Trabalho Sobre o Estudo Do Fenómeno Da Comunicação

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Trabalho sobre o Estudo do Fenómeno da Comunicação

Perspectiva Histórica da Evolução da Comunicação/Educação


(Jean Cloutier)

Esta temática é central no estudo da comunicação, uma vez que enfatiza os


principais momentos e acontecimentos que marcaram (e marcam) a evolução da
comunicação/educação. Como a comunicação é cumulativa a compreensão desses
momentos, e das suas condicionantes, torna-se fundamental para compreender a
educação nos dias de hoje.
Jean Cloutier definiu quatro momentos:
- Comunicação Interpessoal/Família
- Comunicação de Elite/Escola
- Comunicação de Massas/Escola Paralela
- Comunicação Pessoal e Individual/Auto-educação

Pretende-se com este trabalho, abordar esta temática que serve como objecto de estudo e
reflexão. Retirei várias abordagens sobre o tema de várias fontes...artigos da net, livros,
comentários, vídeos...e fiz uma reflexão sobre os mesmos.

"Comunicar, hoje em dia, é ser capaz de utilizar judiciosamente o conjunto de meios de que o
homem moderno dispõe. É ser capaz de recorrer à tecnologia tanto para emitir como para
receber mensagens. O recurso a esta tecnologia requer uma certa aprendizagem e o
desenvolvimento de um certo número de capacidades técnico-sensoriais. Mas não se deverá
supor que a utilização dos meios de comunicação ligeiros exige tão-só conhecimentos de
ordem técnica. Longe disso. Estes meios "falam" diferentes linguagens audio-scripto-visuais,
cujo prévio conhecimento é um requisito indispensável."

Jean Cloutier

a) Jean Cloutier
O autor mais representativo da corrente comunicativa – modelo cibernético
É importante compreendermos a História da Comunicação, para assim compreendermos
a evolução das TIC ao longo de todo o processo de civilização.

As Novas Tecnologias surgiram para facilitar necessidades de ordem económica e do


dia-a-dia do ser humano. O aparecimento da escrita, da imprensa, da rádio, da televisão,
do computador surge porque o homem sentiu necessidade de realizar problemas do seu
quotidiano, e não porque tinha uma necessidade cultural.
O uso do computador e das redes informáticas globalizou-se e tornou-se imprescindível
em alguns sectores da actividade. A escola prepara futuros profissionais para o mercado
de trabalho, utilizando as TIC como meio para atingir um objectivo…

Para Jean Cloutier, a comunicação é cumulativa, ou seja, cada novo meio junta-se aos
outros e os emergentes não servem para eliminar os já existentes. Ele propõe quatro
momentos da História da Comunicação.

Primeiro momento:
-“a comunicação interpessoal”, remete-nos para o início da história humana onde o
homem se expressa unicamente através do gesto e da palavra. A este momento
podemos fazer corresponder a estrutura educativa familiar. È um ensino cumulativo, que
contrariamente aos animais irracionais evolui com a descobertas de novas técnicas,
como por exemplo as representações icónicas.
- Segundo momento:
Posteriormente, com o aparecimento da escrita surge o segundo momento, a
“comunicação de elite”, onde aparece a escola como organização e sistema. A família
deixa de ser o único local de aprendizagem, e passa a existir um local determinado, “a
Escola”. No entanto assiste-se neste momento a uma separação de classes, uma vez
que só algumas classes sociais podem dedicar-se à aprendizagem pela escrita.

- Terceiro momento:
Com o aparecimento dos mass media passa a existir a “comunicação de massa”, o
terceiro momento da história da comunicação. A Escola deixa de ser a única fonte de
transmissão do saber, que passa a ser feita pelos livros, jornais, rádio e televisão. À
família e à escola junta-se então um novo estilo a “escola paralela”, uma vez que todos
têm a possibilidade de aceder livremente ao conhecimento através dos media.

