5). Neles a carne, com suas paixes e concupiscncias (Gl 5.24), opera a morte (Rm 7.5). A carne, produzindo obras (Gl 5.19) naqueles que vivem segundo a carne (Rm 8.12) caracterizada pela concupiscncia (1 Jo 2.16; Gl 5.16; 2 Pe 2.10), que escraviza os membros do corpo e tambm domina mente (Ef 2.3) de modo que h uma afiliao mental total chamada a cogitao da carne (Rm 8.5, 7). Nestas circunstncias, a vida entregue s satisfaes carnais (Cl 2.23) e descrita como semear para a carne, de onde colhida a corrupo carnal (Gl 6.8). Tais pessoas esto dominadas por paixes pecaminosas (Rm 7.5),
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incapazes de obedecer Lei de Deus (Rm 8.3) ou de agradar a Deus (Rm 8.8). At mesmo sua prtica religiosa est desviada da fonte de Deus por causa da mentalidade carnal (Cl 2.18). So filhos da ira (Ef 2.3). Em sntese a Carne a combinao da alma pecaminosa e do corpo humano, que tambm chamado Corpo do Pecado (Rm 6.6; Gl 5.24). Quando a carne condenada, a referncia no ao corpo em si, mas ao corpo sendo usado pela alma pecadora. a alma que peca (Ez 18.4, 20). A carne pode ser definida como a soma total dos instintos do homem, no como vieram das mos do Criador, e, sim como so na realidade, pervertidos e feitos anormais pelo pecado. a natureza humana na sua condio decada, enfraquecida e desorganizada pela herana racial derivada de Ado, e debilitada e pervertida por atos voluntrios pecaminosos. A palavra carne-SARX est sujeita a trs usos no Novo Testamento, e quando estes usos so diferenciados, lana-se alguma luz sobre este tema to importante. 1 - A carne referindo-se apenas parte material do homem, caso em que no tem nenhuma implicao psicolgica. neste caso semelhante ao seu sinnimo corpo (SOMA) At 2.30, 31; 1 Co 15.39; Rm 1.3; 2.28; 4.1; 9.5; Gl 4.13; Ef 5.29; 1 Tm 3.16; Hb 5.7). 2 - A carne referindo-se aos relacionamentos e classificaes da humanidade (Rm 3.20; Gl 2.16; 1 Co 1.29; 1 Pe 1.24). Estas referncias so a pessoas vivas na terra, no a corpos compostos de substncias material, mas a corpos com a alma e vida. Contudo, embora este uso da palavra indique o corpo e a vida que h nele, no h uma referncia direta em nenhum dos casos a qualidades morais ou ticas. 3 - O terceiro uso da palavra carne (sarx) aquele que se restringe parte imaterial do homem. No primeiro caso, o uso de SARX ficou restrito ao corpo somente; no segundo caso, combina o material com o imaterial, mas sem significado moral; enquanto que, no terceiro fica restrito parte imaterial do homem e com especial significado ou tico (Ef 2.3; 2 Co 1.12; 7.1; Cl 2.18; 1 Co 3.1-4; 1 Pe 2.11; Rm 8.5-13; Gl 5.16-26). EXISTEM DOIS CONFLITOS NOS REGENERADOS: 1) CARNE X MENTE (Rm 7.23, 25) = A Mente Independente. 2) CARNE X ESPRITO (Rm 8.16-26) = A Mente Dependente No primeiro conflito, entre a carne e a mente, s existem derrotas, embora seja estabelecida a verdade que com a mente um cristo pode servir Lei de Deus e com a carne servir lei do pecado (Rm 7.5). No segundo conflito, entre a carne e o esprito, pode haver vitria. A mente em Rm 7; uma mente independente, tentando fazer o bem por si mesma; Paulo nos introduz no captulo 8 e nos diz como a mente tem de ser dependente. Rm 8.6 diz A mente posta no esprito vida (z - ) e paz. A mente tem duas possibilidades; ela pode depender ou da carne ou do esprito. Uma mente independente ser derrotada, mas uma mente dependente do esprito ter vitria.
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Muito diferentes so aqueles que experimentaram a REGENERAO da parte de Deus. Permanecem na carne, mas j no so segundo a carne (2 Co 10.3; Gl 2.20). Precisam ser vigilantes. O fato da carne importa num embotar da percepo espiritual (Rm 6.19) e embora o cristo no precise atender nenhuma das reivindicaes da carne (Rm 8.12), deve lembrar-se de que na sua carne no habita bem algum (Rm 7.18), e de que se voltar a colocar nela a sua confiana (Fp 3.3; Gl 3.3) recair para a escravido (Rm 7.25). O regenerado recebeu o novo princpio da vida que suficiente para suplantar o antigo princpio do pecado e da morte (Rm 8.2,4, 9,13; Gl 5.16,17); este novo princpio a Lei do Esprito da Vida em Cristo Jesus; a vida de Cristo se manifestando em sua carne mortal (2Co 4.10, 11). XII. A TEORIA FREUDIANA SOBRE O HOMEM 42 Freud via o ser humano como retalhado por dentro. O homem, dizia ele, tem necessidades, impulsos ou energias primitivas e bsicas que procuram expressar-se. A estas Freud dava o nome de Id (sexo e agresso). Mas h tambm no homem o Super-ego (mais ou menos o equivalente ao que mais freqentemente chamado conscincia). Os pais, a igreja, os professores, etc., injetam no indivduo o Super-ego por meios sociais. No sistema freudiano, o Super-ego o ru. De acordo com Freud, o problema dos doentes mentais consiste numa excessiva imposio social do Super-ego. Uma conscincia supersocializada demasiado severa e demasiado rigorosa. Os mentalmente enfermos so vtimas do Super-ego. O Ego, terceira unidade do ser humano, o rbitro, ou ser consciente. Aparece um conflito com o Id quando o Id deseja expressar-se, mas frustrado pelo Super-ego. As necessidades primitivas procuram expresso, mas o Superego, estando no limiar, bloqueia o Id, impedindo sua Expresso na vida consciente do indivduo. Essa batalha, travada no nvel do subconsciente, a fonte das dificuldades do indivduo. O nvel em que opera o Ego completamente diverso daquele em que opera o Id e o Super-ego. O Ego funciona no nvel da irresponsabilidade. Quando o Id reprimido pelo Super-ego, a pessoa em conflito experimenta o que Freud chama de sentimento de culpa. XIII. O SUBCONSCIENTE 43 (TRINDADE DO HOMEM - DENNIS E RITA BENNETT) O subconsciente ou inconsciente a rea da alma onde cada experincia que a pessoa teve armazenada em bancos de memria como as dos computadores. Tudo o que vimos, pensamos, sentimos e percebemos desde o momento de nossa concepo at o presente est ali. Seria impossvel conservar tudo na memria ativa de modo que armazenado no inconsciente. Seu subconsciente contm todos os sentimentos, pensamentos, motivaes j registradas em sua vida. A mente j foi comparada a um iceberg.
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ADAMS, Jay E. CONSELHEIRO CAPAZ.1 ed. So Paulo: Editora Fiel, 1977, p. 28. BENETT, Denis e Rita. TRINDADE DO HOMEM. Editora VIDA, 1982, p. 79.
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CONSCIENTE
SUBCONSCIENTE
A ponta que est de fora a parte consciente, mas a parte submersa sete vezes maior, o subconsciente.
