Diagrama de Mollier
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Documento nº: 01
Conteúdos
1. Princípios térmicos 2
1.1. Propriedades termodinâmicas 2
1.2. Conceitos básicos da termodinâmica 2
1.2.1. Equilíbrio térmico, lei zero da termodinâmica, equilíbrio termodinâmico 2
1.2.2. Gás ideal, trabalho, 1ª Lei da termodinâmica e entalpia 3
1.2.3. Entropia e a 2ª Lei da termodinâmica. 5
1.2.4. Máquina térmica, máquina frigorífica e ciclo de Carnot. 6
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Redução do consumo energético de um
equipamento de frio
1. Princípios térmicos
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A lei zero da termodinâmica postula que dois sistemas em equilíbrio térmico com um terceiro estão
em equilíbrio térmico entre si. Pode haver equilíbrio térmico sem haver equilíbrio termodinâmico, para
haver equilíbrio termodinâmico tem que existir as seguintes condições:
• Equilíbrio mecânico ( forças e movimento = 0)
• Equilíbrio químico
• Não haver troca de materiais
Quando são misturadas diferentes massas, a temperatura varia inversamente com as massas, ou seja, a
menor massa varia mais de temperatura, de modo que os produtos m∆T permanecem com a mesma
quantidade.
mc1 ∆Tc1 = −mc 2 ∆Tc 2 ( 1.2 )
A energia térmica absorvida pelo corpo depende das características dos materiais que o compõe. Pode
definir-se a energia em forma de calor necessária para variar a temperatura de um corpo através da
equação ( 1.3 )
Q = cm∆T ( 1.3 )
em que c é uma constante de proporcionalidade definida de calor especifico.
Podemos então considerar que um corpo tem uma capacidade calorífica (C )
Q = C∆T ( 1.4 )
em que
C = cm
Como o calor específico varia com a temperatura para calcular Q é preciso ter em conta se Tf -Ti é muito grande
e se produz uma variação de calor especifico significativo, então calcula-se
Tf
Q = m ∫ c(T )dT
Ti
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PV = nRT ( 1.6 )
em que n representa o número de moles da substância e R é a constante universal dos gases.
Sabe-se que um gás real tem um comportamento próximo de um gás ideal quanto menor for a pressão
a que está sujeito e quanto mais afastado se encontrar da sua temperatura do seu ponto de liquefacção.
A equação de estado de um gás ideal pode ser obtida combinando as leis de Boyle e de Charles.
Lei de Boyle-“O volume de uma dada quantidade de gás, a temperatura constante, varia inversamente
com a pressão.”[1]
const.
V= ( 1.7 )
P
Lei de Charles-“A pressão constante, o volume de um gás é directamente proporcional à temperatura
absoluta.” [1].
V (T ) V T
= = ( 0.8 )
V (T0 ) V0 T0
A equação de estado do gás ideal só é aplicada num processo reversível, processo onde a equação é
verificada em cada um dos pontos (que estão bem definidos) por onde passa o estado do sistema no
processo. Para realizar processos reversíveis existem duas condições a verificar:
• o processo realiza-se muito lentamente
• o atrito é desprezável.
Num processo irreversível pode ter os mesmos pontos limites que o processo reversível, embora
tenha alguns estados intermédios que não tenham valores bem definidos da pressão ou da temperatura, e a
equação de estado não se verifique.
O trabalho é definido pela equação( 1.9 ) e determina a energia transformada, o qual corresponde a
energia transferida na variação de volume de um gás.
VB
W= ∫ p(V , T )dV
VA
( 1.9 )
Se não houver forças de atrito, todo o trabalho é realizado sobre a vizinhança, então é um processo
reversível em que é possível encontrar uma expressão simples para o trabalho realizado em função das
variáveis de estado gás (P,V ) .
O trabalho realizado num processo reversível é dado pela área sob a curva de um diagrama PV, o
trabalho realizado dependerá do caminho e do seu sentido que é escolhido.
O trabalho dissipativo é principalmente caracterizado pelo facto de ser irreversível, ou seja, não é
possível encontrar uma expressão para o trabalho dissipativo em função das variáveis de estado do
sistema.
