Central de Cases Central de Cases ESPM NO TOPO DAS AMRICAS: o planejamento de um projeto de altssimo risco www.espm.

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Central de Cases Central de Cases ESPM NO TOPO DAS AMRICAS: o planejamento de um projeto de altssimo risco Preparado pelo Prof. Rodrigo Siqueira, ESPM-RJ, com relevantes contribuies de Camila Freire Bezerra, pesquisadora do Projeto de Iniciao Cientfica (PIC). Este caso foi escrito inteiramente a partir de vivncias do autor e outras fontes mencionadas no tpico Referncias . Este texto destinado exclusivamente ao estudo e discusso acadmica, sendo vedada a sua utilizao ou reproduo em qualquer outra forma. A violao aos direitos autorais sujeitar o infrator s penalidades da Lei. Direitos Reservados ESPM. 2008 www.espm.br/centraldecases

RESUMO Este caso descreve o processo de planejamento e execuo de uma expedio de alta montanha. O caso apresenta os desafios enfrentados pela expedio e o planejamento e gerenciamento de riscos empreendidos de forma a evitar mortes e aumentar a pos sibilidade de chegada ao cume. A expedio ocorreu entre 5 e 17 de janeiro de 2006 no Monte Aconcgua, situado na Cordilheira dos Andes, e a maior montanha do hemisfrio sul e do ocidente, com 6.962 metros de altitude. Apresentam-se aqui os fatos oco rridos e, por final, estabelecem-se alguns questionamentos pertinentes ao planejamento tanto quanto execuo. PALAVRAS-CHAVE Planejamento, projetos, expedio, risco, execuo. Central de Cases 3 Central de Cases

SUMRIO Uma viso......................................................................... ....................... 5 Expedies de alta montanha......................................................... ........ 5 O Aconcgua....................................................................... ........... 6 O Mal de Altitude (Mal Agudo de Montanha) ................................. 7 O planejamento da ascenso........................................................ .......... 8 Um ano de planejamento para dez dias de execuo...................8 O cronograma de ascenso.........................................................1 0 A ascenso........................................................................ ....................10 Questes para discusso............................................................. ......... 11 Referncias....................................................................... ..................... 11

Central de Cases 5 Uma viso O que leva um homem se unir a outros e se aventurar a lugares inspitos, enfrentar condies extremas de sobrevivncia, a saudade da famlia, solido e mesmo assim seguir adiante? Que sentimento ou razo existem para essas pessoas se imporem tamanho desafio e, ainda assim, persistirem? Tais perguntas so difceis de ser respondidas, tanto para os montanhistas quanto (e ainda mais) para os que no so. Em janeiro de 2006, Rodrigo Siqueira, mon tanhista e professor da ESPM, partiu rumo ao Aconcgua, esperanoso de vivenciar uma experincia mpar e alcanar o cume da montanha. O caso a seguir apresenta os desafios enfrentados pela expedio, assim como aspectos do planejamento empreendido . A expedio ocorreu entre 5 e 17 de janeiro de 2006, no Monte Aconcgua, maior montanha do hemisfrio sul e do ocidente, com 6.962 metros de altitude. A ideia de escalar o Aconcgua surgiu em janeiro de 2005, quando, em turismo pelo Chile, Rodrigo atravessou a fronteira da Argentina e seguiu at o Parque Naci onal do Aconcgua, situado nas imediaes da cidade de Mendoza. A viso do grande sentinela de pedra, mesmo a 40 quilmetros era imponente e, como uma paixo primeira vista, a ideia de escalar a montanha no saiu de sua mente por um ano. Todo o ano de 2005 foi de planejamento para enfrentar uma expedio em terreno desconhecido e sem a contratao de guias profissionais. Tal como um empreendimento de negcios, tal projeto precisava ser planejado: expedies de alta montanha so perigosas e envol vem mais do que perder tempo e capital investido: a perda de vidas. Expedies de alta montanha Expedies de alta montanha despertam o interesse da mdia e pessoas comuns devido ao fato de os riscos serem proporcionais s conquistas empreendidas pelos montanhi stas. No dia 18 de maio de 2006, o Brasil chegou ao cume do Everest, a montanha mais alta do mundo, localizada na Cordilheira do Himalaia, com seus assombrosos 8.848 metros, sem o auxlio de oxignio suplementar. Entretanto, maior divulgao do que o feito obteve a trgica morte do alpinista Vtor Negrete, que no conseguiu retor nar em segurana e faleceu no dia 19, j no ltimo acampamento avanado, pouco abaixo do cume. O interesse do homem pelas montanhas vem desde o incio da histria humana. Os motivos variam desde religiosidade, admirao, superao, medo e o fascnio pelo desconhecido. Na Grcia Antiga (2000 A.C.), por exemplo, acreditava-se que os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da regio. J na Idade Mdia, por volta do sculo XV, devido forte viso teocntrica da poca, acreditava-se que no alto das montanhas viviam monstros e drages. Foi com o incio do Iluminismo (sculo XVIII), movimento histrico que incentivou o desejo de conhecer a si prprio e o mundo ao redor, que as montanhas passaram a aguar a curiosidade do homem e El Aconcgua... El Centinela de Piedra... En sus pendientes inhumadas, donde el hielo y el viento son soberanos, suelen tocarse los extremos: el principio y el final de un camino; el xito y el fracaso; la vida y la muerte. Central de Cases 5 Uma viso O que leva um homem se unir a outros e se aventurar a lugares inspitos, enfrentar condies extremas de sobrevivncia, a saudade da famlia, solido e mesmo assim seguir adiante? Que sentimento ou razo existem para essas pessoas se imporem tamanho

