Buffy - A Caça-Vampiros E A Filosfia

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Coletnea de James B.

South - Organizado por William Irwin


Buffy-A caa-vampiros e a Filosofia
Traduo Marcos Malvezzi Leal
Publicado originalmente em ingls sob o ttulo Bu!!" The #ampire Sla"er and $hilosoph" %ear and Trem&ling in Sunn"dale por !pen "urt Publis#ing "ompany - $%%&
'radu(o autorizada do ingls - ) $%%*+ Madras ,ditora Ltda-
$roduo e Capa ,.uipe '/cnica Madras
0lustra1es2 Album34toc5P#otos
'e(iso 6ilson 7yo8i Augusto do 9ascimento Mareia Alves Batista
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP) ________________(CMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL)::::::::::::::::
Buffy+ a "aa ;ampiros e a filosofia3editado por <ames B- 4out#= organizado por 6illiam 0r>in= tradu(o Marcos Malvezzi Leal- 4(o Paulo2 Madras+ $%%*- 'tulo original2 Buffy t#e ;ampire 4layer and p#ilosop#y
04B9 ?@-A&A*-??A-A
B- Buffy+ a "aa ;ampiros $- 4/ries de televis(o Filosofia 0- 4out#+ <ames B- 00- 0r>in+ 6illiam-
%*-**CA "DD-AEB-*@A%B
ndices para catFlogo sistemFtico2 B- 4/ries de televis(o2 Aspectos filosGficos AEB-*@A%B
)edi*ado a +ell", 4i non confectus+ non refciat-
Hndice
-ue di(ertido. Caras, (o*/s !oram muito legais
Agradecimentos
0 ha(ia uma lio em tudo isso1 0ntrodu(o
Cdice*
I uma esp/cie de matana Buffy+ Fait# e feminismo
B- Fait# e Plat(o2 J;oc n(o / nadaK Maldita vaca assassinaKJ
L7,L F!74',7
$- Assim falou Fait#2 o problema da feliz e inescrupulosa caa-vampiros
MA7L 4"NOD'
&- J! ,u no grupoJ2 Buffy e a /tica feminista
<,440"A P7A'A M0LL,7
*- Bu!!", a Caa-(ampiros como noir feminista
'N!MA4 N0BB4
@- Feminismo e a /tica da violncia2 por .ue Buffy sai na porrada-
M0M0 MA709O""0
P9- do '-2 Do latim tardio, cGdigo-
Cdice !
9(o fale em latim na frente dos livros
"on#ecimento+ racionalidade e cincia no universo Buffy
C- PalavrGrio e c#icana2 cincia e al/m
A9D7,6 AB,7D,09
A- Pluralismo+ Pragmatismo e amigos2 a caadora subverte as guerras da cincia
MAD,L09, MO9',74B<!79
?- ,ntre os c/us e os infernos2 o universo multidimensional em Mant e Bu!!", a Caa-(ampiros
<AM,4 LA6L,7
E- Buffy vai para a faculdade+ Adam mata para dissecar2 educa(o e con#ecimento na pGs-modernidadeB$&
'!BQ DA4P0'
B%- JMeu Deus+ / como uma trag/dia gregaJ2 6illo> 7osenberg e a irracionalidade #umana
<AM,4 B- 4!O'N
Cdice "
;oc bem .ue estF gostando dessa coisa de superioridade moral+ n(o estFR Buffy e a /tica
BB- Deveramos fazer o .ue Buffy fazR
<A4!9 MA6AL
B$- PaiS(o e a(o2 sob controle e fora de controle
"A7!LQ9 M!74M,Q,7
B&- Buffy desnuda2 a solu(o de uma caadora para o paradoSo de amor de AristGteles
M,L044A M- M0LA;," , 4NA7!9 M- MAQ,
B*- Oma anFlise 5antiana do 8ulgamento moral em Bu!!", a Caa-(ampiros
4"!'' 7- 4'7!OD
Cdice #
,sse / o tipo de pensamento babaca .ue faz voc ser comido
7eligi(o e poltica no universo Buffy
B@- "amisas-marrons2 fascismo+ "ristianismo e o demTnio eterno
9,AL M09L
BC- A garota da profecia e os Poderes ,Sistentes2 a filosofia da religi(o no universo Buffy
6,9DQ L!;, A9D,74!9
BA- <ustificando os meios2 puni(o no universo Buffy
<A"!B M- N,LD
B?- 9en#uma grande vitGria2 temas de sacrifcio+ salva(o e reden(o
L7,L!7Q <- 4AMAL
BE- ;el#os vampiros con#ecidos2 a poltica do universo Buffy$*A
<,FF7,Q L- PA4L,Q
Cdice $
;ocs todos s(o escravos da televis(o
Assistindo a Bu!!"
$%- Moralidade na televis(o2 o caso de Bu!!", a Caa-(ampiros
70"NA7D L7,,9, , 6AQ9, QO,9
$B- A escola / um inferno2 metFfora tornada literal em Bu!!" a Caa-(ampiros
'7A"Q L0''L,
$$- 4entimentos por Buffy2 a garota .ue mora ao lado
M0"NA,L P- L,;09, , 4',;,9 <AQ 4"N9,0D,7
J2 tenho di!i*uldade para lem&rar o 3ue a*onte*eu na semana passada. Om guia dos episGdios de Bu!!", a Caa-(ampiros e 4ngel
4h, 51 #amos (er a sua (ida. A respeito dos autores
Temos muito tra&alho importante a3ui ar3ui(ar, dar nomes 6s *oisas. ndice 7emissivo
Uue divertidoK "aras+ vocs foram muito legais
,m primeiro lugar+ este pro8eto n(o se teria concretizado sem a entusiFstica participa(o dos colaboradores- ,u l#es agradeo por seu trabal#o criativo+ seu profissionalismo e disponibilidade- Meus colegas no departa mento de
filosofia da Ma.uete Oniversity proporcionaram um ambiente .uase ideal para eu me dedicar aos interesses filosGficos- Agradeo-l#es pelo coleguismo de tantos anos+ por sua disposi(o em me deiSar correr riscos pedagGgicos e
pela tolerVncia .ue mostraram com meu interesse por cultura popular- Agradeo particularmente a Mevin Libson+ Andre> 'allon e Paul 9eiman pela assistncia com .uest1es de computador- <acob Neld leu .uase todos os teStos
com ol#o clnico e detectou muitos erros .ue me #aviam escapado- Uual.uer erro remanescente / min#a responsabilidade- ! padre '#addeus Burc#+ 4-<-+ forneceu-me uma subven(o de ver(o .ue me a8udou a produzir o trabal#o
digitado final-
7econ#eo toda a a8uda+ aconsel#amento+ proficincia e confiana prestados por Bill 0r>in+ editor da s/rie para "ultura Popular e Filosofia+ e por David 7amsay 4teele na !pen "ourt- "arolyn Madia Lray merece todos os
elogios por seu trabal#o relacionado W promo(o deste volume- Por conta prGpria+ <im 6agner sugeriu um volume a respeito de Bu!!" W !pen "ourt+ e sua pertinncia foi primordial para convencer os editores de .ue seria um pro8eto
viFvel- Om grupo de amigos XBetty+ Bill+ "arol+ "indy+ Deb+ <an+ Mate+ Linda+ Liza+ 9ancy+ 9ic5y e 4andyY me permitiu desabafar e discutir Bu!!", a Caa-(ampiros 7BaC#8, ao mesmo tempo dando bons consel#os e envolvendo-me
em conversas estimulantes nos Zltimos dois anos- Aproveito a oportunidade para agradecer a todos eles+ a.ui- David Lavery e 7#onda 6ilcoS generosamente apoiaram este pro8eto e me de ram as boas-vindas nesta prolifera Frea de
estudos acerca de Buffy- Fico feliz por oferecer este livro como um acr/scimo W Frea- ,+ finalmente+ este livro n(o teria sido lanado sem o incentivo e o apoio de Melly 6ilson= mas+ tamb/m+ posso dizer a mesma coisa a respeito de
tudo de bom .ue me tem acontecido nos Zltimos .uinze anos-
, #avia uma li(o em tudo issoR
Lraas aos esforos organizados dos f(s de BaC#, sei .ue as origens deste livro remontam a $B de abril de BEEA+ .uando assisti pela primeira vez a um
episGdio da s/rie- Lostaria de dizer .ue eu a tin#a visto desde o comeo+ mas+ como muitos telespectadores+ tanto na.uele ano .uanto agora+ tin#a uma
rea(o .uase visceral ao nome da s/rie- Para .ue assistir a um programa baseado num filme duramente criticado+ produzido anos atrFsR 4em dZvida+ era
apenas uma tentativa desesperada por parte de uma nova rede de televis(o de gan#ar as graas do cobiado pZblico adolescente- , como a gente vai levar
a s/rio uma personagem c#amada BuffyR 9o entanto+ nas cinco semanas entre a premi9re e o dia em .ue assisti ao meu primeiro episGdio+ 8F tin#a ouvido
muitos comentFrios de pessoas cu8o 8ulgamento eu respeitava suficientemente para dar uma c#ance W s/rie-
,m retrospecto+ ac#o difcil agora ver o programa com ol#os inocentes- 7ecentemente+ assisti de novo ao primeiro episGdio .ue vi2 J6itc#J- Percebo
.ue o teSto / inteligente XBuffy2 M(e+ aceitei o fato de .ue voc transou- 9(o estou preparada para saber .ue voc tin#a o cabelo como o da Farra#-
<oyce2 I cabelo da Lidget- ;oc n(o aprende nada na aula de #istGriaRY+ rFpido e apresenta uma virada interessante na trama+ mais adiante no episGdio-
,ntretanto+ .uando o vi pela primeira vez+ n(o tin#a a menor id/ia do .ue era a s/rie Xpois tin#a perdido o piloto+ de duas partesY+ ou o .ue viria a ser- ,u
imaginava .ue o personagem convidado central no episGdio era apenas isso= n(o algu/m .ue ocasionalmente reapareceria e teria um papel fundamental
na seSta temporada+ mais de cem episGdios depois-
Assisti+ ent(o+ a um ou a outro episGdio+ e depois outro e mais outro- ,m $ de 8un#o+ eu estava viciado+ mas nada .ue tivesse visto at/ a.uele ponto me
preparou para o final da primeira temporada+ JProp#ecy LirlJ+ eSibido na.uela noite- <oss 6#edon+ o criador da s/rie+ afirmou2 J"riei Bu!!" para ser um
cone+ uma eSperincia emocional+ para ser um programa amado+ do 8eito .ue outros programas n(o conseguemJ-
B
"ertamente / possvel interpretar essa
declara(o como uma #ip/rbole+ um modo do criador de uma s/rie 8ustificar retrospectivamente o fato de seu programa ser um sucesso- ,ntretanto+
recon#eo nessa afirma(o um to.ue de verdade depois de JProp#ecy LirlJ+ os programas de televis(o se tornaram algo diferente para mim2 n(o mais
uma forma de divers(o ou relaSamento+ mas algo .ue vale a pena ponderar- Logo+ ficou evidente .ue eu n(o estava sozin#o com essa atitude- Foi por.ue
o programa desenvolveu tanta repercuss(o+ com sites na 0nternet+ listas de correspondncia e tudo o mais .ue me / possvel especificar a data em .ue o vi
pela primeira vez-
B
<oss 6#edon+ The Onion X@ de setembro de $%%BY+ on-line >>>-t#eonionavclub-com3 avclub&A&B3avfeature &A&B -#tml
! principal ob8etivo deste livro / demonstrar .ue a filosofia pode contribuir muito para a aprecia(o de BaC#, e .ue assistir W s/rie pode dar ampla
oportunidade para a refleS(o filosGfica- A profissionaliza(o da filosofia como disciplina acadmica no s/culo passado foi ao mesmo tempo uma bn(o e
uma praga- "ertamente+ deu aos filGsofos uma oportunidade de escrever uns pelos outros+ e a sofistica(o desse trabal#o leva a uma grande precis(o em
