O Seis Sigma Mata A Inovação
O Seis Sigma Mata A Inovação
O Seis Sigma Mata A Inovação
Cristina Werkema Recentemente, a revista Business Week publicou uma matria de capa sobre a 3M, na qual discute se existe conflito, nas empresas, entre eficincia e criatividade. Mais especificamente, a reportagem questiona se o Seis Sigma, uma estratgia gerencial disciplinada e quantitativa, que visa aumentar significativamente a lucratividade das organizaes atravs da otimizao de produtos e processos, deixa pouco espao para a criatividade e inovao. A repercusso da matria foi muito grande, o que mostra que devemos analisar, com mais cuidado, a relao entre o Seis Sigma e a inovao. O Seis Sigma, na definio da General Electric (GE), tem a funo de satisfazer completamente - com lucratividade - as necessidades dos clientes, o que se traduz em acertar "o alvo" por eles estabelecido, com mnima variao. Nas palavras de Jack Welch, "para eliminar a variao, o Seis Sigma exige que a empresa descosture todas as suas cadeias de fornecimento e distribuio, assim como o projeto de seus produtos. O objetivo remover qualquer elemento que possa causar desperdcio, ineficincia ou aborrecimento para os clientes, como conseqncia de sua imprevisibilidade". J a inovao, citando Sir Francis Bacon, " algo novo e contrrio aos hbitos, maneiras e ritos estabelecidos". Para tornar realidade uma idia inovadora, a empresa precisa ter paixo suficiente para superar os obstculos inevitveis e ser tolerante quanto a correr riscos e fracassar. Apesar de aparentemente conflitantes, na verdade o Seis Sigma e a inovao so complementares, sendo ambos necessrios para o sucesso sustentvel das organizaes, conforme mostrado na figura abaixo. O Seis Sigma ajuda a empresa a fabricar produtos (bens e servios) que atendam ou superem as expectativas dos clientes, promovendo sua fidelizao, o que a base para que a empresa possa crescer - com lucratividade - por meio da inovao. Reduzindo a variao em processos e produtos - e os custos dessa variao -, o Seis Sigma tambm libera recursos que podem ser investidos na inovao. Alm disso, ao tornar mais previsvel a execuo de uma nova idia, o Seis Sigma auxilia a reduzir os riscos inerentes inovao.
Mas importante deixar claro que o Seis Sigma no uma panacia e que no pode ser implementado cegamente, sem que seja adaptado realidade e s caractersticas particulares de cada organizao. Novamente citando Jack Welch, "o Seis Sigma no para todos os cantos da empresa. Introduzi-lo fora em atividades criativas, como na redao de mensagens publicitrias, no desenvolvimento de novas campanhas de marketing ou em operaes singulares, faz pouco sentido e provoca muito tumulto. O Seis Sigma foi concebido para processos internos repetitivos e para o projeto de novos produtos complexos, atividades nas quais exerce seu maior impacto." Para o projeto de novos produtos existe o Design for Six Sigma (DFSS), uma extenso do Seis Sigma que surgiu na GE ao final da dcada de 1990. O primeiro produto completamente projetado e desenvolvido por meio do DFSS foi o LightSpeed, na GE Medical Systems (GEMS). O LightSpeed um aparelho para tomografia computadorizada, entregue aos clientes em 1998. O LightSpeed uma inovao que simplesmente revolucionou a tomografia computadorizada. Uma tomografia completa do corpo de um paciente, vtima de traumatismo (para quem tempo significa vida ou morte), leva 32 segundos com o LightSpeed (verso 1998), enquanto um aparelho convencional demandaria dez minutos ou mais. Alm disso, as imagens obtidas por meio do LightSpeed so muito mais claras. Em outras palavras, a maior velocidade e a melhor qualidade da imagem permitem que os mdicos, com o LightSpeed, executem diagnsticos e tratamentos de modo muito mais acurado e com maior grau de confiabilidade. Quanto ao retorno para a GEMS, as vendas chegaram a 60 milhes de dlares nos primeiros 90 dias
aps o lanamento do aparelho4. Portanto, no h dvidas de que o Seis Sigma - usado adequadamente - e a inovao andam de mos dadas e, mais que isso, o Seis Sigma pode ajudar a promover a inovao