Apostila - Capacidade de Carga Axial de Estacas

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Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Captulo 4 CAPACIDADE DE CARGA AXIAL DE ESTACAS 4.1 Generalidades Um dos requisitos bsicos de um projeto de fundaes que seja assegurada a estabilidade no apenas do terreno de suporte, mas tambm do prprio elemento estrutural. Quando uma estaca isolada sujeita a um carregamento axial, o sistema soloestaca reage mobilizando resistncia, re-estabelecendo a condio de equilbrio do sistema. A cada estgio do carregamento corresponde um determinado recalque (Fig. 4.1).

Vn V2 V1 Si
x x x x

. .

Vi

Vrup

S1

S2 Sn S

Fig. 4.1: Curva Carga-Recalque de uma Estaca.

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H, no entanto, um determinado valor de carga aplicada, onde atingida a mxima resistncia disponvel do conjunto solo-estaca. Este valor denominado de capacidade de carga da estaca (Vrup). Como foi visto no Captulo 3, a carga de trabalho da estaca deve ser inferior a sua capacidade de carga (Vadm < Vrup). Portanto, o desenvolvimento de um projeto de fundaes em estacas requer necessariamente uma estimativa da sua capacidade de carga. 4.2 Parcelas de Resistncia Ao contrrio das fundaes superficiais, que transferem o carregamento axial ao terreno apenas pela base do elemento estrutural (sapata, radier, etc), as estacas tambm mobilizam resistncia atravs do atrito e/ou aderncia entre a sua superfcie lateral e o solo circundante. Tem-se, ento, uma parcela de resistncia por ponta ou base (Rp), e outra de resistncia lateral (Rl), como mostrado esquematicamente na Figura 4.2.
Vrup = Rl + Rp Vrup = Rl + Rp

Rl

Rl

Rp Rp
ESTACA PR-MOLDADA ESTACA MOLDADA IN LOCO

Fig. 4.2: Parcelas de Resistncia da Estaca.

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No estado limite de ruptura da estaca, tem-se:

VRUP = RL + RP

(4.1)

Ao rigor, a Equao 4.1 deveria tambm levar em considerao o peso da estaca, mas normalmente esta parcela desprezada. A grandeza das parcelas de resistncia depende do tipo de terreno, bem como do tipo de estaca. Por exemplo, o atrito lateral unitrio das estacas escavadas menor que o das estacas cravadas, j que no primeiro caso h uma descompresso do terreno e, conseqentemente, uma diminuio das presses laterais atuantes na estaca. Em funo das parcelas de resistncia, as estacas podem ser classificadas em dois tipos (Fig. 4.3): Estacas de Ponta: so aquelas em que a resistncia lateral desprezvel (Vrup Rp). A sua capacidade de carga governada pela ruptura do elemento estrutural (concreto, ao, etc). Um exemplo so as estacas curtas assentes em rocha resistente. Estacas Flutuantes: so aquelas em que a resistncia por ponta desprezvel (Vrup Rl). A sua capacidade de carga governada pela ruptura do solo. Um exemplo so as estacas longas com ponta em argila mole.
Vrup = Rp Vrup = Rl

CAMADA FRACA

Rl = 0

CAMADA RESISTENTE

Rl

CAMADA RESISTENTE

Rp

CAMADA FRACA

Rp = 0

ESTACA DE PONTA

ESTACA FLUTUANTE

Fig. 4.3: Classificao das Estacas.

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Um aspecto relevante que a mobilizao das parcelas de resistncia no ocorre de maneira simultnea (Fig. 4.4). Observa-se que a resistncia lateral totalmente mobilizada para pequenos recalques, tipicamente da ordem de 0,25 a 1,0 % do dimetro ou lado da estaca. J a parcela de ponta s totalmente mobilizada para recalques de 10 a 30 % do dimetro (estacas cravadas e escavadas, respectivamente). Isto faz com que as estacas escavadas devam ser projetadas com carga de trabalho da ordem da sua resistncia lateral, pois a mobilizao da parcela de ponta exige recalques de grande magnitude, que podem causar danos edificao. A Norma NBR-6122/96, por exemplo, recomenda que para este tipo de estaca pelo menos 80 % da carga de trabalho seja transferida ao terreno por atrito e/ou aderncia lateral.

