Gestao Financeira (
Gestao Financeira (
Gestao Financeira (
G esto Financeira
F383g
Ferreira, Renata
Gesto financeira. / Renata Ferreira. Salvador:
UNIFACS, 2013.
282 p. ; 18,3 x 23,5cm.
ISBN 978-85-87325-76-1
1. Administrao financeira. I.Ttulo.
CDD: 658.15
S umrio
Introduo Gesto Financeira e Fundamentos do Clculo Financeiro, 11
(1)
(2 )
75
(6 )
( 8 )
251
(1)
Renata Ferreira
I ntroduo
Bem-vindo ao curso de Gesto Financeira!
O objetivo deste curso fornecer as ferramentas para
a administrao dos recursos financeiros de uma empresa.
Com a era das economias interligadas e a velocidade da informao, a administrao financeira adquiriu uma importncia
estratgica no processo de tomada de decises, afinal, ningum quer perder dinheiro.
O cenrio de volatilidade e incerteza, comum ao mercado financeiro, exige do administrador financeiro o conhecimento de tcnicas e o reconhecimento das variveis que
mais afetam a sua atividade empresarial. Administrar decidir e a qualidade das decises que garante a continuidade e
o sucesso de um negcio, por isso o conhecimento das ferramentas de gesto financeira imprescindvel para o processo
decisrio.
14
Esta unidade apresenta as decises e atividades da gesto financeira, alm dos conceitos e aplicaes da Matemtica
Financeira, visto que o clculo financeiro uma ferramenta
essencial no processo decisrio e na gesto financeira das
empresas e das pessoas. Alm disso, como a maximizao da
riqueza est relacionada com perspectivas de longo prazo,
imprescindvel considerar o valor do dinheiro no tempo.
Ativos
circulantes
Passivos
circulantes
Decises de
investimentos
Decises de
financiamento
Ativos
permanentes
Recursos
permanentes
15
Decises de Investimento
Decises que envolvem a anlise, seleo e escolha,
considerando o risco e o retorno dos investimentos empresariais, alm do gerenciamento eficiente de seus valores. Ou seja,
referem-se administrao da estrutura do ativo da empresa
(relao entre ativo circulante e ativo permanente) e implementao de novos projetos (deciso sobre novos ativos).
Segundo Assaf Neto (2010), a gesto dos ativos acompanha tambm as defasagens que podem ocorrer entre as
entradas e sadas de dinheiro, o que geralmente associado
gesto do capital de giro.
Decises de Financiamento
Decises que visam montar a estrutura financeira mais
adequada para a empresa, levando-se em considerao as
operaes normais e os novos projetos a serem implantados.
Representa a anlise da aquisio dos fundos e o gerenciamento de sua composio, ou seja, refere-se definio dos
financiamentos de curto e longo prazos (passivos circulantes
e recursos permanentes), alm da deciso da melhor relao
entre capital prprio e de terceiros, buscando a estrutura de
capital mais adequada em termos de liquidez, reduo dos
custos e risco financeiro.
Gesto financeira
16
17
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
Ateno!
As taxas de juros, geralmente, so expressas em percentual que sempre se referem a uma unidade de tempo.
Exemplos: 12% ao ano = 12% a.a.
6% ao semestre = 6% a.s.
5% ao trimestre = 5% a.t.
10% ao ms = 10% a.m.
i = J
PV
Exemplo: Um investimento em CDB de R$ 5.000 proporcionou aps 90 dias juros de R$ 625. Qual a rentabilidade
do perodo?
i = J/PV
i = 625,00/5.000,00
Gesto financeira
18
J = PV . i
J = 3.000,00 x 0,1865
J = R$ 167,50
100
Lembrete
Nas frmulas de Matemtica Financeira, todos os clculos
so feitos com a taxa unitria (em decimal), porm as respostas finais de taxas de juros so apresentadas na forma
percentual.
Montante (M) ou Valor Futuro (VF) [ou Future Value
(FV)]
a quantidade monetria acumulada resultante de
uma operao financeira aps um determinado perodo de
tempo, ou seja, a soma dos juros com o capital inicial.
FV = J + PV
Prazo ou perodo (n)
o tempo em que certo capital (PV) aplicado a uma
taxa (i) necessita para produzir um montante (FV), ou em
outras palavras, o perodo em que os recursos ficaram aplicados ou o tempo de durao de um emprstimo.
19
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
M =J+C
Regimes de Capitalizao
Os critrios de transformao da taxa e do prazo
dependero do regime de capitalizao da operao.
Mas o que Regime de Capitalizao?
Regime de capitalizao a forma como os juros so
incorporados ao capital. Existem dois regimes de capitalizao: o simples e o composto. Vamos conhec-los.
Regime de Capitalizao Simples
Conceito e frmulas
No regime de capitalizao simples (ou juros simples),
Gesto financeira
20
Ano
Saldo inicial
Juros
Saldo final
1.500
1.500
1.620
1.620
120
1.740
1.740
120
1.860
1.860
120
1.980
1.980
120
2.100
J = PV.i
J = 1.500 x 0,08
J = 120
Como no regime de capitalizao simples, os juros
incidem apenas sobre o valor inicial, os juros de n perodos
so resultados da multiplicao do juro de um perodo pelo
nmero de perodos considerado.
J = PV . i . n
J = 1.500 x 0,08 x 5
J = 120 x 5 --> J = 600
O total da operao ser:
FV = PV + J
FV = 1.500 + 600
FV = 2.150
21
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
OU
FV = PV( 1+ i.n)
J = 84.975,59 x 0,0145 x 3
FV = 84.975,59 (1 + 0,0145x3)
J = 3.696,44
FV = 84.975,59 (1 + 0,0435)
FV = PV + J
FV = 84.975,59 (1,0435)
FV = 84.975,59 + 3.696,44
FV = 88.672,03
FV = 88.672,03
Obs.: na frmula, usar a taxa de juros (i) sempre em decimal.
Os juros simples tm aplicaes bastante restritas. So
raras as operaes financeiras e comerciais que utilizam este
regime de capitalizao. A utilizao mais comum para os
juros simples refere-se ao clculo dos juros por atraso de
pagamentos (boletos em atraso).
Gesto financeira
22
Duas ou mais taxas so proporcionais se, quando aplicadas sobre o mesmo principal durante o mesmo perodo,
produzem o mesmo montante. Por exemplo, 2% ao ms so
proporcionais a 24% ao ano.
Exemplo: Um investidor aplicou R$ 1.000 a uma taxa
de juros simples de 12% ao semestre, qual valor a ser resgatado no final de 5 anos e 9 meses?
n = 5 anos e 9 meses = 69 meses
taxa de juros = 12% ao semestre
A periodicidade da taxa (semestre) no coincidente
com a periodicidade do prazo (meses), precisamos encontrar
a taxa proporcional em meses.
12% ao semestre = 12% = 2% ao ms
Aps o ajuste, podemos calcular os juros pela frmula:
J = PV. i. n
J = 1.000,00 x 0,02 x 69
J = 1.380,00
FV = 1.000,00 + 1.380,00
FV = 2.380,00
Exemplo de taxas proporcionais:
a) 5% ao ms = 30% ao semestre = 60% ao ano
b) 18% ao ano = 9% ao semestre = 6% ao quadrimestre = 1,5% ao ms
Para ajustar a taxa podemos nos basear na seguinte
De
Para
Frmula
ms (a.m.)
ano (a.a.)
ia = (im) x 12
dia (a.d.)
ms (a.m.)
im = (id) x30
dia (a.d.)
ano (a.a.)
ia = (id) x 360
ano (a.a.)
ms (a.m.)
im = (ia) / 12
ms (a.m.)
dia (a.d.)
id = (im) / 30
ano (a.a.)
dia (a.d.)
id = (ia) / 360
23
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
tabela:
Assim, se tivermos uma taxa de 2% ao ms e quisermos pass-la para ano (em juros simples), devemos aplicar a
frmula:
De
Para
Frmula
ms (a.m.)
ano (a.a.)
ia = (im) x 12
Ano
Gesto financeira
24
Juros simples
Juros compostos
Capital
Juros
Montante
Capital
Juros
Montante
1000
1200
1000
1200
1000
1400
1200
1400
1000
1600
1440
1600
1000
1800
1728
1800
cresce linearmente (em progresso aritmtica). Assim, matematicamente, o clculo dos juros compostos conhecido por
clculo exponencial de juros.
Considere a seguinte nomenclatura genrica:
PV = Capital inicial ou principal ou Valor presente
FV = Montante ou Valor futuro
i = taxa de juros de cada perodo
n = nmero de perodos
J = Juros
A frmula para clculos em juros compostos :
FV = PV(1 + i) n
Exemplo:
Se voc investir R$ 1.500 em uma aplicao que pague
juros compostos de 3% ao ms durante seis meses, quanto
acumular?
PV = 1.500
FV = 1.500 (1+0,03)6
i = 3% a.m. = 0,03
FV = 1.500 (1,1941)
n = 6 meses
FV = 1.791,08
Podemos utilizar as calculadoras financeiras para realizar os clculos de juros compostos. O modelo mais tradicional a HP 12C:
Saiba Mais
Voc encontra na internet vrios emuladores da HP 12C
para instalar em seu computador. Uma sugesto de site
que contm este e outros modelos de calculadoras cientficas e financeiras para download grtis : http://www.
livrariamaconica.com.br/calculadoras/calculadoras.htm
Tambm possvel baixar o aplicativo da calculadora no
seu IPOD ou IPHONE.
25
Gesto financeira
26
27
Taxas equivalentes
Em juros compostos, quando a periodicidade da taxa
no coincide com a periodicidade do prazo, precisamos
encontrar a taxa equivalente.
Taxa equivalente tpica do regime de capitalizao
composta.
Duas ou mais taxas so equivalentes quando aplicadas
a um mesmo capital, por um perodo de tempo equivalente,
geram o mesmo rendimento.
Por exemplo, 2% ao ms so equivalentes a 26,82% ao
ano.
Pelo critrio de juros compostos utilizamos a relao:
q
t
iq = (1+it) - 1
iq = taxa que eu quero
it = taxa que eu tenho (taxa conhecida)
q = perodo que eu quero
t = perodo que eu tenho (perodo da taxa conhecida)
Exemplos:
1 ) Qual a taxa mensal equivalente taxa de 12% ao ano?
it = taxa que eu tenho = 12% = 0,12
q = perodo que eu quero = 1 ms
t = perodo que eu tenho = 1 ano = 12 meses
Gesto financeira
28
im = (1+0,12)1/12 1
im = (1,12)0,0833333 - 1
im = 0,009489 = 0,949% ao ms
2 ) Os cartes de crdito cobram em mdia uma taxa mensal de
13% ao ms para refinanciamento (para quem no paga a fatura
por completo), quanto isso representa em termos anuais?
J = 3.240,00
J = 3.195,62
Contagem de dias
Muitas operaes financeiras exigem o tempo exato de
dias entre duas datas. Para determinarmos o prazo exato em
dias e a data de vencimento de uma operao, podemos fazer
a contagem direta em um calendrio, usar uma tabela de contagem, usar a calculadora financeira ou o Excel.
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Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
Juro Comercial
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Gesto financeira
30
Jan
32
60
91
121
152
182
213
244
274
305
335
33
61
92
122
153
183
214
245
275
306
336
34
62
93
123
154
184
215
246
276
307
337
35
63
94
124
155
185
216
247
277
308
338
36
64
95
125
156
186
217
248
278
309
339
37
65
96
126
157
187
218
249
279
310
340
38
66
97
127
158
188
219
250
280
311
341
39
67
98
128
159
189
220
251
281
312
342
40
68
99
129
160
190
221
252
282
313
343
10
41
69
100
130
161
191
222
253
283
314
344
11
42
70
101
131
162
192
223
254
284
315
345
12
43
71
102
132
163
193
224
255
285
316
346
13
44
72
103
133
164
194
225
256
286
317
347
14
45
73
104
134
165
195
226
257
287
318
348
15
46
74
105
135
166
196
227
258
288
319
349
16
47
75
106
136
167
197
228
259
289
320
350
17
48
76
107
137
168
198
229
260
290
321
351
18
49
77
108
138
169
199
230
261
291
322
352
19
50
78
109
139
170
200
231
262
292
323
353
20
51
79
110
140
171
201
232
263
293
324
354
21
52
80
111
141
172
202
233
264
294
325
355
22
53
81
112
142
173
203
234
265
295
326
356
23
54
82
113
143
174
204
235
266
296
327
357
24
55
83
114
144
175
205
236
267
297
328
358
25
56
84
115
145
176
206
237
268
298
328
359
26
57
85
116
146
177
207
238
269
299
330
360
27
58
86
117
147
178
208
239
270
300
331
361
28
59
87
118
148
179
209
240
271
301
332
362
29
88
119
149
180
210
241
272
302
333
363
30
89
120
150
181
211
242
273
303
334
364
31
90
212
243
151
304
365
Obs.: Se o ajuste no for feito, a calculadora estar programada para o mtodo americano (Ms. Dia. Ano M.DY).
31
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
Sries Uniformes
Uma Srie, tambm chamada de Renda, uma sequncia de pagamentos ou recebimentos efetuados a determinado
Gesto financeira
32
Sries postecipadas
So aquelas em que o primeiro pagamento (ou recebimento) ocorre no final do primeiro perodo, ou seja, quando
o primeiro pagamento (ou recebimento) ocorre no momento
1 (um), como por exemplo, emprstimos bancrios e vendas
a prazo sem entrada - do tipo (0+n). Antes de fazer a conta na
calculadora financeira, preciso ajustar o plano para postecipado, modo END, apertando as teclas:
PV = PMT . (1 + i)n -1
(1 + i)n . i
Lembrete
No se esquea que a periodicidade da taxa deve ser igual
periodicidade das parcelas. No nosso exemplo, tanto
a taxa de juros como as parcelas so mensais. Caso no
sejam iguais, antes de calcular as prestaes preciso
encontrar a taxa de juros equivalente (na mesma periodicidade das prestaes).
33
Exemplo:
Um computador vendido vista por R$ 3.000 ou
financiado em 24 parcelas mensais iguais, sem entrada.
Sabendo que a loja cobra taxa de juros de 2,99% ao ms, calcule o valor de cada parcela.
PV = 3000
n = 24
(1,0299)24 . 0,0299
i = 2,99%
PMT = ?
0,060639
3000 = PMT . 16,9538
PMT = 3000/16,9538
PMT = 176,95
Na calculadora HP 12C:
Gesto financeira
34
No Excel:
Clicar na barra de ferramentas em Frmulas
Depois clicar em Financeira
35
IMPORTANTE
Uma observao importante que o ajuste do plano de
pagamento feito aqui. Para pagamentos no final do perodo (postecipados) o tipo deve ser 0 (zero) ou ficar em branco e, para pagamentos antecipados (no incio do perodo) o tipo deve ser 1 (um).
J quando nos deparamos com situaes em que so realizados pagamentos para acumular um valor no futuro, geralmente em situaes de poupana, temos uma relao entre o valor
futuro (FV) e as prestaes (PMT) e usamos a seguinte frmula:
FV = PMT . (1 + i)n -1
i
Exemplo:
Joo est programando suas frias e resolveu juntar
dinheiro. Para tanto, aplicar R$ 200 por ms durante seis
meses consecutivos a uma taxa de 5% ao ms. Quanto resgaGesto financeira
36
PMT = 200,00
n=6
FV = 200 . (1,05)6 - 1
0,05
i = 5%
FV = 200 (6,8019)
FV = ?
FV = 1.360,38
Sries antecipadas
So aquelas em que o primeiro pagamento (ou recebimento) ocorre no incio do primeiro perodo, ou simplesmente, quando o primeiro pagamento (ou recebimento)
ocorre na data zero. Exemplo: compras a prazo do tipo (1+n),
cuja primeira parcela no ato da compra
Na calculadora HP 12C preciso ajustar o plano de
pagamentos, apertando as teclas:
PV = PMT . (1 + i)n - 1 (1 + i)
(1 + i)n . i
37
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
Exemplo:
Um emprstimo de R$ 30.000 concedido por uma instituio financeira para ser liquidado em 12 parcelas iguais,
mensais e consecutivas. Sabendo que a primeira parcela
dever ser paga no ato e que a taxa de juros de 4% ao ms,
calcular o valor das prestaes.
PMT = 200,00
n=6
i = 5%
FV = 200 . (1,05)6 - 1
0,05
FV = 200 (6,8019)
Saiba Mais
Na srie de pagamentos/recebimentos iguais com termos
postecipados comum a ocorrncia de um valor a ttulo
de entrada, valor este diferente do valor das prestaes.
Quando isto acontece, deve-se deduzir o valor desta
entrada do Valor Presente, ou seja, neste caso o PV igual
ao valor total menos o valor da entrada. Isto significa,
obviamente, que o valor da entrada no ser onerado com
juros.
Apenas o restante do Valor Presente, que ser efetivamente financiado, ser encarecido com juros.
Ex. Financiamento de R$ 3.000 sem entrada: PV= 3.000,00
Financiamento de R$ 3.000 com entrada de R$ 500:
Gesto financeira
38
PV = 3.000 - 500
PV = 2.500,00
Na srie antecipada, o valor presente integralmente
financiado. A parcela dada como entrada possui valor
idntico ao das demais parcelas. Neste caso, o PV igual
ao valor total.
