Protocolo Iam

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA


DISCIPLINA DE CARDIOLOGIA
UTI CARDIOLÓGICA – HOSPITAL DE CLÍNICAS

PROTOCOLO DE INFARTO AGUDO


DO MIOCÁRDIO COM
SUPRADESNÍVEL DO SEGMENTO ST
2008
1. INTRODUÇÃO
O infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST
(IAMCSST) caracteriza situação clínica de extrema gravidade e com risco de
vida, determinada por oclusão de uma artéria coronária epicárdica. Trata-se de
uma condição com tratamento específico, capaz de modificar sua história
natural, devendo ser instituído o mais precocemente possível. A abordagem
inicial no atendimento do IAMCSST deve ser rápida e objetiva, iniciando pela
avaliação das características da dor torácica e dos sintomas associados,
história pregressa relevante, pelo exame físico direcionado e realização do
eletrocardiograma (ECG).

2. DIAGNÓSTICO
Baseado na associação de dois ou mais dos seguintes critérios:

a. Dor Torácica

Dor torácica anginosa persistente ao repouso, podendo ser


desencadeada por exercício ou estresse, com duração maior ou igual a 20
minutos, irradiada para membros superiores e pescoço, com sintomas
associados (dispnéia, sudorese, náusea, vômitos, epigastralgia), melhora
apenas parcial aos nitratos. Está presente em 75-85% dos casos. Pode ser o
primeiro episódio ou mudança no padrão de angina prévia.

b. Alteração Eletrocardiográfica

Elevação nova do segmento ST no ponto J em duas ou mais derivações


contíguas (> 0,2 mV em precordiais e > 0,1 mV em periféricas). Bloqueio de
ramo esquerdo (BRE) novo ou presumivelmente novo.

c. Marcadores de Necrose Miocárdica

Valores alterados de CK, CKMB atividade (disponíveis no HC), CKMB


massa, troponinas ou mioglobina (estes três últimos indisponíveis no HC).

• CK: 30 – 200 U/L.


• CK-MB: até 24 U/L

Obs: A presença ou ausência de marcadores de necrose miocárdica não deve


ser levada em consideração para a indicação de terapia de reperfusão, devido
ao fato de que estes marcadores apresentam elevação após o período ideal
para terapia de reperfusão. Servem para confirmação diagnóstica, avaliação
prognóstica e controle após reperfusão coronária.
3. AVALIAÇÃO IMEDIATA
O objetivo é identificar os pacientes candidatos à terapia de reperfusão e
realização de diagnóstico diferencial.

CORRIDA CONTRA O RELÓGIO:

“Tempo é músculo!”

1. ECG em 10 minutos.
2. Trombolíticos em até 30 minutos.
3. Angioplastia em até 90 minutos.

Deve ser realizada em menos de 10 minutos da chegada do paciente.

1. Anamnese breve e direcionada para identificação de candidatos à


terapia de reperfusão e possível contra-indicação à trombólise
farmacológica.
2. Exame físico direcionado com aferição dos dados vitais, palpação de
pulsos, identificação de sinais clínicos de gravidade, escala de Killip-
Kimball e TIMI Risk.
CLASSIFICAÇÃO DE KILLIP-KIMBAL
GRUPO Aspectos Clínicos Freqüência* Mortalidade**
I Sem sinais de congestão pulmonar 40-50% 6%
II B3, estertores pulmonares bibasais 30-40% 17%
III Edema agudo de pulmão 10-15% 38%
IV Choque cardiogênico 5-15% 81%
* Freqüência aproximada ** Mortalidade hospitalar

• O TIMI risk para IAM com supra de ST deve ser calculado e anotado no
prontuário:

Histórico
Idade≥75 anos 3
65-74 anos 2
DM ou HAS ou angina 1

Exame Clínico
PA< 100mmHg 3
FC>100 bpm 2
Killip II – IV 2
Peso < 67 kg 1

Apresentação Clínica
Elevação de ST na parede anterior ou bloqueio de ramo esquerdo 1
Tempo de apresentação > 4hrs 1
Escore de Risco Mortalidade no 30º dia em “Time II” *
0 0,8 %
1 1,6 %
2 2,2 %
3 4,4 %
4 7,3 %
5 12 %
6 16 %
7 23 %
8 27 %
>8 36 %
*Critérios de inclusão (elegível para terapia fibrinolítica) DP>30 min., aumento de ST, início dos sintomas
< 6 horas.

3. Monitorização cardíaca contínua.


4. Saturação de oxigênio.
5. ECG de 12 derivações, complementado com derivações direitas (V3R E
V4R) e dorsais (V7 e V8) se infarto inferior.
6. Acesso venoso periférico.
7. Exames laboratoriais: marcadores cardíacos(CK, CK-MB e troponina),
eletrólitos e coagulação.
8. Rx de tórax (não é essencial, porém serve para avaliação de congestão
pulmonar e possibilidade diagnóstica de dissecção aórtica).
9. Mnemônico "MONAB".

Morfina
Oxigênio
Nitratos
Aspirina
Betabloqueador

4. TRATAMENTO IMEDIATO
OXIGÊNIO

Fundamento:

• Limita a lesão miocárdica isquêmica; reduz a intensidade de elevação do


segmento ST. Efeito sobre morbi-mortalidade é desconhecido.

Dose e Administração:

• O2 deve ser administrado por máscara ou cânula nasal a 2-4 L/min.


• Deve-se administrar O2 a todos os pacientes com SO2 < 90% por
período indefinido (classe I, nível de evidência C).
• Após o diagnóstico nas primeiras 3-6 hs em todos os pacientes.
(classe IIa, nível de evidência C).
• Após o diagnóstico após 6 hs em todos os pacientes.
(classe IIb, nível de evidência C).
ASPIRINA (antiagregante plaquetário)

Fundamento:

• Inibe irreversivelmente a COX e a produção de Tromboxano-A2,


impedindo a agregração plaquetária, a reoclusão coronária e a
recorrência de eventos após a terapia fibrinolítica.

Dose e Administração:

• Administrar 200 mg VO amassados ou para mastigar para todos os


pacientes. Continuar com dose diária de 100 mg indefinidamente após o
IAM (classe I, nível de evidência A).
• Dose diária de AAS deve ser mantida indefinidamente (75-162mg) após
IAM para todos os pacientes sem história de hipersensibilidade tipo I
verdadeira (classe I, nível A).

