E-Book Eu Barnabe

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Eu, Barnab?

Abe Huber
ministrando no
4 Encontro de Pastores e Lderes
em Porto Alegre-RS, junho de 2005

Primeira Edio

Porto Alegre-RS - 2006


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Captulo 1

APRENDENDO A OLHAR PELA TICA ESPIRITUAL


Evangelizando e Discipulando
Eu costumo dizer que uma honra poder estar entre os irmos e
ministrar a Palavra de Deus. E creio que no um exagero dizer isto, pois,
realmente, um privilgio poder lavar os ps dos meus amados irmos.
Mas desta vez eu falo com muito mais nfase e estou aqui com temor e
tremor, porque admiro muito o trabalho que tem sido feito por todos vocs.
Mais adiante vou compartilhar sobre nossa experincia, algumas
das nossas lutas e vitrias em Cristo Jesus l em Santarm, de onde nos
mudamos h cerca de dois meses. Hoje estamos morando em Fortaleza
juntamente com um grupo de, aproximadamente, cem irmos vindos de
Santarm ou outras congregaes ligadas a ns. Muitos deles so pastores,
presbteros, homens experientes, que eram responsveis por centenas de
clulas em Santarm e que agora iro participar da fundao de um novo
trabalho em Fortaleza.
Com a sada destes irmos, no houve prejuzo para a igreja local.
Na realidade a igreja de Santarm cresceu ainda mais. Eu sabia que aquele
trabalho iria continuar crescendo, mas o que ocorreu durante este curto
perodo em que estamos fora de Santarm superou todas as nossas
expectativas. H um nimo novo, to grande, que fico muito feliz por saber
que no sou essencial nem para Santarm, nem para qualquer outro lugar.
O essencial e o mais importante Jesus.
Alis, quero deixar bem claro que tudo que Deus tem feito por
nosso intermdio em Santarm ou em qualquer outro lugar no tem sido
por nossa causa ou por qualquer coisa que tenhamos em ns mesmos. Depois
de tantas falhas eu no tenho dvidas deste fato. Minha concluso que, se
Deus pode fazer estas coisas atravs de ns, ele pode fazer qualquer coisa
atravs de qualquer um de seus discpulos, porque no conheo ningum
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mais fraco do que eu. Sou forte em Jesus, mas em mim mesmo no h fora
nenhuma. No por causa de mim, mas apesar de mim.
Muitos anos atrs eu fiz uma promessa para Deus. J exercia funes
de lder, mas era um cristo derrotado. No conseguia vencer pecados
horrveis, o que me levou, depois, a passar um tempo de restaurao fora
do ministrio. Mas naquele momento de angstia, em que passava por
tantos problemas, eu queria vitria em minha vida, vitria sobre as tentaes.
Eu clamava e chorava diante de Deus: Se um dia eu puder fazer alguma
coisa para Deus e puder viver em vitria; se um dia o Senhor me usar
grandemente, prometo que nunca vou calar minha boca, mas vou dizer
para todos que se Deus pode me usar de uma forma grandiosa, pode usar
todos os seus filhos. Isto est claro em Efsios 3:20, onde diz que ele
poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos.
Podemos imaginar muitas coisas grandiosas, mas a Bblia diz que
ele poderoso e quer fazer muito mais do que ns podemos imaginar.
Deus quer nos usar muito mais do que poderemos jamais imaginar. Sabemos
que quem ns somos muito mais importante do que aquilo ns
fazemos. Deus est mais interessado em trabalhar dentro de ns do que
atravs de ns. Mas Deus tambm est interessado em fazer coisas grandes
atravs de ns. No podemos aceitar mentiras do diabo e nos conformar
com coisas pequenas, se Deus quer fazer grandes coisas.
Existem bilhes de pessoas morrendo e indo para o inferno. Temos
que ter uma radical mudana de mentalidade para alcanar as multides e
cuidar bem delas. Alis, o nosso corao tem queimado com a certeza - que
Deus tem nos dado - de que possvel ganhar as multides e cuidar bem
delas.
Um das mentiras diablicas que hoje aceita em grande parte do
mundo evanglico diz que se voc quer realmente ganhar as multides, ter
que comprometer um pouco a qualidade; e se voc quiser priorizar a
qualidade, ter que se conformar com nmeros menores. Mas Deus quer
que os maiores ministrios, as maiores congregaes, os trabalhos que
realmente sacodem o planeta Terra e alcanam milhes para Jesus, sejam
aqueles que melhor iro cuidar das pessoas, uma por uma. Quantidade e
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qualidade devem andar juntas.


