Revista SFMC20 PDF
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Palavra do
Presidente
m janeiro prximo passado comemoramos os 91 anos da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), em uma solenidade festiva bastante concorrida, que alm da posse dos novos associados, homenageou o Mdico do Ano Dr. Pedro Otvio Enes Barreto - que nos deixou recentemente - conforme veremos nas reportagens deste nmero. A nossa Sociedade em Revista tem por objetivo mostrar o que aconteceu e o que est por vir na SFMC, divulgar a programao cientfica e notcias dos associados, e reviver a histria da medicina em nossa cidade. Assim sendo, est aberta a qualquer associado para sugestes, artigos mdicos e divulgao de fatos de importncia para a classe mdica. Neste nmero publicamos a tese de admisso ao Centro de Estudos de Medicina da Universidade do Brasil, apresentada em 1934, pelo Dr. Plnio Barcelar da Silva, ex-presidente desta casa, um dos exemplos de mdico a ser seguido e um dos cones da medicina em nossa regio. Estamos finalizando a primeira parte da campanha sobre a falta dos pacientes nos consultrios, que a anlise dos questionrios e partindo para a segunda parte, que ser a campanha de esclarecimento. Em relao programao cientfica, estamos trazendo informaes de jornadas j agendadas e a ideia de que tenhamos pelo menos uma jornada por ms ao longo deste ano. Caso haja algum interesse de promover jornadas de sua especialidade, ou sugerir assuntos a serem discutidos. A SFMC est sempre disposta a oferecer sua estrutura para que estas jornadas aconteam. Em maio do prximo ano estaremos realizando o Congresso Mdico Cidade de Campos, principal congresso mdico da regio. Trabalho no faltar e cada vez mais a participao de todos fundamental. Contamos com todos... Um abrao e boa leitura... Almir Salomo Filho
ndice
Palavra do presidente ro Otvio Perfil: Dr. Ped ) (in memorian to e rr a B s e n E FMC Notcias da S de m Projeto defen sade ais verbas para
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Expediente:
A sua Sociedade em Revista N20 - Abril/Maio e Junho de 2012 Uma publicao da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia e-mails: [email protected] e [email protected] Editoria e Produo: Neusa Martini Siqueira- DRT-1167/90 Programao Visual e Arte Final: Luiz Carlos Lopes Textos: Jornalista Patrcia Bueno, Paulo Cesr Oliveira, Dr. Almir Salomo Filho, Dr. Plinio Bacelar ( in memorian) Reviso: Patrcia Bueno e Almir Salomo Filho Circulao: Trimestral Tiragem: 2.000 exemplares Distribuio: Dirigida e gratuita Impresso: Grafimar Colaboradores: Equipe de mdicos associados e diretores da SFMC Cobertura Fotogrfica: Vilson Correa, Ademar Santos e Patrcia Bueno. A Revista A Sua Sociedade em Revista no se responsabiliza por opinies ou conceitos emitidos em artigos publicados
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Jantar de con
fraternizao
Jornada de N
efrologia
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Perfil
Estivemos com o Dr. Pedro Otvio, em sua residncia, poucos dias antes de sua partida. Engana-se quem pensa que a sade debilitada faria com que encontrssemos algum entregue ao desnimo e s lamentaes. Quem nos atendeu foi um homem que trazia no olhar um brilho que s os vencedores possuem. Conversamos sobre vrios temas e vejam, que ironia, at sobre suas expectativas para o futuro. E se o futuro a Deus pertence, doutor, fica para ns a certeza de que sua trajetria no termina aqui. Ela continuar em cada palavra amiga de mdico para paciente. Em cada mo capaz de proporcionar alvio para uma dor, pois seu exemplo e ser sempre imortal.
Essa rea era a que faltava para dar aquele plus na minha carreira. A medicina... algo difcil de definir, mas uma rea do saber que d aos profissionais a capacidade de conhecer melhor os seres humanos e proporcionar a eles o alvio de sofrimento, melhorar as suas enfermidades, proporcionando aos envolvidos satisfao, estmulo para viver com melhor qualidade de vida. De pai para filho.. O meu filho do meio j mdico, j fez duas especializaes fora e agora est voltando para a cidade. Nas horas vagas... Gosto de ler, sentar numa roda de amigos, trocar experincias. Isso me faz muito bem. Tenho como hobby a leitura e jogar xadrez. O futuro... Meu plano incrementar as aes que j desenvolvo no dia a dia. Estou doido para voltar ao hospital, aonde no vou desde novembro do ano passado (2011), pois faz bem alma ajudar aquelas pessoas. Tambm quero trabalhar menos, me dedicar mais famlia, viajar mais, sempre buscando uma vida sem stress. A famlia... meu suporte. A histria com minha esposa teve incio quando eu tinha uns 16 anos, antes de eu ter sofrido o acidente. Hoje temos 31 anos de casados, trs filhos e uma neta. Ser o mdico do ano... Foi uma emoo muito grande, que me deixou lisonjeado. Saber que o trabalho que a gente faz est sendo divulgado de maneira positiva, sendo reconhecido principalmente pelos colegas da medicina, foi uma surpresa muito agradvel, mas tambm me d uma responsabilidade muita grande, de termos que fazer a medicina cada vez melhor.
Obrigado, doutor!
