Apostila de Eletricidade Estatica para As Quimicas

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Eletricidade Esttica

Conceitos bsicos e referencias para preveno de acidentes na Industria Qumica


Introduo: A eletricidade esttica um fenmeno fsico natural, que ocorre a todo momento, sem nossa interferncia e sem que nos cause problemas. O fenmeno inclusive utilizado de forma positiva em vrias aplicaes, vrias delas do nosso cotidiano. Podemos citar algumas das ocorrncias da eletricidade esttica no nosso dia a dia: Descargas atmosfricas em dias de tempestade; Filme PVC aderindo aos alimentos Estalos e pequenas faiscas quando colocamos a mo na tela da TV Estalos e pequenas faiscas quando tiramos ou colocamos uma blusa de l acrlica. Copo plstico que no sai ou sai em grupos do porta-copos Em certos casos porm, o efeito pode ser um tanto prejudicial e at mesmo causar grandes acidentes, como nos exemplos: Danos a componentes eletrnicos durante manuteno e montagem. Alguns componentes se danificam pelo simples toque dos dedos do montador Incndios e exploses em materiais inflamveis ou nuvens de p

1. Formao de carga eletrosttica Separao de carga

A separao de cargas ocorre sempre que dois materiais so separados um do outro, e o efeito aumentado particularmente se ao menos um deles for no condutor de eletricidade. Os tomos vo ganhar ou perder eltrons, ficando carregados positiva ou negativamente. Exemplos:

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Andar por piso no condutivo (paviflex, pinturas epxi, carpetes) Usar sapatos com solados no condutivos (tnis, sapatos com solas de borracha) Usando carrinhos com rodas emborrachadas no condutoras de eletricidade Vestindo roupas no condutivas (blusas de l sinttica, nylon)

Transferindo materiais em p para vasos e reatores Operaes de spray lquido Enchimento de vasos e reatores com splash Derramando lquidos ou ps no condutores Bombeamento de lquidos por tubulaes Misturando disperses em lquidos no condutivos

2. Acmulo carga eletrosttica


Se a carga formada, devemos avaliar se a mesma poder se acumular em algum ponto dos materiais envolvidos. Considerando o acmulo de carga, novamente os materiais isolantes so os principais problemas, j que a energia gerada no tem como escoar por eles at um ponto aterrado. Mas partes condutoras que no estejam aterradas, tambm ficaro com a carga acumulada, se sofreram anteriormente um processo de formao de eletrosttica.

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Materiais condutores no aterrados

Materiais no condutores

E quanto de energia pode ser armazenada? Assim como uma bateria automotiva, os materiais armazenam mais ou menos energia dependendo de sua caracterstica eltrica e do tamanho A energia depende da capacidade dos objetos carregados : E = x C x U2 Veja o exemplo na tabela: Objeto C [pF] U [kV] E [mJ] Flange 10 10 0.5 Tambor 50L 50 8 2 Pessoa 150 12 11 Tambor 200L 200 20 40 Estas energias so suficientes para provocar ignio em gases, lquidos inflamveis e nuvens de p. Tabela 1-7.2 da NFPA 77 Energia mnima de ignio (aproximada) Gs ou vapor metano propano ciclopropano etileno acetileno hidrognio EMI (mJ) 0.29 0.25 0.18 0.08 0.017 0.017

Dependendo da caracterstica dos materiais (condutividade eltrica, fluidez, etc.) a dissipao natural da carga eletrosttica para o ar vai ser mais rpida ou mais lenta. A umidade relativa tambm vai influenciar muito no processo. Aps uma carga acumulada, a dissipao desta para o aterramento vai obedecer uma simples regra de Tempo de Relaxamento de Carga, com a frmula: T [sec] = R [ ] x C [F] Exemplo: Homem: C = 150 pF R = 103 3 T = 10 x 150 x 10-12 = 0.15 seg

3. Tipos de Descargas Eletrostticas

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Brush Discharges a descarga entre um condutor e uma superfcie carregada, condutiva ou no. Propagating Brush Discharges Descarga entre um condutor e uma superfcie no condutora altamente carregada. Geralmente ocorre entre uma camada de cobertura e seu suporte metlico . Spark discharges (fascas) Descarga entre duas partes condutivas, de forma nica, com emisso luminosa. Descargas tipo cone Descarga entre a superfcie de uma pilha de p no condutivo e a parede condutora do silo ou container.

4. Diferenas entre Condutores e no Condutores


Em relao ao risco de acumulao de carga eletrosttica, partes ou materiais com resistncia eltrica menor que 106 Ohm para o aterramento so consideradas aterrados. Existe risco de acumulao de carga quando a resistividade especfica for maior que 10 8 Ohm/m, pois desta forma no h como fazer o aterramento dos equipamentos ou materiais. Os materiais metlicos so em geral condutores. Os sintticos so, em geral, no-condutores. Valores Tpicos de resistividade (/m) PVC 10 13 Vidro (seco) 10 11 Policarbonato 10 12 Teflon 10 13 Disulfeto de Carbono 10 16 Tetracloreto de 10 15 Carbono Gasolina 10 12 Ciclohexano 10 12 Benzeno 10 12 Tolueno 10 12 Xileno 10 12 Cloreto de Metila 10 8 Metanol, Etanol 10 6 Acido Actico 10 5

5. Algumas medidas de preveno para evitar a formao e acmulo de eletrosttica na indstria:

Aterramento e interligao de partes metlicas

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O Aterramento uma das mais importantes medidas para se prevenir contra os efeitos da eletrosttica Todas as partes condutivas dos equipamentos onde atmosferas explosivas podem estar presentes ou inflamveis so manuseados devem ser conectadas ao aterramento, e a resistncia medida no dever passar de 106 ohm. Tipicamente o aterramento por cabos de cobre ou interligaes metlicas firmemente conectadas no tero resistncia maior que 1. Partes auxiliares no devem ser esquecidas, como funis, mangotes e as prprias pessoas. Para o aterramento das pessoas so utilizados os calados anti-estticos ou dissipativos, com solado com resistividade especfica menor que 108.