Observações:

• Nos casos de contra-indicações (úlcera péptica ativa, hepatopatia grave,


desordens hemorrágicas), hipersensibilidade ou não responsividade à
aspirina pode-se usar Ticlopidina (classe IIb) ou Clopidogrel (classe IIa,
nível C).

NITROGLICERINA E NITRATOS (agentes vasodilatadores)

Fundamento:

• Os nitratos dilatam (mecanismo mediado por óxido nítrico) as artérias


coronárias, o leito vascular periférico e os vasos de capacitância venosa.
Reduzem a dor isquêmica associada à isquemia coronária, embora não
substituam a analgesia com narcóticos.

Obs: Não devem ser usados se a hipotensão limitar a administração do beta


bloqueador, devido ao maior benefício desta última droga.

Indicações:

• Pacientes com desconforto torácico isquêmico devem receber dinitrato


de isossorbida 5 mg ou nitroglicerina 0,4mg SL.
• Nitroglicerina IV está indicada para aliviar o desconforto torácico
isquêmico persistente a despeito da terapia oral, controlar HAS ou
manejar o tratamento de congestão pulmonar. (classe I, nível de
evidência C).
Precauções:

• Não devem ser administrados em pacientes com PAS < 90mmHg ou


decréscimo de PAS >30 mmHg em relação PAS de base; bradicardia
severa (< 50 bpm); taquicardia (>100 bpm); ou IAM de VD suspeito.
(classe III, nível de evidência C).

• Não devem ser administrados em pacientes que receberam inibidor da


fosfodiesterase para disfunção erétil nas últimas 24 horas (48 horas para
tadalafil). (classe III, nível de evidência B)

Dose e administração:

• Dinitrato de isossorbida (Isordil®) 5mg SL, podendo ser repetido em até


3 doses com intervalos de 5-10 minutos caso persista a dor anginosa.
Evitar as preparações de liberação lenta nas primeiras horas pós-IAM
pela labilidade hemodinâmica dos pacientes.

• Nitroglicerina spray (Nitronal®) 2 doses medidas SL ou na língua. (não


disponível no HC).

• Nitroglicerina IV (Tridil®) 25-50 mg administrado em bomba infusora,


conforme tabela 1.

Tabela 1:
NITROGLICERINA IV
• Diluição: 1 ampola (25mg) de Tridil® em 250ml de SG5%(concentração de
100mcg/min), administrar em bomba infusora.
• Dose: Inicial deve ser 10mcg/min (6ml/h) e deverá ser aumentada em 5-10mcg/min a
cada 5-10min até melhora da dor ou ocorrer efeitos colaterais(↓10% PAS nos
normotensos e ↓30% PAS nos hipertensos).

Índice de fluxo da diluição (ml/h) mcg/ml


6 10
12 20
24 40
48 80
72 120
96 160
• Mononitrato de isossorbida (Monocordil®) 10 mg, diluídos na infusão
contínua de 2,5 mg/kg/dia. Diluição padrão: 3 amp em 100ml SG5% e
administrar em bomba infusora a 33 ml/h a cada 8 horas.

Complicações:

• Hipotensão sistêmica inesperada, muitas vezes refratária a


vasopressores. Em caso de hipotensão, tratar rapidamente com atropina
0,5-15 mg IV (ampolas de 1ml com 0,5mg) e Trendelemburg.
Observações:

• O seu uso deve ser continuado além das primeiras 48 horas se houver
IAM extenso ou complicado. (classe IIb).

MORFINA

Fundamento:

• A morfina é um venodilatador que reduz a pré-carga do VE, diminui a


resistência vascular sistêmica, reduzindo também a pós-carga e tem
efeito analgésico sobre o SNC, reduzindo a ansiedade com efeitos
simpatolíticos.

Indicações:

• Todos os pacientes com dor torácica isquêmica, IAM sem hipotensão ou


depressão respiratória e edema agudo de pulmão (redistribui a volemia).

Dose e Administração:

• 01 ampola (1 amp = 10mg = 1mL de "Dimorf“) diluída em 9 mL de


diluente, aplicar 2-4 mL IV a intervalos de 5-15 minutos até o alívio da
dor ou aparecimento de sinais de toxicidade descritos abaixo. É a
analgesia de escolha para manejar a dor associada ao IAMCSST.
Classe I, nível de evidência C.

Complicações:

• A intoxicação por morfina (hipotensão, depressão respiratória, vômitos


severos) pode ser revertida com Trendelemburg, atropina 0,5 - 15 mg IV
de 15-15 min e metoclopramida 1 a 2 amp IV (= 2 mL = 10 mg).
Naloxone 0,4 - 2 mg IV a cada 2 min (antagonista da morfina) pode ser
utilizado.

Observações:

• Outra opção analgésica é a Meperidina (Dolantina®), deve ser utilizada


quando não há morfina disponível. Diluir 01 ampola (= 2mL = 100 mg)
em 08 mL de diluente e aplicar 2 mL IV em intervalos de 5-15 minutos
até o alívio da dor ou evidente toxicidade.
BETABLOQUEADORES

Fundamento:

• Redução da incidência de re-infarto em pacientes que recebem terapia


fibrinolítica; bloqueia o estímulo simpático sobre a FC e a contratilidade
miocárdica, diminuindo o VO2; reduz a incidência de complicações
mecânicas associadas em pacientes que não recebem terapia
fibrinolítica; reduz a pós-carga ventricular bem como a extensão da
lesão, a isquemia pós-infarto e a incidência de taquiarritimias
ventriculares.

Indicações:

• Indicados nas primeiras 12 horas de sintomas, para todos os pacientes


que não tenham contra-indicações. (classe I).

• A terapia oral com betabloqueador deve ser administrada prontamente


em pacientes sem contra-indicações, a despeito da terapia fibrinolítica
ou ACTP (Angioplastia Coronária Transluminal Percutânea) primária.
(classe I, nível de evidência A).

• É aceitável administrar betabloqueador IV prontamente em pacientes


com IAMCSST sem contra-indicações, especialmente se há
taquiarritmias ou HAS associados. (classe IIa, nível de evidência B).

• Pacientes com insuficiência cardíaca leve (estertores bi-basais sem


sinais de baixo débito) ou DPOC podem utilizar, porém devem ser
monitorados de perto. (classe IIb).

