Revisao e Adaptaçao Da Antena Do CT1MF

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REVISÃO E ADAPTAÇÃO DA ANTENA DO CT1MF - “MAIS FININHO”

Mário Mateus, CT1AHM. [email protected]


Página Web. http://pwp.netcabo.pt/0316988701

Recentemente em conversa com o CT1EA, o colega Macário descreveu-me uma antena


que à uns anos atrás terá gozado de muito sucesso junto dos radioamadores que operavam em
VHF.

Esta antena a que o Macário se Na vasta colecção de apontamentos


referia como a antena do “mais fininho”, era que o CT1EA possui, foi possível encontrar
descrita como de fácil execução e com uma cópia da antena descrita pelo colega
ganho. Estes dois predicados despertaram- Graça Ferreira, o CT1MF (ex CR7MA),
me interesse imediato, uma vez que andava encontrando-se esta cópia devidamente
à procura de um projecto para executar uma rubricada pelo autor (os interessados
antena para o colega Macário, porque a que podem fazer download da cópia do
ele possuía não lhe permitia trabalhar com documento, em formato pdf, directamente
segurança em VHF. Há já muito tempo que na página web
utilizava uma antena da banda do cidadão, http://pwp.netcabo.pt/0316988701).
uma “passo em frente”, a qual estaria
seguramente no cimo do telhado á mais de
20 anos, e que ele fazia funcionar em VHF
utilizando um sintonizador de antena. Dada
a sua incapacidade visual e a sua avançada
idade (80 anos), o CT1EA já não tem as
capacidades de outrora, altura em que se
destacou como técnico de electrónica, e
que, então pela sua idade, podia facilmente
subir e descer de qualquer telhado.
Tendo-me disponibilizado para a
construção e respectiva montagem de uma
antena de VHF, esta parecia reunir as
características adequadas.
Figura 1 – Antena original de CT1MF
Pela análise do esquema, verifica- evidenciando uma forte componente
se que esta antena é composta por um reactiva na impedância complexa
elemento superior, com um comprimento (Rs=80 e Xs=120 Ohm).
físico correspondente a meia onda, Actuando como estava descrito, fui
separado através de uma bobine do afastando a parte superior do elemento de
elemento inferior, cujo comprimento ajuste. Este procedimento permitiu baixar a
corresponde a três quartos de onda. A ROE, sem que no entanto tivesse
alimentação é feita, segundo o autor, na conseguido obter um valor inferior a 1:2,
extremidade inferior ligando o vivo do cabo mantendo-se de igual modo uma
coaxial ao elemento de três quartos de componente reactiva bastante elevada
onda, e a malha a um elemento montado (Rs=70 e Xs=80 Ohm).
em paralelo e cujo comprimento Os resultados obtidos, não se
corresponde a um quarto de onda. Na afiguravam satisfatórios, pelo que decidi
descrição feita pelo autor, o ajuste da analisar com maior rigor o projecto.
antena seria efectuado afastando a
extremidade superior do elemento de quarto A antena do “mais fininho”, na
de onda relativamente ao elemento maior. realidade, corresponde a uma antena
Por certo muitos amadores que colinear, onde as correntes em cada um dos
construíram esta antena, seguindo troços de meia onda são colocadas em fase
religiosamente as indicações do autor, pela bobine que se encontra no elemento de
obtiveram resultados satisfatórios. O colega separação. Esta bobine é composta por dois
Macário construiu várias antenas destas (as enrolamentos em série, com 14 espiras
quais ofereceu a outros tantos cada, e bobinados em sentido contrário a
radioamadores) e afirma que alcançou partir do centro. Este elemento comporta-se
sempre bons resultados. como um transformador de um quarto de
onda, cujo efeito, conforme já referido, é o
Tal como tinha prometido ao colega de colocar em fase as correntes que
Macário, iniciei a construção da antena circulam nos dois elementos de meia onda
reproduzindo o projecto do CT1MF. (o superior e o inferior). Nesta condição os
Finalizada a construção, tendo seguido as campos radiados por cada elemento de
medidas, e as indicações escritas, faltava meia onda adicionam-se vectorialmente,
efectuar a comprovação do seu reforçando o campo total. Teoricamente
funcionamento. Para tal, antes de a ligar ao numa antena com dois elementos de meia
meu emissor de VHF, o velho Icom IC-240, onda colineares (isto é: que estão na
liguei o analisador de antenas – MFJ 269. A mesma linha), o campo radiado será
leitura obtida em 145,500 MHz indicava uma reforçado em +3 dB. Na sua essência, o
Relação de Onda Estacionária (ROE) de 1:3 funcionamento destas antenas encontra-se
descrito no Handbook ou no ARRL Antena
Book, aconselhando-se a sua consulta a
quem pretender informações mais 98,5 cm
pormenorizadas.
Como qualquer antena de meia
onda alimentada na extremidade, o
elemento inferior apresenta uma impedância
elevada requerendo uma adaptação
adequada quando se trata de lhe ligar uma
linha de baixa impedância, como é o caso
de um cabo coaxial de 50 Ohm. 148cm
É sabido que a impedância ao longo
de um stub com um quarto de onda,
ressonante na frequência de interesse, varia 49,5 cm
desde zero na extremidade curto circuitada
até um valor de alta impedância na RG 58

extremidade aberta. Perante este facto,


parecia óbvio que a antena deveria ser Figura 2 – Esquema da antena do CT1MF
terminada com um stub ressonante com um modificada.