- Quarto momento:
Jean Cloutier designou-o por “comunicação individual”. Aparece porque o homem
passa a ter acesso a todo o conhecimento e a poder exprimir-se através dos self-media.
Aqui o papel de professor e aluno modifica-se; o professor deixa de ser o único
transmissor da informação e o aluno passa a ser um auto-educando, capaz de construir
o seu próprio conhecimento, através de uma aprendizagem autónoma.

Assim, é importante que entendamos a comunicação como um processo cumulativo, em


que aos antigos conhecimentos que possuímos se juntam os novos. E não podemos
esquecer que todos os contextos (desde o contexto familiar, à escola, á auto-educação),
são importantes e se os conseguirmos interligar de certeza que será um bom contributo
para a formação pessoal e profissional dos nossos alunos.
Jean Cloutier considera o homem “emissor” e, simultaneamente, “receptor”, atribuindo-
lhe a designação original de EMEREC. Assim, Emerec é o leitor, sou eu. Emerec é o
homem que comunica com os seus semelhantes, com as máquinas que cria, com o seu
meio ambiente, que modela e por vezes envenena. É ainda o homo communicans, tem
cinco sentidos, muita criatividade, uma imaginação que ele despreza um pouco e um
intelecto de que se orgulha muito, ou seja, como o seu nome indica, é ao mesmo tempo
emissor e receptor; é, como todos nós, alternadamente cada um dos dois pólos da
comunicação…e, até mesmo, ambos os pólos simultaneamente.
Os meios de comunicação de massas ou também designados, segundo a linguagem
utilizada por Jean Cloutier, por media de amplificação, criaram uma sociedade nova, a
sociedade de massas, na qual todas as relações humanas estão modificadas. Mais do
que nunca é nítida a inter-influência entre o desenvolvimento político, social, económico
e técnico e as formas de comunicação.
Paralelamente a estes grandes meios de comunicação de massas, a técnica moderna
possibilita a todos o acesso à gravação de sons e imagens, fornecendo ao homem novas
linguagens, as “linguagens de registo”, e novos media – os media individuais ou self-
media, transformando, assim, a comunicação numa “comunicação individual”,
prefigurando o quarto momento da história da comunicação. Esta fase, ou como Cloutier
gosta de lhe chamar, este episódio, da vida do homem enquanto Emissor e Receptor,
começou durante o apogeu da era da comunicação de massas.Mas os seus primórdios
passaram despercebidos,,,paralelamente aos media colectivos – os mass media – a
técnica moderna facultava ao homem os media individuais, que Cloutier designou de
self-media…baseados na gravação (por ex. a fotografia que foi o 1º media individual).
Na opinião de Jean Cloutier assistimos a um dos paradoxos da história do homem que
explica o mal-estar que actualmente experimentamos em relação ``as “técnicas
audiovisuais”.
O autor explica que no início, o homem dotou-se de linguagens que eram modos de
expressão individual…e hoje a noção de self-media permite uma distinção que pode, por
vezes, na opinião de Cloutier, parecer arbitrária mas como cita o autor “pode ser muito
útil para situar os novos meios de comunicação que a recente tecnologia dá ao
homem”…
Graças aos self-media, o homem tem agora à sua disposição uma série de meios de
comunicação, tanto para emitir, como para receber- cria-se a comunicação individual…
Cloutier refere que os self media permitem ao homem, sozinho ou em pequeno grupo, ir
onde lhe apetece, no momento que lhe convém.
A comunicação individual é:
-A possibilidade de ter acesso a mensagens sempre disponíveis, conservadas nas
linguagens mais apropriadas
-A capacidade de se exprimir, não só através da palavra falada, ou escrita, mas
igualmente através da imagem e do som.
Na perspectiva de Jean Cloutier cada linguagem (verbal ou escrita) reencontra o lugar
que lhe compete, visto que cada uma é tão capaz como a outra, de transpor o espaço e
o tempo.
Conforme esclarece Vaz Freixo, embora os quatro tipos de comunicação enunciados se
tenham sobreposto um após outro, eles continuam a existir separadamente, embora com
íntimas relações sistémicas. A Comunicação interpessoal é a que continua a revelar-se
