Biografia de David Paul Ausubel

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BIOGRAFIA DE DAVID PAUL AUSUBEL (25/10/1918 – 09/07/2008), foi um grande

psicólogo da educação estadunidense.

Filho de família judia, e pobre, imigrantes da Europa Central, cresceu insatisfeito


com a educação que recebera.

Revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais passara na escola, afirma


que a educação é violenta e reacionária, relatando um dos episódios que o marcou
profundamente nesse período. “Escandalizou-se com um palavrão que eu, patife de
seis anos, empreguei certo dia.Com sabão de lixívia lavou-me a boca.Submeti-
me.Fiquei de pé num canto o dia inteiro, para servir de servir de escarmento a uma
classe de cinquenta meninos assustados9(...)” “A escola é um cárcere para
meninos.O crime de todos é a pouca idade e por isso os carcereiros lhes dão
castigos”.

Após sua formação acadêmica, em território canadense resolve dedicar-se á


educação no intuito de buscaras melhorias necessárias ao verdadeiro
aprendizado.Totalmente contra a aprendizagem que tenha uma “estrutura cognitiva”
, de modo a identificar a aprendizagem que como um processo de armazenamento
de informações que, ao agrupar- se no âmbito mental do individuo, seja manipulada
e utilizada adequadamente no futuro, através da organização dos conteúdos
aprendidos significativamente.

Teorias

Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa no processo de ensino necessita


fazer algum sentido para o aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e
ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno.

O autor entende que a aprendizagem significativa se verifica quando o banco de


informações no plano mental do aluno se revela, através da aprendizagem da
aprendizagem por descoberta e por recepção. O processo utilizado para as crianças
menores é o de formação de conceitos, envolvendo generalizações de interesses
específicos para que, na idade escolar já tenham desenvolvidos um conjunto de
conceitos, de modo a favorecer o desenvolvimento da aprendizagem significativa.
Esses conceitos deverão ser adquiridos através de assimilação, diferenciação
progressiva e reconciliação integrativos de conceitos. Para tanto, Ausubel sugere
para esse processo, a utilização de organizadores prévios para, de fato, ancorar a
nova aprendizagem, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores,
de modo a facilitar a aprendizagem subseqüente.

O que são organizadores prévios?Segundo o autor, são informações e recursos


introdutórios, que devem ser apresentados antes dos conteúdos da matriz curricular,
uma vez que tem a função de servir de ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele
deve saber para que o conteúdo possa ser realmente aprendido de forma
significativa. Os organizadores se tornarão mais eficazes se forem apresentados no
início das tarefas de aprendizagem para que suas propriedades possam integrar-se
como elemento atrativo para o aluno, visando provocar o interesse e desejo de
aprender. Sua formulação deve contar com um vocabulário bastante familiar ao
aluno, de modo que, sua organização, bem como a aprendizagem seja considerada
como material de valor pedagógico.

Conceitos básicos

Segundo a teoria de Ausubel, os principais conceitos relativos à aprendizagem são:

Estrutura cognitiva – é o conteúdo total e organizado de idéias de um dado


indivíduo; ou, no contexto da aprendizagem de certos assuntos, refere-se ao
conteúdo e organização de suas idéias naquela área particular do conhecimento. Ou
seja, a ênfase que se dá é na aquisição, armazenamento e organização das idéias
no cérebro do indivíduo.

Para Ausubel a estrutura cognitiva de cada indivíduo é extremamente organizada e


hierarquizada, no sentido que as várias idéias se encandeiam de acordo com a
relação que se estabelece entre elas. Alem disso, é nesta estrutura que se ancora e
se reordenam novos conceitos e idéias que o individuo vai progressivamente
internalizando, aprendendo.

Aprendizagem – para Ausubel, a aprendizagem consiste na “ampliação” da


estrutura cognitiva, através da incorporação de novas idéias a ela. Dependendo do
tipo de relacionamento que se tem entre as idéias já existentes nesta estrutura e as
novas que se estão internalizando, pode ocorrer um aprendizado que varia do
mecânico ao significativo.

