Injunção e Oposição

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Procedimento de injuno e fundamentos de oposio execuo baseado no requerimento injuntivo

1. Injuno e Tramitao
O procedimento de injuno um instrumento conferido ao credor de obrigao pecuniria emergente de contrato (obrigao de montante no superior alada do tribunal de comarca, salvo quando esteja em causa a transao comercial para os efeitos do DL 32/2003, de 17 de Fevereiro, caso em que no existe limite quantitativo. A sua criao fez-se por via do DL 404/93, de 10 de Dezembro, prevendo-se que, na falta de oposio do requerido, o secretrio judicial do tribunal aporia frmula executria no requerimento de execuo. O Decreto-Lei 32/2003 veio estender esta aplicabilidade s obrigaes comerciais abrangidas por o mesmo diploma. Tramitao 1 REQUERIMENTO INJUNTIVO Deve conter os elementos previstos no artigo 10 do Regime dos Procedimentos para cumprimento de obrigaes pecunirias emergentes de contratos de valor no superior alada do tribunal de 1. Instncia a que se refere o artigo 1 do DL n269/98, de 1 de Setembro, na redao dada pelo DL 303/2007, de 24 de Agosto. Estes elementos so, no fundo, os parmetros a preencher no requerimento: identificar as partes, lugar onde deve ser feita a notificao, os factos que fundamentam a pretenso, o pedido, a taxa de justia paga, etc.

2 NOTIFICAO DO REQUERIMENTO Competncia para notificar: Balco Nacional de Injunes (sediado no Porto), entidade a quem passou a competir o processamento das injunes. Requerido notificado por carta registada com aviso de receo Contedo: Elementos previstos no Regime dos Procedimentos Cominao: deve constar da notificao de que na falta de pagamento ou de oposio dentro do prazo legal, ser aposta frmula executria ao requerimento, facultando-se ao requerente a possibilidade de intentar a ao executiva. [Esta uma fase de desjurisdicionalidade]

3 Recebida a notificao, o devedor pode, no prazo de 15 dias: Pagar ao requerente a quantia Deduzir oposio pretenso Processo prossegue como ao declarativa, segundo a forma sumarssima. No faz nada o secretrio judicial, depois de verificar se no existem irregularidades formais ou a inaplicabilidade do procedimento de injuno, ape no requerimento a seguinte frmula: Este requerimento tem fora executiva. Torna-se, ento, um ttulo executivo.

Do mesmo modo, se a notificao postal for frustrada, instaura-se uma ao declarativa (nos termos do 794 CPC). Notificao do ttulo

Quanto fundamentao necessria da injuno (e quanto consequente ineptido da petio inicial) ver powerpoint de mariana frana gouveia
Referir somente que a professora defende aqui, em abstracto o mesmo conceito de causa de pedir enquanto conceito nico de fundamentao factual e jurdica da ao. Professora defende uma posio no rgida na anlise da ineptido, privilegiando as decises de mrito (de justia material), nos termos do 265 A causa de pedir deve conter o mnimo para que o ru possa entender e, em caso de revelia, impera a necessidade para o juiz decidir de mrito; Devem ser alegados todos os factos constitutivos da injuno; Caso particular: a fatura no origem do crdito; a origem do crdito o contrato (devem ser juntas).

2.

A oposio execuo da injuno

Meios de defesa do executado - Fundamentos de oposio execuo aplicados injuno

Tipo de Fundamentos de oposio Desde a criao do procedimento, surgiram divergncias jurisprudenciais quanto ao mbito consentido de oposio do executado quando o ttulo executivo seja desta espcie. Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n 226/2009, de 20 de Novembro, o texto legal passou a prever expressamente uma equiparao dos fundamentos de oposio das sentenas judiciais (elenco fechado do 814/1) aos ttulos executivos baseados em requerimento injuntivo.

Estabeleceram-se, ento, quanto aos fundamentos da oposio, dois tipos de regime: 1. Sentena judicial ou requerimento injuntivo com fora executria Oposio limitada aos fundamentos do 814/1 (j antes de 2008, uma parte da doutrina defendia esta soluo, por via interpretativa). (esquema PP) Fundamentos da oposio: Falta de pressupostos processuais gerais alnea c) Falta de pressupostos processuais especficos da ao executiva alneas a), b), d) e f) Fundamentos da oposio de mrito alnea g)

(alnea a) Quando o ttulo no existe ou inexequvel. A inexequibilidade resulta da falta de requisitos do ttulo apresentado. Por ex. requerimento de injuno sem a frmula executria (alnea b) Falsidade do processo ou infidelidade do translado. A falsidade pode ser da sentena, do translado ou de todo o processo declarativo (se for falsidade de um acto do processo executivo, nomeadamente a falsidade de citao, esta ter de ser arguida nos termos do art.546 - iliso da autenticidade do documento - e no em oposio execuo) (alnea c) Pressupostos processuais gerais. Este fundamento de oposiao no preclude a possibilidade de suprimento nos termos do 265/2. Se isso acontecer, cesso o fundamento de oposiao, julgando-o o juiz improcedente. (alnea d) Falta de citao (195) ou a sua nulidade (198/1) quando, na realizao da citao, haja preterio de uma formalidade perscrita por lei. A falta de citao s poderia ter sido sanada se o ru tivesse intervindo no processo declarativo sem logo a arguir. Quanto nulidade, a sua arguio deve ter lugar no