demarcar .uest1es filosGficas- Ao mesmo tempo+ o n(o-filGsofo ou o filGsofo novio interessado nas .uest1es de filosofia pol tica+ por eSemplo+ pode ter
uma 8ustificativa por se sentir um pouco ressentido+ ou no mnimo intimidado+ ao enfrentar as tecnicalidades presentes na obra de <o#n 7a>ls+ 4 Theor"
o! Justi*e. Livros+ como Bu!!", a Caa-(ampiros e a %iloso!ia, e outros da s/rie "ultura Popular e Filosofia+ podem contribuir para mitigar esse
ressentimento- Afinal de contas+ os primeiros lampe8os de interesse filosGfico est(o sempre enraizados nos eventos de nossas vidas+ e como Plat(o
ensinou muito tempo atrFs+ .uer gostemos .uer n(o+ n(o podemos facilmente fugir da cultura popular W nossa volta- 9(o / eSagero dizer .ue o nosso
pensamento a respeito da filosofia sempre deverF cruzar com a cultura popular+ embora os filGsofos costumem es.uecer-se dessa li(o-
!s vinte e dois captulos deste livro trazem sofisticados conceitos filosGficos em metafsica+ epistemologia+ /tica e filosofia poltica+ sempre rela-
cionados a Bu!!". Alguns captulos comeam com uma .uest(o filosGfica difcil+ como a amizade ou a puni(o+ por eSemplo+ e mostram como BaC# pode
a8udar-nos a compreender mel#or o problema+ fornecendo eSemplos e temas eStrados da s/rie- ,m outros captulos+ os autores usam conceitos filosGficos
para compreender as #istGrias e motivos presentes em BaC#. 9essa segunda tarefa+ a meta / a8udar o leitor a entender como teorias e conceitos filosGficos
interagem com casos especficos- Assim+ por eSemplo+ podemos .uestionar-nos acerca do problema da irracionalidade #umana ou do niilismo+ e descobrir
como a s/rie trata desses temas+ aprofundando nossa compreens(o dos conceitos filosGficos abstratos pertinentes- ,+ enfim+ alguns dos captulos tamb/m
refletem mais eSplicitamente a respeito do .ue significa recorrer a um programa de televis(o para ter um estmulo filosGfico- ! editor e os autores
esperam sinceramente .ue este livro desperte o interesse por temas filosGficos- 4e+ indiretamente+ tamb/m fizer o leitor pensar na rela(o entre filosofia e
cultura popular de modo mais generalizado+ o editor ficarF muito feliz-
!s colaboradores deste livro tratam BaC# sob variadas perspectivas e anFlises- "omo resultado+ duvido .ue .ual.uer leitor+ incluindo os prGprios
colaboradores+ concordaria Xou se.uer poderia concordarY com o principal argumento de cada captulo- "omo editor+ n(o senti necessidade de concor dar
com todos os captulos+ e na verdade discordo de alguns- 9o entanto+ ac#o de grande valia trazer tGpicos e abordagens polmicas a uma conver sa acerca
de BaC#. Acredito .ue o leitor poderF tomar suas prGprias decis1es avaliativas a respeito de cada um dos captulos e .ue+ ao se deparar com argumentos
dos .uais discorda+ aprofundarF sua aprecia(o do programa e a eStraordinFria ri.ueza filosGfica-
I famosa a distin(o de AristGteles entre lazer e relaSamento- 4e a filosofia / uma atividade de lazer paradigmFtica+ ent(o devemos concordar .ue
assistir a televis(o /+ geralmente+ um meio paradigmFtico de relaSamento- BaC# demonstra+ semana apGs semana+ .ue n(o precisamos relaSar para
assistir a televis(o- Podemos interagir filosoficamente com a s/rie+ lembrando .ue+ nas palavras de AristGteles+ J, peculiarmente lamentFvel n(o
podermos usar [os bens da vida\ em momentos de lazer-J
$
9ingu/m contesta .ue a filosofia se8a um bem da vida+ mas um argumento indireto deste
pro8eto / .ue BaC# tamb/m pode ser um desses bens-
$
AristGteles+ 4 $ol:ti*a, B&&*a&C-&A-
"Gdice B
I uma esp/cie de matana
Buffy+ Fait# e o feminismo

%&i'( e P)&'*+, -V+c. /*+ 0 /&d&1 M&)di'& 2&c& &33&33i/&1
Lreg Forster
'odo f( de BaC# sabe .ue a s/rie / diferente de .ual.uer outra obra de fic(o a respeito de vampiros 8F produzida- As #istGrias de vampiros
tradicionais costumam ser moldadas de acordo com a vis(o do mundo do "ristianismo+ cu8a estrita separa(o metafsica entre o bem e o mal gera imagens
de vampiros como criaturas demonacas+ com um poder sedutor e destrutivo- Om tipo alternativo de fic(o acerca de vampiros .ue surgiu nas Zltimas
d/cadas+ e #o8e / a forma dominante no gnero+ re8eita veementemente a vis(o crist( e favorece uma interpreta(o niilista com razes no pensamento de
Friedric# 9ietzsc#e- 9essas #istGrias+ o vampiro aparece como o #erGi XWs vezes trFgico+ Ws vezes n(oY .ue supera a moralidade convencional- ,ntretanto+
as #istGrias contadas em Bu!!" e 4ngel Xc#amados a partir da.ui de Juniverso BuffyJY n(o acontecem em nen#um desses mundos literFrios-
"omo o universo Buffy n(o se encaiSa bem em nen#uma estrutura narrativa familiar+ suas influncias morais dominantes n(o s(o Gbvias para o
pZblico= n(o temos uma vis(o de mundo grandemente familiar como o "ristianismo ou o niilismo para guiar nossa compreens(o da estrutura moral das
#istGrias- Mas o universo Buffy+ na verdade+ tem uma estrutura moral2 a escola de /tica con#ecida como JeudemonismoJ+ .ue dita .ue a base da bondade
moral / a realiza(o da natureza #umana em seu mais alto potencial- ,m particular+ a estrutura moral eudemonstica fica clara .uando comparamos o
universo Buffy com o pensamento /tico de Plat(o+ um dos primeiros e mais importantes filGsofos eudemonistas- ! universo Buffy reflete constantemente
a vis(o platTnica de .ue uma pessoa 8usta / sempre mais feliz do .ue uma pessoa in8usta-
,ste captulo analisa o personagem de Fait#+ cu8a 8ornada do bem para o mal e de volta representa de modo muito claro o eudemonismo pla tTnico de
Bu!!". Desde a primeira vez .ue ela aparece+ a narrativa enfatiza .ue Fait# / motivada pelo prazer- 4ua virada para o mal parece natural+ 8F .ue ela sente
tanto prazer com isso- Mas numa s/rie de eventos .ue constituem um notFvel paralelo a um eSemplo #ipot/tico usado por Plat(o para demonstrar sua
/tica+ Fait# percebe+ para seu #orror+ .ue Buffy leva uma vida mel#or+ mais feliz do .ue ela+ e acaba envergon#ando-se por en contrar prazer em coisas
p/rfidas-
9em "risto nem 9ietzsc#e
! universo Buffy n(o se encaiSa muito bem nos estilos crist(os tradicionais nem nos mais recentes+ nietzsc#ianos+ de #istGrias de vampiros- <F na
premi9re, os telespectadores foram alertados de .ue BaC# no contaria com o "ristianismo como pano de fundo para um cenFrio narrativo2 na cena da
grande eSposi(o+ .uando Liles conta a #istGria do mundo segundo o universo Buffy+ ele se refere W #istGria bblica de ;/nesis como Jmitologia popularJ
XJ'#e NarvestJY- 9o universo Buffy+ sG os vil1es Xcomo os fanFticos "avaleiros de BizVncio ou o perturbado caador de vampiros+ NoltzY reverenciam
Deus- ,m 4ngel, nossos #erGis se c#ocam fre.]entemente com as foras superiores do bem+ c#amadas de J!s Poderes ,SistentesJ- Uuando Buffy retorna
do c/u W terra+ na seSta temporada de BaC#, ela n(o / transportada em Stase por descobrir .ue o bem realmente governa o Oniverso e .ue a virtude serF
compensada na vida apGs a morte- 'ampouco passa a levar uma vida de devo(o e virtude+ tentando garantir .ue+ .uando morrer novamente+ voltarF para
o c/u-
Mesmo as estritas lin#as metafsicas entre bem e mal+ .ue tin#am sido a influncia crist( mais visvel no universo Buffy nas primeiras tempo radas+
tornam-se cada vez mais tnues- Oma das caractersticas mais fundamentais do estilo tradicional de #istGrias de vampiro+ influenciado pelo "ristianismo+
/ uma lin#a divisGria bem clara entre as foras sobrenaturais do bem e do mal- 'ente imaginar uma #istGria da Bblia a respeito de um demTnio bom-
Uuando 6#istler+ um demTnio .ue serve ao bem+ foi apresentado no final da segunda temporada de BaC#, era uma novidade- Alguns anos depois+ bons
demTnios apareciam em toda a parte em Bu!!". ,m 4ngel, Ws vezes parecia .ue era impossvel 8ogar uma pedra em Los Angeles sem atingir um- ! prGprio
Angel trabal#ava com trs X"ordelia+ Lorne e LruY- ,m BaC#, 4pi5e+ apesar de n(o ter alma+ foi tratado como um cara-.uase-bom por duas temporadas e
meia- !bviamente+ no universo Buffy+ a guerra entre o bem e o mal n(o corresponde a uma estrita distin(o metafsica entre criaturas boas e mFs-
Mas o universo Buffy tamb/m n(o se encaiSa no estilo nietzsc#iano de #istGria de vampiros+ no .ual o bem e o mal s(o criados por meio do
comportamento e n(o de padr1es morais imutFveis- ,mbora a metafsica do bem e do mal ten#a se tornado cada vez mais obscura em Bu!!", n(o #F a
menor dZvida de .ue o bem e o mal s(o+ antes+ marcos ob8etivos e permanentes .ue coisas .ue criamos para nGs mesmos- 9o universo Buffy+ as pessoas
n(o podem decidir o .ue serF bom ou mau= proteger os fracos / bom+ intimidar os fracos / mau+ e fim- A virada de 6illo> para o mal no fim da seSta
temporada de BaC# n(o / celebrada como um glorioso ato de automa(o nietzsc#iana+ na .ual ela re8eita os vel#os e obsoletos padr1es morais para criar
padr1es prGprios- ! ato+ isto sim+ / visto como uma forma de corrup(o em vez de um renascimento o envolvimento dela com a magia / um vcio+
esp/cie de superalcoolismo culminando no maior de todos os males-
9o universo Buffy+ a bondade / um fardo .ue temos de carregar- 9ietzsc#e louvava personalidades .ue se libertavam dos gril#1es das moralidades dos
outros para inventar as delas mesmas- Acima de tudo+ ele desprezava a Jmoralidade escravaJ .ue eSalta o servio aos outros em vez da auto-afirma(o+
mesmo .ue ou+ como alguns diriam+ especialmente se a auto-afirma(o significasse intimidar os outros-
&