mais enriquecedora e proveitosa para os interlocutores, uma vez que nenhuma técnica
de comunicação, por mais potente ou sofisticada que seja, conseguirá atingir o seu nível
de complexidade e de cumplicidade que esta revela.
Retirado do livro “Teorias e Modelos de Comunicação”, de Manuel João Vaz Freixo
b) A história da comunicação pode dividir-se em quatro episódios que se sobrepõem. Cada
episódio é caracterizado pela utilização de novas formas de comunicação, que
transformam a sociedade e constituem um novo tipo de comunicação. 0 primeiro
episódio é o da exteriorização: Emerec exprime-se pelo seu corpo, graças aos seus
gestos e à sua palavra, sem deixar de se referenciar ao seu meio ambiente imediato. 0
homem é portanto, o único medium de comunicação e só a comunicação interpessoal
é possível. 0 segundo episódio é o das linguagens de transposição, tais como o desenho
e o esquema, o ritmo e a música e sobretudo a escrita fonética, verdadeira revolução! 0
espaço pode ser atravessado, as mensagens são confiadas ao papiro ou, ao
pergaminho; o tempo é vencido e o muro das cavernas constitui a primeira biblioteca.
Tece-se então, uma verdadeira rede de informação; a era da comunicação de elite
nasce. A amplificação caracteriza o terceiro episódio, que começa com a implantação da
Imprensa e que conhece o seu apogeu com o satélite. Os media colectivos, os mass-
media criam uma nova sociedade baseada na comunicação de massa. A gravação de
sons e de imagens, tornada acessível a todos, graças à técnica moderna, fornece a
Emerec novas linguagens e novos media, na aurora do 4º episódio da sua história. Os
media individuais, os self-media oferecem-lhe uma era nova, a da comunicação
individual.
PRIMEIRO EPISÓDIO: A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
Foi com o homo sapiens, há várias centenas de milhar de anos, que se forjou o primeiro
episódio da história da comunicação. 0 homem é um ser frágil, um dos mais mal
protegidos contra as forças da natureza: calor e frio, sol e tempestade. Vencido à partida
nos seus combates singulares com os animais; caçador correndo mais devagar do que
as suas presas, ele deveria estar condenado a desaparecer. Mas não é assim, porque
compensa a sua fraqueza com a sua astúcia e a sua habilidade manual. 0 homo sapiens
tornar-se-á simultaneamente o homo faber e o homo loquens.
Este homem aprende a exteriorizar as suas necessidades, as suas ideias, os seus
desejos; aprende a exteriorizar-se. Estabelece um sistema de comunicação cada vez
mais elaborado a partir do seu próprio corpo. Faz gestos que ganham um sentido cada
vez mais preciso, emite sons que se tornam, pouco a pouco, códigos significativos. 0
canto e a dança permitem-lhe exprimir sentimentos, manifestar alegrias, tristezas ou
orações.
Diferencia-se dos animais por um sistema de comunicação progressivo e aberto, que
pode transmitir-se e enriquecer-se, de geração em geração.
A exteriorização
O dos animais é fechado e limitado e perpetua-se sem modificação notável.No decurso
deste episódio, do qual se encontram ainda vestígios em certas regiões do globo
(protegidos e camuflados pela seiva, preservados pela natureza, mas já por pouco
tempo), a expressão corporal e, verbal constitui o único modo de comunicação de
Emerec. Este é tributário do seu próprio corpo para se exprimir; as suas linguagens são-
lhe subjectivas, pessoais; os objectos que o rodeiam não têm ainda, significação
arbitrária ou simbólica, fazem parte da natureza, desse meio no qual Emerec está
perfeitamente integrado e, do qual sabe interpretar as mensagens, que têm uma tão
grande importância para a sua vida. Os seus sentidos estão harmoniosamente
desenvolvidos, porque ele ainda não aprendeu a dissociá-los, visto que cada um deles.
Desempenha um papel complementar. Para a caça, por exemplo, o seu olfacto é-lhe
muito valioso; o gosto determina a sua alimentação; o tacto permite-lhe bater-se e amar;
mas, para comunicar, é através dos olhos e da vista que percebe melhor as mensagens
dos outros homens e as do seu meio ambiente.
0 audiovisual
A vista e o ouvido são os principais sentidos da comunicação, tal como o gesto e a