ESPRITO ALMA
Intelecto Emoes Vontade
o bc Su ien c s n te
CORPO
A Mente consciente tem a funo de tomar decises, raciocinar, escolher, decidir e pensar, enquanto o Subconsciente armazena lembranas, intuitiva, cria comandos automticos, e est totalmente sujeita ao consciente, ou seja, o consciente comanda o subconsciente. Nosso Subconsciente o canal que est ligado ao mundo Espiritual, o canal que est conectado a Tudo e a todos, sendo assim possui um poder inestimvel e infinito. Atravs dele podemos ser ou ter o que desejamos, e ai surge uma pergunta: Como
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podemos controlar nosso subconsciente para mudar nossas vidas? A mente consciente comando o subconsciente, ela d as ordens e o subconsciente segue. O desafio est em dar as ordens certas. Vamos ler essa metfora para compreender melhor: 44 Em um navio existia um comandante e sua tripulao, o comandante tinha o destino de ir a Austrlia, mas como nunca tinha navegado para aqueles lados, pediu instrues a um grupo de cavalheiros que se encontrava beirando o porto, os cavalheiros instruram o comandante e esse mesmo passou estas instrues tripulao, a tripulao confiava em seu comandante e seguiu as ordens exatamente como foram passadas. A tripulao comeou a se mover, levantou ncoras, e colocou o navio nas coordenadas que o comandante havia dito. Feito isso seguiram navegando, mas depois de alguns dias o comandante e toda sua tripulao notaram que o clima ficava cada vez mais frio, e passado mais dias ainda blocos de gelos comearam a surgir no mar, mas o comandante insistia que o caminho era por ali, e assim foi at se completar um ms e toda a tripulao junto com o comandante morrerem congelados. 45 Metfora do livro O Poder do Subconsciente / Adaptada por ns: Podemos notar aqui uma histria triste mais que poderia ser evitada se o capito tomasse conscincia que o caminho que seguia era para a destruio. A nossa mente consciente o comandante do navio que passa as ordens para a tripulao (mente subconsciente), essa segue as ordens exatamente como foram passadas. Cabe a ns, decidir para onde vamos, e assim passar essas ordens nossa tripulao mental, se concluirmos que o caminho no est nos fazendo bem, tomamos outro rumo. No h dvida a respeito da existncia da mente inconsciente, mas as opinies diferem quanto ao seu papel. Alguns acham que Deus entra na alma passando pelo inconsciente. Outros dizem que o inconsciente o esprito. No acreditamos ser esta a maneira correta de ver o inconsciente. Deus no entra na personalidade por meio das profundezas do inconsciente, mas de uma direo totalmente diversa. O esprito no a mente inconsciente. O inconsciente faz parte da alma. O esprito uma rea completamente diversa, e atravs do esprito que Deus chega a ns. Diz o Dr. Thomas A. Harris a respeito da mente consciente e subconsciente: As provas parecem indicar que tudo que esteve em nossa conscincia gerado com detalhes e armazenado no crebro e pode ser reproduzido no presente. Muitas respostas do passado so reproduzidas no presente se algum nos toca uma ferida psicolgica. A mente subconsciente tem muitas recordaes doloridas, Longe dos olhos, longe do corao no vlido aqui. O que bloqueado de nossa memria consciente ainda influencia e d colorido ao nosso pensar e aes a menos que seja curado. Se uma ferida emocional profunda demais, a pessoa no pode simplesmente usar a inteligncia e a fora de vontade para resolver o problema. Os problemas do subconsciente so involuntrios.
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http://site.suamente.com.br/mente-consciente-subconsciente-%E2%80%93-entendendo/. http://site.suamente.com.br/mente-consciente-subconsciente-%E2%80%93-entendendo/.
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O subconsciente motiva nossas aes como a propaganda subliminar pode, sem que o percebemos, afetar o tipo de coisas que compramos. O orar em Lnguas e o Subconsciente. 46 As pessoas freqentemente perguntam: O falar em lnguas vem do subconsciente? No, no vem. Se viesse, teramos uma jaula cheia de problemas todas as vezes que falssemos em lnguas, porque o subconsciente um balaio de confuso. O esprito recriado, onde Deus habita, santo, logo, quando a pessoa ora nesse nvel mais profundo edificada no esprito (1 Co 14.4). Se viesse da parte subconsciente da alma a pessoa seria edificada em um instante e no outro ficaria deprimida. O falar em lnguas no exige dados mentais, quer conscientes quer inconscientes, mas procede diretamente do Esprito para o esprito do crente. Pode ser um processo de cura para o inconsciente expressar-se, medida que o Esprito Santo concede essa capacidade, o que de outra forma, seriam necessidades inalcanveis e inexprimveis encontradas no inconsciente. O orar em lnguas um instrumento valioso na cura da alma. Todavia, embora voc tenha a habilidade de Deus de falar em lnguas, pode ser que ainda precise de um pouco mais de ajuda com orao especfica e que cura a alma. A vida de Deus est dentro de ns, devemos cooperar com Deus para que a sua vida (z - ) possa se manifestar em todas as facetas de nossa vida (Jo 12.24, 25).
O Bolo 47 Segundo a contribuio de G. W. Allport, podemos plasmar essa representao esquemtica at transform-la numa espcie de bolo. Na parte superior que corresponde
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BENETT, Denis e Rita. Op. Cit., p. 80. RAVAGLIOLI, Alessandro M. Psicologia. 1 ed. So Paulo: Paulinas, 1997, pp. 126,127.
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aos enfeites do bolo, encontramos a conscincia: o momento atual da conscincia (= estar cnscio de si mesmo). A seguir, o co-consciente: o consciente por concomitncia, vale dizer, tudo aquilo que constitui o horizonte das percepes, mais ou menos percebidas, porm sempre presentes no indivduo, naquele momento particular (= sentir-se mais ou menos cansado e com fome, deprimido ou entusiasmado; estar consciente do pensamento que vai se formulando na mente e das palavras que se busca para express-lo para os outros; perceber o ambiente circunstante, os objetos com formas e cores, o vulto do nosso interlocutor, os sons, os rudos, as vozes das pessoas que conversam entre si numa outra sala contgua etc.). Encontramos, em seguida, o pr-consciente: constitudo de todo aquele material psquico (reminiscncias, emoes, desejos, intenes), que pode ser trazido luz da conscincia mediante a utilizao de recursos ordinrios, isto , disposio do indivduo e da sua boa vontade (= a introspeco, a reflexo profunda sobre si mesmo, o exame de conscincia, feitos no silncio e na concentrao de alguns minutos ou de um dia de retiro). Por fim, temos o subconsciente: compreende todo o material psquico (contedos diversos, motivaes, dinamismos) que, para ser sondado e, pelo menos, em parte, percebido, necessita da interveno de meios extraordinrios, isto , profissionais (pensemos, sobretudo, na utilizao e na manipulao de tcnicas psicodiagnsticas e psicoteraputicas). preciso salientar e, por conseguinte, notar bem: o termo subconsciente e o termo inconsciente tm para ns o valor sinnimo, permutvel, salvo explcitos esclarecimentos ulteriores.
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XIV. INSPIRAO 48 A palavra inspirao vem do latim inspiratione e quer dizer aspirar, respirar para dentro, colocar ar nos pulmes. Essa palavra usada para traduzir o termo grego theopneustos que aparece no Novo Testamento em 2 Tm 3.16, porm a palavra theopneustos quer dizer soprado por Deus, no sentido de soprado para fora, expirado. Inicialmente temos que diferenciar trs tipos de inspirao: a humana, a satnica e a divina. Inspirao Humana uma forma de atividade mental que surge devido s diferentes combinaes dos seis aspectos do Intelecto (memria, imaginao, raciocnio, meditao, entendimento e sabedoria) juntamente com os afetos da alma (sentimentos), e pode manifestar em palavras faladas ou escritas, em pintura, habilidades manuais, etc... Inspirao Satnica o controle mental satnico voluntrio ou obsessivo. Caracteriza-se pela inconscincia, ou semiconscincia, da pessoa ante ao que se passa com ela, e tambm por distrbios de personalidade e psicossomticos, chegando algumas vezes a um comportamento exagerado, e at mesmo perigoso. Um exemplo tpico de inspirao demonaca o fenmeno da psicografia, comum nos mdiuns espritas que escrevem livros. Inspirao Divina aquela para qual vale a conceituao apresentada no primeiro pargrafo desse item, diferente da inspirao humana e da inspirao demonaca em alguns aspectos. 1. A Inspirao Divina o resultado da ao do Esprito Santo sobre o esprito humano - no nasce no intelecto e nem por influncia malgna no intelecto, mas sim por ao do Esprito Santo (J 32.8; 33.4; Rm 8.16). 2. A Inspirao Divina atua atravs do Esprito Humano, mas pode atuar tambm nos sentidos, nos sentimentos e at mesmo nos instintos. Vale acrescentar que a pessoa no perde a conscincia de si mesmo. Poder no saber e exatamente o que diz, ou que faz, mas com certeza saber que est sendo usada por Deus. (Dn 12.8). 3. A Inspirao Divina voluntria - H necessidade de colaborao por parte do homem para que possa ser usado por Deus (1 Co 14.32).