O curso e a faculdade... Estudei e me formei na Faculdade de Medicina de Campos (FMC). Devido minha condio, naquele momento precisava ficar perto da famlia. Conclu o curso em 1983. As lembranas do tempo da faculdade... Nunca gostei de ficar sendo tratado como diferente. Eu no tinha a mesma habilidade que os outros alunos na questo da locomoo, mas sempre no meu tempo, cumpria todas as obrigaes. O tempo foi passando, fui estudando. Foi um tempo muito bom, levantou muito a minha estima, e consegui superar os obstculos que iam aparecendo durante o curso. Assim foi nos hospitais e na minha vida. Casei durante a faculdade. Quando me formei j tinha trs filhos. Tinha 28 anos. A carreira. Comecei a trabalhar muito cedo. No primeiro ano, depois de formado, montei o meu consultrio com mais um amigo que se formou comigo. Hoje, alm do consultrio onde atendo, sou o diretor do Hospital Manuel Cartucho de Castro, que pertence Santa Casa e cuida de pacientes crnicos de longa permanncia, a maioria so idosos. Tambm sou professor da Faculdade de Medicina e tenho mais dois vnculos pblicos por concursos, no municpio.
uperao uma das palavras que mais ilustram a trajetria de Pedro Otvio Enes Barreto, o mdico campista conhecido no mundo da medicina por sua dedicao e comprometimento com a vida. Ainda muito jovem, quando o desejo profissional era a engenharia, um acidente de carro o deixou lesionado, o que fez com que ficasse durante meses em tratamento em Campos e na capital, Rio de Janeiro. Foi nesse perodo que descobriu o amor pela medicina, e desde ento nem a limitao fsica o impediu de ser o melhor no que faz. Ao longo dos anos, Dr. Pedro Otvio venceu os obstculos, e vem travando nos ltimos deles, uma batalha contra um cncer. No incio deste ano, passou ainda por uma cirurgia na coluna, mas no se deixou abater. Ao mesmo tempo em que mantm o tratamento e se recupera, planeja o futuro na medicina e na vida pessoal. Mesmo com todas as barreiras, em 2011, foi reconhecido por mrito, por parte da sociedade mdica campista, como o melhor profissional da medicina no ano. Ainda de repouso, ele recebeu nossa equipe para uma conversa sobre sua vida e a profisso que tanto ama. As influncias na escolha pela medicina... Eu tinha uma sequela muscular nas pernas. Fiz o tratamento em Campos e no Rio. Devo minha vida aos amigos Makhoul Moussallem, Gualter Larry e Francisco Lacerda, todos mdicos. Quando sa da fase aguda de risco de morte, fui fazer tratamento no Hospital Central do Exrcito (HCE), para a fisioterapia, e l permaneci por oito meses. Foi nesse perodo, dando apoio a outro companheiro que estava em tratamento, assim como eu, que comecei a pensar na profisso. Inicialmente queria ser engenheiro. A me veio a ideia de fazer medicina. Voltando para Campos comecei a estudar, e, no segundo vestibular, passei. Pra mim foi um sonho. Era quase estar chegando ao impossvel.
O trabalho com os idosos... Nunca perdi a vontade e o prazer de viver. Quando o homem no tem objetivo ele entra em depresso e morre. Sempre gostei muito da clinica mdica, mas veio um perodo em que era necessria a especializao, e tinha que ser algo que pudesse estudar uma vez por semana. Essa foi outra faanha. Como sempre briguei por uma medicina humanizada, me especializei em geriatria, com foco em gerontologia, que me permite estudar o envelhecimento do individuo na sociedade. Dr Pedro Otvio Enes, com os filhos Dr. Luiz Otvio e Lvia Enes e a
esposa Luza Helena
A sua Sociedade em Revista
Notcias da Sociedade
1- NOVOS ASSOCIADOS - A campanha para aumentar o quadro societrio e fortalecer cada dia mais a nossa Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia continua forte. A ltima atualizao nos nmeros mostra que desde setembro de 2011 j contamos com 38 novos associados. 2- AGENDA CIENTFICA - O objetivo da SFMC de que tenhamos pelo menos uma jornada mdica por ms ao longo do ano. Desta maneira j temos confirmado as seguintes jornadas: abril simpsio de Hepatites; maio curso de educao continuada em Ortopedia; junho curso de educao continuada em Pneumologia; agosto jornada de neurocirurgia. 3- AGENDA CIENTFICA II Estamos estudando a possibilidade de realizarmos ainda os seguintes eventos: jornada de radiologia Imagem em Patologias da Coluna Vertebral; jornada de mastologia Cncer de Mama e jornada de endocrinologia Ndulo de Tireoide. 4- AGENDA CIENTFICA III - Em maio de 2013 estaremos realizando o XVI Congresso Mdico Cidade de Campos e trabalho no faltar. A participao de todos fundamental, comeando pelas sugestes de temas para palestra e mesa redonda, a organizao e finalmente o evento. Opine, contribua, participe... 5- CAMPANHA SOBRE A FALTA DOS PACIENTES NOS CONSULTRIOS Estamos finalizando a anlise dos questionrios enviados pelos associados e em breve estaremos nos reunindo para formatarmos a fase final da campanha atravs de informativos, material para divulgao nos consultrios e divulgao na imprensa. 6- CONGRATULAES Em abril de 2012 completar 10 anos de existncia da reunio cientfica do grupo de Pneumologia e Cirurgia Torcica que realizada na terafeira da segunda semana de cada ms na SFMC. Esta uma data marcante e merece parabns de toda a classe mdica aos colegas que iniciaram a reunio e aos que a
mantm, contribuindo para o engrandecimento da especialidade e ensinamentos a todos aqueles que participam. Que os bons exemplos sirvam de inspirao...
Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia atualizou mais 10 anos desde a 1 edio de sua histria. Com orelha de Dr. Marco Aurlio Alvarenga, prefcio de Vilmar Rangel, e coordenao de Dr. Welligton Paes e Dr. Walter Siqueira, esta nova edio dos 90 anos da nossa Sociedade ser lanada em maio prximo. A ideia surgiu ainda na gesto da Dra. Angela Vieira e s agora foi possvel colocar no papel com o apoio do nosso viceprefeito e mdico Dr. Francisco Arthur de Oliveira.
Projeto que defende mais verbas para a sade colhe assinaturas em todo o pas
anado em 3 de fevereiro de 2012, na sede da AMB, o projeto de lei de iniciativa popular, que prope o investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da Unio na sade pblica, est angariando assinaturas em todos os estados do pas. O projeto altera a Lei Complementar n 141/12, que regulamentou a Emenda Constitucional 29, no s no que diz respeito ao subfinanciamento do SUS, mas tambm propondo que os recursos sejam aplicados em conta vinculada, mantida em instituio financeira oficial, sob responsabilidade do gestor de sade. Liderado pela Associao Mdica Brasileira, Ordem dos Advogados do Brasil e Academia Nacional de Medicina, o projeto conta com apoio de importantes entidades mdicas nacionais: Associao Paulista de Medicina; Conselho Nacional dos Secretrios de Sade; Centro Brasileiro de Estudos da Sade, Confederao Nacional dos Trabalhadores de Sade, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Sade, Associao Brasileira de
Ps-Graduao em Sade Coletiva e a Federao Brasileira dos Hospitais e Grupo Hospitalar, segmentos das igrejas e vrias outras entidades. Para que a mobilizao tenha sucesso, precisamos coletar pelo menos 1,5 milho de assinaturas (1% do eleitorado nacional), distribudos em pelo menos cinco Estados (0,3% dos eleitores de cada um) e apresentar esse material Cmara dos Deputados. Depois o projeto de iniciativa popular seguir a tramitao normal no Congresso.
Os Avanos da Medicina
t o final dos anos 90, a neurocirurgia no Hospital Escola lvaro Alvim (HEAA), era realizada pelo esforo pessoal de Dr. Makhoul Moussallem que acumulava a funo de diretor do hospital e neurocirurgio. Com a chegada de Dr. Marcelo Barros e, logo aps, de Dr. Pascoal Jacinto, a implantao do servio de alta complexidade tornou-se realidade. Em 2001, eu, Dr. Raulino Rebelo, fui convidado por Dr. Makhoul para integrar o servio que atualmente, alm dele e de Dr. Marcelo Barros, conta com a competncia dos Drs. Arthur Borges, Eduardo Piassi, Elias Tanus, Hrcules Simonini e Leandro Alcy. Por motivos pessoais, o Dr. Pascoal saiu do servio, sendo que estaremos sempre de portas abertas para o seu retorno. O Dr. Makhoul, como sabemos, abandonou o bisturi, mas temos por ele uma enorme gratido pela existncia do atual servio. Atualmente o HEAA encontra-se preparado para praticamente todas as cirurgias de alta complexidade em neurocirurgia, com equipamentos de ltima gerao, importncia mpar para realizao das cirurgias. Tambm realizamos exames de arteriografia cerebral e tratamento endovascular de doenas vasculares intracranianas. Realizamos um total 311 procedimentos no ltimo ano (2011), a imensa maioria pelo Sistema nico de Sade (SUS). Aproveitamos para fazer um agradecimento ao servio de anestesiologia, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e direo do hospital, que nos permitem realizar uma medicina de qualidade. Com a implantao do servio de radioterapia, o tratamento de neurocirurgia oncolgica ficar completo, j que trabalhamos em estreita relao
com o Oncocentro, chefiado pelo Dr. Frederico Paes. Nossa prxima meta a implantao do servio de residncia em neurocirurgia. Apesar de reconhecermos as dificuldades, trabalhamos em um hospital escola, e a variedade de patologias neurocirrgicas imensa, no devendo nada aos grandes centros. Todos os integrantes do servio trabalharam com excelentes professores, e com eles aprendemos a necessidade de tentar ensinar pelo menos um pouco do que sabemos. Com a certeza de estar cumprindo o nosso papel social em toda a nossa regio de abrangncia, no medimos esforos para o contnuo aprimoramento tcnico e cientfico da nossa equipe, para que continuemos a avanar paralelamente Neurocirurgia e oferecer o melhor nossa populao.
Dr. Valdebrando Lemos Dr. Luiz Carlos Osti Magalhes Dr. Luiz Eduardo Castro Dr. Percy Bordini Dr. Marcelo Montebello Lemos Dr. Luiz Otvio Motta Enes Barreto
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Descontrada noite de
boas vindas
A
noite de aniversrio da SFMC tambm foi comemorada pelos novos mdicos associados. 18 deles marcaram presena na posse festiva. O evento serviu tambm para dialogar sobre novas ideias, ponderar
Dr. Almir Salomo Filho Presidente da SFMC e sua esposa Dra Adriana Trotta Cure Salomo
sobre as aes a serem desenvolvidas pela Sociedade no decorrer do ano, e agregar vises sobre os valores da medicina. Associados e familiares compareceram e fizeram com que a noite fosse de muita descontrao.