desafio e, ainda assim, persistirem? Tais perguntas so difceis de ser respondidas, tanto para os montanhistas quanto (e ainda mais) para os que no so. Em janeiro de 2006, Rodrigo Siqueira, mon tanhista e professor da ESPM, partiu rumo ao Aconcgua, esperanoso de vivenciar uma experincia mpar e alcanar o cume da montanha. O caso a seguir apresenta os desafios enfrentados pela expedio, assim como aspectos do planejamento empreendido . A expedio ocorreu entre 5 e 17 de janeiro de 2006, no Monte Aconcgua, maior montanha do hemisfrio sul e do ocidente, com 6.962 metros de altitude. A ideia de escalar o Aconcgua surgiu em janeiro de 2005, quando, em turismo pelo Chile, Rodrigo atravessou a fronteira da Argentina e seguiu at o Parque Naci onal do Aconcgua, situado nas imediaes da cidade de Mendoza. A viso do grande sentinela de pedra, mesmo a 40 quilmetros era imponente e, como uma paixo primeira vista, a ideia de escalar a montanha no saiu de sua mente por um ano. Todo o ano de 2005 foi de planejamento para enfrentar uma expedio em terreno desconhecido e sem a contratao de guias profissionais. Tal como um empreendimento de negcios, tal projeto precisava ser planejado: expedies de alta montanha so perigosas e envol vem mais do que perder tempo e capital investido: a perda de vidas. Expedies de alta montanha Expedies de alta montanha despertam o interesse da mdia e pessoas comuns devido ao fato de os riscos serem proporcionais s conquistas empreendidas pelos montanhi stas. No dia 18 de maio de 2006, o Brasil chegou ao cume do Everest, a montanha mais alta do mundo, localizada na Cordilheira do Himalaia, com seus assombrosos 8.848 metros, sem o auxlio de oxignio suplementar. Entretanto, maior divulgao do que o feito obteve a trgica morte do alpinista Vtor Negrete, que no conseguiu retor nar em segurana e faleceu no dia 19, j no ltimo acampamento avanado, pouco abaixo do cume. O interesse do homem pelas montanhas vem desde o incio da histria humana. Os motivos variam desde religiosidade, admirao, superao, medo e o fascnio pelo desconhecido. Na Grcia Antiga (2000 A.C.), por exemplo, acreditava-se que os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da regio. J na Idade Mdia, por volta do sculo XV, devido forte viso teocntrica da poca, acreditava-se que no alto das montanhas viviam monstros e drages. Foi com o incio do Iluminismo (sculo XVIII), movimento histrico que incentivou o desejo de conhecer a si prprio e o mundo ao redor, que as montanhas passaram a aguar a curiosidade do homem e El Aconcgua... El Centinela de Piedra... En sus pendientes inhumadas, donde el hielo y el viento son soberanos, suelen tocarse los extremos: el principio y el final de un camino; el xito y el fracaso; la vida y la muerte.