Ex. Financiamento de R$ 3.000 com vencimento antecipado das parcelas o PV ser os R$ 3.000.
Sries Diferidas
So aquelas em que existe um perodo de carncia entre
a concesso do financiamento e o incio dos pagamentos, ou
seja, o primeiro pagamento ocorre em datas superiores a um
perodo. Este tipo de plano muito comum no comrcio, em
que as promoes usam o jargo compre hoje e s comece a
pagar em...
Exemplo: Silva contraiu um emprstimo de R$ 4.200 a
uma taxa de 2,5% a.m. O pagamento ser efetuado em 4 prestaes mensais e ter uma carncia de trs meses para o primeiro pagamento. Determinar o valor das prestaes.
Ao invs de usarmos uma frmula especfica para
sries com carncia, podemos calcular as prestaes usando
os conceitos j aprendidos. Temos duas formas de calcular
este tipo de prestao.
MODO 1 usando o plano postecipado
1 passo: Ajustar a carncia
A pessoa ficar trs meses sem efetuar pagamentos,
porm isso no significa que o valor no sofra correes, na
verdade os juros correm normalmente neste perodo.
Como no h pagamentos, no h PMT, o ajuste da
carncia feito usando a frmula de juros compostos.
2 passo: Calcular as prestaes
prestaes.
Como ajustamos apenas o perodo extra dado como
carncia (consideramos que 1 perodo, neste caso 30 dias,
normal), utilizamos para o clculo do PMT a frmula para
planos postecipados.
39
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
PV = 4200
i = 2,5% ao ms
Carncia = 3 meses
n = 2 meses
Como um ms de prazo para comear a pagar
normal, consideraremos apenas o prazo extra (o que
excede 30 dias). Neste caso o ajuste de 2 meses
FV = 4.412,63
FV = 4200 (1,025)2
________________________________________
PV = 4.412,63
i = 2,5% a.m
n = 4 prestaes
4.412,63 = PMT . (1,025)4 - 1
(1,025)4 . 0,025
4.412,63 = PMT (3,7620)
PMT = 1.172,96
Gesto financeira
40
PV = 4.200
i = 2,5% ao ms
Carncia = n = 3 meses
n = 2 meses
FV = 4200 (1,025)3
FV = 4.522,94
________________________________________
PV = 4522,94
i = 2,5% a.m
n = 4 prestaes
4.522,94 = PMT . (1,025)4 - 1 (1,025)
(1,025)4 . 0,025
4.522,94 = PMT (3,761974) (1,025)
4.522,94 = PMT (3,856024)
PMT = 1.172,96
HORA DE FIXAR:
Em 15 de maro, a empresa Mega X Ltda. contraiu
um emprstimo no valor de R$ 55.000 para pagamento em
dezoito parcelas mensais, sendo que o pagamento da primeira parcela ocorreu 15 de julho do mesmo ano, taxa de
juros de 34,489% ao ano. Considere que estamos no dia 15
de novembro (dia do pagamento da quinta parcela), porm
mento daqui a 13 dias. Sabendo que o banco cobra uma taxa
de juros simples de 30% ao ano pelo atraso de pagamentos,
quanto a empresa dever desembolsar para quitar a parcela?
Resposta: R$ 4.662,93.
41
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
RESOLUO:
Este exerccio envolve vrias frmulas aprendidas
nesta unidade. O primeiro passo encontrar o valor das prestaes para depois calcular os juros pelo atraso do pagamento.
Vamos identificar as variveis fornecidas pelo enunciado:
Valor do emprstimo = PV = R$ 55.000
Nmero de parcelas = n = 18 (mensais)
Taxa de juros = 34,489% ao ano
PV =?
Obs.: pagamento da primeira parcela em julho, portanto, carncia de 4 meses DIFERIDO
Atraso = 13 dias a 30% ao ano (juros simples)
1 | Antes de encontrar o valor da prestao precisamos
ajustar a taxa de juros que est anual e as parcelas so mensais. Passando a taxa de juros para mensal, temos:
it = taxa que eu tenho = 34,489% ano ano = 0,34489
q = perodo que eu quero = 1 ms
t = perodo que eu tenho = 1 ano = 12 meses
im = (1+i)q/t 1
im = (1+0,34489)1/12 1 im = (1,34489)0,0833333 - 1
im = 1,025 1
im = 0,025 = 2,5% ao ms
Gesto financeira
42
b) Calcular a prestao
PV = 55.000
PV = 59.228,98
i = 2,5% ao ms
i = 2,5% a.m.
n = 3 meses (postecipado)
n = 18 prestaes
FV = PV (1 + i)
PV = PMT (1+i)n -1
FV = 55.000 (1,025)3
(1+i)n .i
FV = 59.228,98
(1,025)18. 0,025
PMT = 4.126,49
J = PV.i.n
n = 13 dias
i = 30% ao ano
J = 536,44
J=?
TOTAL A PAGAR = 4.126,49 + 536,44
TOTAL A PAGAR = 4.662,93
R e f e r nci a s
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010.
ASSAF NETO, A. Matemtica Financeira e suas aplicaes.
10. ed. So Paulo: Atlas, 2008.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
43
Introduo Gesto Financeira
e Fundamentos do Clculo
Financeiro
Gesto financeira
44
45
(2)
Renata Ferreira
Gesto financeira
50
por diversos institutos de pesquisa, que consideram critrios e amostragens diferentes. Por exemplo, alguns indicadores medem o comportamento dos preos no atacado, outros
medem a evoluo dos preos no nvel do consumidor. Alm
disso, o perodo de coleta, a regio de cobertura e o universo
de pesquisa (renda familiar) tambm variam.
Apesar da variedade, os ndices calculados no pas se
classificam em trs grupos principais: os ndices de preos ao
consumidor de cobertura nacional, apurados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE); os ndices gerais
de preos apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia da
Fundao Getlio Vargas (FGV) e o ndice de preos ao consumidor de So Paulo, apurado pela Fundao Instituto de
Pesquisas Econmicas.
Mas qual indicador usar?
Para seleo adequada de um indicador importante
primeiramente conhecer seus critrios de clculo e finalidades de uso.
Sistema Nacional de ndices de Preos ao Consumidor
(SNIPC - IBGE)
A partir de 1978, o IBGE assumiu, por determinao oficial, a responsabilidade de elaborao dos ndices de
Preos ao Consumidor do Ministrio do Trabalho (IPC-MTB),
que serviu de balizador da indexao dos salrios entre os
anos de 1948 e 1979. Assim, ao ser criado, o SNIPC foi incumbido de elaborar dois indicadores de preos ao consumidor
para o Brasil: o ndice Nacional de Preos ao Consumidor
Amplo (IPCA) e o ndice Nacional de Preos ao Consumidor
(INPC).
Saiba Mais
51
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
Gesto financeira
52
A definio dos pesos, estabelecida quando da implantao do clculo do ndice, foi justificada com base no objetivo
de reproduzir aproximadamente o valor adicionado de cada
setor (atacado, varejo e construo civil) no PIB, quela poca
(BACEN, 2010). Assim, tem- se que:
Os 60% representados pelo IPA equivalem ao valor adicionado pela produo, transporte e comercializao de
bens de consumo e de capital nas transaes de atacado;
53
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
54
O IPA est disponvel nas mesmas verses do IGP (IPA10, IPA-M e IPA-DI), que tm em comum a amostra de produtos e o clculo, diferindo apenas no perodo de coleta de
preos. As estimativas do IPA-DI derivam de variaes de
preos pesquisados sistematicamente durante o ms calendrio (1 a 30 do ms de referncia). J as estimativas do IPA-M
derivam de variaes de preos pesquisados durante o perodo compreendido entre o dia 21 de um ms ao dia 20 do ms
subsequente. O IPA-10 reflete as variaes de preos pesquisados durante o perodo compreendido entre o dia 11 de um
ms e o dia 10 do ms seguinte.
O IPA destaca-se pela sua participao como componente fundamental do IGP-DI e como indexador nas atualizaes contratuais.
ndice de Preos ao Consumidor (IPC)
O IPC calculado mensalmente e mede a variao dos
preos no varejo nas cidades de So Paulo e Rio de Janeiro
dentre as famlias que possuem renda de 1 a 33 salrios mnimos. medido entre os dias 01 e 30 de cada ms, sendo divulgado, em mdia, 20 dias aps.
Este indicador deu continuidade ao indicador de preuma srie de revises metodolgicas a partir de 1947, com
destaque para a atualizao implantada em janeiro de 2001,
na qual o indicador passou a ser calculado para 11 municpios
de capitais mais o Distrito Federal (ou seja, um a mais que o
IPCA do IBGE), ganhando a nomenclatura de IPC-BR (ndice
de Preos ao Consumidor para o Brasil). (CARMO, 2005)
ndice Nacional de Custo da Construo (INCC)
O INCC aufere a evoluo mensal de custos de construes habitacionais a partir da mdia dos ndices das
55
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
Gesto financeira
56
57
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
Saiba Mais
Para mais informaes sobre a metodologia de clculo e
evoluo desses ndices, visite dentro do site da Fundao
Getlio Vargas os Indicadores de Preos do IBRE:
http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId
=402880811D8E34B9011D92AF56810C57
Saiba Mais
Para mais informaes sobre a metodologia de clculo e evoluo desse indicador, visite dentro do site da
FIPE-USP:
http://www.fipe.org.br/web/index.asp
Fundao
Instituto
de
Pesquisas
Econmicas
(FIPE-USP)
A FIPE foi criada em 1973 em substituio ao Instituto
de Pesquisas Econmicas da Universidade de So Paulo
Gesto financeira
58
Saiba Mais
Para mais informaes sobre a metodologia de clculo e
evoluo desse indicador, visite dentro do site do DIEESE:
http://www.dieese.org.br/rel/icv/icv.xml
59
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
Gesto financeira
60
Saiba Mais
Para mais informaes sobre a metodologia de clculo e evoluo desse indicador, visite dentro do site do
PROCONSP: http://www.procon.sp.gov.br
Atualmente, a pesquisa realizada em 70 supermercados do municpio com o correspondente ndice sendo
composto por 31 produtos (22 de alimentao, 4 de limpeza
domstica e 5 de higiene pessoal).
Atualmente, os valores divulgados pela Cesta Bsica
tm servido de referncia s autoridades governamentais
61
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
I=
Pn
- 1
Pn -1
Gesto financeira
62
I = Taxa de inflao
P = ndice de preos utilizado para o clculo da taxa de inflao
n = data de determinao da taxa de inflao
n-t = perodo anterior considerado
n-1 = ndice do ms anterior
n-12 = ndice do mesmo ms no ano anterior
Exemplo: Considere a evoluo do IPC do primeiro
semestre de 2010.
Ms
Jan
2010
Fev
2010
Mar
2010
Abr
2010
Mai
2010
Jun
2010
IPC
722,8287
728,176
730,6534
733,5030
735,1167
735,4107
733,5030
A inflao do segundo trimestre do ano (abril-junho) :
63
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
Valor desindexado
Valor do bem
(1 + taxa de inflao)
Gesto financeira
64
Jan
2010
Fev
2010
Mar
2010
Abr
2010
Mai
2010
Jun
2010
IGPM
0,63%
1,18%
0,94%
0,77%
1,19%
0,85%
Fonte: FGV
Im = (1+iacum) - 1
Im = Inflao mdia
iacum = inflao acumulada
q = perodo que eu quero
t = perodo que eu tenho (perodo da taxa acumulada)
Calculando a mdia mensal do IGPM, a partir da taxa
semestral encontrada no exemplo anterior, temos:
iacum = 5,69% = 0,0569
q = perodo que eu quero = 1 ms
t = perodo que eu tenho = 1 semestre = 6 meses
im = (1+0,0569)1/6 1
im = 0,00926 = 0,926% ao ms
Taxa de Desvalorizao da Moeda (TDM)
Quando dizemos que a inflao de um perodo 100%,
significa que o nvel de preos de uma economia dobrou ou
que a capacidade de compra das pessoas caiu pela metade.
Assim, enquanto a inflao reflete o aumento no nvel de
preos, a taxa de desvalorizao da moeda mede a queda
no poder de compra da moeda causado por este aumento no
nvel de preos (ASSAF NETO, 2010).
65
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
im = 1,00926 1
TDM
INF
1 + INF
Gesto financeira
66
ir =
(1 + i)
-1
(1 + INF)
sendo:
ir = taxa de juros real
i = taxa de juros aparente INF = taxa de inflao
Exemplo:
Qual o custo real de um emprstimo contratado a uma
taxa de juros de 20% ao ano, considerando que a inflao
acumulada nos ltimos 12 meses pelo IGPM foi de 7,7702%
(setembro/2010)?
ir =
(1 + 0,20)
- 1
(1 + 0,077702)
ir = 1,11348 -1
ir = 0,11348 = 11,348%
A taxa de juros real pode at ser negativa, se a taxa aparente for inferior taxa de inflao, o que ocorreu na econode 2000, enquanto a taxa de juros mdia do CDB foi de 1,16%,
a inflao medida pelo IGPM foi de 1,24%, resultando em um
rendimento real de - 0,079% [ir = (1,0116/1,0124)-1 = 0,99921- 1
= -0,00079].
Taxa efetiva em moeda nacional para operaes em
moeda estrangeira
Quando efetuamos aplicaes ou captao de recursos em moeda estrangeira, a rentabilidade ou custo da operao depende da taxa de juros contratada e da desvalorizao
(ou valorizao) da moeda nacional em relao moeda
67
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
imn = [(1+ime)x(1+itd)] -1
sendo: imn = = taxa efetiva em moeda nacional
ime = taxa efetiva em moeda estrangeira
itd = taxa de desvalorizao da moeda nacional
Exemplo: Calcule, em moeda nacional, a rentabilidade efetiva de uma aplicao em dlares contratada taxa
de 1,5% ao ms, considerando uma desvalorizao da moeda
nacional de 2% ao ms.
Gesto financeira
68
esse nome, porque seu rendimento completamente conhecido. Isso parcialmente correto, visto que dentro das operaes de renda fixa temos a remunerao pr ou ps-fixada. A
diferena bsica entre ambas se concentra na forma de compor
a taxa: enquanto na modalidade pr-fixada j se sabe antecipadamente qual o rendimento total, na modalidade ps-fixada o
rendimento est vinculado ao desempenho de algum ndice/
indexador, e com isso, o rendimento total s conhecido na
data do vencimento. Um exemplo de operao ps-fixada a
tradicional caderneta de poupana que rende 6% ao ano mais a
atualizao monetria pela TR (Taxa Referencial).
Exemplo:
Uma empresa efetuou uma aplicao no valor de R$
49.000,00 em ttulos de renda fixa com rentabilidade de 0,6%
ao ms mais IGPM iniciada em 01.julho.2010. Como o resgate
foi efetuado aps 90 dias, calcule o valor resgatado e a taxa
mensal mdia da operao.
Ms
Jul 2010
Ago 2010
Set 2010
IGPM
0,15%
0,77%
1,15%
Fonte: FGV
69
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
HORA DE FIXAR
A empresa Mega Star Ltda apresentou nos ltimos
quatro anos os seguintes lucros: (em mil de reais)
Ms
2006
2007
2008
2009
Lucro
900
1250
1540
1980
2005
2006
2007
2008
2009
IGP-DI
874,0013
907,1895
978,8430
1.067,9892
1.052,6486
Fonte: FGV
Gesto financeira
70
las aprendidas nesta unidade. O primeiro passo encontrar a taxa de inflao de cada ano, encontrar o lucro real
da empresa a cada ano, calcular a taxa de crescimento deste
lucro por perodo, calcular a taxa acumulada e, por fim, apurar a taxa mdia de crescimento do lucro real.
1 | Calculando a taxa de inflao nmero-ndice:
Ano
Nmero-ndice
Taxa de inflao
2005
874,0013
2006
907,1895
2007
978,8430
2008
1.067,9892
2009
1.052,6486
(1.052,6486/1.06798,92)-1 = 0,985636 1 =
- 0,014364 = - 1,4364% (deflao)
Lucro
Taxa de Inflao
Lucro Real
2006
900
3,7973%
900/(1+0,037973) = 867,07
2007
1250
7,8984%
1.250/(1+0,078984) = 1.158,49
2008
1540
9,1073%
1.540/(1+0,091073) = 1..411,45
2009
1980
-1,4364%
1.980/(1-0,014364) = 2..008,86
Lucro
Tx crescimento anual
Tx de crescimento
acumulada
2006
867,07
2007
1.158,49
(1.158,49/867,07)-1=33,61%
33,61%
2008
1.411,45
(1 411,45/1158,49)-
(1411,45/867,07)-1 =
62,78%
1=21,83%
2009
2.008,86
(2008,86/1411,45)-1=42,33%
(2008,86/867,07)-1 =
131,68%
i = (1+i)q/t 1
i = (1+1,3168)1/3 1 = 1,3232 1
i = 0,3232
i = 32,32% ao ano
71
Clculo Financeiro em Contexto Inflacionrio
R e f e r nci a s
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, A. Matemtica Financeira e
suas aplicaes. 10. ed. So Paulo: Atlas, 2008.
BACEN, Banco Central do Brasil. ndices de Preos no Brasil. Srie: Perguntas mais frequentes. Braslia, fevereiro 2010.