Lrande parte das recentes obras de fic(o
a respeito de vampiros se encaiSa nesse molde- ;e8o o contraste com o mundo de Bu!!", um mundo narrativo em .ue / um terrvel fardo ser 8ovem+ bonito
e forte o suficiente para pulverizar ti8olos com as m(os nuas- Buffy+ como diz Fait# sarcasticamente+ prefere Jsentir o fardo da matanaJ XJ6#o Are
QouRJY- 9(o / difcil imaginar o .ue 9ietzsc#e teria pensado do fim da seSta temporada de BaC#, em .ue 6illo> se afasta do abismo niilista ao se
confrontar com a recusa de ^ander em parar de amF-la+ por maior .ue se8a o sofrimento .ue ela possa infligir-
&
;er especialmente Friedric# 9ietzsc#e+ 4 ;enealogia da <oral
0sso n(o significa .ue o universo Buffy ten#a eSplcita ou especificamente re8eitado o "ristianismo e 9ietzsc#e- Mas a s/rie claramente n(o tenta
en.uadrar-se nas estruturas narrativas de um nem de outro+ no .ue diz respeito W fic(o acerca de vampiros- !s fundamentos morais do uni verso Buffy
n(o s(o mostrados W primeira vista- Precisamos escavar sob a superfcie para descobri-los-
J! trabal#o .ue eu ten#o de fazerJ ,udemonismo
! universo Buffy tem uma estrutura moral recon#ecvel- ,ssa estrutura / o eudemonismo+ um modo de pensamento /tico no .ual a realiza(o da
natureza #umana / o padr(o pelo .ual nGs recon#ecemos o .ue / bom- A palavra JeudemonismoJ vem do antigo termo grego eudaimonia, .ue geralmente
se traduz por JfelicidadeJ- ,Splicando sucintamente+ o eudemonismo surge de duas premissas2 .ue as pessoas sempre far(o o .ue ac#am .ue as tornarF
felizes+ e .ue /+ portanto+ o papel da teoria moral mostrar .ue a vida moralmente boa / tamb/m a vida mais feliz- As teorias morais eudemonsticas dizem
.ue a natureza #umana / de tal ordem .ue as pessoas s(o mais felizes se levarem uma vida moralmente boa- Portanto+ a vida moral / a realiza(o de um
plano ou estrutura moral inerente W natureza #umana-
,sse padr(o / observado inZmeras vezes no universo Buffy- Durante toda a primeira temporada de BaC#, nossa #erona n(o .uer ser c#amada de
caadora ou matadora de vampiros- !s argumentos de Liles a respeito do dever dela de matar por.ue ela / a escol#ida entram-l#e por um ouvido e saem
por outro- ,ntretanto+ Buffy descobre .ue n(o consegue viver em paz se ignorar o sofrimento dos outros+ 8F .ue ela tem o poder de a8udF-los- 9o final da
primeira temporada+ .uando l#e dizem .ue ela tem de sacrificar a prGpria vida para impedir um plano vampiresco cataclsmico+ Buffy #esi ta- Mas n(o
ag]enta ver seus colegas continuamente tocaiados+ e concorda em fazer o sacrifcio- ,la faz o bem n(o por.ue / c#amada para essa voca(o por algum
poder superior ou por um senso de dever+ mas por.ue o bem+ apesar da dor e do sacrifcio eSigidos+ ainda / menos doloroso .ue a alternativa-
,la segue um camin#o muito parecido no final da .uinta temporada- Anuncia numa cena .ue estF disposta a recusar um supremo sacrifcio+ mesmo .ue
se8a errado+ re8eitando argumentos morais baseados no dever- Mas acaba fazendo o sacrifcio por.ue+ como ela mesma eSplica+ / Jo tra bal#o .ue eu ten#o
de fazerJ XJ'#e LiftJY- 9(o Jmeu deverJ+ mas Jo trabal#o .ue eu tenho de fazerJ- ,la tem de fazer esse trabal#o n(o por.ue a alternativa seria errada 8F
re8eitou esse argumento mas por.ue seria insuportFvel- ,ssa #istGria de Jpessoas boas s(o mais felizes .ue as pessoas mFsJ tamb/m / usada em 4ngel,
nos personagens de Angel e "ordelia+ .ue 8F tentaram afastar-se da vida do bem+ e descobriram .ue se sentiriam terrivelmente amargurados fora dela-
*
*
JDariaJ+ J,pip#anyJ+ J'#ere_s 9o Place Li5e Plrtz LlrbJ+ JBirt#dayJ-
J! verdadeiro tirano /--- na verdade um verdadeiro escravoJ Plat(o e o ,udemonismo
A escola de pensamento a .ue c#amamos de JeudemonismoJ inclui+ na verdade+ eStraordinFria variedade de pensamento /tico- ! rGtulo pode ria
corretamente ser usado para descrever pensadores t(o diferentes .uanto o devoto 4anto Agostin#o e o ultradevoto David Nume- ,ntretanto+ o filGsofo
especfico cu8o pensamento ilumina mais diretamente o eudemonismo do universo Buffy / Plat(o+ particularmente na /tica eudemonista .ue ele esboa
em sua obra mais importante+ 'ep=&li*a.
! Oniverso Buffy evoca o eudemonismo da 'ep=&li*a por dois motivos- Primeiro+ na 'ep=&li*a, a aten(o de Plat(o se concentra diretamente numa
.uest(o moral .ue Bu!!" tamb/m aborda com fre.]ncia2 .uem / mais feliz+ a pessoa 8usta Xou se8a+ a moralmente boaY ou a in8ustaR 9o comeo de
'ep=&li*a, Plat(o descreve um anel mFgico .ue torna invisvel a pessoa .ue o usar- ,sse anel poderia ser usado por .uem .uer cometer um crime sem o
menor risco de ser pego X&@Eb-&C%dY-
@
Plat(o usa esse anel com o intuito de c#amar nossa aten(o para o contraste entre seguir as regras por medo de
puni(o e segui-las por.ue / realmente a mel#or+ atitude- 4e tiv/ssemos a c#ance de fazer o mal com total impunidade+ nos sentiramos mel#or ao faz-
loR 4egundo+ vFrios dos eSemplos #ipot/ticos usados por Plat(o para ilustrar seus argumentos s(o muito bem imitados ou evocados por #istGrias de Bu!!".
Por eSemplo+ a onda de crimes invisveis de Buffy no episGdio JLoneJ traz uma estonteante semel#ana com o argumento de Plat(o acerca do anel
mFgico-
@
Plat(o+ 'ep=&li*a. 7eferncias & 'ep=&li*a ser(o feitas com nZmeros indicativos entre parnteses-
Plat(o argumenta em 'ep=&li*a .ue devemos esforar-nos para sermos 8ustos por.ue a pessoa 8usta / mais feliz .ue a in8usta- Precisamos simplificar
seu argumento para abordF-lo no espao limitado .ue temos a.ui+ mas o universo Buffy tamb/m n(o desce a grandes profundezas filo sGficas= assim+
esperamos .ue as sutilezas perdidas a.ui n(o faam diferena para os nossos propGsitos- Plat(o retrata a alma #umana dividindo-a em trs partes2 raz(o+ a
fonte da contempla(o+ lGgica e 8ulgamento= esprito+ a fonte da raiva+ coragem e orgul#o= e os apetites+ a fonte de .uase todos os nossos dese8os e
necessidades- 9uma vers(o reduzida e mais simples+ podemos dizer .ue uma pessoa 8usta escuta a voz da raz(o e controla seus apetites+ en.uanto a
in8usta segue os apetites+ sem controle-
! argumento mais importante de Plat(o / .ue a pessoa 8usta / mais feliz por.ue todas as partes de sua alma est(o sob controle e em #armonia umas
com as outras X**&c-**@bY- ,ssa #armonia proporciona felicidade por motivos tanto internos .uanto eSternos= / um estado de paz psicolGgica e
serenidade+ e tamb/m facilita a disciplina e o autocontrole necessFrios para uma pessoa alcanar uma felicidade maior no mundo- A pessoa in8usta+ por
outro lado+ segue seus apetites sem controlF-los- ,la se sente miserFvel por.ue vive dividida pelo conflito interno entre seus apetites descontrolados-
9unca se sente em paz consigo+ nem tem a auto-restri(o necessFria para ter uma vida realmente feliz- 4e for uma pessoa astuta+ pode conseguir poder+
din#eiro e influncia por meio de m/todos in8ustos= mas sua prGpria in8ustia trarF uma infelicidade muito maior .ue as recompensas .ue possa receber-
,mbora tal indivduo se considere mestre de tudo+ / um escravo de suas paiS1es= .uanto mais poderoso se tornar+ mais amargurado ficarF- J! verdadeiro
tirano /+ ainda .ue n(o parea--- na verdade um escravoJ X@AEdY- 9o fundo do cora(o+ ele sabe disso e se detesta+ por esse motivo-
NF inevitavelmente importantes diferenas entre o eudemonismo de Plat(o e a estrutura moral do universo Buffy- ,m particular+ o papel moral da raz(o
recebe pou.ussima aten(o em Bu!!". Parece correto afirmarmos .ue o universo Buffy favorece uma psicologia moral semel#ante W de 7ousseau+ para
.uem o comportamento moral / conseguido por interm/dio de uma parceria entre raz(o e compaiS(o na .ual a compaiS(o+ n(o a raz(o+ / o elemento
mais moralmente significante- ! importante para os nossos propGsitos a.ui / a semel#ana de nfase em Plat(o e Bu!!" .uanto W .uest(o fundamental .ue
define a /tica2 .uem / mais feliz+ a pessoa 8usta ou a in8ustaR 9en#um outro filGsofo dF a essa .uest(o um papel mais fundamental na /tica do .ue Plat(o+
e como vimos antes+ e tornaremos a ver adiante / uma .uest(o .ue o universo Buffy tamb/m trata como dilema /tico central da vida #umana-
J;iver do meu 8eito+ detonandoJ a corrup(o de Fait#
! personagem cu8a #istGria revela mais claramente o eudemonismo do universo Buffy / Fait#+ a caa-vampiros inescrupulosa- A busca pelo prazer
acima de tudo+ ine.uvoca e muito consciente+ faz dela o perfeito eSemplo da /tica eudemonista- Diferente da maioria dos personagens do mundo de
Buffy+ Fait# sabe eSatamente o .ue .uer e n(o mede esforos para consegui-lo- Por esse motivo+ a #istGria dela n(o se submete a fatores limitantes como
confus(o+ auto-engano ou indecis(o2 suas escol#as+ boas ou mFs+ e os motivos por trFs delas s(o sempre claros e simples- , como Fait# mudou do bem
para o mal e depois voltou para o bem+ ela tem condi1es de comparar os dois por eSperincia prGpria= por isso+ o caso de Fait# ilustra claramente a
escol#a .ue temos de fazer entre o bem e o mal-
Uuando Fait# aparece na s/rie pela primeira vez+ sua paiS(o pelo prazer / fortemente enfatizada- ,la regala o grupo com uma sombria #istGria acerca
de ter matado vampiros nus+ e conclui+ dizendo2 JMeu Deus+ eu poderia comer um cavalo- 9(o / doido como a gente fica com fome e com tes(o depois
de matarRJ ,la con#ece Liles e suspira2 J4e eu soubesse .ue eles vin#am to 8ovens e bonitos+ teria pedido uma transfernciaJ- Analise Buffy dizendo2 J!