faz-lo aventurar-se nelas com esprito desbravador. Assim, Horace Benedict Saussure, naturalista, fsico e professor de Filosofia na Universidade de Genebra, aspirando realizar inmeras pesquisas cientficas no Mont Blanc, ponto culminante dos Alpes Europeus, com 4.807 metros de altitude, oferec eu uma recompensa em dinheiro para quem descobrisse a via de ascenso montanha. Com isso, aps muitos anos de tentativas, em 1786, o mdico Michel-Gabriel Paccard e o pesquisador de diamantes Jacques Balmat, chegaram ao cume do Mont Blanc, iniciando a histria do montanhismo. Com o decorrer da histria, as montanhas foram conquistando diferentes sig nificados e sentimentos para o homem. Depois de chegarem a ser vistas com medo e averso, hoje atraem olhares extasiados dos admiradores da natureza, e tornaram-se , alm de fonte de lazer e recreao, objetos de desejo para um seleto grupo de esportis tas: os montanhistas. As informaes que seguem foram coletadas durante a fase de planejamento da expedio. O Aconcgua Localizado na regio de Puente del Inca, perto da cidade de Mendoza, na Argentina, o Monte Aconcgua mostra-se imponente com 6.962 metros de altitude. A maior montanha fora do Himalaia foco de desejo e perplexidade devido ao seu monumental porte, impondo-se como a maior montanha dos Andes, das Amricas e de todo Ocidente. O nome Aconcgua de origem indgena e a corrente mais forte de linguistas afirma que esse nome possui uma raiz no idioma quchua e deriva de cuja traduo de seria Sentinela de Pedra . Apesar de no estar na faixa dos 8.000 metros, como vrias montanhas do Himalaia, o Aconcgua considerado a pequena de oito mil devido escassa umidade presente, ao ambiente desrtico e s condies climticas semelhantes s apresentadas em muitos picos de 8.000 metros. Segundo especialistas, o esforo psicolgico e fsico de se ascender o Aconcgua supera em muito seus quase 7.000 metros. Mesmo assim, e talvez por isso mesmo, todos os anos centenas de montanhistas de diversos pases adquirem seu permiso por US$ 1.000,00 em Mendoza (ver anexo 1) para ascender o Aconcgua, exonerando de responsabilidade o governo por qualquer acontecimento que possa vir a ocorrer, inclusive sua morte. (1) Diversas rotas podem ser trilhadas para se alcanar o cume, mas trs rotas so clssicas e as demais apresentam-se em sua maioria como variaes destas, quais sejam: Rota Normal, Glaciar dos Polacos e Parede Sul. A mais fcil, mais escolhida e ainda assim muito difcil e responsvel pelo maior nmero de mortes, a Rota Normal. Essa foi a rota escolhida para a expedio. Ackon Cahuak

(2) A Rota Normal A Rota Normal segue desde a entrada do Parque Provincial do Aconcgua, aproximadam ente 2.850 metros de altitude, na regio de Puente del Inca, e ainda em um terreno com aspecto familiar com vegetao, pssaros e at cachorros. Aps 6 km de caminhada, chega-se a Confluncia. Esse o acampamento mais prximo da montanha antes dos campos bases das trs rotas: Plaza de Mulas (Normal), Plaza Argentina (Polacos ) e Plaza Francia (Parede Sul). aconselhvel dormir ao menos uma noite em Confluncia (1) Para maiores informaes sobre as rotas, ver www. aconcagua.com (2) Vide fotos do caminho no apndice 1 Fotos

