Psicologia Existencial - Rollo-May
Psicologia Existencial - Rollo-May
Psicologia Existencial - Rollo-May
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EDITORA GLOBO
ROLLO MAY
ABRAHAM MASl.OW, HERMAN FBFEL. CARL ROGEAS, GORDON ALLPOAT
"A Psicologia Existencial" - diz Rollo May "no uma escola especial - isto importante. O
Existencialismo uma atitude, uma abordagem dos
seres humanos, no uma escola ou um grupo especial". Tambm no um sistema de terapia, embora lhe d subsdios relevantes. No um conjunto de tcnicas, embora possa dar-lhes origem.
antes uma preocupao em compreender a estrutura do ser humano, e sua experincia, qual deve,
em maior ou menor grau, estar subordinada toda a
tcnica.
EDITORA GLOBO
PSICOLOGIA EXISTENCIAL
estudo mais profundo sobre o significado da mor1e, enq uanto fato social e
psicolgico. Rogers , no seu artigo
" Duas Ten:lnc ias Divergentes ", examina a teoria geral da psicoterapia baseada na teoria da aprend izagem e
tambm o ponto de vista existencial na
Psicolog ia e na psicoterapia , chegando
concluso de que " o encontro entre duas pessoas mais eficaz do que
qualquer outra tcni ca oriunda da teori a da aprend izagem ou condicionamento humano".
A parte final do livro contm comentrios de Allport sobre os assuntos
tratados nos artigos anteriores e uma
bibl iografia se lecionada de Psicolog ia
Existenc ial e Fenomenolg ica, em que
Joseph Lyons cita 218 livros e artigos
de revistas relacionados com o tema.
Pelo riovo enfoque dado ao existencialismo dentro da Psicologia, esta
uma obra de muita util idade para
todos os que estudam a natureza humana, tanto alunos de Psicologia e
Educao como terapeutas , analistas e
educadores em geral. A autoridade dos
colaboradores , o interesse da matria
e a farta bibl iografia so indcios seguros de que Psicologia Existencial se
constitui num trabalho s rio e muito
oportu no , merecedor de atento exame
por pa rte dos leitores especial izados.
Capa
Jussara Gruber
ISBN
85-250-0114-7
PSICOLOGIA
EXISTENCIAL
M42p
May, Rollo.
Psicologia existencial I edio organizada por Rollo
May; traduo e ensaio introdutrio de Ernani Pereira
Xavier. -4. ed. - Rio de Janeiro : Globo, 1986.
ISBN 85-250-0114-7
Bibliografia
1. Psicologia existencial
73-1025
CDD-150.192
ROLLO MAY
do
Instituto William Alanson White de
Psicanlise, Psiquiatria e Psicologia
Traduo e Ensaio Introdutrio de
ERNANI PEREIRA XAVIER
4. Edio
EDITORA GLOBO
Porto Alegre Rio de Janeiro
E xistential psychology
no ideal da cincia continua sendo o que era ao tempo de Laplace: substituir todo o saber humano por um conhecimento completo dos tomos em movimento. (. . .)
Este o mago da questo. a origem de todo o obscurantismo cientfico sob o qual estamos sofrendo hoje em dia.
por isso que corrompemos o conceito do homem, reduzindo-o a um autmato insenslvel, o.u a um feixe de apetites. por isso que a cincia nos nega a possibilidade de
reconhecermos a responsabilidade pessoal. por isso que
a cincia pode ser invocada como suporte da violncia totalitria. por isso que a cincia se tornou, como j disse
antes, a maior fonte d sofismas peri osos de nossos dias.
r.-:. '
--
"A questo : podemos nos livrar de todos estes terrveis absurdos sem nos desfazermos da orientao benfica que a cincia ainda nos oferece em outros aspectos?
Penso que extremamente diffcil. {. . . ) Mas no ser sempre assim. Tempo vir em que esses esforos dispersos se
combinaro em um movimento coerente de pensamento
e ento o progresso se far rapidamente. (. . . )"
Michael Polanyi
SUMARIO
Rollo May: A Psicologia da Condio Humana
Prefcio . segunda edio
Prefcio primeira ed io
O Surgimento da Psicologia Existencial
ROLLO MAY
XI
xxv
XXVll
1
57
111
67
IV
83
97
11
V
VI
107
113
Teorias sobre a ansiedade humana s podem ser entendidas na medida em que cada uma delas pretende elucidar experincias do homem que viveu nessa fase particular
do desenvolvimento da cultura. Pensadores cujas formulaes se tornaram importantes para o seu sculo e para os
subseqentes so os que obtiveram xito, penetrando e
articulando o significado e a direo dominantes do desenvolvimento do seu contexto cultural: Espinosa, no sculo
XVII; Kierkegaard, no sculo XIX; Freud, no sculo XX,
intercalados por nomes no menos ilustres, desde os Filsofos Ren.ascentistas, os Reformadores da Idade Mdia, at
mais recentes celebridades como Giordano Bruno (queimado pela "sagrada" Inquisio), Jacob Boheme, Paracelso,
Descartes, Locke, Galileu, Newton e outros. Todos eles nos
legaram pores muito valiosas de experincias peculiares
de seu tempo. O prprio Freud poderia no ter contribudo to validamente para nossa compreenso unitria do
homem, no fosse ele motivado por seus antecessores comparti menta listas do sculo XIX.
XIV
Um gnio destacou-se no final do sculo passado, contudo, ao qual no se pode negar o ttulo, bem merecido, de
um dos grandes psiclogos de todos os tempos. Seu opsculo, Conceito da Angstia, 1844, mostra com veemncia a
tentativa de superao da dicotomia raz~o-emoo, voltan........_
-do as atenes para a realidade, a experinc1 imediata que
est subjacente na subjetividade e na objetividade. Atacando especificamente o problema da ansiedade, Kierkegaard
depara-se com um outro conceito profundamente controvertido, a liberdade humana, elemento essencial para a
compreenso da experincia individual. Sustentou que a
prpria liberdade envolve sempre uma ansiedade potencial, que ser proporcionalmente maior quanto mais possibilidades criadoras tiver o homem. O homem ento
ansioso por natureza, segundo Kierkegaard, colocando da
seguinte maneira: "Eu di ria que ap~ender a conhecer a ansiedade uma aventura que todo e qualquer homem tem
de enfrentar, ~e no quiser granjear sua perdio, por no
ter conhecido a ansiedade ou por afundar sob ela. Portan-
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XV
c~ntin ua
for-
XVI
ras por filsofos, artistas, telogos e at bilogos e cientistas de outras reas ilustrado pelo Dr. May em seus livros,
sendo Goethe, Albert Camus e Kafka suas fontes mais
caras.
Contrariando o ponto de vista de Freud, afirma que o
homem, embora psico gica e biologicamente determinado, no ~prisioneiro do seu Rassado. A vida ser ento
bem mais do que uma simpleS;;;tena ditada pelo passado, seja ele cultural ou biolgico. Embora no se considere
adleriano, "luta pela perfeio", "esforo de socializao''
da psicologia individual compem grande parte da teoria e
da prtica de Rol/o May.
"Num perodo de transio, quando os antigos valores esto vazios e os costumes tradicionais deixam de ser
viveis," - diz Rollo May - "os indivduos experimentam
uma dificuldade particular em encontrar-se no seu mundo". Tal como a busca do personagem central de Hamlet,
procura or uma realidade pessoal numa sociedade onde a
-realidade coletiva no tem persistncia e significao : sua
procura ela prpria identidade. Este sentir-se despido
de significao mo ind1Vduo provoca uma ansiedade
que, embora constitua apenas um aspecto da imagem que
o homem contemporneo faz de si mesmo, um aspecto
psicologicamente decisivo. Trata-se de uma evoluo cultural do problema da identidade. A existncia assume
caracterstica de uma luta dramtica, no somente para
encontrar, mas tambm para manter a identidade num
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XVII
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XVIII
a criatividade tendem a ser negadas por no serem pragmaticamente teis, e a imagi nao tende a ser contornada. E
no tendo os _valores pessoais consistncia, estes bu_scam
validade externa atravs de ~mbolos, que na maioria das
vezes no so escolhidos, so impostos, numa submisso
cega a "autoridades annimas", no dizer de Erich Fromm.
A sexualidade, segundo Rol/o May, uma rea em
que a ansiedade se manifesta. Nos nossos dias o sexo
freqentemente usado a servio da segurana. o modo
mais acessvel de superar a apatia e o isolamento pessoais.
Casamento cedo, a busca de um "par constante" so usados a seniio da superao da ansiedade: seguran;a, sign ificao, tentativa de se tornar interessante como pessoa.
Frustrado que o sexo como fator de afirmao, a companhia facilmente degenera em vazio e tdio, desde que
ele tivesse
com o
e aplacar a ansie..._.
----........ sido "idealizado"
..
~e. E o uso do sexo a servio transforma-o num sintoma,
e ele vai se impessoalizando: realizao sem envolvimento.
Esta impessoalidade tem o efeito de valorizar a sensao
sem sensibilidade, o intercurso sem intimidade, profundamente investigado em Eros e Represso.
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Na sua outra obra, Poder e Inocncia, Rollo May examina exaustivamente outras alternativas para a ansiedade e
sua -decorrente personalizao: violncia e poder. Poder d irei to do ser humano. fonte de auto-estima. a raiz da
convico d~- que ele significa alguma coisa como pessoa.
A doena ~--._carncia de poder, a convico de que a
~
pessoa -esta
abaixq_do hvmano e no tem ponto de referncia nQ_mu.!!_do. E o homem desprotegido pela ausncia de
pcfer, busca compensao na violncia. E a Rollo May
cita Winnicott: "Se a sociedade est em perigo no por
causa da agressividade humana, mas por causa da represso da agressividade nos indivduos" salientando os preju zos das presses sociais e a submisso dos valores realmente
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XIX
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priori saber quais os motivos do cliente, podemos saber
que algum propsito significativo est envolvido. A tentativa de "participar", e o fato de que esta soluo ex istencial implica num perigoso risco, tez com que Paul Tillich
a chamasse de "Cora em para Ser", dando ttulo a um de
seus 1ivros.