Jesus nunca disse ide e fazei convertidos. Ele disse ide e fazei
discpulos. Nisto vemos o aspecto da qualidade. Mas ele tambm no disse
ide e fazei alguns poucos discpulos. Ele disse ide e fazei discpulos das
naes. Aqui vemos o aspecto da quantidade.
Deus est edificando a sua igreja e vai chegar um momento em que
ela poder discipular naes inteiras, pessoa por pessoa, um a um, com
qualidade. Houve uma poca em que eu pensava que para alcanar mais
pessoas talvez fosse melhor discipular em grupo. Este tipo de discipulado
importante, mas eu estou convencido - e durante estes dias vocs vo saber
porque - que a nossa prioridade tem que ser o discipulado um por um.
Neste momento, s na congregao central em Santarm, temos
cerca de sete mil e quinhentas microclulas, formadas por duas pessoas,
uma discipulando a outra, toda semana. E estas microclulas fazem parte
de uma igreja na casa, que ns chamamos clula, as quais esto em torno
de mil e quatrocentas atualmente. E alm da congregao central, qual se
referem estes nmeros, temos outras 24 congregaes na regio urbana de
Santarm, totalizando cerca de vinte mil discpulos.
Considerando que Santarm tem cerca de cento e oitenta mil
habitantes, j existe mais de dez por cento da populao sendo discipulada.
Glria a Jesus por isso! Mas, olhando por outro prisma, isto ainda horrvel,
pois, mesmo somando os discpulos que esto vinculados em tantas outras
boas congregaes de Santarm, no chegamos a quarenta por cento da
populao. Em outras palavras, os outros sessenta por cento esto indo para
o inferno e no podemos aceitar isto.
A Bblia diz em II Ped. 3.9 qual a razo por que Jesus no voltou
ainda: ele no quer que nenhum perea. verdade que Jesus pode voltar a
qualquer hora. Mas, se na poca em que as cartas de Pedro foram escritas, a
populao mundial era de aproximadamente trezentos milhes e ele no
voltava porque no queria que ningum perecesse, imagine agora que h
bilhes perecendo.
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Por outro lado, eu creio que ele vai voltar logo. Parece contraditrio?
No. Eu creio que nestes prximos anos ns vamos ver uma verdadeira
exploso de discipulado. A igreja vai fazer discpulos de todas as naes.
Naes inteiras sendo discipuladas e experimentando um grande avivamento.
Na igreja primitiva, quando um discpulo cumprimentava outro
com a expresso maranata, logo vem Senhor Jesus, no estava se
lamentando ou pedindo, por misericrdia, que o Senhor viesse o mais rpido
possvel porque no agentava a perseguio e as tentaes do diabo. Eu
creio que quando eles saudavam uns aos outros desta forma, estavam dizendo
ns estamos ganhando todo o mundo para Jesus e logo todos os reinos
sero dele, toda a terra ser cheia da sua glria; como as guas cobrem o
mar, todo joelho se dobrar e toda lngua confessar que Jesus Cristo o
Senhor. Estamos fazendo nossa tarefa? Ento Jesus est vindo logo. Vem
logo, Senhor Jesus!

A Ningum Mais Vejo Segundo a Carne


Eu creio de todo o corao que Deus quer que tenhamos uma
mudana de mentalidade para alcanar as multides e cuidar bem delas.
Em Romanos 12.2 a Bblia fala da transformao pela renovao da mente.
medida que vamos mudando nossa mentalidade para que seja uma
mentalidade bblica, ns vamos abrindo comportas do nosso corao para
que a f bblica possa fluir com poder e alcanar grandes coisas para o Reino
de Deus. E um dos segredos que Deus tem gerado nesta nova mentalidade
para alcanar multides e cuidar bem delas, a forma de enxergar as pessoas.
O trecho mais conhecido em II Corntios, captulo 5, o versculo
17, que afirma que tudo se fez novo e as coisas antigas j passaram. Outro
texto muito conhecido e que ns gostamos muito o do versculo 7, que
diz que ns andamos pela f e no pelo que vemos. Mas eu queria chamar
a ateno para o versculo 16, onde o apstolo Paulo afirma o seguinte:
Assim que ns, daqui por diante, a ningum conhecemos segundo a carne. E, se
antes conhecemos Cristo segundo a carne, j agora no o conhecemos deste modo.
Eu quero enfatizar, especialmente, a primeira frase do versculo 16: Assim
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que ns, daqui por diante, a ningum conhecemos segundo a carne. Esta frase
tem um contedo extremamente radical e profundo.
Trs aspectos so importantes, j que a expresso a ningum mais
conhecemos inclui eu mesmo, meus irmos em Cristo e aqueles que esto
no mundo e no receberam Jesus como Senhor de suas vidas.

1. Vendo a Mim Mesmo Segundo a tica do Esprito


Em primeiro lugar, ento, no devemos mais conhecer a ns mesmos
segundo a carne. Quando olhamos para ns mesmos segundo os olhos
naturais a tendncia ficarmos deprimidos. Vemos que depois de tudo que
recebemos, depois de todo o discipulado, todo o conhecimento, tantas
palavras recebidas, ainda temos falhas nesta ou naquela rea. Comeamos a
ver que deveramos ter mais amor com nosso cnjuge e nossos filhos,
deveramos ser mais fiis em nosso tempo a ss com Deus, ou ter mais
intensidade neste relacionamento com ele. Meu Deus, como ainda pisamos
na bola em tantas reas de nossa vida!
por isso que quando olhamos a ns mesmos segundo a tica natural
ficamos deprimidos, pois estamos longe de um andar segundo aquilo que
somos em Cristo. Mas o grande problema exatamente este. Esquecemos
do que somos e do que temos EM CRISTO e o apstolo Paulo diz que
pecado olhar as coisas segundo a tica da carne e no segundo a tica do
Esprito, ou seja, atravs das lentes da Palavra de Deus.
Precisamos aprender a ver todas as pessoas - a comear por ns
mesmos - como Deus v. Esta a realidade espiritual, a qual est bem clara
no versculo 17 de II Corntios 5, ou seja, se algum est em Cristo uma
nova pessoa, todas as coisas velhas passaram e tudo se fez novo. Se pudssemos
ver a ns mesmos como Deus nos v, teramos que cuidar para no ficarmos
orgulhosos. Talvez este seja um motivo pelo qual demoramos algum tempo
at nos enxergarmos na tica de Deus. Ele sabe que se no temos razes
profundas, corremos o risco de cair por causa do orgulho. Mas, se pagamos
o preo de receber essa revelao, tambm estaremos em posio de
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humildade diante de Deus para combater o orgulho que poderia ser gerado
por to elevada viso de si mesmo, pois essa realidade est ligada ao que
Cristo em ns.
Infelizmente, o maior problema que temos o de no nos
enxergarmos assim, contrariamente ao que Paulo indica que deveramos
fazer. E o maligno vai trabalhar para que continuemos nos vendo segundo
a tica natural. Ele tenta nos fazer crer que esta atitude espiritual. Esta
pseudo-espiritualidade pura religiosidade. Ficamos nos lamentando,
dizendo que no somos nada, que somos fracos, que no conseguimos fazer
a vontade de Deus. Parece um quebrantamento, uma posio de humildade,
mas no . Segundo o ensino de Paulo, tais declaraes s esto corretas se
forem ditas no contexto de quem olha para o que ficou para trs e o que
seria sem o Senhor, mas lembra daquilo que agora em Cristo, de acordo
com a Palavra de Deus. Em I Co. 6:17 o apstolo afirma que aquele que se
uniu ao Senhor se tornou um s esprito com ele. A Palavra tambm diz (I
Jo 4.4) que maior aquele que est em ns, do que aquele que est no
mundo.
Sempre til aquela ilustrao muito conhecida, de um pequeno
papel colocado dentro de um livro. Antes enxergvamos o papel e o livro
separados. Quando ele colocado dentro do livro, vemos apenas este. O
papel no existe mais? Existe sim e est l dentro, mas agora s enxergamos
o livro. Podemos dizer que, assim como aquele papel est oculto no livro,
ns estamos ocultos em Cristo. Tudo que eu fizer com o livro, vai acontecer
tambm ao papel que est escondido l dentro. O mesmo ocorre conosco
em relao a Cristo. Crucificados com ele, sepultados com ele, ressuscitados
com ele, no trono com ele, acima de todo o principado e potestade, poder,
domnio e todo o mal que se possa referir no s neste sculo mas tambm
no vindouro, muito acima de todas as obras malignas. isto que aconteceu
e acontece conosco. Esta a realidade espiritual; assim que devemos nos
enxergar.
O outro aspecto dessa realidade que Cristo est dentro de ns. Eu
em Cristo e Cristo em mim. Mas no basta ter conhecimento destas
realidades; precisamos viver de acordo com elas. Uma coisa que temos
procurado fazer sempre estar confessando estas realidades, sempre
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declarando, sempre relembrando um ao outro quem ns somos, porque