Central de Cases 7 para que o corpo aclimate-se nova altitude, nesse ponto, de 3.300 metros. Seguindo para o acampamento base da Rota Normal, Plaza de Mulas, o montanhista enfrenta um desafio fsico e mental intenso. Uma caminhada de 25 km em terreno irregular, com clima seco, em altitude se elevando a cada passo e a consequente rarefao do ar fazem dessa aproximao uma experincia marcante. Uma paisagem cada vez mais inspita e sinais de vegetao desaparecendo a cada metro vencido. Geralmente um trajeto percorrido em 10 horas, o montanhista finalmente chega Pla za de Mulas (4.200 metros). L encontra-se uma boa estrutura de barracas, atendimento mdico, banheiros, barracas-lanchonete e at internet. ltimos momentos de civilizao. A partir de Plaza de Mulas, no h nos acampamentos superiores resgate de helicptero ou qualquer outro luxo para o montanhista. Do acampamento base, o montanhista segue sua ascenso j na montanha, agora com uma inclinao muito maior e esforo fsico exponencialmente maior. Alguns locais seguros para se acampar a partir da so os chamados acampamentos superiores e so estrategicamente usados dentro de um planejamento de ascenso feito pela equipe expedicionria: Plaza Canad (5.000 metros), cambio de pendiente (5.150 metros) , Nido de Condores (5.500 metros), Berlim (6.000 metros) e Independncia (6.500 metros). O Cume situa-se a 6.962 metros e muitos montanhistas tentam atingi-lo a partir de Nido de Condores. Depende, em suma, do planejamento, dos equipamentos, das condies climticas e das condies fsicas e psicolgicas do montanhista. Uma vez o cume tenha sido alcanado ( Hecho Cumbre ), o caminho de volta o mesmo. no caminho de volta que a maior parte dos acidentes acontece. A explicao simples: o montanhista exausto no poupou foras ou gerenciou o tempo para se chegar ao cume. Assim, pode no sobrar foras para voltar, ou mesmo ser pego no cume por um mau tempo ou por uma queda brusca e mortal de temperatura. Em geral, a ascenso demora de 7 a 10 dias. Necessrio para dar tempo ao corpo de se aclimatar e no sofrer os piores sintomas do mal de montanha. O Mal de Altitude (Mal Agudo de Montanha) O mal agudo de montanha MAM trata-se de um conjunto indesejado de sintomas que ocorrem no organismo, resultante da subida em altitude, em geral, superior a 2.900 metros. A inalao de oxignio menor medida em que se sobe em altitude, devido baixa de presso atmosfrica que faz as molculas de oxignio estarem mais dispersas. O MAM pode desencadear, caso no seja feita uma profilaxia adequada, patologias mais graves como o ECA edema cerebral agudo, e EPA edema pulmonar agudo. O melhor tratamento profiltico sempre subir com cautela buscando a aclimatao. Aclimatar-se fazer com que seu corpo produza mais hemceas para compensar o pouco oxignio. O procedimento mais comum subir at uma altitude mais elevaYour minds and bodies are deteriorating. Brain cells were dying. Our blood was growing dangerously thick and sludgelike. Capillaries in our retinas were spontaneously hemorrhaging. Even at rest, our hearts beat at a furious rate. Jon Krakauer Central de Cases 7 para que o corpo aclimate-se nova altitude, nesse ponto, de 3.300 metros. Seguindo para o acampamento base da Rota Normal, Plaza de Mulas, o montanhista enfrenta um desafio fsico e mental intenso. Uma caminhada de 25 km em terreno irregular, com clima seco, em altitude se elevando a cada passo e a consequente rarefao do ar fazem dessa aproximao uma experincia marcante. Uma paisagem cada vez mais inspita e sinais de vegetao desaparecendo a cada metro vencido. Geralmente um trajeto percorrido em 10 horas, o montanhista finalmente chega Pla za de Mulas (4.200 metros). L encontra-se uma boa estrutura de barracas, atendimento

mdico, banheiros, barracas-lanchonete e at internet. ltimos momentos de civilizao. A partir de Plaza de Mulas, no h nos acampamentos superiores resgate de helicptero ou qualquer outro luxo para o montanhista. Do acampamento base, o montanhista segue sua ascenso j na montanha, agora com uma inclinao muito maior e esforo fsico exponencialmente maior. Alguns locais seguros para se acampar a partir da so os chamados acampamentos superiores e so estrategicamente usados dentro de um planejamento de ascenso feito pela equipe expedicionria: Plaza Canad (5.000 metros), cambio de pendiente (5.150 metros) , Nido de Condores (5.500 metros), Berlim (6.000 metros) e Independncia (6.500 metros). O Cume situa-se a 6.962 metros e muitos montanhistas tentam atingi-lo a partir de Nido de Condores. Depende, em suma, do planejamento, dos equipamentos, das condies climticas e das condies fsicas e psicolgicas do montanhista. Uma vez o cume tenha sido alcanado ( Hecho Cumbre ), o caminho de volta o mesmo. no caminho de volta que a maior parte dos acidentes acontece. A explicao simples: o montanhista exausto no poupou foras ou gerenciou o tempo para se chegar ao cume. Assim, pode no sobrar foras para voltar, ou mesmo ser pego no cume por um mau tempo ou por uma queda brusca e mortal de temperatura. Em geral, a ascenso demora de 7 a 10 dias. Necessrio para dar tempo ao corpo de se aclimatar e no sofrer os piores sintomas do mal de montanha. O Mal de Altitude (Mal Agudo de Montanha) O mal agudo de montanha MAM trata-se de um conjunto indesejado de sintomas que ocorrem no organismo, resultante da subida em altitude, em geral, superior a 2.900 metros. A inalao de oxignio menor medida em que se sobe em altitude, devido baixa de presso atmosfrica que faz as molculas de oxignio estarem mais dispersas. O MAM pode desencadear, caso no seja feita uma profilaxia adequada, patologias mais graves como o ECA edema cerebral agudo, e EPA edema pulmonar agudo. O melhor tratamento profiltico sempre subir com cautela buscando a aclimatao. Aclimatar-se fazer com que seu corpo produza mais hemceas para compensar o pouco oxignio. O procedimento mais comum subir at uma altitude mais elevaYour minds and bodies are deteriorating. Brain cells were dying. Our blood was growing dangerously thick and sludgelike. Capillaries in our retinas were spontaneously hemorrhaging. Even at rest, our hearts beat at a furious rate. Jon Krakauer

