Iseg Tese Final 2009
Iseg Tese Final 2009
Iseg Tese Final 2009
Professor
Doutor Manuel Duarte Mendes Monteiro Laranja, Professor Auxiliar do Instituto Superior de Economia e Gesto de Lisboa da Universidade Tcnica de Lisboa Abril 2009
No mercado global e altamente competitivo surge como factor determinante do sucesso das empresas a sua capacidade para inovar e esta capacidade de produzir exige uma dotao de recursos humanos qualificados, necessria manuteno da competitividade da empresa. Outro factor essencial capacidade de inovar o estabelecimento de parcerias estratgicas com as entidades do sistema nacional de inovao, designadamente as universidades.
Neste trabalho, procurmos identificar o posicionamento do sector industrial alimentar nacional e a sua importncia no desenvolvimento econmico de Portugal. No mbito desta anlise, identificam-se e discutem-se um conjunto de factores da envolvente das empresas que tm influenciado a sua estratgia competitiva e a forma como as empresas tm efectuado a gesto destes factores. So ainda includos neste trabalho os resultados de diversos estudos de caso de empresas industriais alimentares presentes em Portugal, procurando, deste modo,
Palavras-chave: Indstria alimentar; Inovao; Tecnologia; Factores de competitividade; Biotecnologia; Estudos de caso.
In the current global and competitive markets, factors that may influence the success of firms in the food sector are the capacity to innovate and having highly qualified human resources. Another relevant factor to this innovative capability it is the establishment of strategic partnerships with institutions pertaining to the Innovation National System (SNI), namely universities.
In this thesis, we aimed to identify the positioning of the national food industry and its relevance for national economic growth. In this scope, we identify and discuss a set of factors in the firms environment which have influenced their competitive strategies and particularly the way these firms have managed these factors. We also include in this study, the results of case studies of a few food companies in Portugal, looking for, in this manner, to complement the analysis with data gathered from these companies.
Keywords:
Food
Industry,
Innovation,
Technology,
Competitiveness
CAPTULO II ................................................................................................19 Aspectos Tericos do Processo de Inovao e Tecnologia ...................................19 Proteco da Propriedade Industrial ................................................................19 2.1. Introduo ..................................................................................19 2.2. Definio de Inovao (evoluo do conceito) e Tecnologia ...............20 2.3. Importncia da Inovao ..............................................................25 2.4. Factores determinantes de inovao e fontes de inovao .................27 2.5. Modelos explicativos da estratgia e do processo de inovao ...........30 2.5.1. A co-evoluo da Tecnologia e sua previso ....................................34 2.5.2. A co-evoluo dos Mercados ..........................................................39 2.5.3. A co-evoluo do Regime Competitivo ............................................41 2.5.4. A co-evoluo organizacional .........................................................54 2.5.5. A prtica da gesto do processo de inovao ...................................55 2.6. Proteco da propriedade industrial Patentes ................................57 CAPTULO III ...............................................................................................61 A biotecnologia paradigma emergente e os seus impactos sobre o modelo de funcionamento do sector alimentar .................................................................61 3.1. Introduo ..................................................................................61 3.2. O que a Biotecnologia?...............................................................63 3.3. Aplicaes da biotecnologia ...........................................................65 3.3.1. A biotecnologia aplicada ao sector alimentar....................................68 3.3.2. Objectivos de I&D europeia ..........................................................71 3.4. I&D e inovao biotecnolgica na indstria alimentar em Portugal .....73 CAPTULO IV ................................................................................................76 O sector industrial alimentar no Mundo e em Portugal .......................................76 Caractersticas, evoluo e desafios ................................................................76 4.1. Introduo ..................................................................................76 4.2. Anlise da Procura Mundial............................................................77 4.2.1. Evoluo dos padres de consumo .................................................77 4.2.2. Inovao e Segmentao ..............................................................81 4.3. Anlise da Oferta Mundial .............................................................83 4.3.1 A indstria alimentar na Unio Europeia..........................................83 4.4. Comrcio Internacional Um comrcio externo dinmico ..................86 4.5. Estrutura do Sector Alimentar........................................................88 4.6. Regime competitivo do sector alimentar na EU e Portugal .................89 4.6.1. Competitividade na Unio Europeia ................................................89 4.6.2. Competitividade em Portugal .........................................................91 4.6.3. Anlise Estratgica do Sector Alimentar ..........................................92 4.7. Evoluo recente da indstria alimentar em Portugal ........................96
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................. 149 ANEXOS 1..... 154 Lista de Quadros... .155 Lista de Figuras .169 Empresas de Biotecnologia em Portugal .. 177 ANEXOS 2 187 Guio de Entrevista 188 Apresentao das empresas participantes no estudo 196
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 A estratgia tecnolgica e de inovao: um processo evolutivo Figura 2 A co-evoluo da Tecnologia ou ciclo tecnolgico Figura 3 Curva S ou Curva Tecnolgica Figura 4 Ciclos Utterback Abernathy Figura 5 A ligao ao Mercado matriz bidimensional Novidade Tecnolgica, Novidade para o mercado Figura 6 A dinmica do mercado Curva de Rogers Figura 7 Modelo das cinco foras competitivas de Porter Figura 8 Mercado mundial da biotecnologia em 2002 Figura 9 reas de influncia da biotecnologia Figura 10 Evoluo do Consumo Aparente na Trade Figura 11 Distribuio geogrfica do Valor Acrescentado da Indstria Alimentar Figura 12 Peso do VAB no total da indstria transformadora europeia Figura 13 Comrcio de Produtos Alimentares por Regio Figura 14 Destino e origem das importaes da EU, 2000 Figura 15 Origem das 100 maiores multinacionais da indstria alimentar Figura 16 Dimenso das empresas portuguesas do sector alimentar Figura 17 As maiores empresas da indstria alimentar em Portugal 173 173 174 175 175 176 171 171 171 172 172 172 169 169 170 170 170
acompanhamento cientfico e ensinamentos de reflexo durante a realizao deste trabalho, sobretudo pelas suas crticas construtivas, pelas indicaes bibliogrficas e por todo o seu apoio e disponibilidade, bem como a demonstrao de interesse e empenho que sempre dedicou ao trabalho que foi desenvolvido sob a sua orientao e sem os quais o mesmo no teria indubitavelmente a mesma qualidade.
Em segundo lugar, s empresas do sector alimentar nacional que contriburam para este trabalho, atravs das entrevistas. Nomeadamente, Cerealis SGPS, SA, na pessoa do Sr. Dr. Rui Amorim de Sousa, SCC Centralcer, na pessoa do Sr. Dr. Alberto da Ponte, Danone, SA, na pessoa do Sr. Eng. Martinho Tojo, FIMA/VG, na pessoa do Sr. Dr. Lus Mesquita Dias, Nestl Portugal, na pessoa do Srs. Drs. Antnio Refoios, Joo Guimares e Cludia Afonso. Agradecimentos extensivos s respectivas secretrias na forma como conseguiram conciliar as agendas de modo a permitir as entrevistas, concretamente, Sras. D. Ana Barbosa, D. Manuela Barbedo, D. Sandra Mendona, D. Leonor Santos e D. Emlia Costa.
Em terceiro lugar a todos os Professores do ISEG que leccionaram o mestrado de Economia e Gesto da Cincia, Tecnologia e Inovao por todos os conhecimentos e ensinamentos enriquecimento tcnicos e cientficos e transmitidos, deste os quais permitiram Tambm um um
substancial
qualitativo
trabalho.
agradecimento especial ao Professor Dr. Manuel Mira Godinho, coordenador do actual mestrado pelas suas sugestes, ensinamentos e conselhos oportunos ao longo da parte curricular deste mestrado.
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Em quinto lugar, aos companheiros desta aventura e colegas de mestrado, em especial Slvia Matias e Joaquim Costa pelo seu entusiasmo e incitamento principalmente nos momentos de desnimo e tambm aos colegas e amigos pelo apoio que sempre me deram, Dr. Fernando Reis, Dr. Joo Mendes Rato, Eng. Leito dos Santos e Eng. Dante Lacerda Dias.
Finalmente, mas em primeiro lugar, quero agradecer minha famlia. Clia, minha esposa e s minhas filhas Joana e Filipa, o apoio incondicional e a compreenso por todo o tempo que lhes roubei. Aos meus pais e irmo, a quem dedico esta dissertao, por tudo o que me proporcionaram e pelo seu exemplo de vida.
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adaptaes importantes das suas estruturas produtivas para minimizar os efeitos da sua actividade sobre o ambiente, cumprindo assim uma legislao ambiental cada vez mais exigente. Por outro lado soube introduzir de forma generalizada sistemas de garantia de qualidade e de segurana dos alimentos, certificando as suas empresas e adoptando sistemas de controlo de pontos crticos (HACCP). Por ltimo aperfeioou a sua comunicao com o consumidor, melhorando a informao no rtulo, muitas vezes para alm do exigido legalmente. Aps um longo perodo de proteco do mercado, este sector sofreu, desde a adeso de Portugal UE, sucessivos choques que lhe alteraram profundamente as suas regras de
funcionamento. Estas mudanas do sector estvel para sector em constante mudana, obrigaram-no a uma nova dinmica.
Constatamos ainda, que a indstria alimentar portuguesa, apesar de se encontrar em crescente concentrao ainda fragmentada em termos globais e em determinados subsectores, a rivalidade elevada como consequncia do mercado
O presente estudo incidir essencialmente sobre a Indstria Alimentar e das Bebidas abrangida pela
seco 15 da Classificao das Actividades Econmicas (CAE). Nesta definio de indstria alimentar esto abrangidos, quer produtos para consumo final, quer produtos intermdios destinados a serem reutilizados noutros processos produtivos. Por razes de comodidade e de simplificao passa remos a referir-nos a este sector simplesmente por Indstria Alimentar.
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introduo gradual de novos e variadssimos produtos como consequncia do fenmeno da globalizao, associado a alteraes abruptas em alguns preos das matrias primas, queda acelerada dos armazenistas, exploso sem precedentes das marcas prprias e intensificao do poder negocial da grande distribuio. Em Portugal, tem-se vindo a verificar uma ligeira diminuio da taxa de natalidade e um envelhecimento da populao que tero inevitavelmente reflexos na economia e em particular neste sector. Tambm ao nvel das poltica pblicas, o nvel de impostos superior em Portugal quando comparado com o dos parceiros europeus e as maiores exigncias administrativas e burocrticas no licenciamento da
actividade, tm constitudo uma forte barreira entrada e traduzido num forte encarecimento de produto. Estas diferenas tm justificado algumas opes de deslocalizao de grandes empresas. Finalmente, na indstria alimentar verifica-se tambm que embora muito dos produtos sejam essenciais e altamente
diferenciados, temos vindo a assistir a um maior dinamismo do comportamento dos consumidores nacionais com aces de presso ao nvel da qualidade, variedade e preo. Alm disso, sendo a inovao tecnolgica neste sector, assim como a qualificao dos recursos humanos, baixa, a exigncia dos consumidores por produtos de melhor qualidade e mais seguros obrigam as empresas do sector a tomar medidas drsticas, para responder a estas necessidades, sendo que a Biotecnologia aplicada ao sector poder servir como uma poderosa ferramenta para despoletar definitivamente a inovao nesta indstria.
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 1.2. Objectivos e questes de investigao
Tendo presente este contexto de fundo como enquadramento da presente dissertao, a escolha deste sector industrial como alvo de um estudo de investigao em economia resulta, para alm de razes de proximidade
profissional, da oportunidade de abordar um conjunto de questes que se prendem com o futuro e a competitividade deste sector em Portugal. Alm disso, pensamos com este estudo preencher uma lacuna ou gap existente, decorrente da pouca informao ou falta de estudos relevantes que abordem a competitividade, a tecnologia e a inovao nesta indstria, indstria esta que segundo dados estatsticos recentes do INE, representa 16% das indstria transformadora. Procuraremos com este trabalho adicionar alguns elementos suficientemente seguros e sustentados que, conjuntamente com uma apreciao retrospectiva permitam contribuir para a definio do posicionamento e a competitividade desta indstria. Por conseguinte, a investigao procurar identificar as principais aces que as empresas da indstria alimentar esto a levar a cabo para reagir s mudanas mais significativas da sua envolvente. No mbito dessas aces, vamos procurar perceber at que ponto e em que medida estas empresas estariam interessadas no estabelecimento de protocolos de cooperao com a comunidade acadmica cientfica, procurando dinamizar uma investigao de base empresarial com efeitos prticos. Para o cumprimento deste objectivo procuraremos dar resposta s seguintes questes:
De que modo as empresas da indstria alimentar tm vindo a adaptar a sua actuao s transformaes ocorridas na envolvente em geral?
Como
despoletar
inovao
nesta
indstria
em
particular
inovao
biotecnolgica? Ser que as empresas alimentares conhecem os mecanismos de proteco de direitos de propriedade industrial?
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Considermos estas questes centrais para a nossa investigao numa tentativa de identificarmos janelas de oportunidade para este sector fortemente globalizado e concorrencial (facilmente observvel nas grandes superfcies de comrcio atravs da enorme diversidade de produtos de vrias provenincias).
A metodologia a utilizar incluir uma anlise de diversas empresas, na forma de estudos de caso, consubstanciados em entrevistas semi-directivas a uma amostra de empresas alimentares a operar no mercado nacional. Pretende-se com esta metodologia obter um conhecimento mais profundo da atitude empresarial face aos estudos competitivos do sector. Abordar-se-o diversas dimenses relevantes para a determinao do potencial competitivo das empresas luz dos elementos, caracterizados do sector. Para a elaborao do presente estudo, o autor recorrer primeiramente a entrevistas com alguns dos principais actores de algumas empresas da indstria alimentar. O estudo procurar tirar partido da
disponibilizao por parte das empresas participantes e de outras, de interlocutores que ajudaro o autor a colocar as suas observaes. Ser analisada de forma relativamente extensa e crtica a literatura cientfica nomeadamente vrias dezenas de artigos cientficos para as reas do saber abordadas. Ao longo de todo o trabalho, a estratgia do estudo pautar-se- por utilizar sempre os interesses tecnolgicos das empresas como ponto de partida para a anlise feita, em particular na medida em que esses interesses forem extrapolveis para a realidade da indstria alimentar. Como resultado, este relatrio no tanto uma anlise profunda e pericial de uma ou vrias empresas, nem sequer da biotecnologia em si, como, muito mais, o resultado de um rastreio e de uma apreciao crtica relativa aplicao de biotecnologia s vrias empresas, congregando um conjunto de
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procuraremos determinar o interesse das empresas do sector alimentar pelas empresas de biotecnologia e pelos produtos da sua actividade. Finalmente, procuramos avaliar a percepo que as empresas tm sobre a evoluo do sector, desafiando-as a enumerar algumas medidas que considerem relevantes e capazes de proporcionar impactos positivos sobre o seu posicionamento futuro.
O primeiro captulo como vimos, procura definir e delimitar o assunto ou o temaproblema a ser investigado. Pretende ainda, apresentar as razes que levaram ao estudo desse tema, descrever o problema que subsiste e dar a conhecer as questes a que se pretende responder e descrever a estrutura da investigao.
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particularmente aquelas fortemente condicionantes da capacidade inovadora. Procuraremos perceber como que as dimenses de anlise escolhidas se correlacionam com a actividade inovadora das empresas, nomeadamente em que medida e em que circunstncias podero constituir factores limitantes ou, ao invs, potenciadores de inovao economicamente relevante. Dar ainda nfase ao papel da tecnologia e inovao no desenvolvimento econmico e social, enquanto resultado de uma actividade sistemtica e de um esforo coordenado, evidenciando os seus principais elementos de caracterizao, linhas de pensamento e actores envolvidos. A identificao das principais barreiras enfrentadas pelas empresas para trilharem um percurso estrategicamente inovador merece tambm um espao de investigao neste captulo. Outras dimenses de estudo centram-se na intensidade das actividades de I&D e no seu modo de financiamento, o que nos conduz abordagem dos aspectos relativos proteco da inovao, resultante do esforo experimental desenvolvido.
No terceiro captulo, abordaremos a temtica da inovao na indstria alimentar e a forma como a biotecnologia poder funcionar como a sua locomotiva propulsora para despoletar definitivamente a capacidade inovativa desta indstria. A inovao biotecnolgica ser a varivel da envolvente que abordaremos mais em detalhe, razo pela qual lhe dedicaremos um captulo exclusivo.
No quarto captulo, procede-se caracterizao da indstria alimentar portuguesa no contexto internacional. Procuraremos ilustrar os principais problemas
enfrentados pela indstria e identificar a forma (activa ou passiva) como as empresas esto a reagir e a responder s presses da sua envolvente. Neste captulo, a evoluo competitiva de Portugal no contexto global analisada sob diferentes vertentes, recorrendo a um conjunto de indicadores de actividade, como
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O quinto captulo inclui uma anlise de diversas empresas, na forma de estudos de caso, consubstanciados em entrevistas semi-directivas a uma amostra de empresas agro-alimentares a operar no mercado nacional.
No sexto e ltimo captulo procuraremos responder s questes de investigao inicialmente identificadas e da necessria formulao de propostas de resposta, apoiadas nos elementos recolhidos e discutidos ao longo dos cinco captulos anteriores. Compreende ainda concluses e comentrios finais, incluindo sugestes e questes de investigao para desenvolvimento de trabalhos futuros.
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CAPTULO II
Aspectos Tericos do Processo de Inovao e Tecnologia Proteco da Propriedade Industrial
2.1. Introduo
Num trabalho em que se pretende identificar o posicionamento competitivo da indstria alimentar, considermos essencial que se proceda a uma reviso das diversas perspectivas tericas sobre os diferentes modelos que descrevem a forma como as indstrias e as empresas reagem alterao da sua envolvente. O captulo inicia-se por uma reviso bibliogrfica de algumas definies importantes do conceito de inovao e a sua importncia enquanto instrumento competitivo das empresas, nomeadamente com a identificao dos factores necessrios criao de conhecimento e motivadoras da actividade inovadora. Nesta linha de abordagem, a inovao tratada como um processo evolutivo caracterizado por diferentes dimenses: uma dimenso interactiva, crescentemente complexa para a qual concorrem diferentes actores, conhecimentos e formas de organizao; uma dimenso relativa ao objecto, que permite tratar a inovao enquanto
objecto/produto ou processo; e uma dimenso relativa ao grau de transformao que introduz no sistema econmico. Da evoluo do processo de inovao passamos para a empresa, unidade central deste trabalho e do processo inovador. Ainda nesta linha de pensamento, aborda-se a temtica da importncia da tecnologia como instrumento que as empresas utilizam para inovar e ainda os aspectos relacionados com a maneira de prever a mudana tecnolgica e os modelos e a estratgia que as empresas podero utilizar para identificar o seu posicionamento competitivo. Porque inovar no suficiente se as empresas no tirarem proveito dessa capacidade, so tratados os mecanismos de proteco da propriedade industrial, dando uma nfase particular s patentes. Neste contexto, discutida a importncia econmica das patentes, reconhecendo-se diferenas intersectoriais na sua utilizao e relevncia no modo como as empresas as podem
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de
Inovao
(evoluo
do
conceito)
Por definio, a inovao o processo de criao e introduo de algo novo na prpria organizao ou no mercado. Assim, no se trata de um acto nico ou pontual, constitui antes um processo global que se estende ao longo do tempo. A inovao tambm no se resume gerao de novas ideias, pois requer a inveno de algo novo e a sua posterior aplicao na prpria organizao ou no mercado. A OECD (1993a) sintetiza a inovao como a comercializao de um produto previamente submetido a mudanas tecnolgicas. Esta alis a principal diferena entre a inveno e a inovao: enquanto a inveno independente do uso, a inovao pressupe a utilizao da inveno no contexto interno ou externo empresa (Caraa, 2003).
Para Schumpeter
econmica, e uma funo particular de empresrios. Logo, segundo o autor, o agente central da inovao o empresrio, e o verdadeiro empresrio aquele que altera as condies de mercado ( o empresrio inovador), distinto do empresrio rotineiro, que encarado como um mero administrador. Schumpeter (1939) elegeu a inovao como uma das foras propulsoras do crescimento econmico porque sem ela no h crescimento e desenvolvimento, nem nas empresas nem nas sociedades. A inovao , por isso, considerada como o grande e permanente desafio das empresas. Refere ainda, a importncia das vrias combinaes para o desenvolvimento, e d ainda vrios exemplos do que ele viria posteriormente a definir como inovaes: a) A introduo de um novo produto ou de uma nova caracterstica num produto, com a qual os consumidores ainda no esto
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Na sua obra Business Cycles, Schumpeter (1939) define o conceito de inovao, distinguindo-o de outro conceito tradicionalmente associado, a inveno. Segundo o autor, e ao contrrio de economistas anteriores, estes conceitos no devem ser confundidos, pois a distino entre inovao e inveno baseia-se no seu impacte econmico. As invenes, enquanto descobertas cientficas, podem permanecer muito tempo sem ser utilizadas, e como tal, no afectam o sistema econmico. S tm impacte econmico se forem aplicadas em novos produtos, novos processos produtivos ou novas formas de organizao.
Depois de Schumpeter, vrios autores e instituies deram a sua definio de inovao. Segundo a OCDE (1992), a inovao caracterizada pela transformao de uma ideia num novo produto, num processo operacional para a indstria ou para o comrcio, ou um novo mtodo social. O conceito foi transportado para o plano institucional e objecto de recomendao como prioridade enquanto instrumento e enquanto objectivo, na conduo dos assuntos de poltica econmica e de poltica industrial dos Estados, como sustentam autores como de Woot (1990) e Dertouzos et al. (1989). Mais recentemente Laranja (2007), enfatiza que definio de inovao deve-se acrescentar que a habilidade para manipular e transformar saberes em produtos e processos novos, que constitui o processo de inovao, envolve no s conhecimentos acerca de como desenvolver e utilizar tecnologias, mas tambm conhecimentos acerca de como ir ao encontro de preferncias, especificaes e tendncias dos consumidores nos seus diferentes segmentos. Ainda, de acordo com o autor (2007), uma forma de interpretar o processo de
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transformar conhecimentos em produtos, servios ou processos a empresa socorrese no s da sua tecnologia materializada (i.e. das suas mquinas e equipamentos) mas tambm essencialmente, do conhecimento embutido quer ao nvel dos indivduos quer ao nvel das suas rotinas organizacionais. So precisamente estas duas ltimas componentes que conferem empresa capacidades especfica que a diferenciam da concorrncia e que se adquirem, no por investimento em activos corpreos e tangveis, mas sim por esforo de aprendizagem na resoluo de problemas concretos. Para Freeman (1982), havia que considerar factores de complexidade e de interactividade nos processos de inovao modelo interactivo demand pull e science push. Em 1986, Kline e Rosenberg contemplam no seu modelo de inovao chain-linked model um conjunto de retroaces ao longo do processo inovatrio, nas quais os mecanismos de acumulao e validao de conhecimento decorrem da ligao estreita entre o mercado e as estruturas de investigao, com a presena constante da C&T nas diversas fases do processo. Esta intensidade de relaes depender substancialmente dos sectores de actividade considerados. Os estudos de Nelson e Winter (1982), sobre a existncia de uma relao biunvoca entre a inovao e desempenho econmico ao nvel das empresas, enquadram-se nesta perspectiva evolucionista da mudana tecnolgica e das dinmicas
industriais. A evoluo observada nos modelos de inovao, ao reconhecer que o processo de inovao caracterizado por um nmero crescente de interaces entre mltiplos actores, coloca em particular destaque os fenmenos de
aprendizagem e de partilha/difuso de conhecimentos, em que os factores relativos envolvente contam e devem ser considerados, como elementos igualmente determinantes do processo. Este alargamento do conceito traduz-se naquilo a que
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Freeman (1980), Pombo (1995), tal como Laranja et al. (1997), apoiando-se em reviso da literatura, afirmam que as inovaes podem ser tipificadas segundo a mudana que lhes est associada, tendo em conta a sua amplitude e o seu impacto sobre os sistemas econmicos, assim, temos as seguintes inovaes:
Inovaes
radicais,
que
correspondem
grandes
descontinuidades
ou
alteraes profundas nos conhecimentos aplicados e resultam normalmente da introduo de novos produtos e processos; Segundo Freeman e Perez (1986) so inovaes sem impacto ao nvel do conjunto da estrutura do sistema econmico, podendo, contudo, resultar num mercado totalmente novo.