O trabalho realizado numa transformação cíclica, é o trabalho realizado pelo sistema num processo
que tem um percurso em que o sistema retorna ao seu estado inicial, que corresponde à área limitada por
uma curva fechada.
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dU = dQ − dW ( 1.11 )
A entalpia por vezes chamada de “conteúdo térmico” apesar de poder não correcto para todas as
situações, é adequada em cerca de 99% das situações encontradas em refrigeração, a sua definição precisa
é:
H = U + Pv ( 1.14 )
Esta propriedade é uma das consideradas mais fundamentais em sistemas de refrigeração, visto que, os
sistemas de refrigeração tem elementos que realizam um processo isobárico reversível e uma das
características da entalpia é que neste processo a variação de entalpia é igual à quantidade de calor que é
transferida.
Num processo reversível (sem atrito) infinitesimal
dH = dU + dPV + PdV ( 1.15 )
sendo esse processo isobárico e considerando a definição de energia interna
dH = dU + PdV = dQ ( 1.16 )
Um processo que tenha a entalpia constante é chamado de processo isentálpico.
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Quando uma pequena quantidade de calor é adicionada a uma substância à temperatura T, a entropia
da substância muda por
dQ
dS = ( 1.17 )
T
Quando calor é removido, a entropia diminui
∆Q = T ( S1 − S 2 ) ( 1.18 )
Um processo que tenha a entropia constante é chamado de processo isentrópico, equivalente será dizer
que, uma transformação adiabática reversível ( dQ = 0 ) é uma transformação isentrópica.
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W
η=<1 ( 1.19 )
Q1
Numa máquina frigorífica o ciclo de transformação é realizado em sentido contrário ao de uma
máquina térmica, tem como resultado a absorção de uma certa quantidade de calor a baixa temperatura, e
a cedência de uma maior quantidade de calor à temperatura mais elevada, sendo necessário, para tal
aplicar uma certa quantidade de trabalho sobre o sistema.
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Teorema de Carnot- “Nenhuma máquina térmica que opere entre uma dada fonte quente e uma dada
fonte fria pode ter rendimento superior ao de uma máquina de Carnot. Todas as máquinas de Carnot que
operem entre essas duas fontes terão o mesmo rendimento”, [1].
Q1 Q1 T1 ( S f − S i ) T1
COPCarnot = = = = >1 ( 1.22 )
W Q1 − Q2 (T2 − T1 )( S f − S i ) T2 − T1
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Com o diagrama PH da Figura 2.1 podemos observar os três estados (fases) do refrigerante, líquido
subarrefecido, mistura de líquido saturado com vapor saturado e vapor sobreaquecido, que estão separados
pela linha de saturação.
O comportamento da temperatura nos diferentes estados está exposto na Figura 2.2
Observa-se na Figura 2.2 que na região de mistura a temperatura é uma linha horizontal. Deste modo,
conhecendo a pressão neste estado sabe a sua temperatura. Na região de vapor sobreaquecido na realidade
a linha de temperatura constante não decai imediatamente na vertical, primeiro decai ligeiramente para a
direita e só depois desce na vertical. Na região de líquido subarrefecido a linha de temperatura constante é
quase exactamente na vertical.
Temos ainda as linhas de volume específico constante as linhas representadas na Figura 2.3, em que
começam na linha de vapor saturado e estendem-se ao longo da região de vapor sobreaquecido.
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À medida que as linhas se prolongam na região de vapor sobreaquecido a equação de estado de gás
ideal exprime com mais exactidão o valor do volume específico.
Por fim as linhas de entropia constante, que sobem para a direita na região de vapor sobreaquecido,
ilustrado na Figura 2.4.
Estas linhas são utilizadas para demonstrar as alterações de estado durante o processo de compressão
ideal. O trabalho actual desempenhado na compressão pode ser estimado a partir da divisão do trabalho
ideal de compressão pela eficiência de compressão.
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Porque os processos 1-2 e 3-4 são sem fricção, estes processos são termodinamicamente reversíveis,
como não há transferência de calor, também são processos adiabáticos, e visto que são realizados a
temperatura constante, são também processos isentrópicos.