Central de Cases 8 da e descer parte do que se subiu. Trabalhar alto e dormir baixo , dizem os alpinis tas. Esse procedimento faz com que o corpo comece a produzir glbulos vermelhos para suportar altas altitudes e quando se desce, o corpo est nesse processo de produo. Quando se sobe novamente, j se est aclimatado, ou seja, com mais hemceas transporta ndo mais oxignio. Assim o alpinista vai alcanando maiores altitudes com maior segurana. Uma vez que os sintomas de mal de montanha tenham surgido, o melhor que o alpinista tem a fazer descer a altitudes mais baixas (onde existe maior presso at mosfrica e mais oxignio inalado) at sentir-se melhor e depois tentar a subida. O planejamento da ascenso Um ano de planejamento para dez dias de execuo Aps passar a virada do ano 2005 para 2006 com amigos, em casa, Rodrigo dormiu por duas horas antes de embarcar para a viagem mais espetacular que j realizou: escalar o Monte Aconcgua, a maior montanha do ocidente, com 6.962 metros de altitude. Em uma comunidade dedicada ao Aconcgua, no Orkut, Rodrigo conheceu seus companheiros de viagem: Plic, alpinista carioca e j veterano de Aconcgua; Ros ier, alpinista cearense e tambm j veterano de Aconcgua; e Everton Pelissari, alpinista gacho, tambm nefito em alta montanha. Alm destes, Alexandre, um amigo carioca foi convidado a integrar a equipe. Dessa maneira foi formada a equipe de montanhistas da expedio: conversas informais, encontros via web e um encontro no Rio antes da reunio definitiva em Mendoza. Por encontros virtuais via MSN, telefone ou e-mail, foram discutidos aspectos burocrticos da viagem, como a cotao de passagens para Mendoza, documentaes necessrias, hospedagens e a empresa que disponibilizaria mulas para levar alguns equipamentos e alimentao at a chegada ao acampamento base. O levantamento de informaes sobre a montanha e seus riscos foram feitos minuciosamente. Leitura de livros sobre o tema, compra ou aluguel de filmes de m ontanha e contatos com montanhistas que j haviam feito o Aconcgua foram fundamentais para se estabelecer um plano de ascenso, assim como a definio dos equipamentos e mantimentos a serem comprados. O plano de compras de equipamentos e mantimentos foi feito de maneira detalhada, pesquisando antes os melhores fornecedores, respeitando o nvel de qualidade dos produtos a serem comprados. Aps uma reviso de todo equipamento a ser usado, foi feita a compra dos equipamentos, levando em considerao o preo mais atrativo. Todo homem sonha, mas no da mesma maneira. Aqueles que sonham noite, nos poeirentos refgios da mente, despertam pela manh e descobrem que era vaidade; mas os sonhadores do dia so homens perigosos, pois para realiz-lo podem representar seu sonho de olhos abertos. T. E. Lawrence Central de Cases 8 da e descer parte do que se subiu. Trabalhar alto e dormir baixo , dizem os alpinis tas. Esse procedimento faz com que o corpo comece a produzir glbulos vermelhos para suportar altas altitudes e quando se desce, o corpo est nesse processo de produo. Quando se sobe novamente, j se est aclimatado, ou seja, com mais hemceas transporta ndo mais oxignio. Assim o alpinista vai alcanando maiores altitudes com maior segurana. Uma vez que os sintomas de mal de montanha tenham surgido, o melhor que o