Inovaes incrementais (conceito anteriormente introduzido por Abernathy e Utterback em 1978), que correspondem melhoria e aperfeioamento contnuo; caracterizadas por pequenas melhorias nos produtos e nos processos, capazes de melhorar a qualidade, aumentar a satisfao do consumidor/utilizador ou reduzir custos.
Mudanas
de
sistema
tecnolgico
(novos
sistemas
tecnolgicos),
que
Um Sistema Nacional de Inovao (SNI) um sistema onde interagem as empresas pblicas e privadas, universidades e agncias governamentais, com vista produo de cincia e tecnologia no mbito das fronteiras nacionais. A interaco entre essas entidades pode ser de natureza tcnica, comercial, legal, social ou financeira, desde que o objectivo da interaco seja o desenvolvimento, proteco, interaco, financiamento ou regulao de nova cincia e tecnologia. Esta definio conjuga as vises de Lundvall, Freeman e Nelson. O primeiro reala os mecanismos de interaco que suportam o desenvolvimento da aprendizagem e a consequente mudana tecnolgica (Lundvall, 1992); o segundo enfatiza a importncia das inovaes sociais que acompanham cada novo paradigma tecno-econmico (Freeman, 1997), e, finalmente, o terceiro atribui gnese de um SNI a evoluo da estrutura econmica e o seu papel no que diz respeito actuao da poltica de C&T. Assim emergem como elementos bsicos de um SNI, o sector empresarial, com particular destaque para a sua organizao interna e para as relaes interempresariais; o sector pblico, na vertente de apoio investigao de natureza pblica, educao, como fonte de financiamento e no seu papel de regulador do sistema; o sistema financeiro, na vertente especfica dos mecanismos de suporte I&DT; a intensidade de I&D e a sua organizao (Lundvall, 1992).
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Mudanas de paradigma tecnolgico (novos paradigmas tcnico-econmicos), que correspondem inovao tecnolgica a nvel macro-institucional. Estas introduzem mudanas ao nvel macro e alteraes estruturais a nvel dos sectores, devido emergncia de novas indstrias, servios ou gamas de produtos que afectam vrios sectores de actividade. Introduzem alteraes profundas no funcionamento do sistema econmico escala global.
Antes de abordarmos a importncia da inovao, importa agora definir tecnologia, para compreender a relao complexa entre tecnologia, inovao e
competitividade. So muitas e variadas as definies sobre tecnologia. Quase todas elas so, porm, restritivas, no sentido em que se limitam aos componentes, produtos ou aos processos fsicos (mquinas, equipamentos, sistemas, etc.) que transformam inputs em outputs e aos quais esto associados determinados modos organizacionais, mtodos de gesto e procedimentos. Na literatura econmica neoclssica a tecnologia era, alis, entendida como um factor de produo livremente disponvel e ao alcance de qualquer empresa. Isto , a tecnologia era considerada como uma varivel exgena ao sistema econmico, facilmente adquirvel e de uso imediato sem incorrer em custos. Como qualquer pessoa com experincia empresarial sabe, esta perspectiva no corresponde realidade. Como se tentar mostrar, tecnologia essencialmente conhecimento til, i.e., conhecimento aplicado utilizao de bens e servios. Esse conhecimento pode ser prtico (quando relacionado com dispositivos concretos) ou terico (mas susceptvel de ser aplicado na prtica). A tecnologia pode ainda ser entendida como um conjunto de mtodos e de procedimentos, resultantes quer de conhecimentos cientficos, representam quer de experincia de acumulada. Assim, os dispositivos (referidos fsicos como
avanos
conhecimento
materializados
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correspondendo ao que designamos por tecnologia documentada. Mas na sua grande maioria, tais conhecimentos no se encontram formalizados, sendo designados por tecnologia imaterial (Laranja e al., 1997). Tecnologia trata-se antes de tudo, de um saber (conjunto de conhecimentos) relativo utilizao de tcnicas na produo de bens e servios (Godinho, 2005).
movimentar-se num quadro complexo, onde os estmulos internos e tambm os recebidos da envolvente sero determinantes da sua capacidade para inovar. A forma como a empresa processa esses estmulos e os internaliza na sua estratgia resulta da sua capacidade de sistematicamente manter mecanismos activos de pesquisa, anlise, implementao e controlo/avaliao, como forma de reinventar a sua atitude competitiva. Neste percurso so vrias e complexas as decises que enfrenta, tendo de saber gerir as diversas dimenses do processo de inovao, doseando adequadamente o investimento em produo de conhecimento ou aquisio no exterior ou em melhorias contnuas dos seus produtos/servios em contraponto com descontinuidades capazes de lhe conferirem grandes vantagens competitivas, mas que simultaneamente encerram maiores riscos. Atravs da inovao, a empresa constri no presente as bases do seu desenvolvimento futuro. De facto, so as actuais iniciativas inovadoras que do origem aos novos produtos,
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particularmente em economias de mercado competitivas. O ambiente competitivo de algumas economias conduziu necessidade de constantemente as empresas realizarem upgrades na sua tecnologia, apoiadas em actividades de I&D.
Freeman (1994) identifica na literatura algumas concluses principais sobre as teorias do crescimento das empresas, no quadro dos processos de inovao. Uma,
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governamental desempenham nas relaes em rede e no desenvolvimento, nomeadamente com fontes externas de informao, conhecimento e
aconselhamento. Um quarto elemento identificado por Freeman considera a natureza e intensidade das interaces com os actuais utilizadores e os futuros utilizadores da inovao, como determinante principal do sucesso. Finalmente, num quinto ponto, considera-se fundamental a integrao das actividades de I&D com as actividades de design, produo e marketing, como forma de garantir o sucesso da inovao, encurtar os tempos de desenvolvimento e melhorar, em simultneo, o produto e o processo.
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desempenham um papel importante, quer na aquisio de conhecimentos vindos do exterior da empresa quer na sua transformao interior em novos ou melhorados produtos ou servios (Laranja, 2007).
Para alm da diversidade das motivaes subjacentes aos processos inovatrios e da variabilidade das fontes de inovao observada entre diferentes sectores de actividade econmica, numa primeira classificao, quanto sua origem,
Napolitano (1989) considera dois tipos de fontes de inovao: internas empresa e externas empresa. Nas primeiras encontra-se, genericamente, contributos de diferentes departamentos, onde se destacam os de produo, projectos e naturalmente, os departamentos de I&D. Externamente, as necessidades reveladas pelo mercado e apreendidas pelos departamentos de vendas, distribuio e de marketing, constituem fontes clssicas de novas ideias. Nos sectores mais intensivos em conhecimento os contributos da cincia podem assumir um papel central no desencadear da inovao.
De um modo geral, os sectores de maior dinamismo tecnolgico, habitualmente dotados de estruturas prprias de I&D, tendem a concentrar uma parte da actividade inovadora no interior das empresas. Contudo, so em regra tambm estes sectores que estabelecem ligaes mais fortes cincia, desenvolvendo programas de monitorizao das actividades cientficas e estabelecendo pontos mais ou menos formalizados de contacto com este tipo de instituies,
habitualmente de natureza pblica e estatal. Em contraponto, sectores de actividade com menor intensidade tecnolgica recorrem com frequncia a fontes de inovao externas, na figura dos seus fornecedores, na forma de aquisies de equipamentos e tecnologias e de novos processos ou produtos. O cenrio permite
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desenvolvem polticas de apoio investigao, ao desenvolvimento tecnolgico e inovao, alm das instituies financeiras e dos fornecedores de servios de apoios s empresas. Estas fontes de inovao so, portanto, originrias de um sistema complexo e interactivo, designado como vimos por SNI.
Se despoletar o processo inovatrio constitui um primeiro passo fundamental, segue-se um percurso que exige a integrao e articulao de um conjunto de elementos concorrentes para o sucesso da inovao. Os estudos internacionais mais relevantes sobre a inovao tecnolgica tm-se preocupado com a descoberta dos factores de sucesso e de insucesso da inovao na indstria. Em consequncia destas investigaes h hoje um expressivo corpo de resultados empricos sobre esta matria. Embora as metodologias e os objectivos destas investigaes no coincidam totalmente, existe uma considervel concordncia entre os resultados. Em relao aos principais factores de sucesso da inovao, devem-se considerar os seguintes (Rothwell, 1977):
Atender boa comunicao e circulao da informao no interior da empresa e desta com o exterior. Os inovadores (de sucesso) estabelecem fortes ligaes e contactos com a comunidade cientfica e tecnolgica exterior e analisam cuidadosamente as ideias potencialmente teis geradas fora da sua empresa; Assumir a inovao como uma tarefa global da empresa, envolvendo todos os departamentos, desde a produo at ao marketing (GEPIE, 1992). A inovao apela cooperao e coordenao interna empresa;
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positivamente
da inovao,
supervisionando,
sustentando
protegendo os processos, particularmente nas suas fases mais crticas; Reconhecer a importncia do Marketing e reconhecer as necessidades dos utilizadores. O utilizador-inovador influencia cada vez mais o sentido e intensidade da inovao e do desenvolvimento tecnolgico. Cerca de 75% dos casos de sucesso acontecem como resposta ao reconhecimento de uma necessidade (demand-pull) em oposio ao reconhecimento de um novo potencial cientfico e tecnolgico (technology-pull). Acautelar servio ps-venda de qualidade incluindo o fornecimento de instrues de funcionamento. Do exposto conclui-se que a natureza da explicao das condies de sucesso e insucesso da inovao deve ser pluralista e interactiva, no havendo receitas simples para oferecer s empresas. Na verdade, neste domnio, se o inovador quer ter sucesso deve cuidar criteriosa e atempadamente de todas as reas envolvidas no processo de inovao.
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Monitorizao da envolvente (interna e externa) e processamento dos sinais relevantes visando a deteco das ameaas e oportunidades de mudana; Deciso sobre o qual, dos anteriores sinais, se deve responder (com base na viso estratgica do melhor desenvolvimento para a empresa); Obteno dos meios que viabilizem a resposta (criando algo novo atravs de I&D ou por recurso transferncia de tecnologia, etc.); Implementao do projecto (com desenvolvimento da tecnologia e do mercado interno e externo) visando uma resposta eficaz.
As organizaes tm possibilidade de atravs do aprofundamento deste ciclo, ir apreendendo, construindo a sua base de conhecimento e desta forma proceder melhoria contnua da gesto deste processo. Todas as empresas tentam organizar e gerir o processo de inovao de forma a encontrar as melhores solues para a problemtica da renovao, contudo subsiste a questo de saber se podemos ou no gerir o processo de inovao. A receita para o sucesso no fcil. Na verdade, numa primeira anlise parece ser impossvel gerir algo que to complexo e incerto. H dificuldade em desenvolver e refinar o conhecimento fundamental, problemas em adaptar e aplicar esse conhecimento a novos produtos e processos, problemas em convencer terceiros a apoiar e a adaptar a inovao e conquistar a sua aceitao e utilizao no longo prazo. O processo de inovao envolve muitas pessoas com formaes bsicas diversificadas, graus de responsabilidade e objectivos diferentes o que origina por vezes grandes conflitos e diferenas de opinio, quanto aos objectivos a atingir e aos meios a utilizar. Apesar da imprevisibilidade e incerteza do processo de inovao possvel encontrar um padro de base do sucesso. tambm importante tratar esta problemtica como uma questo de gesto, na medida em que h decises que devem ser tomadas
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David Teece e Gary Pisano (1994) constroem um modelo, no qual integram vrias dimenses da estratgia de inovao naquilo que designam por abordagem das capacidades dinmicas da estratgia empresarial qu e reala a importncia da mudana dinmica e da aprendizagem da empresa. Este modelo assenta em eixos tridimensionais, os processos (rotinas organizacionais), as trajectrias (alternativas estratgicas) e a posio (activos tecnolgicos). Por processos administrativos entende-se a maneira como as coisas so feitas na empresa, as suas rotinas ou as matrizes da prtica e aprendizagem actuais. Por trajectrias (paths) so as alternativas estratgicas de que a empresa dispe e a atractividade das oportunidades que tem pela frente. Por posio, entendemos como o seu legado
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Envolvente Externa
Mecanismos geradores de
selectividade
Como que o mercado evolui ? Quais as oportunidades ? Como desenvolver o mercado ? Mercados
O valor criado quando a tecnologia usada adequada Tecnologias ao mercado
Regime Competitivo
Mercados
Contexto Organizacional
Como lidar com a complexidade da envolvente Como desenvolver conhecimento especfico da empresa ? Como explorar esse conhecimento, estruturas e equilbrio funcional/integrao ?
Mecanismos geradores de
diversidade
Envolvente Interna
Como que evoluem as tecnologias ? Qual a trajectria ? Quais as oportunidades ? Quais as tecnologias em que devemos investir ?
Passaremos agora analise detalhada de cada rea ou roda, comeando pela coevoluo da tecnologia.
concorrente ganha vantagem: preo inferior, performances superiores. Para Foster (1986) esta substituio deve ser provocada no mbito de uma estratgia de conquista. Por definio, a anlise da inovao tecnolgica deve ser dinmica, para permitir o acompanhamento contnuo da evoluo de tecnologias. De facto, todas as reas tecnolgicas tendem a atravessar perodos de maior ou menor intensidade inventiva, dando origem a novos produtos e servios e as novas tecnologias genricas, sectoriais ou especficas. Regra geral, uma tecnologia atravessa quatro fases ao longo do seu ciclo tecnolgico (ver Fig.2, Anexos 1):
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Segundo Ribault, J., Martinet, B, e Lebidois, D. (1995), o domnio da previso tecnolgica uma das competncias mais difceis que existem, o que tem suscitado a curiosidade de quem faz previses e a desenvolver um certo nmero de instrumentos. Ainda de acordo com estes autores, existem alguns procedimentos que permitem ver um pouco mais claro em matria de previso tecnolgica, sendo as curvas S, o instrumento mais frequentemente utilizado e que se inspira em tendncias passadas para prever o futuro das tecnologias. Deste modo, til para orientar as opes de atribuio de recursos em matria de tecnologia, o conceito de vida de tecnologias inspira-se directamente na noo de ciclo de vida do produto, ou ciclo de vida da actividade. O desenvolvimento das tecnologias parece, com efeito, efectuar-se segundo um processo que pode representar-se por uma curva em S (Ver Fig.3, Anexos 1) e mede o desempenho da tecnologia em funo do esforo (investimento, tempo). Por definio a representao grfica da relao entre os esforos acumulados consagrados ao melhoramento de um processo ou de um produto e os resultados obtidos graas a esse investimento. Uma variante desta curva a curva produo acumulada em funo do tempo. tambm uma curva S. No primeiro caso, tem-se uma abordagem mais tcnica, nem sempre bem mensurvel. No segundo caso, tem-se uma abordagem economtrica, essencialmente baseada nas necessidades de mercado. As curvas S so
desenhadas para a tecnologia e no para o produto, por isso so designadas por curva tecnolgica. Um produto uma cpsula de tecnologias. Numa primeira fase, a empresa (ou indstria) deve investir de forma durvel no desenvolvimento de
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Importa ainda compreender o impacte da evoluo tecnolgica na competitividade comercial dos produtos e servios. Tipicamente, a progresso tecnolgica dentro de um dado ciclo permite melhorar o desempenho e acrescentar novas funcionalidades s aplicaes, de que resulta a conquista de segmentos mais exigentes. Cada empresa tem uma base de conhecimentos prprios (base tecnolgica, na definio de Nelson e Winter, 1982) que determina, em certa medida, as respectivas trajectrias de evoluo futuras. A variedade dos conhecimentos tecnolgicos constitui assim um aspecto caracterizador da tecnologia. Cada tecnologia exibe diferentes graus de oportunidade tecnolgica, em consonncia com o potencial de explorao prtica proporcionado existente. Certas tecnologias encontram-se esgotadas, em virtude de no serem visveis novas possibilidades de inveno. Outras contudo podem exibir um estado efervescente em termos de possibilidade de inveno. Por outro lado, a aplicao das tecnologias em produtos e processos tambm esto sujeitas a diferentes graus de oportunidade de mercado. Estas derivam da receptividade da procura a produtos inovadores e principalmente na fase do ciclo-de-vida em que se encontram os produtos dos sectores que usam diferentes tecnologias. A combinao da oportunidade
tecnolgica e da oportunidade de mercado condicionam de forma determinante as trajectrias tecnolgicas. Por exemplo, percebe-se que na biotecnologia a
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Estgio inicial o produto ainda no est completamente definido. Existem ainda vrios modelos/standards a competir entre si e a inovao centralizada em funcionalidades. Est-se mais interessado no conceito. Em relao ao contexto organizacional, tem-se uma estrutura orgnica, flexvel. O regime competitivo tem em conta a concorrncia baseada na diferenciao e existe uma indefinio do vencedor da apropriabilidade. Esta fase pode ir de meses a anos. Estgio de transio aumento do volume, h o aparecimento de um design dominante estabilizado e a produo comea a tornar-se mais rgida. A organizao e o controle de gesto mais formal e estruturas hierrquicas. No regime competitivo surgem os vencedores do regime de apropriabilidade. Aqui os primeiros inovadores podem ser obrigados a sair do mercado nesta fase, por no saberem fazer a transio. H preocupao com escala. Estgio avanado predominam a escala e as economias de aprendizagem e a inovao centrada no processo com pequenos ajustamentos ao modelo ou aos designs dominante. A organizao torna-se mais formal, hierrquica e mecanicista e a concorrncia baseada na liderana de custos.
De acordo com os ciclos U-A, s ganha quem tem o design dominante. Mais cedo ou mais tarde haver uma tecnologia dominante e depois a guerra ser pela liderana nos custos. O facto de ser dominante no tem muitas vezes a ver com o produto em si mas com os componentes com a arquitectura chave, a forma como os componentes esto ligados entre si. a plataforma que se torna dominante e depois encaixa tudo.
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 2.5.2. A co-evoluo dos Mercados
Ao entrar no mercado, a empresa tem de perceber qual a trajectria que a inovao vai tomar, como vai evoluir dilema do inovador. Ser que os actuais utilizadores entendem as descontinuidades? Segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2001) as empresas tendem a estruturar os seus sistemas e processos de gesto de inovao em torno de um tipo de estado constante da mudana, em que a inovao acontece mas geralmente no sentido de fazer o que sabemos fazer melhor. Isto leva a um relacionamento mais estreito com os clientes procurando identificar a srie de melhorias incrementais a efectuar no produto e a uma monitorizao mais cuidada dos parmetros do processo no sentido de se aproximar mais das condies ptimas de qualidade, velocidade, custos, etc. Esta inovao, que pela sua natureza intrnseca tende a ser mais incremental, essencial para a sobrevivncia do negcio. Mas h tambm condies em que devido a sbitas e inesperadas mudanas no mercado ou ao surgimento de novas possibilidades tecnolgicas, ocorrem mudanas descontnuas, disruptivas. Estas so as circunstncias em que a inovao resulta em fazer algo radicalmente novo e requer um conjunto diferente de condies organizacionais para a sua gesto. Para se analisar a co-evoluo do mercado, deve-se ter em mente que existe uma relao estreita entre a natureza da tecnologia, o produto e o mercado. Na coevoluo da empresa com o mercado necessrio descobrir oportunidades (definir as necessidades) para utilizar tecnologias. Isto pressupe que a empresa saiba definir e delimitar o mercado, conhecer os eventuais substitutos e os agentes que influenciam a deciso de compra. Pressupe tambm um mnimo de conhecimento de marketing, saber segmentar e seleccionar o mercado alvo e por ltimo conhecer as tendncias e as mutaes expectveis das necessidades sabendo que a forma de satisfazer as necessidades do utilizador mudam. Nesta ligao a empresa procura ainda a criao de valor que ocorre quando uma oportunidade de mercado encontra uma tecnologia que a pode satisfazer. Com efeito, compreender as necessidades do
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determinado pela maturidade tecnolgica e do mercado. A Fig. 5 (ver Anexos 1) apresenta uma matriz bidimensional simples, em que a maturidade tecnolgica uma dimenso e a maturidade do mercado a outra. Cada quadrante levanta questes diferentes que exigem tcnicas diferentes para o desenvolvimento e comercializao: - Diferenciados. As tecnologias e mercados esto ambos maduros e a maior parte das inovaes consiste na utilizao melhorada das tecnologias existentes para ir ao encontro de uma necessidade j conhecida do cliente. Os produtos e servios so diferenciados na base da embalagem, preo e dos ps venda; - Arquitecturais. As tecnologias existentes so aplicadas ou combinadas para criar produtos ou servios inovadores ou novas aplicaes. A concorrncia baseia-se na alimentao de certos nichos especficos de mercado e nas estreitas relaes com os clientes. A inovao ou genuinamente original ou nasce da colaborao com potenciais utilizadores. - Tecnolgicos. As tecnologias inovadoras so desenvolvidas de modo a satisfazer necessidades diagnosticadas nos clientes. Estes produtos e servios competem
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Na fase de lanamento do produto e do seu acompanhamento futuro, existem actividades ditas essenciais, como testes ao consumidor, testes e plano de marketing, que consistem em recolher opinies dos consumidores para testar prottipos e validar conceitos e preferncias. A dinmica do mercado pode ser retratada atravs de uma curva curva de Rogers, isto , percentagem de utilizadores que compraram a inovao em funo do tempo (ver Fig.6, Anexos 1). As caractersticas da inovao, do inovador, do utilizador e as condies da evolvente so factores que podem influenciar a forma da curva de Rogers. medida que o ciclo de difuso se constri, as empresas comeam a distinguir as caractersticas que so indicadores importantes para a inovao. Fazer a transio dos primeiros utilizadores para a primeira maioria pode exigir o
desenvolvimento de competncias bastante diferentes das iniciais, por exemplo, servios de apoio, formao do utilizador, etc.
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2.5.3.1.
A caracterizao de uma indstria, do ponto de vista estratgico efectua-se atravs da caracterizao das foras determinantes da rentabilidade dessa indstria e da relao que se estabelecem entre elas. No principio da dcada de 1980, M. Porter deu um contributo decisivo para a anlise da inovao na estratgia empresarial, ao estabelecer um quadro de anlise conhecido por cinco foras (diamante de Porter), que influenciam a estrutura da indstria, e ao propor trs estratgias genricas: Liderana de custo (a liderana com base nos custos , de facto uma forte Vantagem Competitiva posicionando a empresa de forma muito favorvel em relao a todas as cinco foras que pressionam a indstria), Diferenciao (criar alguma coisa que seja percebida como nica em todo o mercado a base da diferenciao. Esta pode ser conseguida de vrias formas: imagem de marca e design, tecnologia, modelos, servios a clientes, rede de distribuio. A
diferenciao persegue a disponibilidade do mercado para pagar um prmio pelo produto ou servio. Tambm aqui a problemtica dos custos tambm importante, apenas no sero estes a preocupao hierarquicamente) e Focalizao (consiste em servir uma parcela especfica do mercado e todas as polticas funcionais devem ter este objectivo. Como resultado a empresa consegue uma boa diferenciao por aderncia a essa parcela de mercado, ou um mais baixo custo, ou ambas as caractersticas). A sua aproximao situa as actividades tecnolgicas da empresa no contexto mais vasto da competio da indstria e desenvolve uma anlise SWOT sistemtica, baseada em foras competitivas e em opes internas das empresas.