• Pacientes sem contra-indicações e que não receberam beta bloqueador


nas primeiras 24 horas do IAM, devem iniciá-lo e mantê-lo até a fase de
convalescença do IAM. (classe I, nível de evidência A).

• Pacientes com contra-indicação precoce ao uso de betabloqueador nas


primeiras 24 horas devem ser reavaliados para o uso da terapia com
beta bloqueador. (classe I, nível de evidência C).
Dose e administração:

Dose ideal de
Betabloqueador Dose inicial
manutenção
Metoprolol IV 5mg a 1mg/min com 25mg VO 30 min após a
intervalo de 10 min até total dose IV seguidos de
de 15 mg* 50mg VO 12/12 hrs.
Metoprolol VO 25mg VO 12/12 hrs. 50-100 mg VO 12/12hrs.
Carvedilol VO 3,125mg VO 12/12 hrs. 25mg VO 12/12 hrs.
Propranolol IV 0,5-1mg IV a 1mg/min a 10-120mg VO 8/8 hrs.
cada 5min até total de 5mg.
Propranolol VO 20mg VO 8/8 hrs. 40-80mg VO 8/8 hrs.
Atenolol VO 25mg VO 24/24 hrs. 50-100mg VO 24/24 hrs.
Esmolol IV 0,5mg/Kg em 1 minuto 50-300mg/Kg/minuto

Contra-indicações:

• FC < 60 bpm.
• PAS < 100 mmHg.
• Insuficiência grave de VE.
• Sinais de Hipoperfusão.
• BAV de 1º grau com intervalo PR > 0,24.
• BAV de 2º e 3º graus.
• Doença vascular periférica grave.
• História de asma ou doença pulmonar obstrutiva grave.

5. TERAPIA DE REPERFUSÃO
É conduta prioritária no tratamento do IAMCSST nas primeiras 12 horas
de evolução, possibilitando a recanalização coronariana e interrupção do dano
ao miocárdio. Pode ser realizada por angioplastia transluminal coronariana
percutânea primária (ATCP) ou através de agentes trombolíticos. Devem ser
observados os seguintes aspectos antes da escolha da estratégia a ser
utilizada:

1. Inicio dos sintomas.


2. Estratificação do risco do IAMCSST (Killip e Kimball, TIMI Risk).
3. Risco e contra-indicações aos trombolíticos.
4. Tempo de transporte estimado para laboratório de hemodinâmica.
ANGIOPLASTIA TRANSLUMINAL CORONÁRIA PERCUTÂNEA (ATCP)

Fundamento:

• Restaura a patência do vaso via dilatação arterial por cateter balão com
90% de sucesso quando realizada em centros experientes, com pessoal
treinado. É uma técnica de reperfusão isenta do risco de sangramento
associado à trombólise. Possui uma maior taxa de patência do vaso e
uma mortalidade menor em 40% do que a trombólise.

Indicações:

ATCP é preferível nas circunstâncias:

• Laboratório de hemodinâmica disponível com respaldo de equipe


cirúrgica.
o Angioplastia inferior a 90 min*.
• IAMCSST de alto risco
o Choque cardiogênico.
o Killip ≥3.
• Contra-indicações para trombolíticos.
• Apresentação tardia.
o Início dos sintomas superior a 3 horas.
• Diagnóstico de IAMCS é duvidoso.

ANGIOPLASTIA DE RESGATE

Fundamento:

• Angioplastia de emergência para reperfusão rápida (risco do paciente).

Indicações:

• Pacientes com isquemia persistente ou recorrente após fibrinólise,


reinfarto ou disfunção ventricular esquerda severa, com anatomia arterial
favorável.

CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCARDICA DE EMERGÊNCIA

Indicações:

• Falha da angioplastia com persistência da dor ou instabilidade


hemodinâmica em pacientes com anatomia coronária favorável para
cirurgia. (classe I)
• IAM com dor persistente ou recorrente com dor refratária ao tratamento
clínico em pacientes com anatomia coronária favorável a cirurgia e não
candidatos a ATCP. (classe I)

• Perfuração de septo ou insuficiência de valva mitral pós-IAM. (classe I).

• Choque cardiogênico em pacientes cirúrgicos. (classe IIa)

• Falha de ATCP com pequena área miocárdica acometida. Paciente


estável (classe IIb)

TERAPIA FIBRINOLÍTICA

Fundamento:

• O salvamento máximo do miocárdio ocorre quando a aplicação de


fibrinolítico é feita em curto espaço de tempo (ideal <30 minutos;
possível até 12 hrs) após o início dos sintomas, permitindo um retorno
ao fluxo normal em 54% dos casos tratados com Rt-PA acelerado e
heparina e em 33% dos casos tratados com estreptoquinase (SPK). A
fibrinólise pode limitar o tamanho do infarto, preservar a função VE e
reduzir a mortalidade.

Indicações:

Trombolítico é preferível nas circunstâncias:

• Apresentação dos sintomas > 3 horas com atraso para terapia invasiva.
o Angioplastia superior a 90 min*.
o Transporte prolongado.
• ATCP não é uma opção.
o Dificuldades de acesso vascular.
o Laboratório de hemodinâmica não disponível.

• Na ausência de contra-indicações, a terapia fibrinolítica deve ser


administrada em pacientes com IAMCSST cujos sintomas iniciaram nas
primeiras 12 horas e a elevação do segmento ST é superior a 0,2 mV
em pelo menos 2 derivações precordiais ou 0,1 mV em 2 derivações
periféricas adjacentes. (classe I, nível A)

• Na ausência de contra-indicações, é aceitável administrar terapia


fibrinolítica em pacientes com IAMCSST cujos sintomas e isquemia
apresentam-se entre 12 a 24 horas concomitante com elevação do
segmento ST superior a 0,2 mV em pelo menos 2 derivações precordiais
ou 0,1 mV em 2 derivações periféricas adjacentes. (classe IIa, nível B)
• Na ausência de contra-indicações, a terapia fibrinolítica deve ser
administrada em pacientes cujos sintomas iniciaram nas primeiras 12
horas e com BRE novo ou supostamente novo. (classe I, nível A)

• Na ausência de contra-indicações, é aceitável administrar terapia


fibrinolítica em pacientes com IAMCSST cujos sintomas iniciaram nas
primeiras 12 horas e o ECG de 12 derivações indica IAM posterior.
(classe IIa, nível C)

• Elevação de ST em paciente >75 anos. (classe IIa).