estamos em Cristo e porque ele habita em ns.
Lembro-me quando esta realidade comeou a queimar dentro de
mim. Eu via tantas deficincias em mim, tanta coisa ainda precisando ser
feita. Uma experincia foi marcante nesse perodo. Naquele tempo no
tinha muita prtica no enfrentamento e expulso de demnios. Mesmo
assim, fui chamado para atender a uma senhora, esposa de um garimpeiro,
que estava h seis dias possessa por demnio, sem ingerir nada, numa situao
horrvel. Ela j tinha sido visitada por sacerdotes catlicos, macumbeiros,
etc., mas nada havia melhorado o seu quadro. O esposo j estava temendo
que ela pudesse morrer, pois sua situao havia piorado gradativamente
durante aquele perodo de manifestao demonaca, sem comer ou beber
por seis dias.
Ao me dirigir para a casa da famlia, passei na residncia de outro
pastor, mais experiente nestes assuntos, porque tinha algum medo - confesso
- de enfrentar aquela situao sozinho. Pedi a ele que tomasse a frente e eu
ficaria na retaguarda apoiando em orao. Ao chegarmos na casa, que fica
num bairro chamado Santarenzinho, vimos o quintal cheio de pessoas.
Vizinhos e amigos apreensivos com a situao daquela mulher. Enquanto
falvamos com o seu marido, no lado de fora da casa, ouvimos um barulho
que lembrava o atrito de pedaos de ferro. Difcil de crer, mas aquele barulho
era um ranger de dentes produzido pela ao dos demnios sobre o corpo
da mulher.
Ningum chegava perto da cama onde ela estava, exceto o seu
marido. E eu, para apoiar o pastor que me acompanhara, tambm fiquei
um pouco afastado, junto com a multido de espectadores, olhando pela
janela e pela porta que estavam abertas. Enquanto isto, o demnio gritava,
com voz masculinizada, que conhecia aquele pastor, mas que no iria sair
da mulher. Meia hora depois, apesar de uma intensa luta do pastor contra o
demnio, nada aconteceu que pudesse mudar aquele terrvel quadro.
O demnio havia dito ao pastor que ele nunca enfrentara uma
entidade daquele nvel e que era preciso algum mais capacitado ou
experiente para expuls-lo, chegando a citar um curandeiro e um ritual
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especfico que seria necessrio para a sua expulso. As mentiras lanadas


pelo esprito maligno geraram um pouco de dvida naquele irmo - fato
que ele me confessou posteriormente - e isto abalou sua f. O pior de tudo
que a multido comeou a acreditar nas coisas ditas pelo demnio, pois
mesmo que o pastor tivesse usado o nome de Jesus, nada tinha acontecido
at ento.
Eu fiquei muito bravo com aquele demnio e falei com o Senhor l
no meu ntimo: Deus, precisas fazer alguma coisa para mudar esta situao.
E Deus me respondeu que eu mesmo deveria agir. Ora, se o pastor que era
mais experiente no enfrentamento de demnios no estava conseguindo
nada, quanto mais eu - era o pensamento que me vinha mente. Mas Deus
falou de novo, de forma muito clara e direta: na realidade, meu filho,
vocs no tem que fazer muita coisa, quase nada, porque maior aquele
que est em vocs do que aquele que est no mundo. E concluiu: vocs s
precisam deixar aquele que est dentro de vocs realizar a obra. Tudo isto
aconteceu no meu interior, em silncio. No foi dita uma palavra sequer.
Mas me lembro que l dentro senti algo mudar. Fui me apropriando dessa
verdade, que ele mora em mim e maior do que o inimigo que opera no
mundo. Por isto conto esta histria, pois estou to convencido que qualquer
cristo, qualquer discpulo de Jesus, pode tomar posse da realidade espiritual
relativamente sua posio em Cristo.
A partir daquele instante, Deus me deu uma coragem sobrenatural
e, sem falar uma s palavra, fui me aproximando da cama onde estava aquela
mulher. Fiquei com tanta compaixo que, mesmo ela estando inconsciente,
chamei-a pelo nome dizendo em voz alta para que toda a multido tambm
pudesse ouvir: Jesus te ama e ns tambm te amamos; voc est sendo
oprimida por um demnio, mas Jesus vai te libertar. O demnio retrucou
e pude ver nos olhos da mulher todo o dio que ele - o esprito maligno tinha de mim e de Jesus. Ento falei com ele mesmo dizendo em voz calma,
mas confiante na revelao que me foi dada pelo Senhor: demnio, voc
vai ter que sair. Instantaneamente, aquele olhar de dio que o demnio
produzia na mulher se transformou em pavor. O corpo da mulher comeou
a se contorcer e as ltimas palavras produzidas pelo demnio, no mais de
forma arrogante, mas gaguejando, foram: voc est cheio de Jesus; eu estou
vendo Jesus.
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Embora tendo conscincia de que o diabo o pai da mentira, neste