palavra constituem os seus principais -modos. A harmonia é grande entre estes dois
sentidos, que permitem a Emerec perceber o seu meio na sua dimensão real de espaço-
tempo. 0 barulho não se dissocia do acontecimento, o trovão completa o relâmpago, a
agitação revela, a queda. Tudo o que é visível é percepcionado no espaço, tudo o que é
acústico é percepcionado no tempo. Por conseguinte, o meio ambiente é principalmente
audiovisual e espacio-temporal, visto que ele transmite sem parar, informações
perceptíveis simultaneamente pelos olhos e pelos ouvidos. Assim foram as primeiras
linguagens de Emerec.
0 gesto, isto é, toda a forma de expressão corporal é, desde a origem, acompanhado de
sons, como é o caso da dança e do canto. Uma parte da significação desta linguagem
fundamental é intuitiva para o homem, tal como acontece com a linguagem animal que
se transmite de geração em geração sem evoluir. Será apenas a pouco e pouco que o
homem primitivo irá transformar o gesto, codificando-o, dando-lhe significações, que se
transmitirão como uma primeira herança cultural e evoluirão de geração em geração.
Os sons que acompanhavam o gesto articulam-se pouco a pouco e formam-se palavras.
Esta linguagem verbal, baseada na utilização e na combinação de palavras, faz de
Emerec um comunicador. A palavra deixa de conhecer o limite de gestos que apenas
completava e que agora já ultrapassa. As combinações de sons que ela permite, tornam
possível a expressão daquilo que até então era inexprimível. Comunicar já não é uma
função instintiva, como a de caçar e a de comer, mas uma função cultural.
A palavra ainda não é uma linguagem puramente acústica; nessa época ela é
audiovisual: o gesto faz parte essencial dela e não é uma ilustração supérflua; a
comunicação não. É puramente linguística, é integrada. A primeira linguagem do homem
é pois audiovisual, tanto ao nível da expressão -gesto e palavra como ao da percepção -
visão e audição.
0 homem-medium
Os media são os suportes materiais que tornam possível a comunicação. 0 suporte mais
fundamental, o único que existiu na origem, é o próprio homem. 0 homem que gesticula
e que fala é o primeiro medium audiovisual. Os media são os intermediários físicos que
permitem a comunicação à distância, quer seja à distância no espaço, quer seja à
distância no tempo. Ora, Emerec ainda não aprendeu a transpôr e a materializar as suas
mensagens; por isso mesmo, tem que as confiar a um outro homem.
No espaço, o alcance da comunicação de Emerec é limitado à acuidade auditiva e visual
do seu interlocutor. Por isso, para comunicar à distância no espaço, ele tem que se
deslocar. Os seus meios de comunicação confundem-se, então, com os seus meios de
transporte, a menos que ele confie a sua mensagem a um outro homem, encarregando-o
de a transmitir. Este é um mensageiro que reproduzirá pelas suas próprias palavras,
pelos seus próprios gestos, a mensagem que lhe foi confiada. 0 mensageiro é um
verdadeiro medium que difunde à distância a mensagem de outro, mas, não sem a
alterar, não sem a impregnar da sua própria personalidade.
No tempo, a duração da comunicação de Emerec é limitada ao instante fugaz.
Evidentemente, ele pode repetir a sua mensagem, mas então a sua comunicação é
limitada pela duração da sua vida, a menos que ele a confie a qualquer outro que se
encarregará de a perpetuar.
Há mesmo verdadeiros homens-media que se tornam especialistas desta transmissão
oral, desempenhando assim o papel de memória do tempo, que é hoje preenchida pelas
enciclopédias e pelos arquivos. Estes contadores, os aedos do mundo grego
(conservadores das narrações que darão a filada e a Odisseia), os bardos das tribos,
Celtas (ver Astérix), os trovadores da Idade Média, do Sul e do Norte da França, os
feiticeiros de África e os velhos contadores canadianos, nos serões de antigamente, são
media de comunicação. Contaram a história da humanidade e simultaneamente, criaram
a sua mitologia.
Texto transcrito do livro "A era de EMEREC " de Jean Cloutier
Retirado do site
http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-257.htm