• Elevação de ST com PAS > 180 ou PAD > 110 mmHg na chegada +
IAM de alto risco. (classe IIb)

CONTRA-INDICAÇÕES AO USO DE TROMBOLÍTICO:


ADMINISTRAÇÃO DE TROMBOLÍTICO:

Usar 2 acessos IV periféricos, sendo um deles para o trombolítico.

Estreptoquinase (Streptase):

Ampolas de 250.000, 750.000 e 1500.000 UI. Reconstituir a 1 mg/mL.


Diluir 1.500.000 UI em 250 mL SG5%, administrar em bomba infusora a
250mL/h.

CRITÉRIOS DE REPERFUSÃO

1. Diminuição da dor
2. Diminuição de 50% no supradesnível do segmento ST
3. Arritmias de reperfusão.
4. Pico precoce das enzimas cardíacas

6. MANEJO HOSPITALAR
Exames laboratoriais:

• Perfil Lipídico (HDL colesterol, colesterol total e triglicerídeos dosados


nas primeiras 24 horas), hemograma, plaquetas, sódio, potássio,
creatinina e glicose.

• Dosagens seriadas de enzimas cardíacas: CK, CK-MB, e troponina na


admissão. E, após, a cada 24 h controle com CK-MB até a
normalização.

Exames complementares:

• Rx tórax no leito, com o paciente sentado.


• ECG’s diariamente ou após ocorrer dor torácica ou intercorrência.
• Estratificação de risco contínua (ESCORE DE RISCO TIMI PARA
IAMCSST).

Cuidados de enfermagem:

1. Cuidados Pré- Cateterismo e Preparo do Paciente:

• Manter paciente em jejum desde a admissão. Caso o exame não seja de


emergência, jejum de 4 horas deverá ser respeitado.
• Retirar jóias, adornos e entregar a família.
• Realizar tricotomia da fossa anticubital e inguinal bilateral (no máximo
até 2 hs antes do procedimento). Em casos de emergência esta prática
pode ser realizada na sala de hemodinâmica.
• Estimular o paciente a urinar antes do procedimento.
• Realizar punção venosa heparinizada em MSE já que o lado direito é o
de uso preferencial para a intervenção coronária.

2. Cuidados Pós-Cateterismo/Angioplastia Transluminal Coronariana


Percutânea (ATCP):

Após a admissão ou readmissão do paciente na UTI, durante o período


de recuperação pós-procedimento e em especial, nas primeiras horas,
condutas e cuidados especialmente voltados para a prevenção, detecção e
tratamento precoce de complicações devem ser seguidos e aplicados a todos
os pacientes submetidos ao cateterismo cardíaco.

• Repouso absoluto no leito (o repouso diminui o consumo de oxigênio


pelo miocárdio) por, no mínimo, 24 horas caso não haja complicações.
Prestar cuidados de higiene no leito nesse período. Nas próximas 24 hrs
o paciente poderá sentar em cadeira,monitorizado e tomar banho no
leito.
• Manter a cabeceira do leito abaixo de 30º salvo quando houver contra-
indicações (Ex: dispnéia, tosse, mal estar em decúbito dorsal, etc).
• Proporcionar ambiente repousante e tranquilizante, limitando o número e
o tempo das visitas (o estresse aumenta o consumo de oxigênio pelo
miocárdio). Orientar os familiares a evitarem conversas excessivas e
assuntos desagradáveis.
• Monitorizar o paciente continuamente e verificar PA, pulso periférico,
freqüência e ritmo cardíacos a cada 2 horas nas primeiras 24 horas e a
cada 4 horas até a alta ou ACM. Qualquer alteração deve ser
comunicada rapidamente. Os distúrbios cardiovasculares são refletidos
nos valores e parâmetros encontrados. Ex: um pulso rápido (P>140
bpm) regular, porém fraco, indica redução do débito cardíaco. Um pulso
lento (P<50 bpm) pode indicar bloqueio cardíaco. Um pulso irregular
pode sugerir arritmias.
• Avaliar níveis de consciência, orientação no tempo e espaço. Alterações
de consciência podem ser produzidas por medicamentos, choque
cardiogênico iminente ou até mesmo má perfusão cerebral. Comunicar
imediatamente qualquer alteração.
• Observar e comunicar imediatamente o aparecimento de dor torácica
(com ou sem irradiação), dispnéia, palpitações, desmaio, transpiração
excessiva. Anotar a hora da averiguação, duração do episódio e se há
fatores precipitantes e atenuantes.
• Verificar e anotar volume urinário (ideal >40 ml/hora). A oligúria é um
sinal precoce do choque cardiogênico.
• Observar o local da inserção do introdutor verificando a presença ou não
do dispositivo.
• Anotar as características do membro onde foi efetuada a intervenção
(coloração, presença ou ausência de pulsos periféricos, presença ou
ausência de hematomas no local da inserção do introdutor).
• Se o paciente ainda apresentar-se com o introdutor, o membro deverá
permanecer totalmente imóvel até que o médico ou o enfermeiro realize
sua remoção.
• Se necessário, utilizar restrição mecânica do membro com atadura e
algodão ortopédico, o que evita sua manipulação.
• Após a retirada do introdutor, deverá ser realizada a compressão
mecânica no local por 10- 20 minutos e em seguida a realização de um
curativo compressivo.
• Monitorar o local do curativo objetivando detectar presença ou formação
de hematomas ou sangramento.
• Na ocorrência de sangramentos ou hematoma, deve-se realizar nova
compressão local e comunicar imediatamente a equipe médica, onde
após a resolução do quadro, um novo curativo compressivo deverá ser
feito.
• Estar atento a queixas de dor intensa no local da punção arterial
(mesmo sem presença de hematoma ou sangramento), acompanhada
muitas vezes de hipotensão e palidez cutânea, pois pode ser indicativo
de hemorragia retroperitoneal.

8. TERAPIA ADJUVANTE

DIETA:

O jejum é mantido enquanto persistir dor ou instabilidade hemodinâmica


grave ou por, no mínimo, 4 horas após o CAT e depois iniciar uma dieta
branda, rica em fibras, pobre em gordura e sal e com cerca de 1200 a 1800
calorias.

TERAPIA ANTITROMBÍNICA

Fundamento:

• Anticoagulante que inibe indiretamente a trombina, utilizado como


adjunto à terapia fibrinolítica. Reduz a chance de reoclusão do vaso
infartado após a administração de agentes fibrinolíticos específicos de
fibrina (alteplase/Rt-PA, reteplase).