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Concorrentes actuais
A intensidade da rivalidade competitiva numa indstria condicionada pelas escolhas e estratgias tecnolgicas das empresas, bem como pelos
desenvolvimentos tecnolgicos que souberem transformar em inovaes capazes de lhes conferirem uma ou vrias vantagens competitivas. Assim, as escolhas e os progressos tecnolgicos das empresas existentes na indstria podem alterar a sua estrutura de custos reduzindo-os e possibilitando, deste modo, baixar o preo sem prejudicar a rentabilidade da empresa. Esta estratgia, contudo, pode conduzir a uma guerra de preos uma vez que, com produtos estandardizados, as restantes empresas tendero a reduzir o seu preo e a atractividade da indstria pode ser prejudicada pois piora a sua rendibilidade. Por outro lado, a tecnologia pode beneficiar uma ou algumas das actividades da cadeia de valor de uma empresa contribuindo para a diferenciao dos seus produtos, melhorando, desta forma, a sua posio competitiva pois passa a estar habilitada a responder mais eficazmente s necessidades de um dado mercado, salvaguardando-a de uma guerra de preos sem prejudicar a rendibilidade da indstria no seu todo. Nomeadamente, as possibilidades que as tecnologias flexveis oferecem actualmente podem
Num contexto de grande rivalidade conduz geralmente a um conjunto de interaces que deterioram a rendibilidade da indstria. De facto, neste contexto
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intangveis
dispendiosos
especializados
exemplo, o recrutamento e a formao de mo-de-obra especializada, o registo de patentes e o estabelecimento de redes de colaborao ao nvel tecnolgico. Igualmente, a I&D pode constituir importantes barreiras sada determinadas, em parte, pelos elevados investimentos que, em regra, lhe so inerentes e pela necessidade de afectao de um leque variado de activos (humanos e fsicos) altamente especializados. O verdadeiro significado estratgico de um alto nvel de rivalidade numa indstria, pode resumir-se a uma ideia base, nenhum concorrente adquiriu uma vantagem competitiva enquanto tal. Concluindo, o principal elemento concorrencial o esmagamento das margens atravs de persistente corte nos preos e aumento de descontos de quantidade.
Fornecedores
Um elevado poder negocial dos fornecedores constitui um importante factor de estrangulamento rentabilidade da indstria. A tecnologia utilizada pelos
fornecedores pode conferir-lhes poder negocial relevante, especialmente se limitar as escolhas das futuras aquisies das empresas que actuam na indstria, aumentando a sua dependncia relativamente aos primeiros. Por outro lado,
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nomeadamente em termos internacionais, e melhora a atractividade das indstrias pois possibilita o ajustamento mais rpido e eficaz das estruturas produtivas s novas necessidades e exigncias do mercado.
Os factores determinantes mais importantes so os custos de ligao ao fornecedor, a concentrao de fornecedores e a importncia do volume de compras para os fornecedores. Em primeiro lugar, determinadas empresas na indstria vem-se foradas a efectuar despesas de instalao, ligao a determinados fornecedores, os quais causam um considervel custo de oportunidade na hiptese de substituio do fornecedor. Deste modo, aumentam o seu grau de dependncia e concedem ao fornecedor um forte poder negocial. Em segundo lugar, o poder negocial de fornecedores de uma indstria grande quando o nmero de fornecedores inferior ao nmero de concorrentes na indstria. A concentrao pois um factor importante no aumento desse poder negocial. O poder negocial dos fornecedores uma varivel dinmica sobre o qual a empresa pode e deve agir se tiver um comportamento estratgico nas suas decises. Um instrumento de avaliao da concentrao das compras de uma empresa em determinado fornecedor a anlise ABC de fornecedores. A determinao de plafonds mximos de percentagem de compras pelos principais fornecedores uma medida possvel e
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Clientes
O poder negocial de clientes depende de causas objectivas. Assume especial relevncia, a maior ou menor vontade do cliente em fazer exercer o seu poder, o que quer dizer, em escolher mais criteriosa e frequentemente o seu fornecedor, evitando lealdade. O principal factor que actua sobre esta vontade de gesto do cliente a sua sensibilidade ao preo. Os principais factores determinantes so o volume de vendas feito a determinado cliente relativamente ao total de vendas da empresa, e, ainda relacionada com o montante de custos fixos da empresa, o outro determinante a estandardizao dos produtos oferecidos pela empresa, que caso sejam facilmente imitveis permitem maior flexibilidade ao cliente para substituir o seu fornecedor. A tecnologia e a inovao podem alterar a capacidade negocial da empresa face aos seus clientes actuais. Se a tecnologia utilizada produzir produtos estandardizados ou se especializada nos requisitos solicitados por um
determinado cliente ou grupo limitado de compradores, estes podem beneficiar de poder negocial face ao seu fornecedor no que concerne ao preo e restantes condies. Por outro lado, se a tecnologia permite uma produo flexvel quer em termos de variedade de produtos, de quantidades, de rapidez no lanamento de novas ordens de fabrico ou mesmo em responder a diversos requisitos de qualidade, pode conduzir obteno de vantagens competitivas e aumentar o poder negocial da firma face aos seus clientes, bem como alargar o leque de potenciais clientes. Assim, conclui-se que para assegurar a posio competitiva de uma empresa, reveste-se cada vez de maior importncia acompanhar os desenvolvimentos tecnolgicos localizados a jusante (mas tambm a montante) da
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tecnolgico, e particularmente a I&D, pode actuar ao nvel da criao e do desenvolvimento de vantagens competitivas, quer influenciando o custo quer a diferenciao dos produtos, evitando a integrao a montante de clientes uma vez que a firma, sendo detentora de conhecimentos tecnolgicos inovadores,
nomeadamente se os mesmos forem patenteados, se torna mais competitiva e reduz os proveitos potenciais dessa integrao. Em suma, o principal elemento de negociao o preo devido a peso decisivo no ABC dos clientes e facilidade de substituio no mercado.
Concorrentes potenciais
A entrada de novos concorrentes que constitui a primeira ameaa externa, pode alterar a atractividade de uma indstria e, consequentemente, a rendibilidade das empresas existentes no s porque o mercado fica mais espartilhado, o que se pode reflectir ao nvel do aumento da concorrncia, de uma maior presso sobre os preos e de ser cada vez mais difcil estabelecer acordos entre as empresas para garantir uma concorrncia saudvel ou partilhar benefcios, como tambm porque o potencial entrante pode reduzir as vantagens competitivas das empresas existentes atravs da inovao tecnolgica. Neste caso, a inovao afigura-se como um mecanismo eficaz para combater as dificuldades relativas ao facto de se entrar mais tarde numa indstria, possibilitando a diferenciao e/ou reduzindo os benefcios associados aos efeitos aprendizagem e escala, nomeadamente se afectar os custos em proveito do entrante. Novos concorrentes ao entrarem iro ter um
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tecnologicamente intensivos.
conhecimentos tecnolgicos, mas tambm os regimes de apropriao dos benefcios decorrentes das actividades de I&D, constituem importantes barreiras entrada que afectam decisivamente o nvel de rendibilidade da indstria. Estas variveis constituem, inclusivamente, grandes limitaes mobilidade das empresas no que respeita entrada e sada da indstria. - Acessos a canais de distribuio. O novo concorrente tem de encontrar os canais de distribuio para fazer chegar os seus produtos ao consumidor, sendo que na maior parte das indstrias os canais de distribuio esto desde logo ocupados com os produtos dos concorrentes j existentes.
As expectativas de possvel retaliao por parte das empresas instaladas constituem tambm um forte elemento dissuasor. A inovao tecnolgica pode ser o factor decisivo do novo concorrente para agir sobre a nova industria. De facto um novo processo tecnolgico, quer de produo, quer de comercializao, pode tornar obsoletas as barreiras de entrada criadas na indstria e inverter as condies determinantes da retaliao. Em suma, o principal elemento de entrada de novos concorrentes o factor acessvel e imitvel devido a inexistncia de barreiras entrada e atractividade presente ou esperada.
Produtos substitutos
Em sentido lato, todas as indstrias esto sob presso de produtos ou servios substitutos. Esta presso constitui uma limitao rendibilidade da indstria tanto no curto como no longo prazo. No curto prazo, porque a partir de determinado preo, o cliente pode optar por um produto mais sofisticado, e portanto, mais caro, quer por produtos menos sofisticados, que podem ter vindo a ser progressivamente abandonados, mas que um novo gap nos preos pode revitalizar. No mdio prazo, porque substitutos mais recentes, com melhor tecnologia, avanaro mais ou
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comportamento habitual do consumidor. O consumidor mudar quando perceber que a performance do produto substituto, avaliada pelo binmio preo/qualidade percebida mais benfica que a do produto actual. Tambm produtos substitutos oriundos de indstrias de alta rendibilidade far-se-o sentir mais rapidamente e com maior sucesso na ofensiva de mercado. Finalmente, a procura de
determinadas indstrias (onde o critrio moda dominante) fortemente aberta substituio, sendo mesmo, esse factor um elemento preponderante de opo de compra. Ao possibilitar a criao de novos produtos, utilidades ou desenvolvendo novos processos, a tecnologia pode aumentar o leque de produtos substitutos reduzindo o poder negocial das empresas estabelecidas ou aumentando o poder negocial dos clientes. Por outro lado, ao baixar os custos pode influir positivamente na relao custo/benefcio e reduzir ou mesmo eliminar os custos de mudana entre os produtos substitutos e os das firmas estabelecidas, afectando atractividade da indstria. A inovao tecnolgica tambm pode aumentar a qualidade ou as potencialidades dos produtos substitutos tornando-os uma boa alternativa
relativamente aos produtos da indstria e, caso apresentem um preo mais baixo, podem conduzir a uma reduo da margem das firmas da indstria e a uma degradao da sua posio competitiva. Concluindo, podemos afirmar que o principal elemento de entrada de novos produtos so as novas tecnologias e novos conceitos devido a tecnologias e conceitos ultrapassados e as potencialidades de aumento de margens.
Em suma, cada uma destas foras influencia a estrutura e cria oportunidades de desenvolvimento da sua actividade, contribuindo, deste modo, para a evoluo e
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produtos/servios, possibilitando ou impedindo novas interligaes entre os diversos intervenientes, aumentando ou reduzindo as barreiras entrada ou sada da indstria ou criando novas oportunidades e alterando as vantagens competitivas consideradas relevantes. As questes que a empresa coloca em cada uma das foras competitivas so as seguintes: Substitutos (Ameaa de novos produtos): Quando que podemos subir os preos sem que os substitutos sejam uma ameaa? Rivais (Rivalidade na indstria): A concorrncia levar queda de preos? Fornecedores / Clientes (Poder negocial dos fornecedores e clientes): O poder dos fornecedores ou clientes ser suficiente para que estes reclamem uma parte substancial do valor? Barreiras entrada (Ameaa de novos concorrentes): Barreiras entrada versus ameaa entrada. Se a rentabilidade subir haver novos concorrentes desejosos de capturar uma parte do valor? Podemos desta maneira conhecer onde est o poder na cadeia de valor.
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 2.5.3.2. Fontes de apropriabilidade e activos complementares
As principais fontes de vantagem competitiva de uma empresa so, o
empreendedorismo (velocidade e difuso), as competncias organizacionais e os activos (recursos) nicos, a apropriabilidade (controlar o conhecimento que est na base da inovao) e os activos complementares (controlar os activos necessrios para explorar a inovao). Apropriabilidade muito importante: Se a inovao ou a sua base de conhecimentos pode ser apropriada significa que dificilmente outro a pode usar ou copiar e isto uma fonte de poder negocial. As fontes de apropriabilidade mais importantes so a proteco de propriedade industrial e intelectual como as patentes, modelos de utilidade e copyrights (direito proibio de copiar) que abordaremos com algum detalhe mais adiante, o segredo e confidencialidade e clasulas de no-concorrncia, o conhecimento tcito, lead times e servios ps venda, curva de aprendizagem, complexidade no produto e estandardizao (a rpida aceitao no mercado de um dos seus produtos, pode torn-lo num standard, forando os concorrentes a adoptar a mesma tecnologia). Finalmente, a comercializao com sucesso de uma inovao pode depender de competncias em produo, capacidades do marketing, reputao da marca e canais de distribuio que o inovador original no possua, estes activos designamse como activos complementares (Teece, 1987) e quando na posse do mesmo sector, actuam como barreira entrada de substitutos. A interaco entre a apropriabilidade e os activos complementares crtica e determina a importncia da proteco da propriedade industrial. Uma empresa que procure hoje em dia superar o mercado tem de oferecer um valor superior aos seus rivais. Esse valor deriva normalmente de uma forma de gerar ou explorar conhecimento, sustentada pela tecnologia. Nas empresas de sucesso, significa uma rea de I&D, concepo, fabrico, testes, marketing e vendas, e apoio nas aplicaes da tecnologia. Assim, uma empresa pode ter uma ptima tecnologia, mas se no possui activos complementares no poder beneficiar da tecnologia. As empresas podem obter activos complementares atravs de alianas com outras que os tenham. Em
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desenvolvimento de conhecimento especfico da empresa e a capacidade para explorar esse conhecimento para o qual concorrem as estruturas organizacionais e os processos organizacionais e o equilbrio entre conhecimento especializado e integrao do conhecimento. Tal como nos contextos anteriores a organizao vista aqui ao longo do ciclo de vida. A co-evoluo organizacional est relacionada com as competncias individuais e organizacionais. Estas so importantes para interpretar a envolvente e o regime competitivo bem como transformar
conhecimentos em valor. As questes que se colocam aqui como construir capacidades organizacionais dinmicas necessrias para produzir valor? Como desenvolver conhecimento especfico da empresa? Como gerir os intangveis? Quais as capacidades para explorar o conhecimento? Quais as estruturas organizacionais e processos para gerir o equilbrio entre conhecimento especializado e o conhecimento generalista? Importa por isso definir o que so competncias. Competncias so uma configurao nica de recursos, especfica e idiossincrticas, que embora demorem tempo a desenvolver, so sustentveis, difceis de imitar ou adquirir mas que trazem benefcios e valor para o cliente. Tm forte contedo tcito e so socialmente complexas. Em suma, a empresa tem um conjunto de recursos, departamentos de marketing, I&D, produo, tem pessoas, rotinas, etc. e forma como ela concilia os seus recursos chamamos competncias. Hamel e Prahalad (1994) referem que a vantagem competitiva das empresas no reside nos seus produtos ou servios mas sim nas suas competncias nucleares, ou seja a fonte de vantagem competitiva a capacidade de endogenizar competncias. Todavia estas competncias so importantes mas no determinantes para diversificar. A
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preo/desempenho totalmente diferentes e com potencial elevado de aumento de procura capaz de justificar uma mudana de fase no potencial tecnolgico.
2.5.5.
A prtica da gesto da inovao consiste de modo sucinto em identificar e interpretar oportunidades, ser capaz de criar um conceito, escrever a ideia, saber desenvolv-la e introduzir no mercado. Nos modelos clssicos fala-se em difuso quando o produto chega ao mercado. Como os mercados mudam muito depressa, as empresas querem chegar ao mercado com produtos imperfeitos ou
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A ideia de partida para a abordagem da importncia econmica das patentes resulta do facto do produto da actividade de I&D possuir caractersticas que o aproxima dos bens pblicos4 (Arrow, 1962). A ausncia de mecanismos de proteco propriedade industrial conduziria muito provavelmente obteno por
A propriedade intelectual engloba diversas categorias TRIPS (Trade Related Aspects of Intelectual Property Rights)): direitos de autor e conexos, marcas, indicaes geogrficas, desenhos e modelos industriais, patentes, configuraes (topografias) de circuitos integrados, proteco de informaes no divulgadas. 4 Um bem pblico tem duas caractersticas fundamentais: (i) no-rivalidade isto , o seu consumo por algum no afecta a quantidade disponvel para outros. (ii) no-exclusividade isto , uma vez disponvel, no possvel impedir o seu acesso a outros. O conhecimento cientfico e tecnolgico associado a uma inovao tem estas duas propriedades. Arrow (1962) alertou para o facto do conhecimento ter algumas caractersticas idiossincrticas, entre as quais o facto de ser indivisvel, que faz com que, uma vez produzido, o custo da sua reproduo seja marginal ou nulo.
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actividades de I&D subjacentes. Assim, sendo o conhecimento um bem pblico, uma vez gerado quase impossvel impedir a sua difuso por outrem. , pois, um problema de apropriao (appropriability), como que o detentor de uma inveno consegue captar os seus benefcios sociais e simultaneamente restringir a sua livre utilizao por terceiros. Podemos assim, considerar no contexto do regime de apropriao, os regimes fracos, em que dificilmente possvel proteger a tecnologia da cpia e imitao e os regimes fortes, em que relativamente fcil proteger a tecnologia inovadora. A inexistncia deste tipo de mecanismos protectores conduziria a fugas de conhecimento, designadas por externalidades (Arrow, 1962). As empresas que captassem esse conhecimento, sem quaisquer custos, obteriam vantagens claras sobre as empresas inovadoras. Inevitavelmente a falha de mercado tornaria as empresas que investem em I&D, crescentemente menos inovadoras, pelo que tambm o mecanismo de externalidades seria auto-limitado. Na verdade, a maior consequncia da no correco desta falha residiria no risco de estagnao econmica no longo prazo. O sistema de patentes existe, pois, para incentivar os agentes privados a investirem em inovao, que socialmente desejvel, pela alterao temporria do atributo de no-exclusividade de um bem pblico. A patente serve para proteger o investimento em actividades de inovao feito antes da obteno da patente (Duffy, 2004). O grande dilema que, ao encorajar as actividades de I&D, o sistema de patentes impede a difuso da inovao, originando consequentemente, uma situao no competitiva (Tirole, 1988). Origina um monoplio temporrio que afecta o uso eficiente do novo conhecimento. Contudo, tem associadas diversas vantagens que, no conjunto, justificam a existncia de um conjunto de patentes: a) Incentiva as invenes (e
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Supostamente, o sistema de patentes assegura o equilbrio entre dois interesses antagnicos: o interesse social que advm das inovaes e da disseminao do conhecimento, e a existncia de uma situao de monoplio temporrio que permite compensar economicamente o inventor. As patentes caracterizam-se por duas dimenses relevantes: a sua extenso, elemento representado pelo tempo durante o qual a patente vigora, (Nordhaus, 1969) e a sua largura ou definio do objecto alvo de patente, a qual constitui a distncia a que outros produtos podero obter patentes (Klemper, 1990). Neste caso, as patentes podem ser largas, conferindo ao inovador um nvel elevado de proteco, ou podem ser estreitas, situao em que a proteco conferida fraca, possibilitando a entrada de produtos substitutos prximos. A relao entre estas duas variveis (extenso e largura) permitir controlar o grau de proteco, aquando da atribuio de uma patente. A questo do grau de proteco conferido pela patente, relevante no contexto da sua importncia econmica e vem assumindo um papel central medida que as patentes so crescentemente utilizadas em novas reas de actividade,
nomeadamente na biotecnologia, software e Internet, acompanhando a transio para a denominada economia do conhecimento, em que os bens intangveis assumem uma importncia determinante na obteno de vantagens competitivas
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claramente secundrio. A tendncia nos anos mais recentes tem sido a de alargar e estender o grau de proteco conferido pelas patentes, sendo a sua durao mais frequente de vinte anos5. Este fortalecimento do grau de proteco resulta particularmente da presso que determinados sectores de actividade mais inovadores tm exercido, sobretudo aqueles onde as patentes desempenham um papel fundamental para garantir o retorno e a apropriao dos benefcios da actividade inovadora.
O perodo de 20 anos de durao das patentes, e outros aspectos dos direitos de propriedade intelectual, foram internacionalmente harmonizados em 1994 no mbito do acordo TRIPS (Trade Related Aspects of Intelectual Property Rights), que parte integrante do acordo Uruguay Round assinado em 1994 no mbito do GATT (General Agreement on Trade and Tariffs).
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CAPTULO III
A biotecnologia paradigma emergente e os seus impactos sobre o modelo de funcionamento do sector alimentar
3.1. Introduo
A biotecnologia actualmente uma cincia consolidada, embora ainda numa fase inicial do seu ciclo de vida. No representa neste momento para o sector alimentar uma soluo, mas essencialmente uma oportunidade para o futuro, pelo que o interesse crescente das empresas convencionais por empresas de biotecnologia vem aumentando anualmente (Ferreira, 2004). As trajectrias tecnolgicas prprias de cada empresa mudam ao longo do tempo como resultado da melhoria da base de conhecimentos, criando novas oportunidades tecnolgicas. Desde o comeo dos anos 80 do sculo XX, que os gestores de I&D das empresas, identificaram a biotecnologia, os novos materiais e as tecnologias de informao como os trs campos com maiores potencialidades. O que confirmado por dados que mostram que desde ento se verificou um aumento considervel do nmero de empresas no mundo com capacidade nestes campos (Pavitt, 1998). A biotecnologia ainda no teve efeitos to alargados, mas est em vias de comear a modificar os mtodos de desenvolvimento do produto nos medicamentos e nos alimentos. O
amadurecimento do sector da biotecnologia e a sua crescente relevncia escala global, conduziram a um aumento da competio entre os pases e as regies, particularmente, desde a entrada dos pases asiticos emergentes, obrigando os governos a conceber planos estratgicos ambiciosos para o crescimento do sector e a tomar medidas concretas. De facto, a biotecnologia um sector de elevada intensidade tecnolgica, com aplicao em vrias reas de actividade, como as cincias da vida (farmacutica), alimentar, energia ou a qumica. , por isso, um sector que, no s gera desenvolvimento socio-econmico por si s, assumindo um peso crescente nas economias mais desenvolvidas, como induz novos
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O presente captulo inicia-se com a apresentao do conceito de biotecnologia e da sua evoluo ao longo do tempo. Esta tarefa afigura-se de primordial importncia, especialmente nem sempre a definio de biotecnologia surge com clareza na literatura, sendo por vezes apontada como sinnimo de Engenharia Gentica. Demonstraremos ainda algumas das aplicaes da biotecnologia na indstria alimentar e salientar a forma como a sociedade acolhe essas inovaes. Finalmente, procuraremos apresentar um quadro com as dez principais empresas nacionais que tm como objectivo o desenvolvimento de produtos ou
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tradicionalmente pela sntese qumica orgnica e pela purificao de antibiticos, mas registou um desenvolvimento significativo com a Nova Biotecnologia devido utilizao de organismos recombinados, a produo de protenas de aplicao teraputica quer em humanos quer em animais. A aplicao da biotecnologia a este sector industrial conhecida como biotecnologia vermelha; Indstria: esta designao abrange as vrias reas onde a Nova
Biotecnologia encontra aplicao nas indstrias qumica, txtil, da celulose, dos detergentes e energia, entre outras. A aplicao da biotecnologia a estes sectores industriais igualmente conhecida como biotecnologia branca ou industrial; Proteco Ambiental: rea onde se utilizam microrganismos para o tratamento de guas residuais, fitoremediao de solos e efluentes; Servios: todas as vertentes de desenvolvimento da Nova Biotecnologia necessitam de uma srie de mtodos padronizados que podem ser subcontratados a empresas que prestem esse tipo de servios como, por exemplo, a sntese ou sequenciao de cidos nucleicos ou de protenas, a
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comercializao e uso dos resultados obtidos demorado e nem sempre fcil. A apreenso do pblico face s novidades da biotecnologia, a ausncia de sistemas legais que regulamentem a chegada dos novos produtos ao meio comercial e o tempo necessrio para se efectuarem testes que validem a segurana destes
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A par da boa gesto das marcas, a criao de produtos inovadores cada vez mais uma arma decisiva na luta mundial pelas preferncias dos consumidores. Nesse sentido, as melhores empresas da indstria alimentar procuram desenvolver continuamente novas ideias, produtos e negcios, com vista a dominar nichos de mercado emergentes. As inovaes em curso no sector esto a ser realizadas a vrios nveis: a) Matrias-primas: a utilizao da engenharia gentica e da biotecnologia para a criao de matrias-primas de melhor qualidade ou com maior valor nutritivo, como estirpes de cereais mais resistentes, a aquacultura, etc.; b) Processo: a utilizao de novas tecnologias mecnicas e qumicas, por exemplo no descasque de frutos, e o recurso a produtos biotecnolgicos que facilita o processamento dos alimentos; c) Produto: a criao de produtos fortificados, como o leite vitaminado, com clcio, com cido flico, com esteris vegetais, etc. o desenvolvimento de produtos substitutos, como o leite de soja sem lactose, o amido frito, batidos nutritivos e dietticos, a gerao de produtos contendo frmacos, como frutos contendo vacinas, ou mesmo o lanamento de produtos a que foi retirado algum componente menos benfico, como o caf descafeinado; d) Embalagem: a utilizao de embalagens que assegurem a qualidade do produto, como as embalagens estreis da TetraPak, embalagens em atmosfera inerte ou optimizadas para a conservao dos alimentos.
