Tapiraí-SP História

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ANO DE 1780 - O INCIO DE TUDO Situada entre os contra-fortes das serras do Mar e Paranapiacaba, nos limites das regies

de Sorocaba e do Vale do Ribeira Tapira foi desmembrada dos municpios de Piedade, Juqui e So Miguel Arcanjo. Nessas terras a presena indgena irrelevante tendo noticias de que os Tupis passaram ao longe por no ousarem enfrentar a Serra do Mar e do Paranapiacaba devido ao frio existente o que os espantaram.. Os pequenos sinais existentes dessas passagens ficaram gravados nos topnimos existentes Assungui e Juqui-Mirim talvez quando passaram pelo litoral. Jesutas por aqui estiveram segundo tradio oral que na serra da Batia no rio Verde e no ribeiro do Ouro deixaram a sua marca mas nada que possa ser comprovado. 1809 - A DOAO DA SESMARIA At l.809 nada de concreto havia acontecido por estas paragens at que nesse ano so distribudas vrias Sesmarias ao longo dos rios Turvo e Sarapu na direo do litoral. Uma delas foi destinada a Joo Escudeiro localizada na margem esquerda do Rio Turvo consequentemente na Serra do Paranapiacaba conforme relato do historiador Alusio de Almeida em seu livro "Histria de Sorocaba". Essa observao "do lado do mar" importante porque o Rio Turvo o divisor atual de Tapira com Piedade e isso demostra que as terras de Escudeiro ficavam portanto do atual Distrito do Rio Turvo para a atual sede do municpio de Tapira. NOVEMBRO DE 1857- I NCIO DA COLONIZAO DO TURVO Sobre o incio da colonizao da nossa terra, tenho a relatar o que li de Celestino Amrico, em suas memrias, e de Antnio Leite Neto, em seu livro "Histria de Piedade", publicado em 1987 pela Editora Culturesp. Verifiquei que por insistncia do Capito Jos Francisco da Rosa, vereador e Presidente da Cmara Municipal de Piedade, eleito em janeiro de 1857, foi enviado ao Presidente da Provncia Paulista alguns pedidos, e entre eles o pedido de abertura de uma estrada que ligasse Ipanema a Juqui. E o incio do obra foi autorizada no mesmo ano. Entusiasmado com o empreendimento, o Capito se afastou da presidncia da Cmara e assumiu pessoalmente a direo dos trabalhos, fazendo seu acampamento nas margens direitas do rio Turvo, com seus escravos e alguns empregados de aluguel. (Isto significa que Tapira teve o incio de sua colonizao no ano de 1857, partindo das margens do rio Turvo). Ao final de novembro, j haviam feito 900 braas (1980 metros) de roada por 20 metros de largura e 500 braas (1100 metros) da cava da estrada; o que ficou em 4:835$400, ou seja, quase cinco contos de ris. Em dezembro do mesmo ano, o Capito juntou mais 20 escravos pertencentes ao seu filho, um feitor, perfazendo o total de 100 homens acampados em pleno serto do Turvo. (Talvez no lugar onde depois foi o armazm do Hiraoka at 1970). Em abril de 1860, o Capito voltou a reclamar para que o pagamento fosse feito de dois em dois meses, para que pudessem trabalhar continuamente, alegando que j haviam feito 3200 braas (7040 metros) sentido Ipanema, na enxada at o stio do finado Monteiro. (Acredito ser nas imediaes do atual bairro do Miguel Russo). Alm do atraso das verbas, nessa ocasio tambm somou-se o reumatismo que apareceu em seu brao. Ento o Capito resolveu afastar- se dos trabalhos, deixando em seu lugar o seu filho Jos Francisco da Rosa Jnior.

O ltimo ofcio pedindo pagamento data de 12 de outubro de 1861, onde ele dizia: "...sentindo a importncia da estrada para o sul com abertura de um porto mais prximo que o de Santos, deixei o meu stio, minha lavoura, com meus escravos e outros trabalhadores que aluguei; enfrentei a frieza e a umidade do serto estragando a minha sade...", e em 1863 passa uma procurao para seus filhos, Antnio Claudino da Rosa, Alferes Jos Francisco da Rosa e Jos Francisco da Rosa Jnior, para cuidarem de seus servios. Em l.911Celestino Amrico Vereador a Cmara municipal de Piedade pede em Sesso Extraordinria da Cmara o apoio do Governo da Provncia para a construo de uma linha frrea a trao eltrica partindo do trecho entre Sorocaba e Mairinque at Santo Antnio do Juqui passando por Piedade pelo rio Turvo e pela Serra do Paranapiacaba at chegar ao Santo Antnio do Juqui. Essas obras devem ter sido paralisadas logo depois pois s voltamos a encontrar relato sobre ela na 10 Administrao Municipal de Piedade, no ms de agosto de 1921, onde diz estar pronto o primeiro trecho da estrada para Juqui. 1923 - REUNIO DOS MUNICPIOS COM O GOVERNADOR DA PROVNCIA Em 12 de Outubro de 1.923 Celestino Amrico Vereador e Laureano da Silveira Baldy, Prefeito Municipal de Piedade, encaminharam a mesa do Congresso de Estradas de Rodagem o pedido da construo da estrada de Sorocaba ao Santo Antnio do Juqui atravs do memorial que a seguir vai transcrito na integra; ESTRADA PIEDADE - JUQUI No final da 11 Administrao Municipal de Piedade, que foi iniciada em 15 de janeiro de 1923, consta como obra mais importante a concluso do segundo trecho da estrada. Celestino Amrico fala que o traado da estrada foi esboado por ele mesmo e que defendeu pessoalmente a sua construo nos Congressos das Estradas de Rodagem de 1919 e 1923. Realmente o maior defensor dessa estrada foi Celestino Amrico pois os Jornais da poca atestavam isso e de uma Revista publicada pelo Governo da Provncia em 1.923 e que reproduzimos na ntegra o seu memorial defendendo a estrada de Sorocaba a Santo Antnio do Juqui e tambm o parecer favorvel das comisses de estrada s do Estado. MEMRIA INTRODUO Exmo. Snr. Dr. Presidente; Senhores Congressistas: Animado pela benevolncia do nosso 2 Congresso reunido em Campinas, em 1 de outubro de 1919, que me dera a honra excelsa de discutir e aprovar a memria por mim apresentada, volto hoje novamente a fazer parte desta solene conferncia, impulsionado pelo mesmo ideal de ento, convencido inteiramente das vantagens prticas destes convnios e dominado pelo mais franco e sincero amor causa que vimos defendendo, tanto quanto vs o tendes dos interesses pblicos, em prol dos quaes vindes abnegadamente lutando, para fazer a grandeza e a prosperidade deste nosso querido Estado. Senhores, So Paulo bem digno da vossa proficiente collaborao. Dos vossos esforos em conjunto resulta a sua posio fidalga entre os demais Estados Federados - sob a fulgurante constellao do Cruzeiro, vista e admirada nos seus mais variados aspectos. Nos 1 e 2 Congressos de Estradas de Rodagem transpareceram j promissoramente o interesse, o ardor, a dedicao e o patriotismo de cada um dos que nelles collaboraram, muito dos quaes ainda vemos agora nesta majestosa Assembla, trazendo a ela o melhor de sua energia e de sua boa vontade, visando sempre o mesmo escopo. Nessas duas reunies anteriores, os Prefeitos Municipais, os dignos membros da Directoria de Obras Pblicas, Associao Permanente de