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XXI
BIBLIOGRAFIA
1 MAY, R. Loveand will. New York, W. W. Norton, 1969.
2
. O homem procura de si mesmo. Trad. urea Brito
Weissenberg. Rio de Janeiro, Vozes, 1973.
3 - - . Poder e inocncia. Trad. Renato Machado. Rio de Janeiro, Artenova, 1974.
4
. Psicologia e dilema humano. Trad. lvaro Cabral. Rio
de Janeiro, Zahar, 1974,
S - - et a\\l. Psicologia existencial. Trad. Ernani Pereira Xavier, Porto Alegre, Globo, 1974.
SICOLOGI
XISTENCIA.
Fevereiro de 1969.
l
Prefcio Segunda Edio
O campo da psicologia existencial tem se desenvol~
vido grandemente durante os oito anos que se segui am
a primeira edio deste livro. A amplitude desta mudana
pode ser avaliada pelo fato de que na edio primitiva
foi possvel incluir 185 itens: uma lista quase exaustiva
de publicaes em ingls, como foi indicado por nosso
bigrafo Jo epb Lyons > "na qual os conceitos fenomenolgicos ou existenciais so aplicado explicitamente a tpicos no campo da psicologia". Para fazer o mesmo hoje,
seriam exigidos cerca de 1 000 itens.
O vocabulrio da psicologia existencial penetrou firme em nossa linguagem; "crise existencial ' agora uma
expresso comum para significar o ponto crtico em psicoterapia. Psicologia existencial no mais uma escola
estrangeira, mas uma atitude que impregna quase todos
os ramos de terapia na Amrica. Influenciou decisivamente a tendncia atual para a terapia ativa, terapia
para a 'r~", e outras formas de terapia que tm
ilustra como este enfoque abre para a indagao psicolgica, reas significativas, tais como as atitudes para com
a morte, at ento notadas por sua ausncia em Psicologia.
Meu segundo captulo procura apresentar uma base
estrutural na psicologia existencial para a Psicoterapia.
O trabalho de Rogers discute, particularmente, a relao
da psicologia existencial com a pesquisa emprica, e os
comentrios de Allport referem-se a algumas das implicaes globais de nos as indagaes.
Nosso propsito no de dar uma sistemtica ou
definitiva razo para a psicologia existencial - o que
ainda no pode ser feito. E na medida em que pode ser
foi feito nos primeiros trs captulos do volume Existence. ( 33) * Nossa esperana que este livro possa servir
como um estmulo para estudantes que estejam interessados no assunto, e que possa sugerir tpicos e questes a serem procurados. Confiamos em que a bibliografia possa ser uma ajuda para os estudantes que desejem
ler mais a respeito de muitos problemas referentes ao assunto.
Rollo May
1961 ,
Rollo May
Psicologia existencial
Rollo May
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Psicologia existencial
indivduo a ajustar-se
seu ser.
A questo existencialista alcana as razes da vida
do homem e desafia-o exatamente a. Isto parcialmente
responde por ambas as reaes, negativa e positiva,
psicologia existencial e p lo fato de que cada grupo ou
a favor ou contra a teoria - mas nunca neutro. "E: por
isso que as pessoas mais suscetveis de serem afetadas
por esta exposio, tal como "\iVilliam James, que ns
vamos considerar em seguida, so as que experimentam
algum resultado profundo em sua vida pessoal
2
Ns imediatamente percebemos um curioso paradoxo quando olhamos para o existencialismo e o cenrio
norte-americano. Embora exista muita hostilidade latente
e uma resistncia total, nos Estados Unidos, para com a
psicologia existencial, e ~ te ao mesmo tempo uma pro-funda afinidade oculta entre este enfoque e o pensamento e carter americanos. Isto tanto vale para Psicologia
quanto para outras reas.
Vou citar aqui para nossa demonstra o, William
James que ainda o maior e mais tpico psiclogo e
fil ofo norte-americano. "Ele foi o que chamaramo
agora um existencialista , comenta Jacques Barzun singelamente, em sua crtica a uma recente iografia e
Jame .2 E se eu pos o e ta e ecer uma correlao entre
sua expenencia e a mi a ele tomou-se assim no r
teoria, mas por severa experincia. Oprimido pela melancolia, pela falta de sade e pela depresso - particular2
ALl .EN, Gay Wil on. The life and work oj WiUicina.
Rollo May
mente entre os vinte e os quarenta anos - James freqentemente esteve n a iminncia do suicdio; ele escreve
seguidamente de seu anseio de que algum lhe desse
uma razo para desejar viver quatro horas mais . Especificamente, foi esta constante depresso que levou James
- em toda sua vida um homem com enorme dificuldade
de decidir qualquer coisa - a ser to preocupado com o
ibidem p. 168.
sicologia existencial
Rollo 1\-lay
da. Muita ez
Peirce censurou Jame pelo seu existencialismo, dizendo "seu universo in xato", e continuava
"voc deve ter algum padro invarivel ou exatamen e
certo .5 Ma James, destemido como sempre em pblico,
sustentou em sua carta-resposta: O mundo real incongruente, indeterminante, e os termos lgicos apenas
marcam posies estticas em um fluxo que, em parte
alguma, esttico". As ''relaes exatas formam um esplndido esquema artificial de tabulao, no qual agarramos quaisquer elementos do fluxo existencial que a se
possam fixar' .6 Fixar - sim, ao preo de abstra-los da
realidade para propsitos de Lgica e Matemtica, o que
bastante louvvel mas tambm artificialmente interrompe o fluxo contnuo.
Noutro local, em seu livro Pragmatism, encontramos
James respondendo a ambos, Peirce e seu prprio pai, a
f1Uem ele amou profundamente, mas cujo monismo transcendental, relacionado com Swedenborg e com a escola
Concord de filosofia, ele nunca pde tolerar. Escrevendo
sobre as aes do homem, William James proclama:
"Nossos atos ento criam a salvao do mundo, na medida em que abrem caminho para si mesmos, to rapidamente quanto saltam para o vcuo? ( ... ) Aqui eu
seguro o touro pelas aspas e, no obstante todos os racionalistas e monistas juntos, de qualquer que possa ser
o ramo, pergunto por que no?' 7
Esta assero e a que eu citei acima fazem um
curioso precursor da futura afirmao mais extrema de
Jean-Paul Sartre "a existncia precede a essncia .8 Esta
s. 6 PERRY, Ralph Barton. The thought and characte,
o/ William James. New York, Harper & Row, 1964. Brief ed.
7
JAMES, William. Pragmatism. Cleveland, Meridian
Books, 1955. p. 186.
s -. Principles, op. cit. p. 576.
Psicologia existencial
no a nica faceta de James, contudo. Ele reconhecido por historiadores da cincia como sendo o iniciador
do empirismo americano em Psicologia. Existncia tambm exige essncia, sabia James. E a essncia - ao
menos neste lado do paraso - exige que se tome real
pelos esforos existenciais daqueles de ns que existem.
Vivemos numa constante interao entre as duas. O humanismo de James e sua grande tolerncia, como ser
humano, alm disso, permitiu-lhe levar a arte, a religio
e a tica para dentro do seu pensamento, sem sacrificar
sua integridade cientfica. Ele estava impressionado pela
"vasta confuso florescente" da vida, e estava inveteradamente contrrio queles que reduzem a vida ao tamanho de seus prprios pontos de vista limitados e estreitos.
Ele no era - como qualquer um bom existencialista anticientfico, mas acreditava que a cincia era feita para
o hoJilem, e no o homem para a cincia. Depois de uma
indulgente considerao do empirismo na cincia, James
escreve:
A cincia, contudo, deve ser constantemente advertida de que seus objetivos no so os nico-s, e que a
ordem da causalidade uniforme de que ela se ocupa e que,
portanto, est correta ao postular, pode estar envolta numa ordem mais ampla, qual ela no tem absolutamente
direitos.9
10
ollo May
'Tillich denomina James de filsofo; mas ele , naturalmente, tambm um psiclogo. A confluncia destas
duas disciplinas indica outro aspecto do ponto de vista
existencial: ele lida com categorias psicolgicas - 'experincia" ' "ansiedade" ' "vontade" ' e assim por diante mas preocupa-se em conhecer estes aspectos da vida do
homem no nvel mais profundo da realidade ontolgica.
Por isso, um erro pensar em psicologia existencial como
uma ressurreio da velha "psicologia filosfica" do sculo XIX. O ponto de vista existencial no um movimento retroativo a era primitiva da especulao, mas m
esforo para entender o comportamento humano e sua
experincia em termos de suposies que os sustentam
- suposies que sustentam nossa cincia e nossa imagem do homem. E o esforo para compreender o homem
como experimentador, como aquele a quem acontecem
as experincias.
Adrian van Kaam, ao criticar o trabalho do psiclogo
alemo J. Llnschoten, descreve como William James , em
10
philosophy.
Journal of
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11
KAAM, Adrian van. The impact of existential phenomenology on the psychological literature of wester n Europe.
Review of Existential Psychology and Ps11chyatry. 1 ( 1) : 62-91,
1961.
11
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tencial. James estava tateando na direo de uma nova
fase vagamente sentida na histria do homem ocidental.
Enraizado no perodo Vitoriano, ele expressou contnuo
descontentamento com sua maneira exclusivamente unilateral de "existir" 13 no mundo. Linschoten conclui, no
seu captulo final , que James estava no caminho de uma
psicologia fenomenolgica antes de Buytendijk MerleauPonty e Straus, e j estava frente deles em sua preocupao para a integrao de uma psicologia objetivante
dentro da estrutura da psicologia descritiva.
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se
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um bocado, um do outro - que o outro tem algum interesse genuno em escutar e entender. Um terceiro nvel
sentido-como ertico - que deve ser aceito pelo terapeuta se ele pretende ouvir compreensivamente e tambm
se ele pretende valer-se desse recurso dinmico para a
mudana. 15 Um quarto nvel o da estima, a capacidade
que est inerente nas relaes interpessoais por precauo autotranscendente pelo bem-estar do outro. Todo
esses constituem um relacionamento real, cuj a distoro
a transferncia.