Disponvel em: http://www4.bcb.gov.br/pec/ gci/port/ focus/
FAQ02-%C3%8Dndices%20de%20Pre%C3%A7os.pdf. Acesso
em 10.out., 2010.
CARMO, H. C. E. Como medir a inflao: os nmeros-ndices
de preos. In: PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual
de Economia. Equipe de Professores da USP. 5. ed. So Paulo:
Saraiva, 2005.
DIEESE, Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos
Socioeconmicos. ndice do Custo de Vida do Municpio de
So Paulo. Disponvel em: http://www.dieese.org.br/rel/icv/
icv.xml. Acesso em out.2010.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Sistema
Gesto financeira
72
73
(3)
Renata Ferreira
atividades da empresa em nmeros objetivos que fornecem informaes sobre o desempenho, problemas e as perspectivas futuras (HIGGINS, 2007). Cabe administrao
financeira interpretar estes valores contbeis para avaliar o
desempenho e planejar aes futuras.
A anlise das demonstraes financeiras importante
para o diagnstico empresarial, cuja finalidade determinar os pontos fortes e pontos crticos da empresa, permitindo a apresentao de um esboo das prioridades para a
soluo dos problemas. Alm disso, atravs da anlise das
demonstraes financeiras podemos conhecer os objetivos da
empresa e identificar sua poltica financeira, ou seja, permite
uma viso da estratgia e dos planos traados pela empresa.
O objetivo desta unidade apresentar as ferramentas
de anlise dos principais demonstrativos financeiros e sua
importncia para a gesto financeira de uma empresa.
Gesto financeira
78
Gestores da
empresa
Empregados
Governo
Acionistas
Demosntraes
financeiras
Concorrentes
Fornecedores e
clientes
Credores
79
Anlise das Demonstraes Financeiras
avaliado de forma rigorosa e os principais instrumentos de informao para tais avaliaes so os demonstrativos financeiros.
Os fornecedores utilizam a anlise das demonstraes financeiras associadas s perspectivas de seu ramo
de negcios para avaliar a capacidade de produo e
venda de seu cliente como subsdio para o fornecimento
de seus produtos (ou servios). Tambm analisam a situao financeira da empresa para a concesso de prazo
para pagamento destes produtos (ou servios).
J os clientes no utilizam a anlise das demonstraes financeiras de forma rigorosa, mas em alguns
casos analisam a situao de seus principais fornecedores como garantia para a manuteno do suprimento de matrias-primas.
A anlise das demonstraes financeiras dos principais concorrentes permite extrair informaes sobre
faturamento, margem de rentabilidade das vendas,
prazo mdio concedido aos clientes, prazo mdio
Gesto financeira
80
obtido pelos fornecedores, giro de estoques, investimentos, endividamento, liquidez etc. Alm de poder
analisar a sua situao em relao aos concorrentes,
possvel identificar as potencialidades e limitaes
dos concorrentes, o que de extrema importncia para
definir as estratgias de uma empresa.
Os rgos governamentais utilizam a anlise das
demonstraes financeiras em diversas situaes:
na fiscalizao fazendria das empresas, no controle de preos, no julgamento das qualificaes das
empresas participantes de concorrncias pblicas, no
acompanhamento do desempenho de empresas concessionrias de servios pblicos, no acompanhamento
de setores estratgicos da economia (como por exemplo, o setor financeiro e o de seguros) etc.
Os empregados de uma empresa podem usar a
anlise das demonstraes financeiras para verificar a
capacidade de crescimento da empresa, visando a estabilidade no emprego, possveis promoes e aumentos
de salrios. Tambm interessante conhecer a situao
financeira de uma empresa em que se est ingressando
ou candidatando-se a uma vaga.
Alm dos empregados, os sindicatos e associaes
de classe se interessam pela anlise de demonstrativos
financeiros. Os sindicatos, em especial, utilizam esta
anlise para negociar novos benefcios, aumentos de
salrios para a categoria etc. As associaes de classe,
geralmente, utilizam tais anlises para elaborar estudos especficos e estabelecimento de padres e relatrios para as prprias empresas.
81
Anlise das Demonstraes Financeiras
Gesto financeira
82
Equao de equivalncia
ATIVO
PASSIVO
PATRIMNIO
LQUIDO
Ativo Circulante
Passivo Circulante
Ativo No Circulante
Passivo No Circulante
Patrimmio Lquido
Investimentos
Imobilizado
Intangvel
83
Anlise das Demonstraes Financeiras
Ativo
podem ser utilizados a qualquer momento (caixa, bancos, aplicaes de liquidez imediata etc.) ou que podem
ser realizados no curto prazo (prazo inferior a 360 dias
duplicatas/ttulos a receber, duplicatas/ttulos descontadas, estoques etc.).
Ativo No Circulante: So includos neste grupo
todos os bens de permanncia duradoura, destinados ao funcionamento normal da sociedade e do seu
empreendimento, assim como os direitos exercidos
com essa finalidade. O Ativo No Circulante composto pelos seguintes subgrupos:
1. Ativo realizvel a longo prazo: Inclui as contas representadas pelos bens e direitos realizveis aps o trmino do exerccio seguinte (prazo
superior a 360 dias). Incluem-se tambm nesta
categoria os direitos no derivados de vendas,
as operaes realizadas com coligadas, controladas, proprietrios, scios, acionistas e diretores.
2. Investimentos: participaes em outras socie-
Gesto financeira
84
4. Intangvel: Os ativos intangveis compreendem os bens incorpreos destinados manuteno da companhia ou exercidos com essa
finalidade, inclusive o fundo de comrcio
adquirido. Como exemplos de intangveis, os
direitos de explorao de servios pblicos
mediante concesso ou permisso do Poder
Pblico, marcas e patentes, softwares e o
fundo de comrcio adquirido (ASSAF NETO,
2010).
Passivo Circulante: Composto de todas as obrigaes vencveis no exerccio social seguinte (prazo
inferior a 360 dias), como emprstimos, encargos financeiros a pagar, fornecedores, impostos a recolher, entre
outros. Tambm denominado de capital de terceiros
de curto prazo.
Passivo No Circulante: Obrigaes com vencimento aps o trmino do exerccio social seguinte, ou
seja, com prazo superior a 360 dias. Tambm denomi Patrimnio Lquido: a diferena entre o valor dos
ativos e dos passivos. Representa os recursos prprios
da empresa, dividido em: Capital Social, Reservas de
Capital, Ajustes de Avaliao Patrimonial, Reservas de
Lucros, Aes em Tesouraria e Prejuzos Acumulados.
Demonstrao do Resultado de Exerccio (DRE)
A demonstrao de resultado do exerccio apresenta
o desempenho da empresa no perodo, possibilitando avaliar se houve lucro ou prejuzo. O lucro (ou prejuzo) apurado na DRE transferido para a conta Lucros ou Prejuzos
Acumulados, pertencente ao Patrimnio Lquido, com isso,
85
Anlise das Demonstraes Financeiras
Gesto financeira
86
87
Anlise das Demonstraes Financeiras
a DLPA, pois, alm de demonstrar a movimentao ocorrida com os lucros ou prejuzos acumulados, apresenta a
movimentao das demais contas que integram o patrimnio lquido.
Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos
(DOAR)
A demonstrao das origens e aplicaes de recursos
mostra de onde vieram os recursos financeiros utilizados na
empresa e onde foram aplicados (qual o seu destino). Este
demonstrativo permite avaliar se a empresa fez novos financiamentos, se houve aporte de capital dos scios ou se gerou
recursos prprios, ou seja, a DOAR tem a finalidade de apresentar a posio financeira da empresa no curto prazo, pois
demonstra a variao do Capital Circulante Lquido (CCL)
em determinado perodo (IUDCIBUS, 2010).
O Capital Circulante Lquido a diferena entre o ativo
circulante (disponvel, contas a receber, estoques e despesas
pagas antecipadamente) e o passivo circulante (fornecedores,
Gesto financeira
88
89
Anlise das Demonstraes Financeiras
Gesto financeira
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91
Anlise das Demonstraes Financeiras
(MATARAZZO, 2010). Assim, os auditores verificam os controles interno da empresa, conferem lanamentos e conciliaes contbeis e financeiras, de modo a atestar se as
demonstraes esto dentro dos princpios contbeis em utilizao no pas e se esses princpios foram aplicados de forma
consistente em relao ao perodo anterior.
ndices
Econmico-financeiros
92
Gesto financeira
Anlise das
demonstraes
financeiras
Anlise vertical
e horizontal
93
Anlise das Demonstraes Financeiras
Gesto financeira
94
com a utilizao de um indexador que reflita adequadamente as variaes de preo para a empresa. A
homogeneizao pode ser realizada para que ocorra
uma deflao dos valores para a data-base.
ATENO!
Isoladamente estas duas tcnicas podero induzir a erros de avaliao ou encobrir fatos importantes.
Conjuntamente, essas tcnicas se completam e permitem
identificar os elementos merecedores de uma investigao
mais profunda.
Por exemplo, uma conta pode ter apresentado uma
variao de 200% pela anlise horizontal e continuar sendo
um item irrelevante dentro da demonstrao financeira,
j que na anlise vertical representa apenas 1% do total
do seu grupo. Ao contrrio, um aumento de 20% em uma
conta que representa 80% do seu grupo um fato relevante.
As duas anlises em questo permitem localizar
pontos especficos de falhas, problemas e caractersticas da
itens das demonstraes financeiras sinal de estabilidade
e segurana. A excessiva flutuao representa elevao
no risco empresarial e a anlise vertical/horizontal pode
detectar isso.
Exemplo:
Considere o Balano Patrimonial e o Demonstrativo
de Resultado da Empresa Primeiros Passos S/A para os
exerccios de 2009 e 2010.
Anlise Vertical - Dividir todas as contas pelo total do Ativo.
Exemplo: Disponibilidades = 50.000/1.500.00 = 0,0333 = 3,33%
95
Anlise das Demonstraes Financeiras
2010
AV
AH
2009
AV
AH
Disponibilidades
50.000
3,33%
125,00
40.000
3,33%
100
Crditos/contas
a receber
500.000
33,33%
131,58
380.000
31,67%
100
Estoques
220.000
14,67%
122,22
180.000
15,00%
100
Outros ativos
20.000
1,33%
133,33
15.000
1,25%
100
790.000
52,67%
128,46
615.000
51,25%
100
110.000
7,33%
129,41
85.000
7,08%
100
Investimentos
150.000
10,00%
125,00
120.000
10,00%
100
Imobilizao
350.000
23,33%
126,00
280.000
23,33%
100
Intangvel
100.000
6,67%
100,00
100.000
8,33%
100
Subtotal
710.000
47,33%
121,37
585.000
48,75%
100
Ativo Total
1500000
100,00%
125,00
1200000
100,00%
100
Ativo circulante
Subtotal
Ativo No circulante
Realizvel a longo prazo
Contas a receber
Gesto financeira
96
Anlise Horizontal - Dividir cada conta de 2010 pela sua correspondente de 2009 (ano-base)
Exemplo: Fornecedores = 300.000/250.000 = 1,20 = 120
2009 = 100 - 2010 = 120 - Indica um crescimento de 20% na
conta fornecedor no perodo.
Empresa Primeiros Passos S/A
2009
AV
AH
222,22
45.000
3,75%
100
20,00%
120,00
250.000
20,83%
100
220.000
14,67%
110,00
200.000
16,67%
100
1200.00
8,00%
114,00
105.000
8,75%
100
740.000
49,33%
123,33
600.000
50,00%
100
200000
13,33%
160,00
125000
10,42%
100
97
200.000
13,33%
160,00
125000
10,42%
100
Capital social
realizado
300.000
20,00%
100,00
300.000
25,00%
100
100.000
6,67%
133,33
75.000
6,26%
100
Lucros e
Prejuzos acumulados
160.000
10,67%
160,00
100.000
8,33%
100
(Reais Mil)
Passivo
2010
AV
AH
Emprstimos e
financiamentos
100.000
6,67%
Fornecedores
300.000
Contas apagar
Impostos, taxas e
contribuies
560.000
37,33%
117,89
475.000
39,58%
100
1500000
100,00%
125,00
12000000
100,00%
100
Ativo circulante
Subtotal
Passivo No circulante
Emprstimos e
Financiamentos
Subtotal
Patrimnio Lquido
Passivo total
Gesto financeira
98
Demonstrativo
de resultado
2010
AV
AH
2009
AV
AH
Receita bruta de
vendas e servios
800.000
133,33%
123,08
650.000
131,58%
100
(200000)
-33,33%
128,21
(156000)
-31,58%
(100)
(=) Receita
lquida
600.000
100,00
121,46
494.000
100,00%
100
(300000)
-50,00%
115,38
(260000)
-52,63%
(100)
(=) Resultado
bruto
300.000
50,00
128,21
234.000
47,37%
(100)
(220000)
-36,67%
129,41
(170000)
-34,41%
(100)
Com vendas
(60.000)
-10,00%
120,00
(50.000)
-10,12%
(100)
(50000)
-8,33%
125,00
(40.000)
-8,10%
(100)
80.000
-13,33%
133,33
(60.000)
-12,15%
(100)
(30.000)
-5,00%
150,00
(20.000)
-4,05%
(100)
(=) Resultado
operacional
80.000
13,33%
125,00
64.000
12,15%
100
(+) Resultado no
operacional
20.000
3,33%
200,00
10.000
2,02%
100
100.000
16,67%
135,14
74.000
14,98%
100
(15.000)
-2,50%
135,14
(11.100)
-2,25%
(100)
Lucro/prejuzo do
exerccio
85.000
14,17%
135,135
62.900
12,73%
100
Gerais e adm.
Finaceiras
Outras despesas
Operacionais
Endividamento
Situao
econmica
Rentabilidade
Gesto de caixa
ou ativos
Atividade
99
ndices de Liquidez
Estes ndices permitem avaliar a capacidade da
empresa de honrar os seus compromissos, ou seja, em constituir fundos que sejam capazes de amortizar as despesas no
curto e longo prazo.
Os ndices de liquidez no so extrados do fluxo de
caixa que comparam entradas e sadas de dinheiro; so ndices que, a partir do confronto de ativos com dvidas, procuram medir quo slida a base financeira da empresa.
ndices
Uma empresa com bons ndices de liquidez tem capacidade de pagar suas dvidas, mas no estar, obrigatoriamente,
pagando suas dvidas em dia em funo de outras variveis
como prazo, renovao de dvidas etc. (MATARAZZO, 2010).
Os principais indicadores so:
Liquidez Geral
LG
Gesto financeira
100
LS
Verifica a capacidade da empresa em honrar seus compromissos de curto prazo por meio de suas disponibilidades
financeiras, de contas a receber e dos estoques.
Um ndice de liquidez corrente superior a 1 indica que
a empresa consegue pagar todas as suas dvidas de curto
com os investimentos de curto prazo, ou seja, indica a existncia de um capital circulante (capital de giro). Um indicador
inferior a 1 revela que a empresa no possui investimentos
LS
LI
Disponibilidade
Passivo circulante
101
Anlise das Demonstraes Financeiras
curto prazo que pode ser pago mediante o uso de ativos cir-
Frmula
2010
2009
Variao
Liquidez geral
(AC+RLP)/(PC+PNC)
0,957
0,966
-0,84%
Liquidez corrente
AC/PC
1,068
1,025
4,15%
Liquidez Seca
(AC-estoque)/PC
0,770
0,725
6,24%
Liquidez imediata
Disponibilidades/PC
0,068
0,067
1,35%
ndices de Endividamento
Os ndices deste grupo mostram as grandes linhas de
decises financeiras em termos de obteno de recursos. Os
principais indicadores so:
Endividamento Geral
EG
Gesto financeira
102
EGcp =
Endividamento de Longo Prazo: Mostra o percentual do patrimnio da empresa que financiada por
recursos de terceiros de longo prazo.
EGlp =
PCT =
CE
Passivo circulante
x 100
Passivo circulante + Passivo no circulante
Frmula
2010
2009
Variao
Endividamento geral
(PC+PNC)/AT
62,67%
60,42%
3,72%
PC/AT
49,33%
50,00%
-1,33%
PNC/AT
13,33%
10,42%
28,00%
(PC+PNC)/PL
167,86%
152,63%
9,98%
Composio do endiv.
PC/(PC+PNC)
78,72%
82,76%
-4,88%
103
Anlise das Demonstraes Financeiras
ndices de Rentabilidade
Os ndices deste grupo mostram qual a rentabilidade
dos capitais investidos, ou seja, visam medir o quo eficientemente a empresa usa seus ativos e administra suas operaes.
Segundo Assaf Neto (2010), uma anlise baseada exclusivamente no valor absoluto do lucro lquido traz normalmente
srio vis de interpretao ao no se refletir se o resultado
gerado no exerccio condizente ou no com o potencial econmico da empresa, da a importncia de se trabalhar com
os indicadores de rentabilidade.
ndice de Lucratividade
Tambm
chamado
de
Margem
de
Lucro
ou
Gesto financeira
104
vendidos.
ILb
Lucro bruto
Receita lquida
x 100
ndice de lucratividade operacional: mede o percentual do lucro operacional em relao receita operacional da empresa, permitindo conhecer a lucratividade
antes da incidncia do imposto de renda e da contribuio social.