Dra Llian Pessanha recebendo o cerSr. Francisco Roberto de Siqueira re- tificado de posse, como associada efepresentando sua filha, Dra Laura Sam- tiva da SFMC, das mos do presidente da SFMC paio de Siqueira
Dr. Ricardo Henrique Vieira de Almeida recebendo o seu certificado das mos de Dr. Almir Salomo Filho Dr. Makhoul Moussallem
Dr. Carlos Eduardo Cordeiro Soares recebendo seu certificado de associado Dr. Reynaldo Ottero Justino Jnior e Dr Almir Salomo Filho dando as boas vindas plateia efetivo Dr. Almir Salomo Filho
ALICINIA GAMA
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Todas as honras ao M
P
ara comemorar os 91 anos da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), no ltimo dia 24 de janeiro, a comunidade mdica se reuniu num concorrido evento para homenagear, Dr. Pedro Otvio Enes Barreto, notvel geriatra, que recebeu o ttulo de Mdico do Ano. Ele faleceu pouco mais de dois meses aps a homenagem. Ficam o nosso agradecimento e, principalmente, a nossa saudade.
Dr. Pedro Otvio entre sua famlia: Margarida (tia), Luiza Helena (esposa), Flora Enes (tia), Eneida Enes (me), Ftima Enes (irm), Mariana Oliveira (nora), Dr. Luiz Otvio Motta Enes (filho), caro, Lvia Enes Barbosa (filha), Aluzio Abreu (genro)
Dr. Pedro tvio ouvindo atentamente as palavras do Dr. Almir Abdala Salomo Filho
Dr Luiz Carlos Sell cumprimentado o Dr. Dr. Jair e Dra. Tnia Arajo com Pedro Otavio Dr. Pedro Otavio
Dr. Pedro Otvio recebendo o carinho da filha Dra Angela Regina Rodrigues Veiria e Dr Lvia Enes Barbosa Pedro Otavio
Dr. Pedro Otvio com Ftima (enfermeira do Hospital Manoel Cartucho) e o casal Emilce e Benedito Marques
Dr. Luiz Otvio Motta Enes e Lvia Barbosa Dr. Makhoul Moussallem e Dr. Pedro Dr. Jos Manuel Correa Moreira e com os pais Luiza Helena e Dr. Pedro Otvio Otvio Dr. Pedro Otvio Enes Barreto
Ftima Enes (irm) e Lvia Enes (filha), segurando faixa em homenagem ao Dr. Pedro Otvio Enes 12
A sua Sociedade em Revista
Mdico do Ano
O Dr. Pedro Otavio Enes Barreto recebendo seu certificado de Mdico do Ano ao lado do seu filho Dr. Luiz Otvio Motta Ennes Barreto, Dr. Luiz Carlos Sell e Dr. Almir Salomo Filho Dr. Osvaldo da Costa Cardoso de Melo com Dr. Fernando Machado Castelo Branco Esposa do Dr Cardoso de Melo cumpri- Dr. Almir Jesus Nascimento presidente mentando o Dr. Pedro Otvio Enes Bar- da Fundao Benedito Pereira Nunes reto cumprimentando Dr. Pedro Otvio Dr. Luiz Otvio Motta Enes Barreto e Dr. Luiz Carlos Sell Dr. Pedro Otavio com Dr. Nlio Artiles Freitas Diretor da Faculdade de Medicina de Campos, Dr. Paulo Roberto Hirano Secretrio de Sade de Campos, Dr. Almir Salomo Filho Presidente da SFMC e Sr. Aluysio Barbosa, diretor presidente do Jornal Folha da Manh
Dr. Pedro Otavio com a filha Lvia e Benedito Marques Provedor da Santa Casa de Misericrdia de Campos
Os irmos Francisco Roberto e Dr. Sebastio Siqueira com Dr. Famlia do Dr. Sadi Bogado e Dr. Pedro Otvio Pedro Otvio e Lvia Ennes Barbosa
Dr. Paulo Gustavo Arajo, Dr. Luiz Otvio Motta Enes Barreto Dr. Joo Carlos Borromeu Piraciaba e o homenageado da noite
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gastronomia
Dr. Jos Manoel Correia Moreira, Sra Silvia Moreira e Dr. Almir Salomo Filho Dra Raquel Arlinda, Dr. Leonardo e Priscila Bacelar
Para terminar a noite festiva dos 91 anos da instituio, um jantar foi servido no Restaurante Cabernet. A sociedade mdica se fez presente para prestigiar no s a SFMC como tambm o homenageado da noite, o mdico do ano, Dr. Pedro Otvio ( in memorian), alm de dar as boas vindas aos novos associados.