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PINHO, Gilson de Almeida. Apostila de Antropologia. So Jos dos Campos - SP. Edio prpria.
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Do ponto de vista bblico, portanto, inspirao a disposio espiritual, mental, emocional e fsica do homem para falar ou fazer algo que lhe venha diretamente do Esprito Santo. O homem inspirado por Deus passa a ser um canal de ligao entre Deus e o mundo. 1. A CADEIA SEQENCIAL DE INSPIRAO DIVINA: 1.1. O Corpo : a) Matria orgnica; b) Invlucro da alma e do esprito, e portanto o instrumento da alma para o homem se relacionar com o mundo; c) Templo do Esprito Santo. 1.2. A alma : a) Vida do corpo; b) Personalidade do indivduo, ou seja uma interao de instintos, sentimentos, sentidos, intelecto e vontade; c) Auto-conscincia do Indivduo, com suas funes analtica, descritiva e impulsiva. 1.3. O esprito : a) O comunicador da alma ao corpo; b) A conscincia moral do homem, com suas funes conectivas e morais; c) O elemento de ligao entre Deus e o homem, e entre o homem e Deus. Quando o homem se liga com Deus, a cadeia de ligao pode nascer no intelecto humano, portanto na alma, ou na prpria funo conectiva do esprito (intuio). Se nascer no intelecto, da passa vontade (pois o homem deve querer se ligar com Deus), da vontade passa funo descritiva (que pode restringir ou no) e da funo impulsiva que a impulsiona ao esprito, e da atravs da adorao, meditao ou servio, chega ao Esprito Santo, e dele a Deus. A ligao Deus-homem faz um caminho inverso. Comea no Esprito Santo e penetra no esprito humano, atravs da inspirao e funo conectiva, chegando ento na alma, onde impulsionada pela funo impulsiva e depois pela funo descritiva, e da passa vontade (pois o homem deve permitir que Deus se ligue com ele) e da vontade vai atuar no intelecto ou nos demais atributos da personalidade. A alma transferir ao corpo as manifestaes inspirativas, e esse por sua vez as demonstrar ao mundo fsico atravs das diferentes formas de manifestaes da inspirao divina como veremos a seguir. 1. DIFERENTES FORMAS DE INSPIRAES: Deus tem diversas formas de falar aos seus servos (Hb 1.1; At 10.9-17). No texto de At 10.9-17 veremos que Pedro teve um xtase (Ekstasis - ). O significado especfico de xtase quando a conscincia deixa parcial ou totalmente, de operar atravs dos canais humanos e passa operar atravs da influncia do poder divino. quando os sentidos humanos ficam temporariamente suspensos e entramos na dimenso do Esprito.
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Seguido do xtase vieram outras manifestaes inspirativas: Pedro viu o cu aberto; ouviu uma voz e ficou perplexo (DIEPOREI). Cornlio tambm teve viso e ouviu vozes (At 10.1-8). INSPIRAO MENTAL A Inspirao Mental a forma mais comum de inspirao divina. O Esprito Santo pode atuar, colocando as idias diretamente na mente do indivduo, atravs da cadeia inspirativa (Esprito Santo - esprito humano - alma - corpo) como fez com Pedro e Cornlio (At 10.1-20). Obviamente o grau de inspirao varia de acordo com a prpria sensibilidade espiritual e pr-disposio do indivduo, pois se ele j maduro e experimentado nas coisas espirituais, e se est em ligao mental com Deus, orando ou meditando na sua Palavra, muito mais fcil para o Esprito Santo coordenar e dirigir os pensamentos do homem, segundo a sua vontade (1 Co 2.12-16). Alguns comentadores fazem dentro da inspirao mental uma grande diferena entre inspirao comum, das idias, verbal, grfica, motora, e plenria. Embora sejam diferentes formas de inspirao mental, parece que a maior diferena entre elas est apenas no grau de inspirao. 1. Inspirao Comum - Todo crente, alm de sua natureza espiritual tem o Esprito Santo habitando em seu interior, o que lhe permite compreender muitas coisas de Deus, permite cantar, orar, pregar ou ensinar de maneira ungida. Afinal s a ao do Esprito Santo em nosso esprito o suficiente para nos fazer entendidos (J 32.8), porm de acordo com o nosso grau de ligao com Ele podemos dar-lhe maior ou menor liberdade de se manifestar por nosso intermdio. Assim sendo, conclumos, que a inspirao comum admite nveis gradativos de desenvolvimento, mas que no uma forma especial de ligao divina, quando muito apenas uma demonstrao de maior ou menor uno sobre ns. 2. Inspirao das Idias - Muitas vezes o Esprito Santo quer se revelar mais ao crente, atuando em sua mente; mas se ele for muito terico, poder no dar liberdade de ao ao Esprito Santo, e nesse caso a inspirao no vai alm de poucas idias que logo se desvanecem antes que consigam se manifestar pela fala, escrita ou ao. 3. Inspirao Oral ou Verbal - Essa forma de inspirao j exige um pouco mais de familiaridade entre o crente e o Esprito Santo. A fala nada mais que a expresso dos pensamentos ou idias, ou seja, impossvel separar a fala da idia. Nesse caso o Esprito comunica as idias, mas cabe ao crente dar expresso a elas, em forma de palavras, quer em profecia, lnguas, interpretao, palavra da sabedoria ou palavra de conhecimento. Esse era o modo especfico do Esprito Santo atuar sobre os profetas do Velho Testamento, e do Novo Testamento (2 Pe 1.21; Am 3.7,8) e tambm nos dias atuais. 4. Inspirao Grfica - quando a ao inspirativa do Esprito Santo nos leva, no a expresso oral, mas sim expresso escrita. Tambm era comum no V.T. e no N.T. como aconteceu com Moiss (Ex 34.27); Jeremias (Jr 36.1,2); Daniel (Dn 12.9); Habacuque (Hc 2.2); Paulo (1 Co 14.37); Joo (Ap 1.11), e etc...
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No se deve confundir a inspirao mental grfica com o fenmeno diablico do espiritismo, conhecido como psicografia. Na inspirao mental grfica, h cooperao consciente entre o escritor e o Esprito Santo (1 Co 14.32), enquanto que na psicografia h a possesso mental da pessoa e de tal maneira que levada a um grande desgaste fsico e mental, quando no chega at mesmo a um desequilbrio da personalidade. 5. Inspirao Motora ou Ativa - quando a ao inspirativa do Esprito Santo nos leva alguma ao (Gn 41.8-38; Ex 31.1-4,5; 35.34; Jz 3.10,11; 13.25; 15.14-20; 1 Sm 16.13-23; At 8.4-7,39,40). Desses cinco tipos de inspirao mental at agora mencionados, so os trs ltimos (e em especial a inspirao oral) que mais nos chamam a ateno por trs motivos: (1) Em primeiro lugar pelo nvel de familiaridade que o crente deve ter com o Esprito Santo. (2) Em segundo lugar pela autoridade conferida quele que fala, isto , o crente fala com autoridade espiritual, que o ouvinte perceber nitidamente que Deus falando atravs do homem e no homem apenas, ele profeta de Deus (em grego pro quer dizer no lugar de e phetes, do verbo phemi quer dizer falar, portando profeta - aquele que fala em lugar de algum, e esse algum Deus). (3) Em terceiro lugar pela prpria impresso que deixa nos ouvintes. Todos esses cinco tipos de inspirao mental admitem desenvolvimento de acordo com o prprio exerccio da f, mas h um outro tipo de inspirao mental que no admite gradao, a PLENRIA. 6. Inspirao Plenria (a dos escritos bblicos) no difere da inspirao mental grfica, quanto a sua forma externa, porm difere muito quanto ao nvel, a autoridade, ao espao e ao tempo. Quanto ao nvel temos de esclarecer que a inspirao grfica est sujeita ao desenvolvimento proporcional a f daquele que busca, podendo o escritor estar mais inspirado hoje e menos inspirado amanh, ou vice-versa. Com relao a inspirao plenria dos escritores bblicos, ela no est sujeita a desenvolvimento, pois todas as vezes que o Esprito Santo vinha sobre os profetas, ambos entravam na mais intima e perfeita comunho, pois toda Escritura divinamente inspirada (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Se a inspirao plenria estivesse sujeita a oscilaes haveria na Bblia trechos mais inspirados e outros menos inspirados, e com isso ela perderia seu valor autoritrio como a Palavra de Deus. Muito embora, muitas vezes os escritores no entendessem o que falavam (Jr 1.6), ou escreviam (Dn 12.4,8,9), ou faziam (Jz 13.25), mas isso no tirava a autoridade do registro bblico. Quanto a autoridade vale acrescentar que a Bblia infalvel, o nico manual de f, de doutrina e de prtica da vida crist; o juiz para julgar toda e qualquer outra forma de inspirao (1 Co 14.29) e ainda hoje rege e repreende a reis, sacerdotes, profetas, homens grandes e pequenos, portanto se ela tem tanta autoridade assim porque foi escrita por homens inspirados, dotados de autoridade delegada por Deus para escreverem a sua Palavra (2 Pe 1.21).
