Pantografo

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O pantografo

Eduardo Colli

O pant
ografo
Este simples e engenhoso instrumento foi concebido para reduzir
ou ampliar desenhos prontos como mapas, por exemplo. A extremidade da ripa A que nao articula com C e fixa, a articulacao entre
B e D segue o desenho e a extremidade da ripa C que nao articula
com A traca a ampliacao. Para reduzir um desenho, inverte-se a
posicao do lapis com o seguidor.
Se for bem escolhido o ponto de articulacao entre A e D (os
numeros das ripas devem coincidir nesse ponto) entao o ponto
1

fixo, o seguidor e a articulacao mencionada formam um triangulo


isosceles. Os lados iguais desse triangulo sao a vezes menores do
que a ripa A, onde a, neste aparelho, pode assumir os valores 2.0,
2.25, 2.5, 2.75, 3.0, 3.5, 4.0, 5.0, 6.0, 7.0, 8.0 ou 10.0. Evidentemente nao nos referimos ao tamanho da ripa A, mas `a distancia
entre o ponto fixo e a articulacao com a ripa C.
O ponto fixo, o lapis e a articulacao entre A e C tambem formam
um triangulo isosceles, pois A e C tem o mesmo tamanho. Se a
articulacao entre B e C respeitar o mesmo numero a escolhido para
A e D entao este triangulo isosceles sera semelhante ao mencionado
anteriormente, e a vezes maior. Assim, o desenho sera ampliado a
vezes.
Mas o que acontece se desrespeitarmos as regras para fixacao
das articulacoes A/D e B/C?

Semelhanca de tri
angulos

P
lla

la
1

la

la

R
lla

Na figura (esquematica) fica mais claro o que esta acontecendo.


Seja l = OP = P Q e suponha que as articulacoes estejam corretamente montadas, de forma que OR = RP 0 = P R0 = al e
2

P 0 R0 = l al . Segue que P RP 0 R0 e um paralelogramo e o angulo


0 , de forma que os
= OP Q tem que ser igual a 2 = ORP
triangulos ORP 0 e OP Q sao semelhantes. Da que
OQ
OP 0
deve ser igual a
OP
,
OR
de modo que
OQ = aOP 0 .
Alem disso, segue que os pontos O, P 0 e Q estao alinhados.

Homotetia
Se o ponto fixo estiver na origem das coordenadas, se as coordenadas do ponto seguidor forem (x, y) e se as coordenadas do
lapis forem (x0 , y 0 ) entao (x0 , y 0 ) e determinado por (x, y) por uma
transformac
ao, que chamaremos de T , escrevendo
(x0 , y 0 ) = T (x, y) .
Nem sempre as coordenadas cartesianas sao as mais adequadas. Se
tomarmos (r, ) e (r0 , 0 ), onde r e r0 sao as respectivas distancias
`a origem e , 0 marcam os angulos em relacao `a abscissa (com
sinal positivo no sentido anti-horario), entao
 0
r = ar
,
0 =
pois o lapis, o seguidor e o ponto fixo estao sempre alinhados, mas a
distancia do lapis ao ponto fixo e a vezes maior do que do seguidor
ao ponto fixo.
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O pant
ografo desregulado
Vejamos agora o que acontece quando os encaixes nao sao feitos
da forma prevista para o bom funcionamento do pantografo. Na
figura mostramos um caso onde RP 0 , OR, P R0 e l P 0 R0 nao sao
iguais entre si.
Formulas explcitas podem ser obtidas para a transformacao T ,
mas por serem grandes e deselegantes optaremos por ilustrar a
transformacao de modo grafico. Nos exerccios encorajamos o leitor
a buscar as formulas.
Em primeiro lugar, trocamos as coordenadas do seguidor P 0 para
(1 , 2 ), onde 1 e o angulo de OP para com a abscissa e 2 o angulo
de RO para RP 0 .
Para entender melhor essas coordenadas, tracamos as linhas de
1 constante e as linhas de 2 constante. O leitor, se estiver com a
peca, deve seguir as construcoes com o auxlio de um compasso e
do proprio aparelho. A figura abaixo ilustra os passos que seguirao.
Para 2 constante, a variacao de 1 faz P 0 andar num crculo
em torno de O. Evidentemente, o raio desse crculo depende do
valor que for fixado para 2 , mas continuaremos firmes em nossa
resolucao de nao fazer contas.
Seria natural desenhar os crculos para valores regularmente espacados de 2 , mas para que a compreensao visual seja facilitada
mais adiante optaremos por desenhar os crculos para valores regularmente espacados de seus respectivos raios. Alem disso, incluiremos os crculos de raios OR RP 0 , OR e OR + RP 0 .
A segunda etapa consiste em tracar as linhas de 1 constante.
Escolhemos uma faixa de valores para 1 (de 2 a + 2 , por exemplo), escolhendo valores regularmente espacados, e para cada valor
de 1 desenhamos OP . Observe que, fixado 1 , a variacao de 2
faz P 0 variar num crculo em torno de R. O crculo nao chega a
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ser completo por causa dos impedimentos nas articulacoes, mas ao