Heparina Não Fracionada (HNF-LIQUEMINE)

Indicações:

• Administração IV de HNF para pacientes submetidos à ATCP ou cirurgia


de revascularização miocárdica, suspendendo a infusão imediatamente
após o procedimento. (classe I; nível C).
• Administração IV de HNF para pacientes submetidos a agentes
fibrinolíticos não seletivos mantendo a infusão por 48 horas após o
procedimento (estreptoquinase, uroquinase, anistreplase). (classe I;
nível C).
• Administração IV de HNF para pacientes após IAMCSST que
apresentam alto risco de embolia sistêmica (IAM extenso ou anterior;
FA; evento tromboembólico prévio, ou conhecido trombo em VE).
(classe I; nível B).
• A contagem de plaquetas deve ser monitorada diariamente. (classe I;
nível C).
• Em pacientes com IAMCSST não submetidos à terapia de reperfusão,
que não apresentam contra-indicações para anticoagulação, o uso de
HNF deve ser feito por pelo menos 48 horas. Em pacientes cujas
condições clínicas necessitam de repouso prolongado no leito e/ou
atividade física mínima, é aceitável que o tratamento com heparina
profilática mantenha-se até a alta hospitalar. (classe IIa. Nível C).

Dose e Administração:

• 60 UI/Kg em bolus (máximo 4.000 UI); em seguida continuar com 12


UI/Kg/hora (máximo 1.000 UI/hora para pacientes > 70 Kg).

• Ajustar a dose para um TTPA de 1,5 - 2 vezes o controle, por 48 horas.


Após as primeiras 24 horas o TTPA desejável é entre 50 e 70 seg. Fazer
controle do TTPA em 6 /12 /18/ 24hs. Ajustar dose conforme tabela a
seguir:

Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM - CLEXANE)

• 30mg IV em bolus, seguido de 1,0 mg/Kg SC 12/12 horas.

• É uma alternativa aceitável à HNF como terapia auxiliar para pacientes


com menos de 75 anos sem disfunção renal significativa (creatinina <
2,5mg/dL para homens; ou creatinina <2,0mg/dl para mulheres).
Contra-indicações:

• HBPM não deve ser usada como alternativa à HNF em pacientes com >
75 anos que recebem terapia fibrinolítica.

• HBPM não deve ser usada como alternativa à HNF em pacientes com
menos 75 anos que recebem terapia fibrinolítica e apresentam disfunção
renal significativa (creatinina > 2,5 mg/dL para homens; ou creatinina >
2,0 mg/dL para mulheres).

IECA- INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA


BRA - BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1

Fundamento:

• Os IECA e os BRA ajudam a prevenir o remodelamento do VE, retardam


a progressão da IC e diminuem a incidência de morte súbita e
recorrência do IAM.

Indicações:

• Pacientes com critérios clínicos de IAMCSST.

• Os IECA devem ser administrados por via oral nas primeiras 24 horas do
IAM com supradesnível de ST em pacientes com IAM de parede
anterior, congestão pulmonar ou fração de ejeção de VE < 0,40 na
ausência de hipotensão (PAS < 100 mmHg ou PAS inferior a 30 mmHg
abaixo da pressão de base) ou contra-indicações para o uso desta
classe de medicamentos. (classe I; nível A).

• Os IECA podem ser administrados por via oral nas primeiras 24 horas
do IAMCSST em pacientes sem infarto anterior, congestão pulmonar, ou
fração de ejeção de VE < 0,40 na ausência de hipotensão (PAS < 100
mmHg ou PAS inferior a 30 mmHg abaixo da pressão de base) ou
contra-indicações para o uso desta classe de medicamentos. (classe IIa;
nível B).

• Devem ser administrados preferencialmente após terapia fibrinolítica ter


sido completada e com a pressão arterial estabilizada.

• Os BRA devem ser considerados em pacientes com IAMCSST que são


intolerantes a IECA e que apresentam sinais clínicos e radiológicos de
ICC ou FE < 40%. O uso de Valsartan (dose alvo de 160 mg 2x dia) e
Candesartan tem eficácia estabelecida para esta recomendação. (classe
I, nível C).
Dose e Administração:

• Iniciar com dose baixa VO, aumentando-a regularmente até alcançar a


dose máxima em 24-48 horas.

Estudo IECA Dose inicial Dose-alvo


SAVE, ISIS-4, CCS-1 Captopril 6,25 mg (primeira dose) e 2 50 mg 3 x dia
horas após: 12,5 mg 2 x dia
SOLVD Enalapril 2,5 mg 2 x dia 10 mg 2 x dia
AIRE Ramipril 2,5 mg 2 x dia 5 mg 2 x dia
GISSI-3 Lisinopril 5 mg 1 x dia 10 mg 1 x dia
TRACE Trandolapril 1 mg 1 x dia 4 mg 1 x dia

Contra-Indicações:

• Gestação, angioedema, PAS < 100mmHg, IR severa (creatinina > 3),


estenose de artéria renal bilateral, hipersensibilidade a IECA.

ANTAGONISTAS DA ALDOSTERONA

Fundamento:

• O bloqueio da aldosterona na adição ao tratamento com IECA mostrou


prevenir o remodelamento ventricular desfavorável e a formação de
colágeno nos pacientes com disfunção de VE após IAM. O estudo
EPHESUS demonstrou diminuição da mortalidade com o uso de
eplerenona em pacientes com IAM e sinais de insuficiência cardíaca.

Indicações:

• Devem ser administrados para pacientes com IAM sem disfunção renal
significativa (creatinina < 2,5 mg/dl para homens e < 2,0mg/dl para
mulheres) ou hiperpotassemia (≥ 5 mEq/L) que já estão recebendo
doses terapêuticas de IECA e betabloqueadores, com FE de VE ≤ 0,40,
e com sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca. (classe I, nível C).

Dose e administração:

• Eplerenone 25 mg VO/dia (ainda não disponível no Brasil).

Observações:

• Deve-se manter rigoroso controle dos níveis séricos potássio.