O ciclo de refrigeração de Carnot que consiste em dois processos isentrópicos e dois isotérmicos está
representado na Figura 2.6 onde se verifica a quantidade de calor transferida ao longo do ciclo.
Figura 2.6 – Ciclo de Carnot em coordenadas temperatura-entropia, representação das transferências de calor[2]
A quantidade de calor absorvido, (Qa), durante o processo de refrigeração é calculada pela equação (
2.24 )
Qa = T2 ( S 4 − S1 ) ( 2.24 )
em que T2 é a temperatura da fonte fria, S 4 e S1 são os valores de entropia do refrigerante no inicio e no
fim do processo de evaporação.
Como segundo a máquina frigorifica da Figura 1.3 numa máquina de Carnot temos
Q2 = Q1 + W ( 2.25 )
podemos visualizar na Figura 2.7 o trabalho realizado sobre o sistema.
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Figura 2.7 - Ciclo de Carnot em coordenadas temperatura-entropia, representação do trabalho realizado [2]
Pode observar-se que o ponto 1 e 4 estão numa região de mistura, ou seja, o fluído refrigerante no
evaporador é uma mistura de vapor com líquido, visto que cada fase absorve uma quantidade diferente de
calor no evaporador. É de tudo conveniente saber qual a parte correspondente a cada fase nos diversos
pontos do circuito. Para tal, a determinação desses valores é obtida com base no exemplo do ponto 1
descrito na Figura 2.9.
m
Fracção de vapor = γ = ( 2.26 )
n
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Figura 2.10 – Esquema demonstrativo das energias envolventes numa parte do circuito [2].
v2 v2
m& h1 + 1 + z1 g + Q = m& h2 + 2 + z 2 g + W ( 2.27 )
2 2
Em que m& é o caudal mássico que representa a quantidade de massa que atravessa uma secção transversal
da conduta por unidade de tempo; v é a velocidade de escoamento do fluído; z é a elevação acima de um
dado plano e g é a constante de aceleração gravitacional local.
As representações matemáticas para cada componente do sistema são obtidas com base na equação (
2.27 ) após um conjunto de hipóteses simplificativas.
O modelo da elevação de um gás através de uma conduta (ver Figura 2.11) é obtido através da hipótese
de desprezar a diferença de velocidade do fluído. Como o volume nos dois pontos (1 e 2) é igual, Q=0 e
W=0, obtêm-se
h1 + z1 g = h2 + z 2 g ( 2.28 )
Para o compressor, é habitual desprezar a diferença da energia potencial entre a sua entrada e saída.
Assim ao simplificar a expressão ( 2.27 ) obtêm a equação ( 2.30 )
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Nos permutadores de calor tal como está exemplificado na Figura 2.13, apesar da equação ( 2.31 ) ser
semelhante à equação ( 2.30 ), a variação da entalpia é manifestada sobre a forma de quantidade de calor
transferida.
Na Figura 2.16 irá ser mostrado que as máquinas frigoríficas não utilizam motor para realizar trabalho
no ambiente, mas sim, dispositivos de expansão. Simplificando a equação ( 2.27 ), aplicando as
aproximações
Z3 = Z 4 ( 2.32 )
V3 ≈V4 ( 2.33 )
W =0 ( 2.34 )
Q=0 ( 2.35 )
Figura 2.14 – Representação do dispositivo de expansão [2].
permite obter
h3 = h4 ( 2.36 )
Alterando o ciclo de forma a ser mais próximo da realidade, os processos da compressão e expansão
são revistos, Figura 2.15 e Figura 2.16.
O processo de compressão verificada até agora é chamando de compressão líquida, existem problemas
associados à compressão líquida. Em compressores alternados (deslocamento linear ou pistão), líquido nas
paredes de cilindro diminuem a eficácia da lubrificação. Se permanecerem gotas do líquido refrigerante no
final da compressão permaneceram por vaporizar, o liquido que é incompressível pode forçar a limitação
do volume nocivo (ver na secção dos compressores) e danificar válvulas. Por este motivo e outros, o ciclo
de refrigeração é modificado de forma que o compressor só trabalhe com vapor, é a chamada compressão
seca.