O termo 'represso ', como outro exemplo, obviamente refere-se a um fenmeno que observamos a todo
instante, um dinamismo que Freud claramente, e de
muitas formas, descreveu. O mecanismo , em geral, explicado ao dizer-se que a criana reprime no inconsciente
certos impulsos, tais como sexo e hostilidade, porque a
cultura, na forma das figuras do pai ou da me, reprova-os; e a criana deve proteger sua prpria segurana
dessas pessoas. Mas essa cultura, que presumivelmente
desaprova, formada p las mesmas pessoas que provocam a represso. No uma iluso por demais simples,
portanto, falar da cultura contra o indivduo dessa maneira e fazer disso nosso bode-expiatrio? Alm disso
onde buscamos a idia de que as crianas ou os adultos
acham-se to preocupados com a segurana e as satisfaes libidjnais? Isso no a resultante do nosso trabalho
com a criana neurtica, ansiosa e com o adulto neurtico?
Certamente, a criana neurtica, ansiosa est compulsoriamente preocupada com a segurana e certamenEmprega-se "ertico" a qui no sentido geral, en1 que
todos os tipos de relacionamento e coisas possuem uma tnica
sexual - cinema, livr os e assim por diante. Naturalmente,
no tem efeito na terapia , m as mantido como parte da transferncia.
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De maneira anloga, tenho me surpreendido, como
terapeuta praticante e como professor de terapeutas, pela
freqncia com que nossa preocupao em tentar entender o paciente, em funo dos mecanismos pelos quais
seu comportamento se manifesta, bloqueia nosso entendimento do que ele realmente est experimentando. (Um
caso real usado no cap. IV, para ilustrar isto.)
Se, ao sentar-me com um paciente, eu estou principalmente pensando nos porqus e comas da maneira
pela qual o problema surgiu, eu terei compreendido tudo,
exceto a mais importante de todas as coisas, a pessoa
existente. De fato, terei compreendido tudo, exceto a
nica fonte real de dados que tenho comigo agora, neste
quarto, ou seja especificamente, este ser humano sob
experincia, esta pessoa agora emergente, em transformao, "mundo em construo", como dizem os psiclogos existenciais.
aqui que a fenomenologia, o primeiro estgio no
movimento psicoteraputico existencial, tem sido uma
cunha muito til para quase todos ns. Fenomenologia
o esforo para considerar o fenmeno como dado.
o es oro isciplinado para aclarar a mente das suposies que to freqentemente nos levam a ver no paciente
to-somente nossas prprias teorias, ou os dogmas de
nossos prprios sistemas. J;: o esforo para experimentar,
em vez disso, os fenmenos em sua inteira realidade,
como eles se apresentam. Isto requer uma atitude de
abertura e boa vontade para ouvir - aspectos da arte de
escutar em psicoterap ~, que so geralmente tidos como
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ollo l\1ay
do paciente.
A fenomenologia tem muitas ramificaes complexas, particularmente as desenvolvidas por Edmund Husserl, quem decisivamente influenciou, no somente os
filsofos Heidegger e Sartre, mas tambm os psiquiatras
Minkowski, Straus e Binswanger, os p iclogos Buytendijk, Merleau-Ponty e muitos outros. ( O estudante pode
encontrar referncias da fenomenologia psicolgica no
captulo de Ellenberger de Existence e pode prosseguir
nas referncias dadas na bibliografia no fim deste livro.)
Algumas vezes a enf ase fenomenolgica em psicoterapia usada como racionalizao para o descrdito do
aprendizado da tcnica, ou como uma razo para no
estudar os problemas de d:agnose e dinmica clnica.
Penso que isto um erro. O que in1portante, em vez
disso, apreender o fato de que os interesses tcnicos e
diagnsticos esto em diferente nvel do entendimento
que tem lugar no encontro imediato em terapia. O erro
est em se confundi-los ou deixar que um absorva o outro. O estudante ou psiclogo praticante deve dirigir seu
curso entre deixar que o conhecimento das tcnicas seja
um substantivo para o entendimento direto e a comunio com o paciente e admitir que ele age numa atmosfera rarefeita de pureza clnica, sem qualquer conceito
absolutamente.
Certamente~ verdade que os estudantes que apren-
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comeada a terapia com um paciente e decidida a direo geral, pode esquecer-se de momento, a questo do
diagnstico. (Discutiremos, mais tarde, o Dr. Ramirez,
que muito franco sobre isso.) Por sinal, as questes de
tcnica surgiro na mente do terapeuta de tempos em
tempos, medida que prosseguir a terapia. Uma das caractersticas da psicoterapia existencial que a tcnica
muda. Estas mudanas no sero improvisadas, mas dependero das necessidades do paciente em certos momentos.
Se esta discusso parece inconclusiva e d a impresso de jogar com a questo da "tcnica,,, de um lado, e
com o da 'compreenso", de outro, a impresso est de
fato correta. Toda a questo da 'tcnica-objetiva contra
a "compreenso-subjetiva' tem repousado numa base falsamente dicotomizada em nossas di cusses psicolgicas
e psiquitricas. H um processo dialtico que tem curso,
paralelo ao processo dialtico em todos os atos de conscincia. O problema precisa ser exposto novamente base
do conceito da existncia do paciente como ser-no-mundo
e do terapeuta como existente e participante deste mundo. Eu desejo somente expressar minha convico aqui
de que tal reformulao possvel e promete tirar-nos de
nossa presente dicotomia nesta questo. E neste meio
tempo, eu desejo, como um recurso prtico, tomar posio contra as nascentes tendncias anti-racionais no
ponto de vista existencial. Embora eu acredite que, em
grande parte, os terapeutas nascem feitos, inerente
nossa integridade tomar conscincia do fato de que h
tambm muito que podemos aprender!
6
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problema com relao c1encia f ica: ' A Fsica Matemtica, no porque ns sabemos tanto sobre o mundo
fsico, mas porque sabemos to pouco so somente suas
propriedades matemticas que ns podemo descobrir''.
Ningum - fsico psiclogo ou qualquer um outro
- pode escapar desse revestimento historicamente condicionado. A nica maneira em que ns podemos evitar que
as pressuposies, que suportam nosso mtodo particulardesviem indevidamente nossos esforas, conhecer conscientemente quais so eles e assim no absolutiz-los ou
dogmatiz-los. Por isso, ns temos ao menos uma chance
de abstermo-nos de forar nossos sujeitos ou pacientes
em nossos "divs procustianos' e cortar, ou recusar ver,
o que no convm.
Ludwig Binswanger, em seu livro Si91nund Freud:
reminiscences of a friendship, onde relata suas conversaes e correspondncia com Freud, faz algumas alternaes ilustrando este ponto. A amizade entre Freud, o
psicanalista, e Binswanger, um psiquiatra existencial de
vanguarda, da Sua, foi terna e duradoura; ela foi a
nica exceo em que Freud manteve amizade com algum que diferia radicalmente dele.
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externa ou internamente, do curso ' ormal,, de uma vida no caminho ara sua morte. 17
18
ibidem, p. 90.
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O grifo de Binswanger.
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Em cordial amizade, e com saudaes para sua encantadora esposa, do seu Freud. 20
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Ver "The significance of symbols", em Symbols in religion and Literature. New York, Braziller, 1960.
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O conceito de ego, com sua capacidade de ser subdividido em muitos egos distintos, tentador para a psicologia experimental, porque ele convida ao mtodo de
"dividir para reinar que herdamos em nosso tradicional
mtodo cientfico dicotomizado. Mas estou convencido de
. . ue o conceito de egos mltiplos possui graves impropriedades, prtica e teoricamente. como se, todavia de um
momento para outro delegssemos muitos poderes n ovos
ao nosso fraco soberano; mas o soberano se torna todo
assustado e aturdido, pois seu trono assenta numa estrutura muito fraca e desequilibrada, e seus novos poderes
apenas mais o oprime e confundem.
Por onde, neste quadro de muitos egos diferentes,
desapareceu o princpio de organizao? Se temos esta
1
MENNINGER, Karl. The theo-ru of psychoanalytic theraw. New York, Basic Books, 1958.
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Citarei agora> como ilustrao, algumas das mais
novas formas de psicoterapia desenvolvidas no campo
geral da psicologia existencial.
Em 1. 0 de maro de 1966, o prefeito John V. Lindsay
ork Times reportou citando o Dr. Ramirez, "eu sou um mdico. o sou responsvel por voc te ficado vic'ado.
osso meramente
" irei ao viciado' , o New
Psicologia existencial
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RAMIREZ, Efren. Tbe existential approach to the management of character disorders with special reference to narcotic drug addiction. Rev. of existen. Psychol. and Psych. p. 45.
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prpria estampa; interpessoal, quer dizer seu relacionamento com seres humanos companheiros e suas instituies; e impessoal ou aquilo que independente da ao
humana - acidente, morte e outras foras da natureza". 31
O conceito de responsabilidade, a que ele denomina a
' base para o enfoque existencial", ele define como "a capacidade de enfrentar a realidade" diretamente e res onder a el;-de maneira- positlva. ( ... ) Na medida em que
_.----....
um
essoa pode aceitar ~s onsa_bili ade por sua r ' pria vida, ela se torna um a mor
vre". Ramirez
_,---nota que esta viso da responsabilidade do viciado por
sua prpria vida "um afastamento direto da maneira
usual segundo a qual as personalidades sociopatas tm
sido manipuladas no passado".32 O Dr. Ramirez, como
muitos psicoterapeutas existencialistas, no faz diagnstico nem prognstico uma vez que o tratamento tenha
comeado, "porque, em nosso cenrio particular, eles na
realidade obstruem ou enfraquecem o impacto da experincia do confronto' 1 aa
O programa do controle do vcio de drogas na cidade
de Nova Iorque no est operando por perodo de tempo
suficiente para determinar os resultados. Mas, no programa do Dr. Ramirez em Porto Rico, dos cento e vinte
viciados que fizeram parte do programa, somente sete
voltaram a usar drogas .