Rl
0,25 a 1%

Rp

Vrup

10 a 30 %

S/D

ATRITO

PONTA

TOTAL

Fig. 4.4: Mobilizao da Resistncia da Estaca.

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4.3 Mtodos para Estimativa da Capacidade de Carga Pode-se dizer que h quatro diferentes mtodos para o clculo da capacidade de carga de uma estaca, como mostra a Tabela 4.1. Neste captulo, sero descritos e discutidos apenas os mtodos semi-empricos baseados em correlaes com o ensaio SPT, tendo em vista a sua grande aplicao em projetos de edificaes. Tabela 4.1: Mtodos para Estimativa da Capacidade de Carga
TIPO DE MTODO Mtodos Tericos CARACTERSTICAS -Baseados na Teoria da Capacidade de Carga proposta por Terzaghi (1943). -Pouco usados na prtica de projetos. -Baseados na interpretao da cravao da estaca, atravs da teoria do choque de corpos rgidos, ou equao unidimensional da onda. -Normalmente so usados no controle de execuo das estacas, e no na fase de projeto. -Consistem na aplicao de carregamento estaca, e medio dos recalques, obtendo-se a sua curva cargarecalque. Normalmente so usados no controle de execuo das estacas, e no na fase de projeto. -Baseados em correlaes com ensaios de campo (SPT, CPT, piezocone, etc). So os mais usados na prtica, na fase de projeto. VANTAGENS DESVANTAGENS -So consistentes do -Necessitam de vrios ponto de vista parmetros geotcmatemtico. nicos, que so normalmente obtidos atravs de ensaios de campo e laboratrio. -Podem ser usados -So vlidos apenas em todas as estacas para estacas cravadas da obra. (pr-moldadas ou tipo -So facilmente Franki). implementados. -Possuem vrias limitaes de interpretao (ex: efeito do tempo). - o ensaio que mais se aproxima da real situao de carregamento da maioria das obras (ex: edificaes). -Pode ser realizado em qualquer tipo de estaca. - um ensaio caro e demorado. -A representatividade dos resultados de alguns poucos ensaios questionvel em relao ao restante do estaqueamento.

Mtodos Baseados na Cravao da Estaca

Provas de Carga Esttica

Mtodos Semi-Empricos

-Simples de serem -Dependem da prtica implementados. local. -Podem apresentar uma razovel disperso, dependendo do terreno.

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4.4 Mtodos Semi-Empricos Como j foi visto na Equao 4.1, a capacidade de carga de uma estaca pode ser representada pela soma da sua resistncia por ponta e lateral. Estas parcelas podem ser representadas por:

RL = AL rL = U L rL
RP = AP rP
Onde: AL = rea lateral da estaca. rL = atrito lateral unitrio [F.L-2]. U = permetro da seo transversal da estaca. L = comprimento enterrado da estaca. AP = rea da ponta da estaca. rP = resistncia de ponta unitria [F.L-2].

(4.2) (4.3)

Na realidade, os mtodos semi-empricos apresentam correlaes entre os valores de rL e rP , e resultados de ensaios de campo. Para fins de clculo de capacidade de carga, a rea da ponta de estacas prmoldadas de concreto vazadas aquela corresponde seo plena, visto que o solo adere fortemente ao interior da estaca, trabalhando como se fosse uma seo macia (Fig. 4.5). No caso das estacas metlicas, a rea de ponta aquela correspondente seo envolvente, e a rea lateral a resultante do contato das faces do perfil com o solo (Fig. 4.6).
Acon Ap

Acon

Ap

Acon < Ap

Fig. 4.5: rea da Ponta em Estacas Pr-moldadas Vazadas.