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 3.3.1. A biotecnologia aplicada ao sector alimentar
A biotecnologia encontra aplicao no sector agrcola e alimentar, essencialmente a cinco nveis principais: Na modificao gentica das culturas tendo em vista o aumento do rendimento da actividade agrcola; Na modificao gentica das culturas tendo em vista o aumento de rendimento no processamento de nutrientes e no fabrico de alimentos; Na aplicao de enzimas e microrganismos aos processos de fabrico de alimentos; Na introduo de novas caractersticas nos produtos finais; Em ferramentas analticas e de diagnstico. Mas foi sobretudo a manipulao do genoma das plantas agrcolas que abriu um leque muito alargado de possibilidades que se estendem desde o cruzamento de genes de espcies prximas, utilizao de novas tcnicas de cultura com um impacto significativo quer em termos do rendimento de culturas e da reduo do impacto ambiental da actividade agrcola, quer da potenciao de determinadas caractersticas dos produtos agrcolas com reflexo nas caractersticas do alimento consumido. Se nas ltimas dcadas a biotecnologia aplicada agricultura tem sido sobretudo orientada para a melhoria do rendimento das exploraes de produtos agrcolas destinados ao sector alimentar, no futuro, prev-se que o crescimento mais acentuado se verifique ao nvel da valorizao das caractersticas dos alimentos e na utilizao de produtos agrcolas em substituio das matriasprimas fsseis na produo de energia e de polmeros. Ou seja, produtos agrcolas como a soja, o girassol e a beterraba ou o milho devero passar a constituir a principal matria-prima de alguns substitutos do plstico e de produtos energticos. A aplicao da biotecnologia indstria alimentar talvez a que mais polmica tem gerado e onde se prev que continuem a existir fortes entraves sua expanso. Sobretudo na EU, onde a opinio pblica pouco receptiva utilizao da biotecnologia na produo de alimentos.
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Actualmente, as aplicaes biotecnolgicas no sector so muito diversas e sustentadas por conhecimento cientfico; por exemplo:
a) Melhoria dos processos i) Utilizao de enzimas para o processamento de sumos, queijos, vinho, leos alimentares; ii) Processos biotecnolgicos implementados em larga escala para a produo de adoantes, aromas, vitaminas, aminocidos, entre outros suplementos alimentares de carcter tcnico (com influncia no processo ou nas caractersticas fsicas do produto) ou funcional (com potencial efeito no organismo). iii) Utilizao da biotecnologia na seleco de microrganismos mais produtivos e eficientes mesmo em processos mais tradicionais, nos quais a aco dos microrganismos utilizada para processar a matria-prima, ou para conferir aromas e texturas aos alimentos.
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antioxidantes, lpidos (megas 3 e 6, esteris vegetais), vitaminas, minerais, fibras, protenas e pptidos bioactivos. A produo de alimentos que permitam atingir estes objectivos s possvel aps uma aturada pesquisa cientfica sobre o alimento, suas alteraes quando processado durante o fabrico e pelo consumidor antes da sua ingesto e sobre os efeitos in vivo. A rea dos alimentos funcionais tem vindo a crescer acentuadamente nos ltimos anos, sendo hoje notrio tambm o nmero de pedidos de patente. Segundo o EPO (European Patent Office), o nmero de patentes na rea dos alimentos funcionais cresceu acentuadamente nos anos 1990 e 2000 tendo mesmo triplicado em 2004. Cerca de 25 a 30% das patentes no sector alimentar encontram-se relacionadas com alimentos funcionais (APBio, 2006). A maioria das patentes submetida por grandes empresas alimentares mas tambm se pode verificar um crescimento de pequenas empresas e universidades. A investigao nesta rea encontra-se bastante competitiva e intensa, este facto leva a que o papel das patentes como veculo de proteco da Propriedade Intelectual se tenha tornado particularmente importante na rea dos alimentos funcionais. Finalmente, importa referir que de acordo com um estudo
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c) Qualidade e segurana alimentar A biotecnologia tem sido tambm um aliado no desenvolvimento de mtodos modernos e rpidos de controlo de qualidade alimentar, desde o controlo microbiolgico convencional dos alimentos at tcnicas utilizando chips de DNA na deteco rpida de organismos patognicos ou tcnicas biologia molecular utilizadas na deteco e quantificao de organismos geneticamente modificados nos alimentos. Os exemplos no exaustivos referidos mostram que a inovao tecnolgica no sector alimentar abrange campos to distintos da biotecnologia como a biologia molecular, biologia de sistemas, nutrigenmica, microbiologia e engenharia de bioprocessos, para citar apenas alguns.
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a) A alimentao e Sade A introduo de novos hbitos alimentares com base em desenvolvimentos nas cincias da nutrio e de novos formatos de produtos inovadores pode ter um impacto significativo na melhoria da qualidade de vida das populaes. So reas prioritrias de investigao com potencial oportunidade para a biotecnologia:
i)
Novas estratgias para optimizar o crescimento e desenvolvimento mental nas crianas; o controlo da massa corporal no adulto, com manuteno da parte muscular e preveno da obesidade; o bom desempenho do sistema imunitrio; a sade do tracto gastrointestinal; a reduo da incidncia de doenas cardiovasculares, de diabetes, de artrite, osteoporose e cancro; influncia da dieta no processo de envelhecimento;
ii) Fortalecimento da base cientfica em reas de interface entre a nutrio e a sade, tais como a biologia de sistemas, a nutrigenmica e o desenvolvimento de biomarcadores.
b) Qualidade dos Alimentos e Tecnologias de Fabrico Prev-se o investimento no desenvolvimento de tecnologias de fabrico inovadoras no sentido de responder s exigncias dos consumidores para produtos novos de elevada qualidade, com melhores propriedades organolpticas e convenincia de uso. As principais reas de investigao com potencial oportunidade para a biotecnologia so:
i)
Melhoria das propriedades organolpticas: reduo de acar e gordura nos alimentos sem comprometer as propriedades organolpticas; melhor
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c) Segurana Alimentar A necessidade de se produzir alimentos atravs de procedimentos que garantam uma elevada segurana alimentar e que meream total confiana dos consumidores crescente, bem como as obrigaes regulamentares, abrindo oportunidades investigao biotecnolgica nas seguintes reas:
i) Desenvolvimento de sistemas de rastreio e identificao de provenincia da matria-prima; ii) estudos de vigilncia e epidemiologia; iii) eco-fisiologia em microbiologia alimentar e estudo de interaces hopedeiro-microorganismo e alimento-microorganismo; iv) estudo dos mecanismos moleculares de emergncia de novos vrus, parasitas ou microorganismos patognicos; v) reduo ou eliminao de testes em animais para avaliao da segurana alimentar.
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CAPTULO IV
O sector industrial alimentar no Mundo e em Portugal Caractersticas, evoluo e desafios
4.1. Introduo
A indstria alimentar , actualmente, o maior sector industrial em Portugal e na Europa. A sua importncia no decorre apenas do seu peso econmico, mas acima de tudo do facto de ser um dos sectores mais prximos do consumidor, onde est presente toda a sensibilidade do produto que fabricado e consumido diariamente. Esta proximidade impe a todos os players do sector o desafio de conseguir ir ao encontro das actuais necessidades dos consumidores, especialmente exigentes e sensveis no que toca s questes de segurana, diversidade na escolha e acima de tudo mais valias que possa retirar no seu dia-a-dia (Queiroz, 2008). Como sugerimos, no captulo 1, o mundo est a evoluir no sentido da globalizao6 e a indstria alimentar est j a sofrer as suas consequncias: os industriais do sector alimentar esto a ter cada vez mais dificuldade em fazer frente ao poder negocial das grandes cadeias de distribuio portuguesas e estrangeiras. Na realidade, o esmagamento dos preos de compra, o alargamento dos prazos de pagamento, a imposio de descontos e abatimentos suplementares e ainda a exigncia de comparticipao em campanhas promocionais ao longo do ano causam graves problemas de tesouraria a muitos produtores nacionais. Esta questo coloca-se com especial pertinncia nas PMEs do sector alimentar, uma vez que vem as suas margens afectadas por dois factores em simultneo: a presso da distribuio moderna e a competio das grandes multinacionais. Neste captulo procuraremos caracterizar o posicionamento competitivo nacional e internacional do sector alimentar, procurando incluir alguns indicadores econmicos
Globalizao Traduo literal da palavra inglesa globalization, para de signar o fenmeno de interdependncia da economia global que surgiu no inicio do ultimo quartel do sculo passado. Segundo esta perspectiva a globalizao o processo de crescimento de internacionalizao das relaes econmicas, politicas, sociais e culturais, com a reduo das fronteiras geogrficas, polticas, econmicas e culturais entre os pases.
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Finalmente procuraremos dar alguma nfase evoluo recente da indstria alimentar em Portugal.
substancialmente na ltima dcada do Sc. XX na Unio Europeia e no Japo em contraste com os EUA, onde se verificou um decrscimo de cerca de 7% entre 1985 e 1994 (ver Fig.10, Anexos 1). Contudo, mais importante que o valor global dos mercados da trade (EUA, Europa e Japo) a evoluo dos padres de consumo nos pases desenvolvidos e em vias de desenvolvimento que tm vindo a mudar ao longo do tempo, revelando uma apetncia acrescida por produtos animais em detrimento do recurso aos produtos vegetais (ver Quadro 5, Anexos 1). Na realidade, as estatsticas revelam que, entre 1969 e 1992, a utilizao de cereais, acar e razes, e tubrculos diminuiu a nvel mundial, enquanto o consumo de carne, peixe e vegetais aumentou.
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envelhecimento da populao (peso crescente dos indivduos com mais de 65 anos), a perda de peso relativo dos jovens e a diminuio do nmero de membros no agregado familiar de referncia (aumento dos celibatrios, reduo do nmero de lares com crianas, proliferao de famlias mono-parentais), marcam uma alterao profunda do perfil demogrfico com reflexos importantes na estrutura das despesas de consumo.
organizao
das
compras
pelas
famlias
sofre,
igualmente,
alteraes
significativas traduzidas no surgimento de novos compradores e novas formas de comprar: atenua-se a tradicional diviso de tarefas entre homens e mulheres (questionada, em boa medida, pelo forte aumento da taxa de actividade feminina), aumentam as compras realizadas em conjunto e com a utilizao de viatura prpria (geradora de uma maior mobilidade), produz-se uma maior concentrao das
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scio-urbansticos
habitao-trabalho)
(uniformizao e diferenciao dos modelos de consumo). O cabaz dos produtos consumidos regista, pelo seu lado, um conjunto de tendncias de evoluo que vo no sentido de uma crescente importncia atribuda a uma dieta alimentar cada vez mais motivada por preocupaes cruzando elementos associados sade, ao ambiente e segurana da cadeia alimentar, impondo acrescidas restries e controlos no enquadramento da produo e distribuio alimentar. Os consumos de produtos naturais de derivados de leite e de produtos dietticos tm, neste quadro, vindo a aumentar de forma significativa e so, segundo estudo realizado pela
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A inovao importante tanto ao nvel do produto, para a criao de alimentos de elevado valor acrescentado, como ao nvel do processo produtivo, para o aumento da eficincia fabril. Alm disso, estando o desempenho comercial dos produtos condicionado por uma procura cada vez mais sofisticada no que se refere nutrio, sade e ambiente, a qualidade um factor crtico de sucesso de crescente relevncia, a par com os custos de produo. Em ltima anlise, a relao preo/qualidade crucial. A ampliao da gama de produtos num ou mais segmentos para deter um conjunto de marcas conhecidas tambm bastante importante, o que envolve naturalmente avultados investimentos em marketing. Finalmente a distribuio, incluindo todas as operaes de logstica respeitantes ao
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Uma ltima questo relevante para a anlise da procura prende-se com o nvel de segurana do consumidor na sequncia das alteraes dos padres de consumo e do crescente peso dos alimentos transformados e processados na dieta diria. Em termos genricos, a evoluo da indstria alimentar tem privilegiado o aumento da qualidade, variedade e valor nutricional, a par com a segurana dos alimentos. No entanto, em todas as fases da indstria alimentar produo, transformao,
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 4.3. Anlise da Oferta Mundial
A distribuio geogrfica da indstria alimentar revela um domnio claro dos pases desenvolvidos que, em 1994, eram responsveis por cerca de 80% do valor acrescentado mundial do sector. Os EUA e a Unio Europeia detinham quotas relativamente semelhantes, na ordem dos 35%, sendo seguidos pelo Japo, com cerca de 20%. No entanto, o peso relativo dos pases em vias de desenvolvimento tem vindo a aumentar ao longo da ltima dcada, sendo j responsveis por um quinto do valor acrescentado do negcio escala global (ver Fig.11, Anexos 1).
A evoluo dos principais produtores mundiais de produtos alimentares tem sido distinta, pelas seguintes razes: a) Unio Europeia: acrscimo da produo devido ao aumento do consumo e das exportaes (cerca de 35% entre 1985 e 1994), sendo de destacar a importncia da Alemanha e do Reino Unido, com 42% do valor acrescentado desta regio; b) EUA: aumento da produo essencialmente para exportao, sobretudo para a Amrica Latina, Europa e sia; c) Japo: aumento da produo essencialmente devido ao aumento do consumo interno, j que as exportaes caram em 32% entre 1985 e 1994. Por seu lado, os ganhos na contribuio dos pases em desenvolvimento para o output do sector escala mundial resultaram das taxas de crescimento econmico e populacional mais elevadas nestes pases desde os anos 1980. De facto, em todos os ramos da industria alimentar alimentos, bebidas e tabaco registaram-se nveis de expanso maiores no pases em desenvolvimento que nos pases desenvolvidos (ver Quadro 8, Anexos 1).
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aproximadamente 15% do total da produo das indstrias transformadoras. A indstria alimentar empregava, em 19959, cerca de 2,6 milhes de pessoas (63% dos quais do sexo masculino). A Unio Europeia constitui, enquanto grande bloco regional da economia mundial, no s o maior mercado consumidor, como o maior produtor (650 bilies de euros, contra 460 bilies dos Estados Unidos e 260 bilies de euros do Japo) e empregador mundial para as indstrias de produtos alimentares, bebidas e tabaco, posio alis reforada ao longo da ltima dcada. O subsector da Fabricao de Outros Produtos Alimentares (CAE 15.8) o que mais contribui para o total da produo com 22% (ver Fig.12, Anexos 1) com um valor de produo de mais de 125 bilies de euros. O segundo maior valor de produo, com 100 bilies de euros, pertence ao subsector de Abate de Animais, Preparao e Conservao de Carne e de Produtos Base de Carne (CAE 15.1), representando 17% do total do sector. A Indstria das Bebidas (CAE 15.9) e a Indstria de Lacticnios (CAE 15.5) produziram, cada uma, cerca de 90 bilies de euros, em 1998. As actividades com valores de produo mais baixos foram a Transformao de Cereais e de Leguminosas, Fabricao de Amidos, Fculas e Produtos Afins (CAE 15.6) e a Indstria Transformadora da Pesca e da Aquacultura (CAE 15.2), com, respectivamente, 20 e 10 bilies de euros.
Uma vez que o nosso estudo incide essencialmente sobre questes alimentares, tudo o que diz respeito Indstria do Tabaco no ser abordado, excepto naquelas situaes em que a subseco da CAE (Indstrias Alimentares, das Bebidas e do Tabaco) for tratada estatisticamente de forma conjunta e onde no for possvel efectuar qualquer tipo de desagregao, ou em situaes em que a comparabilidade dos indicadores assim o exija. Um dos motivos que esteve na base da adopo deste procedimento diz respeito ao tratamento fiscal diferenciado que est subjacente a este tipo de bens, quando comparado com os da Indstria Alimentar. ltimo ano em que existem dados estatsticos oficiais para a Unio Europeia como um todo.
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O volume de exportaes extracomunitrias de produtos alimentares e bebidas atingiu, em 2000, os 40 bilies de euros, o que significa uma duplicao de valor em relao ao montante registado em 1990. Por seu turno, a balana comercial da Unio Europeia apresentava um superavit de 8,5 bilies de euros no final de 2000, aps ter registado 12 bilies em 1997. Em termos comparativos, os EUA tm variado entre um saldo positivo e negativo na sua balana comercial
(apresentando, na maior parte dos anos, dfices) e o Japo, no final de 2000, tinha
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contrastando com a posio fortemente excedentria de pases como a Dinamarca, a Irlanda, a Holanda, a Blgica, a Frana, a Espanha e a ustria (todos com um nvel de excedente relativo superior ao da mdia da Unio). Portanto, o comrcio externo de produtos alimentares da Unio Europeia apresenta-se bastante diversificado em termos de origem das importaes e destino das exportaes (ver Fig.14, Anexos 1). Mais recentemente a CIAA10 (2007) publicou um relatrio estatstico do estado de arte do sector na Europa e no mundo. Verifica-se que se mantm as tendncias de crescimento quer relativamente ao volume de negcios (crescimento de 2,5% em 2006), quer em relao ao nmero de empresas (crescimento de 9% em 2006) quer com ainda um no que diz respeito de 10,7% s e
exportaes/importaes
(exportaes
crescimento
importaes de 10,6%). O sector alimentar continua a ser o primeiro a nvel europeu, quando consideramos o volume de negcios, o valor acrescentado ou o nmero de trabalhadores. Neste sector esto includas 309700 empresas, das quais 99,1% so PMEs, que geram aproximadamente 48,1% da riqueza do sector e empregam 61,6% dos trabalhadores. Por outro lado as chamadas grandes empresas, que apesar de serem apenas 0,9% do universo das indstrias do sector representam 51,6% do volume de negcios. Quando verificamos qual a evoluo do sector em cada Estado-Membro, so poucos os que tiveram um crescimento de vendas negativo no binio 2005/2006 (Itlia, Holanda, Reino Unido e Hungria). Portugal no constitui excepo regra com um aumento de 2%. No entanto, se considerarmos o numero de trabalhadores a tendncia exactamente inversa, ou
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internacionalmente, investindo em factores diferenciadores como a marca, a distribuio e a inovao (Freire, 2000). O sector alimentar dever continuar a beneficiar da introduo de novos equipamentos e tcnicas de gesto para alcanar maiores ndices de qualidade e de produtividade operacional, que lhes permitiro competir com maior xito nos mercados externos.
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respectivamente). A IAA continua a ser o primeiro exportador nos mercados globais, no entanto, ao longo dos ltimos 10 anos, tem-se verificado que a quota das exportaes da EU nos mercados mundiais reduziu-se de 24 para 20%, em beneficio de pases como o Brasil. No entanto, aps ter atingido o nvel mais baixo em 2005, a quota das exportaes da EU nos mercados mundiais tem recuperado ligeiramente desde 2006. Finalmente, ainda de acordo com este estudo, apesar do sector da IAA ser inovador, a rea de I&D continua a revestir-se de alguma preocupao. Constata-se que, embora estejam a ser feitos esforos, o impacto do actual quadro regulamentar na actividade econmica das empresas nem sempre positivo. O ambiente no qual as empresas operam complexo, muitas vezes trabalhando com oramento baixos e nem sempre adaptados actividade empresarial. Uma melhor regulamentao, que dever incluir uma avaliao dos objectivos polticos e das disposies previstas, poder impedir encargos e custos desnecessrios para a indstria, promovendo-se assim a melhoria do ambiente regulador. Relativamente ao indicador que avalia os custos de produo e matriasprimas agrcolas, verifica-se que estes tm aumentado consideravelmente ao longo dos ltimos dois anos e que as lacunas relativamente aos preos dos mercados mundiais no foram colmatadas. No entanto denota-se que a capacidade que os produtos alimentares europeus tm de chegar aos mercados em expanso est a
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competncias, promover a transferncia e assimilao de tecnologia, e induzir assim a melhoria da capacidade de gesto e de acesso a mercados internacionais. A legislao do sector normalmente baseada em orientaes definidas por rgos internacionais como a FAO e a OMS, e em princpios existentes no Codex Alimentarius, que inclui indicaes de anlise de risco e de estabelecimento de nveis residuais de pesticidas, contaminantes, aditivos e medicamentos
veterinrios, entre outros. Neste contexto, entidades especficas podem assumir as funes de certificao de novos produtos. Por exemplo, nos EUA, a FDA13 controla o processo de entrada de novos compostos qumicos e biolgicos no mercado agroalimentar.
condicionado pela sua sensibilidade s evolues nas matrias-primas agrcolas, aos movimentos dos mercados, ao poder da grande distribuio e s alteraes dos hbitos de consumo. A maioria das 100 maiores empresas alimentares so europeias. Alis, nos finais do sculo passado as multinacionais europeias e japonesas tm reforado as suas posies face s rivais americanas que, em 1974, ocupavam 50 dos 100 lugares cimeiros (ver Fig.15, Anexos 1). No incio dos anos 1990, os 10 maiores grupos alimentares eram j responsveis por 32% do volume de negcios global das multinacionais, sendo previsvel que o negcio se torne
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Um dos factores subjacentes crescente concentrao do sector a tendncia por parte das multinacionais para expandir as suas operaes atravs de integrao vertical. De facto, tem-se assistido nos ltimos anos a uma maior integrao e coordenao ao longo de toda a cadeia operacional um pouco por todo o mundo: as grandes propriedades agrcolas esto a ser compradas pelas multinacionais e os contratos de pr-produo entre os agricultores e a indstria no cessam de aumentar. Por isso, embora ainda seja possvel distinguir entre a fase de produo de matrias-primas e a fase de processamento e transformao, com frequncia esta separao anulada pela complexidade da tecnologia envolvida e pela prpria extenso do grau de integrao vertical dos produtores. O crescente nvel de integrao vertical do sector alimentar visa sobretudo reduzir os custos de transaco, atravs da consolidao de contratos a montante com trabalhadores,
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Outro aspecto relevante no domnio da anlise estratgica do sector alimentar a internacionalizao via aquisies. Neste contexto, um aspecto crucial do processo de internacionalizao tem sido o aumento do investimento directo estrangeiro por parte das multinacionais. Na realidade, os fluxos de investimento nesta indstria para pases em desenvolvimento aumentou de 24,5 mil milhes de dlares em 1990 para 95,5 mil milhes de dlares em 1995, tendo sido as empresas multinacionais dos pases desenvolvidos as principais responsveis por estes investimentos. Baseadas nos ltimos dados disponveis, as quotas de origem do investimento foram de 35,9% para a Holanda, 13,5% para a Sua, 9,9% para os EUA, 5,7% para o Reino Unido, 4,2% para a Frana e 2,5% para o Japo ( Fonte: Agrodata). Recentemente, os mercados mais atractivos para as multinacionais tm sido as naes da Amrica Latina, do Leste da Europa e do Sudeste Asitico, devido no s sua dimenso mas sobretudo s suas elevadas taxas de crescimento. Em paralelo com o investimento directo, tem-se verificado um aumento significativo do comrcio alimentar escala mundial, com consequncias deveras interessante: Aumento da interdependncia e integrao de economias nacionais e sistemas agrcolas, o que induz a liberalizao e abertura dos mercados domsticos; Rpido progresso e difuso da inovao tecnolgica do sector; A tendncia para a homogeneizao dos produtos com caractersticas standard internacionais. Na prtica, o incremento do comrcio internacional no sector alimentar contribuiu para
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desenvolvimento estratgico em vez de entrar apenas por meios prprios nos novos mercados. A questo crtica passou ento a ser a sobrevivncia dos pequenos produtores nacionais. De facto, sem recursos financeiros, humanos e de gesto equiparveis s grandes multinacionais. Poucas opes restam aos operadores de menor dimenso: venderem-se aos grandes competidores ou especializarem-se em nichos de mercado bem definidos com marcas fortes. Finalmente a gesto das marcas14 constitui porventura o elemento mais importante na conquista e fidelizao dos clientes, quer no mercado nacional, quer na
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A marca tem relao, ao mesmo tempo, com a inovao comercial e com a inovao tecnolgica. A concepo da marca pode constituir, ela prpria, uma inovao comercial, no sentido em que susceptvel de reconfigurar a relao entre a empresa e o mercado. Ela torna produtos annimos em produtos diferenciados, acrescentandolhes, assim, valor comercial. Alm disso, a politica de marca pode conduzir a aces de inovao tecnolgica, quer no domnio da qualidade, quer no sentido de estimular a liderana, atravs da ligao, mais ou menos explcita, entre a imagem de marca e o lanamento de novos produtos. Ao estabelecer uma relao com os clientes, diferenciando os produtos da empresa, a marca registada como que gera a obrigao de inovar, de modo a acompanhar a evoluo das necessidades e gostos do segmento de mercado a que se dirige.