Lop
Lucro operacional
Receita lquida
x 100
IL
Lucro lquido
Receita lquida
x 100
ROA =
Lucro lquido
Ativo total
x 100
ROE =
Lucro lquido
x 100
Patrimnio lquido
105
Anlise das Demonstraes Financeiras
Frmula
2010
2009
Variao
Lucratividade bruta
LB/LR
50,00%
47,37%
5,56%
Lucratividade operacional
LO/LR
13,33%
12,96%
2,92%
Lucratividade lquida
LL/LR
14,47%
12,73%
11,26%
LL/AT
5,67%
5,24%
8,11%
LL/PL
15,18%
13,24%
14,62%
ndices de Atividade
Os indicadores de atividade visam a mensurao das
diversas duraes de um ciclo operacional, o qual envolve
todas as fases operacionais tpicas de uma empresa, que vo
desde a aquisio de insumos bsicos ou mercadorias at o
recebimento das vendas realizadas (ASSAF NETO, 2010).
Compra
Gesto financeira
106
Vende
Recebe
Dias
Ciclo operacional
Paga
Ciclo financeiro
Lucro lquido
Ativo total
ROA =
x 360
Contas a receber
x 360
Receita bruta de vendas
PMP =
Fornecedores
Compras
x 360
107
Anlise das Demonstraes Financeiras
PMR =
Assim, quanto mais elevado o prazo mdio de pagamento, maior a fatia da atividade da empresa que financiadas pelos fornecedores.
Exemplo: Calculando os indicadores de atividade para
a empresa Primeiros Passos S/A:
Obs.: considere o estoque final de 2008 de $ 150.000
ndices de
atividade
Frmula
2010
2009
Variao
(estoque
mdio/CPV)
x360
240
228
5,05%
(contas rec/
RB)x360
225
210
6,91%
Prazo mdio de
fornecedores
(fornecedor/
compras)x360
318
310
2,35%
200.000
165.000
340.000
290.000
Gesto financeira
108
109
Anlise das Demonstraes Financeiras
Gesto financeira
110
saldar suas dvidas de curto prazo com seus recursos disponveis tambm no curto prazo (perceptvel pelos indicadores
de liquidez, especialmente a liquidez corrente).
As vendas brutas cresceram 23,08% no perodo e ocorreu uma pequena e importante reduo nos custos dos produtos vendidos, os quais passaram de 52,63% para 50% de
absoro das vendas, fatos que levaram a um aumento no
lucro bruto (ndice de lucratividade bruta em 2009 era 47,37%
e em 2010 passou para 50%). As despesas operacionais, por
sua vez, sofreram um aumento de 29,41%, passando a consumir 36,67% das vendas lquidas. Mesmo com o aumento nas
despesas, a lucratividade operacional sofreu elevao (ndice
de lucratividade operacional: 2009 = 12,96%; 2010 = 13,33%, o
R e f e r nci a s
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
HIGGINS, R.C. Anlise para Administrao Financeira. 8.
ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
2009.
LEMES JR., A. B. et al. Administrao Financeira: princpios,
fundamentos e prticas brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
MATARAZZO, D. C. Anlise Financeira de Balanos abordagem bsica e gerencial. 7. ed. So Paulo: Atlas, 2010.
PORTAL DE CONTABILIDADE. A DFC Demonstrao dos
Fluxos de Caixa. Disponvel em: http://www.portaldecon-
111
Anlise das Demonstraes Financeiras
tabilidade.com.br/tematicas/ademonstracaodosfluxos.htm.
Acesso em out.2010.
ZANLUCA, J. C. Demonstrao do Valor Adicionado. Disponvel em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstracaodovalor.htm. Acesso em out.2010.
Gesto financeira
112
113
(4)
Ponto de Equilbrio e
Alavancagem
Renata Ferreira
Uma variao na receita das empresas pode trazer mudanas significativas nos lucros, afinal um dos passos para ter mais
lucros vender mais. Porm, quando uma empresa aumenta
suas vendas, o lucro no necessariamente acompanha este crescimento. O lucro pode crescer em proporo maior ou menor ao
crescimento das vendas (como pode at cair), dependendo do
comportamento de outras variveis como custos e despesas.
O comportamento dos custos fixos funciona como
uma alavanca: o aumento da receita em proporo superior
ao crescimento dos custos fixos impulsiona o lucro, j que se
consegue uma fora de deslocamento superior quela aplicada na outra extremidade da alavanca (BRAGA, 1995). Este
efeito chamado em finanas de Alavancagem.
Alavancagem produto do uso de ativos ou fundos a
custo fixo para multiplicar retornos para os proprietrios da
empresa (GITMAN, 2010).
Ponto de Equilbrio
Conceitos e Aplicaes
A anlise do ponto de equilbrio permite verificar como
Gesto financeira
118
Q = CF
(p-CVu)
119
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
Exemplo:
Considere o Demonstrativo de Resultado da empresa
GF S/A:
Vendas lquidas
(20000 unidades)
R$ 400000,00
(R$ 240.000)
R$ 160.000
R$ 60.000
Despesas administrativas
R$ 40.000
(R$ 100.000)
R$ 60000
Custo fixo
(R$)
Custo
varivel (R$)
Custo total
(R$)
Gesto financeira
120
Materiais
100.000,00
100.000,00
Mo de obra
90.000,00
90.000,00
Custos indiretos
10.000,00
40.000,00
50.000,00
Despesas de vendas
15.000,00
45.000,00
60.000,00
Despesas administrativas
35.000,00
5.000,00
40.000,00
Total
60.000,00
28.0000,00
340.000,00
CF
=
60.000
= 60.000 = R$ 200.000
1-(CV/RT) 1- (280.000/400.000) 1-,07
Isso significa que a empresa tem que obter um fatura-
Q=
CF
= 60.000
(p - CVu)
(20-14)
Ou ainda:
Q = Ponto de equilbrio monetrio/preo de venda
Q = 200.000,00/20,00 = 10.000 unidades
Construindo o grfico:
Voc Sabia?
Voc sabia que (p-CVu) chamado de Margem de Contribuio?
A margem de contribuio tem a faculdade de tornar mais visvel a potencialidade de cada produto, mostrando como cada
um contribui para o resultado operacional, ou seja, para, primeiramente, amortizar os gastos fixos e, depois, formar o lucro
propriamente dito. um importante conceito na gesto financeira, porque os custos indiretos fixos so distribudos por produto atravs de rateio e, conforme a base escolhida para fazer
tal diviso, um produto pode receber uma carga de custo fixo
maior, comprometendo seu lucro unitrio.
Veja nas reportagens a seguir duas situaes que retratam o break-even point:
Agronegcio: Perspectivas de boas margens em
2010/11 reanimam o campo
121
Gesto financeira
123
Q=
CF
(p - CVu)
Q = CF - depreciao
p - CVu
Q = CF + retor mnimo do pl
p - CVu
Gesto financeira
124
Custo
varivel
(Cvu)
Margem de
contribuio
(MC = p - Cvu)
MC . %
Produto A
60,00
40,00
20,00
40%
8,00
Produto B
75,00
35,00
40,00
30%
12,00
Produto C
95,00
45,00
50,00
30%
15,00
35,00
CF
=
(p - CVu)
50 unidades
175.000
35
= 5.000 unidades
375.000,00
(200000,00)
175.000,00
(175000,00)
0
125
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
Lucro em dinheiro:
Custo fixo
(preo - custo varivel)
Lucro em %:
Vendas
Custo fixo
126
600.000
= 4.000 unidades
(500 + 350)
Demonstrativo:
Receita
(-) Custo varivel
2.000.000,00
(1.400.00,00)
600.000,00
(500.000,00)
100.000,00
Vendas =
1-
Custo fixo
500.000
( (
1-
R$ 2.500.000,00
350 + 0,10
500
2.500.000,00
(1.750.00,00)
750.000,00
(500.000,00)
250.000,00
Tipos de Alavancagem
A alavancagem um instrumento de gesto financeira
que pode trazer efeitos positivos ou negativos. Isso decorre
da existncia de custos/despesas fixas. Para compreender tais
efeitos importante conhecer os trs tipos de alavancagem:
operacional, financeira e a combinada (ou total).
Demonstrativo de resultado
Alavancagem
operacional
Alavancagem
total ou
combinada
Alavancagem
financeira
127
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
(=) Lucro
Alavancagem Operacional
A alavancagem operacional resulta da existncia
de custos operacionais fixos na estrutura de resultados da
empresa. Quando a empresa aumenta suas vendas, haver
menor carga de custos e despesas fixas sobre cada unidade
vendida, provocando um acrscimo em maiores propores
no Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR).
Exemplo: A empresa New Age S/A vende seu produto por R$ 25 a unidade. Os custos variveis unitrios totalizam R$ 10 e os custos e despesas fixas totalizam R$ 12.000.
Atualmente, a empresa tem um volume de vendas anual de
2.000 unidades e est projetando um crescimento de 25%
para o prximo ano. Qual o efeito sobre o LAJIR?
DRE
Receita
(-) Custo varivel
Gesto financeira
128
62.500,00
(20.000,00)
(25.000,00
30.000,00
37.500,00
(12.000,00)
(=) LAJIR
18.000,00
(12.000,00)
+ 41,67%
25.500,00
Como o LAJIR cresceu em proporo maior que o crescimento das vendas, dizemos que ocorreu Alavancagem
Operacional. Inversamente, a queda nas vendas provocar
substancial reduo no LAJIR que poder transformar-se em
prejuzo operacional na eventualidade de o volume situar-se
abaixo do ponto de equilbrio (BRAGA, 1995).
O grau de alavancagem operacional a medida do
impacto da alavancagem operacional sobre os lucros operacionais da empresa e pode ser mensurado pela frmula:
No exemplo da empresa New Age S/A:
ou
% lucro operacional
% quantidade vendida
129
Exemplo:
Voltando ao caso da empresa New Age S/A. Considere
que as despesas financeiras totalizam R$ 9.000 e que o
Imposto de Renda de 15%. Qual o efeito do aumento das
vendas de 2.000 para 2.500 unidades sobre o lucro lquido?
DRE
Receita
(-) Custo varivel
50.000,00
(20.000,00)
30.000,00
(12.000,00)
62.500,00
(25.000,00)
37.500,00
(12.000,00)
(=) LAJIR
18.000,00
(9.000,00)
(9.000,00)
9.000,00
16.500,00
(=) LAIR
(-) Imposto de renda
(=) Lucro lquido
+ 41,67%
(1.350,00)
7.650,00
25.500,00
(2.475,00)
+83,33%
14.025,00
Como o Lucro lquido cresceu em proporo maior que o cresO grau de alavancagem financeira mede os efeitos pro-
Gesto financeira
GAF = LAJIR
LAJIR
ou
% lucro operacional
% LAJIR
GAT =
% lucro lquido
% volume de vendas
GAT =
% lucro lquido
% volume de vendas
Isso significa que se o volume de vendas sofrer variaes, o lucro lquido da empresa flutuar 3,33 vezes. Por exemplo, se o crescimento projetado das vendas for de 15%, o lucro
lquido crescer aproximadamente 50% (GAT = 15% x 3,333).
131
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
Gesto financeira
132
GAT =
% lucro lquido
% volume de vendas
b) 50% com capital prprio e 50% com capital de terceiros (financiamento bancrio com juros de 10% ao ano).
Com
financiamento
500.000,00
250.000,00
250.000,00
500.000,00
500.000,00
100.000,00
100.000,00
A. Capital prprio
A. Capital de terceiros
A. Juros (10% de B)
25.000,00
100.000,00
75.000,00
20%
20%
20%
30%
1,5%
Com
financiamento
500.000,00
250.000,00
250.000,00
500.000,00
500.000,00
40.000,00
40.000,00
25.000,00
40.000,00
15.000,00
8%
8%
8%
6%
0,75%
Itens
A. Capital prprio
A. Capital de terceiros
A. Juros (10% de B)
A. Resultado aps os juros (D-E)
133
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
Sem
financiamento
Itens
Saiba Mais
Voc sabe o que EBITDA? EBITDA (Earning Before Interest,
Taxes, Depreciation and Amortization) ou LAJIDA (Lucro
Antes dos Juros, Impostos, depreciao e amortizao do
diferido) um indicador financeiro equivalente ao fluxo
operacional de caixa, calculado pela soma do lucro operacional antes do imposto de renda (LAJIR) e as despesas
no desembolsveis (como a depreciao, que uma despesa contbil, mas no uma sada efetiva de caixa), evidenciando a capacidade financeira da empresa em remunerar
os proprietrios do capital (credores e acionistas).
Gesto financeira
135
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
Estes exemplos mostram que a empresa deve recorrer a capital de terceiros quando a taxa de retorno do ativo
maior do que o custo da dvida. Ao utilizar recursos de terceiros, a empresa paga os encargos desta opo, que representa
a substituio aos encargos que teria com os proprietrios
pela remunerao do capital de risco. A capacidade que a
Gesto financeira
136
empresa tem de administrar os recursos, prprios e/ou de terceiros, e com isso maximizar os lucros por ao, a administrao da alavancagem financeira (MATARAZZO, 2010).
Assim, o estudo da alavancagem financeira busca a
melhor composio entre capital de terceiros e capital prprio e analisa o retorno dos acionistas mediante variaes na
estrutura de capital.
HORA DE FIXAR:
A Cia. Padro est desenvolvendo um projeto de
expanso de suas atividades. O investimento total previsto
de R$ 1.250.000. Tais recursos sero financiados 40% com
capital prprio e o restante com capital de terceiros, atravs
da obteno de um financiamento bancrio com taxa de 20%
ao ano. A empresa pretende vender a mercadoria produzida neste projeto por R$ 13/unidade. O custo varivel unitrio de R$ 5 e os custos/despesas fixos operacionais (sem
80.000 unid.x13,00
1.040.000,00
80.000 unid.x5,00
(400.000,00)
640.000,00
(350.000,00)
290.000,00
750.000x20%
(150.000,00)
140.000,00
500.000,00
750.000,00
1.250.000,00
290.000,00
E. Juros (20% de B)
150.000,00
140.000,00
23,20%
28,00%
1,21
137
Ponto de Equilbrio e Alavancagem
O projeto proporciona uma rentabilidade do investimento superior ao custo da dvida pela captao de recursos bancrios. Isso gera uma alavancagem que refletida no
retorno sobre o patrimnio lquido, ento, sob esta tica, vale
a pena a captao de 60% de capital de terceiros para financiar o projeto.
b) Ponto de Equilbrio: P = 13,00
CVu = 5,00
CF = Custo fixo operacional + despesas financeiras
CF = 350.000,00 + 150.000,00 = 500.000,00
Q
CF
p - Cvu
500.000
= 62.500 unidades
13-5
Gesto financeira
R e f e r nci a s
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010. BRAGA, R. Fundamentos e Tcnicas de
Administrao Financeira. So Paulo: Atlas, 1995.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
HIGGINS, R. C. Anlise para Administrao Financeira. 8.
ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2007.
139
(5)
P lanejamento Financeiro e
Oramento de Caixa
Renata Ferreira
Gesto financeira
144
futuro, de forma a possibilitar a tomada de decises antecipadamente. O processo de planejamento ocorre em todas as
reas da empresa, inclusive na financeira. O planejamento
financeiro um subsidirio do planejamento estratgico, responsvel por prever as necessidades de recursos monetrios
da empresa, a fim de atender os planos de produo e vendas,
alm de adotar as correes necessrias e traar planos alternativos caso algo planejado no ocorra.
Nesta unidade, temos como objetivo: aprofundar os
conceitos e a importncia do planejamento financeiro, identificar as caractersticas do planejamento de curto e longo prazos, estudar o oramento como instrumento de planejamento
e controle financeiro, detalhar o oramento de caixa, que a
principal ferramenta de planejamento de curto prazo, destacando o mtodo dos recebimentos e pagamentos.
Planejamento e Controle
O planejamento empresarial constitui um processo sistemtico e contnuo de tomada de decises no presente para
concretizao de objetivos futuros, ou seja, planejar no significa decises futuras, mas, sim, as implicaes futuras de
decises presentes.
Planejar estabelecer com antecedncia as aes
a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir correspondentes atribuies de responsabilidades em relao a um perodo futuro determinado, para que
sejam alcanados os objetivos traados para uma empresa
(SANVICENTE; SANTOS, 2000).
Assim, planejar significa definir antecipadamente:
O que
Como
Com que
Quando
Por quem
Gesto financeira
146
Informao
Feedback
Ao a correo
dos parmetros
necessrios para que
os objetivos sejam
atingidos
Controle
Deciso
Ao
Deciso parte da
observao
do desempenho e
monitoramento em
relao aos padres
estabelecidos
Planejamento Financeiro
J que o planejamento envolve todas as reas da
empresa, o departamento financeiro participa de forma ativa
deste processo, sendo uma parte importante do trabalho de
um administrador.
O planejamento financeiro estabelece o modo pelo
qual os objetivos financeiros podem ser alcanados. Segundo
Gitman (2010) o planejamento financeiro um dos aspectos
147
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
148
Planejamento de resultados
149
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
150
A falta de planejamento de longo prazo um dos principais motivos da ocorrncia de dificuldades financeiras entre
as empresas, levando em alguns casos falncia.
Planejamento financeiro de curto prazo
Os planos financeiros de curto prazo ou operacionais
contemplam as aes empresariais para um perodo de um a
dois anos bem como o impacto previsto destas aes.
As finanas a curto prazo fazem a empresa adotar uma
abordagem mais tcnica sobre os aspectos que diz respeito
geralmente s decises de ativo e passivo circulantes, em
destaque, decises que afetem as disponibilidades, estoques,
ttulos negociveis, exigncias e contas a receber.