c) O esquema da Era de Emerec apresenta-se dinâmico e concêntrico,


comportando três elementos gráficos:
- O Emerec
-As noções de linguagem e de mensagem
-O médium

Para Cloutier “o esquema de Emerec” não é estático. Está em movimento e varia


continuamente segundo os tipos de comunicação estabelecida. Não é linear…o
feedback não é um elemento acrescentado e supérfluo, mas inerente ao ciclo da
informação.

• o "homo communicans" situa-se alternadamente em cada um dos pólos da


comunicação e, até mesmo, em ambos os pólos simultaneamente.
• O processo de comunicação não é linear, mas concêntrico
• o seu ponto de partida é sempre o seu ponto de chegada,
• o feed-back "não é um elemento acrescentado e supérfluo, mas inerente
ao ciclo da informação

O Emerec personifica o carácter de emissor e receptor do homo communicans.

A linguagem e a mensagem - São duas noções indissociáveis, a linguagem permite


incarnar a mensagem.

Distinção entre as linguagens base (audio, visual e scripto),


Unidimensionais:
• linguagens sintéticas (audiovisual e scriptovisual) que implicam a fusão de
duas linguagens base
• linguagem polissintética (audio-scripto-visual), resultante da aglutinação
de diversas linguagens
• mantém a expressão "audiovisual" para caracterizar a linguagem que alia
a imagem em movimento ao som e concilia o espaço e o tempo, a vista e o
ouvido
• cria a expressão scriptovisual para qualificar a linguagem que abrange
todos os modos de comunicação gráfica com origem na fusão da escrita com
o visual
• cria a expressão audio-scripto-visual, aplicando-a ao tipo de comunicação
polissintética pela aglutinação de diversas linguagens

MODELO

ÁUDIO
AUDIOVISUAL
Ling. SCRIPTO AUDIO-
Base SCRIPTO-
VISUAL

SCRIPTOVISUAL
VISUAL

O Medium

• intermediário que permite transpor as mensagens no tempo e no espaço,


com a particularidade de as poder transformar e modelar.
• Aplica a perspectiva cibernética ao funcionamento dos media.
Os media emitem, recebem, transmitem, conservam e amplificam as
mensagens graças a uma feliz combinação de software e de hardware.
• Utiliza um duplo sistema para classificar os media: em função da linguagem
e em função da natureza de tratamento e difusão da mensagem.
• Distingue media de massa e self-media, repartindo-os por cada uma das
seis linguagens: audio, visual, scripto, audiovisual, scriptovisual e audio-
scripto-visual

Valorização educativa dos esquemas cibernéticos

• O feed-back é o factor que distingue informar de comunicar


• Procurar o feed-back, "é procurar a relação, é considerar o receptor como
uma realidade autónoma, é estabelecer a comunicação".
• Desenha-se um novo papel para o formador"deixa de ser o sábio emissor
que transmite a sua ciência aos formandos, por sua vez receptores quase
passivos. Ambos, formador e formandos, andam à descoberta do saber,
desempenhando papéis diferentes".
• A aplicação da noção de feed-back aos media permite distinguir os media
interactivos dos não interactivos.
• Nesta procura da descoberta, a integração dos media constitui uma
estratégia adequada para proporcionar – a aquisição e a compreensão do
saber, tarefa mais facilitada se os utilizadores têm possibilidade de
estabelecer
interactividade com os media.