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Ap

Ap

Aao

Aao

Ap > Aao
U

Ap > Aao

PERFIL TIPO TRILHO

PERFIL LAMINADO

Fig. 4.6: rea de Ponta e Lateral em Estacas Metlicas. J no caso das estacas tipo Franki, a rea de ponta calculada a partir do dimetro equivalente da base, que pode ser obtido igualando-se o volume da base a uma esfera equivalente, como foi mostrado no Captulo 2. A seguir so apresentados alguns mtodos baseados em ensaios SPT. Ressalta-se que todos estes mtodos foram desenvolvidos a partir de retroanlises de provas de carga, ou seja, devem ser aplicados apenas aos tipos de estacas previstos pelos mtodos. A Tabela 4.2 apresenta a aplicabilidade de tais mtodos. 4.4.1 Mtodo de Aoki-Velloso (1975) e Aoki-Velloso Modificado (1988) Este mtodo foi originalmente desenvolvido baseado em correlaes com o ensaio de cone. Como na maioria dos projetos a nica informao geotcnica disponvel so as sondagens a percusso (SPT), os autores tambm apresentaram correlaes entre resultados dos ensaios de CPT e SPT. Laprovtera (1988) atualizou o banco de dados que serviu de desenvolvimento ao mtodo, e props algumas alteraes nos fatores de correlao. Segundo os autores, os valores de rL e rP dependem do tipo de solo, resistncia a penetrao (NSPT) e tipo de estaca (Fig. 4.7).

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Tabela 4.2: Aplicabilidade dos Mtodos Semi-Empricos.


MTODO Aoki-Velloso (1975) Aoki-Velloso Modif. (1988) DcourtQuaresma (1978) Dcourt (1996) Cabral (1986) BRASFOND (1991) Antunes-Cabral (1996) Alonso (1996) Marques (1997) PRMOLDADA X X X X -----TIPO DE ESTACA TIPO ESCAVADA RAIZ FRANKI X X -X X X -----X X X ----X --X X X ---HLICE CONTNUA ---X --X X --

Vrup N SPT
1 2

Rl 1 Rl 2 Rl i Rl n Rp
PROF.

N1 N2

Fig. 4.7: Caractersticas do Mtodo de Aoki-Velloso (1975).

.. .

. .

Li

Ni Nn

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Resistncia por Atrito Lateral

RL = RL , i
1

(4.4)

RL,i = AL,i rL,i = U Li rL,i

(4.5)

rL,i =
Onde:

( i Ki Ni )
F2
(4.6) ALi = rea lateral da estaca na camada i. i, Ki = coeficientes de correlao, que dependem do tipo solo (Tabela 4.3). Ni = mdia aritmtica do NSPT na camada i. F2 = fator de escala e execuo, que depende do tipo de estaca (Tabela 4.4).

Resistncia por Ponta

R p = A p rp

(4.7)

rp

( Kp Np) =
F1

(4.8)

Onde:

Ap = rea da ponta da estaca. Kp = coeficiente de correlao do solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.3). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo. F1 = fator de escala e execuo, que depende do tipo de estaca (Tabela 4.4).

Carga Admissvel

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Vadm =
Onde:

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.9)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural. AOKI-VELLOSO MODIFICADO (1988) K (kPa) (%) 1,4 600 1,9 530 3,0 530 3,0 480 3,0 480 3,4 300 6,0 250 4,0 480 5,5 250

Tabela 4.3: Coeficientes de Correlao. TIPO AOKI-VELLOSO DE (1975) SOLO K (kPa) (%) Areia 1,4 1000 Areia Siltosa 2,0 800 Areia Argilosa 3,0 600 Silte 3,0 400 Silte Arenoso 2,2 550 Silte Argiloso 3,4 230 Argila 6,0 200 Argila Arenosa 2,4 350 Argila Siltosa 4,0 220 Tabela 4.4: Fatores de Escala e Execuo. TIPO AOKI-VELLOSO DE (1975) ESTACA F1 F2 Franki 2,50 5,00 Metlica 1,75 3,50 Pr-Moldada 1,75 3,50 (D 0,6 m) Pr-Moldada (D > 0,6 m) ----Escavadas 3,00 6,00 (D 0,6 m) Escavadas (D > 0,6 m) 3,00 6,00 Strauss ----4.4.2 Mtodo de Dcourt-Quaresma (1978)