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diferenciao entre os produtos do fabricante e os produtos com marca do distribuidor, que por vezes so produzidos na mesma empresa. Isto , produtos idnticos com marcas distintas tm uma aceitao diferente no mercado, permitindo a fixao de preos diferenciados. Contudo, para garantir a
sobrevivncia das marcas, no basta em investir em aces comerciais, importa tambm assegurar a regularidade e a consistncia do produto, atravs de uma boa seleco das matrias-primas e a manuteno de uma poltica de qualidade rigorosa. A marca pois tambm o reflexo dos contedos que representa, no podendo ser imposta aos clientes independentemente da aceitao dos prprios produtos.
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concentrao, como o caso dos cereais para o pequeno-almoo, dos cafs e dos refrigerantes. De facto, cerca de metade dos produtores factura menos de 125 000 Euros por ano e aproximadamente trs quartos das empresas tm menos de 20 trabalhadores. Estima-se que o volume de negcios global do sector em 1995 tenha rondado os 1,8 mil milhes de contos.
A anlise do perfil de habilitaes dos trabalhadores do sector (ver Quadro 15, Anexos 1) revela com grande clareza uma manifesta vulnerabilidade e uma forte
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Segundo dados do INE, a distribuio espacial das empresas da indstria alimentar no territrio nacional, constata-se, num referencial de NUT III, que no Grande Porto que se concentrava, no ano de 1997, o maior nmero de empresas, 501, seguido da Grande Lisboa, com 413, e da Pennsula de Setbal, com 232 empresas. Em termos de distribuio espacial do emprego registam-se, no entanto, algumas alteraes de hierarquia, reflectindo a localizao das grandes empresas. Com efeito, aqui a Grande Lisboa que lidera, j que a se localiza o maior nmero de empresas de grande dimenso16, com 16600 empregos, seguida pelo Grande Porto, com 12300 empregos, a Lezria do Tejo, com 5300 empregos, e a Pennsula de Setbal, com mais de 4.000 trabalhadores.
Em Portugal, a evoluo tecnolgica da indstria alimentar tem passado por uma adopo limitada de novas tecnologias de fabrico nomeadamente um aumento dos nveis de automatizao dos processos, mas com muita margem de
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Na regio da Grande Lisboa situam-se 9 das 32 empresas com um nmero de trabalhadores compreendido entre 250 e 499, e 4 das 9 empresas com mais de 500 trabalhadores.
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alimentares ter portanto de ser reforada, se se quiser estimular a inovao que permita ao consumidor beneficiar de alimentos que respondam aos seus gostos e preferncias. Se para as grandes empresas, a investigao pode ser feita no seu seio, j para as mais pequenas esta capacidade passa pelo reforo da ligao s instituies cientficas e universitrias. A competio crescente por parte de pases com mo-de-obra mais barata e custos de produo mais baixos, bem como a estagnao do crescimento da populao Europeia, logo do nmero de
consumidores, leva a que no sector alimentar se procure competir atravs da criao de produtos de elevada qualidade, com elevado valor acrescentado. Este enquadramento obriga a uma inovao constante da indstria alimentar nos seus processos e produtos de modo a assegurar a sua competitividade. Um bom exemplo o crescente segmento dos alimentos funcionais, como vimos no captulo anterior. Neste segmento, o desenvolvimento do alimento obriga ao cruzamento de conhecimento subjacente actividade mais convencional do sector com
conhecimentos de ndole fisiolgica ou mdica. A incluso de aditivos alimentares novos s possvel mediante aprovao por entidades reguladoras, tais como a EFSA17, aps anlise rigorosa de um dossier que no s comprova a segurana do aditivo ou do alimento como confirma o benefcio de sade que se pretende reivindicar. Este rigoroso enquadramento regulamentar cada vez mais exigente e traduz os crescentes requisitos de qualidade e segurana alimentar. Portanto percebe-se que a intensidade e a necessidade da inovao neste sector crescente.
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gradualmente a assumir um carcter estratgico em Portugal. De facto, cada vez mais as empresas esto a chegar concluso que o sucesso sustentado se baseia numa permanente dinmica de inovao, assente na renovao da oferta e das prticas de gesto. cada vez mais claro que a competio pelos custos baixos em detrimento da criao de valor induz uma orientao predominante para a produo e no para o mercado, com efeitos negativos para a introduo sustentada de novos produtos e servios. Ainda assim, continua a ser a inovao no processo que maiores investimentos atraem por parte das organizaes nacionais (Laranja e Simes, 1997). Finalmente, no quadro 16 (Anexos 1), apresenta-se o desempenho econmico das vinte maiores empresas nacionais do sector alimentar em 2005.
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CAPTULO V
ESTUDOS DE CASO DO SECTOR INDUSTRIAL ALIMENTAR METODOLOGIA RESULTADOS
5.1. Introduo
Nos captulos anteriores procurmos identificar o posicionamento internacional do sector alimentar portugus e discutir os factores que considermos chave para a competitividade deste sector. Importava completar esta anlise ouvindo as opinies dos intervenientes e principais interessados, isto , as empresas, e muito particularmente os seus quadros de topo, envolvidos na gesto e na definio de estratgias empresariais. Assim, procurmos inquirir algumas das empresas industriais alimentares a operar em Portugal. A amostra foi retirada do ranking da EXAME 500 MAIORES & MELHORES no ano de 2006 e publicado em 2007 (ver Quadro 16, Anexos 1). A escolha das empresas assentou fundamentalmente em trs critrios: i) o seu posicionamento relativo no ranking das maiores empresas em volume de vendas do sector alimentar, tendo sido seleccionadas para o nosso estudo, as empresas que neste ranking se posicionaram nas dez primeiras; ii) o facto de possurem unidades de produo em Portugal; iii) desenvolverem actividades de produo e de I&D em Portugal. Ao consultarmos a lista de empresas organizada pelo volume de vendas acumuladas verificamos que a empresa lder no mercado a Lactogal, seguida de outros gigantes internacionais. O somatrio das vendas destas empresas em 2006 representou 4 073 milhes de euros (este valor inclui 181 milhes de euros de vendas em 2005 da Danone, uma das empresas inquiridas no nosso estudo, mas que no foi seleccionada para o ranking da EXAME em 2006, mas que no ano anterior se tinha posicionado em 6lugar nas vendas do sector alimentar), o que significa mais de 33% das vendas das vinte principais empresas desta classificao.
DE
INVESTIGAO,
OBJECTIVOS
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elementos caracterizadores da sua actividade. A incluso destas firmas justificada pelo facto de todas deterem em Portugal uma unidade de produo e apostarem em algumas actividades de desenvolvimento em territrio nacional. O captulo encontra-se organizado em duas seces principais, para alm da sntese do captulo. Na primeira efectuada uma descrio dos objectivos e da estrutura do guio da entrevista, enquanto a segunda apresenta os resultados obtidos com a necessria discusso. Os resultados e discusso organizam-se em quatro blocos, que correspondem, respectivamente, caracterizao das empresas inquiridas, sua estratgia, actividade inovadora e, finalmente, forma como as empresas prospectivam o futuro do sector industrial alimentar portugus.
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Assim, a seco I pretende avaliar a resposta das empresas s principais alteraes da sua envolvente e como estas representam riscos e oportunidades para as empresas. Procura ainda, determinar os pontos fortes e debilidades do sector alimentar nacional. Finalmente, procura registar a percepo do impacto de algumas polticas pblicas, designadamente o nvel de alguns impostos e
Relativamente actividade inovadora e estratgia competitiva, seco II, as questes direccionam-se para a avaliao da capacidade inovadora, aferida em vrias vertentes. Designadamente, a introduo de novos produtos, as actividades de I&D desenvolvidas, identificao dos objectivos de inovao, fontes de informao, reas de cooperao ou estabelecimento de parcerias estratgicas com entidades do sistema nacional de investigao e desenvolvimento (I&D), principais barreiras inovao e pela intensidade de utilizao das patentes na proteco da propriedade industrial. A seco II ainda dedicada s questes sobre estratgia das empresas e do processo de inovao segundo o modelo apresentado e discutido no captulo 2. Pretende-se determinar se as empresas revelam uma orientao clara e determinada sobre o seu posicionamento no mercado, ao nvel da tecnologia, do mercado, do regime competitivo e do contexto organizacional.
A seco III, dedicada biotecnologia procura avaliar a ateno, interesse e importncia que as empresas lhe conferem, particularmente s possibilidades dos alimentos funcionais.
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I.1 Identificao da empresa O quadro 18 (Anexos 1) identifica as empresas inquiridas, conjuntamente com elementos relativos sua localizao, incio de actividade, origem dos capitais, participaes noutras empresas e estrutura produtiva, nomeadamente se a empresa possui uma unidade industrial. Podemos verificar que todas as empresas, apesar de integradas em grupos multinacionais com excepo de uma (Cerealis), mantm uma estratgia nacional com alguma diferenciao. Alm disso, a maioria iniciou a sua actividade na primeira metade do sculo passado, antiguidade esta que pode indiciar um conhecimento profundo do sector alimentar nacional. Por outro lado, a localizao da sua sede dispersa pelo territrio nacional, permite tambm inferir acerca das relaes que estabelecem com agentes econmicos da sua envolvente, designadamente universidades e plos tecnolgicos. ainda interessante verificar que das cinco empresas, duas detm participaes noutras empresas e todas possuem uma unidade fabril em Portugal. Esta constatao contraria de algum modo a lgica de deslocalizao das unidades fabris das empresas multinacionais. Por este conjunto de razes, considermos relevante auscultar estas empresas, cuja caracterizao sumria encontra-se nos Anexos 2.
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1. Tendo em conta as principais alteraes da envolvente da empresa, qual tem sido a resposta da empresa e como que estas situaes apresentam riscos e/ou oportunidades comerciais para a empresa?
As cinco empresas identificaram inequivocamente o aumento do preo das matrias-primas, a exploso das marcas prprias, a proliferao das lojas hard discount e a preocupao dos consumidores por estilos de vida mais saudveis, como as variveis da envolvente que maior impacto tm tido na sua actividade econmica. As principais matrias-primas das empresas inquiridas so os cereais, os leos e o leite. Se o ano de 2006 foi caracterizado por uma elevada e inesperada subida de preos das matrias-primas em geral, com impactos importantes nas margens de venda dos produtos, o ano de 2007 foi caracterizado por uma exploso daqueles preos. As marcas prprias ou marcas brancas designadas por marcas do distribuidor (MDD), cuja pertena geralmente de um hiper ou supermercado, mais baratas em comparao com a marca do fabricante, traduzem hoje metade do total do consumo de produtos alimentares portugueses. Como exemplos podemos considerar as marcas Pingo Doce, Continente, Auchan, Tesco, etc. As marcas brancas tm tido uma grande implantao e posicionamento no circuito de distribuio, sendo uma realidade que as mesmas superam as prprias marcas do fabricante, sofrendo estes o esmagamento das suas margens de preos, confrontados com imposies de descontos com as mais variadas designaes, aplicados por quem possui uma grande fora de vendas. Tambm o
recrudescimento das lojas hard discount (por exemplo LIDL, ALDI, Auchan, MAKRO, GTC), e das grandes superfcies (maior concentrao) com oferta de produtos
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investimentos para no repercutir na totalidade o aumento de preos nos seus produtos, evitando desta forma penalizar o consumidor. A maioria das empresas referiu que a preocupao dos consumidores por estilos de vida mais saudveis, constituiu uma excelente oportunidade para as empresas apresentarem propostas de valor e produtos inovadores que vo de encontro a estas preocupaes. Alis, todas as empresas responderam que para dinamizar o crescimento sustentado, a soluo passa mesmo pelo desenvolvimento e comercializao de produtos inovadores. 2. Quais so as principais fraquezas ou debilidades que encontra no sector industrial alimentar nacional? Quais so os seus pontos fortes? Como fraquezas do sector alimentar nacional, curiosamente todas as empresas identificaram o problema da pequena dimenso do mercado, da falta de escala ou seja a falta de massa crtica para alavancar o negcio. Individualmente, cada empresa referiu ainda como debilidades, a situao fiscal penalizante, a dificuldade
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3. Ao nvel das polticas pblicas, considera o nvel de impostos superior e as exigncias administrativas e burocrticas no licenciamento da
Inequivocamente todas as empresas identificaram o nvel de impostos superior em Portugal como uma forte barreira para a empresa desenvolver a sua actividade normal, referiram mesmo que o aumento da taxa geral de IVA afectou o tecido econmico nacional. Numa altura em que a conjuntura macroeconmica nacional no favorvel, com impacto srio no nvel de vida das famlias, as empresas
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4. Investimentos tangveis (FBCF) Neste ponto da entrevista procurmos determinar se as empresas investiram nos ltimos 5 anos, na melhoria de instalaes e/ou equipamentos e quais as zonas alvo de melhoria. Constatmos que todas as empresas efectuaram investimentos na melhoria de instalaes, equipamentos, processos, controlo de qualidade e nos sistemas de comunicao e informao (TIC), e que na generalidade todas as reas da empresa foram alvo de investimento. No quadro 19 (ver Anexos 1), so identificadas as reas alvo de investimento.
II.2. Inovao, Tecnologia e Estratgia tecnolgica 1. Qual a ideia que tem do nvel de inovao no sector? Como o posiciona (Fraco, moderado ou elevado)? A maioria das empresas consideraram o nvel de inovao no sector, moderado embora considerem a tecnologia materializada usada, elevada.
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Pblicos, Centros tecnolgicos ou no Estrangeiro? Verificamos que as empresas inquiridas distribuem as suas actividades de I&D em unidades localizadas em territrio nacional e no estrangeiro. A maioria das empresas desenvolve a sua actividade de desenvolvimento na sua unidade prpria (I&D interna). Todavia todas as empresas multinacionais inquiridas responderam que alm desta, desenvolvem actividades de I&D bsica ou fundamental nos centros tecnolgicos localizados no estrangeiro. De facto, as empresas centros
multinacionais
possuem
tecnolgicos espalhados por vrios pases. Os resultados destas pesquisas so canalizados para as unidades de I&D interna das empresas nacionais no sentido de aferir a sua aplicabilidade ao mercado local. Todas as empresas referiram tambm que possuem alguma liberdade para efectuar desenvolvimento local. Finalmente, como veremos mais adiante, importa sublinhar que trs empresas estabeleceram projectos de cooperao com algumas Universidades e Institutos, tais como a Universidade Lusada, a Universidade de Coimbra, Universidade Catlica e o Instituto Superior de Tecnologia de Castelo Branco.
4.
Todas as empresas, responderam como muito importante a existncia de um departamento interno de I&D.
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designadamente massas alimentcias com ferro, produtos vitaminados, farinhas com trigos seleccionados, massas alimentcias com fibras, leite com esteris vegetais, leite fermentado com probitiocos, cevadas biolgicas, guas com incluso de fibras alimentares, iogurtes com probiticos, iogurtes com lipoalergnios, iogurtes sem lactose e sem glten, margarinas com esteris, com
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Factores que influenciam a actividade da inovao 6. Quais os objectivos da inovao entre 2005-2007?
Nesta questo inquire-se os principais objectivos que estiveram subjacentes ao desenvolvimento e introduo de inovaes. Consideram-se um total de dez objectivos, procurando-se saber se as empresas tiveram algum em considerao e, em caso afirmativo, qual a importncia que as empresas lhes atriburam. O quadro 21 (ver Anexos 1) mostra a importncia que as empresas envolvidas em actividades de inovao atriburam a cada um dos dez objectivos. Da observao destes resultados, notria que a preocupao com a melhoria da qualidade dos produtos comercializados pelas empresas a grande motivao para o desenvolvimento e introduo de inovao. Nenhuma das empresas declararam no ter tido em conta este objectivo. Seguem-se a preocupao em alargar a gama de produtos e a reduo dos custos de mo-de-obra e consumo de materiais, considerados como objectivos muito importantes. Finalmente importa referir que existe uma preocupao das empresas com os ganhos de produtividade, pois notase que um dos objectivos importantes aumentar a flexibilidade de produo. As preocupaes com o ambiente aparecem ser muito importantes como objectivo para inovar mas no o para duas empresas. 7. 8. Quais as fontes de informao para a empresa 2005-2007? A sua empresa estabeleceu algum acordo de cooperao para actividades de inovao com outras empresas ou instituies, durante o perodo de 2005-2007?
112
cooperao que as empresas desenvolveram com outras entidades, tendo em vista a realizao de actividades de inovao. Estas entidades incluem empresas com diferentes tipos de relacionamento com a empresa (parceiros num grupo, concorrentes, clientes, fornecedores de produtos ou servios), universidades e outras instituies pblicas e privadas orientadas para a investigao. O quadro 22 (Anexos 1) mostra o grau de importncia atribudo a cada uma das doze fontes de informao consideradas.
Da observao dos resultados, (ver Quadro 22, Anexos 1) para a maioria das empresas, as principais fontes de informao so fontes internas empresa, provenientes dos departamentos de Desenvolvimento, Produo e Marketing. Outras fontes igualmente relevantes so outras empresas pertencentes ao mesmo grupo, concorrentes, fornecedores, universidade e institutos de investigao. Quanto s fontes de informao menos utilizadas conseguem-se identificar redes computacionais e patentes que embora as possamos considerar como fontes internas no so maioritariamente utilizadas. A leitura destes resultados sugere que as empresas no consideram fontes onde a informao sobre a inovao est codificada. curioso verificar que a maioria das empresas refere como fonte de informao, o acesso a entidades orientadas para a criao de novo conhecimento atravs do desenvolvimento focalizado de I&D, como so o caso dos organismos de investigao pblicos e privados e universidades. A informao para o
desenvolvimento de inovaes resulta essencialmente do relacionamento da empresa com fornecedores por um lado, e com empresas de consultadoria por outro. Tanto num caso como noutro, a informao utilizada para gerar inovaes
113
Para alm das fontes de informao, que j se viu terem origem na prpria empresa, nos concorrentes ou nos fornecedores importa igualmente saber se as empresas participaram activamente em projectos orientados para a inovao em conjuno com outras entidades. Para o determinar, procurou-se saber se as empresas estabeleceram acordos formais de cooperao com outras entidades externas empresa, e quais as caractersticas destas entidades. No mercado global e altamente competitivo surge como factor determinante do sucesso das empresas, a sua capacidade de inovar. Factor essencial capacidade de inovar o estabelecimento de parcerias estratgicas com entidades do SNI, as universidades e outros centros de investigao. O quadro 23 (Anexos 1) mostra que as universidades e institutos de investigao foram as actividades externas
privilegiadas para a celebrao de acordos de cooperao. As universidades e institutos de investigao vistas como fontes de conhecimento. s universidades, seguem-se os clientes e os fornecedores. curioso verificar que as empresas no cooperam com os concorrentes. Face aos resultados sobre as fontes de informao, em que as universidades e organismos de I&D apareciam no fundo do quadro, e os clientes e fornecedores no topo, os resultados do quadro 23 (Anexos 1) podem parecer surpreendentes. No entanto, h que notar que agora se est a medir algo diferente, ou seja, em vez de procurar saber a origem da informao subjacente introduo da inovao, procura-se estabelecer com que entidades as empresas formalizaram acordos de cooperao para o desenvolvimento conjunto de
114
designadamente com a Universidade Lusada de Lisboa, a Universidade de Coimbra, Instituto Superior de Tecnologia de Castelo Branco e a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Catlica do Porto. Curiosamente, uma das empresas referiu que instalou uma linha de produo piloto numa das Universidades referidas anteriormente, para desenvolvimento de produtos inovadores para a empresa. De facto, uma opo estratgica natural o estabelecimento de parcerias com as universidades, onde est acumulado o conhecimento e a alavanca da inovao. Estes nmeros revelam o interesse crescente por parcerias estratgicas entre as empresas e universidades em que ambos so ganhadores.
9.
A empresa prev aumentar a intensidade das suas relaes com outras entidades no domnio das suas actividades de I&D?
Perante esta questo todas as empresas revelaram pretender, no quadro actual, aumentar a intensidade das suas relaes com outras entidades no domnio da I&D, mesmo aquelas que ainda no estabeleceram qualquer parceria.
10.
Nos ltimos 5 anos o pessoal afecto a actividades de I&D aumentou, diminuiu ou estagnou?
11.
Perante estas duas questes colocadas sobre a evoluo do pessoal afecto a actividades de I&D, verificamos, genericamente, que as empresas parecem apostar no aumento dos seus quadros. Relativamente evoluo do pessoal em I&D nos ltimos 5 anos, quatro das cinco empresas viram este nmero aumentar, ao passo que uma empresa referiu que o pessoal afecto a I&D diminuiu. Curiosamente,
115
12.
Quais os principais factores concorrentes para o sucesso da inovao na empresa? Identifique os mais importantes para a empresa?
Nesta questo procurou-se identificar os principais factores de sucesso da inovao das empresas inquiridas tendo como ponto de partida os factores identificados por Rothwell (1997). O quadro 24 (ver Anexos 1) apresenta os resultados. Pela anlise das respostas verificamos que assumir a inovao como tarefa global da empresa foi o factor maioritariamente citado pelas empresas, logo seguido pela boa comunicao da informao no interior da empresa e desta com o exterior e pela importncia do marketing. A eficincia dos processos de inovao e a poltica de recursos humanos foi tambm citado por duas empresas. Curiosamente as tcnicas de planeamento e de gesto, controlo de custos e produo e o servio ps-venda no foi referido por nenhuma das empresas, embora sejam reas identificadas como potenciadoras do sucesso da inovao, as empresas inquiridas no as consideram como as mais relevantes. Alis o servio ps-venda aplica-se mais a indstrias de bens duradouros do que a de bens de consumo como a indstria alimentar. No entanto podemos concluir, dado que praticamente todas as reas foram citadas, que se a empresa inovadora quer ter sucesso deve cuidar criteriosa e atempadamente de todas as reas envolvidas no processo de inovao.
116
Os aspectos econmicos e financeiros parecem constituir para o conjunto das empresas inquiridas as principais barreiras inovao, surgindo em primeiro plano os riscos comerciais elevados e os custos associados inovao muito elevados, surgindo logo de seguida o longo perodo de retorno dos investimentos. Curiosamente, a reduzida dimenso do mercado nacional, sendo uma barreira com importncia no o para uma das empresas inquiridas. Os aspectos de natureza empresarial situam-se numa posio intermdia quanto sua importncia, enquanto factores condicionantes das inovaes. As empresas destacam,
particularmente, a ausncia de ligao com a comunidade de C&T na prossecuo de actividades de I&D. Por outro lado interessante verificar que apesar da baixa intensidade tecnolgica do sector em Portugal na execuo deste tipo de actividades, as barreiras directamente relacionadas com a actividade de I&D no parecem ser relevantes para as empresas, nomeadamente a falta de informao sobre tecnologias, a falta de informao sobre os mercados e a facilidade de imitao. Finalmente, a falta de apoio estatal foi referido pela maioria das empresas como barreira ao processo. Relativamente aos recursos humanos, existem algumas dificuldades resultantes da ausncia de pessoal qualificado para funes de I&D no mercado, surgindo esta barreira como um factor importante para quatro empresas.