Figura 1 Aterrando vasilhames e tubulaes durante transferncia de inflamveis


Plastic < 5L*

Metal

Figura 2 Aterrando vasilhame e funil parqa operao de enchimento com material inflamvel (note que o limite para o vasilhame plstico no certificado de 5 l.

Figura 3 Utilizando sapatos anti-estticos, rodas com borracha anti-esttica e aterrando tambores para transferencia

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Figuras 4 e 5 Descarga ou carga de caminhes tanque contendo inflamveis com vent aberto. A conexo da garra de aterramento dever ser feita antes da conexo do tubo de enchimento. Toda a tubulao dever estar jumpeada. O tubo de enchimento dever ser do tipo mergulhador. A antiga prtica de correntes penduradas no caminho no eficaz e no deve ser aplicada. Como medida adicional, em descargas especialmente perigosas, podemos incluir sistemas supervisores de aterramento, que no liberam as vlvulas de enchimento, caso a garra de aterramento no esteja instalada. Ver figura 5

Figura 6 Descarga o carga de caminho em circuito totalmente fechado, com gs balano e inertizao. O aterramento recomendado mais no imprescindvel, j que uma descarga no produzir exploso, j que no h oxignio. A recomendao se d pela possibilidade de vazamentos e falha na inertizao. Os seguintes equipamentos podem ser considerados auto-aterrados para fins de dissipao da eletricidade esttica: Estruturas metlicas das construes, por necessitarem do aterramento para fins de proteo contra raios (descargas atmosfricas ) Tubulaes metlicas embutidas ou enterradas Equipamentos metlicos firmemente conectados s estruturas metlicas da construo Ateno especial deve ser dada nos seguintes casos: Tubulaes, flanges e vlvulas que podem estar isolados por juntas e camadas de tintas no contato mecnico dos parafusos (a maiorias das tintas isolante eltrico). Devem ser aplicados cabos de jumper sempre em partes sem proteo de pintura Tampas que podem no estar firmemente conectadas eletricamente ao vaso ou vasilhame Correias de Transmisso e transportadoras, que devem ser feitas de material condutor Vasilhames com revestimento interno ou sacos plsticos de proteo

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Revestimentos diversos como ebonite, vidro, ou mesmo pintura. A carga esttica ficar acumulada nos revestimentos e as partes metlicas devem ser conectadas ao aterramento por meio de partes no revestidas.

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Os sistemas de aterramento, como qualquer sistema, sofrem ao do tempo, corroso, desgaste, etc. e devem ser inspecionados visualmente e sua eficcia deve ser monitorada periodicamente.

Limitar a Vazo Limitao da velocidade de fluxo em tubulaes uma boa medida para preveno dos riscos com eletricidade esttica. A tabela abaixo exemplifica alguns limites para uso com lquidos inflamveis Dimetr o interno do tubo (mm) 40 50 80 100 200 400 Velocidad e mxima do fluido (m/s) 7.0 6.0 3.6 3.0 1.8 1.3 Vazo mxim a (l/m) 600 800 1100 1600 3500 10000

600

1.0

17000

Evitar splash Utilizar enchimento por tubos mergulhadores (ateno ao efeito sifo) ou aplicar entrada de forma tangencial parede do vaso

Inertizao Atmosferas com pouco oxignio (12% ou menos conforme o produto) so muito pobres para ocorrncia de fogo ou exploso. A inertizao pode ser feita sem medio da concentrao de O2, desde que seja garantida uma atmosfera s de nitrognio, ou no caso de sistemas grandes, pode-se fazer uma mistura de ar+nitrognio e utilizar-se um analisador de concentrao de oxignio (QIZ+). Neste caso o analisador passa a ser considerado um instrumento de segurana, e deve obedecer s normas aplicveis (IEC 61511, DS-4). Para cada produto deve-se ajustar a quantidade mxima de oxignio permitida. Tabela C1 NFPA 69 - Concentrao limite de oxignio para evitar deflagraes de combustveis (inertizao com nitrognio) pgina 8/10

Gs ou vapor Metano Etano Propano n-butano Etileno Propileno Tolueno Estireno Gasolina 73/100 Gs Natural Acetona CO Hidrognio Metanol Acetato de Metila Oxido de propileno

% limite superior de oxignio 12 11 11,5 12 10 11,5 9,5 9 12 12 11,5 5,5 5 10 11 7,8

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Outras medidas No utilizar tecidos sintticos no condutivos. Preferir os de 100% algodo ou os especiais anti-estticos. Utilizar sapatos anti-estticos Utilizar lquidos aditivados com anti-estticos Evitar uso de sacos plsticos, bombonas e outros recipientes plsticos no especiais. Obedecer aos tempos de relaxamento de carga, incluindo os perodos de quarentena aps carregamentos e transporte de produtos. Avaliar a capacidade dos materiais de dissipar a carga. Em geral os lquidos conseguem dissipar melhor que os ps a carga eletrosttica acumulada. Evitar umidade relativas muito baixas. Abaixo de 30% de umidade no ar, a formao de eletricidade esttica bem maior.

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