Estradas de Rodagem, grande nmero de engenheiros, industriaes e fazendeiros, attendendo a convocao feita pelo Exmo. Snr. Dr. Cndido Motta, ento illustrado Secretrio da Agricultura, Commrcio e Obras Pblicas, no patritico Governo do Exmo. Snr. Dr. Altino Arantes, com elevao de vistas, trataram de estudar pela base o problema das estradas de rodagem em suas mltiplas relaes sociais e econmicas, acllamando una-voc ser a viao de rodagem um dos melhoramentos que mais de perto actuam sobre a vida diria do povo. J nessas occasies foram apresentadas vrias memrias e diversos estudos e planos de valor de seus rumos, de sua utilidade, de sua construco, ligao e conservao. E, creio eu, serem esses ainda os principaes objetivos que nos vo preocupar nesta sesso. Porm, agora, a nossa convico est definida, no vacillamos mais, porque j podemos apreciar os bellos fructos colhidos daqueles esforos brilhantes que nos relembram os anais dos dois certamens anteriores, no s pelos mappas e relatrios que hoje nos so apresentados, como ainda pela prova irrefragvel luz meridiana, que o effeito imperativo das magnficas e bem conservadas estradas de rodagem que se irradiam desta Capital, accusando o grande passo, o grande avano que j fizemos no campo deste nosso idolatrado ideal; justificando sobejamente o nosso empenho em seguirmos para a frente com vontade firme, como nos valorosos bandeirantes, levando por toda parte, das mais prosperas cidades, aos mais longnquos povoados, os benefcios das boas estradas de rodagem. Comtudo, no devemos esquecer de que os nossos congressos rodovirios no teriam fructificado tanto, nem teriam tido uma aco to decisiva sobre o automobilismo, se no tivesse frente do Governo de So Paulo estadistas de escol, homens dedicados ao trabalho, cheios de amor ao povo e Repblica, principalmente nestes ltimos tempos. No trinnio anterior, foi o Exmo. Snr. Dr. Cndido Motta que, como Secretrio da Agricultura, Commrcio e Obras Pblicas, iniciou o desenvolvimento mais racional da viao de rodagem no interior. Actualmente o Exmo. Snr. Dr. Heitor Teixeira Penteado que, na mesma pasta, vai com redobrados esforos seguindo os planos delineados pelo Benemrito Presidente do Estado, Exmo. Sr. Dr. Washington Lus Pereira de Souza, para o renascimento e intensificao desse novo elemento de progresso em nosso paz, por cujo extraordinrio servio se impoz estima e gratido do povo brasileiro. Sendo Sua Excelncia o maior defensor das estradas de rodagem no Brasil, o seu nome ser escripto com letras de ouro, na histria ptria. Mas sejamos coherentes. Si verdade que j fizemos muito, parodiando Cames, preciso accrescentar que - por mais que se faa, muito mais nos resta por fazer; e no nos seria lcito ficarmos estaticamente embevecidos ante a maravilhosa obra que So Paulo apresenta, que sobremodo nos orgulha, e que o extrangeiro admira. Precisamos evoluir, precisamos caminhar para a frente, e caminhar com enthusiasmo, confiantes na vitria, como faziam os guerreiros da Grcia Antiga, por esta vereda civilizadora, at que as nossas estradas de rodagem se estendam ou transponham peripheria deste vasto territrio, desde a sua baixada irregular, batida pelos vagalhes do Atlntico, s margens floridentes do caudaloso Paran, e desde o fecundo e despovoado Valle do Ribeira aos altaneiros picos da Serra da Mantiqueira, unindo num s bloco o sentir paulista, num s amplexo todos os interesses materiais de So Paulo, fazendo de seus filhos uma s famlia para a sua completa felicidade. Senhores, esta ao poderia ser um sonho pueril, poderia at ser uma utopia extravagante, se em nossas veias no corresse mais o sangue de nossos ancestrais, e se nesse sangue no pullulassem mais os germens reactivos daquelles heres que no seio da immensa floresta, jamais temeram as intempries, as serpentes venenosas, as feras e, nem mesmo aos ndios cannibaes. Mas, pelo contrrio, vemos e sentimos ainda que esse nobre sangue dos impvidos conquistadores dos selvcolas, continua enrubescendo o nosso rosto num colorido to puro e to fresco, que nada nos impedir por tornarmo-nos dignos de suas bellas tradies que os fastos coloniais registram carinhosamente. No obstante senhores, no geral por emquanto o empenho de construir estradas; o exemplo quasi