117
14.
Qual o nvel de despesa em I&D (despesas em I&D relativamente ao total das vendas em %)?
As empresas inquiridas consagram em mdia 1,6% das suas receitas ao desenvolvimento de actividades de inovao.
15.
A maioria das empresas utilizam tecnologias prprias, tendo apenas uma empresa respondido que as adquiria ao exterior. Por outro lado todas referiram que utilizam ambas tecnologias nacionais e internacionais. Isto est em linha com o perfil de respostas das empresas quando inquiridas acerca das fontes de informao interna e colaborao externa nos concorrentes e fornecedores.
16.
Como posiciona a empresa no contexto tecnolgico? (Empresa tecnologicamente avanada ou moderadamente avanada?)
Curiosamente, em termos tecnolgicos, todos os gestores de topo posicionam a sua empresa como tecnologicamente avanada. Esta opinio convergente dos
empresrios pode significar que embora o sector alimentar seja considerado de baixa intensidade tecnolgica, os gestores consideram que a sua empresa est preparada para as novas tecnologias que esto a despontar como o caso da biotecnologia.
17.
Tendo em conta que a tecnologia atravessa quatro fases ao longo do seu ciclo tecnolgico: Fermentao, Seleco, Renovao e Variao, em qual destes patamares se situa a empresa no contexto tecnolgico? Qual dos padres de inovao mais se adequa empresa?
118
18.
Tendo em conta o padro de inovao acima escolhido, qual a importncia estratgica das seguintes questes: (0-irrelevante; 1importante; 2- Muito importante)
Da observao dos resultados (ver Quadro 26, Anexos 1) verificamos que as empresas consideram de grande importncia estratgica as ligaes internas entre a I&D, engenharia de produto e gesto da produo, logo seguida pela ligaes com fornecedores e clientes e as ligaes com universidades e institutos de I&D cientfica. A maioria referiu tambm a importncia da fluidez da informao entre as vrias reas da empresa.
19.
competncias
Curiosamente
todas
as
empresas
responderam
que
identificam
as
novas
II.4. Co-evoluo do Mercado 20. Como que a empresa analisa as necessidades do mercado ou como que processa os estmulos da sua envolvente? (atravs de informao da fora de Vendas, do Marketing, Customer Service, etc. ) Todas as empresas revelaram que analisam as necessidades de mercado atravs de estudos de mercado. Duas referiram que alm deste, utilizam tambm a informao de clientes e das vendas.
21. Quais so os pontos fortes da empresa em relao ao mercado? Da observao dos resultados (ver Quadro 27, Anexos 1), verificamos que o principal ponto forte identificado pelas empresas a notoriedade da marca, seguido
119
22. Tendo em conta a matriz bidimensional (Novidade tecnolgica versus Novo para o mercado) que define quatro tipo de produtos de acordo com o quadrante considerado, qual o tipo de produtos que a empresa coloca no mercado? A maioria das empresas referiu que coloca no mercado produtos arquitecturais (tecnologias existentes usadas para criar produtos inovadores), logo seguido pelos diferenciados (tecnologia e mercado ambos maduros).
II.5. Co-evoluo do Regime Competitivo 23. Como que a empresa se compara com a concorrncia? (igual, superior, inferior) Pela observao dos resultados (ver Quadro 28, Anexos 1), verificamos que o preo do produto onde existe maior homogeneidade das respostas das empresas, logo seguida pelos sistemas de distribuio.
24. A empresa dispe de um documento onde formula a sua estratgia? (S/N). Este documento contm a estratgia tecnolgica da empresa? No domnio estratgico, as duas primeiras questes colocadas s empresas procuravam avaliar se estas possuam um documento onde formulavam a sua estratgia e se esse documento continha a estratgia tecnolgica das empresas. Verificamos que as cinco empresas inquiridas possuem um documento sobre a
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25. Qual a estratgia (forma como a empresa decide atingir as suas metas futuras) seguida pela empresa? Relativamente questo acerca da estratgia genrica seguida pela empresa, verificamos (ver Quadro 29, Anexos 1) uma grande disperso de resultados pelas diversas hipteses colocadas, isto verificamos que as empresas consultadas colocam no mercado produtos que cabem nas quatro categorias identificadas. Globalmente, verificamos que esta estratgia de produto pode indiciar a vontade das empresas se focarem na maior amplitude possvel da oferta e orientarem-se para os vrios domnios do mercado, o que interpretamos como uma atitude positiva de abertura e de resposta maioria das necessidades dos consumidores.
26. A empresa detm uma estratgia essencialmente imitadora, inovadora ou mista? Face percepo obtida sobre a estratgia genrica seguida pelas empresas, as respostas a esta questo no foram surpreendentes. Das cinco empresas, quatro afirmam possuir uma atitude estratgia inovadora e uma mista. 27. Tendo em conta as trs estratgias genricas propostas por M. Porter que influenciam a estrutura e a competitividade da indstria (Liderana de custo, Diferenciao e Focalizao), qual delas se aplica com maior propriedade empresa? Relativamente estratgia genrica seguida pelas empresas, as cinco empresas referiram a diferenciao.
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II.5.1. Fontes de apropriabilidade e proteco da inovao 29. A empresa reconhece a importncia da proteco da inovao? (S/N) Conhece os mecanismos de Direitos de Propriedade Industrial DPI? (S/N) Todas as empresas responderam afirmativamente. 30. Como que a empresa defende a apropriabilidade relativamente concorrncia? Pela consulta dos resultados (ver Quadro 30, Anexos 1) verificamos que o lead time foi citado pela maioria das empresas, seguida pela proteco por patentes e pelo segredo. 31. Qual o n de patentes que a empresa dispe? So mais de produto ou processo? 32. Nos ltimos 2 anos qual o n de pedidos de patentes da empresa? As empresas inquiridas referiram possuir muitas patentes, cujo nmero no conseguiram identificar. Esta dificuldade resulta do facto de serem as casa-me as responsveis pelo processo de patenteamento das inovaes.
122
II.6. Co-evoluo Contexto Organizacional e Gesto do Processo de Inovao 34. Como que a empresa tem organizado os seus recursos, funes de marketing, I&D, produo, distribuio? As cinco empresas esto organizadas segundo uma estrutura funcional. 35. Onde que se localizam as actividades de I&D na empresa? E como so financiadas? As cinco empresas inquiridas responderam que a actividades de I&D esto organizadas segundo linhas/famlias de produtos e que so financiadas de acordo com o volume de negcios da empresa.
36. Como que as despesas com I&D so avaliadas? (Pareceres das funes tcnicas e financeiras, utilizao de clculo financeiro cash flow actualizado, pareceres de peritos externos) Quatro empresas responderam que avaliam as despesas com I&D atravs de pareceres de funes tcnicas e financeiras e uma respondeu atravs de cash flow actualizado.
37. Existem pessoas com conhecimentos tecnolgicos nas posies de topo da empresa? Quem decide na gesto de projectos de inovao?
123
38. Qual o estilo de gesto? (Controlo Financeiro vs Empreendedor, Centralizao vs Descentralizao Relativamente ao estilo de gesto quatro empresas responderam que utilizam um estilo empreendedor e centralizado e que consideram que este estilo compatvel com a natureza das oportunidades tecnolgicas que se colocam empresa
5.3.3.
Biotecnologia
1. Reconhece a importncia que a biotecnologia poder ter para alavancar a inovao no sector?
Todas as empresas responderam inequivocamente que sim. Consideram que a biotecnologia uma cincia consolidada, embora ainda numa fase inicial do seu ciclo de vida. No representa neste momento para o sector alimentar uma soluo, mas essencialmente uma oportunidade para o futuro, pelo que o interesse crescente das empresas convencionais por empresas de biotecnologia vem aumentando anualmente. As trajectrias tecnolgicas prprias de cada empresa mudam ao longo do tempo como resultado da melhoria da base de conhecimentos, criando novas oportunidades tecnolgicas. H unanimidade das empresas em reconhecer que a biotecnologia ainda no teve efeitos to alargados, mas est em vias de comear a modificar os mtodos de desenvolvimento de produtos alimentares e reconhecem-na como um campo com maiores potencialidades, no sendo por acaso que tm assistido a um aumento considervel do nmero de empresas com capacidades neste campo cientfico. Relativamente aos possveis impactos que a biotecnologia poder ter sobre a estrutura do sector, opinio das empresas que a mudana de paradigma implicar a mudana de estrutura, isto , a
124
Todas
as
empresas referiram
possuir
j no seu
portefolio produtos
com
propriedades provenientes de princpios bio-activos e por conseguinte que o mercado da biotecnologia poder influenciar ainda mais no futuro a trajectria tecnolgica da empresa. A tendncia dos portugueses para preferirem produtos alimentares com maior valor acrescentado, acentua-se de h alguns anos para c e continua a ser uma realidade, pelo que as empresas do sector devero continuar a investir em tecnologia para darem resposta cabal procura crescente deste tipo de produtos alimentares inovadores, como os alimentos funcionais.
3. O mercado dos produtos funcionais constitui um estmulo inovao tecnolgica? Sero estes alimentos funcionais na estratgia da empresa como factor de motivao para a empresa inovar?
Todas as empresas responderam afirmativamente. Na realidade na indstria alimentar a tendncia partir dos consumidores para o produto. Acrescentaram ainda que a estratgia de desenvolvimento, passa por seguir as tendncias do mercado mundial, isto , partir das necessidades dos consumidores sabendo que,
125
biotecnolgica. Todas as empresas afirmaram que desejam aplicar os novos conceitos de nutrio e de sade aos seus produtos e os alimentos funcionais cabem perfeitamente nesta rea embora as empresas tenham conscincia do tempo de desenvolvimento destes produtos e das suas alegaes, pois estes tem que passar por um processo de validao cientifica. A indstria alimentar quer aumentar a sua oferta deste tipo de alimentos funcionais. Um alargado uso de alimentos funcionais pode contribuir para reduo substancial de doenas crnicas (modelo de preveno). Alis uma empresa referiu tambm que os consumidores preferem a sade do armrio da cozinha do que do armrio dos medicamentos. Isto leva questo da competio crescente entre a industria alimentar e a industria farmacutica pelo que consideram a proteco de patentes determinante.
Finalmente, duas empresas referiram a existncia de alguma desconfiana em relao dosagem adequada e eficcia efectivamente aquilo que se diz, h ento necessidade de haver regulao (regulamentar e uniformizar) e haver credibilidade e confiana na oferta das empresas, h por isso que educar os consumidores. Deve ser feita uma comunicao adequada dos benefcios dos alimentos funcionais.
4. Quais as tecnologias/produtos/processos ou servios que a empresa desenvolveu ou vai desenvolver na rea da biotecnologia?
As empresas inquiridas j possuem no seu portefolio uma gama alargada de alimentos funcionais, por exemplo produtos que incorporam um composto bioactivo num alimento fortificado, por exemplo, margarinas e leite com esteris vegetais e com megas 3 e 6 (reduo do colesterol), produtos com soja, produtos formulados
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lactobacillus (probiticos) para controlo da tenso arterial, cereais enriquecidos com fibras, massas alimentcias com ferro e vitaminas, farinhas com trigos
seleccionados, cevadas biolgicas e guas com incluso de fibras e iogurtes com probiticos.
5.3.4.
Futuro
O ltimo conjunto de questes colocadas s empresas relacionam-se com o seu futuro e com a forma como estas prospectivam a evoluo do sector. interessante verificar que, relativamente primeira questo, as cinco empresas inquiridas esto muito confiantes relativamente ao seu posicionamento futuro no mercado. Seguidamente, apresentam-se de forma resumida as informaes transmitidas pelas cinco empresas que colaboraram neste estudo.
1. Como classifica o seu grau de confiana relativamente ao posicionamento futuro da sua empresa no mercado? Elevado, moderado ou reduzido?
As cinco empresas consideram como elevado o seu grau de confiana relativamente ao futuro e que as perspectivas so boas. No futuro haver tendncia para sofisticar, as empresas iro mudar o seu enfoque de produtores de ingredientes para produtores de solues de refeies. O sector alimentar disponibiliza uma oferta muito diversificada. Hoje para se ser competitivo tem de se crescer na cadeia de valor, para encontrar diferenciao, nesta perspectiva o sector alimentar tem evoludo muito. Uma das empresas referiu que tem desempenhado um inegvel papel de motor de desenvolvimento macroeconmico, quer a montante quer a jusante de toda a cadeia de valor. E, contra ventos e mars, tem conseguido manter a produo em Portugal, fruto de um grande empenhamento em assegurar a competitividade da sua fbrica. Desta forma, contribui de modo assinalvel para a elevao qualitativa da estrutura econmica nacional e para a manuteno dos
127
2. Qual a sua opinio acerca do posicionamento futuro e das perspectivas da indstria alimentar portuguesa no contexto europeu?
Actualmente
consumidor
europeu
procura
produtos
de
maior
valor
acrescentado, produtos com novas composies ou caractersticas especiais no que diz respeito a capacidades dietticas, sade alimentar, segurana ou funcionalidade. Esta correlao entre alimento e sade, concertada com um melhor conhecimento da qualidade e segurana alimentar, constitui uma oportunidade de inovao importante para o sector alimentar que tem reagido com o desenvolvimento de uma gama alargada de novos ingredientes e alimentos funcionais. Para alm de contriburem para o aumento da sua competitividade estes so um desafio importante para o crescimento do sector alimentar. Para alcanar maiores nveis de rentabilidade, o sector alimentar nacional deve ser mais competitivo, investindo em factores diferenciadores como a marca, distribuio e inovao. O sector alimentar tem de dar uma resposta cada vez mais objectiva quer na rea de responsabilidade social (reduo dos teores de sal, acar, gorduras, teor alcolico) quer na rea ambiental. Estes aspectos tm sido cuidados mas s-lo-o muito mais no futuro, e a inovao ter de acompanhar a preocupao dos consumidores por alimentos melhores e mais saudveis. Num mercado onde os consumidores ainda detm um importante poder de compra, a procura e seleco dos bens de consumo est cada vez mais exigente, orientada por preocupaes com a sade e o bem-estar ao longo da vida e portanto o sector alimentar dever responder a estas necessidades. O consumidor procura alimentos saudveis e est mais
128
3. Identifique trs medidas que considera fundamentais para o futuro da indstria alimentar nacional: Todas as empresas mostraram-se abertas a responder e as medidas identificadas so as seguintes: - Desenvolvimento de um plano estratgico para o sector; - Uma maior concentrao do tecido industrial alimentar de capitais nacionais, como forma de atingir dimenso competitiva internacional; - Implementao de medidas efectivas de apoio governamental, em funo dos resultados obtidos pelas empresas. Entre as medidas referidas encontram-se a desburocratizao de processos, a reduo de impostos, o acesso mais clere a financiamento de projectos, os incentivos I&D, a capacidade de atrair e fixar
129
empreendedorismo; - Aposta contnua na inovao e tecnologia e na criao de alimentos de maior valor acrescentado e no aumento da eficincia produtiva. A inovao como um dos factores de competitividade mais importante, principalmente a inovao ao nvel dos produtos, dos processos produtivos e tecnolgicos de suporte produo; - A importncia da escala, competitividade e perceber a necessidade de abarcar outros mercados internacionalizao; Maior responsabilidade social; - A comunicao das marcas. Nas ltimas duas dcadas as TIC provocaram uma revoluo nos modelos e processos de negcio e sero inequivocamente uma ferramenta poderosa para potenciar a comunicao das marcas das empresas. A marca como elemento mais importante na conquista e fidelizao do cliente; - A Cooperao inter-empresarial numa parceria win-win. De acordo com o paradigma de gesto mais actual, a empresa tem de se focalizar nos seus clientes e ser capaz de lhes proporcionar a maior criao de valor acrescentado possvel. Isto tem conduzido a uma relao cada vez maior entre as empresas e os seus fornecedores e clientes, criando novos modelos de negcio que privilegiam as redes de cooperao em vez de actuaes isoladas ou em ilhas mais ou menos estanques de empresas. A experincia de muitas empresas com os seus fornecedores e clientes num modelo em rede de cooperao permite, hoje, verificar que, os
130
conhecimento e competncias num processo de parceria win-win; - Finalmente, a melhoria da qualificao dos recursos humanos.
5.4.
Sntese do captulo
Neste captulo procurmos adicionar alguns elementos de anlise, recorrendo a uma metodologia de estudos de caso de cinco empresas industriais alimentares a actuar em Portugal. Globalmente, verificmos que as empresas reflectem nas suas estratgias de actuao as incertezas que caracterizam o mercado actual, bastante mais competitivo por via da globalizao da economia. Entre as vrias dimenses de anlise includas no guio da entrevista, constatamos o seguinte: - A generalidade das empresas identificaram objectivamente o aumento dos preos das principais matrias primas e a exploso das marcas prprias e lojas hard discount e a preocupao dos consumidores por estilos de vida mais saudveis como as principais variveis da sua envolvente com maior influncia na sua gesto diria e nos resultados comerciais das empresas. A reaco das empresas foi repercutir parcialmente nos consumidores estes aumentos atravs do aumento do preos de venda dos seus produtos, incentivar a produtividade nas suas unidades fabris e a conteno de alguns investimentos. Tambm a preocupao dos consumidores por estilos de vida mais saudveis constituiu, para as empresas uma excelente oportunidade para apostarem na inovao. - A generalidade das empresas nacionais tem uma dimenso relativamente reduzida escala europeia, o que confirma os elementos recolhidos no captulo 4. Esta dimenso reduzida coincidente com uma elevada fragmentao do tecido industrial, o qual sustenta a sua actividade essencialmente no mercado domstico. A pequena dimenso deste mercado foi tambm referido como uma fraqueza, todavia a maioria das empresas, considera que a abertura inovao e a flexibilidade como um ponto forte do sector alimentar nacional.
131
evidenciadas, as empresas parecem reconhecer que as actividades de I&D constituem o elemento central para alimentar uma posio competitiva sustentvel. Os sinais desta evidncia, traduzem-se na inteno das empresas aumentarem o seu esforo de I&D, designadamente atravs do estabelecimento de um maior numero de colaboraes com outras entidades e da inteno de aumentarem o quadro de recursos humanos afecto a este tipo de actividades. - Entre os elementos que parecem constituir barreiras significativas para a intensificao das actividades de I&D e de inovao nas empresas, incluem-se claramente os aspectos econmicos e financeiros, surgindo em primeiro plano os riscos comerciais elevados e custos associados inovao muito elevados. Ao nvel empresarial, as empresas destacam, particularmente, a ausncia de ligao com a comunidade de C&T na prossecuo de actividades de I&D como uma barreira importante inovao. - Com algumas excepes, as empresas seguem estratgias genricas apoiadas por estratgias tecnolgicas apostadas na diversidade (diferenciao) colocando no mercado fundamentalmente produtos arquitecturais e diferenciados. A maioria das empresas assume um posicionamento estratgico inovador, existindo um nmero inferior que se assume como mista (imitadora e inovadora), sendo a notoriedade da marca um ponto estratgico forte da empresa em relao ao mercado. Tambm as
132
O conjunto dos factores acabados de sistematizar permite compreender porque tem o sector alimentar portugus sido capaz de se manter funcional, sem regresses substanciais em termos de capacidade produtiva e de exportaes. Esta
manuteno relativa, que se registou ao longo da ltima dcada, contrasta com sucessivos vaticnios pessimistas que foram apresentados no passado mais ou menos recente. Contudo, em que medida a situao em que o sector actualmente se encontra, tal como acabada de identificar, permitir ou no a sua sobrevivncia e desenvolvimento sustentvel no futuro, uma outra questo. A ela dedicaremos uma parte das reflexes includas no captulo que se segue.
133
CAPTULO VI
CONCLUSES
6.1. Concluses gerais
No delineamento deste trabalho assumimos como objectivo, identificar a posio competitiva da indstria alimentar em Portugal e as condies de competitividade subjacentes no contexto nacional e internacional. Importa, finalmente, avaliar em que medida o contedo dos cinco captulos anteriores capaz de revelar respostas s trs questes de investigao formuladas inicialmente e que constituram linhas orientadoras da investigao efectuada, designadamente:
1- De que modo as empresas da indstria alimentar tm vindo a adaptar a sua actuao s transformaes ocorridas na envolvente em geral?
2- Como despoletar a inovao nesta indstria em particular a inovao biotecnolgica? Ser que as empresas alimentares conhecem os mecanismos de proteco de direitos de propriedade industrial?
3- Qual a inter-relao existente entre as empresas e a comunidade acadmica e cientfica (universidades e centros tecnolgicos)? E qual o papel futuro que a cooperao entre eles pode representar como elemento da estratgia inovadora?
Globalmente, a leitura deste trabalho deixa-nos a percepo de que o sector industrial inovadoras, alimentar revelando em no Portugal entanto possui caractersticas fragilidades progressivamente acentuadas, que
algumas
internacionalmente lhe conferem uma posio competitiva dbil. Claramente, competir num sector de baixa intensidade tecnolgica como o sector alimentar, mas onde existem subsectores de elevada tecnologia exige condies de base que, na generalidade, as empresas nacionais no possuem na totalidade ou no
134
designadamente a inovao no campo da biotecnologia como por exemplo a oferta de alimentos funcionais. Verificamos que, para este sector em Portugal, a inovao comea gradualmente a assumir um carcter estratgico. De facto, cada vez mais empresas apostam numa permanente dinmica de inovao, assente na renovao da oferta sendo do conhecimento das empresas, a importncia dos direitos de propriedade industrial em particular das patentes como elemento protector das suas actividades de inovao. Finalmente, constatamos que de uma forma progressiva e consistente comeam a existir parcerias estratgicas com as universidades e centros de investigao, onde est acumulado o conhecimento e a alavanca da inovao. Numa base de cooperao em que ambos so ganhadores a empresa e a universidade o leque de tipos de colaborao estendem-se da simples associao para resolver um problema concreto, num curto espao de tempo, candidatura conjunta a projectos financiadores de aces especficas ou formao ao longo da vida dos quadros das empresas.
Finalmente, importa sublinhar que estas concluses resultaram da observao emprica de um nmero limitado de empresas com actividade industrial em
135
6.2. As empresas
Os volumes de investimento actualmente necessrios para o desenvolvimento e lanamento comercial de um novo produto, ao alcance de um conjunto muito reduzido de empresas multinacionais, obriga as empresas de dimenso local ou regional a procurar um modelo competitivo diferenciado, onde as oportunidades parecem surgir a outros nveis, designadamente atravs: de uma maior eficincia produtiva; do lanamento de inovaes incrementais direccionadas para o melhoramento de produtos; e da aposta em tecnologias emergentes, como a biotecnologia, capazes de se desenvolverem em pequenas unidades de elevada diferenciao. O facto do custo de um novo produto, que pode superar vrias vezes o valor de mercado nacional, compromete claramente a possibilidade de empresas portuguesas competirem neste primeiro mercado, cada vez mais limitado s empresas multinacionais. Neste novo modelo competitivo vislumbram-se janelas de oportunidade face s possibilidades de flexibilidade industrial, permitidas pelo avano tecnolgico, e descentralizao das actividades de I&D, por oposio ao modelo vigente nas ltimas dcadas em que se acreditava que as economias de
136
produtividade. Entre as oportunidades que as empresas alimentares podem encontrar, num conjunto diverso de dimenses, identificamos, designadamente: A especializao com das uma suas competncias industriais, oferecendo competitiva
produtos
relao
preo/qualidade
internacionalmente;
Uma gesto mais eficiente do processo de inovao, atravs do estabelecimento de interaces mltiplas de grande eficincia com outras entidades de SC&T, com outras empresas, fornecedores e clientes, universidades e com os sistemas de educao, formao e financeiro.
exemplo
da
tendncia
verificada
internacionalmente,
desenvolvimento de uma maior intensidade de interaces com outras empresas, atravs de mecanismos de cooperao de natureza
estratgica. Embora no exista uma relao definitiva entre a dimenso das empresas e a sua capacidade inovadora, a aproximao entre empresas constituiria uma possibilidade de mais rapidamente
alcanarem a dimenso necessria para sustentarem uma presena competitiva internacional, possibilitando, igualmente, o suporte
financeiro necessrio para o lanamento de um maior nmero de projectos de I&D. As empresas de maior dimenso conseguem uma maior disperso do risco, factor que assume grande importncia nas decises de investimento de I&D, que so, os riscos comerciais elevados, os elevados custos de inovao e dos longos perodos de retorno dos investimentos. O crescimento do investimento em I&D nas
137
As estratgias defendidas pelas empresas, acerca do desenvolvimento futuro do sector, permitem tipificar o tecido industrial alimentar que poder existir em Portugal nos prximos anos e que incluir essencialmente:
Empresas especializadas na produo de produtos alimentares, com uma relao preo/qualidade competitiva e dotadas de dimenso adequada a uma posio competitiva internacional; Um nmero residual de empresas que adoptam uma estratgia inovadora, orientada para o desenvolvimento de novos produtos inovadores obtidos em acordos de licenciamento e que revelam igualmente estar atentas s possibilidades resultantes dos desenvolvimentos na rea da biotecnologia; Finalmente, termos um conjunto de empresas de dimenso local, que continuaro a orientar a sua actividade para o mercado nacional.