caso sabia que sua afirmao era verdadeira, porque tinha acabado de me
apropriar da verdade espiritual que est em I Jo 4.4. No restou outra coisa
ao demnio seno deixar o corpo daquela mulher, jogando-a para cima.
Ela caiu sentada na cama e, pela primeira vez, pude ouvir a voz da prpria
mulher dizendo: onde eu estou, o que aconteceu?. Seu esposo, que estava
ao meu lado, comeou a chorar vendo o milagre acontecer depois de seis
dias de sofrimento.
Aquele era um momento decisivo. Eu sabia que o medo abre portas
ao diabo e, como ela ainda no tinha Jesus no corao, era preciso apresentlo imediatamente. Eu lhe disse: No se preocupe, voc estava oprimida
pelo demnio, mas Jesus j te libertou; voc no quer entregar sua vida a
Jesus?, ao que responderam - ela e o marido - de forma positiva, tomando
a deciso de se entregarem a Cristo. Mas o Senhor fez mais. Por orientao
do pastor a quem eu acompanhava, falamos do evangelho a todos os que
estavam no ptio da casa e muitos outros tambm entregaram sua vida ao
Senhor Jesus.
Algo curioso aconteceu depois. Correu naquele bairro um boato de
que os demnios que tinham sado da mulher pretendiam entrar em
qualquer um que no tivesse a Jesus. Embora no tenhamos sido ns mesmos
os criadores deste boato, muitos vizinhos nos procuraram e, a partir deste
contato, conheceram o verdadeiro evangelho, passando a fazer parte do
Corpo de Cristo e serem cuidados como verdadeiros discpulos de Jesus.
Hoje, naquele bairro, existe uma congregao e muitas clulas que levam
adiante este mesmo evangelho, fazendo discpulos para Jesus.
Na realidade, a Bblia diz que ns ramos pecadores. Mas hoje, no
mundo espiritual, no somos mais vistos assim. Pecamos, verdade, mas
segundo II Co. 5:21 aquele que no conheceu pecado, ele o fez pecado por ns;
para que, NELE, fssemos feitos justia de Deus. Ora, isto faz toda a diferena.
Talvez algum possa pensar que, se somos a prpria justia de Deus, ento
no precisamos nos arrepender e pedir perdo por nossos pecados. Mas no
assim. Quando no agimos segundo a justia de Deus, que somos em
Cristo, temos que nos arrepender e pedir perdo a Deus por nossos pecados.
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Ocorre que, se pedimos perdo por nossos pecados enxergando-nos (a ns


mesmos) pela tica natural, pela tica da carne, vamos pedir perdo com
lamrias, reafirmando que somos miserveis e sem possibilidade de mudana,
aparentando que houve profundo quebrantamento.
Pode ser que algum pense que enfrentar a questo dos pecados
pela tica espiritual, como mencionado acima, talvez no gere tanto
arrependimento. Tambm neste ponto precisamos deixar claro que no
assim. O olhar a si mesmo pela tica espiritual causa arrependimento ainda
mais profundo e gera um dio mais forte pelo pecado, pois a tica outra.
Aqui est o segredo, a grande diferena causada por esta nova maneira de
ver as coisas. Porque a Bblia fala que daqui por diante a ningum
conhecemos segundo a carne. Esse ningum inclui a mim mesmo.
Se olhar para mim mesmo segundo a tica bblica descobrirei o que
eu realmente sou em Cristo: justia de Deus; uma nova criatura para quem
as coisas velhas j passaram e tudo se fez novo; eu tenho o Esprito Santo
que um com o meu esprito. Isto me leva a um arrependimento sincero e
profundo, mas no mais com a imagem de um homem derrotado e sem
esperanas. Posso ficar triste pelo que fiz, posso chorar quebrantado, mas
minhas palavras sero diferentes. Vou dizer: Senhor, perdoe-me porque
no agi como o que a Bblia diz que eu sou. Eu sou uma nova pessoa e no
agi de acordo com esta realidade. Me perdoe porque eu aceitei a mentira do
diabo em minha vida e agi conforme algum que eu no sou.
A tristeza do mundo, a tristeza segundo a tica natural traz morte.
O arrependimento daquele que v pela tica espiritual, ao invs de trazer a
tristeza da condenao, que leva morte, produz a tristeza do quebrantamento, que gera vida. Em II Co 4.18, Paulo nos admoesta: no atentando
ns nas coisas que se vem, mas nas que se no vem; porque as que se vem so
temporais, e as que se no vem so eternas. Ns temos que crer naquilo que
a Bblia diz. Se a Bblia a verdade, somos incrdulos e pecamos se continuarmos a olhar segundo a tica da carne. Por isso, ao olharmos para ns
mesmos, vamos olhar como o Senhor nos v.