Aprendizagem significativa – tem lugar quando as novas idéias vão se


relacionando de forma não-arbitrária e substantiva co as idéias já existentes. Por
não arbitrariedade entende-se que existe uma relação lógica e explicita entre a nova
idéia e algumas outras já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, por
exemplo, entender o conceito de termômetro só será de fato significativo para o
indivíduo, se de alguma forma houver uma clara relação entre este e o conceito de
temperatura.

Além de não arbitrária, para ser significativa, a aprendizagem precisa ser também
substantiva, ou seja, uma vez aprendido determinado conteúdo desta forma, o
indivíduo conseguirá explicá-lo com suas próprias palavras.Assim, um mesmo
conceito pode ser expresso em linguagem sinônima e transmitir o mesmo
significado. Como exemplo, se o aluno aprende significadamente que o cão é um
mamífero, ele deverá ser capaz de expressar isso de diversas formas , como,” O
filhote de cachorro mama de sua mãe” ou “O cachorro é um animal que, como nós,
mama guando filhote. “A substantividade ” do aprendizado significa então , que o
aprendiz apreendeu o sentido, o significado daquilo que se ensinou , de modo, que
se pode expressar este significado com as mais diversas palavras.Para Ausubel, o
objetivo maior do ensino acadêmico é que todas sejam aprendidas de forma
significativa. Isso porque é somente deste jeito que estas novas idéias serão
armazenadas por bastantes tempo e de maneira estável.Além disso, a
aprendizagem significativa permite ao aprendiz o uso do novo conceito de forma
inédita, independentemente do contexto em que este conteúdo foi primeiramente
aprendido.

O extremo oposto da aprendizagem significativa é a mecânica. Neste caso, as novas


idéias não se relacionam de forma lógica e clara com nenhuma idéia já existente na
estrutura cognitiva do sujeito, mas são “decoradas”. Desta maneira, elas são
armazenadas de formas arbitrárias, o que não garante flexibilidade no seu uso, nem
longevidade.

Como conseqüência dessa não flexibilidade, o indivíduo não é capaz de expressar o


novo conteúdo com linguagem diferente daquela com que esse material foi
primeiramente aprendido. De fato ele não aprendeu o significado, o sentido do novo
material, mas tão somente decorou a seqüência de palavras que o defina. Por conta
disso ele será incapaz de utilizar este conhecimento em contexto diferente no qual
fora primeiramente apresentado a este conceito/idéias. No exemplo dado a cima do
cachorro ser um mamífero o indivíduo será incapaz de fazer a relação entre o
cachorro e o ser humano, ou mesmo o fato de que os mamíferos mamam.

É importante ressaltar que, apesar de Ausubel ter enfatizado sobremaneira a


aprendizagem significativa, ele compreendia que no processo de ensino-
aprendizagem existem circunstâncias em que a mecânica era inevitável. No ensino
de História, por exemplo, conhecer e entender os eventos que se sucederam no
surgimento e desenvolvimento do Império Romano requer, muitas vezes, que se
saiba os nomes de diversas de suas instituições e personagens principais, o que é
tipicamente um aprendizado mecânico.

APRENDIZAGEM POR DESCOBERTA E RECEPÇÃO

*Descoberta: o aluno deve aprender “sozinho”, deve descobrir algum principio


relação, como pode acontecer na solução de um problema.

* Recepção: recebe-se a informação pronta (como numa aula expositiva) e o


trabalho do aluno consiste em atuar ativamente sobre esse material, a fim de
relacioná-lo a idéias relevantes disponíveis em sua estrutura cognitiva.