• O uso rotineiro de espironolactona após IAMCSST não está ainda


fundamentado em estudos randomizados.
TIENOPIRIDÍNICOS

Fundamento:

• São derivados da tienopiridina, sem ação in vitro, sugerindo serem


precursores de um metabólito ativo não identificado. São antagonistas
seletivos, não competitivos da agregação plaquetária pela via do ADP,
bloqueando a ativação do receptor IIb/IIIa, mas não atuando diretamente
sobre este receptor. A ticlopidina e o clopidogrel inibem a agregação
plaquetária e a retração do coágulo, prolongando o teste de tempo de
sangramento. O clopidogrel tem potência equivalente 6 vezes maior que
a ticlopidina.

• O principal para-efeito da ticlopidina é toxicidade para a medula óssea


(leucopenia, trombocitopenia e pancitopenia). O clopidogrel não possui
essa toxicidade quando testada em ratos.

Ticlopidina - Nome comercial: Ticlid®. Plaketar® comp. 250mg.

Clopidogrel - Nome Comercial: Plavix®, Iscover® comp. 75mg.

Indicações:

• Para pacientes com planos de coronariografia diagnóstica e para


aqueles com plano de ACTP, Clopidogrel (mínimo de 300 mg VO de
ataque seguido de 75 mg VO) deve ser iniciado e continuado por pelo
menos 1 mês após stent metálico, 3 meses para Sirulimus, 6 meses
para Paclitaxel, e superior a 12 meses em pacientes que não possuem
alto risco de sangramento. (classe I, nível B).

• Uso de Clopidogrel em pacientes recebendo terapia fibrinolítica os quais


possuem hipersensibilidade tipo I a AAS ou intolerância gastrointestinal
maior a AAS. (classe IIa, nível C).

Recomendação Importante:

• Para pacientes com plano de RVM, clopidogrel deve ser interrompido


por 5 dias (7 dias de preferência) antes do procedimento, a menos que a
urgência do procedimento seja superior ao risco de sangramento.
(classe I, nível B).
INIBIDORES DA GLICOPROTEINA IIb/IIIa

Fundamento:

• A exposição de tecido subendotelial durante a ruptura de uma placa,


quer seja espontaneamente, como nas síndromes coronárias agudas,
quer durante intervenção coronariana por meio de cateter, leva à adesão
seguida pela ativação das plaquetas, que liberam substâncias que
promovem a agregação plaquetária. Os receptores da glicoproteína
IIb/IIIa tornam-se ativos, o que possibilita a formação de pontes entre as
plaquetas por meio da ligação das moléculas de fibrinogênio. Os
inibidores da glicoproteína IIb/IIIa, por agirem na via final comum, são
considerados os mais potentes inibidores da agregação plaquetária.

Indicações:

• Devem ser utilizados nos pacientes que serão submetidos à intervenção


coronariana percutânea de alto risco, como na síndrome coronariana
aguda, na presença de trombos visíveis e no infarto do miocárdio
recente, em associação com aspirina e clopidogrel. O abciximab ou o
eptifibatide, dentre os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa, são as drogas
recomendadas nessas situações. Na angioplastia utilizada para
tratamento do infarto com supradesnivelamento do segmento ST,
recomenda-se o abciximab.

Contra-indicações absolutas:

• Sangramento ativo ou distúrbio hemorrágico ou hemorragia


intracraniana ou neoplasia ou Malformação AV ou aneurisma ou AVC
nos últimos 30 dias, cx ou trauma importante no último mês, dissecção
aórtica, pericardite ou HAS grave, hipersensibilidade ou uso
concomitante de outro inibidor de GP IIb/IIIa, plaquetas < 150.000.

Existem três agentes disponíveis para uso parenteral:

1. Abciximab: Esse agente é um anticorpo monoclonal contra o receptor


da glicoproteína IIb/IIIa, e, portanto, possui alta afinidade. A inibição
completa da agregação plaquetária é obtida quando há ocupação de
mais de 80% dos receptores. A ligação é reversível, mas a dissociação
do anticorpo é lenta, fazendo com que a normalização da agregação
plaquetária aconteça 24 a 36 horas após o término da infusão do
abciximab. O risco de sangramento é reduzido, ajustando-se a dose de
heparina ao peso do paciente e retirando-se precocemente o introdutor.
Se houver sangramento refratário na vigência de abciximab, suspender
a droga e após 30 minutos transfundir plaquetas. Não há contra-
indicação absoluta para revascularização do miocárdio de urgência, mas
em geral há maior necessidade de transfusão de plaquetas e de
hemácias.

Dose: Bolo de 0,25 mg/kg. Infusão: 0,125 mg/min/h, no máximo 10


mg/min por 12 horas. Diluir 4,5 ml de abciximab em 250 ml de solução
fisiológica a 0,9% ou glicosada a 5%. Dose de heparina: O abciximab
deve ser iniciado após infusão de heparina não-fracionada, estando o
tempo de coagulação ativada entre 200 e 300 segundos. Se o paciente
não estava recebendo heparina, deve-se administrar 70 UI/kg, no
máximo 7.000 UI. Se o paciente já estava usando heparina, deve-se
checar o tempo de coagulação ativada: se for menor que 150 segundos,
dar 70 UI/kg de heparina; se estiver entre 150 e 199 segundos, dar 50
UI/kg de heparina; e se for maior que 200 segundos, não administrar
heparina. Após a dose inicial de heparina, deve-se checar novamente o
tempo de coagulação ativada e dar pequenos bolos de 20 UI/kg até
obter tempo de coagulação ativada entre 200 e 300 segundos. Caso o
procedimento se prolongue, deve-se reavaliar o tempo de coagulação
ativada a cada 30 minutos e administrar pequenos bolos de 20 UI/kg de
heparina, sempre com tempo de coagulação ativada-alvo entre 200 e
300 segundos. Não manter heparina após o procedimento e retirar o
introdutor precocemente.

2. Eptifibatide: Heptapeptídeo que contém a seqüência RGD, é isolado do


veneno da cobra Sistrurus m. barbouri e é sintetizado por meio de
engenharia genética. Apresenta alta especificidade para glicoproteína
IIb/IIIa e é excretado pela urina; portanto, deve ser corrigida nos casos
de insuficiência renal, principalmente nas terminais. Após 4 horas do
término da infusão, cerca de 50% da capacidade de agregação
plaquetária retorna ao valor pré-tratamento.