pico de nossos maiores no tm sido devidamente comprehendido:; notamos ainda certo retrahimento em muitas circunscries municipaes, principalmente em nosso Extremo Sul Paulista, onde ellas ainda no deram sinal de vida, em favor deste alevantado desideratum. H tambm outras que do 1 e do 2 a este Congresso, nada, ou quasi nada fizeram neste ponto, limitando-se a algumas delas a ligeiros reparos nos caminhos que j existiam. bem dura esta verdade, e por isso mesmo frizamol-a aqui Corum populo, como uma nota insccia do harmonioso pensar da maioria. Afora esta descrena, ou melhor, a este pouco amor ao bem pblico, temos para embaraar a abertura dellas em nossa zona, vrios obstculos muito srios, uns de ordem concreta e outros de ordem moral; e de entre eles destacam-se os trs seguintes: - 1 a falta de recursos financeiros das respectivas municipalidades, pois algumas dellas no arrecadam nem o suffciente para satisfazer as suas primordiaes necessidades, em virtude do quasi despovoamento de seus territrios; sendo no raras vezes essa situao aggravada pelas rivalidades polticas que entibiam sempre as mais aproveitveis iniciativas; - 2Um grande um criminoso indifferentismo pela viao de rodagem, desconhecendo muitos a sua aco civilizadora, sem siquer lembrarem-se de que somente ella poder salvar a pequena lavoura esparsa aqui e ali, sem ordem, sem mthodo, sem cuidado e sem unio, e que por isso mesmo agua a ambio das empresas ferrovirias; alguns contentam-se com as pirogas inventadas em pocas remotssimas pelos nossos aborgenes para neste sculo fazer a sua morosa locomoo... Outros julgam-se bem satisfeitos com os chiantes carros de bois de eixos mveis, ou com as tropas de muares arreadas dos tempos primitivos que sobem e descem ziguezagueando sobre as montanhas, fazendo ouvir ao longe o chacoalhar de seus guizos, num accinte grotesco e destoante; - 3 finalmente surge aos nossos olhos a formao geolgica de nossa costa que, num rendilhado caprichoso e inerte, difficulta a construco de estradas; alis, essa irregularidade do solo paulista peculiar a todo Brasil martimo, devido Cordilheira do Paranapiacaba, base originalssima de vertentes que dimanam de seus contrafortes e, correndo em sentidos opostos umas de outras, para vencer a grande differena de nvel, vo com suas cachoeiras, saltos e corredeiras abrindo profundos e tortuosos vales, ladeando a integridade de sombrias encostas, ante as quaes os nossos atuais sertanejos de pstos mais avanados, sentem-se impotentes para fazer o arroteamento de suas terras, pela certeza que tm de que os productos desse rduo trabalho, isto , seu milho, o seu arroz, o seu feijo e outros cereaes tero que apodrecer nos seus paies, sem estradas, portanto sem vehculos para o seu transporte aos mercados consumidores. Tal , pois a situao dos habitantes dos nossos municpios do Extremo Sul Paulista; elles esto fartos de boas terras, esto fartos de riquezas naturaes, esto fartos de energia e coragem vivendo naquelle quasi isolamento e esto fartos at de pacincia; mas em compensao esto faltos de vias de comunicao, esto faltos de auxlios de poderes pblicos, esto faltos de instruco e de servio sanitrio, pelo que esto faltos de conforto e do bem estar que, em conseqncia, ali no podem existir... Seja-nos permitido a recapitulao desta triste verdade. Os habitantes espordicos destes extensos e futurosos municpios Piedade, Iguape, Xiririca, Canania, Una, Pilar e outros sobre a Serra e da ertilssima bacia do Ribeira, vegetam espasmodicamente, na mais doce esperana de melhores dias que nunca chegam e, assim, de gerao em gerao, vo se definhando como que asphixiados pela lethargia dominante, mirando desconsolados magnitude da natureza ambiente, como a anachoreta de outr'ora, num ascetismo inconsciente, aguardando a sua resurreio; mas esse martyrio e essa f, no passam de contrastes irnicos, embora deslumbrantes, que se desfazem ao menor contato da realidade, e permanecem completamente insulados!... Para que se possa fazer uma idia dessa situao precria, faamos uma ligeira comparao: Imaginemos alguns viajantes presos a bordo de um batel sem bssola, sem leme e inteiramente desprovido de gua potvel e de gneros alimentcios, e que esse batel ficasse abandonado em alto mar, a muitas milhas da costa. Esses mseros viajantes morreriam fatalmente pela fome e pela sede, nadandoembora nos mais ricos elementos!...

Eis o nosso caso. Ali vive um povo pacfico, ordeiro, trabalhador e honesto; ali existem boas terras para as mais variadas culturas; riquezas naturaes sobrepem-se umas s outras: jazidas de carvo, de pedra, de ferro, de ouro, de chumbo e de outros minreos; essncias florestaes de valor incontestvel; quedas de gua bastante considerveis, e tudo isso ali se acha no mais repulsivo esquecimento. - Senhores Congressistas - Sirvam estas linhas preliminares como uma invocao solene dos dignssimos representantes das municipalidades paulistas e demais interessados aqui presentes, para que se dignem reconhecer a nossa mais flagrante necessidade, emprestando a ela o seu nobre esprito de solidariedade, numa causa to justa, ao mesmo tempo to grata, porque vem ao encontro de nossos recprocos interesses, votando a concluso final desta memria e outras em que se peam ao Congresso Legislativode So Paulo as verbas precisas para a abertura de estradas de rodagem no nosso extremo sul, principalmente para a rectificao, nivellamento e outras obras de arte de que carece a que vai de Sorocaba a estao Juqui, no municpio de Iguape; e por sua vez, sirva tambm esta invocao de um appelo ao Exmo. Snr. Dr. Washington Lus Pereira de Souza, para que Sua Excelncia, auxiliado pelo seu dignssimo Secretrio, Exmo. Snr. Dr. Heitor Penteado, num gesto patritico, antes de findar o seu honroso mandato de Supremo Magistrado de So Paulo, faa dotar aquele nosso Canto Sulino de to grande, quanto indispensvel melhoramento, iniciando ali o desenvolvimento de estradas de rodagem que ser o primeiro passo para o seu progresso. PRIMEIRA SEO UMA CONSTRUCO QUE NO PO'DE SER ADIADAEm suas linhas geraes, procuramos demonstrar na introduco a importncia e a necessidade de um estrada de rodagem ligando o nosso planalto ao nosso littoral sulino. Nisto no trazemos novidade nenhuma, pois que uma aspirao que vem dos nossos primeiros colonizadores, havendo em nosso municpio vestgios indelveis dessas primeiras tentativas; e ainda no muito longe, em 1892, foi aberta uma estrada que comeava no bairro do Feital, deste, ia barranca do rio Assunguy, no municpio de Iguape, passando pelo Quebra Cangalha, Serra-Negra, Vrzea do Rio Verde, Serra do Alegre e outras, com 36 quilmetros, na qual gastaram 16:000$00. Porm essa estrada s serviu para o transporte de uma pequena guarnio, por occasio da revolta de 06 de setembro de 1893, e foi condemnada a desapparecer, no s pela sua morraria, como tambm pelos lugares alagadios, entre os outros a Vrzea ao Rio Verdecom 6 quilmetros, absolutamente intransitveis. Mas a falta dessa via tem sido sempre o maior embarao para o povoamento daquele nosso serto, e no comprehendemos que essa falta to grande tenha passado tantos annos sem chamar a atteno dos poderes pblicos. Entretanto ella se torna cada vez mais premente, de modo que essa lacuna tem que ser preenchida - mais cedo ou mais tarde. incrvel que pessoas vizinhas moram, por assim dizer, a parede e meia, continuem divorciadas, vivendo como estranhos que de facto o so, pedindo intermedirios para a negociao de seus productos mais simples, quando alis poderiam faz-la direta commodamente. Exemplifiquemos: - artigos de commrcio fabricados em Sorocaba para serem consumidos em Xiririca ou Iguape, ponto mdio de distribuio, tem presentemente e forosamente que percorrer 491 quilmetros, pagando carssimos fretes e morosas baldeaes. De Sorocaba a So Paulo, 111 quilmetros, com baldeao; de So Paulo a Santos, 80 quilmetros, com baldeao; de Santos a Juqui 161 quilmetros,com transbordo para via fluvial; de Juqui a Xiririca ou a Iguape 139 quilmetros. Alm da demora e das avarias, esses artigos transitam por estaes de luxo, So Paulo e Santos, aggravando descommunalmente o seu valor; acontecendo a mesma coisa com o arroz, caf, acar, aguardente e com todos os productos daquelle lictoral: - um litro de arroz custa em Iguape 300 ris, esse mesmo arroz nas mesmas condies vale em Sorocaba, sendo da mesma procedncia, de 900 a 100 ris por litro; um metro de riscado custa 1200 ris em Sorocaba onde tecido; a mesma fazenda vendida em qualquer negcio de Juqui ou Ribeira a 4000, 5000 e 6000 ris o metro. Entretanto a estao de Juqui fica distante de Sorocaba, somente 125 quilmetros!... Desde 125 quilmetros, 20 so francamente navegveis por vapores pelo rio Juqui at a barra do