AOKI-VELLOSO MODIFICADO (1988) F1 F2 2,50 2,00 1,70 3,00 1,90 2,50 --6,10 4,20 1,40 1,40 --5,20 3,80

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Trata-se de um mtodo baseado em correlaes com o ensaio SPT, e originalmente desenvolvido para estacas pr-moldadas (concreto e metlicas), mas que pode ser estendido para estacas tipo Franki e escavadas. Segundo os autores, o valor de rL depende apenas da resistncia a penetrao (NSPT), enquanto o valor de rP depende tambm do tipo de solo (Fig. 4.8). Resistncia por Atrito Lateral

RL = AL rL = U L rL
rL = 3,33 N + 10 (kPa )
Onde:

(4.10) (4.11)

AL = rea lateral da estaca. N = mdia aritmtica do NSPT ao longo do comprimento da estaca, tomando-se o valor de 3 para NSPT menor que 3, e de 15 para NSPT maior que 15.

Obs.: Por este mtodo, os valores mximo e mnimo do atrito lateral so 20 e 60 kPa, respectivamente. Resistncia por Ponta

R p = A p rp
rp = K p N p
Onde:

(4.12) (4.13)

Ap = rea da ponta da estaca. Kp = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.5). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo.

Carga Admissvel

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Vadm =
Onde:

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.14)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

Vrup N SPT
1 2

. .
n

Rl

Rp

PROF.

Fig. 4.8: Caractersticas do Mtodo de Dcourt-Quaresma (1978). Tabela 4.5: Coeficientes de Correlao. TIPO DE SOLO Argilas Siltes Argilosos* Siltes Arenosos* Areias * Solos residuais 4.4.3 Mtodo de Dcourt (1996)

Kp (kPa) 120 200 250 400

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O mtodo proposto por Dcourt e Quaresma (1978) previa as estacas prmoldadas como o seu tipo padro. Posteriormente, Dcourt (1996) introduziu no mtodo coeficientes de ponderao (, ) no clculo das resistncias por ponta e lateral, com o objetivo de serem considerados outros tipos de estacas. A metodologia, no entanto, permanece praticamente a mesma, com exceo do limite superior do NSPT para o clculo do atrito lateral unitrio, que passou de 15 para 50, o que corresponde a um atrito unitrio mximo de 177 kPa. Resistncia por Atrito Lateral

RL = ( AL rL ) = (U L rL )
rL = 3,33 N + 10 (kPa )
Onde:

(4.15) (4.16)

N = mdia aritmtica do NSPT ao longo do comprimento da estaca, tomando-se o valor de 3 para NSPT menor que 3, e de 50 para NSPT maior que 50. = coeficiente de ponderao (Tabela 4.6).

Resistncia por Ponta

R p = (Ap rp )
rp = K p N p
Onde: = coeficiente de ponderao (Tabela 4.6).

(4.17) (4.18)

Carga Admissvel

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Vadm =
Onde:

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.19)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.
ESCAVADA SEM LAMA 0,85 0,80 0,60 0,65 0,50 0,50 ESCAVADA COM LAMA 0,85 0,90 0,60 0,75 0,50 0,60 HLICE CONTNUA 0,30 1,00 0,30 1,00 0,30 1,00 ESTACA RAIZ 0,85 1,50 0,60 1,50 0,50 1,50 MICROESTACA 1,00 3,00 1,00 3,00 1,00 3,00

Tabela 4.6: Coeficientes de Ponderao.


TIPO DE SOLO Argilas Siltes Areias

* valores apenas orientativos, diante do reduzido nmero de dados disponveis. 4.4.4 Mtodo de Cabral (1986) Este mtodo foi originalmente desenvolvido para estacas raiz, mas tambm vem sendo utilizado em projetos de microestacas. Segundo o autor, os valores de rL e rP dependem do tipo de solo, resistncia a penetrao (NSPT) e presso de injeo. Resistncia por Atrito Lateral

RL = RL , i
1

(4.20)

RL,i = AL,i rL,i = U Li rL,i

(4.21)

rL , i = 0,1 0,i 1,i N i ( MPa) 0,2 MPa

(4.22) (4.23)

0,i = 1 + pi (0,001 D)
Onde: ALi = rea lateral da estaca na camada i.