CLOUTIER, Jean (1975). A Era do Emerec ou a Comunicação Audio-scripto-visual na


hora dos self-media. Lisboa: I.T.E.
CLOUTIER, Jean (2001). Petit traité de communication. EMEREC à l’heure dês
Technologies Numériques. Montréal: Ed. Carte blanche.

Retirado do site
http://www.iep.uminho.pt/tcei/material/powerpoint%20%20modelos%20comunica
%C3%A7%C3%A3o%20.pdf

d) Aplicando a ideia de que o professor tende a assumir o papel de emissor activo que
transmite os conteúdos (de forma verbal) a alunos (receptores) que recebem
informações de forma passiva, pelas quais serão avaliados.
Para compreender melhor esta ideia recorremos à obra de Jean Cloutier (1975): “A Era
de EMEREC na hora dos self media”.

A palavra EMEREC resulta da junção das palavras émetteur (emissor) e


récepteur(receptor), personificando o duplo carácter de cada indivíduo que comunica, o
homo communicans que se encontra “alternadamente em cada um dos pólos da
comunicação e, até mesmo, em ambos os pólos simultaneamente”; “O Emerec
personifica o carácter de emissor e receptor de cada homo communicans”. Nesta
perspectiva, o processo de comunicação não assume uma forma linear, onde as
funções de emissor e receptor estão dissociadas, mas adopta uma forma concêntrica,
na medida em que o ponto de partida é o ponto de chegada estando o conceito de
feedback inerente.

Este esquema inclui ainda um terceiro elemento, o médium, que funciona como
intermediário que transforma e modela as mensagens, transpondo-as no tempo e no
espaço.

Emerec é pois, “o homem que comunica com os seus semelhantes, com as máquinas
que cria, com o seu meio ambiente” (Cloutier, 1975, 0.00-14). Ressalta-se, assim, a
especificidade humana e a articulação desta com o desenvolvimento e progresso
científico e tecnológico. Importa, no entanto, analisar esta questão, no sentido de
apurar e valorizar a capacidade comunicativa voluntária e espontânea do indivíduo,
como factor determinante de qualquer acto comunicativo. Pode entender-se, ainda,
Emerec, como a ponte que permite a utilização articulada de tecnologias, na
conceptualização da comunicação áudio-scriptovisual.

Depois destas considerações anteriores importa sistematizar que “as linguagens de


Emerec são todos os sistemas de signos perceptíveis sensorialmente e que encarnam
as mensagens”. Afirma Cloutier (1975), considerando que essas linguagens constituem
laços entre os próprios Emerec, as quais se exteriorizam em actos de emissão
(palavra, gesto ou grafia), ou recepção (audição, visão, leitura), em relação a um
produto social comum. Assim sendo, as mensagens são difundidas entre sujeitos,
existindo múltiplos média, com o objectivo de transmitir, conservar e amplificar essas
mensagens. Estes, classificam-se em três categorias, Mass media, Self Media e Tele
Media – de acordo com a função que desempenham e que está referida na figura
seguinte (Cf. figura 2).