.ue acontece com BR Parece t(o nervosa- 9(o consegue divertir-seRJ Uuando l#e perguntam se gosta de matar+ ela responde2 J9ossa+ adoroK--- Uuando
estou lutando+ / como se o mundo sumisse+ e sG sei uma coisa .ue vou gan#ar e eles v(o perder- Losto dessa sensa(oJ XJFait#+ Nope+ and 'ric5JY- A
mensagem n(o / sutil2 Fait# gosta de comida+ seSo+ Jdivers(oJ e de bater nos inimigos fontes diretas e bFsicas de prazer-
Fait# n(o / uma caa-vampiros por.ue esse / o seu dever+ por.ue / um trabal#o .ue ela tem de fazer- ,la positivamente gosta de matar vampi ros-
"omo ela diz a Buffy2 JFomos feitas para matar- 4e voc n(o gosta+ / por.ue estF fazendo alguma coisa erradaJ- 9o entanto+ a paiS(o .ue ela tem por
matar vampiros / inteiramente amoral= ela n(o parece importar-se .ue a matana dos vampiros serve a um propGsito moral- J,nfiar uma estaca numa
vampeJ a deiSa JanimadaJ e J.uerendo maisJ- Buffy nega .ue sente a mesma coisa+ e depois de uma vitGria obtida com muito suor+ Fait# se vira para ela
e diz2 JDiga-me .ue isso n(o dF um tes(oKJ XJBad LirlsJY- Assim+ Fait# sG / Jdo bemJ num sentido eSterno- ,la / uma fora para o bem por.ue suas a1es
resultam na promo(o de fins bons+ como a prote(o dos fracos contra os predadores- Mas internamente ela n(o / boa- ,m sua estada em 4unnydale+
nen#uma vez ela diz .ual.uer coisa .ue refletisse algum interesse s/rio nas metas pelas .uais estF ostensivamente lutando-
"omo ela busca o prazer e adora matar vampiros por causa da emo(o+ obviamente .uando descobre uma coisa mais emocionante isto /+ o mal
torna-se aficionada- Uuando acidentalmente mata um ser #umano+ Fait# se recusa a recon#ecer o significado moral do incidente+ e diz a Buffy+ em tom de
desafio2 J9(o ligoJ XJBad LirlsJY- Buffy n(o acredita= ela acusa Fait# de esconder a dor .ue certamente estF sentindo por causa do inciden te2 J,u sei o
.ue voc estF sentindo por.ue eu tamb/m estou--- "omo se alguma coisa doentia tivesse entrado em voc+ e voc n(o consegue tirarJ- NF certa indica(o
de .ue Fait# sente realmente isso= sua eSpress(o fria Ws vezes mostra fal#as- Mas ela suprime a culpa+ pois a culpa causa dor- Aci ma de .ual.uer coisa+
Fait# ama o prazer e odeia a dor= por isso+ resolve gostar de ser uma matadora+ e n(o lamentar- J4omos guerreirasJ+ ela diz desafiadoramente- J4omos
feitas para matar-J ,la diz a Buffy .ue se ela se sente triste ou culpada pela morte de um inocente observador+ Jpior para vocJ- ! Znico padr(o de Fait# /
o prazer= sentir dor+ por .ual.uer motivo+ / repugnante- Ao dar o salto final para o mal+ ela c#ama esse momento de Jviver do meu 8eito+ detonando--- A
sensa(o / boaJ XJ"onse.uencesJY- 4G .ue ela .uer saber / .ue o mal / mais prazeroso .ue o bem-
!u pelo menos+ parecia assim+ no comeo- <amais tendo sido uma pessoa verdadeiramente boa+ ela nunca tin#a eSperimentado o prazer de uma vida
genuinamente boa- Por isso+ a compara(o .ue Fait# fazia nesse momento entre o prazer da vida boa e o da vida mF era errTnea+ pois o .ue ela estava de
fato comparando era o prazer do mal n(o com o verdadeiro prazer do bem+ .ue ela n(o con#ecia+ mas apenas com o de uma vida .ue era eSternamente
boa+ mas internamente amoral- 9aturalmente+ parecia a ela .ue o mal proporcionava a vida mais prazerosa- Mas ela teria de percorrer uma estrada escura
e longa at/ compreender o erro-
JMaldita vaca assassinaKJ a reden(o de Fait#
Por algum tempo apGs sua convers(o para o mal+ Fait# vive de acordo com sua nova escol#a- ! mal/volo prefeito 6il5ins a instala num luSuoso
apartamento e a cobre de presentes+ e a Znica coisa .ue ela tem de fazer em troca / matar pessoas+ o .ue ela mais aprecia- Mas afinal de contas+ est(o
todos em 4unnydale+ e o grupo dos vil1es acaba levando a pior- Buffy derrota Fait# numa luta /pica+ deiSando-a em coma+ e depois estraga o grande
plano do prefeito- Durante a maior parte de uma temporada+ Fait# fica em coma num leito de #ospital+ es.uecida- Om dia ela acorda+ e de repente a vida
interior de Fait# se torna realmente interessante-
Osando um dispositivo mFgico es.uecido pelo prefeito+ Fait# troca de corpo com Buffy- ,la anda por toda a parte no corpo de Buffy+ vive a vida de
Buffy+ en.uanto esta+ aprisionada no corpo de Fait#+ / capturada por agentes do "onsel#o dos !bservadores- ,ssa manobra n(o sG permite a Fait# escapar
da puni(o por sua vida de crimes+ mas ainda l#e dF a c#ance de ter uma vida de #erona ela+ uma assassina profissional+ recebe a admira(o e o
respeito .ue Buffy gan#ara por muitos anos de um doloroso e perigoso auto-sacrifcio- ,n.uanto isso+ Buffy+ .ue merece o tratamento de #erona+
enfrenta a possibilidade de passar o resto da vida na pris(o por uma s/rie de crimes #ediondos .ue ela n(o cometeu-
,sse episGdio reproduz um caso #ipot/tico usado por Plat(o para definir o principal argumento da 'ep=&li*a. Plat(o nos pede para imaginar duas
pessoas2 uma perfeitamente 8usta .ue / confundida por todos ao seu redor com uma in8usta Xisto /+ um gnio do crimeY+ e uma pessoa totalmente in8usta
.ue / confundida com uma 8usta- ,le descreve de forma sombria o destino do indivduo 8usto confundido com um criminoso2 ele serF Jc#icoteado+
torturado+ amarrado= terF os dois ol#os .ueimados e+ no fim+ apGs ter sofrido toda esp/cie de mal+ serF crucificadoJ X&CBe-&C$aY- Al/m disso+ ele esboa
tamb/m o destino do in8usto confundido com um 8usto- JPrimeiro+ governarF a cidade por.ue parece ser 8usto- Depois+ ele escol#e a mul#er .ue .uiser
para ser sua esposa--- trabal#a e faz contratos com .uem .uiser e+ al/m de se beneficiar de tudo isso+ gan#a sempre+ pois n(o #esita em cometer in8ustias-
Assim+ .uando participa de competi1es+ privadas ou pZblicas=+ ele vence e estF sempre por cima dos inimigosJ X&C$bY- Uuem n(o preferiria ser rei+
dormir com .uem .uisesse+ prosperar nos negGcios e derrotar os inimigos+ em vez de ser torturado e agonizar at/ morrerR
Bem+ Plat(o n(o preferiria- ,+ para sua surpresa e #orror+ Fait# descobre .ue ela tamb/m n(o escol#eria isso- Fait# e Plat(o c#egam W mesma
conclus(o2 a pessoa 8usta+ punida por crimes .ue n(o cometeu+ / mais feliz do .ue a pessoa in8usta .ue tem tudo o .ue dese8a-
Logo depois da troca de corpos+ Fait# Xno corpo de BuffyY conversa com <oyce+ a m(e de Buffy+ a respeito do motivo de Fait# ter escol#ido o mal-
J'alvez ela goste de ser assimJ+ diz Fait#+ na defensiva- J9unca vou acreditar nissoJ+ diz <oyce- JAc#o .ue ela deve ser terrivelmente infeliz-J ,sse
comentFrio define o tema para o resto da #istGria de Fait#- Fait# claramente muda de assunto+ em vez de responder diretamente ao comentFrio de <oyce-
,la ainda .uer acreditar .ue / mais feliz com o mal- Mais tarde+ eSplica a situa(o de maneira sucinta2 em vez de ser uma Jbabaca metida+ sem o menor
senso de divers(oJ+ como Buffy+ Jeu posso ser rica+ posso ser famosa+ posso ter .ual.uer coisa+ .ual.uer umJ XJ6#o Are QouRJY- 0sso parece um pouco a
descri(o de Plat(o da pessoa in8usta- 9o entanto+ Fait# parece perpleSa pela observa(o de <oyce de .ue ela+ na verdade+ n(o estF feliz com sua vida
maligna- ! confronto de Fait# com sua infelicidade estF apenas comeando+ e ela n(o poderF negF-la por muito tempo- Uuando <oyce abraa Fait#+ esta
se sente incomodada- Uuando Fait# salva uma garota inocente de um vampiro apenas para proteger seu disfarce e a garota agradece+ ol#ando para
ela com admira(o e gratid(o+ ela fica ainda mais intensamente incomodada- ! momento derradeiro vem .uando ela oferece a 7iley a oportunidade de
abusar do corpo de Buffy para seu prazer seSual= ele se recusa+ mas faz amor com ela- 4e o .ue Fait# conta acerca de sua vida seSual / verdade+ ela nunca
esteve com um #omem .ue realmente gostasse dela+ ou se.uer com eSce(o do infeliz ^ander con#ecesse os padr1es mais bFsicos de decncia-
Ficamos imaginando como seria para essa mul#er passar sua primeira noite com um #omem .ue n(o sG se importasse com ela+ mas tamb/m a amasse
completamente-
9a cama+ 7iley sussurra2 J,u amo vocJ+ e Fait# se descontrola2 J! .ue voc .uer delaRJ+ ela grita+ aparentemente incapaz de acreditar .ue a
generosidade de 7iley / sincera- Uuando se dF conta da verdade+ tenta negF-la2 J0sso n(o faz sentidoJ XJ6#o Are QouRJY- Mas ela n(o pode ne gar o .ue
l#e foi demonstrado de maneira t(o incisiva- Buffy metida+ reprimida+ sem prazer+ moralista+ a boazin#a Buffy 4ummers tem uma vida seSual
mel#or .ue a dela- ,ssa constata(o+ apGs demonstra1es do amor e da adora(o .ue Buffy inspira em sua famlia e amigos+ e na.ueles .ue ela protege+
finalmente fora Fait# a enfrentar a verdade+ com conse.]ncias profundamente desagradFveis para ela2 Buffy tem uma vida mel#or- Buffy / mais feliz-