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Ni = mdia aritmtica do NSPT ao longo da camada i. 1,i = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo da camada i (Tabela 4.7). pi = presso de injeo na camada i (MPa). D = dimetro acabado da estaca (mm). Resistncia por Ponta

R p = A p rp

(4.24)

rP = 0, p 2 N P 5MPa

(4.25) (4.26)

0, p = 1 + p p (0,001 D)
Onde:

Ap = rea da ponta da estaca. 2 = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.7). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo. pp = presso de injeo na ponta da estaca (MPa).

Tabela 4.7: Coeficientes de Correlao. TIPO DE 1 SOLO (%) Areia 7,0 Areia Siltosa 8,0 Areia Argilosa 8,0 Silte 5,0 Silte Arenoso 6,0 Silte Argiloso 3,5 Argila 5,0 Argila Arenosa 5,0 Argila Siltosa 4,0 Carga Admissvel

2 (MPa) 0,30 0,28 0,23 0,18 0,20 0,10 0,10 0,15 0,10

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Vadm =
Onde:

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.27)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

Ressalta-se que a Norma NBR-6122/96 recomenda que as estacas escavadas com injeo (raiz e microestacas), quando no penetrarem na rocha, devem ser dimensionadas levando-se em conta apenas a sua resistncia lateral. A resistncia de ponta s deve ser considerada para o caso da estaca ter um embutimento mnimo igual a 3 dimetros dentro da camada de rocha. 4.4.5 Mtodo da BRASFOND (1991) Este mtodo foi originalmente desenvolvido para estacas raiz, mas a exemplo do Mtodo de Cabral (1996), tambm vem sendo utilizado em projetos de microestacas. Segundo o mtodo, o valor de rL depende apenas da resistncia a penetrao (NSPT). J a resistncia de ponta unitria depende tambm do tipo de solo. Resistncia por Atrito Lateral

RL = AL rL = U L rL
rL = 5 N (kPa )
Onde:

(4.28) (4.29)

AL = rea lateral da estaca. N = mdia aritmtica do NSPT ao longo do comprimento da estaca, tomando-se o valor de 40 para NSPT maior que 40.

Obs.: Por este mtodo, o valor mximo do atrito lateral 200 kPa. Resistncia por Ponta

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

R p = A p rp

(4.30)

rP = p N p
Onde:

(4.31)

Ap = rea da ponta da estaca. P = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.8). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo, tomando-se o valor de 40 para NSPT maior que 40.

Carga Admissvel

Vadm =
Onde:

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.32)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

Tabela 4.8: Coeficiente de Correlao. TIPO DE SOLO Argila Siltosa Silte Argiloso Argila Arenosa Silte Arenoso Areia Argilosa Areia Siltosa Areia Areia com Pedregulhos 4.4.6 Mtodo de Antunes-Cabral (1996)

p (kPa) 80 100 120 150 180 210 270 300

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Este mtodo foi originalmente desenvolvido para estacas hlice contnua, e considera que os valores de rL e rP dependem do tipo de solo e da resistncia a penetrao (NSPT). Resistncia por Atrito Lateral

RL = RL , i
1

(4.33)

RL,i = AL,i rL,i = U Li rL,i


rLi = B1,i N i
Onde:

(4.34) (4.35)

ALi = rea lateral da estaca na camada i. Ni = mdia aritmtica do NSPT ao longo da camada i. B1,i = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo da camada i (Tabela 4.9).

Resistncia por Ponta

R p = A p rp

(4.36)

rP = B2 N p 4MPa
Onde:

(4.37)

Ap = rea da ponta da estaca. B2 = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.9). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo.