menos um arco pode ser tracado.

l1

l4
R

R
2

l2

l3

O 1

Feito isso, podemos pensar no que acontece com o ponto Q.


Observamos que se 2 e constante entao as ripas estao imoveis
uma com respeito `a outra. Portanto a variacao de 1 faz o ponto
Q se mover num crculo de centro em O. Em outras palavras, se
P 0 percorre crculos com centro na origem entao Q tambem o faz,
mas os crculos de Q tem (em geral) raio maior.
Para ver como se transformam os crculos que P 0 percorre e
preciso fazer na pratica. Acertar a posicao de P 0 sobre um crculo
e tracar o crculo correspondente para o ponto Q. Fazendo um por
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um, fica evidente que o espacamento regular dos raios em P 0 nao


e respeitado em Q.
Finalmente, com 1 fixo e 2 variando, P 0 puxa o braco P Q,
de forma que Q percorre um arco de crculo em torno de P . Desta
vez o espacamento regular dos valores de 1 provoca espacamento
regular nos crculos.
Os limites para a movimentacao de P 0 , com OP fixo, dependem
dos valores relativos de l1 , l2 , l3 , l4 . Por exemplo, se l3 + l4 < l1 + l2
entao R0 pode ficar, em teoria, entre P e P 0 (na pratica, as ripas
deixam apenas chegar perto). Se l3 + l4 > l1 + l2 entao P 0 chega
perto do segmento OR.
Por outro lado, se l1 + l4 < l2 + l3 entao R0 pode chegar ao
prolongamento de OP , mas P 0 nao pode chegar perto de OP . Ja
se l1 + l4 > l2 + l3 entao P 0 pode se alinhar com RR0 .
Esta ultima situacao e interessante, porque P 0 de fato pode cruzar o segmento RR0 e encostar em OP . Ate a nada de espetacular,
mas observe que o tracado circular do ponto Q comeca a recuar
a partir desse ponto. Isto implica que a transformacao de P 0 para
Q nao e injetiva! Os arcos tracejados no desenho mostram onde a
injetividade da transformacao falha. Embora P 0 possa atravessar o
crculo tracejado menor, Q nao pode atravessar o maior.

Exerccios e experimentos
1. Experimente com o pantografo e veja que valores de l1 , l2 , l3 , l4
ele pode assumir.
2. Monte uma situacao em que P 0 possa se alinhar com R e R0 .
Ache o correspondente crculo tracejado. Escreva seu nome
em letras de forma geometrizadas de forma a atravessar esse
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crculo e transponha com o pantografo. A transformacao pode


ser linear?
3. Se o pantografo for fixo no ponto P 0 , o seguidor estiver em O
possvel copiar um desenho,
e o lapis em Q, o que acontece? E
sem alterar seu tamanho? Examine as possibilidades.
4. Tente obter uma expressao explcita para r = OQ em funcao
de 2 . Uma sugestao e obter r em funcao de e entao
em funcao de 2 . Feito isso, tente expressar as coordenadas
polares de Q em funcao de 1 e 2 .
5. Esqueca o braco P Q e suponha que RP 0 tem o mesmo tamanho de RO. Expresse as coordenadas (x, y) de P 0 em funcao
de 1 e 2 .
6. Continuando o exerccio anterior, imagine que 1 e 2 sao controlados por voce num sistema cartesiano: a abscissa varia de
0 a 2 e a ordenada de 0 a . Como achar a curva que voce
deve seguir nesse diagrama para que a trajetoria de P 0 seja
uma reta pre-determinada?. Voce faz isso com seus bracos de
forma automatica, mas um robo deveria saber calcular exatamente.

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Como os robos calculam seus movimentos?

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