,ssa descoberta obriga Fait# a recon#ecer .ue sua decis(o de recorrer ao mal estava errada+ mesmo em termos prGprios- !u se8a+ mesmo se o dever e a
moralidade abstrata forem deiSados de lado+ simplesmente n(o / verdade .ue a vida maligna / mais agradFvel .ue a boa vida- 4ua auto8ustificativa bem
elaborada .ue as pessoas boas s(o todas #ipGcritas .ue odeiam o prazer+ en.uanto ela / uma #onesta caadora de prazer desmorona+ e ela comea a
se ver como realmente /-
9uma luta com Buffy+ ela fica por cima de seu prGprio corpo e comea a socar o prGprio rosto impiedosamente+ gritando2 J;oc n(o / nadaK Maldita
vaca assassinaK ;oc n(o / nadaK ;oc / no8entaKJ XJ6#o Are QouRJY- 4eu desgosto consigo mesma / t(o grande .ue apGs Buffy trocar os corpos de volta
ao normal+ Fait# foge para Los Angeles e tenta induzir Angel a matF-la2 J,u ac#ei .ue voc fosse feliz com seu 8eitoJ+ Angel diz em determinado
momento+ mas ambos sabem .ue isso n(o / verdade- Finalmente sabendo .ue o mal nunca a farF feliz+ e acreditando .ue a reden(o / impossvel para ela
apGs o .ue fez+ Fait# simplesmente .uer livrar-se da dor- Assim+ .uando Angel se recusa a matF-la+ Fait# abandona todo o fingimento e l#e implora2 J,u
sou malignaK 4ou mF- ,stF me ouvindoR 4ou mFK Angel+ eu sou mFK 4ou mFK 4ou mFK Por favor+ Angel+ faa isso- Angel por favor+ faa- Faa- Mate-me-
4implesmente+ mate-meKJ XJFive by FiveJY- A autodecep(o de Fait# lembra outra #istGria da 'ep=&li*a de Plat(o- Om #omem camin#ando ao longo da
mural#a da cidade se depara com os cadFveres de criminosos+ deiSados lF para apodrecer como forma de adver tncia a outros criminosos- ! #omem
.ueria ficar ol#ando para os corpos mutilados+ em decomposi(o+ mas envergon#a-se de tal dese8o e desvia o ol#ar- A tenta(o de ol#ar+ por/m+ o domina+
e ele ol#a- 9isso+ repreende os prGprios ol#os+ zangado2 J!l#em+ miserFveis malditos+ deliciem-se com a linda vis(oKJ X*&EeY- ! ponto enfatizado por
Plat(o nessa #istGria / .ue uma caracterstica-c#ave de personalidades moralmente boas / .ue elas se envergon#am e ficam com raiva de si prGprias
.uando fazem algo errado- ! domnio dos dese8os re.uer disciplina e autocontrole+ .ue / alcanado n(o sG com uma atitude do tipo de 4poc5+ de pura
lGgica+ mas canalizando-se as emo1es de raiva e orgul#o para o lado da raz(o e contra as paiS1es desordenadas- ! desgosto de Fait# consigo mesma+
embora a ten#a levado a uma tentativa de suicdio+ foi o primeiro passo crucial para a sua reden(o= por mais debilitante e mal direcionado+ foi o seu
despertar moral-
A bZssola moral do universo Buffy
NF muitas e importantes perguntas morais oriundas dessa /tica eudemonista .ue o universo Buffy n(o responde- Oma das mais intrigantes / acerca do
papel da alma em tornar a pessoa 8usta mais feliz do .ue a in8usta- 4eria por.ue os seres #umanos tm uma alma e fazer o mal as deiSa amarguradas+
en.uanto os vampiros e outros monstros sem alma apreciam tanto issoR A evidncia nesse ponto / acentuadamente conflitante2 a #istGria de Angel parece
confirmar a suspeita de .ue a alma / o .ue liga a bondade moral W felicidade para uma pessoa+ mas a #istGria de 4pi5e comprometeria essa conclus(o-
"omo a metafsica de Buffy se torna mais obscura e confusa a cada temporada+ provavelmente nunca teremos uma resposta-
0sso+ por/m+ seria de se esperar+ pois o eudemonismo / uma escola de pensamento .ue sempre apelou para a.ueles .ue buscam uma moralidade
firmemente enraizada na eSperincia real+ com a menor dependncia possvel em abstra(o e metafsica- ! eudemonismo do universo Buffy combina
perfeitamente com sua #F muito eSistente ambivalncia em rela(o W metafsica+ e particularmente aos poderes superiores como os JPoderes
,SistentesJ- 9o universo Buffy+ os personagens em busca de orienta(o moral n(o ol#am para o c/u+ mas para dentro de si= a felicidade de uma pessoa+
ou a falta dela+ / a sua bZssola moral-
C
C
! autor dese8a agradecer a <o#n Lould e Mar5 4tein por seus comentFrios acerca dos rascun#os deste captulo-
!
A33i4 5&)+6 %&i'(, + 78+9)e4& d& 5e)i: e i/e3c8676)+3& c&;&<2&47i8+3=
Marl 4c#udt
,m 4 ;enealogia da <oral, 9ietzsc#e afirma .ue a moralidade / uma cria(o dos fracos= .ue a palavra JbomJ era originalmente definida em rela(o
aos poderosos+ e sG depois foi adotada tamb/m pelos fracos- !s poderosos sG con#eciam os bons e os maus= isto /+ nobres como eles e fracos diferentes
deles- !s fracos aplicam a palavra JbomJ a si prGprios e inventam a palavra JmauJ para se referir aos fortes- ,les montam um sistema moral .ue define o
eSerccio de fora e poder como o mal sendo um meio de autoprote(o e como resultado de seu ressentimento contra os poderosos- Argumentos desse
tipo 8F foram apresentados antes+ notada-mente por oponentes de 4Gcrates+ .ue usava a raz(o para mostrar a in constVncia dessa posi(o- 9ietzsc#e /
imune a essa tFtica+ 8F .ue ele nega a prGpria raz(o- 9(o eSiste a tal de raz(o pura2 JNF apenas um modo de ver perspectivo+ apenas um modo de saber
perspectivo---
A
J A natureza das coisas / .ue os poderosos devem mandar+ e a raz(o em si / apenas uma ferramenta inventada pelos fracos para lutar contra
a natureza- 4Gcrates usava a raz(o e a lGgica para derrotar a id/ia de .ue a fora faz o .ue / certo+ mas 9ietzsc#e nega a validade da raz(o e da lGgica+ 8F
.ue a prGpria raz(o / 8ulgamento de valor inventado pelos fracos- Aparentemente+ n(o #F como refutar o argumento de 9ietzsc#e-
A
Friedric# 9ietzsc#e+ 4 ;enealogia da <oral.
Mas talvez #a8a um meio- Mesmo .ue a raz(o n(o se8a permitida+ podemos apelar para a prGpria natureza do oponente- A.ueles .ue n(o disciplinam
seus dese8os n(o entram em sintonia consigo prGprios+ e um argumento pode ser bem-sucedido se demonstrar a discGrdia resultante dessa atitude- ! tirano
feliz ou o ser #umano eficazmente egosta n(o se deiSa convencer por nen#um argumento lGgico de .ue deva renunciar ao poder= o .ue / preciso a.ui / a
persuas(o+ um encora8amento- ,ssa persuas(o pode ser realizada por meio de um apelo ao drama ou W cultura popular- A aprecia(o do drama / um
pro8eto empFtico- ! pZblico deve ser capaz de sentir o .ue os personagens est(o sentindo= al/m disso+ estes n(o podem agir da maneira .ue o autor .uer+
mas sim de acordo com a natureza #umana para .ue a empatia se8a possvel- ,ssa empatia / a c#ave para convencer um nietzsc#iano- NF eSemplos em
drama de personagens com o tipo de vida .ue 9ietzsc#e defende Xmas .ue o prGprio n(o viviaY= podemos obser var esses personagens e seguir o .ue
acontece com eles- 4e progridem de modo acreditFvel e tm vidas #umanas completas e dese8Fveis+ ent(o 9ietzsc#e estF vingado- 4e+ por/m+ terminam
mal e seus fins parecem verdadeiros+ o pZblico pode ser persuadido de .ue o ideal de 9ietzsc#e / um beco sem sada .ue n(o deve ser seguido-
Fait#+ a inescrupulosa caa-vampiros+ pode servir de eSemplo- Uuando em JBad LirlsJ+ Fait# acidentalmente mata um ser #umano+ ela descobre o
prazer do livre eSerccio do poder- "omea+ ent(o+ uma carreira aparentemente bem-sucedida de malignidade+ usando sua fora para conseguir o .ue
.uiser e .uando .uiser- Mas+ no fim+ ela descobre .ue a vida .ue escol#eu / vazia- 9(o #F possibilidade de verdadeira amizade+ e ela se sente um liSo- 4e
a #istGria de Fait#+ a inescrupulosa caa-vampiros+ / acreditFvel e reflete a natureza #umana+ seu eSemplo pode servir como alerta- 4e algu/m segue o
camin#o mostrado em 4 ;enealogia da <oral, n(o termina bem- A persuas(o a.ui ocorre n(o por interm/dio da dial/tica e do silogismo+ mas da empatia
e da emo(o- Primeiro+ eSaminarei a re8ei(o de 9ietzsc#e da moralidade tradicional e sua vis(o alternativa- Depois+ mos trarei como Fait# pode ser
identificada com esse ideal- Finalmente+ eSplicarei como o mundo escol#ido por Fait# pode desabar sobre ela+ argumentando .ue esse desabamento+ se
parecer plausvel aos ol#os dos telespectadores+ pode ser um alerta contra a escol#a de um camin#o semel#ante-
! uso do drama na persuas(o
A associa(o entre os personagens no drama e a natureza #umana fornece a c#ave2 podemos procurar eSemplos de personagens .ue agem como se as
afirma1es de 9ietzsc#e fossem verdadeiras- 4e o drama for bem eSecutado+ os personagens agem como seres #umanos reais agiriam+ se estivessem em
situa1es semel#antes- Assim+ o in.uiridor pode usar a vida do personagem fictcio como um eSperimento+ um caso de teste= como seria a.uela forma de
vidaR 4e os resultados forem acreditFveis e se formos capazes de entrar em empatia com o personagem+ ent(o a caracteri za(o pode ser uma descri(o
correta do .ue aconteceria- 4e os resultados forem negativos+ ent(o teremos motivos para n(o seguir o proposto modo de vida- "omo diria AristGteles+
numa trag/dia Ja pena / ocasionada pelo infortZnio n(o merecido+ e o medo pelo infortZnio de algu/m como nGs-J
?