rio Assunguy, ficando a terra firme apenas 105 quilmetros. Ora, de Sorocaba a Piedade, 30 quilmetros, dePiedade Serraria, 17 quilmetros, ao todo 47 quilmetros j so percorridos por automveis e caminhes, restando para construir 58 quilmetros. Deste 58, - acham-se em construo no corrente exerccio 24, ficando to somente 24 quilmetros para serem abertos, dos quase 27 em pleno serto, e o restante pelas margens dos rios Coruja e Assunguy, porm com os estudos feitos para a sua continuao. Como se v, inadivel a concluso desta obra, j porque faltam to poucos quilmetros, j porque ella ser um grande factor de povoamento das grandes bacias do Juqui- Guassu e Ribeira, porque ter que ser futuramente o tronco forado estrada convergentes ligando Itanham, Xiririca, Jacupiranga, Iguape, Canania e outros povoamentos, cujos municpios no so menos ricos do que muitos daqui de serras acima. De resto, ao prprio Governo do Estado, deve interessar bastante essa estrada, sabido como , que orocaba uma das mais industriaes cidades do interior, e que Juqui tambm o centro mais importante de correspondncias das vias terrestres e fluviais, j com um movimento animador e que brevemente ser o nosso maior entreposto do littoral, depois de Santos; deve interessar ao Governo porque as duas vias frreas que servem a esses dois extremos, Sorocaba e Juqui, so a sua propriedade, sendo tambm por elle subvencionada alinha de navegao do Ribeira. Portanto, a estrada de rodagem da qual estamos cogitando ir desenvolver vantajosamente a agricultura, a creao, a indstria e o commrcio daquella parte de nosso Estado, contribuindo grandemente para valorisao de suas terras, para o augmento das rendas pblicas, enfim para erguer ainda mais o j bem alto renome que elle goza entre os demais departamentos da Repblica. SEGUNDA SECO AS CONDIES TCHINAS DE NOSSO PLANO Antes de transportar os ps do sagrado prtico que, em to feliz momento, se abre para receber indistinctamente, como profano, atrevo-me a observar que o levantamento dos traos para estrada de rodagens, no to diffcil como a quadratura do crculo, mas, tambm que no to difcil como a descoberta do mel de pau; um dos ramos da engenharia que exigem conhecimentos especiaes, scientficos e topographicos, alm de viagens dispendiosas, o que ningum consegue somente com theorias e nem aprende na escola, e o que mais das vezes reclamam o auxlio de pessoas leigas, porm conhecedoras praticamente de certas e determinadas superfcies. Pois bem, nesta ltima qualidade que aqui me apresento para reverentemente repor sobre o altar da scincia o pequeno bolo da minha experincia e das minhas observaes e muitos annos, como roprietrio de serrarias, como lavrador, como negociante e como investigador de nossas mattas. Eil-o em toda a sua simplicidade: Basta um simples relance de olhos para a carta geodsica de nosso Estado, para verificarmos exactamente a posio geogrphica dos municpios de Sorocaba, Piedade e Iguape, que sero atravessados pela nossa projectada estrada. Para ella, o maior obstculo que a primeira vista parece existir a Serra do Mar; porm esse mole millenrio que infunde respeito ao prprio oceano, ao atravessar o nosso municpio se confunde na orogenia geral, havendo at, entre os rios Turvo e Sarapuhy, montanhas muito mais elevadas, salientando-se entre outras o Alto do Caetezol com cerca de 1100 metros de altitude, sendo o nosso ponto culminante e sobre o qual se desdobra a estrada do Juqui. Alm dessa notvel depresso da cordilheira, as bacias de Juqui e do Ribeira, que so bem amplas, estendem os seusprincipaies affluentes para o norte, offerecendo por esse motivo uma declividade relativamente suave; de entre esses affluentes o que forma o vale do rio Corujas, tributrio margem esquerda do rio Assunguy, que mais facilidade offerece para a abertura de estradas, porque o seu tronco principal se acha na directriz conveniente e deflue de norte para o sul num percurso approxima do de 36 quilmetros, dos quais fazem 9 pelo Assunguy at a confluncia deste no rio Juqui. A altitude mdia da Serra do Mar no municpio de Piedade, no excede a 800 metros sobre o nvel do mar. Ora, aceitando como base essa diferena de nvel, a sua declividade para o sul, dentro dos 36 kilmetros referidos, fica reduzido a 2,22% porcentagem esta