Dr. Alexandre Pires Gomes, Dr. Carlos Eduardo Soares, Dr. Jamil da Silva Soares e Dr. lson Gomes
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uando se fala em sade pblica, boa parte da populao fica desacreditada, pois h muitos anos sofre pela falta de preparo e qualificao de quem trabalha numa das reas mais importantes entre os servios essenciais disponibilizados pelo poder pblico, seja na esfera federal, estadual ou municipal. A situao de muitos municpios j esteve estampada na mdia de forma geral e na grande maioria de forma negativa. Apesar de muita gente no ter conhecimento, a prefeitura municipal de Campos possui um setor especfico para promover a qualificao profissional dos diversos colaboradores da rea de sade, e com isso evitar que a cidade seja includa nas estatsticas. A Coordenao de Educao e Sade (CES), ligada diretamente Secretaria Municipal de Sade, tem como responsvel o mdico Antnio Salim Khouri, e oferece diversos cursos, seminrios, workshops, oficinas e treinamentos, com o objetivo de assegurar populao maior qualidade no atendimento. Um exemplo prtico o pessoal que trabalha na recepo dos hospitais. Aps o treinamento, o atendimento se diferencia de tudo, fica mais humanizado, destaca, exemplificando ainda: Alguns enfermeiros que trabalham com recm-nascidos, com vacinas e em outros setores, tm a oportunidade de se aperfeioarem nos cursos realizados de tcnicas de aplicaes de injetveis e biossegurana. O trabalho desenvolvido nesse setor da Secretaria de Sade toma como base polticas de desprecarizao e humanizao do trabalho em sade no municpio, enfocando principalmente a qualificao da gesto de trabalho no Sistema nico de Sade (SUS). A partir dessa iniciativa, todos os rgos ou unidades de sade da secretaria so beneficiados por meio de parcerias, que atualmente esto estabelecidas entre a CES e a Fundao
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A sua Sociedade em Revista
ois dias dedicados troca de experincias e ao conhecimento. Assim foi a Jornada de Nefrologia, evento promovido pela Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC) e a Pr-Rim Clnica de Doenas Renais, nos dias 23 e 24 de maro. O encontro de profissionais e graduandos foi o primeiro dos muitos que acontecero durante todo o ano com o objetivo congregar e agregar conhecimento, tanto para a classe mdica, como para estudantes de medicina. O projeto engloba jornadas cientficas, simpsios e congressos de diversas especialidades, idealizados para acontecer uma vez ao ms. O auditrio da SFMC ficou lotado para as palestras de mdicos convidados e conceituados em cuidar de doenas renais, como a Dr. Renata Lima, com mais de 17 anos de trabalho junto ao Hospital Universitrio do Fundo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e tambm o Dr. Pedro Tlio Rocha, outro conceituado profissional carioca. Professor da Faculdade de Medicina de Campos (FMC) e diretor da Pr-Rim, o mdico Valdebrando Mendona Lemos foi o responsvel por coordenar a Jornada, e ele destaca: A Jornada possibilita trazer conhecimento para ns que estamos aqui, debater os assuntos e incentivar os alunos tambm a escolher a nefrologia como especializao, pois uma especialidade com muito poucos profissionais. Na sociedade brasileira no passa de trs mil o nmero de mdicos nefrologistas, relata entusiasmado com o resultado positivo do evento. Para o presidente da SFMC, Almir Salomo, a juno de esforos proporciona resultados positivos. Ele destaca que o objetivo da Sociedade realizar vrios eventos durante todo o ano para disseminar o conhecimento, e que as portas esto abertas participao de todos os associados, pois com essa juno de foras que cada vez mais a medicina campista se fortalecer, ressalta. Ao trmino de cada palestra, alunos e profissionais, inclusive de outras especialidades, tinham a possibilidade de uma conversa sobre os temas abordados. Era o momento de trocar ideia sobre as experincias e conhecer a realidade sobre uma mesma doena em cenrios diferentes, cidades diferentes, por meio de experincias que envolvem cuidados, avanos e solues para combater ou proporcionar uma sobrevida de qualidade, para uma doena para a qual muita vezes s o transplante a soluo. O jovem mdico Luiz Otvio Enes Bar-
reto, esteve presente como expectador. Atento a todas s explanaes apresentadas pela mdica convidada, concluiu: Foi uma palestra muito interessante porque pde mostrar o mtodo dialtico, que muito pouco conhecido, inclusive entre a classe mdica e estudantes.
Auditrio
Dr. Luiz Carlos Osti Magalhes com Dr. Luiz Otvio Enes a Dra Renata Lima Barreto
Enfermeira Nefrologia Paula Milena, Dr. Percy Bordini, Dr. Luiz Carlos Osti Magalhes, Dr. Luiz Otvio Barreto, Dr. Valdebrando Lemos, Dra. Renata Lima (palestrante, Hosp. Universitrio Clementino Fraga Filho-UFRJ), Enfermeira Michelly Peres (Representante Baxter), Dr. Luiz Eduardo Castro, Dr. Raymundo Santiago Neto, Dr. Hrcules Mantovanelli, Enfermeira Nefrologia Claudia Lbia Gomes.
A
Dr. Percy Bordini, Dr. Almir Salomo Filho, Dr. Marcelo Lemos, Dr. Valdebrando Lemos, Dr. Luiz Eduardo Castro, Dr. Joo Tadeu Damian Souto Filho, Dr. Luiz Otvio Barreto.
abertura da Jornada abordou a Dilise Peritoneal como primeira opo dialtica, apresentada e defendida pela medica Renata Lima, que expandiu a discusso para todas as formas de tratamento. Ela destaca ainda que eventos desse porte primeiramente divulgam a especialidade para a populao, que, de maneira geral, no sabe o que nefrologia, e para os alunos que, no futuro, sero mdicos. Ento, isso muda o interesse pela especializao, comenta, lembrando da importncia de se abordar o tema com freqncia: Temos que alertar populao. Hoje a doena renal uma epidemia mundial. No sbado, dia 24, mais trs palestras estiveram na pauta. O Dr. Pedro falou sobre Hipertenso e doena renal e Suporte dialtico em UTI, e a Dr Renata abordou Peritonites em APD e CAPD.