Para ilustrar o enfoque de Ronald Laing, que tem
recebido ateno cada vez maior ultimamente e cujo pensamento baseia-se em princpios existenciais, citarei seu
livro, A psiquiatria em questo. s4 Argumentando que a
'--
ibidem, p . 50.
32 ibidem, p. 50-1.
33 ibidem, p. 50.
34
Esta seo consiste principalmente de sees de uma
crtica do livro acima citado, de Laing, que escrevi para Saturday Review, de 20 de maio de 1967.
31
Psicologia existencial
45
46
Rollo May
que realmente acontecia, de modo geral, que o paciente era julgado psictico se no pudesse aju tar-se aos requisitos da sociedade.
Estamos agora, afirma Laing, no terceiro estgio, no
qual se v ue a esquizofrenia uma estrat a ue certas
pessoas devem escolher _para que possam sobreviver n~
mun o lfeiiado.
- Em mais de cem casos, em que estudamos as reais
circunstncias em torno do acontecimento social, quand<>'
uma pe soa passa a ser considerada como esquizofrnica,
parece-nos que sem exceo a experincia e o comportamento que recebem o rtulo de esquizofrnicos so_ -.
estratgia especial que uma pessoa inventa para viver
numa situao into er ve .
O que novo e excitante em Laing no sua glorificao do irracional - de que acusado, algumas vezes,
por psiquiatras e psiclogos que pregam a adaptao mas seu franco desafio: 'Adaptao a qu? sociedade?
A um mundo louco?" Para Laing, ..
nto alto da irracionalidade ajustar ao que chamado 'normal" - a
um mundo do Vietname, um mundo em qu a idades
no somente envenenam seus cidados fisicamente, atraos indi~
vs a poluio, r:nas estr~tiam a con " ci
duos, um mundo em que "as mquinas j es - o s
tornando melhores ao s comunicare
com outras
es humanos com seres humanos. A situao
do ue
irnica. Mais e mais preocupao pela comunicao~
menos e menos para comunicar '.
A contribuio construtiva de Laing tem sido a de
combinar a teoria interpessoal de Harry Stack Sullivan
com uma fundamentao fenomenolgica, existencial.
Estas duas andam juntas, diz Laing: a nica maneira
pela qual podemos compreender e tratar com seres humanos clarificar a ' natureza do ser humano" - que
ontolgica. "Qualquer teoria que no seja fundamen-
---
Psicologia existencial
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48
Rollo May
Psicologia existencial
49
importante degrau na direo da cincia do relacionamento interpessoal. Podemos esperar que continuar a
construir ambos.
Uma outra forma de psicoterapia existencial, a ser
mencionada, a Logoterapia de ictor Frankl. Judeu em
Viena, quando Hitler marchou sobre a ustria, Frank!
passou diversos anos num campo de concentrao. Desta
experincia nasceu um excelente livro, From death camp
to existencialism. Aprendeu ( como tambm o fez Bruno
Bettleheim ) que a experincia em campo de concentrao fora o indivduo a ser um existencialista: . uando a
vida reduzida ao s
es to de existir, e uando nada
mais tem significado, existe ainda a liberdade bsica,
quer dizer, a liberda de esco er a atitude a tomar para
com o r rio destino. Isto pode no modificar o destino,
mas modifica enormemente a pessoa.
Devido a esta experincia, Frank! desenvolveu a
logoterapia, uma terapia que enfatiza a busca do homem
por significado (logos). Primeiro ele embasa a logoterapia no fatos e pressuposies de que cada vez mais
pessoas procuram psicoterapeutas para ajuda, sem apresentar nenhum sintoma, mas com sensaes de aborrecimento, estando "cheias", faltando-lhes o signi!icado da
vida. Segundo, a Psiquiatria deve lidar com significados
- aspiraes e finalidades da vida. Terceiro, vontade e
deciso so um importante ingrediente do que Frankl
chama de logoterapia. Quarto, sintomas especficos so
tratados por meio de "inteno recproca". Isto , existe
uma ansiedade antecipatria construda no paciente a
m~dida
esmo luta contra fazer aquilo que ele
neuroticame
compelido a fazer (o sintoma de sua
neurose). Isto reduzido e uma contra-ao incita o movimento, dizendo-lhe para "ir em frente e escancarar a
janela". Embora o paciente, segundo Frankl, no prossiga
com o ato, o que esta "permisso" realmente faz remo-
--
50
Rollo May
qamin
P icologia existencial
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--
--
ss Esta citao e a precedente so de Sigmund Koch. Psychology and the unitary conceptions of knowledge. ln: - Beha'Vior and phenomenologv. University of Chicago Press, 1964.
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54
Rollo May
sob este prisma, os movimentos tm sua funo compreensvel, embora possa parecer truncada e inadequada.
Mas a tendncia para desconfiar da razo como tal,
em nossa cultura, surgiu do fato de que as alternativas
apresentadas s pessoas inteligentes e sensveis pareciam
~.er so ente o rido racion~o de um lado, em que se
~~av
ente erdendo-se a
a, ou o romantismo
vit ta de outro lado, em que se afigrava ao menos
uma chance de se salvar a alma por ora. O enfoque existencial certamente oposto ao primeiro; mas, para fazer
uma observao mais difcil e sutil, estou convencido de
que se ope ao segundo igualmente. O enfoque existencial em Psicologia, como em qualquer rea, no deve ser
racionalista ou anti-racionalista, mas procurar os fundamentos em que am.bas, razo e no-razo, se baseiam.
Isto o que buscava Kierkegaard, que era maravilhosamente dotado lgica e intelectualmente, mas que preferiu
ser chamado de poeta. Estes fundamentos em que se
baseiam ambas, ,razo e no-raz~ eram o que Nietzsche
procurou tambm e o que tentou revelar em suas alegorias e raios de ofuscante insight. No devemos ser "mislogos", como alertou Scrates. Mas o logos, a palavra
que expressa e revela a razo, deve ser corporificada.
Uma outra dificuldade e perigo, j mencionada, no
enfoque existencial, recai, em meu julgamento, em sua
identificao, sob alguns aspectos, com o Zen Budismo.
---
Psicologia existencial
55
O que tenho a dizer aqui no uma crtica ao Zen Budismo como tal; respeito-o .como uma atitude religios~
filosfica para com a vida. Alguns dos seus valores so
suas nfases na meditao, no valor do silncio, na eterna perspectiva e unio do eu com a natureza. E vejo seu
valor radical para o homem moderno ocidental como um
corretivo das nfases histricas, de que nossa cultura
ocidental herdeira - tal como a competio, a supernfase na tecnologia e bens materiais, e nossa supervalorizao do trabalho. Todos os desenvolvimentos culturais
so unilaterais: a psicologia do Oriente um neutralizante para o Ocidente;, e vice-versa.
Mas, se o Zen Budismo deve ser tomado como uma
maneira de vida em si mesma por qualquer indivduo
ocidental, so exigidas obviamente dcadas de disciplina
religiosa. O perigo na identificao da psicologia existencial com o Zen Budismo a supersimplificao de ambos.
Esta supersimplificao se torna uma maneira de evitar
os difceis problemas da ansiedade e culpa de que, como
ocidentais, somos herdeiros. De fato, sempre que uma
atitude para com a vida, seja ela psicolgica, filosfica,
esttica ou religiosa, encampada de uma outra cultura.
seus adeptos so convidados a abandonar seus revestimentos culturais; os problemas so supersimplificados e
evitados, porque eles no esto presentes na nova atitude
que se adquire. C. J. Jung, que nunca pde ser acusado
de subestimar o pensamento oriental, firmemente alertou
contra a desonestidade inerente nesta tomada de religio
de uma cultura outra, sem a absoro completa da religio ou cultura aliengena.
Kierkegaard e, tanto quanto eu saiba, todos os pensadores da tradio existencial at Paul Tillich, insistem
em que no odem s~ e~taJ!_o
P-roblemas de ansiedade, culpa, tdi.Q__ e conflito do homem ocidental. central na tradio existencial a nfase "igualmente/ou a
56
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II
58
Rollo l\'lay
Psicologia existencial
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soas que independentemente chegam s mesmas concluses correspondem todas a algo real f ora de si mesmas.
(2) Este algo real , creio, o colapso total de todas
as fontes de valores fora do indivduo. Muitos existencialistas europeu esto em grande parte reagindo as
concluses de Nietzsche de que Deus est morto e talvez
ao fato de que '1arx tambm est morto. Os americanos
aprenderam que a democracia poltica e a prosperidade
econmica no resolvem por si ss quaisquer dos problemas bsicos de valores. No h outro lugar ara
de.
se voltar a no ser para dentro, para o
, como a sede
dos valores. Paradoxlfilente, D;esmo alguns dos existencialistas religiosos concordar.o com esta concluso parcial.
(3) ~ extremamente importante, para os psiclogos
que os existencialistas possam suprir a Psicologia com a
filosofia b ica de que est necessitando hoje en1 di~. O
positivismo lgico foi um raca
pecialmente _para~
psiclogos clnicos e da perspnalidade.. De qualquer maneira, os problem-as b icos filosficos sero seguramente
abertos para discusso outra vez e, talvez, os psiclogos
cessaro de confiar em p eudo-solues, ou em filosofias
inconscientes, no examinadas, que recolhe am como
crianas.
( 4) Un1 fraseado alternativo do mago (para ns
americanos) do existencialismo europeu que ele trata
radicalmente com aquela situao humana apresentada
pelo hiato entre as a piraes humanas e as limitaes
humanas (entre o que o ser humano , o que ele gostaria
de ser, e o que ele poderia ser). Isto no est muito distante do problema da identidade, como ele pode se apresentar inicialmente. A pessoa ambas, realizao e potencialidade.