138
determinantes que exercem presso na rendibilidade do sector, o grau de rivalidade entre os concorrentes actuais e o poder negocial dos clientes. O factor de maior relevo da actividade de explorao desenvolvida pelas empresas foi sem dvida a inesperada subida exponencial dos preos das matrias-primas, como os cereais, o milho, o arroz, as oleaginosas e o leite, ditadas por factores externos, conjunturais e estruturais. No mbito dos factores estruturais identificamos um modelo de consumo mais ocidental, o que ocorre na China, cuja procura por alimentos provocou ondas de choque em todo o mundo explicando a subida dos preos. Outra razo estrutural que explica a actual alta a procura de biocombustveis. Em todo o mundo, crescentes quantidades de cereais e outras culturas so desviadas da indstria alimentar para o sector energtico. Finalmente um factor conjuntural explicado por alteraes climatricas que provocaram colheitas aqum das expectativas. A indstria alimentar teve de conter alguns investimentos, suportar algum dfice de crescimento e repercutir nos consumidores estas subidas de preos.
O estudo revelou ainda que o jogo das foras competitivas (poder negocial, capacidade concorrencial e fora desestabilizadora das ameaas externas) na estruturao da cadeia de valor da indstria alimentar actualmente marcado, em grande parte, por um novo dinamismo e por uma complexificao do elemento final numa economia de procura, o consumidor. A significativa alterao do ambiente
139
Muito maior nvel geral de educao e informao; Muito maior diversidade, fruto da segmentao de rendimentos e estilos de vida, por um lado, e da acelerao drstica dos fluxos de turismo e de emigrao/imigrao; Muito maior volatilidade e previsibilidade de comportamentos; Muito maior exigncia de qualidade, segurana e responsabilidade
ambiental, no quadro mais geral do surgimento de novas necessidades e expectativas; A alterao global do ambiente competitivo e concorrencial, marcada em primeiro lugar, como procuramos mostrar, pela diversificao, autonomizao e
complexificao dos comportamentos dos consumidores, aconselha a procurar respostas para as questes mais vezes colocadas pela indstria num quadro estratgico global. As mudanas do ambiente competitivo e concorrencial
traduzem-se, tambm, num conjunto de exigncias e restries que resultam do novo relacionamento entre a produo e a distribuio onde se destacam os aspectos ligados qualidade dos produtos, competitividade dos preos, eficincia da logstica, partilha (no necessariamente cooperativa) de custos promocionais. A concentrao e centralizao da distribuio surgem, neste quadro, como o principal motor daquelas exigncias e restries, sentidas, muitas vezes, como dificuldades pela indstria alimentar. O relacionamento entre a produo e a distribuio aconselha, tambm, que aquelas exigncias e restries sejam vividas, pelo lado das PME industriais, como desafios positivos, nomeadamente os seguintes:
140
Os factores competitivos na indstria alimentar tendero, neste contexto em construo, a privilegiar aspectos como a dimenso, a capacidade produtiva, a eficincia, as economias de escala e de gama e o marketing estratgico, cuja importncia no tem parado de aumentar. Os industriais do sector alimentar esto a ter cada vez mais dificuldade em fazer frente ao poder negocial das grandes cadeias de distribuio portuguesas e estrangeiras, na realidade, o esmagamento dos preos de compra, o alargamento dos prazos de pagamento, a imposio de descontos e abatimentos suplementares e ainda a exigncia de comparticipao em campanhas promocionais ao longo do ano causam graves problemas de tesouraria a muitos produtores nacionais. Tambm, o poder dos retalhistas est a aumentar devido ao desenvolvimento e exploso sem precedentes de marcas prprias e concentrao e internacionalizao do sector, embora as novas tecnologias de informao possibilitem a criao de canais de distribuio alternativos como o comrcio electrnico. As mudanas atrs enunciadas alteraram, tambm, a configurao da prpria actividade industrial, nomeadamente nas condies de concorrncia, de inovao e de relacionamento ao longo de toda a cadeia de valor dos produtos alimentares. O mercado dos produtos alimentares encontra-se em Portugal, semelhana do que acontece na Unio Europeia, numa fase de maturidade, com um crescimento inferior ao do conjunto da economia,
caracterizando-se por uma oferta pulverizada, em que um dinamismo empresarial significativo se consegue, no essencial, custa de ganhos de quotas de mercado,
141
6.4. O
papel
da
inovao
na
indstria
alimentar
biotecnologia
O interesse na alimentao nunca foi to patente como hoje, assistindo-se a uma ateno crescente, por parte dos consumidores, sobre os processos de produo, as origens, a qualidade e o preo. Os factores principais que podem influenciar o aparecimento de novos produtos substitutos nos vrios subsectores da indstria alimentar so: a inovao ao nvel dos processos (puxados pela intensificao cientfica e tecnolgica - biotecnologia, qumica, gentica e pela sustentabilidade ambiental e pela reconsiderao do modelo ecolgico com reflexos na organizao da agricultura e da pecuria, na gesto dos recursos pisccolas e na alterao do perfil da procura das famlias); a inovao ao nvel dos produtos (dinamizada pela procura de ganhos na segurana, frescura e capacidade nutritiva dos alimentos e traduzida,
142
O presente estudo permitiu identificar a existncia de alguns desenvolvimentos de novos produtos alimentares em Portugal. No entanto, as multinacionais presentes no nosso pas desenvolvem as suas actividades de investigao no estrangeiro, embora permitam alguma autonomia e liberdade s suas empresas afiliadas para realizarem desenvolvimentos, facto este comprovado pela existncia nas empresas estudadas de um departamento de I&D interno. Neste contexto, alguns produtores nacionais procuram desenvolver novos produtos, quer isoladamente, quer com o apoio de universidades e de centros tecnolgicos. O grande desafio actual da indstria alimentar o de melhorar os sistemas de segurana alimentar e o de melhorar a comunicao com o pblico de forma a reconquistar a sua confiana, dando-lhe a conhecer todas as cautelas que utiliza nos seus sistemas de controlo de qualidade do produto. A biotecnologia actualmente uma cincia consolidada, embora ainda numa fase inicial do seu ciclo de vida. No representa neste momento para o sector alimentar uma soluo, mas essencialmente uma
143
144
Finalmente, importa referir que o estudo revelou que a biotecnologia tem sido um sector em franca expanso nas universidades e nos centros de I&D. De facto, existem hoje inmeros estabelecimentos de ensino superior e instituies de investigao com actividades directamente relacionadas com a biotecnologia. Tambm verificamos que as empresas possuem j no seu portefolio uma gama alargada de produtos de base biotecnolgica, como os alimentos funcionais e o que o interesse dos produtores e consumidores por estes alimentos crescente. Tambm constatamos que o nmero de empresas de biotecnologia na rea alimentar tem vindo a aumentar progressivamente, com efeito o sector da biotecnologia em Portugal tem experimentado, nos ltimos anos, um importante e significativo aumento do nmero de empresas criadas, existindo actualmente mais de 40 em Portugal, a maioria das quais nascidas entre 2001 e 2006 (APBio, 2006), o que parece indiciar o incio de um ciclo com interesse crescente pelas potencialidades deste sector. Entre as reas de I&D biotecnolgica identificadas como sendo de potencial relevncia para a indstria portuguesa, contam-se a dos alimentos e txteis funcionais (ou seja, com caractersticas especiais, por exemplo teraputicas), a das prximas geraes de biofuis (por exemplo bioetanol), a das plantaes energticas ou as das biorremediao e biomonitorizao do ambiente.
estratgica
empresa
comunidade
A cooperao empresas-universidades cada vez mais, um vector estratgico da inovao e da competitividade. O relacionamento entre as universidades e as empresas sempre foi decisivo ao nvel dos grandes desenvolvimentos tecnolgicos e das diversas ondas de inovao responsveis pela criao de novos produtos e
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146
Em concluso, apesar da complexidade dos problemas que se colocam ao sector alimentar nacional, existem muitas oportunidades para explorar as tendncias
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a) A identificao mais detalhada do potencial inovador, resultante do estabelecimento de interaces mais eficientes entre as empresas e o SC&T nacional anlises das prticas em curso nalgumas empresas
(benchmarking) que demonstram uma elevada competitividade neste sector constituiria um mecanismo relevante de estudo.
b) O estudo dos processos de internacionalizao de empresas industriais alimentares de pequena e media dimenso que globalmente estejam a ser bem sucedidas, com enfoque na identificao dos principais factores associados a esse sucesso e com ventilao das principais barreiras, obtendo-se indicaes acerca do modo como as empresas nacionais as podem superar;
c) Estudar a competitividade do sector alimentar nacional procurando incluir neste estudo um maior nmero de empresas, em particular as empresas de capitais nacionais.
148
149
150
151
Basingstoke: Mcmillan. QUEIROZ, P. (2008), A Importncia da Presena Internacional das Associaes, a experincia da FIPA. Alimentao animal, N65, Ano XIX, Julho/Agosto/Setembro. Edio Represse, Lisboa. ROTHWELL, R. (1997), The characteristic of successful innovators and technically progressive firms. R&D management, vol. 7. N3, pp. 191-206. RIBAULT, J., MARTINET, B., LEBIDOIS, D.(1995), A Gesto das Tecnologias, Coleco Gesto & Inovao, Publicaes D. Quixote, Lisboa 1995
152
introduction, Industrial and Corporate Change, 3, p.537 -556. TIROLE, J. (1988). The theory of industrial organisation Cambridge: The MIT Press, 1988. ViaBIO (2005). Biotecnologia e Inovao na Indstria Portuguesa. Estudo de Oportunidades Tecnolgicas e de Mercado. Fundao Luso-Americana e Cotec. WOOT, P., (1970). Strategic and management. Paris: Dunod Economie, 19070.
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ANEXOS 1
Lista de Quadros Lista de Figuras Caracterizao de algumas empresas de biotecnologia
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Mercado e principais drivers para o sector agro-alimentar
Mercado Crescimento da populao A populao mundial dever atingir os 10 mil milhes em 2030; A Organizao Agrcola e Alimentar das Naes Unidas (FAO) estima que a produo alimentar a nvel mundial ter que duplicar, nas actuais unidades produtivas, para fazer face ao esperado aumento da populao. Aumento do poder de compra nos pases em desenvolvimento Envelhecimento crescente da populao sade; e preocupao e outras Maior nfase na qualidade e menos na quantidade; aditivos e combinao de nutrientes. Aumento do consumo de alimentos.
com a
Obesidade
doenas crnicas nos pases desenvolvidos Impacto ambiental Necessidade de eliminar determinados produtos qumicos e processos prejudiciais sade pblica. Factores de risco Biotica Imagem negativa dos produtos geneticamente modificados em alguns pases e produo e comercializao. Regulamentao Alguma incerteza quanto evoluo da legislao europeia nesta rea. Fonte: Freire, 2000 restries
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Melhoria de qualidade nas industrias agro-alimentares, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto Agronomia Superior de metodologias de controlo de qualidade, I&D de novos produtos e processos. Novas tecnologias alimentares; desenvolvimento de novos Instituto Superior Tcnico produtos; biossntese de polissacardeos bacterianos; nanoencapsulao de antocianinas; valorizao de resduos. Investigao de modificaes mimticas de pptidos Universidade do Minho Departamento de Engenharia Biolgica bioactivos por incluso de novos aminocidos sintticos; tecnologias para a valorizao de plantas medicinais; valorizao de resduos da industria alimentar; produo de leveduras em reactores com elevada densidade celular. Escola Superior Agrria de Coimbra Departamento de Cincias da Terra Promoo de cultura de plantas aromticas e condimentares.
Desenvolvimento de filmes edveis e biodegradveis; Universidade de Aveiro Departamento de Qumica extraco supercrtica e pr-tratamento biolgico de matrias-primas de origem agro-alimentar.
Unidade de Cincias e Universidade do Algarve Tecnologias De Recursos Aquticos Centro de Qumica Fina e Biotecnologia Instituto de Tecnologia Universidade Nova de Lisboa Instituto de Biologia Experimental e Tecnolgica Qumica e Biolgica
Procura de novas molculas com propriedades antioxidantes. Extraco e isolamento de produtos com valor acrescentado e com aplicabilidade na alimentao (antioxidantes, compostos preventivos de doenas cardiovasculares, diabetes e certos tipos de cancro) a partir de plantas, resduos orgnicos e resduos da industria alimentar. Tecnologia de obteno de filmes e revestimentos
Universidade do Porto
Centro de Qumica
comestveis para alimentos a partir de recursos nacionais de baixo valor e desenvolvimento de conceitos de embalagem mltipla de vegetais frescos de alta qualidade prontos para consumo.
Fonte: ViaBIO
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Instituio
Instituto Nacional de Investigao Agrria e das Pescas Estao Agronmica Nacional
reas Cientficas
Proteco das plantas, utilizao de recursos genticos para melhoramento, tecnologia de conservao e transformao de produtos agrrios, economia e sociologia agrriadesenvolvimento. Processos e tecnologias de
valorizao de desperdcios, nomeadamente da industria de cervejas e cortia. Desenvolvimento de tecnologias para a valorizao de recursos nacionais para a produo de ingredientes funcionais para as bebidas.
Fonte: ViaBIO
Quadro 4 Empresas de biotecnologia com actividade na rea alimentar, includas no directrio da APBio (Associao Portuguesa de Bioindstrias, 2006)
Empresa
1. Stab Vida 2. Biopremier 3. Bioinstrument 4. Biotempo 5. Biotrend 6. Necton 7. Foodmetric 8. CPC 9. Eurotrials 10. Proenol
Ano de Fundao
2000 2003 2002 2002 2000 1997 2006 2000 1994 1986 Servios Servios Servios
Actividade
Localizao
Oeiras Lisboa Porto Braga Lisboa Olho Aveiro Lea da Palmeira Lisboa V.NGaia
Produtos/processos Produtos/processos Produo micro algas Produtos e servios Produtos e servios Servios Produo de enzimas imobilizadas
157
Pases desenvolvidos
1969 71,7 32,6 13,2 8,2 5,0 4,5 2,3 5,3 0,4 28,3 1992 70,9 30.4 12,8 11,1 3,8 4,9 2,3 4,9 0,6 29,1
de
Carne 6,4 Leite 4,8 leos e gorduras animais 2,7 Ovos 0,8 Peixe 0,9 Nota: Valores (%) referentes aos principais em vias de desenvolvimento. Fonte: FAO18
7,4 11,1 12,8 3,5 5,2 4,3 8,9 8,6 2,2 2,6 2,0 5,4 4,4 1,0 1,1 0,9 1,5 1,8 0,3 0,7 1,0 1,4 1,3 0,6 0,7 grupos alimentares na dieta nos pases desenvolvidos e
Cereais e derivados 0,2 Batatas -0,4 Acar -0,5 Legumes 1,4 Vegetais e derivados 1,3 Frutos e derivados 0,8 leos vegetais 1,3 Leite e derivados 0,7 Ovos -0,5 Carne e derivados 0,8 Crescimento da Populao 0,2 Nota: Valores (%) previstos para o perodo 1990-2010 Fonte: FAO
18
158
Factores de competio
Diferenciao 20 Diversificao Actividades promocionais Canais de distribuio
Pases em desenvolvimento
1980-90 2,6 2,6 1,8 1990-94 3,4 4,9 2,1
19 20
Factores crticos de sucesso so actividades ou variveis de gesto (que mais valor proporcionam aos clientes) que tm de ser muito bem executadas para garantir o bom desempenho da empresa no seu negcio. Diferenciao criar alguma coisa que seja percebida como nica em todo o mercado. Esta pode ser conseguida atravs da imagem de marca e design, tecnologia, modelos, servios a clientes e distribuio.
159
Pas
EUA
Sector de actividade
Diversificado Transformao de cereais Diversificado Bebidas Diversificado Bebidas Diversificado Diversificado Diversificado Cerveja Diversificado Leite e derivados leos e gorduras vegetais Transformao de cereais Peixe leos e gorduras vegetais Cerveja Distribuio Diversificado Vinhos e licores
Vendas
53 288 50 000 40 247 28 472 26 150 23 828 23 512 15 366 12 843 11 364 11 300 10 600 10 344 9 500 9 221 9 157 9 020 8 939 8 517 8 375
Nota: Valores de vendas em milhes de dlares, referentes a 1994. Fonte: Agrodata (1997)
160
Sector Alimentar
Potencial de novas entradas A existncia de economias de escala e de produtos muito diferenciados e a elevada necessidade de capital nesta indstria dificultam a entrada de novos concorrentes, mas o baixo controlo dos canais de distribuio e a elevada inovao tecnolgica no sector contrariam por vezes a tendncia geral. Concluso: Mdio A inovao possibilita o desenvolvimento de produtos substitutos resultantes de tecnologias novas e mais baratas, sendo a distribuio feita pelos mesmos canais. No entanto, os padres de consumo indicam uma tendncia para a preferncia por produtos naturais, o que diminui a aceitao de produtos substitutos por parte dos consumidores. Concluso: Baixa Por um lado, as matrias-primas so muito diferenciadas (principalmente na qualidade), mas, por outro lado, h forte possibilidade de integrao a montante. A mo-de-obra neste sector essencialmente no qualificada, excepo dos tcnicos especializados para o desenvolvimento de novos produtos. Concluso: Mdio Embora muitos dos produtos sejam essenciais e altamente diferenciados, a presso ao nvel da qualidade, variedade e preo cada vez maior. Entretanto o poder dos retalhistas est a aumentar devido criao de marcas prprias e concentrao e internacionalizao do sector, embora as novas tecnologias de informao possibilitem a criao de canais de distribuio alternativos como o comrcio electrnico. Concluso: Mdio/alto. Apesar de se encontrar em crescente concentrao, a indstria ainda fragmentada em termos globais e em determinados subsectores a rivalidade elevada como consequncia do mercado estar na fase de maturidade. Ainda assim, em muitos nichos, os produtos so bastante diferenciados e competem pela qualidade. Concluso: Alta
Concluso
Atractividade mdia
2003
15 Indstrias Alimentares e das bebidas 151 Produtos crneos 152 Pesca e da aquacultura 153 Frutos e de produtos hortcolas 154 leos e gorduras 155 Lacticnios 156 Cereais e leguminosas 157 Alimentos compostos para animais 158 Outros produtos alimentares 159 Bebidas Fonte: INE 2003
VAB (%)
100 14.6 5.2 3.8 2.5 7.3 2.1 4.3 4.8 11.8
VAB (%)
21.6 14.6 14 22.5 12.6 18.3 16.2 13.1 32.3 22.7
Empregados (%)
100 14.6 5.1 3.8 2.5 7.3 2.1 4.3 48.3 11.9
Empresas (%)
100 5.3 1.1 1.8 5.5 3.5 4.6 1.3 7.1 5.7
161
1999
2000
2001
2002
2003
1a9 empregados
9.0 10.0 23.3 77.8
10 a 20 empregados
2.7 6.8 12.0 11.1
20 a 49 empregados
15.7 14.4 17.5 6.9
50 ou mais empregados
72.6 68.7 47.1 4.1
Pas (%)
0,8 1,7 39,0 22,3 29,9 1,9 4,4
162
Vendas 2005 684 745 741 451 181 526 366 670 356 298 193 000 189 385 990 181 049 000 167 388 711 156 877 107 147 351 538 143 856 634 126 891 018 111 795 494 101 316 873 95 502 470 92 740 787 89 459 093 82 701 296 74 497 592 70 068 174 69 840 913
Empregados
Produtividade
VAB
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N LVT LVT LVT N LVT LVT N LVT N N LVT LVT N LVT C LVT LVT C LVT
Privado Suia Privado Privado Cooperativo Espanha Privado Privado Privado Privado Privado Privado Frana Privado Privado Privado Privado Privado Cooperativo Espanha
1713 1328 1000 228 348 326 638 148 111 451 506 209 695 246 132 426 339 498 102 616
64,479.65 90,901.02 177,647.53 189,811.40 24,781.84 169,184.05 63,171.30 89,601.61 118,557.27 84,096.10 77,045.24 84,252.62 27,445.60 44,030.67 72,846.35 32,262.86 86,985.65 31,596.61 18,924.89 35,403.17
110,453,642.00 120,716,549.00 177,647,525.94 43,277,000.00 8,624,081.00 55,154,000.00 40,303,289.81 13,261,038.00 13,159,857.17 37,927,342.00 38,984,893.00 17,608,798.07 19,074,694.00 10,831,545.92 9,615,717.83 13,743,976.43 29,488,137.00 15,735,113.17 1,930,338.27 21,808,350.00
Classificao das empresas por ordem decrescente das vendas; Valores em euros VAB: Valor acrescentado bruto; (N): Norte. (LVT): Lisboa e Vale do Tejo. (C): Centro Fonte: Exame Edio Especial 2006, "500 MAIORES&MELHORES
163
Empresa
Lactogal Nestl Portugal Tabaqueira Fima/VG Central cervejas Tagol Agros Compal Longa Vida Sogrape Vinhos Tate&Lyle Acares Portugal Fromageries Bel Portugal Lusiaves Iberol Raes Valouro Novadelta RAR Sicasal Saprogal Portugal Cerealis Moagens
Controlo Accionista
Privado Suia Privado Holanda/RU/Por Holanda Privado Cooperativo Privado Privado Privado Privado Frana Privado Privado Privado Privado Privado Privado Espanha Privado
reas alvo de investimento rea fabril (instalaes) rea fabril (processos) Controlo da qualidade Escritrios / apoio administrativo Armazm / Distribuio Sistemas TIC
164
378
Importncia 0 Objectivos
1.Substituir produtos em "fim de ciclo" 2.Melhorar a qualidade do produto 3.Alargar a gama de produtos 4.Entrar em novos mercados ou aumentar a quota de mercado 5.Cumprir regulamentos ou normas 6.Aumentar a flexibilidade da produo 7.Reduzir custos de mo-de-obra 8.Reduzir consumo de materiais 9.Reduzir o consumo de energia 10.Reduzir danos ambientais 1 2 1 4 1 2 1 1 1 2 2 2 2 1 3 1 1 3 3 3 3 2 4 1 2 1
165
Tipo de parceiros
Outras empresas do grupo Concorrentes Clientes Empresas de consultadoria Fornecedores de equipamento, materiais ou software Universidades ou outras instituies do Ensino Superior Institutos de investigao ou IPSFLs
Sim
3 0 2 0 2 3 3
No
2 5 3 5 3 2 2
N de respostas
2 4 1 0 1 2 0
166
Aspectos empresariais
8.Ausncia de actividades de I&D na empresa 9.Ausncia de ligaes com a comunidade de C&T 10.Ausncia de cooperao com outras empresas 11.Falta de informao sobre tecnologias 12.Falta de informao sobre o mercado 13.Resistncia mudana 14.Incerteza quanto aos resultados da I&D 15.Falta de apoio estatal 16.Facilidade de imitao 17.Outras barreiras empresariais 2 1 1 2 3 3 1 4 3 0 0 1 0 3 2 1 1 1 1 4 2 1 1 1 1 1 1 1 0 2
Recursos humanos
18.Ausncia de pessoal qualificado para funes de I&D no mercado de emprego 19.Fraca qualificao dos recursos humanos da empresa 20.Idade dos trabalhadores 21.Desmotivao dos trabalhadores 1 3 4 3 1 1 1 1 1 3 1
167
Pontos fortes
Domnio da tecnologia Notoriedade da marca Dimenso da empresa Dimenso da rede de distribuio Outros
N de empresas
3 5 3 2 2
=
4 2 3 2
>
1 3 2 2
N de empresas
4 4 5 4
168
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1 - A estratgia tecnolgica e de inovao: um processo evolutivo
Envolvente Externa
Mecanismos geradores de Regime Competitivo
selectividade
Contexto Organizacional
Mecanismos geradores de
diversidade
Envolvente Interna
169
A curva S
Limite Fsico H medida que nos aproximamos Dos limites naturais tem-se ganhos marginais reduzidos
Performance
Estando encontrada uma soluo (poder ser o design dominante) O progresso muito mais rpido
Esforo
Inovao no processo
tempo
No incio:
A inovao centra-se em conceitos-produto Pode ser conduzida por pequenas empresas essencialmente exploratria Concorrncia assenta em funcionalidades: e estratgias de diferenciao.