O ponto de partida para um plano financeiro de curto
prazo a previso de vendas. A partir da so criados planos
de produo para atender s vendas projetadas, levando-se em considerao matria-prima, mo de obra, tempo de
fabricao, despesas fabris, estoque mdio etc. A previso de
vendas, tambm permite definir os plano de marketing e consequentemente a projeo das despesas de vendas. Uma vez
realizada tais estimativas possvel traar o demonstrativo
projetado de resultado e o oramento de caixa.
O processo de planejamento de curto prazo apresentado no esquema abaixo:
Voc Sabia?
151
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Na metade do Sculo XIX, o Reino Unido adotou as prticas francesas como controle das finanas pblicas. As tcnicas foram se aprimorando e conquistando outros pases.
No incio do Sculo XX , os Estados Unidos desenvolveram prticas de administrao financeira denominadas de
movimento do oramento pblico, que representava um
plano detalhado de todas as atividades do governo. Em
1907, Nova Iorque foi o primeiro estado americano a adotar esta prtica e em 1921, o Congresso americano aprovou
a obrigatoriedade do oramento pblico.
No mbito privado, a primeira empresa a utilizar o oramento foi a Du Pont de Memours, nos Estados Unidos
em 1919. No Brasil, o oramento passou a ser estudado
de forma efetiva nos anos 1940, mas somente na dcada
de 1970 que passou a ser amplamente adotado pelas
empresas. (histrico baseado em: ZDANOWICS, 2001 e
LUNKES, 2003)
Previso
de vendas
Gesto financeira
152
Planos de
produo
Plano de
investimento e
financiamento
de longo prazo
Demonstrativo de
resultado projetado
Balano patrimonial do perodo
corrente
Oramento
de caixa
Balano patrimonial
projetado
Fonte: baseado em Gitman (2010)
Planejamento Oramentrio
O Oramento um instrumento de planejamento e controle que possibilita administrao visualizar mudanas,
adaptar-se a elas e corrigi-las, caso seja necessrio, durante
sua execuo no perodo definido, comparando o resultado
153
Gesto financeira
154
Interao: aumenta o grau de interao entre as reas da empresa, visto que o oamento global representa a integrao de
diversos oramentos (geralmente um para cada rea da empresa), o que fora os gestores a fazerem planos para suas reas levando em considerao os planos de outras reas.
Comprometimento: obriga todos os gestores a participarem do
processo e reduz o envolvimento da alta administrao nas operaes dirias, atravs da delegao de poderes e responsabilidades
que se refletem nos oramentos das diversas reas.
Identifica os pontos de eficincia e ineficincia no desempenho
das reas e unidades da empresa, permitindo o acompanhamento dos objetivos gerais e especifcos.
Melhora a utilizao dos recursos disponveis, adequando-os
ao atendimento das necessidades prioritrias para o alcance
dos objetivos propostos.
Mesmo com todos os benefcios, o sistema oramentrio esbarra em alguns obstculos, que ocorrem geralmente
pela dificuldade inicial de aplic-lo em toda a empresa.
155
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
156
Oramento de Caixa
O oramento de caixa uma ferramenta do planejamento financeiro de curto prazo que leva em conta todas as
atividades e setores da empresa. um demonstrativo dos
fluxos de entradas e sadas projetadas de caixa da empresa,
usado para estimar as necessidades de caixa da empresa no
perodo considerado, se preparando para obter financiamentos em caso de falta de caixa e planejando os investimentos de
curto prazo, no caso de sobra de recursos.
Em geral, o oramento de caixa elaborado para um
ano (doze meses subsequentes), embora possa ser desenvolvido para qualquer perodo. O perodo coberto pelo oramento de caixa dividido em intervalos de tempo menores,
frequentemente mensais e, se necessrio, em fluxos dirios.
Esta diviso depende da natureza do negcio e das sazonalidades enfrentadas. Quanto mais sazonais forem os fluxos de
caixa de uma empresa, maior ser o nmero de intervalos.
157
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
158
Planejamento de longo
prazo
Plano de investimento
de longo prazo
Previses
macroeconmicas
Oramento de produo
(plano de produo, insumo
e produto)
Oramento de
insumos
Oramento
de mo de
obra
Oramento
de custo
indireto
Despesas de vendas
Oramento de
produto
Despesas
administrativas
Plano de
financiamento
Despesas e
receitas
financeiras
Oramento de caixa
Fonte: Baseado em Braga (1995)
Jan.
Fev.
Nov.
Dez.
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Recebimentos
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
(-) Pagamentos
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
159
(-) Pagamentos
Gesto financeira
160
Descrio
O oramento de vendas constitui um plano das vendas futuras da empresa para determinado perodo de tempo.
o ponto de partida para o planejamento financeiro, pois a
partir dele que se determinar o nvel de atividade futura da
empresa. Alm disso, todos os outros oramentos parciais so
desenvolvidos a partir do oramento de vendas. Geralmente
desenvolvido pela rea de marketing.
Para elaborao do oramento de vendas so consideradas variveis como o mercado consumidor, capacidade de
produo, mercado fornecedor, equipe disponvel e variveis econmicas. Desta anlise surge a previso de vendas
da empresa, que a definio da quantidade a ser vendida de
cada produto e do preo de venda, e um plano de vendas, que
representa um conjunto de aes para alcanar a projeo de
vendas. Do plano de vendas tambm so projetadas as despesas de vendas, que comporo parte do plano de pagamentos.
A previso de vendas pode estar baseada em uma anlise de dados externos, internos, ou uma combinao das duas.
161
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Oramento de Vendas
Previses externas: baseiam-se nas relaes observadas entre as vendas da empresa e alguns indicadores
econmicos, como por exemplo, o PIB (Produto Interno
Bruto), a renda disponvel e novas construes civis.
Previses internas: baseiam-se no consenso acerca
das projees realizadas pelos canais de vendas da
empresa.
Previses combinadas: baseiam-se na combinao
das projees de dados internos e externos. Os dados
internos possibilitam levantar expectativas de vendas e
os dados externos permitem o ajuste dessas expectativas
na medida em que se consideram os fatores econmicos.
Alm da previso de vendas, o oramento de vendas
Gesto financeira
162
pagarem as prestaes geradas pela venda a prazo, auxiliando, inclusive, no gerenciamento do processo de crdito
quanto anlise de clientes, limite de crdito, propostas, anlise de operaes e no gerenciamento da carteira de ativos e
clientes da instituio.
Todos os dados descritos na Ficha Cadastral devem
ser comprovados por documentos. Se o cliente uma pessoa fsica os documentos normalmente exigidos so: RG,
CPF, Comprovante de Renda e Comprovante de Residncia.
J se o cliente uma pessoa jurdica os documentos so: carto do CNPJ, Inscrio Estadual, Contrato Social, ltima
Alterao Contratual e Demonstrativos Financeiros (Balano
Patrimonial e DRE).
Os gestores e analistas de crdito tambm utilizam os
para realizar a pesquisa cadastral de seus clientes e, dessa
forma, ter maior segurana na hora de conceder crdito.
Segundo Rende et al (2007), a poltica de crdito define:
os prazos e plano de financiamento; a taxa de juros a ser praticada; a atribuio de limite de crdito para cada cliente e
metodologia para clculo desse limite; o limite mximo de
comprometimento da renda do cliente com as prestaes; a
liberao de crdito para cliente novo; avaliao das restries cadastrais; instrumentos de crdito a serem utilizados;
e as garantias fornecidas pelo cliente. Ao vender a prazo ou
conceder crdito, a empresa est comprometendo uma parcela do seu patrimnio. Desta forma, atravs da cobrana
dos clientes atrasados que ela garante o retorno de, pelo
menos, parte destes recursos.
As polticas de cobrana refletem os procedimentos adotados para receber uma duplicata na data do vencimento e as
aes a serem adotadas no caso de atraso no pagamento, com
definies especficas das medidas a serem tomadas e o tempo
163
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
164
Jan.
Fev.
Nov.
Dez.
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Um ms (30d)
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Outros recebimentos
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Total de recebimentos
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Vendas vista
Vendas a prazo
165
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Gesto financeira
166
167
Jan.
Fev.
Nov.
Dez.
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Prev.
Real
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Um ms (30d)
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Pagamento de aluguis
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Impostos
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Aquisio de equipamen.
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Despesas de vendas
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Despesas administrativas
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Pagamento de juros
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Xxx
Amortizao de emprst.
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Pagamento de dividendos
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
xxx
Xxx
Vendas vista
Vendas a prazo
Gesto financeira
168
Total de pagamentos
169
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Ou seja, a anlise de sensibilidade representa a simulao de diferentes cenrios atravs da alterao de variveis
relevantes como, por exemplo, o preo de venda, o preo de
custos, a quantidade vendida.
Com estes cenrios verifica-se at que ponto a viabilidade de um projeto ou um plano se mantm face s alteraes
na varivel selecionada, permitindo traar tendncias e determinar quais fatores ou variveis colaboram para o sucesso de
um plano financeiro.
Voc Sabia?
Gesto financeira
170
Voc conhece um budget e um forecast? Budget a terminologia inglesa para oramento empresarial anual e muito
utilizada entre as empresas transnacionais.
Forecast a avaliao que a empresa faz mensalmente,
comparando o budget com a posio real de momento, a
fim de encontrar divergncias e buscar revises. O forecast nada mais do que o budget ajustado.
Algumas empresas transnacionais tambm chamam de
forecast a soma dos dados reais mensais j acontecidos no
perodo com os dados restantes do oramento a cumprir.
Oramento e inflao
A elaborao de oramentos demanda a previso do
comportamento dos preos relativos aos bens e servios
adquiridos e vendidos pela empresa, ou seja, o oramento
deve considerar o efeito inflacionrio que, em economias
como a brasileira, constitui-se como uma das principais fontes de incerteza no processo de planejamento financeiro.
Segundo Braga (1995), a inflao um fator de incerteza, pois:
implica em reajustes de preos, salrios, tarifas
pblicas etc,
171
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
custos e despesas.
HORA DE FIXAR
Voc deve elaborar o oramento de caixa para a
empresa FOM FOM Ltda., uma revendedora de buzinas para
motocicletas para o prximo trimestre.
A previso de vendas :
Ms 1 = 12.000 unidades
Ms 2 = 15.000 unidades
Gesto financeira
172
Ms 3 = 18.000 unidades
O preo de venda est estimado em R$ 20 a unidade.
A empresa decidiu seguir a poltica de crdito do mercado que tem como histrico 30% das vendas vista e o restante a prazo, recebidos em duas parcelas iguais sem juros,
para 30 dias e 60 dias. O recebimento para o ms 1 resultante
das vendas dos meses anteriores totaliza R$ 130.000 e o recebimento para o ms 2 totaliza R$ 75.000.
O material para revenda adquirido pelo preo unitrio de R$ 9 e a poltica de pagamento 20% no ato, 40% para 30
dias e o restante para 60 dias. A poltica de estoque da empresa
deixar em estoque 30% da previso de vendas do ms subsequente (para o ms 4 considere uma previso de vendas de
20.000 unidades). O estoque inicial do ms 1 de 3.000 unidades. As parcelas de pagamento de fornecedores resultantes de
compras efetuadas nos meses anteriores com vencimento no
ms 1 totalizam R$ 70.000 e no ms 2 so de R$ 40.000.
A empresa tem 5 funcionrios com um salrio unitrio de
R$ 850. Os encargos sociais e benefcios representam 80% do gasto
com salrios. Os custos indiretos de fabricao so: Materiais indiretos R$ 3,25 por unidade comprada, mais um custo fixo (aluguel
da loja, limpeza etc.) que totaliza R$ 5.400 mensais. As demais
despesas administrativas totalizam R$ 15.000.
As despesas de vendas (comisses) representam 5% do
total vendido. Esta despesa apurada e paga no ms subsequente. Considere as despesas de vendas com vencimento no
ms 1 o total de R$ 10.000.
O saldo inicial de caixa no ms 1 de R$ 12.000 e o
saldo mnimo de caixa definido pela empresa para este trimestre de R$ 45.000.
RESOLUO
A) Primeiro passo elaborar o oramento de vendas:
Oramento de vendas
Prev. de vendas (un.)
Preo de venda
Receita de venda
Ms 2
Ms 3
12.000
15.000
18.000
R$ 20
R$ 20
R$ 20
R$ 240.000
R$ 300.000
R$ 360.000
B) Com base na receita de vendas e na poltica de crdito da empresa, elaborar o plano de recebimentos:
Programao de recebimentos
Ms 1 (R$)
vista (30%)
Ms 2 (R$)
72.000,00
30 dias (35%)
Ms 3 (R$)
90.000,00
108.000,00
84.000,00
105.000,00
60 dias (35%)
130.000,00
75.000,00
84.000,00
Total de recebimentos
202.000,00
249.000,00
297.000,00
Ms 1
173
Gesto financeira
174
Ms 2
Ms 3
12.000
15.000
18.000
-3.000
-4.500
-5.400
4.500
5.400
6.000
13.500
15.900
18.600
R$ 9,00
R$ 9
R$ 9
R$ 121.500
R$ 143.100
R$ 167.400
Exemplo: ms 2:
Previso de vendas = 15.000 unidades. Estoque inicial
do ms (as mercadorias em estoque devem ser abatidas, pois
no precisam ser compradas, j que esto em estoque o estoque inicial de um ms o estoque final do ms anterior) =
4.500 unidades.
Estoque final 30% das vendas do ms seguinte: como
as vendas programadas para o ms 3 so de 18.000 unidades,
30% representam 5.400 unidades.
O total a ser comprado ser 15.000 4.500 + 5.400 =
15.900 unidades.
D) Elaborar a programao de pagamentos
24.300,00
Ms 2 (R$)
Ms 3 (R$)
28.620,00
33.480,00
48.600,00
57.240,00
70.000,00
40.000,00
48.600,00
Salrios (5 func. x
R$ 850)
4.250,00
4.250,00
4.250,00
Encargos (80%)
3.400,00
3.400,00
3.400,00
43.875,00
51.675,00
60.450,00
5.400,00
5.400,00
5.400,00
Despesas
administrativas
15.000,00
15.000,00
15.000,00
Despesas de vendas
(5% da receita vendas)
10.000,00
12.000,00
15.000,00
176.225,00
208.945,00
242.820,00
175
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
Ms 1 (R$)
Gesto financeira
176
Ms 2 (R$)
Ms 3 (R$)
Recebimentos
202.000,00
249.000,00
297.000,00
(-) Pagamentos
-176.225,00
-208.945,00
-242.820,00
25.775,00
40.055,00
54.180,00
12.000,00
37.775,00
77.830,00
37.775,00
77.830,00
132.010,00
-45.000,00
-45.000,00
-45.000,00
Financiamento total
necessrio
-7225,00
0,00
0,00
0,00
32.830,00
87.010,00
Saldo de caixa
excedente
R EFE R NCIAS
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010.
BRAGA, R. Fundamentos e Tcnicas de Administrao Financeira. So Paulo: Atlas, 1995.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
LUNKES, R. J. Contribuio Melhoria do Processo
Oramentrio Empresarial. Trabalho de Concluso de Curso
(Ps-Graduao em Engenharia de Produo) Universidade
177
Planejamento Financeiro e Oramento de Caixa
(6)
Administrao do Capital
de Giro e a Gesto das
Disponibilidades
Renata Ferreira
Gesto financeira
182
o de sua poltica de estocagem, compra de materiais, produo, venda de produtos e mercadorias e prazo de recebimento.
Esta unidade est dividida em duas partes. Na primeira, estudaremos as caractersticas bsicas da administrao do capital de giro, atravs dos conceitos de capital de giro
e capital circulante lquido, sua relao com a liquidez e a
rentabilidade da empresa e o gerenciamento do capital circulante. Na segunda, abordaremos a problemtica da gesto
das disponibilidades e as estratgias que podem ser usadas
para seu melhor controle.
Conceitos Importantes
importante, dentro do estudo da administrao
financeira de curto prazo, distinguir o capital de giro no sentido bruto, do capital de giro lquido.
Capital de giro ou Capital Circulante
Capital de giro corresponde ao Ativo Circulante de
uma empresa, ou seja, representa o valor total dos recursos
demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, desde as necessidades de aquisio de matrias-primas
at a venda e o recebimento dos produtos elaborados.
183
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Ativo
circulante
Passivo
circulante
Financiamento de
curto prazo (dvidas
que vem no mximo
em um ano)
Capital
circulante
lquido
Outra forma de interpretao a de que o CCL representa a parcela dos recursos permanentes (ou de longo prazo)
que financia parte do Ativo Circulante.
Gesto financeira
184
Em outras palavras, representa a parcela do financiamento total de longo prazo (seja por recursos prprios ou de
terceiros) que excede as aplicaes tambm de longo prazo
(Ativos no circulantes).
Financiamento
de longo
prazo
menos
Investimento
de longo
prazo
Capital prprio
=
Patrimnio lquido
Realizvel a
longo prazo
Capital de terceiros
=
Exigvel a longo prazo
Ativo permanente
CCL x Liquidez
O CCL um indicativo de liquidez, visto que
representa uma medida esttica da folga financeira que
a empresa apresenta para liquidar seus compromissos
de curto prazo. Quanto maior o CCL, maior a diferena
entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, resultando
em um menor risco de insolvncia da empresa. Porm,
importante acompanhar a composio do ativo circulante,
pois se, por exemplo, grande parte dos recursos circulantes estiver alocada em estoques, a folga financeira pode ser
ilusria, dada a demora de realizao de todo o estoque.
mos bancrios para efetuar o pagamento das contas a pagar,
visto que a empresa no tem os recursos imediatos.