A sria preocupao com esta discrepncia poder
revolucionar a psicologia, no tenho nenhuma dvida a
60
Rollo May
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or_
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------
"Quais
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61
Rollo M ay
62
camadas superiores e ver o que sempre esteve por debaixo, escondido ) . Dizer, en'tretanto que o eu um projeto e criado inteiramente pelas contnuas escolhas da
prpria pessoa quase seguramente um exagero em vista
do que sabemos, por exemplo, dos determinantes constitucionais e genticos da personalidade. Este choque de
opinies um problema que pode ser conciliado empiricamente.
( 8 ) Um problema que ns , p iclogos, temos evitado o problema da responsabilidade e, necessariamente
ligados a ele, dos conceitos de corage1n e de vontade na
personalidade. Talvez isto esteja prximo do que os psicanalistas esto agora chamando de "fora do ego .
(9) Os psiclogos americanos tm ouvido o brado
de Allport por uma psicologia ideogrfica, mas no tn1
feito muito sobre isso. Nem mesmo o tm feito os psiclogos clnicos. Temos agora um empurro adicional da
parte dos fenomenlogos e existenciali ta neste sentido,
a que ser muito difcil resistir; na verdade, acho, teoricamente impossvel resistir. Se o estudo da singularida
do ' uo no se ajusta ao que co ecemos a cincia
ento t
ior ara o conceito de cincia. Ela tambm
ter de suportar a re-cnaao.
( 1O) A fenomenologia tem uma certa histria no
pensamento psicolgico americano, mas, no todo, pen o.
tem enfraquecido. Os fenomenlogos europeus com s-uas
demonstraes torturantemente cuidadosas e laboriosas
podem nos re-ensinar que o melhor modo de compreendermos outro ser humano ou, pelo menos, uni modo necessrio para algumas finalidades penetrar em seu
weltanscha
e~az de ver seu mun -tr- ,e:>
seus o os. claro
concluso grosseira para
qualquer filosofia positivista da ciencia.
( 11 ) A nfase existencialista obre a extrema
oli____.r
do do indivduo um til lembrete para nos, no so-
~--------~~~--
____.,,,
Psicologia existencial
63
mente para exaurir novos conceitos de deciso, de responsabilidade, de escolha, de autocrao, de autonomia,
da prpria identidade. Tambm torna mais problemtico
e mais fascinante o mistrio da comunicao entre solides atravs de, por exemplo, intuio e empatia, amor
e tru1smo,- 1 en 1cao com outros, e homonomia em
geral. Ns contamos com isso. Seria melhor se os considerssemos como milagre_s a serem explicados.
( 12) Outra preocupao dos escritores existencialistas pode ser transcrita muito simplesmente, penso. :E: a
dimenso_Qa seriedade e rofundidade de viver (ou, tal- ~ -=----~--~~vez, o "tr co sentido da vida") contrastado com a vida
frvola e supe1ficial, que uni tipo de viver diminudo,
uma defesa contra os extremos problemas da vida. Isto
no apenas um conceito literrio. Tem real significado
operacional, por exemplo, em psicoterapia. Eu (e outros)
temos ftcado cada vez mais impressionados pelo fato de
que tra dia ode s vezes, ser tera eutica e de que a
terapia, muitas vezes, parece agir melhor quando as pesSD
o evadas a ela pela dor. A vida superficial discutvel sempre que se torna inoperante, quando ento
ocorre uma solicitao pelo que fundamental. A superficialidade em Psicologia tampouco operante, como os
existencialistas esto demonstrando.
( 13) Os existencialistas, juntamente com muitos
outros grupos, esto ajudando a nos ensinar sobre os limites da realidade verbal, analtica, conceitua!. Eles f azem parte da corrente que restaura a experincia pura
como antecedente de quaisquer conceitos ou abstraes.
Isto equivale ao que eu acre<Uto ser uma crtica justificada da maneira global de pensar do mundo ocidental
no sculo xx, incluindo cincia e filosofia ortodoxas positivistas, ambas as quais necessitam urgentemente de
reexame.
( 14) Possivelmente, a mais importante das mudan-
----
64
Rollo May
as que deve ser elaborada pelos fenomenlogos e existencialistas uma revoluo atrasada na teoria da cincia. No deveria dizer ' elaborada por,, e sim , ' auxiliada
em conjunto por , porque h muitas outras foras ajudando a destruir a filosofia oficial da dncia ou o "ciencismo ,, No somente a ciso cartesiana entre sujeito
e objeto que deve ser superada. H outras mudanas radicais, que se fazem necessrias pela incluso da psique
e da experincia pur.a na realidade, e tal mudana afetar no apenas a cincia da Psicologia, mas tambm
todas as outras cincias. Por exemplo, parcimnia, simplicidade, preciso, ordem lgica, elegncia e definio,
so todas do domnio da abstrao.
( 15) Encerro com o estmulo que mais poderosamente me afetou na literatura existencialista, qual seja,
o problema do futuro em Psicologia. No que este, como
todos os outros problemas ou questes que mencionei at
aqui, seja totalmente estranho para mim, nem, suponho,
para qualquer estudante consciente da teoria da personalidade. Os escritos de Charlotte Buhler, de Gordon Allport
e de Kurt Goldstein devem tambm nos sensibilizar para
a necessidade de agarrar e sistematizar o papel dinmico
do futuro na personalidade presentemente existente; por
exemplo, crescimento e evoluo e possibilidade necessariamente apontam para o futuro, como o fazem os conceitos de potencialidade e esperana, e de aspirao e
fantasia ; a reduo ao concreto uma perda de futuro;
ameaa e apreenso apontam para o futuro (nenhum
futuro = nenhuma neurose); a auto-realizao no tem
sentido sem referncia a um futuro correntemente ativo
a vida pode ser uma Gestalt no tempo, etc., etc.
E ainda, a importncia bsica e central deste problema para os existencialistas tem algo para nos ensinar;
por exemplo, o trabalho de Erwin Straus em Existence
( 17). Penso que interessante dizer que nenhuma teoria
Psicologia existencial
65
de Psicologia estar completa se no incorporar centralmente o conceito de que o homem tem seu futuro dentro
de si, dinamicamente ativo neste pre ente momento.
Neste entido, o futuro pode ser tratado como no- trico no sentido de Kurt Lewin. Tambm devemos entender que somente o futuro em princpio desconhecido e
desconhec'vel, o que significa que todo os hbitos, de esas e mecanismos de competio so dbios e ambguos
porque se ba eiam na experincia passada. omen e a
pessoa flexvel e criativa pode realmente dirigir o futuro,
somente aquela que pode fazer face a inovaes com confiana e sem temor. Estou convencido de que muito daquilo que ns agora chamamos de p icologia o e tudo
do artifcios que usamos para evitar a ansiedade da novidade absoluta, f' do ue o futuro ser igual ao assado.
Tentei dizer que toda nfase europia tem sua correspondente americana. o creio que isto tenha icado
suficientemente esclarecido. Recomendei a Rollo May
um volume americano acompanhante do que ele j editou. E naturalmente, a maior parte d.isso tudo representa
minha esperana de que estamos testemunhando uma
expanso da Psicologia, no um novo ''ismo>' que poder
se tornar uma antipsicologia ou uma anticincia.
J;: possvel que o existencialismo no somente enriquea a Psicologia. Pode tambm ser um empurro adicional para o estabelecimento de um outro ramo da
Psicologia, a psicologia do eu compl tamente evoludo e
autntico e de suas maneiras de ser. Sutich sugeriu chamar isso de ontopsicologia.
Certamente parece mais e mais claro que aquilo a
que chamamos "normal,, em Psicologia realmente uma
psicopatologia da mdia, to pouco dramtica e to am-
Rollo May
66
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--- -----------
--
III
trocinado por uma bolsa de pesquisa, M-2920, do National Institute of Mental Healtb, Publlc Health Service, e parte do material j apareceu em The meaning of death, editado por Herman
68
Rollo May
temor e a morte. Este modo de ver tem enormes conseqncias prticas em todas as Bsferas da vida, econmica e poltica, bem como moral e religiosa.
( 2) Uma das mais distintas caractersticas do homem, em contraste com as outras espcies, a sua capacidade de compreender o conceito de uma futura - e
inevitvel morte. Em Qumica e Fsica, um 'fato quase sempre determinado pelos eventos que o precederam;
nos seres humanos, o comportamento presente depende
no somente do passado, mas, muito mais ainda talvez,
da orientao para com acontecimentos futuros. De fato,
o que uma pessoa procura vir a ser bem pode, certa
vezes, decidir ao que ela d ateno em seu passado. O
passado uma imagem que muda com a imagem que
temos de ns mesmos.
(3) A morte algo que acontece a cada um de ns.
Mesmo antes de sua chegada, ela uma presena ausente. Alguns afirmam que o temor da morte uma reao
universal e que ningum est livre do mesmo.2 Quando
paramos para considerar o assunto, a noo da singularidade e da individualidade de cada um de ns adquire
significado completo somente ao conceber que devemos
morrer. E neste mesmo encontro com a morte que cada
um de ns descobre sua nsia pela imortalidade.
( 4) Mais prximo da familia psicolgica, Freud
postulou a presena de um inconsciente desejo da morte
.nas pessoas, que ele ligou com certas tendncias para a
autodestruio. Melanie Klein acredita que o medo da
morte est na raiz de todas as idias persecutrias e, por
isso indiretamente, de toda a ansiedade. Paul Tillich
1
'
CAPRIO, F. S.
24 : 495-505, 1950.
W.BQORG, G. Fear of death.
12 : 465-75, 1943.
Psychoanal.
QuaTt.
Psicologia existencial
69
( 33), o telogo, cuja influncia se fez sentir na psiquiatria americana, baseia sua teoria da ansiedade no postulado ontolgico de que o homem futo, sujeito ao
no-ser. A insegurana bem pode ~ ser um smbolo da
morte. Qualquer perda pode representar uma perda total.
Jung v a segunda me ade da vida como estando dominada pelas atitudes do indivduo para com a morte. Em
suma, h um crescente reconhecimento da relao entre
a doena mental de algum e sua filosofia de vida e de
morte.