alpinista tem a fazer descer a altitudes mais baixas (onde existe maior presso at mosfrica e mais oxignio inalado) at sentir-se melhor e depois tentar a subida. O planejamento da ascenso Um ano de planejamento para dez dias de execuo Aps passar a virada do ano 2005 para 2006 com amigos, em casa, Rodrigo dormiu por duas horas antes de embarcar para a viagem mais espetacular que j realizou: escalar o Monte Aconcgua, a maior montanha do ocidente, com 6.962 metros de altitude. Em uma comunidade dedicada ao Aconcgua, no Orkut, Rodrigo conheceu seus companheiros de viagem: Plic, alpinista carioca e j veterano de Aconcgua; Ros ier, alpinista cearense e tambm j veterano de Aconcgua; e Everton Pelissari, alpinista gacho, tambm nefito em alta montanha. Alm destes, Alexandre, um amigo carioca foi convidado a integrar a equipe. Dessa maneira foi formada a equipe de montanhistas da expedio: conversas informais, encontros via web e um encontro no Rio antes da reunio definitiva em Mendoza. Por encontros virtuais via MSN, telefone ou e-mail, foram discutidos aspectos burocrticos da viagem, como a cotao de passagens para Mendoza, documentaes necessrias, hospedagens e a empresa que disponibilizaria mulas para levar alguns equipamentos e alimentao at a chegada ao acampamento base. O levantamento de informaes sobre a montanha e seus riscos foram feitos minuciosamente. Leitura de livros sobre o tema, compra ou aluguel de filmes de m ontanha e contatos com montanhistas que j haviam feito o Aconcgua foram fundamentais para se estabelecer um plano de ascenso, assim como a definio dos equipamentos e mantimentos a serem comprados. O plano de compras de equipamentos e mantimentos foi feito de maneira detalhada, pesquisando antes os melhores fornecedores, respeitando o nvel de qualidade dos produtos a serem comprados. Aps uma reviso de todo equipamento a ser usado, foi feita a compra dos equipamentos, levando em considerao o preo mais atrativo. Todo homem sonha, mas no da mesma maneira. Aqueles que sonham noite, nos poeirentos refgios da mente, despertam pela manh e descobrem que era vaidade; mas os sonhadores do dia so homens perigosos, pois para realiz-lo podem representar seu sonho de olhos abertos. T. E. Lawrence

Os equipamentos utilizados vo desde roupas especiais, passando por walkietalk para comunicao entre os membros da expedio e alimentos tpicos de alta montanha, quase sempre difceis de serem encontrados no Brasil ou, quando encontrados, muito caros. Como nem todos os equipamentos so passveis de uso fora de altas montanhas, alguns equipamentos foram alugados em Mendoza. A lista de equipamentos alugados incluiu: -Botas duplas; -Grampons; - Fogareiro MSR base de benzina. A lista de equipamentos comprados na Argentina e no Chile incluiu: - Parka de Gore Tex XCR da Ansilta; -Casaco de Duvet (pena de ganso) da North Face; - Polar Tek de 200 (cala) e 300 (tronco); -Luvas de Duvet da Ansilta; -Primeira pele da El Refugio; - Fogareiro Doite base de propano-butano; - Botijes de propano-butano; -Garrafas com benzina; -culos de montanha da Bec; -culos de neve da Oakley; -Piolet da Black Diamond. Outros equipamentos levados do Brasil: -Comidas liofilizadas da Mountain House (importada dos EUA); -Barras de protena; - Powergel; -Sport drink; - Barraca da Eureka! (modelo AlpenLite); -Saco de dormir de Duvet da Marmot para 18 graus; -Cala de Alta Montanha; -Isolantes; -Head lamps da Black Diamond; - Meias de Trecking e meias eltricas; - Botas da Salomon de Gore Tex. Ao todo foram gastos cerca de R$ 15 mil, que incluem passagens, alimentao e toda a preparao, com capital prprio. A preparao fsica no Rio de Janeiro tinha acontecido no plano do que foi possvel realizar. Incluiu subidas Pedra da Gvea mais de uma vez por semana, corridas na praia e pedaladas na ciclovia no sentido Barra da Tijuca-Recreio-Bar ra da Tijuca. Sabia, entretanto, que a aclimatao altitude e o estado psicolgico seriam mais decisivos na montanha do que um excelente condicionamento fsico.