MEDIA
A história da comunicação, ainda segundo o mesmo autor, conta-se em quatro
episódios que se sobrepõem, cada um dos quais é caracterizado pela utilização de
novas formas de relação interpessoal: exteriorização, o homem exprime-se através do
seu corpo, graças à sua linguagem verbal e gestual, sem deixar de se referenciar ao
seu meio ambiente imediato sendo portanto, o único médium de comunicação e só a
comunicaçãointerpessoal é possível; das linguagens de transposição, tais como o
desenho e o esquema, o ritmo e a música e sobretudo a escrita fonética. O espaço
pode ser atravessado, as mensagens são confiadas ao papiro ou ao pergaminho; o
tempo é vencido e o muro das cavernas constitui a primeira biblioteca. Tece-se então,
uma verdadeira rede de informação; a era da comunicação de elite nasce; da
amplificação, começa com a implantação da imprensa e conhece o seu apogeu
máximo com o satélite. Os média colectivos, os mass média, iniciam a era baseada na
comunicação de massa; da individualização, a gravação de sons e imagens,
tornada acessível a todos, permite novas possibilidades de expressão. Os média
individuais, os self média, iniciam a era da comunicação individual.

Classificação dos media segundo Jean Cloutier (1975).

MASS MEDIA – difusão da mensagem que constituem produtos culturais


colectivos.
SELF MEDIA – registo das mensagens individuais ou de grupos.
TELE MEDIA – sistemas neutros de transmissão e de amplificação.

Episódios da História da Comunicação (Cloutier, 1975).

4. º Episódio – Comunicação Individual


------------------------------------------------
3.º Episódio – Comunicação de Massas
----------------------------------------------------------------
2.º Episódio – Comunicação de Elite
--------------------------------------------------------------------------------
1.º Episódio – Comunicação Interpessoal

Retirado do site http://www.fc.up.pt/fcup/contactos/teses/t_030370032.pdf


Atendendo ao desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
no decorrer das últimas décadas abordarei também o tema da Tecnologia Educativa
em Portugal:

Foi criado por despacho do Ministro da Educação de quatro de Outubro de 1996, o


programa NÓNIO-SÉCULO XXI - Programa de Tecnologias da Informação e da
Comunicação na Educação.

Este programa focalizou-se no desenho, testagem e implementação em larga escala do


uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Sistema Educativo,
aproveitando as experiências prévias conduzidas nas Escolas dos Ensino Básico e
Secundário, com o apoio das Escolas Superiores de Educação.

Procurou-se dotar as escolas do Ensino Básico e Secundário com equipamento


multimédia; apoiar parcerias entre as escolas e outras instituições; encorajar a
produção de software educativo; promover a implementação das Tecnologias de
Informação e Comunicação em larga escala, garantindo a satisfação das necessidades
do sistema educativo e dinamizando a troca de informação.
Na actualidade e ao nível do Ensino Básico, uma das grandes prioridades do Programa
para a Educação, do Governo Constitucional Português, é fazer da sociedade do
conhecimento uma alavanca de coesão social.

“Superar o atraso educativo português face aos padrões europeus, integrar todas as
crianças e jovens na escola e proporcionar-lhes um ambiente de aprendizagem
motivador, exigente e gratificante, melhorar progressivamente os resultados, fazendo
subir o nível de formação e qualificação das próximas gerações, tudo isto constitui uma
urgência nacional”
(Programa para a Educação do XVII Governo Constitucional).

Para a consecução destes objectivos o Governo propõe no âmbito da consolidação da


Educação Básica a “generalização do acesso e uso das novas tecnologias de
informação e comunicação, como ferramentas essenciais para a integração bem
sucedida na sociedade do conhecimento”.
A reorganização curricular do ensino básico, a concretizar nas escolas do primeiro e
segundo ciclos do ensino básico assume plenamente a importância estratégica de que
se reveste a integração curricular das Tecnologias de Informação e Comunicação.