Tabela 4.9: Coeficientes de Correlao. TIPO DE B1 (kPa) SOLO

B2 (MPa)

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Areia Silte Argila Carga Admissvel

4,0 a 5,0 2,5 a 3,5 2,0 a 3,5

0,20 a 0,25 0,10 a 0,20 0,10 a 0,15

Nas estacas hlice contnua, a Norma NBR-6122/96 recomenda que pelo menos 80 % da carga de trabalho seja transferida ao terreno por atrito e/ou aderncia lateral. Neste caso a carga admissvel ser o menor dos seguintes valores:

Vadm

RL + RP = = Velem FS FS

Vrup

(4.38)

Vadm = 1,25 RL Velem


Onde:

(4.39)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

4.4.7 Mtodo de Alonso (1996) Este mtodo foi originalmente desenvolvido para estacas hlice contnua, a partir de correlaes com o ensaio SPTT (SPT com medio de torque). No caso de no serem disponveis resultados de SPTT, o autor apresenta correlaes entre os valores do torque e da resistncia a penetrao (NSPT). Resistncia por Atrito Lateral

RL = AL rL = U L rL
rL ( kPa ) = 3,52 Tmax (kgf .m) 200 kPa
Onde:

(4.40) (4.41)

Tmax = mdia aritmtica do torque mximo medido no ensaio SPTT (penetrao de 45 cm) ao longo da estaca, tomando-se os valores acima de 56 kgf.m como iguais a 56 kgf.m.

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

No caso de no ser disponvel o torque, pode-se considerar:

rL ( kPa) = 4,22 N 200 kPa


Onde:

(4.42)

N = mdia aritmtica do NSPT ao longo da estaca, tomando-se os valores acima de 47 como iguais a 47.

Resistncia por Ponta

R p = A p rp

(4.43)
( 2) + Tmin 2

rp

(T =

(1) min

)
(4.44)

Onde:

Tmin(1) = mdia aritmtica do torque mnimo no trecho 8D (oito vezes o dimetro) acima da ponta da estaca; quando o comprimento da estaca for inferior a 8D, devem ser considerados nulos os valores de Tmin acima do nvel do terreno. Tmin(2) = mdia aritmtica do torque mnimo no trecho 3D (trs vezes o dimetro) abaixo da ponta da estaca. = fator de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabela 4.10).

Obs.: Os valores de Tmin(1) e Tmin(2) superiores a 40 kgf.m devem ser adotados iguais a 40 kgf.m. Tabela 4.10: Coeficientes de Correlao. TIPO DE SOLO (kPa / kgf.m) Areia 200 Silte 150 Argila 100 No caso de no ser disponvel o torque, pode-se considerar:

Tmin ( kgf .m) = N SPT 40 kgf .m

(4.45)

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Neste caso:

rp

( N =

(1)

+ N ( 2) 2

)
(4.46)

Onde:

N(1) = mdia aritmtica do NSPT no trecho 8D (oito vezes o dimetro) acima da ponta da estaca, limitando-se os valores mximos a 40; quando o comprimento da estaca for inferior a 8D, devem ser considerados nulos os valores de NSPT acima do nvel do terreno. N(2) = mdia aritmtica do NSPT no trecho 3D (trs vezes o dimetro) abaixo da ponta da estaca, limitando-se os valores mximos a 40.

Carga Admissvel

Vadm =

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.47)

Vadm = 1,25 RL Velem


Onde:

(4.48)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

4.4.8 Mtodo de Marques (1997) Trata-se de um mtodo desenvolvido para estacas escavadas e injetadas, com base em um banco de dados de provas de carga em Aracaju, Recife e Macei. O mtodo semelhante ao proposto por Dcourt-Quaresma (1978), mudando-se apenas o coeficiente de correlao para a resistncia de ponta. A autora sugere, ainda, que o dimetro de clculo seja 30% maior que o dimetro nominal da estaca. Resistncia por Atrito Lateral

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

RL = AL rL = U L rL
rL = 3,33 N + 10 (kPa )
Onde:

(4.49) (4.50)

AL = rea lateral da estaca. N = mdia aritmtica do NSPT ao longo do comprimento da estaca, tomando-se o valor de 3 para NSPT menor que 3, e de 50 para NSPT maior que 50.

Resistncia por Ponta

R p = A p rp
rp = K p N p
Onde:

(4.51) (4.52)

Ap = rea da ponta da estaca. Kp = coeficiente de correlao, que depende do tipo de solo sob a ponta da estaca (Tabelas 4.11, 4.12 e 4.13). Np = mdia aritmtica dos valores de NSPT na ponta da estaca, e imediatamente acima e abaixo.