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Existem diversos motivos práticos para utilizar um dispositivo de expansão em troca de um motor para
realizar a expansão, de forma a retirar energia ao refrigerante, tais como:
• a dificuldade em descobrir um motor que opere satisfatoriamente com a mistura de liquido e
vapor que do processo 3-4 .
• controlar o motor, tendo em atenção que a variação do fluxo do refrigerante a ser admitido para
o evaporador pode necessitar de um controlo preciso, para controlar o vapor saturado que sai
do evaporador.
• transferir a energia do motor para o compressor.
A utilização da válvula de expansão provoca a modificação do ciclo de refrigeração, figura 2.20. A
desvantagem é que o ponto 4’ fica mais perto do ponto 1, significando que se perde capacidade de
transferência de calor
Na Figura 2.17 está representado o funcionamento de um sistema de refrigeração e pode ser descrito
da seguinte forma.
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O compressor durante o seu funcionamento cria uma diferença de pressões entre o evaporador e o
condensador. Este retira fluído refrigerante (em estado gasoso) ao evaporador, resultando numa
diminuição na pressão de sucção. Essa massa através do trabalho de compressão sofre uma variação na
entalpia, equação ( 2.23 ), resultando também num aumento nas propriedades de temperatura e pressão.
O fluido refrigerante que está a uma temperatura superior à temperatura ambiente, ao passar pelo
condensador transfere uma quantidade de calor para o ar que passa pelo condensador, essa quantidade é
quantificada pela equação ( 2.31 ), e que deve corresponder ao calor latente da substância refrigerante, (
1.5 ), de forma que o fluído refrigerante passe para o estado líquido.
O resultado da passagem do fluido refrigerante pelo condensador foi uma diminuição na sua entalpia.
Mas é com este valor de entalpia, apesar com uma pressão e temperatura mais baixa, que o fluído
refrigerante possui ao passar pela válvula de expansão ou tubo capilar. E desta forma consegue absorver o
calor do ar que passa pelo evaporador, recuperando grande parte da sua entalpia passando do estado
líquido para o estado gasoso.
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Referências
[1] H.M. Nussenzveig, “Curso de Física Básica, vol.II –Fluídos; Oscilações e Ondas; Calor”, Editora
Edgard-Blucher, 1986.
[2] Wilbert F. Stoecker, “Industrial refrigeration handbook”, New York : McGraw-Hill, 1998
[3] Stoecker W.F., Jones, J. W.,”Refrigeration and air conditioning” 2ª edição, Auckland: McGraw-
HillBook Company,1982.
[4] ASHRAE ,“HVAC Fundamentals Handbook”, Amer Society of Heating 1997
[5] Luís Júnior (2009, Março 10),“Introdução a máquinas Térmicas-Refrigeração” ISBN: 978-85-908775-
0-9 [online], Disponível em: http://www.martinelli.eng.br/ebooks.htm
[6] Rasmussen, B. P.”Control-oriented modelling of transcritical vapor compression systems.” Dept. of
Mechanical and Industrial Engineering, University of Illinois at Urbana, 2002.
[7] Santos, P. (1987). “Identificação de Sistemas Dinâmicos.” Tese de dissertação de Mestrado Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto, 1987.
[8] Rasmussen, B. P., ”Dynamic modeling and advanced control of air contioning and refrigeration
systems.”, Dept. of Mechanical and Industrial Engineering, University of Illinois at Urbana-
Champaign, 2005
[9] Aurélio Campilho, “Instrumentação Electrónica. Métodos e Técnicas de Medição”. Porto: FEUP
edições, 2000.
[10] Bertulan,C.A.; “1ª lei da termodinâmica”- Projecto de ensino de física à distância. Disponível em
http://www.if.ufrj.br/teaching/fis2/calor/calor.html. Acesso em 22/02/2008.
[11] Bertulan,C.A.; “A segunda lei da termodinâmica”-Projecto de ensino de física à distância.
Disponível em http://www.if.ufrj.br/teaching/fis2/segunda_lei/ /segunda_lei.html. Acesso em
22/02/2008. .
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