Dose: Bolo de 180 mg/kg, duplo bolo separado por 10 minutos. Infusão:
2,0 mg/kg/min por 18 horas.
3. Tirofiban: É uma droga não-peptídea derivada da tirosina, que se liga
na seqüência RGD e é altamente específico para os receptores da
glicoproteína IIb/IIIa. Tem meia-vida plasmática de 2 horas com 65% da
excreção por via renal e 25% pela bile. Cerca de 4 horas após o término
da infusão da droga o tempo de sangramento se normaliza e a
agregação plaquetária retorna em aproximadamente 80% de sua
atividade. Pacientes com "clearance" de creatinina menor que 30 ml/min
têm 50% de diminuição do "clearance" plasmático da droga, devendo,
portanto, ter a dose corrigida.

Instruções de uso:

Tirofiban (Agrastat) solução concentrada deve ser diluído da seguinte


forma:

• Retire 50 ml de um frasco de 250ml de SF 0,9% ou de SG 5% e


substitua por 50 ml de Agrastat (1 frasco), para obter a concentração de
50 mcg/ml. Misture bem antes da administração.

ESTATINAS

Fundamento:

• Os uso de estatinas nas síndromes coronárias agudas foi recentemente


fortalecido pelo estudo PROVE-IT, no qual altas doses de atorvastatina
(80 mg VO/dia) foi eficaz na redução da mortalidade e eventos
cardiovasculares. O efeito de outras estatinas nesta condição ainda está
por ser estabelecido. O uso de estatinas deve ser enfatizado como
medida de prevenção secundária objetivando o controle do LDL
colesterol, sendo o internamento por IAMCSST uma oportunidade para
fortalecer esta terapêutica. No momento a única estatina disponível no
HC é a Sinvastatina que deverá ser empregada em dose máxima.

• Sinvastatina 80mg VO/dia para todos os pacientes com IAMCSST.


Iniciar na admissão e mantê-la até reavaliação no ambulatório de
Dislipidemias após a alta hospitalar.

ATROPINA

Fundamento:

• Atua como antagonista competitivo dos receptores colinérgicos


muscarínicos no nó sinusal (age sobre os reflexos que medeiam a
bradicardia), produzindo aumento da freqüência cardíaca.
A seguir estão apresentadas as recomendações para o uso de atropina.

Procedimento Atropina Classe Nível de


evidência
Bradicardia sinusal sintomática (geralmente, FC<50 I C
bat/min. associada a hipotensão, isquemia ou arritmias
de escape ventricular)
Assistolia I C
Bloqueio atrioventricular sintomático ocorrendo no nó I C
atrioventricular (segundo grau do tipo I ou terceiro grau
com ritmo de escape com complexo QRS estreito)
Bloqueio atrioventricular sintomático ocorrendo abaixo III C
do nó atrioventricular (geralmente associado com infarto
de parede anterior com ritmo de escape com complexo
QRS largo)
Bradicardia sinusal assintomática III C
FC = freqüência cardíaca.
Dose e administração:

• Para bradicardia – 0,5 a 1,0mg IV a cada 3-5min (max 0,04 mg/Kg).

• Para assistolia – 1mg IV em bolus; repetir se necessário a cada 3-5min


(max 0,04 mg/Kg).

LAXANTES OU EMOLIENTES FECAIS:

• Para evitar o esforço para evacuar. Ex: Fibra de Psilium (Metamucil) 1


envelope dissolvido em água VO de 12/12 horas ou Óleo mineral 10-20
ml VO de 8/8 horas.

ANTIPIRÉTICOS:

• Para evitar a febre, comum nas primeiras 48 horas pós-infarto e evitar


suas repercussões sobre a freqüência cardíaca e consumo de oxigênio.

ANSIOLÍTICOS:

• Todos os pacientes, exceto com contra-indicações. Ex.: Diazepam 5mg


a 10mg VO às 22 horas.

8. MEDIDAS AUXILIARES

CONTROLE GLICÊMICO RIGOROSO

• A infusão de insulina contínua para controle estrito da glicemia é


recomendada para pacientes com IAMCSST complicados. (classe I,
nível B).
• Utilizar conforme protocolo de infusão contínua de insulina na pagina
seguinte.

MAGNÉSIO

• É aceitável documentar déficit de magnésio para ser corrigido,


principalmente em pacientes que já fazem uso de diuréticos. (classe IIa,
nível C).

• Episódios de Torsades des Pointes associado com QT prolongado


tratado com 1- 2 g de magnésio IV em bolus por 5 min. (classe IIa, nível
C).

ORIENTAÇÕES PARA INFUSÃO CONTÍNUA DE INSULINA

Objetivo: manter glicemia 80 a 120 mg/dl


Diluição: 50U em 50 ml em SF0,9%, com troca a cada 6h.
Dose inicial: 2 glicemias consecutivas > 120 mg/dl

Glicemia Dose inicial


120 - 150 1 U/h
150 - 200 2 U/h
200 - 250 3 U/h
250 - 300 4 U/h
>300 6 U/h

Ajustes:
1. Glicemia < 80:
- Parar infusão 1 hora – repetir glicemia de 1/1 hora;
- Reiniciar infusão quando glicemia capilar > 100, com metade da dose
anterior;
2. Queda de 50 a 75 mg/dl em 2 horas: manter infusão até glicemia entre 80
e 120 mg/dl, então diminuir a velocidade da infusão pela metade;
3. Queda > 75 mg/dl em 2 horas: diminuir a infusão pela metade;
4. Queda < 25 mg em 1 hora: ajuste conforme a tabela;
5. 2 medidas consecutivas iguais ou com aumento: ajuste conforme a
tabela;

Glicemia Ajuste
120 – 150 Aumentar infusão em 0,5 U/h
150 – 200 Aumentar infusão em 1,0 U/h
200 – 250 Aumentar infusão em 2,0 U/h
250 – 300 Aumentar infusão em 3,0 U/h
> 300 Aumentar infusão em 4,0 U/h
Controle:
• Glicemia capilar: 2/2 horas;
• Manter infusão contínua de SG 5% - 100 ml em 24 horas.

Troca de regime de insulina: paciente clinicamente estável, ingesta VO ou


enteral adequada e bom controle de glicemia.

Esquema: insulina NPH: 0,4 a 0,6 U/Kg/dia, doses divididas 12/12 ou 8/8
horas.

• Insulina regular de 6/6 horas ou pré-prandial (7, 11 e 17).