quarto de onda curto circuitado na


extremidade, ao contrário de ser terminada O ajuste foi facilitado com a

com um troço de linha de quarto de onda utilização, uma vez mais, do analisador de

(aberta) em cuja extremidade era ligado o antenas onde foi possível visualizar a

cabo coaxial. impedância no ponto de alimentação, de

Assim, com base nesta análise, Rs=52 e Xs=3 Ohm, a que correspondia

curto circuitou-se a extremidade onde uma ROE de 1:1,0. Depois de ajustada

originalmente era feita a alimentação da verificou-se que a antena possui uma banda

antena, e procurou-se o ponto de melhor passante de 5 MHz, obtendo-se uma ROE

adaptação para o emissor. Isto é de 1:2 nas frequências de 148 MHz e

conseguido por tentativas, fazendo tomadas 143 MHz. Para quem pretenda modificar a

ao longo do stub. No caso presente, este antena que já possua, ou que

ponto foi encontrado a cerca de 5 cm da eventualmente venha a construir, e que não

extremidade curto circuitada (este valor tenha disponível um analisador de antenas

pode variar dependendo das características poderá fazer o ajuste com um simples

do stub). medidor de estacionárias, devendo utilizar


uma potência baixa para prevenir qualquer
dano no emissor.
A construção do stub não é crítica,
ou seja, poder-se-á utilizar um tubo com um Nota: recentemente, utilizando
diâmetro diferente do elemento da antena, uma antena da banda I da televisão
bem como um espaçamento que pode (canal 3) que já estava fora de serviço, foi
variar entre 25 mm e 50 mm. No caso em construída uma cópia da antena na qual
análise, o elemento da antena é composto se utilizou para o stub um dos
por um tubo de alumínio de 13 mm de “trombones” do dipolo. A antena original
diâmetro, e o elemento menor é um tubo de era feita em tubo de alumínio com 12 mm
latão prateado, com 6 mm de diâmetro, que de diâmetro, estando os tubos que
foi colocado a uma distância de constituem o trombone afastados 45 mm.
aproximadamente 30 mm, para o que se Neste caso, o ponto de alimentação onde
utilizaram três espaçadores em Pexiglas foi possível obter uma ROE de 1:1,1
(vidro acrílico). Estas características encontrava-se afastado 16 cm da sua
dimensionais vão, obviamente, determinar a extremidade.
impedância característica da linha de
transmissão que constitui o stub, mas esta Efectuados os ajustes, faltava fazer
pode tomar qualquer valor que não altera o a “prova de fogo”, para o que se ligou a
seu funcionamento. antena através de um cabo RG58 ao
emissor, e experimentou-se accionar o
repetidor da Serra da Estrela. Efectuada a
chamada, respondeu o colega Jorge
(CT1ASM) reportando que se estava a
chegar ao repetidor com compreensibilidade
total, embora acompanhado de um ligeiro
sopro. Em face do reportado, aumentou-se
10 dB na potência de saída do emissor.
Inicialmente, a potência de emissão era de
100 mW (0,1 W) passando então para uma
potência de 1 W (a regulação de potência
no IC-240 faz-se de forma muito simples
actuando na resistência variável do circuito
de protecção de saída do emissor, pelo que
normalmente tenho o equipamento sem a
tampa superior colocada, para rapidamente
aceder a esta resistência). Aumentada a
potência para 1 W (todavia fiel à filosofia
Figura 3 – Imagem do stub
QRP), o colega Jorge reportou então que já
não se fazia notar nenhum sopro. Os Candeeiros, Brenha, Serra da Cota, Trevim,
resultados então obtidos afiguravam-se e Arestal), correspondendo às expectativas
bastante promissores, tendo em conta que a do colega Macário. No entanto, deve ser
antena estava montada ainda tido em conta que os resultados obtidos
provisoriamente na corda da roupa, no dependem, como é óbvio, da localização
terraço ao lado da garagem/shack/oficina. geográfica e da orografia do terreno onde a
antena venha a ser colocada.

Pela descrição efectuada e com as


ilustrações apresentadas, será possível
reproduzir a antena com as alterações
agora efectuadas. Terminarei dizendo
apenas que o projecto apresentado não
constitui um original, representando apenas
um up-grade de uma antena anteriormente
apresentada, e divulgada, pelo colega
Graça Ferreira, o CT1MF.

Figura 4 – Ajuste final do ponto de alimentação


no stub (Rs=52 e Xs=3 Ohm – 145.52MHz)

Terminada a fase de testes e


afinações, a antena foi colocada dentro de
um tubo de PVC, e estava então pronta
para levar a casa do Macário e lá ser
definitivamente montada.
Dadas as características de
radiação omnidireccional das antenas
verticais, e o baixo ângulo de radiação
vertical associado às antenas colineares, a
antena permite activar os repetidores à volta
de Coimbra (Serra da Estrela, Serra dos

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