Formas de aprendizagem significativas

Uma vez existente um conjunto de idéias na estrutura cognitiva do sujeito, com as


quais novas idéias podem se articular de maneira não- arbitrária e substantiva este
relacionamento pode acontecer de três formas diferentes: por subordinação (ou
subsunção), por superordenação e de forma combinatória.

Subordinação- acontece quando a nova idéia é um exemplo, uma especificação


de algo que já se sabe. Mas esta relação pode acontecer segundo duas formas:

*derivativa- o que se aprende é mais um exemplo daquilo que já se sabe, não


trazendo qualquer alteração para a idéia mais geral à qual está relacionado. Assim,
constitui-se exemplo deste tipo de aprendizagem a constatação que um dado
sistema mecânico real é conservativo, associando-se ao conceito universal da
conservação de energia um exemplo específico.

*correlativa- a nova idéia que se aprende é um exemplo que alarga o


sentido/significado de algo mais amplo que já sebe. Assim à idéia que se tem de
triângulo eqüilátero como sendo aquele em que os três lados têm o mesmo
tamanho, acrescenta-se a idéia de que além dos lados, os ângulos também são
iguais, haverá um alargamento do sentido de triângulo eqüilátero que antes destes
aprendizados, não existia.

Superordenação- ocorre quando a nova idéia que se aprende é mais geral do que
uma ou um conjunto de idéias que já se sabe.

Um exemplo deste tipo de aprendizagem pode ser o caso onde, indutivamente, a


partir de vários sistemas mecânicos reais, percebe-se que em todos eles a energia
se conserva, e que isso pode ser generalizado para todos os sistemas. Ou seja, a
conservação da energia passa ser um conceito mais amplo ao qual se relacionam
todos os sistemas reais.

Aprendizagem combinatória- acontece quando a nova idéia não está


hierarquizada acima e nem abaixo da idéia já existente na estrutura cognitiva à qual
ela se relacionou de forma não arbitrária e lógica. Ou seja, esta nova idéia não é
exemplo nem generalização daquilo que se usou como âncora para ela na estrutura
cognitiva do indivíduo. Esta âncora, no entanto, é necessária para que se possa
estabelecer uma aprendizagem de fato significativa.

Um exemplo deste tipo de aprendizagem é o caso da metáfora que se faz de um


sistema elétrico com um hidráulico.

Neste caso, usam-se conceitos já denominados pelo indivíduo com relação aos
sistemas de águas, para ensinar conceitos novos e que guardam alguma relação
com os antigos que serviram como âncora.

Fatores internos para a aprendizagem significativa


Fatores cognitivos - para a teoria ausubeliana existem três fatores relativos a
estrutura cognitiva do indivíduo e que devem ser considerados no processo ensino
aprendizagem.

1. A existência de idéias ancora as quais pode se conectar, por subordinação ou


de forma combinatória, uma nova idéia que se deseja ensinar.
2. A extensão em que a tarefa que se deseja assimilar é discriminável das idéias
que lhe servirão de âncora. Ou seja, pode acontecer, como no caso da
metáfora hidráulica para a aprendizagem de eletricidade, de as idéias que se
usam como base a partir das quais as novas idéias serão internalizadas, e as
essas novas idéias, serem muito próximas para o aprendiz, de modo que ele
pode misturá-las, confundi-las ou reduzir uma a outra.
3. A clareza e firmeza das idéias que servirão como âncora determinam o nível
e a estabilidade do aprendizado da nova idéia. Caso aquilo que se utilizou
como âncora não seja suficientemente “sólido “ para o aluno, pode acontecer
que âncora e ancorado se percam ou não se discriminem de forma adequada.

Fatores externos para aprendizagem significativa

Nesta classe se enquadram os fatores sobre as quais os professores têm acesso e


podem manipular “livremente” de modo de propiciar as melhores condições
possíveis para que os alunos possam aprender significativamente. São
denominados fatores externos, porque estão relacionados a condições exteriores ao
aluno (aula, material instrucional,...) que caracterizam o ambiente
escolar/acadêmico, no qual está inserido.