Central de Cases 10 Concomitante aquisio dos equipamentos e mantimentos, um plano de ascenso foi elaborado pela equipe. Esse planejamento anterior fundamental para o processo decisrio dentro montanha, pois muitas vezes a falta de oxignio ou a febre de cume sentimento irracional que impulsiona o montanhista para cima por mais arriscado que possa estar a situao so pssimos conselheiros. O objetivo traado por Rodrigo para o projeto foi vivenciar ao mximo a experincia, fazendo dela um aprendizado. O cume era desejado, mas no era o fim em si mesmo. Tal fato influenciou a escolha de no contratar guias, barracas ou alimentao dentro da montanha e buscar, por vezes, momentos contemplativos e reflexivos den tro da montanha. Mais alm, a redao de dirio e publicao do mesmo via web estavam planejadas como forma de disseminar e compartilhar o aprendizado vivido . O cronograma de ascenso O planejamento de ascenso da montanha, assim como as anlises de riscos, tomou vulto e, sem dvida, foi o mais debatido antes de se iniciar a expedio em janeiro de 2006. O cronograma de ascenso foi estipulado para auxiliar o montanhista a contro lar sua evoluo e a tomar decises baseadas no planejamento, reduzindo custos e aumentando a eficincia do tempo dentro da montanha. A ascenso Aps tanto tempo de planejamento, chega enfim o dia da ascenso . A entrada no parque foi e no poderia ser diferente emocionante. A equipe estava com mochilas pesadssimas e enormes. Tudo isso serviu para chamar a ateno dos turistas que iam at a entrada do parque e pediam para tirar fotos conosco. De pois de um ano de sonhos com a montanha, l estvamos com os dois ps na realidade. Da entrada do parque at o primeiro acampamento chamado de Confluncia so 6 km de caminhada. A entrada fica a 2.800 metros de altitude e Confluncia fica a 3. 300 m. Muitos sob essa altitude j comeam a sentir o efeito do ar rarefeito, mas essa primeira caminhada at Confluncia a mais tranqila que os montanhistas podem esperar. At chegar base do Aconcgua, em Plaza de Mulas 4.200 metros de altitude que o acampamento base, so 30 quilmetros de caminhada em terreno irregular, no meio da cordilheira dos Andes. Muitos desistem ao chegar ao acampamento base, outros apenas vo justamente com a inteno de chegar at o acampamento base. Rodrigo entrou no parque dominado por duplo sentimento: alm de esperanoso, estava preocupado. No dia anterior comeou a sentir os sintomas de forte gripe. noite estava com 37,5 graus. Ingeriu antigripais, bebeu muita gua e foi dormir o mais cedo possvel para enfrentar a caminhada de aproximao at Confluncia. Definitivamente no estava curado e sentiu muito os efeitos da gripe durante a caminhada. Po( 3) (4) O dirio encontra-se publicado no site www. rodrigosiqueira. com, no link trilhas e escaladas. Ver apndice 2 (3) (4) Porque um dia preciso parar de planejar, retirar os planos da

gaveta e, de algum modo, comear Amyr Klink (5) Para uma completa descrio da ascenso, ver dirio de escalada no apndice 3. (5) Central de Cases 10 Concomitante aquisio dos equipamentos e mantimentos, um plano de ascenso foi elaborado pela equipe. Esse planejamento anterior fundamental para o processo decisrio dentro montanha, pois muitas vezes a falta de oxignio ou a febre de cume sentimento irracional que impulsiona o montanhista para cima por mais arriscado que possa estar a situao so pssimos conselheiros. O objetivo traado por Rodrigo para o projeto foi vivenciar ao mximo a experincia, fazendo dela um aprendizado. O cume era desejado, mas no era o fim em si mesmo. Tal fato influenciou a escolha de no contratar guias, barracas ou alimentao dentro da montanha e buscar, por vezes, momentos contemplativos e reflexivos den tro da montanha. Mais alm, a redao de dirio e publicao do mesmo via web estavam planejadas como forma de disseminar e compartilhar o aprendizado vivido . O cronograma de ascenso O planejamento de ascenso da montanha, assim como as anlises de riscos, tomou vulto e, sem dvida, foi o mais debatido antes de se iniciar a expedio em janeiro de 2006. O cronograma de ascenso foi estipulado para auxiliar o montanhista a contro lar sua evoluo e a tomar decises baseadas no planejamento, reduzindo custos e aumentando a eficincia do tempo dentro da montanha. A ascenso Aps tanto tempo de planejamento, chega enfim o dia da ascenso . A entrada no parque foi e no poderia ser diferente emocionante. A equipe estava com mochilas pesadssimas e enormes. Tudo isso serviu para chamar a ateno dos turistas que iam at a entrada do parque e pediam para tirar fotos conosco. De pois de um ano de sonhos com a montanha, l estvamos com os dois ps na realidade. Da entrada do parque at o primeiro acampamento chamado de Confluncia so 6 km de caminhada. A entrada fica a 2.800 metros de altitude e Confluncia fica a 3. 300 m. Muitos sob essa altitude j comeam a sentir o efeito do ar rarefeito, mas essa primeira caminhada at Confluncia a mais tranqila que os montanhistas podem esperar. At chegar base do Aconcgua, em Plaza de Mulas 4.200 metros de altitude que o acampamento base, so 30 quilmetros de caminhada em terreno irregular, no meio da cordilheira dos Andes. Muitos desistem ao chegar ao acampamento base, outros apenas vo justamente com a inteno de chegar at o acampamento base. Rodrigo entrou no parque dominado por duplo sentimento: alm de esperanoso, estava preocupado. No dia anterior comeou a sentir os sintomas de forte gripe. noite estava com 37,5 graus. Ingeriu antigripais, bebeu muita gua e foi dormir o mais cedo possvel para enfrentar a caminhada de aproximao at Confluncia. Definitivamente no estava curado e sentiu muito os efeitos da gripe durante a caminhada. Po( 3) (4) O dirio encontra-se