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Quanto ao espao, a Bblia adaptada para qualquer lugar, para qualquer nvel scio-econmico, para qualquer cultura. A Bblia, e portanto a inspirao plenria, vale para qualquer comunidade eclesistica, as outras formas de inspirao no so regra geral para a Igreja, quando muito tem apenas aplicao local para as pessoas e para a comunidade isolada onde foi proferida, com exceo quando o Senhor achar por bem divulg-la em maior mbito. Quanto ao tempo, ao cnon bblico j foi encerrado e completo desde os dias apostlicos, e ningum pode acrescentar-lhe ou subtrair-lhe coisa alguma sob a pena de cair na maldio de Deus (Ap 22.18,19). Apesar de ter sido escrita a tantos sculos e numa poca to diferente dos nossos dias, a bblia sempre atual. COMO O CNON BBLICO J EST ENCERRADO, NO EXISTE MAIS EM NOSSOS DIAS A INSPIRAO PLENRIA. 2.2. AUDIO Dentre todos os meios de Deus falar com os seus servos, a forma audvel talvez seja a que mais deixa os crentes surpresos, e at mesmo assustados, ao descobrirem que Deus fala de uma maneira clara, audvel e real. Em Ex 33.11 lemos que o Senhor falava com Moiss cara a cara, casos idnticos ocorrem com Josu (Js 5.13-15), Gideo (Jz 6.12-23), Samuel (1 Sm 3.1-14), Elias (1 Rs 19.12-18), Isaas (Is 6.8-13), Jeremias (Jr 1.4-10), Ezequiel (Ez 2.1,2), Habacuque (Hc 2.2), os apstolos (Mt 17.5,6), Paulo (At 9.5), Joo (Ap 1.11), etc... S a expresso assim diz o Senhor e outras semelhantes, ocorrem na Bblia aproximadamente 2.600 vezes. A prpria Histria da Igreja, como tambm a experincia crist, tem demonstrado que o Senhor ainda fala com os seus servos at os nossos dias porm no se comenta muito isso por diversos motivos, entre os quais podemos mencionar trs: (1) Se algum disser que ouviu pessoalmente a voz de Deus muitas pessoas, inclusive muitos crentes diro que essa pessoa se equivocou, ou est ficando fantico, ou at mesmo ser classificado de louco, pois grande a incredulidade em meio aos crentes. (2) Para se ouvir a voz de Deus necessrio um alto nvel de obedincia por parte dos crentes (Ap 2.7,17,29; 3.6,13,22) e nem todos esto realmente dispostos a responder como Samuel: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve, ou como Isaas Eis-me aqui, envia-me a mim. (3) Temos que considerar tambm que nem todos esto preparados para entender as palavras de Deus como ocorreu com os companheiros de Saulo na estrada para Damasco (At 9.7; 22.8,9), com os seguidores de Jesus no Templo em Jerusalm (Jo 12.28-30) e muitas vezes os prprios crentes podem no discernir se Deus mesmo quem est falando, como ocorreu com Samuel (1 Sm 3.1-10). Basicamente a audio como forma de inspirao pode se manifestar de dois modos: 1. Audio espiritual ou mental - quando a voz de Deus vem l do fundo do nosso esprito e seguindo toda a cadeia inspirativa, termina por atuar em nosso intelecto sem que haja de fato uma expresso audvel da voz de Deus (Rm 8.16; J 4.13-16).
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2. Audio Fsica ou Real - mais difcil de ocorrer, mas a forma mais impressionante. quando a voz de Deus vem de maneira mansa e delicada (1 Rs 19.12), porm autoritria, e ressoa fisicamente atingindo os nossos ouvidos como ocorreu no Batismo de Jesus (Mt 3.17; Lc 3.22), no Monte da Transfigurao (Mt 17.5), no Templo em Jerusalm (Jo 12.28-30) ou com Saulo na estrada para Damasco (At 9.3-7). 2.3. VISO Outra forma bblica de Deus se revelar ao homem por meio de Vises. Esse mtodo de inspirao to antigo e difundido que os primeiros profetas eram chamados de videntes (1 Sm 9.9). As vises muitas vezes esto associadas ao xtase, no porque o vidente fique fora de si mas sim porque normalmente fica exttico, parado, adormecido. Por essa mesma razo, muitas vezes as vises esto associadas aos sonhos (Nm 24.4,16; At 22.17,18). As vises podem vir de trs formas diferentes: 1. SONHO - Todos ns sonhamos. Quando dormimos passamos por quatro fases de sono, com durao aproximada de 20 minutos cada uma: na 1a. Fase: sono leve inicial, quando ainda no nos desligamos totalmente do mundo que nos rodeia; 2a. Fase: sono profundo parcial, quando j nos desligamos do mundo ao redor, porm o nosso intelecto ainda no se desliga e est com atividade mental; 3a. Fase: sono profundo total quando at o nosso intelecto se relaxa permanecendo apenas as atividades inconscientes e indispensveis para a vida; 4a. Fase: sono leve final, tambm chamado de fase do sonho, porque nesta fase que de fato sonhamos. Identificamos essa fase em quem est dormindo principalmente nas crianas, porque o globo ocular fica em constante movimento debaixo das plpebras fechadas. Portanto um ciclo completo de sono tem durao mdia de uma hora e vinte minutos e ns s sonhamos nos ltimos 20 minutos de cada ciclo e depois iniciamos um novo ciclo de sono. Numa noite de 5 horas e vinte minutos de sono, que o limite mnimo de sono que o organismo de homem adulto necessita por dia, sonhamos pelo menos 4 vezes. Se dormirmos seis horas e quarenta minutos sonharemos cinco vezes e assim sucessivamente. Porm em geral, s nos lembramos do ltimo sonho da manh. Quando lembramos. O sonho uma forma de atividade mental, onde se combinam diferentes aspectos do intelecto, como: memria, imaginao e raciocnio (portanto os animais tambm sonham, pois seu intelecto tem esses trs aspectos); juntando-se a esses aspectos do intelecto vem informaes desordenadas do subconsciente, de tal forma que os nossos sonhos no seguem uma ordem lgica e saem muitas vezes, ou geralmente, do total controle de quem sonha. Tudo vem mente de modo muito subjetivo, como as peas de um quebra-cabeas onde as partes nem sempre se juntam perfeitamente pois so passveis de impresses, ajustes e interpretaes particulares de acordo com as experincias dirias (prximas ou distantes), daquele que sonha. Alm, da memria, imaginao, raciocnio e subconsciente, pode o indivduo em estado de semiconscincia, caracterstica no momento do sono, penetrar em outras reas
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de atividades mentais, como: meditao, entendimento e sabedoria, e assim se ligar com o Esprito Santo atravs de seu esprito, ou o prprio Esprito Santo, atuando em seu esprito, poder conduzi-lo a esses outros estados de atividades mentais. Em qualquer um dos dois casos o sonhador passa a ter sonhos espirituais ou vises noturnas. Porque o Esprito Santo usa o sonho como uma forma dEle se revelar ao homem? Considerando-se que necessrio atuar na mente do homem afim de que sua mensagem seja entendida pelo prprio homem e considerando-se ainda que o intelecto um dos principais bloqueadores da inspirao divina, pois o homem plenamente consciente mantm controle de si mesmo; ao dormirmos no temos mais o pleno controle de nosso intelecto e portanto no conseguimos nos dominar, e ao mesmo tempo no estamos totalmente inconscientes e portanto podemos receber algo em nosso intelecto. Justamente por estarmos em estado de semiconscincia e tambm porque os sonhos esto intimamente associados s nossas experincias espirituais, os sonhos espirituais aparecem em forma de figuras e smbolos e sem uma forma ordenada, havendo necessidade de que os mesmos sejam interpretados a fim de sua mensagem se aclarar. Desde os dias mais antigos, os profetas recebiam as suas mensagens por meio de sonhos (1 Sm 9.9; Jr 23.28) e Deus se revela assim para pessoas crentes (Gn 46.2; J 7.14; 20.8; 33.14,15) e