Um CCL negativo revela que os recursos passivos
permanentes da empresa (financiamento de longo prazo)
no so suficientes para cobrir todas as suas necessidades
de investimento de longo prazo, devendo, nessa situao,
utilizar recursos de curto prazo (passivo circulante). Isso
significa um aperto na liquidez e um aumento no risco da
empresa.
J um CCL baixo no indica necessariamente problemas de liquidez. Por exemplo, um supermercado compra a prazo de seus fornecedores e como possuem um
rpido giro de estoque, vende as mercadorias em um
prazo inferior.
Os recursos recebidos podem ser aplicados no mercado financeiro, recebendo ainda a rentabilidade da operao, ou ainda, usados para investimentos na expanso dos
negcios. Isso diminuiria o ativo circulante, indicando um
CCL baixo, mas no representa problemas na sade financeira da empresa.
185
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
CCL x Rentabilidade
Um CCL elevado prejudica a rentabilidade da empresa.
Nesse contexto, a rentabilidade representa a relao entre as
receitas e custos gerados pela utilizao dos ativos, sejam
eles circulantes ou permanentes, em atividades produtivas
(GITMAN, 2010). O CCL pode aumentar quando:
Aumenta o Ativo Circulante em relao aos
Ativos Totais. Quando isso ocorre, a rentabilidade
diminui. Isso, porque os ativos circulantes so menos
rentveis que os ativos permanentes. Sem os ativos
permanentes, a empresa no pode fabricar o seu pro-
Gesto financeira
186
187
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Gesto financeira
188
Vamos Recordar?
Ciclo operacional compreende o perodo de tempo que vai
desde o momento em que a empresa recebe em suas instalaes os produtos ou matrias-primas, at o momento em
que recebe o dinheiro pela venda do
produto acabado. O Ciclo operacional dado pela soma do
prazo mdio de estocagem e o prazo mdio de cobrana.
Ciclo Financeiro ou Ciclo de Caixa compreende o perodo
de tempo em que os recursos da empresa foram utilizados
para o pagamento dos bens e matrias-primas at o recebimento pela venda do produto acabado resultante.
O Ciclo de Caixa dado pela diferena entre o ciclo operacional e o prazo mdio de pagamento dos fornecedores.
(LEMES JR. et al, 2010)
Segundo Assaf Neto (2010), o investimento em giro
a ser mantido deve equiparar-se, no mnimo, ao montante
do ativo circulante caracterizado como permanente (ou chamado de necessidade mnima) e, esses recursos, visando
manuteno do equilbrio financeiro da empresa, devem ser
189
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Gesto financeira
190
Mdio
Alto
600.000
600.000
600.000
1.050.000
x 25% =
262.500
1.200.000
x 25% =
300.000
1.350.000
x 25% =
337.500
700.000
x 15% =
105.000
800.000
x 15% =
120.000
900.000
x 15% =
135.000
232.500
180.000
127.500
93.000
72.000
51.000
Lucro lquido
139.500
108.000
76.500
7,97%
5,40%
3,40%
Rentabilidade:
ROE (lucro lquido/patrimnio lquido)
191
Balano patrimonial
Baixo
Mdio
Alto
Ativo circulante
1.500.000,00
2.000.000,00
2.500.000,00
Ativo no circulante
2.000.000,00
2.000.000,00
2.000.000,00
Total do ativo
3.500.000,00
4.000.000,00
4.500.000,00
Passivo circulante
(30%)
1.050.000,00
1.200.000,00
1.350.000,00
700.000,00
800.000,00
900.000,00
Patrimnio lquido
(50%
1.750.000,00
2.000.000,00
2.250.000,00
Total
3.500.000,00
4.000.000,00
4.500.000,00
Exigvel a longo
prazo (20%)
Passivo circulante
(25%)
Gesto financeira
192
193
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Considere uma empresa que possui R$ 400.000 de ativos permanentes. O Ativo Circulante varia mensalmente em
virtude das vendas e estoques.
A empresa precisa decidir como financiar seus ativos
e para tanto, poder adotar trs estratgias: Agressiva, conservadora e intermediria.
Gesto financeira
194
Ativos
Circul.
(B)
Ativos
Totais
(C)
Nec. de recursos
Ms
Ativos
Perman.
(A)
Perm.
(D)
Sazonais
(E=C-D)
Jan
400.000
100.000
500.000
440.000
60.000
Fev
400.000
90.000
490.000
440.000
50.000
Mar
400.000
50.000
450.000
440.000
10.000
Abr
400.000
40.000
440.000
440.000
Mai
400.000
50.000
450.000
440.000
10.000
Jun
400.000
80.000
480.000
440.000
40.000
Jul
400.000
110.000
510.000
440.000
70.000
Ago
400.000
130.000
530.000
440.000
90.000
Set
400.000
140.000
540.000
440.000
100.000
Out
400.000
130.000
530.000
440.000
90.000
Nov
400.000
120.000
520.000
440.000
80.000
Dez
400.000
100.000
500.000
440.000
60.000
Mdia
Mensal
400.000
950.000
495.000
440.000
55.000
195
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Gesto financeira
196
Intermediria
Conservadora
F. Recursos permanentes
440.000
490.000
540.000
110.000
122.500
135.000
55.000 (E)
11.667
8.250
1750
J. Recurosos totais
495.000
501.667
540.000
118.250
124.250
135.000
495.000
495.000
495.000
6.667
45.000
40.000
90.000
140.000
H. Recurosos temporrios
I. Custo dos recursos
temporrios (15%)
M. Sobras (M = J - L)
N. CCL
197
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
que em sua maior parte esto livres para serem usados a qualquer momento.
Alm destes valores, so somados os recursos que
esto aplicados no mercado financeiro (em operaes de curtssimo e curto prazos), tambm denominados de Ttulos
Negociveis, pois so considerados como quase-caixa pelas
suas caractersticas de grande liquidez e risco reduzido.
A gesto do caixa ou o cash management a atividade
de tesouraria da empresa que acompanha os reflexos das
polticas de investimentos, de vendas, de crdito, de compras
e de estoques (LEMES JR. et al, 2010). Quanto maiores forem
Gesto financeira
198
os saldos de caixa, mais prontamente a empresa poder honrar seus compromissos, alm disso, sobras de caixa podem
ser aplicadas no mercado financeiro, rendendo algum juro,
ou ainda garantir a obteno de descontos para aquisio de
bens e matrias-primas, por exemplo.
Em momentos de escassez de caixa preciso negociar
novos prazos com fornecedores, captar emprstimos de curto
prazo ou ainda reduzir os prazos de venda a crdito. A administrao dos saldos de caixa um dos principais objetivos
da gesto financeira, visando garantir a liquidez da empresa.
Da a importncia do planejamento financeiro, pois
imprescindvel conhecer antecipadamente qual ser o
montante de recursos que ir faltar ou sobrar nos perodos
seguintes.
Vale recordar que a incerteza na projeo de caixa
reside, essencialmente, no comportamento das entradas
resultantes das vendas vista, da cobrana de duplicatas etc.
E por que as empresas mantm certo nvel de caixa?
(elas poderiam aplicar as sobras)
Keynes identificou trs motivos que levam as empresas (e as pessoas) a manterem certo nvel de caixa. So eles:
Transao: as empresas precisam manter recursos em caixa para suprir as sadas, ou seja, para efetuar pagamentos oriundos de suas operaes normais
(como pagamento de fornecedores, funcionrios, contas etc.). a falta de sincronizao entre o momento
das entradas e das sadas de caixa que determina a
demanda por caixa pelas empresas.
Precauo: os recursos de caixa so destinados a
atender pagamentos inesperados ou extraordinrios,
ou seja, no previstos no planejamento. Quanto maior
o saldo de caixa, maior ser a margem de segurana de
Especulao: os recursos de caixa esto voltados
para o aproveitamento de possibilidades de ganho
que o mercado venha oferecer, como bons descontos,
pagamentos antecipados etc. Uma situao frequente
armazenar caixa para tirar proveito de certas aplicaes financeiras cujos rendimentos so atraentes para
as empresas.
Saldo mnimo de caixa
A definio de saldos mnimos de caixa deve ser coerente com a poltica de aumentar o valor da empresa. Por
isso, o objetivo de manter saldos mnimos o de permitir
que a empresa possa corretamente saldar seus compromissos
programados e manter ainda uma reserva de segurana de
forma a cobrir suas necessidades de pagamentos imprevistos (ASSAF NETO, 2010).
A determinao de um nvel ideal de recursos a ser
mantido em caixa uma tarefa complexa. Existem alguns
modelos matemticos para determinao deste saldo, os mais
relevantes so:
199
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
atuao da empresa.
Voc Sabia?
Gesto financeira
C* =
2xbxT
i
Sendo:
C* = Valor Econmico de Converso (VEC).
b = custo de converso = nmero de converses x custo
por converso = identificado nas transaes de compra
ou venda com ttulos negociveis (exemplo: custo de
transao, controle, registro, custdia etc.).
T = caixa do perodo = valor total de caixa que se prev
utilizar em determinado perodo.
i = custo de oportunidade = representa o retorno que se
deixa de obter pela no manuteno dos recursos aplicados em ttulos negociveis.
Exemplo:
Considere que a necessidade de caixa de uma empresa,
visando o pagamento ao longo do prximo ms, atinja R$
200.000. O custo por transao estimado em R$ 30 e a taxa
de juros de ttulos negociveis de 1,2% ao ms. Assim:
a) Volume de transaes timo:
C* =
2xbxT
i
2 x 30 x 200.000
0,012
R$ 31.622,78
201
Gesto financeira
202
PR* =
3 x b x Var
4xi
Sendo:
PR = Ponto de Retorno
b = Custo de converso = custo fixo das transaes em
ttulos negociveis Var = Variao dos fluxos lquidos
de caixa dirios
i = Custo de oportunidade = taxa de juros diria de
ttulos negociveis
Exemplo:
Considere que o caixa do ms de uma empresa seja de
R$ 500.000, a variao diria de caixa atinja R$ 40.000, o custo
de converso seja R$ 300 e a taxa de juros de ttulos negociveis de 16% ao ano (ou 0,041% ao dia). Assim:
PR* =
3 x b x Var =
4xi
203
Estes dois modelos de administrao de caixa diferenciam-se basicamente pelas expectativas quanto ao saldo de
caixa. O modelo de Baumol pressupe condies de certeza
nos fluxos de caixa, sendo mais aplicvel quando o planejamento financeiro de curto prazo, j que a capacidade de
previso do gestor maior.
J o modelo Miller-Orr pressupe uma natureza aleatria s transaes de caixa, permitindo variaes nos saldos,
e, portanto, mais aplicvel em situaes de incerteza e/ou
para planejamento de um horizonte temporal maior.
Gesto financeira
204
Estoques de produtos em fabricao so grandes consumidores de recursos financeiros. Buscar o uso racional dos
recursos e o aumento da produtividade e qualidade na produo, alm de reduzir o ciclo de produo, colabora para a
gesto mais eficiente do caixa.
Elevar o Giro dos Estoques
preciso aplicar tcnicas de gesto de estoques que
evitem trazer prejuzos para a produo (evitar a falta de
materiais) ou se traduzam em empecilhos para a venda (falta
de mercadorias).
possvel aumentar o giro dos estoques de matrias-primas com programas de produo coordenados com previses
confiveis de vendas. A coordenao entre produo, vendas e
gerenciamento de estoques se faz necessria tambm para reduzir a permanncia dos estoques de produtos acabados dentro da
empresa, colaborando para a reduo do ciclo de caixa.
Bom Relacionamento Bancrio
A manuteno de um bom relacionamento bancrio constituiu um aspecto primordial na administrao das
205
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Gesto financeira
206
HORA DE FIXAR
Considere uma empresa com R$ 1.000.000 de ativo
no circulante e R$ 500.000 de ativo circulante. Atualmente,
o passivo circulante financia 35% do ativo total, o exigvel a
longo prazo 25% do total e o patrimnio lquido 40%.
O lucro operacional bruto de R$ 300.000. O custo de crdito de curto prazo de 26% ao ano e o de longo prazo 40% ao ano.
a) Calcule o Capital Circulante Lquido (CCL) e a rentabilidade da empresa (ROE).
b) Considere que a empresa pretende aumentar o seu
capital de giro em 20%, o ativo permanente se mantm.
Passivo circulante
525.000
Ativo no circulante
1.000.000
375.000
Total
1.500.00
Patrimnio lquido
600.00
Total
1.500.000
Demonstrao de Resultado
Lucro operacional bruto
400.000
Lucro antes do IR
113.500
(38.590)
Lucro lquido
Rentabilidade (ROE) = Lucro/PL
74.910
12.48%
207
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
Ativo circulante
Passivo
Ativo
Ativo circulante
Ativo no circulante
Total
Passivo
600.00
Passivo circulante
480.000
1.000.000
480.000
Patrimnio lquido
640.00
Total
1.600.000
1.600.00
Demonstrao de Resultado
Lucro operacional bruto
400.000
Lucro antes do IR
Gesto financeira
208
83.200
(28.288)
Lucro lquido
54.912
8.58%
R EFE R NCIAS
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010. BRAGA, R. Fundamentos e Tcnicas de
Administrao Financeira. So Paulo: Atlas, 1995.
BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administrao Financeira Teoria e Prtica. 10. ed. So Paulo: Thomson, 2006.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
209
Administrao do Capital de Giro e
a Gesto das Disponibilidades
(7)
Renata Ferreira
Os investimentos em capital de giro esto concentrados basicamente nas disponibilidades, duplicatas a receber e
estoques. Os investimentos em duplicatas a receber dependem do comportamento das vendas e da formulao de uma
poltica de crdito para as vendas a prazo. O crdito fator
facilitador das vendas, com ele a empresa pode vender muito
mais do que se tivesse apenas a modalidade venda vista.
Porm, conceder crdito um fator de risco, j que pode
haver inadimplncia e at perdas com alguns devedores, sem
contar que vendas a prazo provocam despesas adicionais
com anlise de crdito e de cobrana. Da, a importncia de
se aplicar tcnicas adequadas para a gesto do crdito e das
polticas e cobrana, visto que a cobrana a principal funo
operacional de contas a receber.
Os estoques tambm costumam absorver um montante significativo no total dos investimentos das empresas industriais e comerciais. Os estoques provocam custos
financeiros e despesas operacionais, o que faz com que as
empresas tenham uma poltica de estoques com rpida rotao como forma de elevar a rentabilidade e contribuir para a
manuteno da liquidez, da a relao entre gesto da produo e administrao financeira.
Gesto financeira
214
Poltica de Crdito
A poltica de crdito fixa os parmetros da empresa
em termos de vendas a prazo, ou seja, fornece os parmetros
que determinam se deve ser ou no concedido crdito a um
cliente e, em caso afirmativo, qual o valor do limite de crdito
a ser atribudo.
Uma poltica de crdito define a forma pela qual a
empresa vai conduzir as suas operaes, se de uma forma
conservadora ou agressiva. Por exemplo, se o objetivo da
empresa aumentar o volume de vendas, por exemplo,
dever ela adaptar uma poltica de crdito mais flexvel,
porm, esta postura trar um risco maior exigir um monitoramento mais preciso. J se a empresa quiser reduzir o
215
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Poltica
mais
flexvel
Menos
riscos e
vendas
Gesto financeira
216
Menos
duplicatas
e estoque
Mais
vendas
Poltica
mais
rgida
Mais
riscos
Padres de
crdito
Desconto
por
antecipao
Poltica
de
crdito
Polticas
de cobrana
Prazo de
concesso
Padres de Crdito
Os padres de crdito estabelecem as condies mnimas que o pretendente deve possuir para receber crdito da
empresa. Segundo Lemes Jr. et al (2010), os padres de crdito
influenciam as seguintes variveis:
Condies mnimas muito exigentes dificultam a
realizao das vendas
Valores a
receber
Risco
217
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Vendas
Gesto financeira
218
219
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Gesto financeira
220
Carter
Condies
Colateral
Capacidade
Capital
Carter
O carter refere-se ao comportamento do cliente no
cumprimento das obrigaes assumidas por ele. Ross et
221
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Capital
O capital se refere situao econmico-financeira da
empresa, no qual diz respeito aos bens e recursos possudos
pela mesma para saldar seus dbitos. Preocupa-se com o comprometimento do patrimnio lquido com valores exigveis da
empresa o os respectivos ndices de lucratividade. Portanto, o
C de capital medido atravs da anlise dos ndices financeiros (rentabilidade, atividade, endividamento e liquidez),
Gesto financeira
222
Crdito
Anlise das informaes
Classificao do crdito
Limite de crdito
Garantias
Cobrana
Procedimentos de cobrana
Monitoramento
Dica
O SEBRAE fornece algumas dicas sobre a elaborao de
uma ficha cadastral: Evite montar uma Ficha Cadastral
muito longa e complicada, que contenha dados que voc
no vai utilizar na anlise do crdito e que tome muito
tempo seu e do cliente para preench-la.