Tabela 4.11: Coeficientes de Correlao Solos do Perodo Quaternrio de Recife e Macei. TIPO DE Kp SOLO (kPa) Areia Fina ou Siltosa Clcica 300 Areia Siltosa 180 Argila Areno-Siltosa 160 Silte Arenoso 140 Silte 120 Areia Silto-Argilosa 120 Silte Argiloso 120 Argila 100 Tabela 4.12: Coeficientes de Correlao Solos do Perodo Quaternrio de Aracaju.

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

TIPO DE SOLO Areia Areia Siltosa ou Silte Arenoso Areia Argilosa Areia Silto-Argilosa Argila Siltosa ou Arenosa Argila ou Silte

Kp (kPa) 200 140 120 120 120 90

Tabela 4.13: Coeficientes de Correlao Solos do Perodo Tercirio de Recife, Macei e Aracaju. TIPO DE Kp SOLO (kPa) Areia Argilo-Siltosa 180 Argila Areno- Siltosa 180 Silte Argilo-Arenoso 180 Silte Argiloso 160 Argila Siltosa 160 Carga Admissvel Como se trata de uma estaca escavada, a Norma NBR-6122/96 recomenda que pelo menos 80 % da carga de trabalho seja transferida ao terreno por atrito e/ou aderncia lateral. Neste caso a carga admissvel ser o menor dos seguintes valores:

Vadm =

Vrup FS

RL + RP Velem FS

(4.53)

Vadm = 1,25 RL Velem


Onde:

(4.54)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Velem = carga admissvel de compresso do elemento estrutural.

4.5 Resistncia a Trao

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

H vrios tipos de obras de engenharia em o carregamento governado por esforos de trao, tais como torres de linhas de transmisso e de telefonia celular, fundaes de mquinas, carregamento de vento em edifcios, entre outras. Nestes casos, a exemplo do carregamento de compresso, o dimensionamento da estaca deve levar em considerao a ruptura do terreno e do elemento estrutural. A capacidade de carga a trao da estaca (Trup) pode ser expressa por (Fig. 4.9):

Trup = RL ,t + W p
Onde: Trup = capacidade de carga a trao da estaca. RL,t = resistncia lateral a trao da estaca. Wp = peso da estaca.

(4.55)

O atrito lateral unitrio a trao normalmente calculado como sendo uma frao do atrito a compresso (Equao 4.44). O valor de normalmente varia de 0,50 a 1,00. Dcourt (1996) sugere que se adote = 0,70.

rL , t = rL , c
Onde: RL,c = resistncia lateral a compresso da estaca.
Trup = Rl,t + Wp

(4.56)

Rl,t Wp

Fig. 4.9: Resistncia a Trao em uma Estaca Isolada. A trao admissvel (Tadm) pode ser calculada como:

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

Tadm =
Onde:

Trup FS

Telem

(4.57)

FS = fator de segurana global, que deve ser igual ou maior que 2. Telem = carga admissvel a trao do elemento estrutural.

4.6 Efeito de Grupo Denomina-se de efeito de grupo diferena de comportamento do bloco de estacas em relao ao da estaca isolada. Normalmente este efeito se manifesta na capacidade de carga e no recalque do bloco (Fig. 4.10), e depende de vrios fatores, tais como o tipo de estaca, parcelas de resistncia e espaamento entre estacas. A Tabela 4.14 apresenta um resumo do efeito de grupo em blocos de estacas. Os mtodos usados no clculo da capacidade de carga e recalque de grupos de estacas so normalmente baseados em resultados de ensaios de modelos reduzidos e em clculos tericos. Nos modelos reduzidos no possvel reproduzir as condies de execuo das estacas, o que faz com que seus resultados devam ser intepretados com cautela. Na prtica de projetos de estaqueamentos, geralmente o efeito de grupo s considerado no clculo dos recalques.

BULBO RESULTANTE

Fig. 4.10: Recalque de Grupo de Estacas. Tabela 4.14: Efeito de Grupo em Blocos de Estacas.