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Relato de Caso
CARCINOMA CROMFOBO DE CLULAS RENAIS EXTRARRENAL
ROGRIO DE SOUSA BICALHO FILHO; HUMBERTO PAES FERNANDES; IVAN SALGADO DE AZEVEDO; CARLOS GICOVATE NETO; EDSON BATISTA
Nesta edio o relato de caso aborda o Carcinoma cromfobo de clulas renais extrarrenal, um estudo promovido pelos mdicos Rogrio de Souza Bicalho Filho, Humberto Paes Fernandes, Ivan Salgado de Azevedo, Carlos Gicavote Neto e Edson Batista, todos ligados ao servio de cirurgia geral do Hospital Escola lvaro Alvim, de Campos dos Goytacazes. INTRODUO O carcinoma cromfobo um subtipo distinto de carcinoma de clulas renais com incidncia varivel entre 4,3% a 6,3% dos carcinomas de clulas renais. Acometem mais comumente em homens entre a 5 e a 7 dcada de vida, sendo o cigarro importante fator de risco associado a fatores genticos. Originam-se das clulas intercalares tipo B dos tbulos distais e sua variante clssica caracterizada histologicamente por clulas DISCUSSO grandes, polidricas com citoplasmas plidos e membranas celulares proeminentes, com A ocorrncia de Carcinoma de Clulas ocasionais clulas granulosas eosinoflicas dispersas pelo tumor. Sua ocorrncia em lo- Renais do subtipo Cromfobo com locacalizao extrarrenal rara, so escassos os dados relatados em literatura especializada. lizao em glndula adrenal ou qualquer outra variante extrarrenal rara. Nos leRELATO DE CASO vascularizada aderida ao rim direito re- vantamentos em literatura especializada a Paciente feminina, 51 anos, com re- chaando o fgado medial e superiormente nvel nacional e mundial foram constatalato de dor constante em hipocndrio estando vescula biliar no epigstrio. Foi dos registros de trs casos de carcinoma direito, sem associao a emagrecimen- realizada cirurgia compartimental com de clulas renais extrarrenal, porm neto, febre ou outros sintomas. Ao exame resseco em monobloco da massa com nhum do subtipo cromfobo. O diagnsfsico apresentava volumosa massa indo- o rim direito e adrenal direita e colecis- tico desse subtipo histolgico de carcinolor e pouco mvel em hipocndrio dire- tectomia. Evoluiu no ps-operatrio com ma geralmente torna-se possvel apenas to. Trazia ultrassonografia sugestiva de fibrilao atrial de alta resposta sendo ne- aps interveno cirrgica e anlise histopatolgica. Em geral tem excelente progtumorao em adrenal direita. Foi soli- cessrio cardioverso eltrica em CTI. citado Ressonncia Nuclear Magntica A paciente recebeu alta com sete dias. En- nstico, a maioria dos casos diagnostica(RNM) de abdome que evidenciou volu- contra-se em acompanhamento ambulatorial da em estados precoces e poucos casos de mosa formao expansiva em topografia h 10 meses sem evidncia de doena. Laudo metstases a distancia so descritos. de adrenal direita de 18,7 x 13,6 x 15,8 histopatolgico relata tumorao de 19 x 16 cm (L x T x AP) que rechaava o fga- cm, pesando 2760g, encapsulada, bem delido superiormente e o rim inferiormente, mitada com cpsula hipervascularizada com REFERNCIAS com aparente plano de clivagem com o invaso da cpsula renal, sugestivo de carcino1- AMIN MB, CROTTY TB, TICKOO SK, FARfgado, mas sem plano de clivagem com ma cromfobo de clulas renais de localizao ROW GM. Renal oncocytoma: a reappraisal of morfeatures with clinicopathologic findings in o plo superior do rim e presena de co- extrarrenal crescendo na gordura localizada phologic 80 cases. The American Journal of Surgical Pathololelitas. Foi indicada terapia cirrgica. entre o rim direito e a suprarrenal, com infil- gy, v.21, p.1-12, 1997. No ato cirrgico foi evidenciada vo- trao capsular focal do rim. Imunohistoqu2- CHEVILLE JC, LOHSE CM, ZINCKE H, WElumosa massa retroperitoneal muito mica confirma o diagnstico sendo positiva AVER AL, BLUTE ML. Comparisons of outcome and prognostic features among histologic subtypes of repara CK7, CD10 e CD117. (Fig. 4).
nal cell carcinoma. The American Journal of Surgical Pathology, v.27, p.612-24, 2003. 3- CB. Ectopic renal cell carcinome : Pathlogists Problem Urology 1978; 4- RUBIN, Emanuel. Patologia: bases clinicopatolgicas da medicina. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2006. 5- Kunkel JF, MacLennan GT, DeOreo GA, et al. Extrarenal renal cell carcinoma. J Uro Pathol 1997; 7 : 197205 . 6- STRKEL S, MARTIGNONI G, VAN DEN BERG E. Cromophobe renal cell carcinoma. In: EBLE JN, EPSTEIN JI, SESTERHENN IA (Eds): World Health Organization Classification of Tumors. Pathology and Genetics of Tumors of the Urinary System and Male Genital Organs. IARC Press: Lyon, p.30-3, 2004. 7- THOENES W, STRKEL ST, RUMPELT HJ, MOLL R, BAUM HP, WERNER S. Chromophobe cell renal carcinoma and its variants a report on 32 cases. Journal of Pathology, v.155, p.277-86, 1988 8- VIEIRA, JV. Diagnstico diferencial de tumores renais por anlise genmica de bipsias aspirativas. Instituto de Cincia Biomdicas Abel Salazar. 2008. Disponvel em: <http://repositorio-aberto. up.pt/bitstream/10216/7226/2/Tese%20Joana.pdf>. Acesso em: 30/05/2011. 9- Gupta AK,Kamalarevi JC. Extrarenal renal cell carcinoma [ case report ]. IndianJ PatholMicrobiol 1982; 25 : 197-205)
Figura1: RNM evidenciando volumosa massa que rechaa inferiormnente rim direito.