at para descrentes (Gn 40.8-13; 41.25-32; Dn 2.28). Quando a pessoa no entende o sonho, recorre interpretao (Dn 2.3,4,16,19). Vale acrescentar que a interpretao do nosso sonho tambm vem de maneira inspirada pelo dom da Palavra da Sabedoria (Dn 1.17; 1 Co 12.8) e no por meio de regras fixas como fazem os interpretadores profissionais que andam por a. Contudo devemos observar que assim como uma lngua estranha falada por um servo de Deus, pode ser entendida por algum que conhece, do mesmo modo o sonho pode ser interpretado por regras gerais de interpretao bblica, conhecendo-se a linguagem figurada e os smbolos da bblia; mas assim como as lnguas so em geral desconhecidas e interpretadas somente pela f, do mesmo modo os sonhos em geral no so inteligveis, sendo interpretados somente pela f. 2. VISO ESPIRITUAL OU MENTAL - quando a inspirao divina comea l no fundo do nosso esprito e seguindo toda a cadeia inspirativa termina por atuar em nosso intelecto, sem que haja de fato uma expresso virtual em nossa frente, ou seja, as imagens so apenas mentais. As vises mentais ocorrem do mesmo modo que os sonhos, como eles devem ser interpretadas (At 10.11-16). Aqui todavia a viso de Pedro foi uma viso aberta. 3. VISO FSICA OU REAL (ABERTA) - quando de fato uma materializao, ou pelo menos uma manifestao fsica e real em nossa frente, de tal maneira que o fato seja percebido visualmente. Muitos profetas viram a Deus com seus prprios olhos, embora obviamente no em toda a sua Glria, como Moiss (Ex 33.18-23), Isaas (Is 6.19), Ezequiel (Ex 1.26-28); os apstolos viram Cristo transfigurado ladeado por Moiss e Elias (MT 17.1-8), Estevo e Joo viram Cristo glorificado (At 7.55,56; Ap 1.12,13). As Vises eram comuns nos dias apostlicos (Lc 24.23; At 12.7-9) e tambm so comuns hoje.
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2.4. INTUIO A Inspirao outra forma do Esprito de Deus falar ao homem. O esprito humano pela sua prpria natureza j tem sensibilidade para captar indues que venham de Deus. Obviamente essa sensibilidade espiritual, assim como as demais formas de inspirao at agora estudadas, esto sujeitas a desenvolvimento em funo da F. A intuio uma forma de conhecimento emprico e espiritual, no adquirido pelas atividades analticas do intelecto, e tambm independente das sensaes da alma e de influncias externas. A intuio resultante da ao do Esprito Santo sobre a sensibilidade espiritual do homem que segundo a cadeia inspirativa ir atuar sobre a alma, em especial sobre os seus atributos personalsticos, que so: os instintos, os sentimentos, os sentidos e at mesmo sobre o intelecto. A definio segundo o dicionrio do MEC a seguinte: a percepo clara, direta e imediata, de verdades sem a necessidade da interveno do raciocnio. Devido ao modo como a inspirao intuitiva se manifesta, podemos classific-la de quatro modos diferentes: Convico Interior (se manifesta no intelecto), Pressentimento (se manifesta nos sentidos), Comoo (se manifesta nos Sentimentos), xtase (nos Instintos). 1. CONVICO INTERIOR - uma forma de discernimento mental com forte atuao emocional. Se discernimento mental ento atua sobre o intelecto, mas no de modo racional ou analtico, mas sim empiricamente, dando ao servo de Deus plena convico sobre alguma coisa que ele no saberia por outros meios. Ao mesmo tempo ele tomado por uma forte ao emocional que o impulsiona a fazer algo que faltaria iniciativa para fazer em condies normais (Mc 2.8; At 20.22). 2. PRESSENTIMENTOS - Ao contrrio da convico, o pressentimento no atua no intelecto e sim sobre os sentimentos, mas do mesmo modo como a convico interior, tem forte atuao emocional. O pressentimento atua principalmente sobre os sentimentos, em especial sobre o tato e o olfato. Atuando sobre o tato faz com que o servo de Deus sinta sensaes fsicas de calor, frio, presso, dor, etc... Atuando sobre o olfato faz com que ele sinta cheiro de perfume ou cheiro ruim. Ao mesmo tempo o servo de Deus tomado de uma forte ao emocional que poder impulsion-lo a fazer algo que lhe faltaria iniciativa para fazer em condies normais, ou pelo menos o coloca em estado de desconforto e alerta (2Co 2.15,16.12.7-9). 3. COMOO - Ao contrrio da convico interior e do pressentimento, a COMOO no atua sobre o intelecto nem sobre os sentidos, mas do mesmo modo como eles, atua sobre os sentimentos, porm de uma forma mais marcante que nos dois tipos anteriores de intuio podendo a pessoa tambm ser levada ao (2Co 4.13).
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De todos os meios diferentes de Deus falar com o Homem, talvez o mais comum seja justamente a intuio, e em especial a comoo, porm tal mtodo apresenta duas desvantagens: 1) Como ele atua sobre os sentimentos, facilmente confundido com os prprios atributos naturais da alma e por isso raramente a pessoa no experimenta nesse tipo de inspirao, compreender quando que Deus est falando com ela. 2) Como as pessoas tm personalidades diferentes, sendo um mais emotivo que o outro, em especial as mulheres, enquanto que os homens j so mais retrados nos seus prprios sentimentos ento de se esperar que uns inibam esse tipo de inspirao enquanto que outros exagerem, dando vazo aos sentimentos da carne e achando que esto sendo usados por Deus. Vale acrescentar aqui que o estado do esprito pode atuar de tal modo sobre a personalidade (que basicamente atribuio da alma) que a Bblia pode se referir a indivduos dando-lhes no seu todo atributos que so do Esprito. Concluindo podemos dizer que a comoo uma alterao sentimental podendo at mesmo chegar a perturbao e algumas vezes ao desequilbrio, com claras manifestaes fsicas, principalmente: alegria imensa (Lc 1.47), tristeza profunda (Sl 34.18), insatisfao (At 17.16; Mc 8.12), dor (Mt 14.14; Lc 10.33;15.20), medo (Jo 12.27), perturbao (Jo 11.33;13.21; At 16.16-18; 2 Co 2.13), quebrantamento (Sl 51.17), perplexidade (At 10.7)... 4. XTASE - EKSTASIS ekstasis (). Significa fora de estado, no sentido de estar fora do raciocnio normal, fora dos sentidos e tambm imobilizado; posteriormente tal palavra passou a designar pessoas aterrorizadas e loucas (Mc 5.42; 16.8; Lc 5.26; At 3.10). Em xtase a pessoa est fora do seu perfeito controle mental, mas isso no significa que ele est completamente fora do seu juzo, se isso acontecesse, os profetas bblicos no teriam condies de transmitir suas mensagens entrando em contradio com 1 Co 14.32, onde vemos que o esprito do profeta est sujeito ao prprio profeta, alm disso a Bblia costuma associar o estado de xtase s vises (At 10.10; 11.5; 22.17); Nm 24.4,16). O significado bblico de tal palavra que em xtase a pessoa est semiconsciente mentalmente, passivo na presena de Deus, parado exttico, sem responder as suas reaes instintivas, ou seja, o xtase atua sobre os instintos inibindo-os completamente e tirando ao homem todo o impulso para fazer qualquer coisa. xtase o estado que ficam as pessoas diante de algum ato milagroso de Deus, como aconteceu com Pedro em Jope (At 10.10; 11.5), com Paulo em Jerusalm (At 22.17) e com Balo no V.T. (Nm 24.4,16). 2.5. DIVERSIDADE DE ARREBATAMENTOS De todas as formas de Deus falar, inegavelmente o arrebatamento a forma mais elevada, isto por dois motivos: 1) Pela prpria experincia espiritual que isso significa, pois surpreendente ser conduzido de um lugar para outro; 2) Porque no arrebatamento juntam-se todas ou quase todas as demais formas de inspirao possveis.