publicado no site www. rodrigosiqueira. com, no link trilhas e escaladas. Ver apndice 2 (3) (4) Porque um dia preciso parar de planejar, retirar os planos da gaveta e, de algum modo, comear Amyr Klink (5) Para uma completa descrio da ascenso, ver dirio de escalada no apndice 3. (5)

rm, vencida a distncia, a altitude e o peso enorme da mochila, chegou a Confluncia aps 3 horas e 30 minutos de ascenso, em bom estado e at melhor do que alguns que l chegavam. A partir do segundo dia, a gua disponvel nesse acampamento estava repleta de magnsio e causou muito mal aclimatao de vrias pessoas. Foram 10 dias de ascenso penosa, conforme descritos no dirio de escalada. A partir da chegada em Plaza de Mulas, a aclimatao piorou, ainda devido aos efeito s da gua de Confluncia. No foi possvel chegar ao cume por questes fsicas a pssima adaptao do corpo alta altitude fez com que a maior parte da equipe desistisse em Nido ou Berlim. Dos cinco que partiram, dois chegaram ao cume, justamente os dois que j estiveram l um ano antes. Alguns custos extras ocorreram: devido aclimatao ruim, foram contratados dentro da montanha alguns porteadores profissionais para levar alguns equipament os e mantimentos aos acampamentos superiores. Assim, os prazos foram ficando mais apertados e o oramento superando o estimado em cerca de 25%. Dentro da montanha, o clima entre os membros da expedio tambm ficou deteriorado em alguns momentos. Discordncias entre avanar logo para acampamentos superiores, contratar guias e porteadores extras geravam tenso e traziam a lume as divergncias motivacionais de estarem ali no Aconcgua. O sucesso da expedio para uns era o cume, para outros, era a jornada. Questes para discusso 1. Poderia ser uma expedio a alta montanha considerada um Projeto? Justifique com embasamento terico. 2. Divida a narrativa acima nas fases do ciclo de vida de um projeto. Voc v algum padro similar de aumento de riscos e de custos ao longo do ciclo de vida com um projeto empresarial? 3. As tcnicas de gerenciamento de projetos como as utilizadas no PMBOK so pertinen tes a um projeto de expedio de alta montanha? Relacione o planejamento da expedio de acordo com as nove reas de processo do PMBOK. 4. De que maneira o aspecto emocional pode interferir na avaliao do executivo ou montanhista em relao ao controle e desejo de seguir os passos anteriormente traados ? Como administrar para que o aspecto emocional no interfira negativamente no planejamento? 5. Em sua opinio, houve sucesso no projeto da expedio acima? Referncias DISNMORE, P. C. e Silveira Neto F. H. Gerenciamento de Projetos, Como Gerenciar seu Projeto com Qualidade, dentro do Prazo e Custos Previstos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004 KRAKAUER, Jon. No ar rarefeito. So Paulo: Companhia das Letras, 1997.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A Guide to the Project Management

Body of Knowledge PMBOK Guide 2000 Edition, Pennsylvania-USA, 2000 SIMPSON, Joe. Tocando o vazio. So Paulo: Companhia das Letras, 2004. THIRY-CHERQUES, Hermano. Modelagem de Projetos. So Paulo: Atlas, 2004. www.aconcagua.com. Acesso em 15 jul 2007.