Figura 3 e Figura 4: Pea cirrgica j fixada em corte no seu maior eixo, evidenciando plano de clivagem entre o rim e a massa.
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Primeira Parte: Desde o incio, excluiremos os casos que, pela natureza da causa, no nos deixem dvida pairar sobre a morte, embora recente, do indivduo. Excluiremos, pois, os casos de decapitao, de esmagamentos, de queimaduras, ou os casos em que o mdico assistente espera, a todo momento, o xito letal do enfermo e numerosos outros que seria enfadonho, aqui, relatar. O caso que vamos tomar como padro aquele que, em tudo, poder ser confundido com o de morte aparente. Diz Thoinot que a distino entre morte real e morte aparente fixa-se, ento, muitas vezes, na prtica, e, esta uma das questes mais graves, pois, um erro, tem por corolario uma inhumao precipitada. A morte aparente um estado no qual a vida continua sem nenhum sinal exterior: o corao no pulsa, a respirao nula e o crebro sem ao. Vrios estados mrbidos podero nos fornecer quadros de morte aparente, entre eles, citaremos os seguintes: a catalepsia, a sncope amainada pelas grandes hemorragias internas ou externas, vastos derrames pericrdicos, emoes etc., a asfixia com suas causas mecnicas ou txicas, a anestesia artificial tal como na anestesia clorofrmica, a congesto cerebral, a congelao, etc. Todos estes casos so suscetveis de serem confundidos com a morte real. A parada das pulsaes do corao revelada pela ausculta nada nos afiram, e tambm, j, tem-se percebido as pulsaes, por algum tempo, aps a morte, nos decapitados. Os nossos sentidos, disse-nos o Prof. Hlion Pvoa, no nos podero, sempre, auxiliar na ausculta do corao, pois, s vezes, este pulsa, mas to lentamente, que nosso ouvido no acusa. A respirao, tambm, , por vezes, to diminuda que no a percebemos. No poderemos, pelos meios atuais, grosseiros, alis, pesquisarmos, por estes dois sintomas, a morte. Deixamos de fazer referncia ao eletro cardiograma por no ser um aparelho porttil e de difcil manejo. Conquanto seja difcil e possa, por isso, ocasionar certos embaraos ao clnico, h, todavia, sinais que somados, podero nos levar a um diagnstico, mais ou menos, acertado. O Prof. Afrnio Peixoto classifica os sinais de morte em: duvidosos, provveis e certos. Com exceo do ltimo, os dois primeiros caem, perfeitamente, dentro do tema que escolhemos; os sinais certos no so perceptveis, seno depois de decorridas vrias horas aps o desenlace fatal. So estes os sinais duvidosos: Imobilidade e flacidez dos membros; perda da conscincia; insensibilidade geral e especial dos sentidos; suor frio e horripilao da pele; ponta do p desviada para fora; flexo do polegar na palma da mo; suspenso dos movimentos aparentes da respirao; cessao dos batimentos cardacos observados pela inspeo e apalpao torxica; ausncia de pulso; face cadavrica; cor amarela da planta do p e palma das mos. Sinais provveis: Resfriamento progressivo do corpo que tende a pr-se em equilbrio com a temperatura ambiente; paralisia dos esfncteres (pupila dilatada, incontinncia de fezes, etc.); deformao da pupila pela dupla presso e outros que tem necessidade de um tempo relativamente longo, para serem percebidos. J tivemos a ocasio de dizer que, isoladamente, no tm valor estes sinais, porm, somados, podero nos fornecer alguma segurana para o diagnstico. mistr que faamos ressaltar, aqui, que, muito embora, morto o indivduo, ainda, por algumas horas, os tecidos menos diferenciados so suscetveis de transplantaes, enxertias, etc., logo, esto vivos. Fenmenos cadavricos, segundo Thoinot: I Resfriamento. II- Coagulao do sangue. III- Desidratao. IV Lividez. V Rigidez e espasmo cadavrico.
