Metodos de Extensao Rural e Participacao
Metodos de Extensao Rural e Participacao
Metodos de Extensao Rural e Participacao
PRIMEIRA PARTE
1. Em 1985 teve início o processo de redemocratização do Brasil, após o ciclo
dos governos militares.
A palavra e o conceito de participação, que já vinha ganhando destaque,
mostra amplitude inédita, seja para quem trabalha no setor público
(Estado e instituições oficiais), seja para quem estava articulado ao
Terceiro Setor (organizações não-governamentais)
Ocorre que, como várias outras “grandes palavras” – como democracia,
liberdade, igualdade, fraternidade, cooperativismo, distribuição de terra
para correção de estrutura agrária altamente concentrada,
desenvolvimento, sustentabilidade – participação se tornou conceito
comum nos debates, textos, projetos e sites da Internet.
Ao longo dos anos 1990s, portanto, mostrou-se atordoante a confusão
conceitual e a desinformação no “reino da participação.
Tomando pontos extremos, tem-se de um lado o leigo total no assunto, que
encontra em suas leituras siglas misteriosas que se referem a
instrumentos participativos – entre eles ZOOP, DRP, DRRP, etc. E nesse
campo tem aqueles profissionais que, atuando na área, afirmam quase
que por juramento que “só existe um método participativo bom, capaz de
resolver todos os problemas. Lembra-se aqui a estratégia Bom Bril, com
“mil e uma utilidades”. Indo um pouco mais fundo, se desdobre que esse
tal método maravilhoso é o que aquele técnico conhece e usa!
No outro extremo da escala, tem-se expressiva falta de informação sobre o
enfoque participativo, especialmente no setor público.
4. Isso vale para se negar a valorização de uma dada profissão como sendo a
elite, como superior às demais. Ao contrário, o que importa, para uma
proposta de processo de conhecimento enriquecedora, a convivência de
múltiplos profissionais, métodos, abordagens.
SEGUNDA PARTE
5. Participações... e “participações”...
Nem sempre quando existe uma reunião, por exemplo, em que produtores
rurais e técnicos estão presentes, está havendo PARTICIPAÇÃO. A forma é a
mesma, mas a participação pode ou não estar existindo.
Vejamos então cada um dos níveis da tão falada Escada da Participação Cidadã.
Esta é uma Tipologia de oito níveis, que representa um Marco Referencial para
se analisar as diversas atividades e iniciativas que encontramos na prática e
que, de uma ou outra forma, são denominadas como sendo PARTICIPATIVAS,
avaliando até que ponto a população influencia o produto final das
ações.
Nestes dois primeiros níveis, nega-se uma participação efetiva. Seu objetivo
real é “permitir que atores sociais que conduzem o processo possam “educar”
as pessoas – a Manipulação – ou mantê-las sob controle – a Terapia”
MANIPULAÇÃO
Onde ela se manifesta? Por exemplo, em conselhos, onde “os conselheiros não
dispõem das informações, do conhecimento e de assessoria técnica
independente necessários para tomarem decisões por conta própria, mas
estão ali apenas para ratificar decisões tomadas por lideranças
políticas ou por técnicos participantes do processo”.
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TERAPIA
O uso “terapêutico” da Participação significa que “os técnicos de órgãos
públicos se escondem atrás de conselhos e comitês “participativos” para não
assumirem os erros cometidos por eles, evitando investigações ou punições e
diluindo a responsabilidade em conselhos onde os conselheiros nem sabem o
que está acontecendo”.
Dito de forma irônica: “Houve erro? Ora, mas quem decidiu foram os membros
do conselho ou do comitê...”
INFORMAÇÃO
Informar as pessoas sobre seus direitos, responsabilidades e opções pode ser o
primeiro passo rumo a uma verdadeira participação popular. “Porém, na
prática, muitas vezes constatamos tratar-se de um fluxo de comunicação de
mão-única, de cima para baixo”.
CONSULTA
A Consulta pode representar um avanço rumo a uma maior Participação. “Mas
se não tiver continuidade e não estiver acoplada a outros elementos da
participação, este nível pode apenas servir de fachada, transformando-se em
um ritual sem muita implicação prática. Exemplo clássico desse nível de
participação: pesquisas de opinião.
DEGRAU 5 – PACIFICAÇÃO
Neste degrau, o cidadão começa a ter certo grau de influência nas decisões.
Mas ainda são evidentes as limitações – isso porque não há obrigação para os
tomadores de decisão em levar em conta o que ouviram da população.
DEGRAU 6 – PARCERIA
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A partir desse degrau, mais para cima, vão sendo encontrados os níveis de
participação nos quais o cidadão tem crescente poder de decisão.
Grupos organizados que possuem legitimidade na sociedade podem iniciar
Parcerias com atores que são tradicionalmente detentores de poder e negociar
com esses uma forma específica de cooperação e acordo.
Nesse nível, ocorre uma real distribuição de poder entre os parceiros, que
concordam em compartilhar as atividades de planejamento e tomada de
decisão.
CONCLUSÃO
Devemos ter em mente . porém, que a participação não é
neutra, sem gosto e sem cheiro. Participação é mudança, é
distribuição de poder. Assim, é necessário ter clareza acerca do
processo do qual estamos participando!