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H basicamente quatro formas de arrebatamentos descritos na Bblia: 1. O repouso no Esprito - quando a pessoa no suportando a Manifestao do Poder de Deus, cai no cho, todavia continua plenamente consciente (At 9.1-7; 26.13; Jo 18.4-6; Ez 1.28;43.3; Dn 10.8,17). 2. O dormir no Esprito - quando a pessoa no suportando o Poder de Deus, cai no cho e adormece (Dn 10.9; 8.18; Gn 2.21; 1 Sm 26.12; Ap 1.17). Tanto no Repouso como no dormir no esprito as pessoas podem ter vises, revelaes, xtase, e nos dias atuais atravs destas manifestaes, Deus tem dado uma nova uno, dons espirituais, cura interior, etc. s vezes acontece apenas um REFRIGRIO. (At 3.19; 1 Co 16.18; Sl 23.3). 3. O ARREBATAMENTO EM ESPRITO (Ap 1.10; 2 Co 12.2-4; Ez 8.3). Nesse caso o esprito humano retirado de dentro do corpo e levado para locais distantes da prpria habitao da pessoa arrebatada, como foi o caso de Ezequiel que foi arrebatado na Babilnia e levado a Jerusalm (Ez 8.3), e muitas vezes a pessoa levada at mesmo ao cu como aconteceu a Paulo e Joo. Em Apocalipse veremos que ora Joo estava na terra ora estava no cu. 4. ARREBATAMENTO FSICO - Algumas vezes a pessoa arrebatada no apenas em esprito, mas sim em esprito, em alma e corpo, podendo ser transladado de um lugar para outro como Filipe (At 8.39 - 38km); como Enoque e Elias (Gn 5.24; Hb 11.5; 2 Rs 2.11). Evidente que estes tiveram seus corpos transformados por antecipao ( 1 Co 15.50 ), pois no poderiam entrar em no cu em seus corpos psiquikos. 2.6. REVELAO E CONHECIMENTO A inspirao mental, a audio, a viso, a intuio e o arrebatamento no so dons espirituais, e sim diferentes canais de inspirao atravs dos quais os dons so recebidos. Independente do canal pelo qual se recebe o dom espiritual, quanto a sua origem o dom pode vir por revelao ou por conhecimento (1 Co 14.6). 1. Revelao - Em grego apocalypsys que quer dizer tirar o vu, ou mostrar algo que antes estava encoberto ou escondido. A revelao no um dom espiritual como muitas pessoas crem, mas simplesmente o fato de Deus mostrar algo que jamais seria conhecido por outro meio (Dn 2.19,20,22; Ap 1.1,2). A revelao pode ser dada por qualquer um dos canais inspirativos j mencionados: Inspirao Mental (At 1.19), Audio (Ap 1.10), viso (Ap 1.19), intuio (At 10.1016,28), e arrebatamento (Ap 1.10). Devido ao fato de ser o dom de profecia aquele que mais depende da revelao divina, que o apstolo Paulo escreve em 1 Co 14.6. ... de que vos aproveitarei; se vos no falar por meio de revelao ou de profecia,....
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2. Conhecimento ou Cincia - uma outra forma de recebimento dos dons espirituais. Nesse caso o conhecimento dos fatos no vem por revelao e sim poder ser adquirido por meio de pesquisa inspirada como Lucas (Lc 1.1-4) ou pelo conhecimento da Palavra de Deus (Jo 14.26). O Esprito Santo dirige a pessoa na aquisio do conhecimento adquirido, inspirando tal pessoa atravs dos diferentes canais inspirativos j estudados principalmente a inspirao mental (Lc 1.1-4) e a intuio (em especial a convico interior - Joo 14.26). O conhecimento serve de base principalmente para os chamados dons de Revelao ou Saber, ou seja: A Palavra de Conhecimento, a Palavra de Sabedoria e discernimento de espritos (1 Co 12.8,10; Lc 21.14,15; 1 Jo 4.1-3). Devido ao fato dos chamados dons de Revelao se apoiarem no conhecimento doutrinrio da Bblia que o apstolo Paulo escreveu em 1 Co 14.6. ... de que vos aproveitarei; se vos no falar ou por meio... de cincia ou de doutrina? 2.7. BUSCANDO INSPIRAO E OS DONS ESPIRITUAIS (1 Co 14.1,12) As revelaes e o conhecimento de Deus so progressivos de acordo com o nosso prprio desenvolvimento espiritual (Is 28.10). A prpria experincia crist nos ensina que os diferentes canais inspirativos no so fixos, mas ns nos apropriamos deles e os desenvolvemos a medida que crescemos no conhecimento e aplicao dos mesmos, passando por sucessivas experincias espirituais. Em outras palavras, a inspirao progressiva e existem algumas coisas que podemos observar a fim de sermos um vaso nas mos de Deus, tais como: buscar a presena de Deus, adquirir e desenvolver a sensibilidade espiritual e vencer os fatores bloqueadores. BUSCAR A PRESENA DE DEUS, A INSPIRAO E OS DONS ESPIRITUAIS A primeira condio para algum estar mais em comunho com Deus, receber mais inspirao e ser mais usado por Ele, buscar a presena de Deus. Assim como um Atleta, para participar de uma competio precisa se esforar em seu treinos a fim de ficar melhor preparado, do mesmo modo o atleta cristo deve buscar mais a presena de Deus como: 1. Leitura e Meditao na Palavra de Deus - Atravs disso nossa F estimulada (Rm 10.17), passamos a ter mais conhecimento da vontade divina (Ef 5.17) e estaremos melhor preparados para a hora em que o Esprito Santo quiser nos usar (Jo 14.26). 2. Orao e Jejum - o mais eficiente modo de recebermos a mensagem divina. Orar quer dizer conversar. Quando oramos, falamos a Deus da nossa vontade de sermos usados por Ele e lhe damos liberdade de fazer conosco a sua vontade assim na terra como no cu (Mt 6.10). Durante a orao h momentos que devemos permanecer em silncio, a fim de permitirmos que Deus fale conosco. Nesses momentos que percebemos que o Senhor nos revela coisas grandes e ocultas que no sabemos (Jr 33.3). Jesus falando aos seus discpulos mostrou a importncia da orao e da insistncia a fim de recebermos o que buscamos (Lc 11.9-13). Paulo exorta aqueles que falam lnguas que orem a fim de interpret-las (1 Co 14.13).