4e Fait# apresenta as escol#as .ue
faramos+ caso tiv/ssemos o poder de nos safar delas+ e se ela n(o termina bem+ eSperimentaremos um medo Ztil+ .ue nos impedirF de seguir o mesmo
camin#o- A vantagem / .ue isso pode ser feito sem sofrermos pessoalmente os efeitos ruins da.uela vida-
?
AristGteles+ 4 $o5ti*a XB*@&a&Y-
A vis(o de 9ietzsc#e da moralidade
A apresenta(o mais clara do argumento de 9ietzsc#e a respeito da verdadeira natureza da moralidade pode ser encontrada em 4 ;enealogia da <oral.
,le diz .ue os conceitos de bem e mal surgem do ressentimento .ue os fracos tm dos fortes+ e .ue esses conceitos constituem invers(o das categorias
originais e primordiais de bom e mau- 9ietzsc#e oferece um argumento ling]stico com o ob8etivo de mostrar .ue a palavra JbomJ era originalmente
usada pela poderosa nobreza- ,ssa / uma vis(o e tanto+ e ling]isticamente defensvel2 mesmo em ingls+ uma pessoa admirFvel / descrita como nobre+ de
classe ou respeitFvel+ todas as palavras .ue descrevem um indivduo como pertencendo W #ierar.uia enri.uecida ou poderosa-
9ietzsc#e descreve o bem original em vFrias passagens+ e vale a pena mencionarmos algumas a.ui2 J!s 8ulgamentos caval#eirescos3aristocrFti cos de
valor pressupun#am uma fisicidade poderosa+ uma saZde prGspera+ abundante+ at/ transbordante+ somada W.uilo .ue serve para preservF-la2 guerra+
aventura+ caada+ dana+ 8ogos de guerra e de um modo geral tudo o .ue envolver atividade vigorosa+ livre+ prazerosaJ
E
- X,ssa / a descri(o perfeita de
Fait#+ como argumentarei mais tarde-Y !s bons s(o os governantes e mestres- A moralidade nobre Jse desenvolve a partir de afirma(o triunfante de si
prGpria-J
B%
A disposi(o fsica bFsica do bem primordial / Jrepleta de vida e paiS(oJ-
BB
! #omem bom es.uece+ / incapaz de guardar rancor- A raiva se
eSpressa imediatamente na a(o-
E
9ietzsc#e+ 4 ;enealogia da <oral.
B%
0b-
BB
0b-
At/ agora+ esse / um retrato atraente- 9ietzsc#e vai mais longe2 a.ueles .ue s(o poderosos e nobres s(o tamb/m cru/is sem compun(o- Uuando esses
nobres deiSam a compan#ia de seus semel#antes X.ue para Fait# sG incluiria BuffyY+ Jeles retornam W conscincia inocente do animal predador+ como
monstros triunfantes .ue talvez sur8am de uma #edionda prociss(o de assassinatos+ incndios criminosos+ estupros e torturas+ com a alma eScitada e
imperturbada+ como se tudo fosse apenas uma brincadeira de estudantes+ convencidos de ter proporcionado aos poetas muito mais material para can1es e
louvores-J
B$
Podemos ver eSemplos desse tipo de comportamento na Il:ada ou na Odiss5ia. Para livrar sua casa dos pretendentes de sua esposa+ !disseu
os tranca numa sala e os mata- ,le estF agindo de maneira boa+ de acordo com a moralidade nobre- A moralidade grega n(o / a mesma .ue a moderna2
como observa Alasdair Maclntyre+ JAgamenon+ ao desonrar A.uiles+ n(o deiSou de ser agathos.
>?
Agamenon ou !disseu ainda podem ser bons #erGis
gregos+ embora a8am de maneiras .ue consideraramos mFs- Nouve um desvio de significado-
B*
B$
0b-
B&
Alasdair Maclntyre2 Whose Justi*e1 Whi*h 'ationalit"1 X9otre Dame2 Oniversity of 9otre Dame Press+ BE??Y+ p- B@-
B*
A vis(o moderna da moralidade a.ui eSpressada / o resduo da vel#a moralidade 8udaico-crist(- Mas a prFtica moderna da moralidade / nietzsc#iana-
! desvio aconteceu+ segundo 9ietzsc#e+ como resultado de uma revolta dos escravos- !s nobres tin#am poder+ mas os fracos eram numerosos- ,les
comearam a definir a si prGprios e suas fra.uezas como bons+ e os .ue l#es eram diferentes como maus- !s nobres foram rebatizados de malignos+ .ue
tin#am de ser derrubados e destrudos- ,ssa revolta escrava na moralidade adv/m do ressentimento+ da raiva pela falta de fora+ en.uanto a moralidade
nobre primitiva adv/m da fora .ue os nobres possuem- ! ressentimento cria novos valores+ dizendo Jn(oJ ao .ue os fracos n(o s(o+ en.uanto a
moralidade nobre diz JsimJ ao .ue ela prGpria /-
Dizem os fracos .ue a fora n(o deve ser eSercida+ mas 9ietzsc#e re8eita a possibilidade de auto-restri(o+ com bases ontolGgicas2 os seres #umanos
nada mais s(o do .ue as a1es .ue eles mesmos fazem- 9(o eSiste nen#uma alma+ nen#um substrato .ue a8a no sentido de restringir o .ue um indivduo
/- 4e o forte deiSar de agir de maneira forte+ n(o serF mais forte- ,sperar .ue os fortes n(o eSeram fora / como .uerer .ue a Fguia n(o coma ratos- !
conceito da alma .ue precisa ser salva e .ue pode con.uistar os instintos da carne Xver 4(o PauloY / uma inven(o dos escra vos para 8ustificar sua
submiss(o aos fortes- 9(o #F um cerne no ser #umano .ue possa restringir a atividade= sG eSistem os efeitos da vontade- 9ietzsc#e diz2 JMas n(o eSiste
esse substrato= n(o eSiste um _ser_ por trFs do ato+ do efeito ou do tornar-se= _o agente_ / apenas uma fic(o adiciona da ao feito o feito / tudoJ-
B@
! Znico
modo de uma pessoa restringir a fora / com alguma esp/cie de autotortura-
B@
9ietzsc#e+ 4 ;enealogia da <oral
At/ agora 9ietzsc#e estF descrevendo a condi(o #istGrica da moralidade+ como ele a v2 #avia uma moralidade primordial de poder .ue sobre tudo
imperava+ .ue foi substituda por uma moralidade de autotortura de ressentimento+ basicamente incorporada no "ristianismo- ,ssa / uma afirma(o
#istGrica+ n(o normativa- Oma coisa / descrever a moralidade nobre primordial= outra / prescrev-la como boa- Mas #F evidncias abun dantes .ue
mostram .ual / o rumo preferido- 9ietzsc#e n(o v sua destrui(o da moralidade como coisa ruim+ e sim como op(o pela vida2 JFoi eSatamente a.ui .ue
eu vi o grande perigo para a #umanidade+ sua mais sublime sedu(o mas a .uR ao nadaR + foi eSatamente a.ui .ue eu con#eci o comeo do fim+ o
ponto morto+ um cansao retrospectivo+ a vontade se voltando *ontra a vidaJ-
BC
A moralidade escrava / uma repress(o da vontade do poder+ da vontade de
fazer o .ue se dese8a e arriscar-se em coisas grandiosas- ,la / re8eitada por.ue / uma nega(o da vida- 9ietzsc#e re8eita esse #omem .ue tortura a si
mesmo+ e anseia por um novo tipo de #omem+ o bem con#ecido @&ermens*h. ! desenvolvimento da conscincia+ .ue no momento / dirigida contra a
vida+ numa fora dirigida contra os inimigos da vida+ eSigirF um novo tipo de pessoa2 J,sse #omem do futuro+ .ue nos redimirF n(o sG do ideal at/ agora
reinante+ mas tamb/m da.uilo .ue cresce dele+ a grande nFusea+ a vontade do nada+ o niilismo= esse repicar do meio-dia e da grande decis(o .ue libera a
vontade novamente e restaura sua meta W terra e sua esperana ao #omem= esse anti-"risto e antiniilista= esse vitorioso sobre Deus e o nada de(e (ir
um diaA.
>B
BC
0b-
BA
0b-
9ietzsc#e dese8a .ue sur8am a.ueles capazes de ir al/m do bem e do mal e criar valores prGprios por meio da fora da vontade- 9ietzsc#e n(o promove
o despotismo nem os assassinatos em massa2 sua figura ideal n(o / a.uela .ue faz o mal pelo mal+ mas sim algu/m .ue n(o se absten#a de fazer o
necessFrio para a satisfa(o de seus dese8os- 9ietzsc#e provavelmente ficaria c#ocado ao descobrir .ue sua filosofia foi usada para 8ustificar o fascismo e
o assassinato- Mas permanece o fato de a destrui(o da moralidade convencional n(o nos deiSar com armas para lutar contra o assassinato2 por .ue n(oR
'alvez "onard este8a certo ao dizer .ue Jo ideal de 9ietzsc#e / o indivduo artstico+ .ue supera obstFculos+ criativo+ .ue desenvolve novos valores e
transforma sua vida numa obra de arte-J
B?
Mas se a autocria(o desse indivduo por acaso envolver assassinato e violncia fsica+ n(o #F motivo para ele
n(o fazer isso-
! argumento de 9ietzsc#e n(o / refutFvel com bases racionais+ uma vez .ue ele nega a racionalidade+ descrevendo-a como cria(o da moralidade
escrava- ,u propon#o um contra-argumento n(o baseado na racionalidade+ mas na empatia-
B?