Temas e fantasias sobre a morte so proeminentes
em psicopatologia. As idias sobre a morte so peridicas
em alguns pacientes neurticos e nas alucinaes de
muitos indivduos psicticos. H o estupor do paciente
catatnico, algumas vezes comparado a um estado de
morte, e as iluses de imortalidade em certos esquizofrnicos. Tem me ocorrido que a negao esquizofrnica da
realidade pode funcionar, em certos casos, como um obstculo mgico se no como anulao, da possibilidade
a morte. Se viver leva inevitavelmente a morte ento
a morte pode ser desviada pelo no viver. Tambm um
certo numero de psicanalistas 4 de opinio de que uma
BROMBERG, W. & SCHILDER P. The attitudes of psychoneurotics toward death. Psychoa11.al. Rev. 23 : 1-28, 1936.
TEICHER J. D. Combat fatigue or death anxety neurosis. J. NeTv. Ment. Dis. 117 : 234-43 1953.
BOISEN, A; J'ENKINS, R. L. LORR M. Schizopbrenic
deation as a stri ving toward the solution of conflict. J. Clin.
Psychol. 1 O : 388-91, 954.
4
...., ENICHEL, O. The psychoana 11tic theOTy of neuroses.
N ew York Norton 1945.
SCIIlLDER P. Notes on the psychology of metrazoI
treatment of. schizophrenia. J. NeTv. Ment. Dis. 89 : 133-44
3
1939.
SILBERMANN 1 I. The psychological experiences during the shock therapy. Int. J. Psychoanai. 21 : 179-200, 1940.
70
Rollo May
Psicologia existencial
71
72
Rollo May
No limitado espao disponvel para mim, desejo indicar algumas descobertas gerais sobre atitudes para com
a morte, resultantes de uma contnua srie de investigaes que estou atualmente realizando. Elas tero de ser
consideradas to-somente como uma rpida reportagem,
passvel de, e sujeita a modificaes. Espero, contudo,
que elas sugiram possibilidades teraputicas. Os resultados baseiam-se em quatro grupos maiores : 85 pacientes
mentalmente doentes, na idade mdia de 36 anos; 40
pessoas mais velhas na idade mdia de 67 anos; 85 "normais", consistindo de 50 jovens na idade mdia de 26
anos, e 35 profissionais liberais, na idade mdia de 40
anos; e 20 pacientes, extremamente doentes, na idade
mdia de 42 anos.
Na resposta pergunta "O que a morte significa
para voc?" dois pontos de vista dominaram. Um v a
morte numa veia filosfica, como o fim natural do processo vital. O outro de natureza religiosa, percebendo
a morte como a dissoluo da vida corporal e, na realidade, o comeo de uma nova vida. Esta descoberta, num
certo sentido, amplamente espelha a interpretao da
morte na histria do pensamento ocidental. Destes dois
plos opostos, podem se derivar duas ticas contrastantes. "De um lado, a atitude para com a morte a aceitao estica ou cptica do inevitvel, ou mesmo a represso do pensamento de morte pela vida; do outro, a
glorificao idealista da morte a que proporciona significado a vida, ou a pr-condio para a verdadeira vida
do homem."7 Esta descoberta pe em destaque a profunda
contradio que existe em nosso pensamento sobre o problema da morte. Nossa tradio pressupe que o homem
termina com a morte e que, ao mesmo tempo, capaz
7
cit. nota 6.
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H, naturalmente, idio sincrasias pessoais - "num jardim", "contemplando o oceano": "numa rede em dia de
primavera". Entre 15 e 20% em cada grupo dizem que
no lhes faz muita diferena onde morrer. Gostaramos
a BROMBERG & SCHILDER, op. cit. nota 3.
74
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1956.
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continuidade da vida na Terra - o que est sendo deixado para trs - em vez de naquilo que poder vir a
acontecer depois da morte. A nfase para a pessoa religiosa dupla. Preocupa-se com assuntos post-morte.m ''posso ir para o inferno", "tenho pecados para expiar
ainda ' - bem como com a cessao das presentes experincias terrestres. Os dados indicam que mesmo a crena de ir para o paraso no um antdoto suficiente para
pr fim ao medo pessoal da morte de algumas pessoas
religiosas. Esta verificao, juntamente com o forte temor da morte expre so em anos passados por um nmero
substancial de indivduos inclinados religiosidade, pode
refletir um uso defensivo da religio por parte de alguns
de nossos objetos de estudo. De modo correspondente, a
pessoa religiosa objeto de nosso estudo sustenta uma
-Orientao mais significativamente negativa para com os
anos mais avanados da vida do que o faz a correspondente pessoa no religiosa.
No mesmo contexto creio que a nfase frentica
sobre e a contnua busca da, 'fonte a juventude" em
muitos segmentos de nossa sociedade reflete, at certo
onto, as ansiedades referentes a morte. Uma das razes
por que tendemos a rejeitar os velhos que eles nos fazem lembrar a morte. Os profissionais especialmente os
mdicos, que entram em contato com pacientes crnicos
e extremamente enfermos tm notado em si prpnos
tendncias paralelas de :fuaa. titudes contra a fobia da
morte por exemplo, podem ser observa as entre os mcos internos. Aqui esta eao por parte do mdico e
compreensvel: a necessidade de remover a roupagem da
libido, o alvio da tragdia implacvel, a realidade de que
outros podem se beneficiar mais com seu tempo, etc.
Mas eu advertiria que alguns mdicos com freqncia
rejeitam o paciente moribundo porque este reativa ou
desperta seus prprios temores da morte e que em alguns
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inveja pelos que continuam vivos e do desejo, que raramente chega ao consciente, de que esposo, pai, filho ou
amigo morra em seu lugar. Existe a idia de que pode
ser este desejo, em parte, que fora a ao naqueles caso de pessoas seriamente enferma , que no s se matam, como matam a famlia e mesmo os amigos. 1
Os que continuam vivos respondem com sua prpria
culpa - por estarem vivos e verem algum mais morrer
e, talvez, por desejarem mesmo que a pessoa moribunda
se apresse em seu caminho. Na verdade, a maior parte
das pessoas saudveis se sente ansiosa e culpada ao ver
algum mais morrer. O confronto direto com o fato existencial da morte parece arremessar uma influncia malfica sobre o funcionamento do ego.
Ainda, estamos cientes de que a maturidade humana traz consigo um reconhecimento de limite, que um
notvel avano no autoconhecimento. De certa maneira,
a disposio para morrer aparece como uma necessria
condio de vida. o estamos totalmente livres em qualquer ao enquanto formos comandados por uma inescapvel vontade de viver. Neste contexto, os riscos dirios
da vida, por exemplo dirigir na cidade, fazer uma vi gem
area, perder a vigilncia ao dormir, tornam-se formas
de quase extravagante insensatez. A vida no nos pertence genuinamente at que possamo renunciar a ela. e
Montaigne penetrantemente observou que "somente o homem que no mai teme a morte deixou de ser um
e cravo'.
A observao clnica ugere a reflexo de que para
ARONSON, G. J . Treatment of the dying person. ln:
FEIFEL, H., ed. The meaning of death. New York, l\1cGrawHill, 1959.
11
BOCKING, W. E. The meaning of immortality i n human experience. New York, Harper, 1957.
12
80
Rollo May
muitos indivduos a percepo da morte desde uma distncia temporal e quando ela est pessoalmente prxima
pode constituir dois assuntos diferentes. Tambm o conhecimento do grau 'externo" de ameaa sozinho parece
ser uma base insuficiente com a qual predizer> com qualquer certeza, como uma pessoa reagir a ele. A informao
de que voc est para morrer no futuro prximo no constitui necessariamente uma situao de extrema tenso
para determinados indivduos. A estrutura do carter da
pessoa - o tipo de pessoa que ela - pode muitas vezes ser mais importante do que o prprio estmulo ameaador-da-morte para determinar reaes. Na continuao
do trabalho> esperamos escrutinar mais de perto as relaes existentes aqui> isto , relacionar as atitudes em relao morte com o tipo de pessoa que as possui.
Minha prpria tese experimental que os tipos de
reao para com a morte iminente so uma funo de
fatores entreligados. Firmemente sustento aqui o ponto
de vista de Beigler.1s Alguns dos mais significativos, a
ttulo de hiptese ~ parecem ser: ( 1) a maturidade psicolgica do indivduo; (2) maneira de fazer frente as
tcnicas disponveis para ele; ( 3) a influncia de sistemas referenciais variveis> tais como orientao religiosa,
idade, sexo; ( 4) severidade do processo orgnico; e ( 5)
as atitudes do mdico e de outras pessoas de significao
no mundo do paciente.
A pesquisa em progresso refora o pensamento de
que a morte pode significar coisas diferentes para diferentes pessoas. Mesmo num grupo cultural estreitamente
definido> torna-se evidente a qualidade psicolgica desigual do medo da morte. 14 A morte um smbolo de mlis
BEIGLER, J. Anxiety as an aid in the prognostication
of impending death. A. M. A. Arch. Neurol. Psychiat. 77 : 171-7,
1957.
14. MURPHY, G. Discussion. ln: FEIFEL, op. cit. nota 11.
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cuidado e ansiedade, temor e morte. Alegria, amor e felicidade provm indcios igualmente vlidos para a realidade e o ser. 16 Como Gardner Murphy 17 perspicazmente
salientou, est longe de estar estabelecido que toda enfrentao da morte represente necessariamente proveito
para a sade mental. Em certos estudos com pilotos durante a Segunda Guerra Mundial 18 descobriu-se que aqueles que no sucumbiam psicologicamente conservaram,
nos momentos de mais extremo perigo, a iluso de invulnerabilidade. Aparentemente, h a necessidade de fazer
face morte e tambm a de voltar-lhe as costas. rn
Minha opinio que h um passo muito necessrio
a avanar para que a Psicologia reconhea que o conceito
de morte representa um fato psicolgico e social de importncia substancial e que as palavras atribudas a
Goethe ao morrer - "Mais luz,, - so particularmente
apropriadas ao campo em discusso.