Mais informaes em www.sebrae.com.br
Cadastro
O processo de concesso de crdito inicia-se com o preenchimento da ficha cadastral, que deve possuir dados completos e atualizados do cliente, seja ele pessoa fsica ou jurdica.
A ficha cadastral deve estar estruturada e conter informaes essenciais, de tal forma que permita uma deciso
rpida e segura sobre a concesso do crdito. O nvel de profundidade das informaes a serem utilizadas est relacionado com o limite de crdito pretendido, ou seja, quanto
maior o limite de crdito pretendido, maior ser a exigncia e
aprofundamento das informaes.
No existe um modelo nico de ficha cadastral, cada
empresa a sua ficha especfica, entretanto, algumas informaes so fundamentais.
223
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Mecanismos de cobrana
Gesto financeira
224
SCI/Equifax
(Segurana
ao
Crdito
das
Informaes) www.sci.com.br.
SERASA www.serasa.com.
Dun & Bradstreet www.dnb.com.
Cmaras de Dirigentes Lojistas (CDL).
Bancos com os quais a empresa opera.
Outras fontes de informaes apresentadas pelo
cliente.
As restries cadastrais devem ser bem analisadas,
determinando sua relevncia dentro do processo de concesso de crdito (anlise caso a caso) e confrontadas com as
informaes positivas do cliente. importante observar se
as restries so recentes, valores, se h tendncia de crescimento etc. Muitas vezes a empresa erra ao no aprovar o
crdito para o cliente, cujo cadastro possui dados positivos e
pouqussimas restries.
Em razo de mudanas que ocorrem ao longo do tempo
na situao financeira e no patrimnio das pessoas e empresas, no basta fazer o cadastro do cliente uma nica vez.
225
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
necessrio realizar atualizaes peridicas, para manter, aumentar ou reduzir o crdito do cliente. Recomenda-se
atualizar o cadastro dos clientes uma vez por ano ou em
eventual reviso do limite de crdito. Alm disso, a empresa
deve manter o cadastro ou o histrico de seus clientes para
facilitar seu relacionamento e, ao mesmo tempo, reduzir perdas com vendas a prazo.
Gesto financeira
226
Crdito
A partir da confirmao das informaes sobre o
cliente, a empresa dispe dos elementos necessrios para elaborar a anlise das informaes, que preferencialmente ser
realizada com o auxlio de programas de processamento de
dados especficos para essa funo. Lemes Jr. et al (2010) colocam que a abrangncia desta anlise deve destacar indicativos que facilitaro a deciso sobre a concesso do crdito
pretendido. Esta anlise deve ser feita de forma gil (o cliente
deseja ser atendido com rapidez), eficiente (da o uso de tcnicas ou indicadores importantes), de modo a no constranger o cliente.
Algumas informaes importantes que podem ser
colhidas a respeito dos clientes e suas respectivas anlises
so (LEMES JR. et al, 2010 e RENDE, 2007):
Pessoas fsicas:
Nvel de renda: mostra a capacidade de pagamento;
Outras rendas: mostra a possibilidade de ampliao
da capacidade de pagamento;
Bens e imveis: situao patrimonial;
Nvel de comprometimento dos ganhos do cliente
quando adicionado o crdito pretendido (exposio ao
risco);
227
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Pessoas Jurdicas:
Gesto financeira
228
Definida a estrutura da tabela de classificao de crdito, a empresa estabelece limites mnimos de classificao
ou faixas de classificao com condies especficas para cada
faixa de crdito, nas quais estabelecer exigncias negociais e
de garantias para a concesso de crdito. Esse processo chamado de Credit scoring (escores de crdito).
A seguir temos um exemplo de Tabela de Classificao
de Crdito para pessoas fsicas:
peso
fixado
(a)
Pontos
atribudos (b)
Pontuao
pontuada
(c=axb)
Fonte de renda
0,25
80
20
Residncia prpria
0,10
100
10
Comprometimento do ganho
0,15
70
10,5
Tempo de residncia
0,10
70
Tempo de emprego
0,10
60
Tempo de cliente
0,15
80
12
Informaes creditciais
0,15
90
13,5
Total
1,00
Caractersticas
Pontuao
100
Montante de crdito
a ser concedido
Limite mximo
De 75 a 99
De 50 a 74
De 25 a 49
Menos de 25
No concede crdito
79
No exemplo, o cliente atingiu pontuao de 79, situao enquadrada como conceder 75% do limite mximo, o que
indica que deve ser concedido um limite de crdito e prazos
mnimos para incio das transaes. O cliente deve ser monitorado para reviso de seus padres.
A informao ao cliente sobre o crdito deve ser formal. Na impossibilidade de concesso do crdito nas condies normais, deve ser aberta a possibilidade de reforo de
Aps a classificao do crdito, importante estabelecer o limite de crdito. O limite de crdito corresponde ao
valor mximo que a empresa est disposta a financiar e a correr risco com o cliente. Qualquer solicitao de compra que
ultrapasse esse limite dever ser recusada ou examinada por
instncia superior da empresa.
Segundo Rende (2007) para calcular o valor do limite de
crdito do cliente, pode ser usada uma das alternativas a seguir:
Limite de crdito mltiplo da renda comprovada do
cliente.
Limite de crdito baseado na mdia histrica de
compra do cliente.
Limite de crdito calculado com base em percentual
da renda do cliente e no prazo mximo de financiamento da empresa (para tanto preciso determinar o
valor mximo das prestaes que o cliente pode assumir, com base no percentual mximo de comprometimento de sua renda com o pagamento das prestaes
- 30%, por exemplo - e o nmero mximo de prestaes do plano de financiamento. O limite de crdito
obtido multiplicando-se o valor mximo da prestao
pelo nmero de prestaes possveis).
229
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a Receber e dos Estoques
Garantias
O mecanismo utilizado para reduzir o risco nas vendas a crdito a exigncia de garantias. Segundo Lemes Jr.
et al (2010), as garantias representam o comprometimento de
outras pessoas, fsicas e jurdicas, pela dvida assumida ou
a definio de bens, que podem ser mveis ou imveis, que
respondero pela dvida caso o devedor no consiga pag-la.
A obteno de garantias tem como objetivo aumentar a
Gesto financeira
230
231
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a Receber e dos Estoques
Gesto financeira
232
233
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a Receber e dos Estoques
Gesto financeira
234
o dbito pelo servio de cobrana. Recebido o pagamento, o banco efetua o crdito na conta da empresa.
A emisso dos boletos pode ser feita pelo banco ou
pela empresa, at o vencimento o boleto pode ser pago
em qualquer agncia bancria ou pela internet, porm,
aps o vencimento o pagamento s pode ser feito nas
agncias do banco que emitiu o boleto. As aes de
cobrana, caso o cliente no pague, ficam sob a respon Cauo de ttulos: os procedimentos so os mesmos da cobrana simples; a diferena que os ttulos
e o produto da cobrana representam garantia para
emprstimos obtidos pela empresa emitente junto
instituio bancria.
Desconto dos ttulos: a empresa realiza operao de
captao de recursos junto ao banco e vincula o recebimento dos ttulos descontados para liquidao do
emprstimo. Embora os ttulos atuem como garantidores da operao de captao de recursos, o banco no
detm sua propriedade. No vencimento, caso o devedor no pague, o valor do ttulo debitado na conta da
empresa emitente. Neste caso, o banco acaba, de forma
indireta, ajudando a empresa na escolha dos ttulos a
serem descontados, pois s aceita e desconta os ttulos
que considera que oferecem um menor risco.
2 | Via Carteira: o mecanismo que tem os menores
custos e maior flexibilidade, mas sua eficincia discutvel. Os ttulos ficam depositados na rea de cobrana
da empresa e so acionados nas respectivas datas de
vencimento, geralmente por cobradores da empresa.
Muitas instituies do poder pblico somente efetuam
pagamentos em carteira.
235
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Os controles devem ser muito rgidos, especialmente no registro dos ttulos emitidos e seus pagamentos. Algumas atividades comerciais preferem o
uso da cobrana em carteira, por emisso de carns
de cobrana; dessa forma procuram fazer com que
os clientes retornem loja para efetuar pagamentos,
abrindo oportunidades para a realizao de novas vendas. uma forma de trazer o cliente empresa. Porm,
Gesto financeira
236
a popularizao dos cartes de crdito tende a diminuir essa forma de concesso de crdito e cobrana.
3 | Via Representante: trata-se de uma modalidade
via carteira, porm, a cobrana realizada atravs de
representantes ou empresas especializadas (por exemplo, contact centers).
A ltima questo a ser considerada por uma empresa
em sua gesto de contas a receber o monitoramento de crdito. Segundo Gitman (2010), trata-se de uma reviso contnua das contas a receber para verificar se os clientes esto
pagando de acordo com os prazos de crdito estabelecidos. Se
no estiverem saldando suas contas em dia, o monitoramento
alertar a empresa para a existncia do problema. Pagamentos
lentos acarretam custos, porque ampliam o prazo mdio de
recebimento e, com isso, aumentam o investimento em contas a receber.
As tcnicas mais usadas para monitoramento das contas a receber so:
Aging de valores a receber
O aging uma medida de estudo cronolgico dos valores a receber (ou a pagar) mantidos por uma empresa. Essa
uma tcnica usada para avaliar as polticas de crdito e
cobrana, pois indica as propores de saldos de duplicatas
200.000 57,1%
50.000 14,3%
250.000 71,4%
55.000 15,7%
45.000 12,9%
100.000 28,6%
350.000 100%
237
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a Receber e dos Estoques
Descrio
Ttulo a vencer at 30 dias
Gesto financeira
238
Por exemplo, se as vendas anuais de uma empresa atingiram R$ 750.000 e as duplicatas a receber registradas pela
contabilidade totalizaram R$ 120.000 no final do mesmo perodo, temos que:
DVR
120.000 =
750.000
57,60
58 dias
120.000 =
750.000
57,60
58 dias
em capital circulante da
239
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a Receber e dos Estoques
Administrao de Estoques
Dentro do ativo circulante, os estoques apresentam a
menor liquidez, visto que so representados por matrias-primas, componentes, insumos, produtos em elaborao e
Gesto financeira
240
Tipos de Estoques
Segundo Assaf Neto (2010), os estoques podem ser
definidos como os materiais, mercadorias ou produtos maningressarem no ciclo de produo, de seguir seu curso produtivo normal, ou de serem comercializados.
Existem diferentes tipos de estoques, caracterizados
pela sua condio ao nvel de produo e comercializao.
So eles:
Matria-prima
So bens que, no seu todo ou parcialmente, faro parte
do produto acabado. Estoques de matrias-primas insuficientes causam graves problemas na produo e comercializao e afetam negativamente os resultados financeiros da
empresa. Dentre os tipos de estoques, as matrias-primas so
os de menor liquidez, pois precisam ser transformados em
produtos acabados para serem vendidos e se tornarem caixa.
Insumos
So bens e produtos utilizados no processo produtivo, mas no fazem parte do produto final. No possuem a
mesma importncia relativa das matrias-primas em termos
de valor, mas tambm so imprescindveis ao processo produtivo. Tm a mesma classificao em termos de liquidez, ou
seja, so tambm poucos lquidos.
241
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Produtos em processo
Inclui todas as matrias-primas e demais custos relativos ao estgio de produo em que os produtos se encontram
em determinada data (data do balano). Efetivamente, no
apresentam condies fsicas de comercializao, pois necessitam ainda passar por algumas etapas de produo. Quando
prontos estes itens so transferidos, com toda a carga assumida de custos, para o estoque de produtos acabados.
Gesto financeira
242
Produtos acabados
So os produtos que esto prontos para a venda. nos
produtos acabados que se concentram grandes volumes de
investimentos da empresa, especialmente as comerciais. o
mais lquido dos estoques, pois sua transformao em caixa
depende da venda, do prazo e da cobrana.
Materiais de consumo
Inclui, entre outros, os itens destinados ao consumo
industrial, materiais de consumo dos escritrios, material de
limpeza, material de propaganda etc.
O montante de estoques influenciado, principalmente, pelo comportamento e volume previstos da atividade
da empresa (produo e vendas) e pelo nvel de investimentos exigidos. Se possvel, interessante evitar quantidades
excessivas de estoques, as quais, em funo de imprimirem
maior lentido ao giro dos ativos, reduzem a rentabilidade
da empresa. No entanto, em algumas situaes, essa queda
de rentabilidade pode ser mais compensada pela introduo
de determinados benefcios. Por exemplo, as matrias-primas
podem atingir preos atraentes quando adquiridas em grandes quantidades, uma previso de escassez de um material
pode justificar uma antecipao de compra etc.
Produtos em
elaborao
Matrias-primas
e insumo
Materiais de
consumo
Demanda
Extenso do
ciclo de
produo
Prazo de
entrega
Peculiaridades
operacionais e
administrativas
Perecibilidade e
obsolescncia do
produto
Nvel de
desenvolvimento
tecnolgico da
produo
Intensidade de
uso no processo
produtivo
Economia de
escala
Perecibilidade
Custos de
produo e
armazenagem
Problemas com
importao
243
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a Receber e dos Estoques
Custo de manter
O custo de manuteno dos estoques, tambm chamado de custo de carregar e carrying costs, engloba os custos
variveis associados s decises de se manterem determinados itens estocados. So includos nestes custos todos os
gastos incorridos pela empresa no armazenamento (manuteno) de seus produtos e mercadorias durante certo perodo de tempo. Como exemplo, podemos considerar os custos
Gesto financeira
244
de armazenagem, despesas com seguros, custos de oportunidade (retorno de uma alternativa no aproveitada pela
empresa para investir em estoque), eventuais perdas, deteriorao e obsolescncia, impostos e taxas etc.
O custo de manuteno calculado pelo prazo em que
o item permanece estocado. Por definio, esses custos em
termos unitrios so fixos (constantes) em relao s unidades estocadas.
Exemplo:
Considere uma empresa que utiliza 42.000 peas por
ano na fabricao do seu principal produto de venda. Faz
compras a cada dois meses (seis compras por ano) e cada pea
custa R$ 15.
Volume comprado por encomenda: Ue = 42.000/6 =
7.000 peas
Estoque mdio: Uem = 7.000/2 = 3.500 peas
Valor do estoque mdio: V = 3.500 x 15 = R$ 52.500
Se o custo financeiro de manter o estoque for de 18%
ao ano, o encargo de financiamento ser de: 52.500,00 x 0,18
= R$ 9.450
Se a empresa tem custos de armazenamento de R$
1.000, custo de seguro de R$ 500 e custos com perdas por
obsolescncia de R$ 700, ento o custo total para manter o
estoque de:
245
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
Gesto financeira
246
Exemplo:
Considerando o exemplo anterior, calcule o custo total
do estoque sabendo que o custo fixo de comprar de R$ 180.
Temos que:
N = nmero de encomendas = 6 por anos
Cce = custo de comprar por encomenda = 180,00 Assim:
CC = 6 x 180 = R$ 1.080
O custo total do estoque ser a soma do custo de manter e do custo de comprar. Assim:
Custo total = 11.650 + 1.080
Custo total = R$ 12.730
Custo de faltar
A falta de estoques pode trazer consequncias negativas srias para empresa como:
Atraso na produo e entrega do produto ao cliente,
quando todo o pedido do cliente no pode ser atendido.
Custo da compra eventual, fora da programao e
com reduzido poder de negociao.
Custos de reemisso de faturamento, embalagem
e despacho da mercadoria, quando parte do pedido
atendido e os produtos em falta seguem posteriormente.
Custo da venda perdida, quando o cliente vai comprar com o concorrente.
Custo do cliente perdido, quando o cliente vai comprar com o concorrente e troca defornecedor.
HORA DE FIXAR:
Considere uma empresa que vende um produto por R$
10 a unidade. As vendas totais a prazo no ltimo ano foram
de 60 mil unidades. O custo varivel por unidade de R$ 6 e
os custos fixos totalizam R$ 120.000. A empresa est consideesperando com isso, os seguintes resultados: o aumento de
247
Nova poltica
600.000
630.000
(360.000)
(378.000)
240.000
252.000
(120.000)
(120.000)
120.000
132.000
A contribuio total das vendas adicionais (3.000 unidades) ao lucro ser de R$ 12.000, um incremento de 10%.
Gesto financeira
248
Nova poltica
A. Vendas a prazo
600.000
630.000
1.666,67
1.750,00
30 dias
45 dias
50.000,00
78.750,00
7.500,00
11.812,50
= 630.000 x 0,02
= R$ 12.600,00
= R$ 6.600,00
12.000,00
(4.312,50)
(6.600,00)
Ganho lquido
R$ 1.087,50
R EFE R NCIAS
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010. BRAGA, R. Fundamentos e Tcnicas de
Administrao Financeira. So Paulo: Atlas, 1995.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
249
Administrao das Contas
a Receber e dos Estoques
(8)
Administrao do Passivo
Circulante
Renata Ferreira
254
Passivos Espontneos
Os passivos espontneos originam-se com o andamento normal das operaes da empresa. As principais
fontes espontneas de financiamento de curto prazo so: despesas a pagar e crdito comercial (contas a pagar junto a fornecedores). Geralmente, estas fontes espontneas no geram
despesas financeiras, ou seja, no h a incidncia de juros
pelo financiamento.