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2. Vendo Meus Irmos Segundo a tica do Esprito


Da mesma forma como no devo ver a mim mesmo segundo a
tica da carne, tambm no devo ver meus irmos em Cristo segundo a
tica da carne.
Quando um membro de uma congregao comea a ter uma viso
crtica de seus irmos e notar suas falhas, nem sempre o faz com inteno
m. Ele quer agir com honestidade, pois v os erros e comea a apont-los.
Ele v as falhas dos lderes e falhas nos demais irmos daquela comunidade
de discpulos. Aos poucos, porm, isto vai se transformando em cinismo,
amargura, rispidez. Sabe por qu? Porque este irmo est desobedecendo a
Bblia; ele est conhecendo os irmos segundo a carne. No posso enxergar
meus irmos segundo a tica natural, mas sim na tica do Esprito. Se eu
insistir em olh-los segundo a carne, tambm vou ficar deprimido e
desesperanado, porque eu vou ver o quanto a igreja est distante daquilo
que Deus quer que ela seja.
Vamos fazer o que Paulo disse: daqui por diante, voc e eu, vamos
ver nossos irmos como eles so EM CRISTO. Se meus irmos falharam,
devo lembrar-me que, no mundo espiritual eles no so assim. Eles esto
em Cristo e nele no h pecado. O que acontece que eles no esto se
apropriando do que so em Cristo e eu posso ajud-los a tomar posse dessa
realidade. Agindo assim, passamos a encar-los de uma nova forma, o que
uma experincia emocionante.
Em nossa congregao temos ensinado tanto sobre isto, procurado
inculcar nas mentes dos irmos esta verdade da Palavra de Deus. Algum
tempo atrs, esteve entre ns um pastor que estava afastado de sua funo
por no concordar com as diversas regrinhas - todas muitas rgidas - de sua
congregao, o que o levou a exercer um trabalho secular em Santarm.
Quando ele foi embora, afirmou que entre tantas coisas que aprendeu ali, o
mais valioso para sua vida e ministrio foi descobrir esta nova maneira de
ver as pessoas. Ele afirmou que em sua congregao eles estavam acostumados
a olhar para os santos, vendo-os como pecadores. Mas o correto olhar at
para os pecadores, pela tica da f, como se eles fossem santos (sobre isto
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falaremos adiante). Ele mesmo acrescentou que cria ser este o segredo do
crescimento de uma congregao, quando no s o pastor, mas todas as
ovelhas aprendem a olhar as pessoas sob a tica do Esprito.
De fato, no h nada que cause maior destruio numa igreja do
que fofocas, picuinhas e coisas assim. Isto diablico! Mas, s vezes, isto
vem das pessoas mais sinceras, que esto desejosas de crescimento espiritual,
tanto em sua vida pessoal, quanto na igreja. O problema que nunca foram
ensinadas que, para ser espiritual no podemos olhar as pessoas pela tica
da carne, como se apontar a falha - ou falar disto aos outros - pudesse trazer
crescimento ao irmo que errou. Se eu for corrigir este irmo olhando para
ele na tica natural, especialmente naquelas reas em que ele falha com
freqncia, minha tendncia ser trat-lo com dureza e reafirmar que ele
assim mesmo. preciso olhar o irmo pela tica do Esprito, vendo quem
ele em Cristo e afirmar a verdade sobre a vida dele. Isto no significa que
este irmo nunca ser corrigido por que perfeito em Cristo. Se sua
experincia ainda no corresponde sua posio em Cristo ele precisa, sim,
ser confrontado, justamente para expressar tal realidade em sua vida diria.
Mas a forma como ele ser corrigido que vai fazer toda a diferena.
Se eu estiver enxergando este irmo pela tica do Esprito vou afirmar
que o conheo como ele realmente , em Cristo, e que naquele momento
ele no agiu conforme esta nova natureza. Por exemplo, se ele agiu com
falta de amor, vou lembr-lo que o amor j foi derramado em seu corao,
conforme Romanos 5.5, sendo este o esprito de poder, de amor e de
moderao que Paulo fala em II Timteo 1:7. Deus amor (I Jo 4:8); logo,
se somos um esprito com Ele (I Co 6.17), se nascemos dele, se o
conhecemos, ento amamos como Ele (I Jo 4:7). Lembrando ao irmo
quem ele e como ele agiu em desconformidade com esta realidade
espiritual, basta encoraj-lo a se arrepender, pedir perdo pessoa com quem
agiu de forma errada e tornar a agir como uma nova criatura.
Eu me lembro quando Deus comeou a revelar-me quem eu era,
no que se refere ao agir com amor frente a meus irmos. Confesso que
ainda estou crescendo nesta rea, mas Deus me disse que eu precisava tomar
posse da realidade espiritual para poder amar verdadeiramente os outros, o
que implica em crer no corao, declarar com a boca e praticar com meus
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atos, j que a f sem obras morta. Algum tempo depois, diante de algo
errado que dois irmos haviam cometido, agi fora deste procedimento
amoroso, valendo-me da condio de pastor da igreja. O contedo do
que falei a eles estava correto, mas o esprito estava errado. Ento, o doce
Esprito Santo me lembrou que eu no havia agido como quem eu era
realmente; que eu no havia agido no esprito do amor; que era correto
confrontar aquela falha luz da Palavra e no deixar que os irmos
permanecessem no engano do pecado, mas no deveria agir daquela forma.
O Senhor lembrou-me, ainda, que se eu cria na Palavra, deveria
tomar posse das realidades espirituais e declar-las com minha boca. Fiz
isto imediatamente. Mas faltava o terceiro passo. Mesmo com o receio inicial
- e equivocado - de comprometer a autoridade que me foi conferida pelo
Senhor, voltei at aqueles irmos e humildemente, pela graa de Deus, pedi
perdo por no ter falado com amor, acrescentando que isto no estava de
acordo com aquilo que a Bblia diz que eu sou. Eles tambm reconheceram
a sua falta - no fato que gerou aquele incidente - e houve pleno perdo e
restaurao entre ns. Assim aprendi que, tanto quando estou confrontando
algum por causa de algum pecado, ou quando estou pedindo perdo por
pecados meus, preciso olhar a todos pela tica do Esprito.
Quando eu era jovenzinho, lendo a Bblia e vendo como o apstolo
Paulo falava de si mesmo, fiquei com a impresso de que ele tinha, ainda
que muito sutil, algum problema com a questo do orgulho. Por exemplo,
em II Corntios 2.14, ele afirmou: Graas, porm, a Deus, que, em Cristo,
sempre nos conduz em triunfo e, por meio de ns, manifesta em todo lugar a
fragrncia do seu conhecimento. E em Romanos 8.37, ele afirmou que em
todas as coisas somos mais que vencedores. Ser que isto orgulho de Paulo?
Depois Deus me revelou que isto no era orgulho. Pelo contrrio, orgulho
no aceitar o que a Palavra diz.
Negar aquilo que a Palavra diz sobre mim e meus irmos orgulho
disfarado; humildade falsa: a Bblia diz que eu sou mais que vencedor,
mas eu no sou. orgulho disfarado porque com isto estou dizendo que
sou mais sbio do que Deus: ele diz que eu sou, mas no sou. E Deus
comeou a me mostrar que Paulo estava apenas sendo honesto com os fatos
da realidade espiritual. Ele estava enxergando pela tica do Esprito.
21