11
19
IV
Fundamentos Existenciais da Psicoterapia
ROLLO MAY
H diversas tentativas nos Estados Unidos para sistematizar a teoria psicanaltica e psicoteraputica em
termos de foras, dinamismos e energias. O enfoque
o negamos
existencial o opo to dessas tentativas.
dinamismos e foras, o que no teria entido. Ma sustentamos que eles s tm significado no contexto do ser
existente, vivo e posso usar uma palavra tcnica,
somente no contexto ontolgico.
Se devemos ter uma cincia adequada para servir
como fundamento para a psicoterapia, so necessrios
vrios princpios orientadores. Primeiro, a cincia deve
ser relevante para as caractersticas d' tintivas daquilo
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neurticos, estar relacionada com comportamento traduzido por aes. Mas a autoconscincia coloca esta p ':cepo em nvel bastante diferente; a viso do paciente
de que ele que est sendo ameaado, que ele o ser
que est neste mundo que ameaa que ele o sujeito
que possui um mundo. E isto lhe proporciona a possibilidade de insight, de "viso intemalizada" de ver o mundo
e seus problemas com relao a si prprio. E assim dlhe a possibilidade de fazer algo sobre seus problemas.
Para retornar nossa paciente por tanto tempo calada: depois de mais ou menos vinte e cinco horas de
terapia, a Sra. Hutchens teve o seguinte sonho. Ela stava procurando um beb de quarto em quarto, numa
casa interminvel, num aeroporto. Pensava que o beb
pertencesse a outra pessoa, mas que esta outra pessoa
lhe permitiria ficar com a criana. Ora, parecia que ela
colocara o beb num bolso de seu robe eou do robe de
sua me), e ela estava tomada pela ansiedade de que o
beb poderia asfixiar-se. Para sua alegria, descobriu que
o beb ainda estava vivo. Ento teve um estranho pensamento: 'Devo mat-lo?"
A casa ficava no aeroporto onde ela, aos vinte anos,
aprendeu a voar desacompanhada um ato muito importante de auto-afirmao e independncia de seus pais. O
beb estava associado a seu filho mais jovem, a quem
ela identificava regularmente consigo mesma. Permitamme omitir a ampla evidncia associativa que nos convenceu a ambos a ela e a mim prprio, de que o beb
representava ela mesma, e especificamente a conscincia
de si mesma. O sonho uma expresso da emergncia e
crescimento da autoconscincia uma conscincia que ela
no est ainda certa de ser sua e uma conscincia que
ela considera destruidora no sonho.
Mais ou menos seis anos antes da terapia, a Sra.
Hutchens havia abandonado a f religiosa de seus pas,
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com os quais, a maneira deles, ela havia tido um relacionamento muito autoritrio. Ento ela uniu-se a uma
igreja de sua prpria crena. Mas ela nunca ousou alar
a seus pais a respeito disso. Pelo con rio, quando eles
a vinham vi.s itar, freqentava a igreja deles sob muita
tenso, temendo que um de seus filhos revelasse o segredo. Depois de mais ou menos trinta e cinco se ses,
quando estava considerando a idia de escrever a seus
pais comunicando a r speito de sua troca de cren a, ela
sofreu, por um perodo de duas semanas, desmaios parciais no meu consultrio. Ela tornava-se repentinamente
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sua existncia, isto , sua oportunidade para uma independncia mais completa. A autoconfrontao que est
implicada na aceitao da autoconscincia no muito
simples: ela acarreta, para identificar alguns dos elementos a aceitao das averses do passado, o rancor de sua
me- por ela e o dela por sua me a aceitao dos seus
motivos presentes de rancor e destruio o corte a avs
de racionalizaes e iluses em torno de seu comportamento e motivos, e a aceitao da responsabilidade e
solido que isto implica; a renncia a onipotncia da infncia, e a aceitao do fato de que embora ela nunca
possa ter certeza absoluta sobre suas escolhas, deve de
qualquer maneira faz-las.
Mas todos estes pontos especficos, suficientemente
fceis de serem por i mesmos entendidos, devem ser
vistos luz do fato de que a conscincia por si mesma
implica sempre a possibilidade de voltar-se contra o prprio eu, de negar o prprio eu. A natureza trgica da
existncia humana inseparvel do fato de que a conscincia em si envolve a possibilidade e a tentao, a todo
o instante, de destruir-se. Dostoievski e nossos outros
antepassados existenciais no foram indulgentes na hiprbole potica, nem em expressar os efeitos posteriores
do excesso de vodca da noite anterior quando escreveram
sobre o peso agonizante da liberdade.
Espero que o fato da psicoterapia existencial enfatizar estes aspectos trgicos da vida no d absolutamente
a impresso de ser ela pessimista. Muito ao contrrio.
O confronto com a tragdia genuna uma experincia
altamente catrtica do ponto de vista psquico, como
Aristteles e outros atravs da histria nos tm recordado. A tragdia est inseparavelmente ligada dignidade
do homem e sua grandeza, e a companheira, como foi
ilustrado nos dramas de ~dipo e Orestes, do momento de
grande insight do ser humano.
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V
Duas Tendncias Divergentes
CARL R. ROGERS
Durante o decorrer da conveno onde estes trabalhos foram originalmente lidos, fui chamado para fazer
comentrio sobre duas apresentaes, uma envolvendo
uma teoria geral de psicoterapia, baseada na teoria do
aprendizado, e a outra sobre o ponto de vista existencial
em Psicologia e psicoterapia, que agora aparece nos anteriores captulos deste livro. Estas duas apresentaes
simbolizam, de maneira interessante, duas fortes correntes na psicologia americana de hoje em dia, correntes
que no momento parecem irreconciliveis porque no desenvolvemos ainda a estrutura referencial mais ampla
que contenha ambas. Como meu prprio interesse reside
sobretudo na psicoterapia, vou limitar-me aqui a uma
discusso dessas tendncias tal como elas aparecem neste
campo.
A tendncia "objetiva"
De um lado, nossa devoo a obstinaes rigorosas
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ordem que inerente a qualquer dada srie de acontecimentos. Penso que este segundo conceito tem mais probabilidades de descobrir os aspectos singularmente humanos da terapia.
Mtodo emprico como uma reaproximao
Tentei esboar ligeiramente estas duas correntes divergentes, cujos advogados acham muitas vezes difcil a
comunicao, por serem to grandes suas diferenas.
Uma funo que eu posso, talvez desempenhar a de
indicar que o mtodo cientfico por si mesmo proporciona
uma base para reaproximao. Vou explicar-me melhor.
Do modo como May estabeleceu seus seis princpios,
eles devem ser detestveis para muitos psiclogos americanos, porque parecem ser muito vagos, muito filosficos,
muito instveis. Todavia, eu no encontro absolutamente
clific~ldade em deduzir hipteses comprovveis a partir
de seus princpios. Aqui esto alguns exemplos.
A partir de seu primeiro princpio: Quanto mais o
eu da pessoa for ameaado, tanto mais ela exibir comportamento neurtico defensivo.
Quanto mais o eu da pessoa for ameaado, tanto
mais suas maneiras de ser e o comportamento se tornaro contrados.
A partir de seu princpio nmero dois: Quanto mais
o eu estiver livre de ameaa, tanto mais o indivduo exibir comportamentos auto-afirmativos.
A partir do princpio nmero trs, a hiptese mais
complexa, mas ainda cru amente comprovvel: Quanto
mais o indivduo experimentar um clima livre de ameaa
ao eu, tanto mais exibir a necessidade e a realizao _d e
comportamento participativo.
A partir do princpio nmero seis: Uma ansiedade
especfica ser resolvida somente se o cliente perder o
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Psicologia existencial
emprica pode auxiliar a investigar a verdade dos princpios ontolgicos da terapia estabelecidos por May, dos
princpios da dinmica da personalidade implcitos nas
observaes de Maslow, e mesmo dos efeitos de diferentes
ercepes da mo te como foram estabelecidos por Feifel.
A longo prazo provvel, como Maslow e pera, que o
envolvimento da cincia psicolgica nestes campos sutis,
subjetivos e impregnados de valores efetue por si mesmo
o prximo passo na teoria da cincia.
Um exemplo
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ele fosse emocionalmente receptivo aos fatos em si prprio e em seu meio ambiente.
Essas avaliaes, nos setenta e cinco delinqentes,
foram comparadas com avaliaes do seu comportamento
de dois a trs anos depois do estudo inicial. Esperava-se
que as avaliaes obtidas sobre o clima familiar e experincia social com pessoas semelhantes seriam os melhores prognosticadores do comportamento futuro. Para
espanto nosso, o grau de autocompreenso foi o melhor
prognosticador, correlacionando 0,84 com o comportamento futuro, enquanto que a qualidade da experincia
1
ROGERS, C. R.; KELL, W. L.; McNEIL, H. The role
of self-understanding in the prediction of behavior. Jour. Consu.lt. PsYchol., 12 : 174-86, 1948.
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VI
Comentrios sobre Captulos Anteriores
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compreensivos e integrativos em suas vidas (verdadeirosfins-em-si-mesmos), temero menos a morte. Ao contrrio, aquelas com valores "extrnsecos' (defensivos, escapistas, etnocntricos) temero mais. Meu prognstico
aqui segue nossa descoberta de que o preconceito tnico
est positivamente associado com um tipo extrnseco de
religio, ao passo que um tipo intrnseco tende para a
tolerncia e universalidade da viso.
A terceira proposio de um tipo diferente. Ambos,
Maslow e Feifel, acham que o existencialismo europeu
muito se preocupa com temor, angstia, desespero e
"nusea", cujo nico remdio a firmeza t O aspecto
beatnik do existencialismo de sabor europeu, no americano.
As tendncias no existencialismo americano sero
( e so) muito mais otimistas. Sartre diz que "no h
sada". Lembram-se de Epicteto, o Estico, que escreveu
muito tempo atrs: "Ento, o seu nariz escorre? Pois
ento, seu tolo, considere-se feliz por ter uma manga para enxug-lo". Pode algum imaginar Carl Rogers oferecendo tal conselho?
Os acientes americanos sofrem t~o profundamente
e, como diz Maslow, so to afligidos pela frivolidade de
suas vidas como o so os pacientes europeus. Toda via,
a nfase sobre a resignao, a aceitao, mesmo sobre a
"coragem de ser" parece mais europia do que americana.