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

TIPO DE ESTACA

Flutuante

Ponta

TIPO DE SOLO AREIA ARGILA -A capacidade de carga -A capacidade de carga do grupo maior que a do grupo menor que a soma da capacidade de soma da capacidade de carga das estacas carga das estacas isoladas isoladas. para espaamentos de at -O recalque do grupo 2,5 vezes o dimetro da maior que o da estaca estaca; para maiores isolada. espaamentos, o efeito desprezvel. -O recalque do grupo maior que o da estaca isolada. -A capacidade de carga -A capacidade de carga do grupo da ordem de do grupo da ordem de grandeza da soma da grandeza da soma da capacidade de carga das capacidade de carga das estacas isoladas. estacas isoladas. -O recalque do grupo -O recalque do grupo maior que o da estaca maior que o da estaca isolada. isolada.

4.7 Atrito Negativo A mobilizao da resistncia por atrito lateral depende do movimento relativo entre o fuste da estaca e o solo circundante. Quando uma estaca carregada por compresso, h uma tendncia do movimento do fuste ser maior que o do terreno, e o atrito desenvolvido no sentido oposto ao do movimento relativo da estaca, ou seja, para cima (atrito positivo). Se, no entanto, o terreno apresentar um movimento maior que o do fuste da estaca, o movimento relativo solo-estaca para cima, e o atrito desenvolvido para baixo, ou seja, carregando a prpria estaca. Este fenmeno denominado de atrito negativo. O atrito negativo pode ocorrer em vrias situaes de engenharia, tais como aterros sobre solos moles (Fig. 4.11), depsitos de argilas parcialmente

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

adensadas, amolgamento e adensamento do solo na cravao das estacas, terrenos sujeitos a subsidncias, entre outros. A estimativa do atrito negativo depende da identificao do ponto neutro, onde o movimento relativo solo-estaca nulo (Fig. 4.12). Em estacas de ponta, o ponto neutro se situa um pouco acima do final da camada compressvel, ou seja, praticamente no h atrito positivo. J nas estacas flutuantes, apenas no trecho superior da camada compressvel h atrito negativo. No estado limite de ruptura do solo, tem-se:

Vrup + RL ,n = RL , p + R p
Onde:

(4.58)

Vrup = capacidade de carga da estaca. RL,n , RL,p = atrito lateral negativo e positivo, respectivamente. RP = resistncia por ponta da estaca.

Vrup

ATERRO ATRITO NEGATIVO ATRITO POSITIVO

ARGILA MOLE

RL,n

AREIA

RL,p

RP

Fig. 4.11: Atrito Negativo devido a Aterro sobre Solo Mole.

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas


Vrup RECALQUE

ATERRO ATRITO NEGATIVO ATRITO POSITIVO

ARGILA MOLE PONTO NEUTRO

SOLO ADJACENTE

ESTACA CAMADA RESISTENTE

Fig. 4.12: Ponto Neutro do Atrito Negativo em Estacas de Ponta. Nestes casos, a Norma NBR-6122/96 recomenda que seja considerado um fator de segurana global igual a 2 para as cargas permanentes e de 1,5 para o atrito negativo. Logo, a carga admissvel pode ser calculada por:

2 Vadm + 1,5 RL ,n = RL , p + R p
ou:

(4.59)

RL , p + R p Vadm = 0,75 RL ,n Velem 2


Onde:

(4.60)

Velem = carga admissvel a compresso do elemento estrutural.

O atrito negativo unitrio pode ser estimado a partir de mtodos semi-empricos, tais como o Aoki-Velloso (1975), Dcourt-Quaresma (1978), entre outros, segundo recomendaes de Dcourt (1996).

Captulo 4 Capacidade de Carga Axial de Estacas

4.8 Programa SACE No programa SACE, o clculo da capacidade de carga das estacas pode ser feito atravs de qualquer um dos mtodos apresentados neste captulo, e para um nmero qualquer de furos de sondagens tipo SPT. O programa requer os dados da sondagem (referncia, cota da boca, NSPT e tipo de solo a cada metro), como mostrado na Fig. 4.13; e os dados da estaca (tipo, seo, lado ou dimetro, cota de arrasamento, carga de trabalho), como mostrado na Figura 4.14.

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