O Decreto Lei 6/2001, que enquadra este processo, esclarece no seu preâmbulo que a
utilização dasTecnologias de Informação e Comunicação constitui uma formação
transdisciplinar, a par do domínio da língua e da valorização da dimensão humana do
trabalho. Tal significa que, no currículo deste nível de ensino, passam a ter presença
inequívoca na acção pedagógica em todas as disciplinas e áreas disciplinares, bem
como nas áreas curriculares não disciplinares. O artigo terceiro que explicita os
princípios orientadores do currículo, consagra a “valorização da diversidade de
metodologias e estratégias de ensino e actividades de aprendizagem, em particular
com recurso a tecnologias de informação e comunicação”
(Decreto-Lei n.º 6/2001, de 18 de Janeiro).
As Tecnologias de Informação e Comunicação são chamadas a assumir uma
importante dimensão pedagógica em toda a escolaridade obrigatória, desde o primeiro
ao nono ano, de forma diversificada e no quadro das diversas disciplinas e áreas
curriculares não disciplinares. Ao mesmo tempo, em cada um dos três ciclos do ensino
básico, estabelece-se que as Tecnologias de Informação e Comunicação devem ter
uma presença saliente nas áreas curriculares não disciplinares, a saber: “Área de
Projecto”, “Estudo Acompanhado” e “Formação Cívica”.

No final desse percurso da escolarização os alunos deverão ter, no mínimo,


capacidade de as utilizar de forma adequada. O perfil de competências gerais a
desenvolver pelos alunos ao longo do ensino básico contempla esta competência.

“As escolas não se vão tornar obsoletas por causa das novas tecnologias uma vez que
o seu papel como instituições de aprendizagem tornou-se mais importante hoje do que
no passado. A tecnologia pode suplementar as escolas, nunca substituí-las. Mesmo as
tecnologias electrónicas mais avançadas são incapazes de converter os seus mundos
de informação em conhecimento maduro, uma forma intelectual mágica que requer
professores competentes e bem preparados”.
(Diane Ravitch, 2000)

Apela-se cada vez mais à criação, preservação, aprofundamento e aplicação de


saberes, bem como em formas de transmissão e difusão eficientes desses mesmos
saberes. Impera por isso a necessidade de novos meios de aprendizagem, uma vez
que ela evolui hoje de acordo com as inquestionáveis necessidades das pessoas e das
organizações.
Aptidões como a capacidade e a disponibilidade para aprender são por isso
fundamentais para o desenvolvimento deste fenómeno, que se conceptualiza de forma
aglutinadora em sociedade de informação.
Estas considerações, apesar da sua aparente simplicidade parecem-nos suficientes,
para a compreensão dessa, na Sociedade de Informação, que exige uma profunda
mudança dos diversos intervenientes, direccionada para novas Tecnologias de
Informação e Comunicação, e do domínio da linguagem multimédia.
Todo o indivíduo que ofereça resistência a este processo de mudança e que não
desenvolva progressivamente competências próprias para nela se integrar, estará a
contribuir para a origem do que podemos já denominar como um “novo” tipo de
exclusão social. Os excluídos, serão os que não se souberem adaptar, ou que não
adquiriram uma bagagem de novos conhecimentos, permanentemente actualizados e
reciclados ao longo da vida.
Podemos, então, afirmar que a educação comportará uma nova vertente – a de
preparar para “aprender a aprender”. Isto tem sentido se pensarmos que vivemos uma
fase de profunda transformação do panorama mediático, com os mass media
tradicionais a cederem progressivamente terreno a favor das potencialidades quase
inesgotáveis da World Wide Web, promotora de novas categorias de informação e
formação, associadas aos produtos multimédia.
Um exemplar disto é a Internet, que permite aos seus utilizadores, uma capacidade
extraordinária e sem precedentes de recolha e transmissão de conteúdos.

Retirado do site http://www.fc.up.pt/fcup/contactos/teses/t_030370032.pdf

Trabalho elaborado pela aluna Maria Celina Lopes Rodrigues

Curso de pós-graduação TIC – Instituto Piaget de Almada

Dez 2009

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