Mar5 '- "onard+ JAssim falava Bart2 9ietzsc#e e as virtudes de ser mauJ+ em Os Simpsons e a %iloso!ia, editado por 6illiam 0r>in+ Mar5 '- "onard
e Aeon <- 45oble XMadras ,ditora+ 4(o Paulo+ 4PY
Fait# como ideal nietzsc#iano
,nfocarei as cinco caractersticas primFrias desse ideal2 fora+ busca pela satisfa(o dos dese8os pessoais+ frieza ou crueldade na busca desses dese8os+
desconfiana desse argumento racional e uma re8ei(o da moralidade tradicional- 'odas elas ser(o vistas claramente no modo como Fait# / retratada-
"omo caa-vampiros+ Fait# possui fora e saZde em abundVncia- ,la / uma esp/cie de super-#erona+ com fora muito superior aos seres #umanos e W
maioria dos monstros n(o-#umanos .ue ela encontra- Al/m disso+ os caa-vampiros possuem eScelente saZde2 podem ser punidos de manei ra .ue mataria
pessoas comuns e se curam rapidamente para lutar de novo- Pelo menos no nvel fsico+ Fait# / soberbo eSemplo do tipo de fora .ue 9ietzsc#e eSaltava-
Fait# / apresentada como vampe Xn(o vampiraY no episGdio JFait#+ Nope and 'ric5J+ danando de maneira sedutora na pista- ,la / a imagem do dese8o
seSual+ sem a menor preocupa(o na vida- ,la atrai um rapaz provavelmente para seduzi-lo= mas .uando descobre .ue ele / um vampiro+ mata-o num
Stase de violncia- A matana dos vampiros assume todas as caractersticas de um encontro seSual2 o flerte na pista de dana e a escol#a do parceiro
est(o presentes+ com o ato seSual substitudo pela matana-
Uuando c#ega+ Fait# toma conta da sala- !s nomes s(o reduzidos a apelidos sem permiss(o2 Buffy se torna JBJ- Fait# conta #istGrias acerca de suas
vFrias con.uistas+ e todos na sala se fascinam- 9a verdade+ a presena dela W mesa e suas #istGrias s(o uma disputa por domnio+ assim como suas
matanas- ,la anuncia2 JMatar deiSa a gente com fome e com tes(oJ- Matar / apenas mais um dese8o a ser satisfeito+ como fome ou apetite seSual- ,la
flerta at/ com Liles-
9essa fase+ Buffy estF detestando seu trabal#o- ,la .uer ter uma vida normal+ ficar livre das s/rias responsabilidades envolvidas em salvar o mundo
mZltiplas vezes- Buffy sabe .ue sua vida provavelmente serF curta e violenta at/ o fim- Mata apenas por dever+ n(o por amor ao trabal#o- Fait#+ por outro
lado+ ama o .ue faz2 adora perseguir a caa at/ o momento final+ de matar- Matar / um dese8o+ um anseio .ue deve ser satisfeito- ,ssa diferena /
mostrada na primeira batal#a .ue as duas lutam 8untas- A vida de Buffy estF em perigo por.ue Fait# presta mais aten(o ao prazer de matar .ue ao dever
de cumprir uma tarefa- Assim+ ela nos / apresentada claramente como uma esp/cie de nietzsc#iana2 concentra-se na satisfa(o de seu dese8o e na alegria
de matar- ,m JBad LirlsJ+ ela insiste com Buffy .ue / preciso gostar do trabal#o2 JFomos feitas para matar- 4e voc n(o gosta+ / por.ue estF fazendo
alguma coisa erradaJ-
Fait# / fria e cruel em seu prazer de matar+ e tem a mesma disposi(o em seus #Fbitos seSuais- !s #omens s(o apenas animais para serem usa dos= ela
diz a Buffy2 J,ncontre alguns garan#1es+ use-os e depois os 8ogue fora- 0sso / sempre divertidoJ- XJNomecomingJY- Om #omem n(o deve ser valorizado
como uma pessoa digna de respeito+ e sim apenas como um meio de satisfazer um dese8o fsico- Uuando esse dese8o estiver satisfeito+ o #omem+ .ue / um
meio para esse fim+ deve ser abandonado- ,m J'#e `eppoJ+ Fait# vai para a cama com ^ander para aliviar um pouco do es tresse de caar vampiros-
^ander fica muito eScitado2 / a sua primeira eSperincia seSual+ e como resultado ele ac#a .ue os dois tiveram uma liga(o- Mas se engana .uanto Ws
inten1es dela2 Fait# estF apenas satisfazendo uma coceira com algo conveniente+ e esperar .ue ela crie uma rela(o com ele / como algu/m com coceira
nas costas se relacionar com .uem estF a cocar para ela-
Fait# fre.]entemente diz .ue a verdade e a refleS(o racional n(o s(o necessFrias+ o .ue a coloca muito bem no cenFrio nietzsc#iano- 9ietzsc#e re8eita a
#abilidade da raz(o para resolver conflitos+ pois ela / um produto de algum sistema de valores preeSistente- 4(o os valores individuais .ue importam- ,la
pergunta a Buffy se esta 8F transou com ^ander+ e .uando a resposta / de #esita(o e dZvida ela l#e diz2 J;oc pensa demaisJ XJBad LirlsJY- Pensar
atrapal#a a a(o e a satisfa(o do dese8o- Pensar e refletir s(o caractersticas da moralidade escrava+ da.ueles .ue se apegam a ideais falsos como JdeverJ
e JbondadeJ+ JcertoJ e JerradoJ- 9(o deveramos pensar+ e sim agir de acordo com as nossas paiS1es-
,ssa falta de pensamento refletivo continua- Buffy sugere a Fait# .ue ela precisa J,sperar+ parar+ pensarJ+ ao .ue ela responde2 J9(o+ n(o+ n(oJ-
Lute apenasK ! pensamento / o inimigo- Fait# c#ega a tentar Buffy com sua atitude despreocupada+ en.uanto as duas fazem uma noitada na cidade+
roubando o .ue precisam nas lo8as de 4unnydale- ! eSerccio da fora sem os limites da raz(o / prazeroso-
Mas+ nesse momento+ ocorre a trag/dia- 9o calor da batal#a+ Fait# se deiSa levar pela alegria de matar e n(o verifica se suas vtimas s(o real mente
vampiros- ,la mata com estaca um ser #umano- Norrorizada+ Buffy tenta corrigir a situa(o+ tentando convencer Fait# a conversar com a pol cia- De
acordo com a moralidade tradicional+ matar um ser #umano / coisa s/ria+ mesmo .ue ocorra por acidente ou negligncia- Mas Fait# decidiu .ue n(o
precisa preocupar-se com essas coisas- Uuando Buffy a confronta+ dizendo Jvoc matou um #omemJ+ ela responde com um sorriso2 J9(o+ voc n(o
entende- ,u n(o ligoJ-
,ssa morte acidental se torna um momento de descoberta para Fait#- 'endo escapado impunemente a um assassinato+ ela descobre .ue n(o #F motivo
para n(o matar- ,la / mais forte e mel#or .ue as pessoas de 4unnydale+ e+ se algu/m morre em meio ao processo de satisfazer seu dese8o de batal#a+ /
uma .uest(o de menos importVncia- ,m resposta a um c#amado de Buffy para o dever+ ela diz2 J9Gs somos mel#oresK 0sso mes mo+ mel#ores- As pessoas
precisam de nGs para sobreviver- 9o fim das contas+ ningu/m vai c#orar por algum passante ocasional .ue morreu no fogo cruzadoJ XJ"onse.uencesJY- A
moralidade dos escravos n(o se aplica aos mestres+ a.ueles .ue s(o mel#ores e mais fortes- Fait# e Buffy deveriam fazer a.uilo .ue elas ac#am necessFrio
para serem boas matadoras+ sem se preocupar eSageradamente com o destino dos #umanos comuns .ue podem mac#ucar-se no processo-
Fait# desiste de seu emprego de matadora+ e vai trabal#ar para o prefeito+ um #umano .ue passou os Zltimos cem anos se preparando para a ascens(o+
.uando poderF assumir fora e poder demonacos- Para fazer a ascens(o acontecer+ o prefeito se alimenta de um nZmero suficientemen te grande de seres
#umanos comuns+ o .ue ele tenciona fazer na formatura da escola- ;ale a pena observar .ue+ embora Fait# possa ser vista como Jo animal predador+ o
esplndido animal loiro avidamente buscando espGlios e vitGriaJ+
BE
/ o prefeito .uem mais se aproSima do conceito de 9ietzsc#e do @&ermens*h. ,sse /
o super-#omem+ o #omem .ue virF ou pelo menos deveria vir para 8ustificar toda a #istGria da #umanidade- "omo eSplica 9ietzsc#e2 JA
#umanidade sendo sacrificada em massa para a prosperidade de uma Znica esp/cie mais !orte de #omem isso seria um avanoJ-
$%
'al coisa n(o seria
feita por maldade+ mas sim pela busca da beleza na vida- 9ietzsc#e dF uma longa descri(o do super-#omem em 4 #ontade de $ot/n*ia
C>
Oma raa com sua prGpria esfera de vida+ com um eScesso de fora para beleza+ bravura+ cultura+ maneiras do Fpice do esprito= uma raa
afirmativa .ue pode permitir-se toda grande luSZria suficientemente forte para n(o ter a necessidade da tirania do imperativo da virtu de+
suficientemente rica para n(o ter a necessidade da economia frugal e do pedantismo+ al/m do bem e do mal= uma estufa para plantas estran#as e
escol#idas-
$$
BE
9ietzsc#e+ 4 ;enealogia da <oral.
$%
0b-
$B
Oma obra publicada postumamente+ portanto um livro suspeito+ mas ainda assim uma fonte Ztil de boas cita1es-
$$
9ietzsc#e+ 4 #ontade de $ot/n*ia
;emos nessa passagem uma devida descri(o do prefeito= ele n(o demonstra maldade+ n(o tem dese8o mal/volo de matar algu/m- 9a verdade+ / um
eSemplo do #omem decente+ com gosto para a beleza+ para a cultura+ os valores familiares e para as boas maneiras Xfre.]entemente corrigindo as mFs
maneiras de Fait# antes de enviF-la numa miss(o para matar o inimigoY- 4eu Znico motivo para matar os alunos na escola / ali mentar seu dese8o de se
tornar um ser novo e transcendente- ,le .uer ultrapassar a #umanidade+ ser um super-#omem+ ou pelo menos uma supercobra- Fait# simplesmente entra
no 8ogo+ por admira(o pela fora dele-
Assim+ parece evidente .ue Fait# / um eSemplo do tipo de pessoa .ue 9ietzsc#e admirava2 forte+ fria+ sem se deiSar abalar por debates racionais+ e
al/m da moralidade tradicional- ,la encontrou um verdadeiro @&ermens*h para o .ual vai trabal#ar2 o prefeito- ! teste serF agora ver o .ue acontece com
ela- Duas perguntas devem ser respondidas2 BY a descri(o do destino dela / acreditFvelR $Y o destino dela vale a pena ser alme8adoR A resposta W primeira
pergunta dependerF muito da rea(o do indivduo ao drama e ao sentido do personagem- 9(o posso usar argumentos para convencer al gu/m de .ue
BaC# 5 bem escrito2 ou a pessoa v ou n(o v isso- Por isso+ assista W s/rie+ e decida se os personagens agem como seres #umanos- "reio+ sinceramente+
.ue o roteiro / muito bem escrito+ e a evidncia disso / o seu contnuo sucesso durante todos estes anos+ al/m do fato de podermos encontrar um nZmero
suficiente de filGsofos para publicar um livro acerca dele-
Uual / o destino de Fait#R
! fim dramFtico da terceira temporada envolve a tentativa de ascens(o do prefeito+ frustrada por Buffy e seus amigos- Fait# n(o estF lF para ver+ pois
foi derrotada em combate com Buffy- Fait# passa a maior parte do ano seguinte em coma no #ospital- Mas as coisas ficam interessantes .uando ela