que facilitar a construco de uma estrada de primeira ordem, por outro lado, a superfcie do solo ali se desdobra relativamente favorvel em seus contornos. Quanto primeira parte, isto , de Sorocaba a Piedade e a Serraria, a estrada j regular no ponto de ista do seu traado, precisando unicamente de nivelamento e rctificao para a sua real efficincia. Em vista do exposto, achamos que os 34 quilmetros restantes devem ser feitos com urgncia, e energia, a fim de serem abertas o mais breve possvel, as communicaes directas entre os dois centros commerciaes aludidos, dando assim opportunidade para a intensificao do intercmbio nesses grandes municpios visinhos. Em abono deste objectivo que ora prende as nossas atttenes, releve-se me lembrar aqui que, margem direita do rio Juqui, no lugar chamado "Poo Grande", acha-se a pitoresca e prspera fazenda pastoril do engenheiro Dr. Frederico S. Land, que bem demonstra o seu esprito prtico e adiantado, introduzindo reproductores de raa e seleccionando as suas diversas espcies de forragens. Pois bem, o distincto engenheiro que deixou a sua rendosa profisso scientfica para dedicar- se indstria pastoril e lavoura desesperanado de obter auxlio dos poderes pblicos, tomou a si a louvvel iniciativa de abrir por sua conta uma estrada moderna para vehculos de motor exploso, ligando sua fazenda estao de Juqui; estrada essa que servir tambm para outras fazendas e para mais de 500 moradores do Juqui e Assunguy, tentativa como esta, aqui no centro e no Oeste de So Paulo, no chamaria a atteno de ningum, uma conseqncia do nosso incessante evoluir; mas naquela regio interceptada por numerosos rios navegveis e coberta ainda na sua quase totalidade por matas virgens, um grande passo. E a nossa projectada estrada, ora em vagarosa continuao, vai atravessar exactamente essa grande rea, que vai ser um novo celleiro ao nosso proletariado. Uma vez concluda ella, por ali transitaro os mais diferentes productos agrcolas, pastoris e industriaes, fazendo-se a sua mais franca, proveitosa e directa permutao: ns l iremos procurar o gado, o arroz, o asscar, madeira e outros productos; e osseus moradores, por sua vez, viro se abastecer em Piedade e Sorocaba, de tecidos diversos, chapus, calados, ferragens e outros artefactos aqui fabricados ou importados; e isto sem contar com a socialisao de seus costumes, de seus hbitos e de suas famlias, que sobejamente recompensaro quaesquer sacrifcios para que tal fim forem feitos. Alm desse lado verdadeiramente prtico, real, proveitoso e patritico, a nossa estrada tornar-se- tambm um centro de convergncia de touristes, de sportmen, de operadores de films cinematogrphicos, de scientistas e curiosos, que para l seguiro para gozar, desfructar, estudar e explorar os maravilhosos thesouros e as bellezas empolgantes que a natureza patenteia em sua plenitude: extensas vrzeas, atravz das quaes os rios se deslizam caprichosamente, formando poticas curvas, em que as guas se quebram rebojando; encostas encantadoras, onde se destacam com imponncia os troncos seculares dafigueira, do guararema, do ararib, do cedro e de mil outras essncias; suas cachoeiras e saltos, cujas guas quebram-se nos rochedos e penedias, como que num fremir ardente, desafiando a scincia para o seu aproveitamento; emfim, a tudo isso se renem as silhuetas variegadas das collinas, outeiros e picos das montanhas revestidas do mais esmeraldino lenol dessa vegetao luxuriante, formando um conjunto estupendamente attrahente, um panorama delicioso, enfim, um dos recantos mais bellos do mundo. E toda essa variadssima e espontnea demonstrao natural de nossa terra, no ser digna de figurar no quadro majestoso que S. Paulo orgulhosamente antepe aos olhos de seus visitantes?... Certamente que sim. Accresce mais que, alm dessa utilidade preponderante, esta grande rodovia poder ser tambm uma estrada estratgica de no pequena importncia, por ficar em communicao directa com os principais troncos de viao, tanto no litoral, como no interior, para receber, concentrar ou fazer a destribuio de tropas e materiaies bllicos; ali pelas linhas de Santos a Juqui e de navegao do Ribeira; e aqui pela Sorocabana que se corresponde directa e indirectamente com o sul do paz, com

a capital e com o oeste do Estado e com a Capital da Repblica, servidos simultaneamente por todas as vias de transporte conhecidas; reunindo mais a circunstncia de ficar prximo de Sorocaba grande jazida de ferro e ao do Ipanema, que mais dia, menos dia, o Governo Federal ter que por em actividade, para preparar a defesa nacional bem conhecemos que o esprito do povo brasileiro, embora saiba reagir, todo pacifista. Todavia, isso no motivo bastante plausvel para que fiquemos a dormir ssta assim to despreoccupadamente, como os antigos bedunos em suas tendas. No desejamos, no queremos a guerra, por conhecl-a ser a expresso mais torpe, mais horripillante do sentir humano; mas isso de modo algum justifica a nossa gnorncia, o nosso descaso pela psychologia preventiva das grandes potncias que nas Conferncias da Paz e nas reunies da Liga das Naes, pela voz de seus emissrios apregoam ephaticamente a limitao de armamentos, enquanto vo duplicando as suas esquadras e multiplicando seus exrcitos e as suas esquadrilhas de avio, dizendo lacnica e sarcasticamente: queremos a paz armada!... Suprema ironia!!... Si assim , cumpre tambm a ns brasileiros irmos apparelhando terreno dentro do limite do possvel; e no nmero desses apparelhos ou factores de defesa nacional esto as estradas de rodagem estratgicas. De resto, quando da revolta de 06 de setembro de 1893, j ns tivemos que guarnecer aquella nossa fronteira paulista, temendo por ali a invaso dos revoltosos. Facto este ainda bem recente, que sabemos no s pelas chrnicas da poca, como ainda pelo testemunho pessoal de muita gente que ainda vive, inclusive o autor desta memria que tambm fez parte do movimento defensivo. Donde se v que no estou luctando contra moinhos de vento, e nem estou figurando hyptheses banaes, sem factos justificativos. Em resumo, pode-se concluir que este ltimo ponto deve interessar muito ao Estado inteiro; convm para o sossego e tranqillidade do povo paulista; indispensvel para o amparo de suas famlias e para a garantia de seus bens, mormente que sabemos que os portos de Iguape e Canania no tem fortificao alguma, e que esto abertos exactamente nas embocaduras de muitos rios e canaes navegveis que facilitam o accesso a intrujes que, num dado momento nos podero pr em sobressaltos. Para que no tenhamos que lamentar a nossa incria ou a nossa imprevidncia, mas obra. QUARTA SECO A VIAO DE RODAGEM EM PIEDADE Tocamos enfim ao ponto mais sensvel do nosso objectivo. Por conseguinte, com o beneplcito desta illustre conveno, vamos falar particularmente ao nosso respeito. Senhores Congressistas: - A Cmara Municipal de Piedade, foi uma das primeiras que, em So Paulo, cogitaram do problema do transporte de mercadorias e passageiros por vehculos de traco mecnica, com o apparecimento dos actuaes propulsores, gzsolina e seus congneres, tentando a sua ligao com Sorocaba por uma linha de automveis. Para tal fim e com grande sacrifcio de suas rendas, ella mandou reconstruir a estrada existente e fazer uma variante na Serra de So Francisco, extremo dos dois municpios, cuja variante e reconstruo custaro nada menos de 54:036$730, sendo 43:628$000, por conta do Governo do Estado e 10:408$730por conta da municipalidade. E isto ocorreu-se em 1907 quando a sua receita era orada apenas em 8:000$000. V-se que ela fez um sacrifcio ingente, gastando muito menos do que arrecadava, para beneficiar o pblico. Mesmo em 1913, seis annos depois, ainda a sua receita era calculada em 11:500$000. No obstante o tempo decorrido, essa variante continua ser o melhor trecho da nossa estrada, apesar do mau estado em que se acha. Posto que esses 4 quilmetros fossem bem feitos, com vrios cortes em rocha viva, com grandes paredes de arrimo, aterros e boeiros de certa importncia precisamos confessar que o restante ficou bem longe do soffrvel em suas condies tchnicas: - raio curtssimo em vrias curvas, rampas com porcentagem de at 15% at de mais de alguns pontos; pssimo escoamento das guas pluviaes,