Diz-se que a aula e o material instrucional de apoio (livros, transferências, figuras,...)


são potencialmente significativos, quando, satisfeitas as condições internas
(existências de idéias de esteio firmes e de vontade de aprender ), este material
possibilita a aprendizagem significativa do aluno.

Facilitação pedagógica

A facilitação pedagógica consiste na manipulação da estrutura cognitiva do aluno de


modo a favorecer um aprendizado significativo, que é aquisição de novos
significados, e para Ausubel pode ser definido como denotativo e conotativo.
O significado denotativo diz respeito às características “reais” relativas ao
conceito/idéias, que não dependem da interpretação particular de cada indivíduo.
Assim, o conceito denotativo casa está associado a uma construção de alvenaria ou
madeira, que serve para abrigar uma ou um conjunto de pessoas,... .Por outro lado,
o significado conotativo é aquele que o indivíduo constrói de maneira particular,
agregando suas emoções e sentimentos relativos àquele conceito/idéia específico.
Assim, usando-se do mesmo conceito de casa, pode associar, de forma conotativa,
a idéia de algo que está ligado a felicidade, ao prazer e a segurança da vida em
família,como se pode associar também sofrimento,tristeza e dor por parte de uma
família opressora, castradora.

Adquirir um conceito, internalizar um significado é algo que envolve tanto os


aspectos denotativos quanto conotativos. É importante levar em conta o
levantamento dos conceitos que construirão os subsunçores de um novo assunto.

Considerar apenas o significado denotativo pode incorrer no risco de se deixar de


lado uns dos pontos fundamentais que sustentam a teoria ausubeliana de
aprendizagem significativa, isto é, que os conceitos resultem de uma experiência e
são produtos “fenomenológico”, lidar pois apenas com o aspecto denotativo é
desconsiderar a experiência individual, pondo em questão a possibilidade de
realizar-se a aprendizagem significativa.

Considerações finais

Como definido, aprendizagem é o processo de aquisição de significados a partir da


apresentação de significados potenciais da idéia a ser aprendida. Para esta
aquisição, além da existência de idéias e da vontade de o aluno aprender
significativamente (fatores internos da aprendizagem), é preciso que o material seja
potencialmente significativo, ou seja, que possa ser aprendido de forma significativa,
apresentando relações não arbitrárias e substantivas entre as diversas idéias que
está “vinculado” e entre elas e as já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz.
Neste processo, nem sempre o aluno, sozinho, conseguirá fazer as relações
necessárias entre aquilo que está aprendendo e o que já sabe. Além disso, ele nem
sempre satisfará a todos os pré requisitos necessários para a aprendizagem
significativa de um determinado material.

Por conta disso, deve haver considerações e técnicas que facilitem este
aprendizado, de modo que:

Não se sobrecarregue o aluno com informações excessivamente detalhada, que


pouco ou quase nada contribuem para a promoção da aprendizagem significativa da
essência que se deseja “ensinar”;

Apresentação de diversos materiais e da aula expositiva;

Avaliar a melhor estratégia pedagógica a se adotar em função daquilo que o aluno já


sabe (as idéias âncoras que possui) e aquilo que ele conseguiu reter de um
determinado conteúdo.

Estas considerações, que dizem respeito à manipulação da estrutura cognitiva do


aluno e a adoção de técnicas que facilitem a assimilação de novos significados por
ele, são denominadas de facilitação pedagógica.

Ausubel acredita que a aprendizagem por subordinação é mais fácil para o ser
humano do que por superordenação, isto é, ele acreditava que os conceitos e idéias
devem ser sempre estudados a partir do mais geral para o mais específicos, o que
se propõe é que se trabalhem preferencialmente os conceitos mais inclusivos, ou
seja, os conceitos mais amplos aos quais os conceitos mais restritos, quando forem
trabalhados, poderão se ligar de maneira subordinada.

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