Conforme glicemia capilar:

120 – 150 2U
150 – 200 4U
200 – 250 6U
250 – 300 10 U
> 300 14 U – considerar infusão contínua

Suporte nutricional
• Dieta oral ou enteral: se possível, manter infusão contínua nas 24 horas.

PROFILAXIA DA TVP E TEP

• Profilaxia para TVP com HNF SC ou HBPM (dose apropriada para o


agente específico) até alta hospitalar pode ser útil, mas a efetividade
desta estratégia não é bem estabelecida. (classe IIb, nível C).

Heparina profilática - Pode ser administrada de 2 formas:

1. Fazer 5.000 UI SC de 8/8 hs.


2. Fazer enoxaparina 40mg SC por dia.
INDICAÇÕES DE IMPLANTE DE MARCAPASSO NO IAMCSST

Procedimento Marcapasso transvenoso temporário Classe


Assistolia I
Bradicardia sintomática (bradicardia sinusal com hipotensão e I
bloqueio atrioventricular de segundo grau Mobitz I não-responsivo
à atropina)
Bloqueio de ramo bilateral (bloqueio de ramo alternante ou I
bloqueio de ramo direito alternando com bloqueio divisional
anterior ou posterior)
Bloqueio bifascicular novo ou de início indeterminado (bloqueio I
do ramo direito com bloqueio divisional anterior ou posterior, ou
bloqueio de ramo esquerdo)com bloqueio atrioventricular de
primeiro grau
Bloqueio atrioventricular de segundo grau Mobitz tipo II I
Bloqueio do ramo direito e bloqueio divisional antero-superior ou IIa
bloqueio divisional póstero-inferior (novo ou de início
indeterminado)
Bloqueio do ramo direito com bloqueio atrioventricular de IIa
primeiro grau
Bloqueio do ramo esquerdo, novo ou indeterminado IIa
Taquicardia ventricular incessante, para “overdrive” atrial ou IIa
ventricular
Pausa sinusal recorrente (> 3 segundos) não-responsiva à IIa
atropina
Bloqueio de ramo bifascicular de início indeterminado IIb
Bloqueio do ramo direito isolado, novo ou de início indeterminado IIb
Bloqueio atrioventricular de primeiro grau III
Bloqueio atrioventricular de segundo grau Mobitz tipo I, sem III
comprometimento hemodinâmico
Ritmo idioventricular acelerado III
Bloqueio de ramo ou fascicular sabidamente existente prévio ao III
IAM
IAM = infarto agudo do miocárdio.
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DO IAMCSST
ECG com supradesnível de ST de 1mm em pelo menos duas derivações consecutivas
periféricas ou 2 mm nas derivações precordiais ou presença de bloqueio de ramo esquerdo
novo ou supostamente novo.

• Administrar AAS 200mg VO mastigados


• Administrar O2 3L/min em catéter nasal
A única contra-
• Realizar ECG de 12 derivações e acrescentar
indicação à aspirina na
V3R, V4R, 7 e V8 se suspeita de IAM inferior
SCA é a alergia
• Avisar a cardiologia

PAS > 100 mmHg

NÃO SIM

Congestão pulmonar Administrar:

• Isordil 5mg Sl (máx. de 3


doses).
NÃO SIM • Morfina 2-3 mg IV

Administrar SF 0,9% 250ml Considerar droga


em 5-10 minutos vasoativa

Se PAS > 100 mmHg e não houver IAM de VD, considerar a infusão de Nitroglicerina IV em dose baixa (10 mcg/ml)

Se PAS > 100 mmHg e não houver contra-indicações, iniciar Metoprolol 5mg IV em 5 minutos (dose máx. de 15mg)
objetivando uma FC de 60 bpm.

Decidir terapêutica de reperfusão miocárdica. Se a ATCP puder ser realizada em até 90 minutos, ela é sempre
preferível à trombólise.

Nas seguintes situações a ATCP é obrigatória:

• Choque cardiogênico (Killip IV)


• EAP
• IAM de VD
• Contra-indicação à trombólise
Terapia de reperfusão mocárdica

Trombólise Angioplastia primária

• Heparina 60 UI/Kg IV Ações a serem tomadas:


em bolo
• Acionar hemodinâmica
• Clopidogrel 300mg VO
• Acesso venoso periférico em
MSE

• Realizar tricotomia inguinal


MID
Diluir 1.500.000 UI de
Estreptoquinase em 250 mL
SG5%, administrar em bomba
infusora a 250mL/h.
O procedimento iniciará
em menos de 90 minutos

NÃO SIM

Contra-indicação Aguardar o exame


absoluta à trombólise monitorando o paciente
continuamente

NÃO SIM

Trombólise Insistir na angioplastia


primária
Revisado e atualizado em julho/2008 por:

Dr. Adriano M. Siqueira, Dr. Fabiano S. Santiago e Dr. Marcos N. Marochi -


Especializandos em cardiologia.
Supervisionado por Prof. Dr. Murilo Guérios Bittencourt .

Referências bibliográficas:

Protocolo para manejo inicial do IAM – HC UFPR / 1999.(Dr. Caetano Sartori).

Protocolo de Conduta Inicial no IAM - HC UFPR / 2002. (Drª Karina Krajden).

Protocolo de Conduta Inicial no IAM - HC UFPR / 2003. (Dr.Márcio Ortiz).

Protocolo de Conduta Inicial no IAM - HC UFPR / 2003. (Dr. Antonio C. L.


Neto).

Protocolo de Conduta Inicial no IAM – HC UFPR / 2006. (Dr. Marco Stephan


Lofrano Alves).

II diretriz da SBC para Tratamento do IAM. Arq Bras Cardiol , vol 74 ( usp. II ),
2000.

1999 Update ACC /AHA Guidelines for the Management of Patients With Acute
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Saúde: AHA / Fundação Interamericana do Coração (baseado nas Diretrizes
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Myocardial Infarction Redefined – A Consensus Document of The Joint


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2004 Update ACC/AHA Guidelines for the Management of Patients With ST


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Myocardial Infarction – Executive Summary. Circulation. 2004; 110:588-


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BRUNNER e SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico–Cirúrgica 10º


edição. Rio de Janeiro, 2005.
Informações coletadas do Protocolo do Setor de Cardiologia Intervencionista do
Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). São Paulo, 2007.
Revisão realizada pela SOCESP em 05/12/2006.
Joseph G. Murphy, MD e Margaret A. Lloyd, MD. Mayo Clinic Cardiology –
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