Viktor Frankl, cujo recente livro From death camp to
existencialism me surpreende como o mais sensato livro
elementar sobre o assunto, oferece pouca esperana alm
da aceitao da responsabilidade e a descoberta de um
significado para o sofrimento. Movimentos americanos de
ordem quase-existencial (terapias centradas no cliente,
do crescimento, da auto-realizao e do ego) so mais
otimistas em suas orientaes.
Finalmente, o que considero ser o tpico terico
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RICOEUR, P.
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30.
Kierkegaard anthology.
117
New York, Modern Li-
brary, 1959.
LACAN, J. The Language of the self: the function of
Zangu.age in pS1JChoanalysis. Baltimore,
Johns Hop..
kins Press, 1968.
O nico livro at ento traduzido para o ingls do
psicanalista que considerado por muitos como a
mais importante figura no pensamento francs contemporneo. Uma bibliografia completa de seus escritos pode ser encontrada no ap ndice, p. 263-8,
de "Yale French Studies", n. 0 36-7, 1966.
MARCEL, G. The existential background of human
dignity. Cambridge, Mas s., Harvard University
Press, 1963.
Este trabalho, e o seguinte, indicado no nmero 29,
fornecem uma introduo ao pensamento de um
eminente representante do pensamento existencialista catlico.
Being and having: an existentialist diary. New
York, Harper & Row, 1965.
MASLOW, A~ Religion, values and peak experiences.
Columbus, Ohio State University Press, 1964.
Um sumrio das mais importantes contribuies do
psiclogo que tem sido o maior terico e inspirador para a "Terceira Fora" em Psicologia, uma
adaptao americana do pensamento existencialis-
ta.
Outros escritos:
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38.
39.
40.
41.
Freedom and nature: the voiuntary and the involuntary. Evanston, lli. Northwestern Uni-
42.
43.
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S11mbolism of evil.
1967.
ROGERS, C. R. CounseHng and psychoterapy. Boston,
Houghton Mifflin, 1942.
Este trabalho estabeleceu o enfoque no-diretivo
em psicoterapia. O pensamento de Rogers primoirmo do enfoque fenomenolgico, e tem sido de
importncia primordial com relao a tpicos clnicos, filosofia da cincia e orientao da psicologia contempornea.
Escritos adicionais:
Person or science? A philosophical question.
American Psychologist, 1 O : 267-78, 1955.
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45.
119
Mifflin, 1959.
On becomin g a peTson. Boston, Houghton
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Mlff~
lin, 1961.
& STEVENS, B. Person to person. Walnut
Creek, Calli., Real People, 1967.
& DYMOND, R. F. Psycotherapy and f)C'f"
sonaiity change. Chicago, University of Chicago Press, 1954.
Um registro de um importante projeto de
pesquisa sobre terapia do paciente externo.
The the'Japeutic relationship and its impact: a
50.
51 .
52.
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63.
64.
other plays.
~lay
New York,
Vintage, 1955.
The flies pode ser lido como um ensaio sobre
a memria e a culpa, e No exit como uma
declarao sobre a psicologia das relaes interpessoais.
Literary essays. New York, Philosophical Library, 1957.
Um ensaio sobre a arte do cinema.
GRENE, M. Dreadful freedom: a critique oj
existentialism. Chicago, University of Chicago Press, 1948.
Reeditado em 1959 pela mesma editora sob
o ttulo de Introduction to existentialism.
KUHN, H.
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65.
66 .
67.
6.8 .
121
New York, Free
Press, 1963.
Uma relevante contribuio terica para com.
a psicologia fenomenolgica, em contraste
com o behaviorismo.
Phenomenological psychology. New York; Basic Books, 1966.
Uma cole o de seus mais significativos trabalhos em tpicos desde a dana e a postura
ereta do homem at a objetividade e a liberdade.
BAEYER, W. v-0n & GRIFFITH R. M., eds.
Conditio humana. New York, Springer, 1966.
Uma coleo de trabalhos dedicados a Straus
por ocasio de seu 75. 0 aniversrio. Straus
editou tambm os volumes que relatam as
atas da duas primeiras Conferncias sobre
Fenomenologia de Lexington. Estes so:
STRAUS, E. W. Phenomenology: pure and
applied. Pittsburgh, Duquesne University
Press, 1964.
69.
70.
71.
72.
73.
74.
STRAUS E. W. & GRIFFITH, R. M., eds. Phenomenology of will and action. Pi ttsburgh,
Duquesne University Press, 1965.
TILLICH, P. The courage to be. New Haven, Conn.,
Yale University Press, 1952.
Um trabalho bsico pelo recente telogo, cujos escritos tm sido de profunda influncia no estabelecimento de um a tnica existencial no pensamento
religioso coe t mporneo.
Escritos adicionais:
Being and love. Pastoral Psychology, 5 : 43-8,
1954.
Psychoanalysis, ex.istentialism, and theology.
Pastoral Ps11chology, 1958, 9-17.
' Existentialism and psychoterapy". Publicado
simultaneamente em Existent. lnqu., 1, 1960
e em Pastoral Psychology. Reimpresso em Doniger, Simon, The Nature of man, Harper
& Row, 1962, p. 42-55.
Love, power, and justice. New York, Oxford,
1960.
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Phenomenology. ln: HARRIMAN, P . L., ed. Encycl. Psychot., New York, Philosophical Library, 1946.
106 . DAVID, H. P. & von BRACKEN, H., eds. Perspectives
in personality theory. New York, Basic Books,
1957.
Baseado nas atas de uma conferncia internacional; de especial interesse so os trabalhos de WelIek, Nuttin, v an Lennep, e o de Buytendijk sobre
a feminilidade.
107 . De BEAUVOffi, S . The second sex. New York, Knopf,
1953.
Um tratamento do "problema da mulher" por uma
associada e seguidora de Sartre.
108 . DUNCKER, K. On pleasure, emotion, and striving.
Phil. Phenomenol. Res., 1 : 391-430, 1940.
Este um captulo, de um brilhante psiclogo da
escola da Gestalt, de seu livro no concludo sobre
a motivao.
109 . FEIFEL, H., ed. The meaning of death. New York,
McGraw-Hill, 1959.
Uma coleo de ensaios sobre um importante tema
"existencialista".
110. FRIEDMAN, M., ed. Worlds of existentiatism. New
York, Random House, 1964.
111. FROMM, E. Escape from freedo.m. New York, Rinehart, 1941.
Enfoq~.~ humanstico de Fromm que est intimamente ligado ao dos existencialistas, particularmente em seus escritos sobre as relaes humanas.
Veja tambm:
Man foT himseZf. New York, Rinehart, 1947.
112.
113. GAFFRON, M. Some new dimensions in the phenomenal analysis of vis u a 1 experience. J. Pers.,
24 : 285-307' 1956.
Um excelente exemplo deste mtodo aplicado a um
problema experimental.
114. GURWITSCH, A. The phenomenological and the psychological approach to consciousness. Phil.. Phenomenoi. Res., 15 : 303-19, 1954.
O ponto de vista de um dos poucos filsofos que
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perincia da cor.
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Press, 1963.
MacLEOD, R. B. The phenomenological approach to
social psychology. Psycholog. Rev., 54 : 193-210,
1947.
Um dos poucos trabalhos sobre a fenomenologia
clssica numa revista americana de Psicologia . Ver
tambm:
131 .
The place of phenomenological analysis in so~
cial psychological theory. ln : ROHRER, J. H.
& SHERIF, M., eds. Social psychology at the
crossroads. New York, Harper & Row, 1961.
132. MAY, R. The m eaning of anxiety. New York, Ronald
Press, 1950.
Uma reviso dos pontos de vista dos mais importantes pensadores modernos no assunto, escrito
por um psiclogo-psicanalista que tem sido uma
das mais eminentes figuras americanas na divulgao da influncia existencialista.
Escritos adicionais:
133 .
Man's search for himself. New York, Northon, 1953.
134 .
The nature of creativity. ln: ANDERSON, H.
H., ed. Creativity and its cultivation. New
York, Harper & Row, 1959.
135.
Intentionality, the heart of human will. J.
Humanist. Psychology, 5, ( 2 ) : 55-70, 1965.
136.
Psychology and the human dilemma. Princeton, N. J., Van Nostrand, 1967.
137.
Love and will. New York, Norton, 1969.
138. McGILL, V. J. The bearing of phenomenology on psychology. Phil. Phenomenol. Res. 7 : 357-68, 1947.
Uma til discusso da metodologia.
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tambm :
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cial'' da
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156.
especializa~o.
Ver tambm:
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163.
164.
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166.
167.
Rollo May
Um ensaio fascinante, reimpresso na edio de W.
D. Ellis, A source book of Gestalt psychology.
New York, Humanities Press, 1950.
Von UEXKUELL, J. Theoretical biology. London, Kegan Paul, Trencb, Trubner, 1926.
Um dos mais antigos livros numa cincia correlata
a ser influenciada por Husserl. Para trabalho mais
recente, ver os vrios escritos do zologo Heini Hediger e do bilogo Adolph Portmann.
W ANN, T. W., ed. Behaviorism and phenomenology:
contrasting bases for modern psychology. Chicago,
University of Chicago Press, 1964.
Trabalhos apresentados num simpsio na Rice University.
WILD, J. Existence and the world of freedom. New
York, Prentice-Hall, 1963.
Por um dos eminentes filsofos fenomenolgicos
americanos.
WINTHROP, H. The Verstehen claim in the behavioral
sciences. Rev. Existent. Psychol. Psychiat., 4 .:
141-57, 1964.
WYSCHOGROD, M. Kierkegaard and Heidegger: the
ontology of existence. New York, Humanities
Press, 1954.
Difcil, mas altamente recompensador.
SEAO III
168.
'
169.
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171.
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181.
182.
Rollo May
Psychoanalysis and daseinsanalysis.
New York,
183.
184.
185.
186.
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2 : 137-46, 1957.
FARBER, L.
P icologia existencial
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