Por isso, tambm, ele fala no apenas dele, mas tambm dos irmos,
como por exemplo quando escreve aos Romanos (Rom15.14): e certo estou,
meus irmos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possudos de bondade,
cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros. Se
eu fizer o mesmo que Paulo ser que vou estar exagerando, ou vou dar a
impresso de estar bajulando meus irmos? No. Jesus est dentro deles,
pelo que devemos v-los possudos de bondade.
Interessante que o humanismo ensina algo parecido, mas, sem
mencionar que para isto preciso nascer de novo. como se o ser humano
fosse, por natureza, possudo de bondade. Ora, isto um veneno para o
povo de Deus. E o pior veneno no aquele que vem num frasco onde se
percebe claramente o que ele contm. O pior veneno aquele que vem
disfarado. Parece leite, tem cor, consistncia e toda a aparncia de um
frasco de leite, mas est cheio de veneno misturado com leite.
Assim tambm, o pior veneno para a igreja no a bruxaria, nem
o satanismo, mas sim esta idia humanista que afirma ser possvel obter
todas as coisas boas de si prprio e no por meio de Cristo. Isto diablico.
Ele, o diabo, procura enganar o homem afirmando que no preciso nascer
de novo para poder tomar posse das realidades que esto EM CRISTO. O
diabo quer convencer o mundo de tomar posse das realidades espirituais
sem Jesus. Esta sua grande mentira, que gera uma pseudofelicidade capaz
de enganar muitas pessoas. Quem embarca neste engano tenta obter tudo
de bom atravs do pensamento positivo. Mas isto nunca vai dar certo. S
quando algum nasce de novo e comea a tomar posse de tudo que est em
Cristo que ver a realidade espiritual em sua vida.
O problema que, se de um lado o diabo engana o mundo, levandoo a buscar no pensamento positivo ou em alguma outra coisa aquilo que s
existe em Cristo, por outro lado ele tenta enganar a igreja a no tomar
posse da realidade espiritual e assim deixar de trazer para a experincia do
dia-a-dia tudo aquilo que ela j recebeu em Cristo. Se hoje em dia algum
falar como o apstolo Paulo na forma dos textos que citamos acima,
possvel que alguns irmos sinceros digam que isto pensamento positivo,
ou que coisa de nova era. Mas quando Paulo afirmou que estavam todos
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possudos de bondade, ele estava dizendo que olhava os irmos pela tica
espiritual, vendo Cristo na vida dos irmos.
Ele tambm afirmou que eles eram cheios de todo o conhecimento
(Rom 15.14). Ser que Paulo estava exagerando? No, pois a Bblia diz que
ns temos a mente de Cristo (I Co 2.16) e no temos necessidade de algum
que nos ensine sobre o que verdadeiro (I Jo 2.27), porque pelo Esprito
Santo j sabemos todas as coisas em nosso esprito. Por causa disto, quando
ouvimos algo sobre a Palavra que nunca tnhamos ouvido antes - ou seja,
nossa mente no tinha conhecimento -, em nosso esprito podemos
confirmar ou refutar aquela afirmao. J temos a uno, temos a mente de
Cristo em nosso esprito. Isto no significa que no precisamos de mestres
na igreja, ou irmos que nos mostrem a verdade. A questo que eles no
vo nos ensinar algo novo, mas apenas confirmar aquilo que j foi colocado
em nosso esprito pelo Esprito Santo. H coerncia entre este ensino que
vem de fora e o que foi colocado em nosso esprito pelo Esprito Santo, o
qual gera paz interior.
E quando comeamos a enxergar nossos irmos assim, vendo como
eles, em Cristo, esto cheios de todo o conhecimento, muda a forma de
nos relacionarmos. Talvez, at mesmo haja algum irmo analfabeto, mas
no vamos desistir dele, crendo que ele pode ser grandemente usado pelo
Senhor porque est cheio de todo o conhecimento. Foi exatamente isto
que fez Jesus com seus discpulos. Pegou homens semi-analfabetos e com
eles transformou o mundo. Alm disso, o texto de Rom 15.14 ainda
acrescenta que somos aptos para admoestar-nos uns aos outros. Logo, todos
tm, em Cristo, aptido para liderar, discipular, admoestar.