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Embora no haja recomendaes bblicas especficas com respeito obrigatoriedade do jejum, inegavelmente ele um complemento da orao e uma forma de buscarmos poder (Mt 17.20,21). Alm da orao no nosso vernculo, h ainda a orao em outras lnguas que nos leva a uma profundidade bem maior, pois quando oramos em lnguas o nosso esprito humano, via Esprito Santo, que est orando, Paulo afirma que quando oramos em lnguas o nosso esprito que edificado (1 Co 14.2-4,14,15; Jd 20). Centenas de pastores da atualidade afirmam que o segredo dos seus ministrios a orao em lnguas. 3. Santificao - Em grego hiros e em hebraico kadoshe e quer dizer separao. Esse um dos aspectos da salvao e consiste na separao do crente das coisas do mundo (2 Co 6.14-7; Sl 1) e separao para Deus (1 Pe 1.15-17; 2 Co 3.18; Hb 9.14). A santificao vem em decorrncia da prpria leitura e meditao da Palavra (Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Sl 119.9) e tambm da orao (1 Tm 4.5; Sl 32.6). A santificao por si s nos faz idneos e preparados para toda boa obra (2 Tm 2.21; Js 3.5). SENSIBILIDADE ESPIRITUAL O atleta para participar de uma competio, alm de ter que treinar, precisa tambm ir progressivamente participando de competies de importncias gradativas, a fim de se preparar psicologicamente para competies maiores. Do mesmo modo o atleta cristo precisa ir adquirindo sensibilidade espiritual (Hb 3.7,8). A sensibilidade espiritual se desenvolve por dois processos: 1. Conhecimento dos diferentes canais inspirativos. 2. Pela prontido de vontade - Estando sempre disposto a se submeter e a obedecer a voz de Deus, quando ela chegar em nosso Esprito, por mais imperceptvel que seja. Quanto mais obedecermos de imediato a voz de Deus, a voz do Esprito em nosso esprito (Rm 8.16), mais sensibilidade e habilidade vamos adquirir para percebermos que o Senhor fala conosco (Is 28.10,11; Ts 5.19-21). Vencendo os Fatores Bloqueadores A inspirao e a utilizao dos dons espirituais so progressivos. Deus quer que as busquemos e que adquiramos sensibilidade espiritual, porm devemos compreender que h fatores bloqueadores que precisam ser vencidos tais como: incredulidade, intelecto e medo; 1. Incredulidade vencida pelo exerccio da f. A incredulidade pode impedir a salvao (Hb 3.7,8), impediu at mesmo a operao de milagres por parte de Jesus Cristo (Mc 6.2-6), pode quebrar a cadeia inspirativa e impedir as manifestaes dos dons espirituais. Por outro lado somos salvos pela f (Ef 2.8), recebemos o batismo no Esprito Santo pela f (Gl 3.2,5), exercemos os dons espirituais pela f. O dom da F progressivo. A F
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progressiva e deve ser desenvolvida (2 Ts 1.3; Jd 20), sendo a Palavra de Deus o maior fator para desenvolvimento da F (Rm 10.17). O Esprito Santo est Sempre pronto a falar conosco, ento devemos aceitar pela f, aquele pensamento que nos vem mente, aquela voz quase inaudvel que nos chega aos ouvidos, aquela viso rpida que atinge os nossos olhos, e tambm aquela sensao inexplicvel que nos agita por dentro. Uma vez que aceitemos tudo isso pela f, uma certeza nascer em nosso interior e pela f falaremos ou faremos esse algo que como um impulso nos chega. Se quisermos ser realmente usados por Deus, no devemos duvidar do impulso que nos vem, ainda que as pessoas ao nosso redor procurem abafar a VOZ do Esprito Santo em nosso esprito (1 Co 14.39; Hb 11.1,2,33,34). 2. O intelecto humano vencido pela mente de Cristo - o raciocnio humano ao procurar julgar tudo, mostra-se ineficiente quando se pretende julgar as coisas espirituais, pois gera dvidas que podem inibir a inspirao (2 Co 10.5). Inegavelmente no perdemos a conscincia quando somos usados por Deus (1 Co 14.32) e devemos de fato julgar tudo (1 Ts 5.19-21), mas devemos cuidar acima disso em termos uma mente pura (Fp 4.7,8) e saturada pelo Esprito Santo a fim de estarmos em sintonia com a mente de Cristo (1 Co 2.12-16). Tendo a nossa mente sempre voltada para as coisas espirituais, no duvidaremos em falar ou fazer algo que nos vem de impulso, pois teremos a plena certeza que tal impulso nos vem de Deus, mesmo que o nosso intelecto fique infrutfero (1 Co 14.14), pois no compreendemos com clareza o que est acontecendo e nem porque falamos ou fizemos algo, porm isso no deve nos preocupar, se considerarmos que os profetas bblicos nem sempre entendiam a mensagem que recebiam (Dn 12.8). 3. O Medo e o desinteresse so vencidos pela autoridade espiritual. Um dos piores, seno o pior de todos os fatores bloqueadores o medo, ou seja o medo de crtica, o medo de estar agindo pela carne, o medo de influncias demonacas, o medo da prpria inexperincia, o medo do desconhecido, o medo de ter medo, etc... O medo pode fazer com que o crente enterre o talento que tanto buscou e recebeu do Senhor (Mt 25.24-30) ou pelo menos que se desinteresse por ele e o negligencie (1 Tm 4.14). Aqueles que assim pensam e consequentemente tem medo de utilizar os dons espirituais, deveriam temer mais ainda o fato de no os utilizar. Deveriam se lembrar que quem busca recebe (Lc 11.9-13) e uma vez que Deus deu algum dom, Ele no o retira (Rm 11.29). A quem muito dado, muito ser cobrado (Lc 12.47,48) e aquele que no exercita o dom torna-se culpado diante de Deus (Mt 25.24-30; Ez 3.18). O prprio apstolo Paulo e profeta Samuel compreendiam isso e sabiam que eram responsveis se no desempenhassem a contento os seu ministrios (1 Co 9.16; 1 Sm 12.23). Antes que algum sinta medo agora pelo tamanho da responsabilidade, e no queira mais pedir dom algum, deve se lembrar que a salvao dada a qualquer um pela Graa e independente dos dons espirituais (Ef 2.8; Mt 25.20-23), deve se lembrar ainda que os dons so dados segundo a capacidade de cada um, portando Deus no dar dom algum a
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algum que no possa exerc-lo (Mt 25.15) e por fim deve lembrar que os galardes sero dados segundo ao modo como os dons foram recebidos (Lc 19.16-19). Mas o mais importante saber que quando o crente recebe algum dom do Senhor, recebe juntamente com ele a autoridade espiritual para exerc-lo condignamente em nome daquele para quem tudo possvel (Lc 9.16; Lc 10.1-20; Mc 16.15.17-20). TEMOS LIMITAES FSICAS, PSICOLGICAS E ESPIRITUAIS QUE NOS IMPEDEM DE MAIORES REVELAES DE DEUS J vimos que o Esprito Santo habita, pela f, continuamente dentro do crente (Ez 36.27; Jo 14.17; Rm 8.9; 1 Co 6.17,19; 2 Co 6.16) uma vez l dentro Ele est sempre pronto a falar conosco (Rm 8.16), porm o nosso esprito tem que ser liberado do poder da alma a fim de termos maiores revelaes de Deus (Lc 1.80). Se no temos maiores revelaes de Deus no porque o Esprito Santo esteja limitado no seu modo de operar em ns, mas sim porque ns mesmos somos limitados. Todavia podemos desenvolver a nossa sensibilidade espiritual, mas ainda assim enfrentaremos trs limitadores cruciais em nosso relacionamento com Deus: 1. A prpria fragilidade do nosso corpo fsico (limitaes fsicas - Jesus nos diz que o esprito est sempre pronto, mas a carne fraca (Mt 26.41; Mc 14.38). Muitos homens de Deus que foram grandes vasos, tanto nas pginas bblicas como na Histria da Igreja, e que atingiram uma rara estirpe de f espiritual, quando comearam a ter maiores revelaes de Deus, sentiram de imediato as limitaes de seus prprios corpos. Alguns deles desmaiaram e outros acharam que iam morrer (Ex 3.6; Jz 6.22,23; 13.20,21; Is 6.5; Ez 1.26; Dn 10.8,9; At 9.3,4; Ap 1.17). Vejamos alguns homens da Histria da Igreja, cujos testemunhos precisariam de longas pginas para serem escritas e que igualmente sentiram suas limitaes fsicas diante das revelaes divinas que receberam, como por exemplo: Irineu, Justino Mrtir, Tertuliano, Agostinho, Francisco de Assis, Martinho Lutero, Jonh Knox, George Fox, Jonh Wesley, Dwignt Limmam Moody, e muitos outros. Se homens desse quilate sentiram-se limitados diante de Deus, quem somos ns ento?!!! 2. A prpria pecaminosidade da alma humana (limitaes psicolgicas). A nossa prpria natureza pecaminosa em constante luta contra o esprito (Gl 5.16,17), limita-nos maiores revelaes com Deus (2 Tm 2.21). Isaas e Paulo que foram dois privilegiados espirituais no que se refere as revelaes divinas, sentiram que estavam limitados por sua prpria natureza pecaminosa (Is 6.5; Rm 7.17-25; Gl 5.16-17). 3. A nossa prpria falta de maturidade espiritual (limitaes espirituais) - O nosso esprito o canal de ligao com Deus e est sempre pronto para cumprir a sua misso (Mt 26.41; Mc 14.38), porm tambm ele encontra limitaes resultantes de nossa incompreenso das coisas espirituais e da nossa maturidade. Exemplos: Samuel e Sanso. Diante de tudo que at agora foi exposto vemos que Deus quer se revelar ao homem. Mas como pode o homem finito e limitado compreender toda a imensido do Deus Infinito que nem o cu dos cus pode cont-lo (1 Rs 8.27; 2 Cr 2.6; 6.18)?!