Fig. 5 - A ligao ao mercado depende do tipo de tecnologia-mercado: Novidade Tecnolgica Tecnolgicos Complexos
Diferenciados
Concorrer em Qualidade. Funcionalidade Atributos QFD
Arquitecturais
Combinar tecnologias Concorrer em novos segmentos
170
Maioria atrasada
As diferentes categorias de utilizadores dependem de facotres como: Status social e econmico, recursos, afinidades com risco, conhecimento/interesse pelas tecnologias, produtos relacionados, etc
10% 12%
5% 4%
69%
171
Pecuria
Piscicultura
Agricultura
Biotecnologia
Ambiente
Alimentos fortificados
1994
105 m M Euros
15%
38% EUA Unio Europeia Japo Resto do Mundo 31%
145 m M Euros
16% 15%
21%
172
Abate de animais, preparao e conservao de carne e de produtos base de carne Indstria transformadora da pesca e da aquacultura Indstria de conservao de frutos e de produtos hortcolas Produo de leos e gorduras animais e vegetais Indstria de lacticnios Transformao de cereais e leguminosas; fabricao de amidos, fculas e de produtos afins Fabricao de produtos compostos para animais Fabricao de outros produtos alimentares Indstria das bebidas
Fonte: Eurostat
Amrica do Norte Amrica Latina Europa Ocidental Europa Central e de Leste frica Mdio Oriente sia 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Nota: Percentagens referentes a 1994; Fonte: FAO
Importaes Exportaes
21
173
Resto do Mundo 66% 12% EUA Brasil 8% 4% 4% 6% Argentina Noruega Nova Zelndia
Resto do Mundo 59% 16% EUA Federao Russa 8% 3% 6% 8% Japo Sua Polnia
174
100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% UE
Fonte: Agrodata
1994 1974
EUA
Japo
Outros
N de trabalhadores
23,3%
1 a 9 empregados 10 a 20 empregados
47,1% 12,0%
175
R A R al ou ro R
Ta go l U ni ce r So gr Ta ap te e A ca re Fr s om ag er ie s
ne om pa Lo l ng a Vi da
La ct og al N es tl Ta ba qu ei ra
50 40 30 20 10 0
Ta go l Un ic er So g Ta ra pe te A c a re Fr s om ag er ie s Da no ne Co m pa Lo l ng a Vi da La ct og al Ne st l Ta ba qu ei ra
-10
Produtividade (VAB/trabalhador) Milhares de euros 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
La ct og al Ne st l Ta ba qu ei ra ra pe A c ar Fr es om ag er ie s R Va lo ur o Li si av es No va de lta Si ca sa l Pr ol ei te Pa nr ic o a Da no ne Ta go l Un ic er m pa l Fi m Vi da ro s Ag RA
Lo ng
So g
Co
22
500 Maiores & Melhores, Exame Edio Especial 2006. Fonte: Exame, 2006
Ra es
Ta te
Ra es
Va lo ur o Li si av es No va de lta Si ca sa l Pr ol ei te Pa nr ic o
Fi m
ro s
Ag
RA
a e s
Li si av es N ov ad el ta Si ca sa l Pr ol ei te Pa nr ic o
Fi m a
gr os A
an o
176
microrganismos explorados para fins comerciais. A sua vantagem vem, em larga medida, da capacidade de certas leveduras conseguirem fermentar rapidamente acares produzindo etanol e dixido de carbono. As leveduras tm sido utilizadas durante sculos na panificao e na produo de bebidas alcolicas, sendo actualmente de grande importncia industrial e econmica. Contudo as leveduras podem tambm causar a deteriorao dos alimentos. Na ltima dcada tem-se verificado o aumento do nvel de deteriorao de alimentos devido proliferao de leveduras na indstria alimentar e de bebidas. As exigncias dos consumidores para processos de conservao de alimentos mais suaves (menos sal, acar,
177
178
desenvolvimento
produtos
diagnstico.
Adicionalmente, foi iniciado o processo de implementao de um sistema de gesto da qualidade e de acreditao de vrias tcnicas de ensaio. A linha de investigao da BIOPREMIER baseia-se no desenvolvimento de novos mtodos de diagnstico com uma forte dinmica na sua fiabilidade e celeridade. A BIOPREMIER AGRO-ALIMENTAR desenvolve mtodos de deteco para e
microorganismos contaminantes
identificaes de espcies de carnes/peixes. Os servios prestados na rea alimentar so, identificao de organismos (microrganismos, espcies
179
fundamental, para o seu desenvolvimento e consolidao estrutural, a procura constante de mecanismos e solues diferenciadoras, promovendo o investimento no desenvolvimento de novos servios e produtos com valor acrescentado para os seus parceiros e clientes. Os principais objectivos da empresa so, a dinamizao e inovao de servios e produtos potenciando os ndices de negcio das empresas, o apoio na valorizao do tecido empresarial nacional e europeu, a reorganizao e simplificao de metodologias aplicveis ao sector alimentar e laboratorial, a
180
garantindo deste modo a qualidade, rigor e actualizao permanente dos seus contedos. O Labset um portal especializado na divulgao e comrcio on-line de consumveis, equipamentos e servios aplicados Qualidade e Segurana Alimentar e a Laboratrios, pensando na comodidade dos seus clientes. No Labset, investe o seu tempo no estudo e avaliao rigorosa junto dos mercados, nacional e internacional, das solues que permitam aos clientes ter acesso rpido aos melhores produtos, aos melhores preos. Apostam em prestar um servio de qualidade e personalizado aos seus clientes, disponvel 24 horas por dia. Apostar na compra Labset ter a garantia de usufruir de mais de trs anos de experincia com provas dadas de sucesso. O sucesso Labset a satisfao e fidelizao dos seus clientes. Finalmente, a empresa emprega 10 trabalhadores, com 20% do seu pessoal dedicado a actividades de I&D e gasta mais de 25% do seu turnover (2005) em despesas de I&D.
181
Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal 4. Biotempo Lda. Biotechnology Consulting
A Biotempo foi fundada em 2002 com o objectivo de oferecer servios de engenharia de bio processos e produtos inovadores no campo da indstria biotecnolgica e est actualmente sedeada em Braga. A integrao de Portugal no espao econmico da Unio Europeia despertou a competitividade do tecido empresarial, tendo alguns sectores de actividade conseguido singrar num quadro de mudana permanente e de intensificao do ritmo a que tais mudanas se processam. Porm, na rea da biotecnologia, Portugal regista ainda um atraso significativo em relao aos seus pares europeus, principalmente devido a uma lacuna de empresas de base tecnolgica que, trabalhando em conjunto com as indstrias do sector, possam estabelecer uma ligao entre a capacidade de investigao e a capacidade empresarial. neste contexto que surge a Biotempo, constituda por duas unidades de interveno - a Unidade de Biotecnologia Alimentar e Farmacutica e a Unidade de Biotecnologia Ambiental - por forma a dar resposta s necessidades do mercado portugus, ao nvel da prestao de servios.
A teoria da gravidade de Newton baseia-se no princpio da reciprocidade: toda a aco tem uma reaco proporcional. Desta forma natural, a Biotempo entende que cada situao requerer uma abordagem singular, que considere uma anlise altura das circunstncias, aproveitando os recursos existentes de maneira que se atinja uma soluo efectiva. Entende que, para que cada um dos seus projectos tenha sucesso, desde a primeira etapa de anlise at s etapas finais de implementao e acompanhamento, deve ser regido por uma poltica de qualidade e transparncia para com os clientes. Desta forma, estabelece polticas de confidencialidade para proteger at ao ltimo detalhe da informao que mantm dos seus clientes: dados tcnicos, pessoais e financeiros. A Biotempo estabelece standards internos para cada um dos projectos que leva a cabo: desde o primeiro at o ltimo momento de contacto com o cliente. A Unidade de Biotecnologia
182
183
modificadas para a produo de carotenides. Isto permite BioTrend oferecer um produto natural com todas as caractersticas tecnolgicas e funcionais requeridas para a sua utilizao. A BioTrend est a desenvolver novos corantes. O Licopeno e a cantaxantina sero as prximas molculas disponveis pela empresa. Finalmente, importa referir que a empresa emprega 4 trabalhadores, com 75% do seu pessoal dedicado a actividades de I&D e gasta mais de 100% do seu turnover (2005) em despesas de I&D.
184
7. FOODMETRIC, SA
A Foodmetric uma empresa de base tecnolgica, estabelecida em 2006 e sedeada no campo universitrio de Santiago em Aveiro que fornece solues para a indstria alimentar e bebidas, implementando mtodos rpidos e fiveis nas determinaes laboratoriais substituindo os mtodos convencionais utilizando instrumentos
analticos. A inovao o principal fio condutor da empresa uma vez que permite o desenvolvimento de produtos e servios inovadores. Assim, tm sido estabelecidas algumas ligaes com universidades e centros tecnolgicos de investigao a fim de permitir o acesso ao estado-de-arte das novas tecnologias. A empresa emprega 6 pessoas, sendo que 50% esto envolvidas em actividades de I&D. A empresa gasta mais de 20% do seu volume de negcios (turnover, 2005) em actividades de I&D.
rastreabilidade) e na explorao de resduos da indstria alimentar para a produo de produtos de valor acrescentado. Cerca de 30% dos trabalhadores esto envolvidos em actividade de I&D e a empresa gasta mais de 50% do seu turnover (2005) em gastos de I&D.
185
186
ANEXOS 2
Guio de entrevista dos estudos de caso Apresentao sumria das empresas participantes neste estudo
187
Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal Guio de Entrevista I. IDENTIFICAO DA EMPRESA
Designao: Ano de fundao / inicio de actividade: Concelho da Sede: Empresa privada de capitais nacionais? (S/N) Empresa privada de capitais estrangeiros? (S/N) Empresa integra um grupo econmico? (S/N) Empresa detm participaes noutras empresas do sector? (S/N) A empresa possui uma unidade de produo (fbrica)? (S/N) Nmero de colaboradores: Mdia etria:
II.1. GERAL
1. Tendo em conta as principais alteraes da envolvente da empresa, concretamente: Intensa competio internacional (com a introduo no mercado de um nmero invulgar de novos produtos); Alteraes abruptas do preo das principais matrias-primas; Exploso das marcas prprias; Aumento do poder negocial da grande distribuio; Preocupao dos consumidores por estilos de vida mais saudveis; Em geral, qual tem sido a resposta da empresa? Como que estas situaes apresentam riscos e/ou oportunidades comerciais para a empresa? 2. Quais so as principais fraquezas ou debilidades que encontra no sector industrial alimentar nacional? Quais so os seus pontos fortes? 3. Ao nvel das polticas pblicas, considera o nvel de impostos superior e as exigncias administrativas e burocrticas no licenciamento da actividade como uma forte barreira entrada? Outras medidas pblicas? 4.Investimentos tangveis (FBCF Formao Bruta de Capital Fixo) - nos ltimos 5 anos a empresa melhorou as suas instalaes e/ou investiu nos seus equipamentos? (S/N) Quais as reas melhoradas (rea fabril - instalaes ou processos, controlo de qualidade, escritrios, armazm, distribuio)?
188
189
190
191
II.4. Co-evoluo do Mercado (relao estreita entre a natureza da tecnologia, produto e mercado)
20. Como que a empresa analisa as necessidades do mercado ou como que processa os estmulos da sua envolvente? (atravs de informao da fora de Vendas, do Marketing, Customer Service, etc. ) 21. Quais so os pontos fortes da empresa em relao ao mercado? Domnio da tecnologia Notoriedade da marca Dimenso da empresa Dimenso da rede de distribuio Outros 22. Tendo em conta a matriz bidimensional (Novidade tecnolgica versus Novo para o mercado) que define quatro tipo de produtos de acordo com o quadrante considerado, qual o tipo de produtos que a empresa coloca no mercado? Diferenciados (tecnologia e mercado ambos maduros) Tecnolgicos (mesmas aplicaes com nova tecnologia) Arquitecturais (tecnologias existentes usadas para criar produtos inovadores) Complexos (tecnologias e mercados inovadores)
192
193
III. BIOTECNOLOGIA
1. Reconhece a importncia que a biotecnologia poder ter para alavancar a inovao no sector? 2. Acha que o mercado da biotecnologia influencia o desenvolvimento da tecnologia (trajectria tecnolgica) da empresa? 3. O mercado dos produtos funcionais constitui um estmulo inovao tecnolgica? Sero os alimentos funcionais importantes na estratgia da empresa como factor de motivao para a empresa inovar? 4. Quais as tecnologias/produtos/processos ou servios que a empresa desenvolveu ou vai desenvolver na rea da biotecnologia?
194
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Inovao, Tecnologia e Competitividade na Indstria Alimentar em Portugal Apresentao das empresas participantes no estudo
Designao: Nestl Portugal, SA Ano de fundao / inicio de actividade: 1923 Concelho da Sede: Oeiras (Linda-a-Velha) Nmero de colaboradores (2006): 1523 (2007): 1529 Mdia etria: 35 anos
Em 1923, o Professor Egas Moniz (Prmio Nobel da Medicina em 1949) foi um dos principais impulsionadores da fundao da Sociedade de Produtos Lcteos Lda. e estabeleceu a primeira fbrica de leite em p do Pas em Santa Maria de Avanca, Estarreja. Seguidor do trabalho desenvolvido por Henry Nestl, contribuiu, atravs desta unidade fabril, para a diminuio das graves deficincias nutricionais existentes na altura. A introduo de diversas inovaes tecnolgicas em Portugal e a opinio extremamente favorvel dos pediatras e dietistas permitiram que a sociedade de Produtos Lcteos Lda. obtivesse, em 1933, a exclusividade do fabrico e da comercializao dos produtos Nestl. A partir daqui, no mais parou de crescer. Atravs de aquisies locais e/ou internacionais, a Nestl soube implantarse na comunidade envolvente e adequar os seus produtos aos gostos locais, oferecendo o melhor da nutrio aos seus consumidores em todas as etapas da sua vida. Tal como no resto do mundo, a Nestl Portugal constri o seu
desenvolvimento com base em quatro pilares estratgicos, fundamentais para a constante evoluo: Eficincia operacional; Inovao e Renovao; Comunicao com o Consumidor; Disponibilidade dos seus produtos. Estes pilares esto presentes em todas as actividades desde a aquisio de matrias-primas at aos Clientes e Consumidores com a finalidade de aliar a qualidade segurana, a complexidade eficincia e o crescimento do negcio rentabilidade. A Nestl baseia-se na fora das suas marcas. Globais, regionais ou locais so, na sua maioria lderes de categoria, oferecendo uma gama bastante alargada de produtos
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Designao: SCC Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, S.A. Ano de fundao / inicio de actividade: 1934 Concelho da Sede: Vila Franca de Xira Nmero de colaboradores: 740 Mdia etria: 41,5
A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas foi fundada, em 1934, por quatro das mais antigas e prestigiadas cervejeiras portuguesas, tendo a marca de cerveja "Sagres" nascido em 1940, como cerveja de prestgio, criada por ocasio da Exposio do Mundo Portugus, realizada em Maio daquele ano. Em Junho de 1968 inaugurada a fbrica de Vialonga, considerada, na altura, a mais moderna fbrica de cerveja da Europa e, ainda hoje, a maior fbrica do sector em Portugal. O Grupo SCC Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, S.A. tem como principal actividade a produo e a comercializao de malte, cerveja e refrigerantes, possuindo a SCC trs unidades industriais, nomeadamente a de Vialonga, localizada a norte de Lisboa, e as de Luso e da Vacaria, onde so captadas as guas minerais e de nascente Luso e Cruzeiro. na fbrica de Vialonga que so produzidas e engarrafadas as marcas de cerveja Sagres e as suas variantes, com e sem lcool, bem como outras especficas, destinadas a clientes e mercados de exportao. Em Portugal, a SCC representa ainda marcas internacionais de cerveja como a Heineken, Bud, Guinness, Foster's e John Smith's, bem como a gama de refrigerantes da marca Schweppes.
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reconhecer externamente a capacidade e competncia por parte da Empresa na implementao constante das melhores e mais adequadas prticas de gesto ambiental, a utilizao das melhores tecnologias disponveis, economicamente viveis, e a melhoria contnua a nvel de processos e comportamentos.
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A Iofil, Produtora de Iogurtes S.A., fundada em 1979 pela famlia Gomes Filipe em Castelo Branco e detentora de uma posio de destaque no mercado dos iogurtes, est nas origens da Danone em Portugal. Em 1989, a Danone S.A. concretiza a compra de 70% da Iofil. Lana em Portugal a marca Danone em Junho de 1990, detendo uma quota de mercado de 15%, metade da quota do lder (29%). A empresa implementa, ento, um projecto estratgico a longo prazo, destinado ampliao e modernizao da fbrica de Castelo Branco e ao desenvolvimento dos seus colaboradores. Em 1991, a empresa aposta numa politica de lanamento de novos produtos, e realiza um aumento do capital social passando a Danone, S.A. a deter 85% do capital social da empresa. Em 1994, fruto da sua estratgia a Danone alcana a liderana do mercado, a qual tem sido reforada at aos valores actuais. Dois anos mais tarde a empresa altera a denominao social para a Danone Portugal, S.A. Em 2001, a Danone Portugal definiu a sua misso Melhorar a sade e nutrio das famlias portuguesas, optimizando a sua alimentao atravs da descoberta do Iogurte, liderando a oferta de produtos inovadores que conciliem sade e prazer permitindo o desenvolvimento da empresa bem como dos seus colaboradores. Qualidade, Segurana Alimentar e o Respeito pelo Ambiente, so responsabilidades totalmente assumidas pela Danone Portugal, e, que visam, que o consumidor Danone associe os produtos, marcas, a imagem e o nome Danone, a uma empresa de confiana, que tem a capacidade de oferecer produtos saudveis, de elevada qualidade, sendo simultaneamente uma empresa responsvel que tem em conta os colaboradores, o ambiente, e o meio onde est inserida. A opo pela
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Designao: Cerealis, Produtos Alimentares, S.A. Ano de fundao / inicio de actividade: 1919 Concelho da Sede: Maia Nmero de colaboradores: 321 Mdia etria: 42 Quota de mercado (valor): 80%
Sob a designao social de AMORIM, LAGE, LDA., fundada em 8 de Fevereiro de 1919 por Jos Alves de Amorim e Manuel Gonalves Lage, esta empresa, de raiz eminentemente familiar, iniciou a sua actividade na indstria de moagem de trigo produzindo farinhas de trigo para panificao, em moderna unidade industrial instalada em guas Santas - Maia, com as mais recentes mquinas e diagrama de fabrico. Atravs desta ligao, cessava a actividade moageira da famlia Lage, que nos chamados Moinhos da Lage produzia farinhas h mais de 50 anos. Farinhas estas vendidas na antiga Praa de Santa Teresa - hoje Praa Guilherme Fernandes onde se localizavam os negociantes de farinhas que a faziam as transaces de cereais e farinhas. inaugurada a primeira unidade industrial da empresa a "Moagem de Trigo Paradense". A CEREALIS SGPS, S.A. gere as participaes sociais do GRUPO CEREALIS, prestando-lhe, entre outros servios, apoio nas reas
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nomeadamente
alimentcias,
bolachas,
pequeno-almoo,
farinhas para usos culinrios e produtos refrigerados. A origem da empresa remonta ao ano de 1849, fundada sob a designao social de Nacional Companhia Industrial de Transformao de Cereais. Em 2005, a Nacional passa a designar-se CEREALIS PRODUTOS ALIMENTARES. A Milaneza e a Nacional so as principais marcas da empresa, sendo referncias incontestveis nos mercados onde esto presentes. A CEREALIS MOAGENS, S.A. empresa vocacionada para a produo e comercializao de farinhas de trigo e centeio. A CEREALIS
INTERNACIONAL Comrcio de Cereais e Derivados, S.A. a trading que assegura a compra de cereais para a sua transformao nas empresas do Grupo e a exportao dos seus produtos. Atenta s necessidades e expectativas dos consumidores, a Cerealis aposta no desenvolvimento de produtos, que derivam da transformao de cereais, especialmente de trigo e centeio. A experincia, o saber e a tradio concedem Cerealis as qualidades e caractersticas necessrias, que a tornam lder do sector agro-alimentar em Portugal. A empresa procura por isso, responder s exigncias de qualidade do consumidor, atravs das suas marcas, disponibilizando produtos de qualidade e ptimo sabor: massas alimentcias, pizzas, refeies preparadas, cereais de pequeno-almoo, bolachas e farinhas para uso culinrio e industrial. Marcas e produtos inovadores, presentes em praticamente todo o mundo, que proporcionam uma alimentao saudvel, sendo as seguintes: A Milaneza procura responder s exigncias de qualidade do consumidor, oferecendo uma enorme variedade de produtos nos segmentos das massas secas e frescas, pizzas e refeies preparadas. A Nacional uma marca que, pelo seu valioso patrimnio histrico tem acompanhado a evoluo dos estilos de vida e hbitos dos portugueses, sempre atenta s suas necessidades e expectativas. Actualmente a
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Designao: Fima / VG Ano de fundao / inicio de actividade: 1945 Concelho da Sede: Lisboa Nmero de colaboradores: 570 (ano 2006) Mdia etria: 41,7 Quota de mercado (valor): 80%
A empresa FIMA, ento com a designao de Fbrica Imperial de Margarinas integrada no Grupo Jernimo Martins, arranca em 1945 com uma pequena fbrica de produo de margarinas em Sacavm. Aps um grande incndio que destruiu completamente a fbrica, em 1949, uma nova unidade foi construda no mesmo local, tendo reiniciado a sua produo em 1951, dispondo de equipamento tecnologicamente mais avanado. Com a evoluo de margarinas estava em constante evoluo tecnolgica, o Grupo Jernimo Martins cedeu 40% do capital da FIMA Unilever (1952), grupo detentor de tecnologia e de conhecimentos tcnicos mais avanados nesta rea. Registou-se, assim, um acrscimo de qualidade e de mercado. A capacidade instalada revelou-se insuficiente para a cobertura integral das necessidades, o que conduziu transferncia da fbrica em meados de 1967 para as novas instalaes em Santa Iria de Azia, local onde ainda se encontra. Em 1971 foram efectuados investimentos numa unidade de moldao e impresso das embalagens plsticas utilizadas nas margarinas, localizada junto da produo. Em 1988, a empresa sentiu necessidade de alargar a sua rea de actuao a outros produtos alimentares, no mbito de uma politica de diversificao que conduziu modificao da sua prpria designao para FIMA Produtos Alimentares. A partir
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