sobressahindo o enorme inconveniente de algumas de suas rcstas terem sido traadas nas rampas mais fortes, resultando disso acanalizao das enxurradas pelos sulcos dos carros que inexoravelmente foram destruindo o seu leito e difficultando a sua conservao. Depois deste no previsto contratempo, outros embaraos no menos srios sobrevieram: - a raridade que havia de chauffeurs habilitados, bem como a de depsito de gazolina e accessrios que, de mais a mais ainda custavam muito dinheiro; por outro lado, os modernos vheculos careciam de vrios aperfeioamentos, de que mesmo hoje com todo o prodgio do seu mecanismo ainda no esto completamente isentos. E naquella occasio tudo estava no terreno das experincias, por cujos motivos a nossa Cmara pz de banda essa pretenso embora tivesse j legislado nesse sentido, em que se concedia uma subveno de 6:000$000 anualmente; e pz de banda para no comprometer as suas finanas futuras que eram e ainda so exguas, numa empresa problemtica e que fracassaria fatalmente; no que ella ndou muito bem. Em conseqncia a estrada foi entregue ao trfego pblico de tropas e vehculos communs, carroes e carros de bois que a inutilizaram quasi que completamente; e nem podia ser de outra forma como se vai ver: por ella alm dos que fazem a importao e a exportao de nosso municpio, vemos diariamente centenares de carroes e carros de bois que transportam cereaes e lenha para o mercado e para as diversas fbricas de Sorocaba e do Votorantim, e tambm para os grandes fornos de cal do Itupararanga. Devido ao trnsito contnuo de numerosos vehculos de aros metllicos tendo unicamente 3, 4 e 5 centmetros de largura, suportando 1000, 1500 e at 2000 quilos, o seu leito no se manteve normalizado. Em vista do que, um Ford gasta sempre duas horas para ir de Sorocaba a Piedade, e vice-versa, e isto quando os Santos esto de bom humor; em caso contrrio, so os demnios que se divertem s custas dospobres passageiros!... E de uma cidade outra s tem 30 quilmetros; um bom cavalo faz essa marcha em igual tempo. irrisrio. J na outra estradinha de Piedade Juqui, no seu 1 trecho construdo, o mesmo Ford vence mais um quilmetro por minuto em viagem regular, apesar de ainda ella no ter permanente conserva; que por ella no trafegam os malfadados carros de eixo mveis e carroes de aros estreitos. Verdade seja que naquella parte o rolamento estradal est melhor disposto, a sua construco foi mais conforme ao fim a que se destina como diante se ver. De 1920 pra c, nossa Cmara vm se empenhando outra vez pelo magno problema de que ora ns nos occupamos, no s reconsertando as estradas antigas, como abrindo outras. A que vai ao Juqui uma das que mais a preocupa e que vai sendo aberta com auxlios do Governo do Estado, para o que muito temcontribudo os bons offcios do nosso operoso representante ao Congresso Legislativo, pelo 4 Distrito, o Exmo. Sr. Dr. Luiz Pereira de Campos Vergueiro, que por essa nobre e patritica dedicao tornou-se credor de nossa estima e gratido. Os primeiros 17 quilmetros dessa via, foram feitos com os seguintes detalhes: - raio mnimo de curva 50 metros; largura do leito 5 metros; porcentagem mxima 8%, regularmente abaulado. Em 1922 a Cmara perdeu a verba autorizada para sua continuao naquelle exerccio, por ser ella absolutamente insuficiente para construir 20 quilmetros nas mesmas condies do 1 trecho; essa verba era de 18:000$000, dos quaes deviam sair 3:000$000 para duas pontes, reduzindo-se a 750$000 por quilmetro, pelo que era humanamente impossvel acceitar o contracto, em vista do elevado preo de mo de obra, de gneros alimentcios e ferramentas.Comtudo a nossa edilidade vai proseguindo agora nessa constrcuo, tendo um novo oramento mais compatvel com a natureza desses trabalhos. Esse 2 trecho dever ser melhorado em annos posteriores conforme as dotaes que foram consignadas para esse fim. Porm, o seu traado vai sendo j definitivamente locado pelo rumo mais favorvel e conveniente, raio mnimo de 50 metros, porcentagem mnima 7%, sendo em geral de 2,3 e 4%, conforme temos verificado na abertura das picadas, e vai seguindo as mesmas linhas dos projetos discutidos e aprovados nos Congressos de Estradas de 1917 e 1919. Entendemos que este emprehendimento no dever ser interrompido, no s por motivos econmicos, como tambm para incrementar a riqueza pblica e tornar conhecida aquella vasta e

esperanosa regio, que s portas desta grande capital traz como que escondidos vrios afluentes do Juqui e Ribeira que nofiguram por enquanto na planta geogrfica de So Paulo, tendo alguns deles 4,5 e 6 m de gua por segundo, como o Juqui- mirim, Travesso e Corujas. A nossa via em questo, uma vez concluda, poder ser trafegada em todos os meses do anno, sem interrupo, vista que no ficar sujeita a inundaes e nem passar por ligares alagadios, e ser aberta por terreno consistente, recebendo em seus rolamentos raios solares, garantindo assim a sua conservao. Mas, para a sesso de Piedade a Sorocaba julgamos convincente o alargamento e desdobramento do seu leito, formando duas vias parallelas, uma para tropas e vehiculos comuns, e outra exclusivamente para automveis e similhantes Feito isto, ficaremos a 20 minutos de Sorocaba e poderemos vir cedo esta capital tratar de negcios ou a passeio e voltarmos no mesmo dia. Da mesma forma, nos domingos e feriados os commerciantes, industriaes, funcionrios pblicos e perrios podero ir Piedade, e mesmo ao Serto apreciar os segredos da floresta, a sua linda architectura geolgica e outros phenmenos da Creao, e no faltarem nos dias immediatos aos seus misteres. De Juqui a nossa estrada poder ser prolongada at Itanham, passando por Prainha e outras estaes. Ento teremos um circuito dos mais bellos e interessantes pela variedade de suas paizagens verdadeiramente chromticas e cheias de lances imprevistos, como fcil imaginar. O touriste gozar no mesmo dia a brisa dos aprazveis campos do planalto, as fragrncias das mattas virgens da Serra, os murmrios de caudalosos rios, os vagalhes surrantes do mar, o vai e vem de nosso maior emprio internacional, que Santos, e o bulcio insurdecente desta grande urbes que nos enche de orgulho, que nos estimula para o trabalho, que este - extraordinrio So Paulo.Senhores Congressistas, para que tudo isto se realize fica dependendo unicamente de uma vara mgica, como a de Moyss, que ferindo o rochedo colossal, que o errio do Estado, delle faa verter as verbas necessrias; e essa vara vos a tendes, o vosso patriotismo, a vossa boa vontade, que a posteridade abenoar. QUINTA SECO GERAL CONCLUSO DA MEMRIA Ao lanar o ponto final nesta longa exposio, devo acrescentar que, quer como simples particular, quer como detentor de alguma parcella da administrao pblica, tendo sido sempre perseverante no propsito de cooperar para o progresso do meu municpio e do todo o Sul de So Paulo. O meu enthusiasmo por este deal nunca se arrefeceu, pelo contrrio vai crescendo proporo que os annos passam e que geralmente nos deixam proveitosos ensinamentos. Foi um elemento ignoto que me impellira para essa majestosa Conveno Rodoviria, trazendo o meu despretensioso concurso, que no prima, estou certo, pela sua forma litterria, mas que provar a minha boa vontade em ser til minha terra, convencido tambm de, assim procedendo, cumprir um dever de paulista. Todo ns sabemos que o objectivo que ora congrega o nosso pensamento, uma questo sem questes; uma cidade sem luz elctrica, sem hygiene, sem estradas, sem automveis, no uma cidade digna desse nome, um ermo. E si hoje a estrada j faz parte do programma de administrao dos Governos bem organizados, porque a sua efficcia est reconhecida no mundo inteiro; e se nos centros populosos e servidos por outras vias de communicao, ella muito contribui para a riqueza e para a commodidade do pblico, indubitvel que ella avanando para a faixa litornea de nosso progressivo territrio, torna- se- uma avalanca poderosa, transformando radicalmente as suas velhas uzanas, substituindo-as pelo aconchego de novos meios de vida que afugentaro dali a ignorncia de nosso quasi desconhecidos lavradores, que eliminaro do seu seio a indolncia, a malria e a misria que fazem funestas