3. Vendo os Incrdulos Segundo a tica do Esprito


Assim como nos dois pontos anteriores vimos que no devemos
enxergar a ns mesmos e a nossos irmos segundo a carne, nossa tica em
relao s pessoas que ainda no entregaram sua vida a Jesus tambm deve
ser a tica do Esprito. O texto que temos usado, em II Co 5.16, diz que a
ningum conhecemos segundo a carne e isto inclui as pessoas do mundo, as
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quais eu no posso mais olhar pela tica da carne. Talvez voc pense que
estamos exagerando, pois se algum no est em Cristo no nova criatura.
Como, ento, podemos enxerg-lo pela tica do Esprito?
Ora, quando Jesus morreu, ele levou sobre si os pecados de toda a
humanidade. A Bblia nos diz que todos os pecados, desde os pecados de
Ado at os do ltimo ser humano que ainda vai nascer, foram colocados
sobre Jesus. E assim, todos os pecados j foram castigados em Cristo. Deus
seria justo se castigasse o mesmo pecado duas vezes? Claro que no. Ele j
castigou todos os pecados e no vai faz-lo de novo.
Em II Co 5.19 Paulo afirma que Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo - no apenas uns poucos -, no imputando aos homens as
suas transgresses. Ou seja, Deus no est cobrando mais dos homens os seus
pecados. Ningum vai para o inferno porque adulterou, roubou, mentiu
ou praticou qualquer outro pecado deste tipo. O pecado que ir levar
qualquer homem para o inferno no fazer de Jesus o Senhor de sua vida.
Para ilustrar esta afirmao, vamos pensar em algum que resolveu
doar sua carteira e tudo que havia nela para outra pessoa, um amigo seu.
Ele avisou este amigo sobre a deciso que tomou de lhe presentear e deixou
a carteira num determinado lugar para que o amigo fosse busc-la. Mas esta
pessoa no quis buscar o presente que havia recebido e o deixou l sem
nunca tomar posse do presente.
Esta ilustrao, apesar de limitada, demonstra como Deus agiu em
relao ao homem. Jesus morreu por todo o mundo, mas nem todos
receberam o dom de Deus, a salvao. J os que o receberam como Senhor,
tomaram posse de toda a realidade da cruz em suas vidas. Ento, se olharmos
as pessoas pela tica natural, vamos ver homossexuais, mentirosos, ladres,
prostitutas, terrveis pecadores que tm de se arrepender e, provavelmente,
vamos v-las como pessoas bem diferentes de ns. Se, ao contrrio, as
enxergamos pela tica da cruz, a tica espiritual, vamos ver que so iguais a
ns mesmos. Ns tambm no merecamos nada. ramos to pecadores
quanto o pior dos pecadores, mas fomos at Jesus e o recebemos como
Senhor de nossos vidas, tomando posse do perdo, da cura, do milagre da
salvao e de tudo que est em Cristo.
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Aqueles que esto no mundo no sabem, mas Jesus j morreu por


eles. Seus pecados j foram castigados em Cristo e agora ele nos confiou a
palavra da reconciliao (II Co 5.19). Por causa disto que Cristo fez,
precisamos olhar as pessoas do mundo por outra tica. Vamos comunicar a
elas as boas novas, que Jesus j levou todos os seus pecados e que no est
mais com raiva delas, que levou todas as suas doenas, que Deus no est
cobrando mais os seus pecados porque o preo j foi pago. Basta crer, receber
o senhorio de Jesus em suas vidas e tomar posse de tudo que est em Cristo,
porque a salvao j foi providenciada para todos os homens, sobre quem
veio a graa de Deus (Rom 5.18). Pode ser que ao receber esta mensagem
no tenham uma resposta positiva ao evangelho do reino, o que Paulo chama
de receber em vo a graa de Deus (II Co 6.1), mas isto no muda a
verdade, nem pode alterar a forma de vermos as pessoas do mundo.
Ento, qual a nossa mensagem ao mundo? A graa de Deus j
veio sobre vocs. No a recebam em vo. J estamos vendo vocs salvos,
transformados. Jesus j pagou o preo e vocs, sem merecerem, podem
tomar posse de tudo isto. to gostoso quando esta mensagem comea a
tomar conta do nosso ser interior.
Certa vez um senhora que fazia parte da congregao pastoreada
pelo irmo Cho, na Coria, o procurou desesperada. Sua filha, ainda
adolescente, havia se jogado para uma vida mundana e se prostitua at
com os colegas do prprio pai e dos irmos. Isto estava causando uma grande
vergonha para toda a famlia, a ponto de a expulsarem de casa. A resposta
do pastor Cho foi no sentido de que a orao resolve: vamos orar e Deus
vai fazer um milagre. Diante desta palavra aquela me respondeu que j
estava orando, e muito, mas nada havia acontecido. O pastor Cho lhe alertou,
ento, que estava orando de uma forma errada. Ela estava vendo a filha
como uma prostituta e orava de acordo com esta tica. Ela precisava ver sua
filha segundo a tica do Esprito. Ele disse mulher: feche seus olhos e
veja a cruz, o Senhor pregado nela, e seu sangue sendo derramado por
todos. E acrescentou: aquele sangue limpa dos piores pecados, inclusive
os pecados de sua filha.
Vamos fazer um parnteses para explicar melhor um princpio bblico
sobre a famlia. No mundo espiritual era direito daquela me e de qualquer
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um de ns ver toda a famlia salva. A Bblia diz cr no Senhor Jesus e ser