prazo indicado para a contestao, mas pode ser invocada na oposiao execuao, quando no tenha sido feita valer no processo declarativo, desde que a aco tenha corrido revelia do ru. NOTA: importante distinguir estes casos da nulidade da citao para a ao executiva, a qual fundamento da anulao da execuo (art.921). (alnea e) Incerteza, inexigibilidade e iliquidez da obrigao, so suprveis no incio do processo executivo. (alnea f) Caso julgado. de conhecimento oficioso (alnea g) Corresponde aos fundamentos de oposio de mrito. Factos extintivos, modificativos e, segundo Lebre de Freitas, impeditivos. Exemplos de factos extintivos: pagamento, dao em cumprimento, consignao em depsito, confuso, extino parcial, prescrio (causas de extino das obrigaes). (PP) Exige-se prova documental destes factos, exceptuando-se os casos da perscrio. Por respeito ao caso julgado, o facto extintivo/modificativo/impeditivo no pode ser anterior ao encerramento da discusso no processo declarativo nem basear-se em pressupostos verificados at essa data. (alnea h) Qualquer causa que determine a nulidade ou a anulabilidade de um negcio jurdico homologado por sentena. Exemplo: simulao, dolo, erro, inidoneidade do objeto, incapacidade, etc.

Podero ainda considerar-se outros fundamentos menores, nomeadamente a omisso de requisito legal da petio inicial, alegados atravs de mero requerimento (Lebre de Freitas)

2. Demais ttulos execuo Oposio fundada em qualquer fundamento 816. Qualquer outra causa que fosse lcito deduzir em contestao num processo de declarao, dado o executado no ter tido ocasio de, em ao declarativa prvia, se defender amplamente da pretenso do execuente. Pode alegar matria de impugnao ou de excepao, mas no pode reconvir. O nus de prova no se altera na oposiao: a sua distribuiao em 3 partes baseia-se nas normas de direito substantivo (342 ss CC). 1. Questes de (in)constitucionalidade 1. Acrdo 658/2006, de 28 de Novembro de 2006 (sobre o DL 226/2008)

2. 3. 4. 5. 6.

Acrdo TC 283/2011, de 7 de Junho de 2011 Acrdo TC 437/2012, de 26 de Setembro de 2012 Acrdo TC 468/2012, de 1 Outubro de 2012 Acrdo TC529/2012, de 7 de Novembro de 2012 Acrdo TC 176/2013, de 20 Maro de 2013

Pode agora o TC iniciar o processo de fiscalizao abstrata, que poder levar remoo da norma do ordenamento jurdico nacional.

Argumentos a favor da inconstitucionalidade 1. Natureza jurdica da injuno no se coaduna com a equiparao do 814/2 2. Violao do princpio da proibio da indefesa 2.1. Soluo legislativa configura uma limitao do direito consagrada mo artigo 20 CRP 2.2. Limitao injustificada e desproporcional, nos termos do artigo 18 CRP

3. Grau de (in)certeza do direito do exequente - Aparncia do direito 4. Contedo da notificao do requerimento injuntivo 5. Violao do princpio a confiana, nsito ao Estado de direito democrtico (artigo 2 CRP) 6. Ausncia de interveno jurisdicional

Argumentos contra a inconstitucionalidade 1. 2. 3. 4. Opo expressa do legislador Suficincia das oportunidades de defesa Precluso de meios de defesa Sacrifcio de utilidade do processo da injuno Necessidade de um equilbrio de interesses

Voto vencido Maria Lcia Amaral ao Ac. 529/2012:

Juza conselheira cr que a norma se justifica na linha do equilbrio de interesses constitucionalmente exigido entre: Proibio da indefesa e princpio do processo justo Garantia da realizao clere e eficiente vdo Direito O juzo da inconstitucionalidade foi obtido sem que se tivesse em devida conta o peso prprio do princpio constitucional que guia as escolhas do legislador ordinrio, sempre que est em causa a regulao de formas especiais de procedimentos cleres nas quais se inclui o procedimento de injuno. Trata-se de obrigaes pecunirias que, sendo emergentes de contrato, so tambm em regra de baixo montante. Esta anlise significa entender a proibio da indefesa do princpio da proibio da indefesa e o princpio do processo justo de um modo incompleto porque unilateral. O legislador ordinrio est obrigado a conformar processos justos para a realizao do Direito; e realizar o Direito , tambm, garantir a fluidez do trfego pela existncia de meios que assegurem o cumprimento das obrigaes emergentes de contrato, caso estas no sejam voluntariamente cumpridas. Funo do Estado, na conformao do processo, tanto a de assegurar a defesa do devedor quanto a satisfao do direito do credor. () Ficou por demonstrar que a norma em juzo, ao invs de realizar este equilbrio de interesses (ao qual o Estado se encontra constitucionalmente vinculado), desprotege censuravelmente o interesse do devedor.

Posio da doutrina e jurisprudncia

Afastam a inconstucionalidade: Salvador da Costa; Joel Timteo Pereira (revista Julgar); Defendem a inconstitucionalidade: Jos Lebre de Freitas Algumas decises jurisprudenciais nesse sentido: Ac. Relao Porto de 11 de Outubro de 2012. D-se notcia que as Relaes de Guimares, Porto e Lisboa tm-se maioritariamente pronunciado pela conformidade constitucional do regime institudo pelo DL 226/2008; j na Relao de Coimbra vem prevalecendo o entendimento de inconstitucionalidade material, por violao do artigo 20 Constituio Efeitos prticos/Risco: O devedor poder no se opor injuno, sabendo que, se o credor eventualmente, proceder para a execuo, poder a invocar todas as defesas que pretender. Ou seja, corre-se o risco srio de outra forma no existiria de, j com o

processo executivo fundado em injuno iniciado, termos um novo e verdadeiro processo declarativo em virtude da oposio do devedor executado, o que implicar: Maior durao do litgio Mais custos para ambas as partes.

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