companhias aquelles nossos irmos, collocando em seu lugar a civilizao, machuinismos, facilidade de locomoo, confortos, enfim, agentes novos que sabero tirar proveito dos inexgottveis thesouros que se acham escondidos naquelle colossal thalweg, ingratamente alcunhado por SERTO de Iguape, citado, com certo horror, como se elle estivesse no continente africano, ou como se fosse ossaria anti- diluviana!... demais?!... Senhores, se as idias emittidas nesta memria forem acolhidas pelo pronunciamento approbativo dos nobres congressistas presentes, dar-me-ei por generosamente pago do esforo dispendido. CELESTINO AMRICO Subscrevo em suas linhas a presente memria. So Paulo, 12 de outubro de 1923. LAUREANO DA SILVEIRA BALDY Prefeito Municipal de Piedade " CONCLUSO Consubstanciando o fim desta memria, o Terceiro Congresso Paulista de Estradas de Rodagem, reunidoem So Paulo, no dia 12 de outubro de 1923, reconhece a importncia e a necessidade de uma estrada de rodagem, com todos os detalhes tchnicos previstos em lei, ligando Sorocaba a estao da via frrea em Juqui, passando por Piedade Porque ella ligar duas grandes regies de costumes, climas e produces differentes; Porque unir dois centros commerciaes e industriosos relativamente importantes; Porque atravessar uma grande zona ainda completamente despovoada; Porque ela ser um tronco para as futuras ligaes para: - Itanhaen, Xiririca, Jacupiranga, Iguape, Canana e outros povoados de Ribeira e do Juqui; Finalmente, porque, sendo o traado mais curto, por ella sero feitas as communicaes directas daquella parte do nosso litoral, com o interior e com a Capital do Estado.So Paulo, 12 de outubro de 1923. CELESTINO AMRICO Laureano da Silveira Baldy Prefeito Municipal de Piedade PARECER DA COMISSO ESTADUAL DE ESTRADAS DE RODAGEM SBRE O MEMORIAL DO SR.CELESTINO AMERICO. Tomando em considerao a pequena kilometragem e a relativa facilidade de construco de uma estrada de rodagem de piedade a estao de juqui (municpio de Iguape); Tomando em considerao os grandes benefcios que desta adviro para o Estado em consequncia do aproveitamento de uma regio ubrrima, mas hoje quasi despovoada;Tomando em considerao a exiguidade dos recursos oramentrios das Camaras interessadas; Sou de parecer que a Commisso de Estudos; Approve a concluso do autor apenas com uma retrico reletiva ao trecho de Sorocaba a Piedade por j existir uma estrada e por pertencer o tal trecho ao plano de viao da Directoria de Obras pblicas da Secretaria da Agricultura; Approve para a publicidade o memorial do Sr.Celestrino Amrico Encaminhe o dito trabalho para a Commisso de Recursos deste Congresso afim de que ao Legislativo sejam levadas as solicitaes da Cmara de Piedade,que constituem uma justa aspirao daquella localidade e dos povoados da Ribeira e do Juqui.

Sala das sesses da Commisso de Estudos do 3 Congresso de Estradas de RodagemS.Paulo, l5 de Outubro de 1.923 Mario Pernambuco -------------------------------------------------------------------------------INCIO DO POVOADO Agora j estamos no dia 15 de julho de 1930, ocasio em que Celestino Amrico, em companhia de Celso David do Valle, adentrou os sertes afim de contratar a medio de terras da famlia do Coronel Joo Rosa, de quem era parente, para vend-las em glebas com a finalidade da agricultura. Percorrendo as florestas, na tarde do mesmo dia, pararam em um ponto elevado entre dois braos de rios(Onas e Palmital), para discutir pormenores do contrato a ser assinado. Aps o acordo, Celestino Amrico tirou da cinta o seu inseparvel faco (instrumento indispensvel nas caminhadas pelo mato), com ele cortou uma estaca, e fincando-a no cho disse ao seu companheiro: " Dr. Valle, aqui ser a sede da futura povoao, isto porque daqui sairo as ramificaes para os rios Verde, Corujas, Alecrim e Juqui-Gua." Esse local e o ponto de divisa do Hotel do Tutu com o terreno da Igreja Catlica na rua Alcides David do Valle.. Retornaram a Piedade,onde foi firmado o contrato destinado a concretizar os desejos da famlia Rosa,contrato esse que se acha registrado no Livro 23 folhas 31 a 47 do segundo Tabelio de Notas daquela cidade e que em suas clusulas 34 e 35 respectivamente estabelecem o seguinte:Clusula 34 os proprietrios reservaro dez hectares do terreno para fundao e patrimnio de uma povoao na bacia do Ribeiro das Onas, e mais uma cachoeira do brao da esquerda do dito ribeiro para o futuro abastecimento de gua a essa povoao do patrimnio o engenheiro levantar uma planta bem detalhada dividindo-o em lotes de dez por quarenta metros com estacamento nmero a leo deixando uma rea central para um largo e construo de uma igreja. Esses lotes do patrimnio sero pelos proprietrios doados gratuitamente aos interessados que se comprometerem neles a construir casa nos dois primeiros anos a contar da data desta escritura depois deste prazo os lotes sero vendidos e o produto ser reservado para o fim de fazer a instalao de gua;o engenheiro no contrato de venda que fizer das terras nas duas margens da citada cacheirinha reservar a servido da mesma para o abastecimento acima aludido. Clusula 35 A nova povoao se denominar "Paranapiacaba" em virtude de ficar localizada em um taboleiro entre os contrafortes da '" cordilheira martima ". Em setembro de 1.930 o Dr.Celso construiu o primeiro rancho de pau a pique no Patrimnio do Paranapiacaba no local onde est erguida hoje a igreja catlica Apesar da precariedade dos caminhos de ento no dia 13 de janeiro de 1.931 o Dr.Celso chegava com um veculo " Cadillac" lotado de mercador ias at a sede do Patrimnio. Em 10 de novembro de l.932 reuniram-se os engenheiros Celso David do Valle, Jos Kenitz Moreira Lima, Royal Maravalhas e Valdomiro Valle, formando uma sociedade comercial com a denominao "Moreira eCia Ltda". para locarem a estrada de Piedade a Juqui, com o capitalde CR$ 10.000.00(Dez Mil Cruzeiros) assim como tambm um longo trecho faltante de Piedade ao Patrimnio do Paranapiacaba. Em 1.934 iniciou-se a colonizao com a formao da "Companhia Agrria Paulista" sendo aberto crca de Setenta quilometros de estradas vicinais,entre elas as que servem aos atuais bairros do Rio Verde Travesso Juquizinho e Colnia do Ch (antigo Nagasaki)