salvo, tu e tua casa (At 16.31), de sorte que, se tomarmos posse dessa realidade,
por f, ser impossvel ficarmos separados de nossa famlia. Vemos isto no
estabelecimento da pscoa judaica. Eles estavam se alimentando do cordeiro
pascal, que simboliza Jesus. No podiam alimentar-se sozinhos, mas sempre
em famlia. Quando algum se alimenta de Jesus, no mundo espiritual sua
famlia tambm j est se alimentando de Jesus. Depois daquela primeira
pscoa, passaram pelo Mar Vermelho em famlia e no isolados, outro
exemplo deste princpio. Tambm na histria de Raabe vemos esta realidade
espiritual. Ela era prostituta, mas foi salva juntamente com toda sua famlia,
por causa do pano vermelho amarrado na porta da casa, que simboliza o
sangue de Jesus. Precisamos olhar com f e agradecer a Deus porque nossa
famlia est salva.
Voltando ao caso daquela me, na Coria, aps ter sido lembrada
de olhar para a cruz e tudo o que ela significa para o pecador, a me passou
a enxergar sua filha pela tica correta, segundo a realidade espiritual, e
comeou a orar de uma forma diferente. Alguns dias depois, ao sair de um
motel, aquela filha sentiu grande desconforto em seu interior. Percebeu
que estava suja, sozinha e com muita saudade de sua famlia. Inicialmente
teve medo de voltar para casa e ser rejeitada, por causa do pecado, como
havia acontecido antes. Mas ela disse consigo mesma que iria voltar pela
ltima vez. Se a famlia a recebesse, ela se reconciliaria. Se no fosse recebida,
nunca mais voltaria para a casa dos pais.
Acho que podemos imaginar o que aconteceu, pois a me daquela
moa j estava olhando a filha pela tica do Esprito. Quando a me enxergou
a filha na entrada da casa, movida por grande compaixo, saiu correndo e
abraou-a com sincero amor. Houve arrependimento e reconciliao naquela
casa e a moa passou a ser amada e cuidada pelos seus familiares. Mas a
melhor parte que ela se reconciliou com o Senhor, passou a fazer parte da
igreja, cresceu na f, casou-se com um homem cheio do Esprito Santo,
tornou-se lder e supervisora de clulas naquela congregao. Tudo isto
aconteceu porque a me passou a ver a filha no mais segundo a carne, mas
segundo a tica do Esprito.

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Eu quero desafi-los a enxergar a ns mesmos, nossos irmos e o


mundo ao redor de ns pela tica do Esprito. Comecem a ver sua cidade
transformada. Ns comeamos a fazer isto em nossa congregao, vendo
Santarm como propriedade legal do Senhor Jesus e proclamando esta
verdade: Jesus j pagou o preo; toda a cidade de Santarm ser salva. No
aceitamos que ningum nesta cidade v para o inferno, porque ela pertence
a Jesus.
No ltimo ms de outubro (2004), Jorge Himitian esteve l conosco.
E em qualquer lugar que ele entrava, como restaurantes, sorveterias ou outros
locais pblicos, ele ia perguntando s pessoas, com o sorriso e a simpatia
que lhe so peculiares, se conheciam Jesus. Vrias vezes as pessoas respondiam
que sim, acrescentando, em alguns casos, que eram lderes de clula ou
supervisores. Ele comeou a ficar - no bom sentido da palavra - assustado
por ver quo grande era o nmero de habitantes daquela cidade que tinham
entregado sua vida para Jesus.
Russel Shedd tambm esteve l e visitou as clulas de irmos muito
humildes, no meio da selva, bem como em clulas na cidade, onde estavam
alguns empresrios. Relatou que ficou impressionado por ver o mesmo
esprito em todas elas, a mesma paixo por Jesus. Ele ministrou aulas na
faculdade, mas tambm ministrou naqueles lugares bem humildes, para os
lderes, no meio do povo. Seu testemunho em vrios lugares do Brasil
sobre o grande avivamento que tem ocorrido em Santarm. Mas eu creio
que isto s o comeo. Deus quer fazer mais e ele vai fazer mais. Eu j estou
vendo a sua cidade tambm cheia da glria de Deus.
De tempos em tempos, temos feito uma coisa interessante atravs
de um programa de televiso, em Santarm, para despertar a curiosidade
dos incrdulos sobre Jesus e a vida da igreja. Eu digo ao telespectador que
estamos fazendo uma celebrao com todas as clulas da igreja. E acrescento
que, se ele ligou agora e no sabe o que uma clula, apenas fique com a
televiso ligada que depois eu vou lhe explicar o que isto significa. Mas
antes de dar esta explicao eu convoco todas as clulas - que j estavam
avisadas e preparadas - que chegou o grande momento e conto at trs:
um, dois, trs, fogo. Aquele o sinal para todas as clulas acenderem
fogos de artifcio. Imagine os milhares de fogos que estouram ao mesmo
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tempo e o impacto que isto causa na cidade, pois todos querem saber o que
est acontecendo. Muitos dizem que maior do que o nmero de fogos
que foram estourados quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo. Jesus
est marcando um bilho a zero contra os demnios. Depois dos fogos, ns
voltamos ao programa e explicamos para quem estiver assistindo o que
uma clula, como a vida da igreja e os convidamos para ir s reunies nas
casas, onde eles iro ouvir sobre Jesus. E elogiamos os irmos que j esto
vinculados nas clulas e todo o esforo que tm feito, bem como o fruto de
seu trabalho pelo Senhor. Louvamos juntos, oramos pelos novos lderes sobre os quais os demais irmos impem as mos em cada casa - e assim a
cidade toda vai pegando fogo.
Estou contando isto porque daqui por diante, a ningum mais vejo
segundo a carne. E j estou vendo sua cidade assim tambm. Estou vendo
voc e sua cidade pegando fogo. Agradea ao Senhor pelo privilgio de
participar do trabalho mais nobre e empolgante da histria do mundo, de
fazer discpulos das naes, pedindo a ele que lhe ajude a tomar posse da
realidade espiritual. Depois olhe para voc na tica do Esprito e tome
posse de tudo que voc tem em Cristo e de tudo que voc pode nele, que
lhe fortalece. Tambm olhe para seus irmos - vendo-os em Cristo - e sua
cidade pela tica espiritual e veja o sangue de Jesus sendo derramado sobre
todos os seus habitantes. Comece a dizer palavras de f sobre a sua cidade:
Eu declaro minha cidade salva, lavada pelo sangue de Jesus. Deus no
est imputando mais os pecados da sua cidade. Ela est salva! Tome posse
desta realidade, pois ISTO S O COMEO!

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