Faamos um ligeiro comentrio: I- Resfriamento: - Aps a morte inicia-se o resfriamento do corpo. Excepcionalmente, entretanto, a temperatura do corpo se eleva depois da morte, por exemplo: na Clera, nas Infeces agudas hiperpirticas (varicela, escarlatina, febre tifide), Insolao, Ttano, Infeces do sistema nervoso (meningite, tuberculose, epilepsia, leses medulares, etc.) O tempo necessrio para que o corpo ponha em equilbrio trmico com o meio , assaz, longo. II- Coagulao do sangue: - no nos interessa esse sinal, pois s podemos apreci-lo nas autpsias. III- Desidratao: - este sinal observado vrias horas aps a morte. IV- Lividez e hipstase: - o sangue impulsionado pela fora de gravidade, aps a morte, depositar nas partes em declive do cadver, geralmente nuca e ndegas, por ser o decbito dorsal a posio mais comum dos indivduos que morrem, donde resulta o duplo fenmeno lividez e hipstase. V- Rigidez e espasmo cadavrico: - A rigidez constitui um dos fenmenos mais importantes. A constncia absoluta da rigidez cadavrica tem sido confirmada por numerosas observaes. Espasmo cadavrico uma rigidez particular, sucedendo, sem transio, a uma contrao muscular vital ltima e fixando, instantaneamente, esta contrao, sem modificao, sobre o cadver. Entre rigidez precoce, a apario do fenmeno , sempre, precedida de um relaxamento muscular cadavrico, relaxamento de durao tanto mais curta quanto a rigidez venha mais antecipada; no espasmo cadavrico, ao contrrio, a contratura vital muscular e a rigidez cadavrica dos msculos interessados se sucedem, imediatamente, sem transio, sem nenhum relaxamento intermedirio. SEGUNDA PARTE: Para que faamos idea de quanto difcil diagnosticar a morte recente, vamos transcrever uns casos, j celebres no domnio da medicina legal. Numerosos exemplos so citados de confuso, uns, puramente fabulosos, outros autnticos. Como curiosidade, iniciaremos pelo celebre caso de Vsale, hoje considerado como lenda: Ao praticar, certa vez, uma autopse em um nobre espanhol da corte de Felipe III, depois de abrir o trax e descobrir o pericrdio, percebeu batimentos cardacos que testemunhavam a vida, ainda presente. Vsale foi acusado e escapou pena de morte devido a Felipe II. Outro caso que, parece-nos, ser uma anedota o do celebre autor de Manon Lescout, o Abade Prevost, que foi aberto, ainda vivo. Bruhier colecionou numerosas fbulas relativas morte aparente: Franois de Ceville, nobre normando, contava, e, Bruhier, religiosamente compendiou esta histria: vezes enterrado e trs vezes ressuscitado, pela graa de Deus. No menos curiosa, ainda, foi a histria de sua vinda ao mundo: Sua me estando morta e grvida, durante a ausncia de seu marido, sem que se fizesse retirar, pela operao cesariana, a criana. Chegando de viagem, no dia seguinte, o marido fez exumar sua mulher, abrindo o ventre, onde retirou, ainda com vida, o jovem Ceville. Os seguintes casos no tm, nada de fabuloso: O General Ornano, durante a retirada da Rssia, ferido por uma bala, cai do cavalo. Seu oficial de ordens, levando-lhe socorros, constatou que no havia mais sinal de vida e enterrou-o sob um monte de neve, por no ter tempo de dar-lhe uma sepultura mais conveniente. Foi, em seguida, anunciar a morte a Napoleo. Duas horas mais tarde, o General veio colocar-se s ordens do Imperador.
Outro caso: Felipe Peu, parteiro celebre, tendo sido chamado para praticar uma operao cesariana, em casa de uma mulher, que, dizia-se, acabava de morrer ao termo de sua gravidez. Certo de que a mulher estava, mesmo, morta, pelos meios ordinrios, ao levar os instrumentos sobre ela, a mulher estremeceu, rangeu os dentes e mexeu com os lbios. Certa vez, no Senado Francs, reunido com o fim de tratar das inhumaes precipitadas, o Cardial Donnet, contou a sua histria, de modo algum, pouco enftico: Em 1826, um jovem padre, no plpito, fora acometido de uma vertigem sbita. Algumas horas mais tarde, os sinos tangiam em dobre fnebre. Ele no via, mes entendia tudo o que chegava nos seus ouvidos e no podia se manifestar. O mdico declarou que estava morto. Aps as formalidades legais, deu ordem para enterr-lo, no dia seguinte, Velaram, solenemente, o morto. Foi o Bispo que repetiu, junto ao seu leito, o De profundis. Por fim, a voz de um amigo que veio orar, prximo a ele, fez com que o pseudo morto recobrasse os sentidos. O pregador reapareceu, no dia seguinte, no plpito, e, - acrescentou o Cardial Donnet est hoje em vosso meio. Mais casos, se quisssemos, poderamos citar, porm, estes, j bastam para fazermos um juzo perfeito das dificuldades clinicas no diagnstico de morte recente. CONCLUSO: Se a morte recente no nos fornece, nenhum, sinal patognomnico, se a soma dos sinais de morte pode fazer cheguemos a um resultado insatisfatrio, s nos resta esperar por mais algumas horas at que, finalmente, apaream os sinais certos, pois um erro tem por corolrio uma inhumao precipitada. APNDICE: Diz a sabedoria popular que: tantas vezes vai o cntaro a fonte, que, uma vez, fica. Sabedor disto, encorajei-me bastante, para vir perante os membros deste Centro, apresentar como tese, este descolorido trabalho. Se no conseguir, com ele, o ingresso nesta agremiao, farei outro, mais outro at o momento de aprovao de um deles. A todos os presentes, os meus agradecimentos, pela ateno dispensada. Aos meus julgadores, desculpas pelos senes encontrados. Bibliografia: HLION PVOA Noes de Anatomia e Fisiologia Patolgicas. AFRANIO PEIXOTO Medicina Legal 3. Edio L. THOINOT Prcis de Mdicine Lgale collection Testut.
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