-------------------------------------------------------------------------------1935 - O PRIMEIRO COMRCIO E A CHEGADA DOS JAPONESES Nesse ano surgiram as duas primeiras casas comerciais no Patrimnio do Paranapiacaba de propriedade dos senhores Joaquim dos Reis Delgado e em seguida do Senhor Seigo Hirata.Nesse ano chegou um grupo de famlias japonesas, que foram Kanta Kubota, Kenichi Matsumura, Sadaji Sato, Seigo Hirata e Tiba. A inteno dos nipnicos era desbravar os sertes para propiciar o plantio der lavouras pois viam nessa imensido de terras a realizao de seus sonhos de agricultores sonho esse que os haviam trazidos do outro lado do mundo. Mas aps inmeras tentativas no conseguiam atingir a sua meta pois no conseguiam efetuar a limpeza das terras pois era impossvel queimar as matas que eram derrubadas pela falta de sol uma vez que chovia quase todos os dias. No meio deles, havia uma pessoa que havia feito carvo vegetal atravs de fornos feito em buracos no barranco e coberto com terra batida, onde morava em Hokaido no Japo, e assim inauguraram uma nova tividade em pleno serto e com isso puderam limpar as terras para o plantio. Com o tempo essa atividade passou a ser explorada pelos moradores antigos do local que viam no imediatismo desse lavor mais vantagens do que esperar tanto tempo pela colheita e assim passaram os japoneses a usar para o plantio as terras que eram desmatadas pelos colonos locais. Essa atividade perdura em parte ate hoje embora s com madeiras de reflorestamento de eucaliptos Um grupo de cinco japoneses sendo as famlias Kubota, Matsumura, Sato, Hirata e Tiba (embora as duas ultimas no sejam estas existentes hoje no municpio), resolveram firmar um pacto entre si que deveria ser cumprido acima de qualquer circunstancias e elaboraram uma carta de intenes para fazerem deste recanto do Brasil uma "ptria" onde pudessem criar e instruir os seus filhos para poderem participar de uma vida social e comercial em igualdade com os brasileiros. ,e no deixarem este local por maior que ossem os sacrifcios encontrados. Restam ainda duas dessas famlias no municpio, Matsumura e Kubota.. -------------------------------------------------------------------------------1938 - ELEVAO A CATEGORIA DE DISTRITO DE PAZ. No dia 30 de novembro de 1.938 o engenheiro Celso David do Valle e o Coronel Moreira Lima encabearam um movimento e conseguiram elevar o patrimnio a categoria de Distrito de Paz com o nome de Santa Catarina atravs do Decreto Estadual 9.775. No mesmo ano no dia 25 de novembro foi inaugurada com a presena do bispo diocesano de Sorocaba Dom Jos Carlos Aguirre a capela de Santa Catarina construda toda de madeira por um grupo de catlicos ncabeados pelo senhor Ambrsio Rgis. O primeiro Sub-Prefeito de Tapira foi o senhor Raul Leite de Magalhes e governou de 01.01.1939 at 03.01.1945. -------------------------------------------------------------------------------1944 - MUDANA DO NOME PARA TAPIRA. No dia 30 de Novembro de 1.944,por imposio de Lei Federal que proibia o nome de Estado para municpios o nome de Santa Catarina no poderia permanecer Os responsveis pelo Distrito queriam lhe dar o nome de Itupararanga mas como havia controvrsias procuravam por um nome mais adequado at que Celso Valle que era amigo pessoal do Presidente GetlioVargas pediu a ele uma opinio e aps ser indagado qual o animal diferente que havia no Distrito foi informado ter por aqui uma grande quantidade de antas em vrios rios existentes, ao que o Presidente Getlio opinou est a o nome ,Tapira ou seja "Rio da Anta".,e pelo Decreto -Lei de nmero 14.334 foi oficializado o nome TAPIRA passando a vigorar a partir de 01de Janeiro de 1.945.

1954 - INCIO DA CAMPANHA PR-EMANCIPAO No dia 29 de Maro de 1.954 na ocasio em que foi inaugurada a igreja de Santa Catarina um grupo de cidados Tapiraienses reuniram-se para iniciar uma campanha pr emancipao do Distrito, que pertencia ao municpio de Piedade. Encabeados por Ambrsio Rgis a comisso teve a partioipao dos senhores; Jos de Moura Glsser, Kameki Sato, Armando Simes Grazina, Benedito Messias, Shizuma Aoki, Ablio Simes, Antnio Vitorinodo Santos, Jlio Alberto Macieira, Antnio Vctor de Oliveira, Lzaro Soares de Campos e Riko Osawa. Por terem escolhido como patrono dessa causa o Deputado Juvenal Lino de Mattos que era amigo de Piedade tiveram os sonhos de emancipao vindo por terra, assim prorrogando por mais quatro anos essa aspirao mais do que justa dos tapiraienses. 1958 - O PLEBISCITO DE EMANCIPAO No dia 28 de Dezembro de 1.958,realizou-se o plebiscito pr-emancipao com a presena de 94 dos 103 eleitores inscritos tendo sido aprovado o mesmo por 93 a 01. Tendo o deputado Lencio Ferraz Jnior encampado a causa tapiraiense a Assemblia Legislativa do Estado dessa vs aprovou a criao do municpio o que foi oficializado pela lei 5.285 de 19.02.59. As divisas foram firmadas desmembrando Tapira de Piedade Juqui e So Miguel Arcanjo. Fazendo ivisas tambm com Ibina, Miracatu, Sete Barras e Pilar do Sul. Numa extenso territorial de 812 quilmetros quadrados. Autor: Prefeito Francisco Iise Filho

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