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Moiss nos diz: As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus mas as reveladas nos pertencem a ns e a nossos filhos para sempre,... H mais coisas entre o cu e a terra que jamais pode sonhar a nossa v Filosofia (Shakespeare). XV. ANLISE CRIST DOS TRS TIPOS DE HOMENS. 49 Depois de estudarmos a tricotomia humana e os elementos que constituem a parte imaterial do homem, definiremos os trs tipos de homens conforme a Bblia: 1. HOMEM NATURAL - ANTROPOS PSIQUIKOS. 1 Co 2.14 ; Mt 16.25; Lc 9.24. o homem que no nasceu de novo (Jo 3.3-5); que est vivendo no nvel puramente natural; a alma governa sua vida; seus padres so a autopreservao, o egocentrismo e a ganncia que so caractersticas do animal (psquicos). Seu esprito est fechado (morto espiritualmente); est inerte. o homem que age pelo intelecto; apela a razo, a vontade e ao raciocnio. 2.
HOMEM ESPIRITUAL - ANTROPOS PNEUMATIKOS. 1 Co 2.15: - antropos pneumatiks aquele nascido de novo. O Esprito Santo habita no seu esprito (1 Co 3.16; 6.17, 19; Ef 2.22); batizado no E. Santo, dominado pelo E. Santo. Discerne as coisas espirituais. Nele est manifesto as faculdades do esprito (Conscincia, Intuio e Comunho). Adora a Deus em esprito e em verdade (Jo 4.23, 24; 1 Co 2.10-16; Hb 5.14). Suas decises so orientadas pelo Esprito Santo (Lc 2.25-27; At 8.29, 39; 10.19; 13.2). 2.1. guiado pelo Esprito Santo (Rm 8.14). 2.2. Tem suas faculdades exercitadas (Hb 5.14). 2.3. Conhece o caminho da submisso (Cl 2.19; 3.22, 23). 2.4. Reflete a Glria de Deus (2 Co 3.2, 3, 18). 2.5. Ele glorifica a Deus por meio de uma vida frutfera (Sl 1.1-3; Jo 15.5, 8, 16; Gl 5.22, 23). OBS.: Sem o E. Santo, o homem no pode nem se quer comear a ser cristo (Rm 8.9). o Esprito que faz dele um filho de Deus (Rm 8.16). Para o homem espiritual, o Esprito Santo precisa ser a lei da sua vida, seu dirigente, o padro mediante o qual julga todas as coisas, a Pessoa cujas ddivas ele mais deseja (Rm 8.4, 5, 9). O Esprito Santo lhe traz dons grandiosos (1 Co 12.4-11). O Esprito Santo lhe traz liberdade da Lei do Pecado e da Morte (Rm 8.2). Seu corpo vivifica-se com a vida de Cristo (Rm 8.11). O Esprito lhe traz poder para mortificar as obras da carne (Rm 8.13; Gl 5.16, 24); lhe traz poder para testemunhar com autoridade (At 1.8).
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BRIGHT, Bill. Conceito Transfervel N 2. Cruzada Estudantil e Profissional Para Cristo, p. 4,5. www.bibliaworldnet.com.br.
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HOMEM CARNAL - ANTROPOS SARKOS - 1 Co 3.1-3. o homem que apesar de ter nascido de novo, possuir o Esprito Santo, e at ser batizado no Esprito Santo, quem governa sua vida no o E. Santo e sim a sua alma (PSIQU). Os apetites carnais dominam sua vida; e seus hbitos se deterioram a cada dia (Gl 5.19-21). ADVERTNCIA: Tanto o homem natural, como o carnal no esto em condies de enfrentar a Eternidade (Jo 3.3-6; Gl 5.19-21). Mas graas a Deus o homem natural pode nascer de novo e o carnal pode tornar-se espiritual (Jo 1.12; 3.3.3-6; Gl 5.22-25; Ef 5.18; Cl 2.9, 10, 13-15; 1 Jo 1; 2.1-3; 5.14-20). A) DEUS PROVIDENCIOU A SOLUO PARA O CRISTO CARNAL PELO PODER DO ESPRITO SANTO QUE CAPAZ DE LIBERT-LO DO PODER MALFICO DO PECADO E DA MORTE. (Rm 7.25-8.3). 1. Auto disciplina religiosa conduz somente ao fracasso e a frustrao (Cl 2.20-23). 2. Pela F podemos experimentar o poder do Cristo ressuscitado em ns e atravs de ns (Cl 3.10; 1 Pe 1.7; Hb 11.6). 2.1. F outra palavra para confiana, mas confiana deve ter um objetivo. 2.2. O objetivo da F crist Deus e Sua Palavra (Jo 14.12,14-16.17; 17; Rm 10.811). B) O HOMEM CARNAL PODE UTILIZAR-SE DA SOLUO DE DEUS, E DEIXAR A VIDA DE ALTOS E BAIXOS E TORNAR-SE UM CRISTO ESPIRITUAL PELA PRTICA DA RESPIRAO ESPIRITUAL. 1 Exalamos ao confessarmos os nossos pecados (concordamos com Deus em relao aos nossos pecados), de acordo com a promessa em 1 Jo 1.9. 1.1 Reconhecemos que nossos pecados so erros e entristecem a Deus. 1.2 Reconhecemos que Deus j perdoou nossos pecados - passados, presentes e futuros - na base da morte de Cristo na Cruz por nossos pecados. 1.3 Arrependemo-nos, isto , mudamos nossa atitude para com o pecado, pelo poder capacitador do Esprito Santo, o que produz uma transformao em nossa conduta. 4. Exalar - ou confessar nossos pecados - um requisito para se inalar ou tomar posse do Esprito Santo pela F - que ser cheio do Esprito Santo (Ef 5.18; Gl 3.2, 5, 14; 1Jo 5.14, 15). 5. INALE - submeta a controle de sua vida a Cristo e receba pela F a plenitude do Esprito Santo. Confie em que agora Ele o controla e fortalece, de acordo com a ordem de Ef 5.18, e a promessa de 1 Jo 5.14, 15 (Cf At 1.8; 2.38, 39; Gl 3.1-5; Lc 11.5-13).
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Biografia do autor O pastor Antnio Carlos Gonalves Bentes capito do Comando da Aeronutica, Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA), conferencista, filiado ORMIBAN Ordem dos Ministros Batistas Nacionais, professor dos seminrios batistas: STEB, SEBEMGE e Koinonia e tambm das instituies: Seminrio Teolgico Hosana, UNITHEO e Escola Bblica Central do Brasil, atuando nas reas de Teologia Sistemtica, Teologia Contempornea, Apologtica, Escatologia, Pneumatologia, Teologia Bblica do Velho e Novo Testamento, Hermenutica, e Homiltica. Reside atualmente em Lagoa Santa, Minas Gerais. Exerce o ministrio pastoral na Igreja Batista Getsmani em Belo Horizonte - Minas Gerais. casado com a pastora Rute Guimares de Andrade Bentes, tem trs filhos: Joelma, Telma e Charles Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Ana Clara Bentes Rodrigues. Pedidos ao Pr. A. Carlos G. Bentes E-mail: [email protected] Os livros do Pr. Bentes esto disponveis nos SITEs: www.klivros.com.br; www.lojamais.com.br/caminhodavida.