So fontes de financiamento diretamente ligadas
s vendas. Se as vendas da empresa aumentam, os gastos
com fornecedores tambm aumentam em resposta s compras cada vez maiores, necessrias para produzir em nveis
mais altos para atender a expanso das vendas. As despesas a pagar tambm tendem a aumentar com a expanso das
vendas, visto que os salrios crescem com as necessidades
maiores de mo de obra para produo e vendas; os impostos
crescem em virtude do aumento da mo de obra, das vendas
e por causa do crescimento dos lucros.
mercadorias a prazo. Lemes Jr. et al (2010) enumeram diversas vantagens na utilizao do crdito de fornecedores, dentre elas:
Adequao: O valor do crdito comercial estabelecido de acordo com o nvel de atividade da empresa.
Maior volume de vendas gera maiores compras e, por
fornecedores, adequando os recursos s necessidades
da empresa.
Fonte de crdito: A concesso de crdito faz parte
das estratgias de vendas, e os fornecedores para vender precisam conceder crdito. Por isso, para a empresa
sempre h a possibilidade de se conseguir recursos
com esta fonte de financiamento.
Agilidade: As empresas so, em geral, menos burocratizadas e menos rigorosas na concesso de crdito do
que as instituies financeiras, da o crdito com fornnecedores so normalmente mais fceis. Tambm so menos
rigososos nas penalidades em caso de atrasos de pagamentos e mais flexveis na necessidade de negociao.
Custos financeiros atrativos: Em termos gerais, o
crdito comercial apresenta melhores condies para
o tomador do que o crdito bancrio. As compras a
prazo podem ter custos financeiros explcitos ou no.
Quando no est explcito, est inserido no preo da
mercadoria. Uma forma de saber este custo comparar o preo vista com o preo a prazo. Como no h a
incidncia explcita de juros, o crdito com fornecedores no gera despesas financeiras.
Segundo Gitman (2010), o objetivo da empresa pagar
to lentamente quanto possvel, sem prejudicar seu crdito.
Isso significa que as contas devem ser saldadas no ltimo dia
255
Administrao do Passivo Circulante
256
Valor financiado
vista
30 dias
60 dias
Alternativa A
(204.000)
214.200,00
Alternativa B
(204.000)
229.200,00
FV = 214.200,00
FV = 229.200,00
PV = (204.000,00)
PV = (204.000,00)
n = 1 ms
n = 2 meses
i=?
i=?
i = 5% ao ms
i = 6% ao ms
Para Lembrar
Este exerccio pode ser resolvido pela frmula dos juros
compostos (FV = PV. (1+i)n, pela calculadora financeira ou
pelo Excel.
257
Administrao do Passivo Circulante
Alterantiva A
258
Gesto financeira
As empresas possuem prazos para recolher os impostos, contribuies e obrigaes sociais devidos ao Governo
em decorrncia de sua atividade, tais como: Imposto de
Renda (IR), Imposto sobre a Circulao de Mercadorias e
Servios (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), Contribuio para o Programa de Integrao Social
(COFINS), Programa de Integrao Social (PIS), Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS), Fundo de Garantia por
Tempo de Servio (FGTS), entre outros. Estes prazos constituem crditos sem custo para a empresa, sendo importante
fonte espontnea de cobertura de capital de giro.
No caso de problemas de caixa, existe a possibilidade
de a empresa solicitar a dilatao dos prazos de pagamento e,
nos casos de inadimplncia, pode-se obter parcelamentos em
condies vantajosas. Claro que os Governos no abrem mo
da correo monetria e dos juros, por isso, preciso analisar cada situao, pois alm de um custo, situaes deste tipo
so arriscadas.
Outros crditos operacionais
Podemos incluir como fontes de crdito comercial, o
pagamento de salrios e compras por encomenda, por exemplo. O pagamento de salrios segue a legislao trabalhista e
os acordos sindicais. A legislao estabelece o pagamento dos
salrios at o quinto dia tildo ms subsequente, a empresa
Crdito Bancrio
A captao de recursos de curto prazo atravs de crjunto a bancos comerciais, sociedades de crdito, financiamento e investimentos (as chamadas financeiras) e os bancos
de investimento. Por serem emprstimos, no h destinao
especfica para os recursos captados.
O crdito bancrio uma fonte de financiamento negociada e resulta da iniciativa do gestor financeiro (no uma
fonte espontnea). As operaes de crdito bancrio so formalizadas atravs de contratos firmados entre o emprestador
(a instituio bancria), o tomador do emprstimo (no caso a
empresa) e eventuais avalistas. So operaes que possuem
exigncias prvias, como o fornecimento de documentao
legal, informaes cadastrais e financeiras.
comum as empresas recorreram a emprstimos de
curto prazo para cobrirem as necessidades sazonais, devido
principalmente acumulao de estoques e contas a receber.
medida que os estoques e contas a receber so convertidos
em caixa, so gerados os fundos necessrios para liquidar o
emprstimo. Gitman (2010) denomina este tipo de emprstimo
de autoliquidveis, j que o emprego do dinheiro emprestado cria o mecanismo pelo qual o emprstimo restitudo.
Lemes Jr. et al (2010) descrevem as condies contratuais das operaes de crdito bancrio. So elas:
Valor: O valor da operao expresso em moeda
nacional, pode ser definido como um teto (limite) que
o tomador vai usando conforme suas necessidades, ou
ser liberado de uma nica vez.
259
Administrao do Passivo Circulante
Gesto financeira
260
na anlise.
Prazo: Os prazos da operao devem ser adequados s necessidades da empresa, podem ser diludos
em parcelas e em certas ocasies ser estabelecido um
perodo de carncia.
Garantias: Em algumas operaes so estabelecidas
garantias exigidas pelo emprestador que iro contribuir para reduzir o risco da operao. Estas garantias
podem chegar a 50% acima do valor emprestado.
Vamos Recordar?
Quando tratamos de parcelas iguais (fixas), os plano
podem ser:
postecipados (quando o primeiro pagamento ocorre no
final do primeiro perodo, ou seja, na data 1);
antecipados (quando o primeiro pagamento da srie de
prestaes iguais ocorre no ato, ou seja, na data zero);
diferidos (ou planos com carncia quando o primeiro
pagamento ocorre em uma data superior ao primeiro
perodo).
Voc Sabia?
O sistema Price tem esse nome em homenagem ao economista ingls Richard Price, o qual incorporou a teoria
dos juros compostos s amortizaes de emprstimos no
Sculo XVIII.
A parcela dos juros obtida pela multiplicao da taxa
de juros pelo saldo devedor do perodo anterior e a parcela da
amortizao pela diferena entre a prestao e os juros. Desse
modo, os juros so decrescentes e as amortizaes crescentes.
261
Exemplo:
Uma empresa fez um emprstimo de curto prazo no
valor de R$ 100.000, taxa de 10% ao ms, para ser liquidado
em quatro prestaes mensais.
1 Passo
Calcular o valor das prestaes (pode ser feito pela frmula, pela calculadora financeira ou pelo Excel).
Usando a frmula de prestaes postecipadas:
Gesto financeira
262
Juros
Amortizaes
Prestaes
Saldo devedor
100.000,00
10.000,00
21.547,08
31.547,08
78.452,92
7.845,29
23.701,79
31.547,08
54.751,13
5.475,11
26.071,97
31.547,08
28.679,16
2.867,92
28.679,16
31.547,08
R$ 54.751,13
Tambm possvel obter os valores da tabela price pela
calculadora HP 12C: O primeiro passo calcular a prestao
na calculadora:
263
Ateno!
Sem apagar os dados do clculo da prestao podemos
calcular o saldo devedor aps o pagamento da segunda parcela, por exemplo:
Alm dos emprstimos comuns, as principais modalidades de crdito bancrio de curto prazo so:
Desconto de ttulos
A operao de desconto de ttulos, atualmente, tambm
chamada de antecipao de recebveis, envolve basicamente
a negociao de um titulo representativo de um crdito de
algum momento anterior sua data de vencimento, ou seja,
a antecipao de recebimento de crdito atravs da cesso dos
Gesto financeira
264
. Percentual calculado
linearmente sobre o
valor nominal do ttulo e
cobrado no ato da liberao dos recursos.
Taxa administrativa
. Cobradas por muitas
instituies visando
cobrir certas despesas
e abertura, concesso e
controle do crdito.
. Calculado de uma
nica vez sobre o valor
do ttulo e descontada na liberao dos
recursos.
D = N.d.n
Sendo:
D = valor do desconto
N = valor nominal do ttulo d = taxa de desconto
n = prazo para o vencimento do ttulo
VL = Valor lquido Liberado = N D
Exemplo: Considere um ttulo no valor de R$ 30.000 a
ser descontado trs meses antes de seu vencimento. A taxa
nominal de desconto bancrio 3,5% ao ms e o IOF seja 1,5%
ao ano. Calcule o valor liberado e o custo efetivo da operao.
Valor nominal do ttulo
R$ 30.000
(R$ 3.150)
(R$ 112,50)
R$ 26.737,50
265
Administrao do Passivo Circulante
Taxa de desconto
(nominal)
Gesto financeira
266
Para relembrar
Pode ser resolvido pela frmula de juros compostos FV =
PV(1+i)n, pela calculadora financeira ou pelo Excel.
Duplicata
Valor do ttulo
Vencimento
R$ 20.000
60 dias
R$ 15.000
45 dias
R$ 18.000
30 dias
R$ 12.000
25 dias
R$ 25.000
50 dias
R$ 30.000
75 dias
Total
R$ 120.000
Valor do ttulo
Vencimento
R$ 20.000
60 dias
R$ 1.200.000
Nxn
R$ 15.000
45 dias
R$ 675.000
R$ 18.000
30 dias
R$ 540.000
R$ 12.000
25 dias
R$ 300.000
R$ 25.000
50 dias
R$ 1.250.000
R$ 30.000
75 dias
Total
R$ 120.000
Prazo mdio = N . n
N
R$ 2.250.000
R$ 6.215.000
267
Administrao do Passivo Circulante
Gesto financeira
268
R$ 120.000
(R$ 6.629,25)
(R$ 258,96)
R$ 113.111,79
J = SD x i x n
Sendo:
J = juros do perodo
SD = Saldo Devedor
i = taxa de juros proporcional diria
n = nmero de dias em que o saldo permanece devedor
269
Administrao do Passivo Circulante
Exemplo:
Considere que a empresa que apresenta uma conta
garantida com limite de R$ 500.000, os encargos financeiros
fixados para a operao so juros nominais de 5,5% ao ms,
debitados ao final de cada ms, e uma taxa de abertura de crdito (TAC) no valor de 2% cobrada no ato e incidente sobre o
Gesto financeira
270
Movimentao
Saldo
Dias em
utilizao
Juros
02
10.000
10.000
TAC
** TAC = 500.000x0,02=10.000
02
200.000
210.000
11
J=210.000x0,055x11/30=4.235,00
13
60.000
270.000
J=270.000x0,055x7/30=3.465,00
20
120.000
390.000
J=390.000x0,055x6/30=4.290,00
26
75.000
465.000
J=465.000x0,055x4/30=3.410,00
30
Comprador
Cliente
Factoring
. Empresa compradora
do bem ou servio
vendido pela empresa
(cliente da factoring)
. Cliente da empresa
de fomento comercial vendedora do bem ou
servio.
. Empresa de fomento
comercial - ou casa
Factoring.
271
Gesto financeira
272
Administrao do caixa
Esta modalidade, tambm chamada de trustee, ocorre
quando a casa de factoring se torna gestora do caixa da
empresa.
Os custos das operaes de factoring tendem a ser
maiores do que de uma operao de emprstimo obtido junto
assume o risco da inadimplncia do devedor e, claro, cobra
por isso.
Nas operaes convencionais, os custos e despesas
envolvidos so:
Comisso de Factoring: visa cobrir as despesas operacionais de anlise, seleo e cobrana de crdito.
Geralmente, o pagamento desta despesa efetuado
mediante uma porcentagem fixa calculada sobre o
valor nominal dos ttulos negociados.
Juros por antecipaes: so pagos antecipadamente
e calculados de acordo com o critrio de desconto bancrio. A taxa de juros da operao depende das taxas
de mercado e do risco da operao.
Reserva de cauo: consiste na reteno do valor
do adiantamento concedido empresa-cliente e calculado sobre o valor nominal do ttulo. Geralmente,
varia entre 5% e 15% do valor nominal dos ttulos, esta
reserva liberada quando do recebimento dos ttulos e justificada para garantir a fidelidade dos ttulos
negociados.
Existem diversos benefcios para as empresas que utilizam as operaes de factoring:
273
Administrao do Passivo Circulante
274
Os ttulos de curto prazo so a commercial paper que constituise, na prtica, em uma nota promissria de curto prazo emitida por uma Sociedade por Aes (S.A) para financiar seu
capital de giro. A garantia do ttulo o prprio desempenho
da empresa, e os ttulos podem ser adquiridos pelas instituies financeiras para sua carteira prpria ou repasse a seus
A principal vantagem do emitente do ttulo a possibilidade de tomar recursos a um custo muitas vezes inferior s taxas de juros praticadas nos emprstimos bancrios.
Segundo Assaf Neto (2010), o barateamento das taxas pagas
ao commercial paper ocorre, em grande parte, pela eliminao
da intermediao bancria no processo de captao e aplicao de recursos. Os principais investidores de commercial paper
so as carteiras de bancos, fundos de penso e seguradoras.
So atrados pela diversificao que o ttulo pode proporcionar em suas carteiras de investimento e a curta maturidade.
O prazo mnimo da nota promissria de 30 dias, e
seu prazo mximo de 180 dias.
A rentabilidade da nota promissria no possui cupom
de juros. Seu rendimento pode ser pr-fixado (na forma de
desgio em relao de face da nota promissria na poca de
sua negociao), ou ps-fixado (na forma de correo do valor
de face) por indexadores como o DI, SELIC, TR e TJLP.
As notas promissrias so muito difundidas nos EUA e
largamente utilizadas pelas empresas americanas. Institudas
pela primeira vez nos EUA em Nova Iorque e Boston em 1790,
porm s foram reconhecidas em 1830, quando suas transaes passam a ser publicadas no Financial Register of the United
States.
As notas promissrias negociadas no mercado de capitais foram institudas no Brasil em 1990 e no podem ser
emitidas por instituies financeiras, sociedades corretoras,
275
Administrao do Passivo Circulante
clientes investidores.
276
Desconto:
D = N x d x n
(54.000)
(12.000)
(5.000)
2.929.000
Custo Efetivo:
PV = 2.929.000
FV = 3.000.000
n=2
i=?
Podemos calcular pela calculadora financeira, Excel,
frmula dos juros compostos ou ainda:
i = 3.000.000
2.929.000
HORA DE FIXAR:
Considere que uma empresa est com problemas de
caixa para os prximos trs meses e ter que captar recursos
no mercado financeiro. O gestor financeiro analisou as oportunidades e decidiu que ao invs de captar os recursos em
uma s fonte, criar uma carteira de financiamento de curto
prazo, atravs das seguintes captaes:
a) Desconto de duplicatas
Para o desconto, foram apresentadas as seguintes
duplicatas:
277
Administrao do Passivo Circulante
Duplicata
Valor
Vencimento
R$ 200.000
40 dias
R$ 8.000.000
R$ 75.000
35 dias
R$ 2.625.000
R$ 65.000
50 dias
R$ 3.250.000
R$ 60.000
60 dias
R$ 3.600.000
Total
R$ 400.000
R$ 17.475.000
Gesto financeira
278
Movimentao
01
Saque de R$ 300.000
09
Saque de R$ 100.000
15
Saque de R$ 70.000
24
Saque de R$ 90.000
28
Saque de R$ 40.000
RESOLUO:
a) Desconto de Duplicatas:
Valor
Vencimento
R$ 200.000
40 dias
R$ 8.000.000
R$ 75.000
35 dias
R$ 2.625.000
R$ 65.000
50 dias
R$ 3.250.000
R$ 60.000
60 dias
R$ 3.600.000
Total
R$ 400.000
R$ 17.475.000
R$ 400.000
(R$ 20.387,50)
(R$ 728,13)
R$ 378.884,37
Movimentao
Saldo
Dias em
utilizao
Juros
01
300.000
300.000
09
100.000
400.000
15
70.000
470.000
24
90.000
560.000
28
40.000
600.000
279
Administrao do Passivo Circulante
Duplicata
c) Commercial Papers
Valor nominal
1.000.000,00
Desconto
D = 1.000.000 x 0,008 x 3
1.000.000 x 0,005 =
Valor liberado
Gesto financeira
280
(24.000,00)
(5.000,00)
971.000,00
Custo efetivo:
i = 1.000.000
971.000
R EFE R NCIAS
ASSAF NETO, A. Finanas Corporativas e Valor. 5. ed. So
Paulo: Atlas, 2010.
ASSAF NETO, A. Matemtica Financeira e suas aplicaes.
10. ed. So Paulo: Atlas, 2008.
GITMAN, L. Princpios de Administrao Financeira. 12.
ed. So Paulo: Addison Wesley Brasil, 2010.
LEMES JR., A. B. et al. Administrao Financeira: princpios,
fundamentos e prticas brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2010.
ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administrao Financeira corporate finance. 2. ed. So Paulo: Atlas,
2008.
SAMANEZ, C. P. Matemtica Financeira: aplicao anlise
de investimentos. 4. ed. So Paulo: Pearson - Prentice Hall,
2007.