acorda- Descobre .ue o prefeito l#e deiSou um presente+ um dispositivo mFgico .ue permite a troca de corpos- ,la consegue trocar de corpo com Buffy e
tenta tirar-l#e a vida+ mudando-se para a casa dela+ usando suas roupas e trabal#ando no relacionamento com <oyce 4ummers+ a m(e de Buffy-
NF uma cena marcante em J'#is Qear_s LirlJ .ue revela a c#ave do pensamento de Fait#- ,la possui o corpo de Buffy+ estF agora de p/ diante do
espel#o+ tentando acostumar-se com seu novo rosto- ,n.uanto faz caretas+ ela comea a dizer coisas .ue ac#a .ue Buffy diria- Faz uma litania irTnica2
J;oc n(o pode fazer isso- I errado- 9(o pode fazer isso+ por.ue / mau+ por.ue / errado- ,u vou enc#er voc de porradas- ;ou matF-laKJ ,ssas frases de
JdeveriasJ morais parecem vazias e inGcuas .uando reduzidas Ws palavras simples2 por .ue n(o fazer alguma coisaR I erradoK A palavra JerradoJ se torna
um smbolo mFgico+ um talism( diante do .ual os malfeitores tremer(o- 4e for suficientemente repetida e dita em voz alta+ deverF ser respeitada- ,+ se o
malfeitor n(o desistir+ a palavra mFgica deve ser defendida com fora-
9essas poucas frases+ Fait# passou a vis(o completa da moralidade tradicional- ,la consiste em afirma1es de valor .ue n(o tm outro respal do al/m
do poder da maioria fraca- I dito aos fortes .ue eles n(o podem eSercer sua fora+ mas n(o se eSplica o motivo- 'odo o intricado do racio cnio moral+ .ue
n(o se deve pre8udicar os outros por causa do imperativo categGrico ou da lei natural inata+ acaba se resolvendo numa afirma(o da misteriosa .ualidade
do JerroJ- Por eSemplo+ Fait# Xusando o corpo de BuffyY vai ao Bronze+ o ponto de encontro noturno local+ e se encontra com 4pi5e+ um vampiro .ue
perdeu as presas recentemente graas a um *hip de computador em sua cabea- Fait# o provoca+ dizendo .ue poderia fazer amor com ele de maneiras .ue
ele nem conseguiria imaginar+ flertando de maneira eSplcita e desavergon#ada- ,la pergunta+ ent(o+ se 4pi5e sabe por .ue ela n(o farF isso- 0mitando a
voz de uma garotin#a+ e at/ fazendo bi.uin#o+ ela diz2 JPor.ue / erradoJ- 9ovamente+ a palavra JerradoJ / usada numa afirma(o vazia+ emocional+ .ue
sG tem sentido por causa da fora por trFs dela+ como Fait# tin#a dito antes2 J;ou enc#er voc de porradaJ-
9esse ponto+ parece .ue Fait# estF preparada para viver muito bem sua vida+ ocupando o corpo de Buffy+ sem compuls(o+ seguindo seus dese 8os como
bem entender- Mas para manter o disfarce+ ela precisa agir como caadora- 6illo> aponta um vampiro preparando-se para matar no Bron ze+ e envia Fait#
para salvar a pessoa- ,la precisa obedecer para n(o revelar seu tru.ue+ e assim acaba salvando a garota- A 8ovem eSpressa uma gratid(o profunda e
sincera+ ao .ue Fait#+ embaraada+ responde2 J'F+ tudo bemJ- ,sse / o comeo do furo em sua casca nietzsc#iana- ,la cometeu um ato .ue+ embora
motivado por prudncia+ a conecta com uma realidade maior- A gratid(o da garota e os sentimentos .ue isso desperta em Fait# comeam a l#e mostrar .ue
o seu bem pode envolver mais do .ue apenas ela prGpria-
Mais adiante no episGdio+ um dos amigos de 7iley diz .ue Fait#3Buffy / sG uma matadora+ ao .ue Fait# responde irritada .ue ela / a caadora- Depois
disso+ ela diz a si mesma .ue n(o se importa- Mas parece .ue estF vivenciando o c#amado da conscincia- Om eSemplo mais marcante2 um bando de
vampiros fez uma barricada numa igre8a para matar os paro.uianos- Fait# c#ega ao local+ no corpo de Buffy- ,la viu pessoas precisando de a8uda e vai ao
encontro delas- Por .uR I uma verdade moral bFsica+ n(o vista por 9ietzsc#e+ .ue o outro pea algo de nGs- De alguma forma+ o bem do outro 5 o meu
bem- "laro .ue a eSistncia dessa demanda bFsica do outro n(o pode ser provada por um argumento racional+ pois o compromis so com a raz(o / um
8ulgamento de valor .ue adv/m da prGpria moralidade escrava .ue ele estF atacando- Mas pode ser apontado2 vemos Fait# passando por isso e+ se o drama
for bem eSecutado+ nGs tamb/m passamos+ 8unto com ela-
Fait# Xainda usando o corpo de BuffyY diz a 7iley2 J9(o me diga o .ue fazer- ,u sou Buffy- ,u ten#o de fazer issoJ- ,m seguida+ ela vai salvar os
paro.uianos da igre8a .ue s(o ref/ns dos vampiros- ,nfrentando o vil(o+ ela diz2
FA0'N2 ;ocs n(o v(o matar essas pessoas-
;AMP07!2 Por .ue n(oR
FA0'N2 Por.ue / errado-
Lembremo-nos de uma cena anterior+ .uando ela estF ol#ando para uma 8anela+ tentando acostumar-se com o rosto de Buffy- Depois finge repetir
mFSimas morais+ concluindo com o .ue ac#ava ser a san(o de todas2 J;ou enc#er voc de porradaKJ 9o momento+ o Znico motivo de uma coisa ser certa
ou errada era a ameaa da fora- Agora+ ela afirma a mesma coisa+ JPor.ue / erradoJ+ mas com um significado totalmente diferente- "erto ou errado n(o /
uma .uest(o da vontade dos fortes+ mas uma realidade independente+ um fato bruto .ue deve ser encarado+ de um 8eito ou de outro- Fait# vai defender as
pessoas com fora+ mas essa a(o n(o / certa por causa da ameaa da fora- Pelo contrFrio+ a fora / empregada por.ue a a(o / certa- !s caa-vampiros
devem defender as pessoas+ n(o por causa de alguma fra.ueza deles+ mas simplesmente por.ue / a coisa certa a fazer- 9(o importa se Fait# / forte ou
n(o+ ou se ela gosta das pessoas na igre8a ou n(o- ,la tem a fora e os meios para defender os indefesos= portanto+ / seu dever fazer isso- Al/m disso+ ela
tem de salvar as pessoas por.ue o tipo de pessoa .ue ela serF+ se n(o o fizer+ / inaceitFvel-
Por .ue ela muda de id/iaR Acontece .ue ela se depara com o verdadeiro molde de sua vida- ,n.uanto Fait# estF no corpo de Buffy+ <oyce l#e pergunta
por .ue Fait# / da.uele 8eito- Buffy3Fait# responde .ue talvez ela goste de ser assim- ,m outras palavras+ Fait# / suficientemente forte para fazer o .ue
gosta+ e estF feliz por viver assim- Mas <oyce n(o aceita isso e diz2 J9(o acredito+ ac#o .ue / #orrivelmente infelizJ- Para Fait#+ a felicida de significa
fazer o .ue .uiser- "omo poderia ser infeliz se ela estF fazendo o .ue .uerR A afirma(o de <oyce implica .ue a felicidade n(o consiste apenas em uma
pessoa fazer o .ue .uer+ mas sim em !lores*er.
! .ue estF em 8ogo s(o esses conceitos rivais acerca do .ue / bom para o ser #umano+ seguir seus dese8os como puder ou tentar desenvolver-se
integralmente como pessoa- I possvel resolver essa disputa de forma racionalR 9ietzsc#e sensatamente diz .ue n(o- Mas o .ue eu tento fazer a.ui /
mostrar .ue uma avalia(o empFtica das duas alternativas levarF a maioria das pessoas a re8eitar 9ietzsc#e- ;e8amos com aten(o .ue tipo de pessoa /
Fait#- ,la se tornou uma assassina de aluguel+ n(o tem amigos+ n(o pertence a nen#uma sociedade- Parece .ue ela mesma recon#ece o estado indese8Fvel
dessa posi(o- Uuando luta contra a verdadeira Buffy em seu corpo+ Fait# grita J;oc n(o / nada+ maldita vaca assassinaKJ XJ6#o Are QouRJY As palavras
n(o s(o dirigidas a Buffy+ mas W prGpria Fait#- ,la estF tentando distanciar-se da vida .ue criou para si- ; o rumo .ue tomou+ e isso a eno8a- ,la faz uma
avalia(o est/tica de si mesma e n(o gosta do .ue v- As rivalidades morais podem n(o ser resolvidas racionalmente+ mas os resultados das escol#as de
acordo com elas s(o muito diferentes- A vida de Fait# se tornou !eia.
Fait# recon#ece esse fato+ e na conclus(o de sua #istGria se esfora para retificar o problema- 9um episGdio de 4ngel, JFive by FiveJ+ ela aparece em
Los Angeles+ a princpio determinada a mostrar .ue n(o tem problemas2 ela / contratada para matar Angel+ e mais tarde vai torturar 6esley+ seu eS-
observador- Uuando Angel frustra seus planos+ ela grita2 J,u sou mFK 4ou mFK ,stF me ouvindoRJ ,la .uer .ue Angel a mate+ e a liberte da terrvel vida
.ue estF levando+ uma vida .ue resultou diretamente da desavergon#ada busca pela satisfa(o de seus ob8etivos+ sem considera(o pela responsabilidade
.ue tin#a com outras pessoas-
9o fim+ depois de muita dificuldade+ Fait# recon#ece .ue precisa corrigir as coisas- ApGs a insistncia de Angel+ ela se entrega W polcia+ e comea a
cumprir uma sentena por seus crimes- A mudana / dramFtica2 ela completou o salto de 9ietzsc#e para 4Gcrates+ aceitando o ditado socrFtico .ue Jum
#omem .ue age de forma in8usta+ um #omem in8usto+ / completamente miserFvel+ mais ainda se n(o for devidamente punido pelos erros .ue cometeuJ-
$&
,Siste+ afinal+ uma ordem moral al/m dos dese8os pessoais+ e o bem da pessoa envolve mais do .ue apenas seus dese8os+ mas o estado do relacionamento
consigo mesma e com os outros-
$&
Plat(o+ ;Drgias.
Persuas(o como drama
'alvez a vis(o triunfante do mundo #o8e em dia se8a .ue a moralidade / uma .uest(o de escol#a pessoal- Al/m disso+ a alega(o de .ue as afir ma1es
morais n(o s(o factuais+ e sim apenas 8ulgamentos de valor+ torna impossvel o debate a respeito do tema2 o .ue um indivduo valoriza / uma .uest(o de
gosto pessoal+ e+ como diz o vel#o adFgio+ gosto n(o se discute- 4e os 8ulgamentos morais s(o apenas eSpress1es de preferncias indivi duais+ como
podemos contestF-losR 9(o podemos se.uer argumentar .ue a moralidade / uma .uest(o de racionalidade em vez de valor+ pois o adver sFrio responderF
.ue a prGpria racionalidade / um 8ulgamento de valor-
,nfatizei a.ui .ue a persuas(o pode ser tentada n(o por meio da raz(o+ mas sim do drama- Oma #istGria bem contada pode tocar mais fundo no cora(o
#umano .ue um argumento racional- Por esse motivo+ propus o eSemplo de Fait#+ de BaC#. Om eSame de suas decis1es e modo de vida encontrarF o
respaldo do telespectador+ e servirF n(o como um argumento+ mas como persuas(o ou incentivo para re8eitar a moral baseada meramen te na escol#a
pessoal- Perguntas para o telespectador2 ;oc sente o .ue Fait# senteR 4ente pena pelas a1es maldosas delaR Lostaria de ser elaR Fica feliz pela
reabilita(o final de Fait#R 4e a resposta a cada uma dessas perguntas for sim+ ent(o talvez 9ietzsc#e n(o se8a o mel#or guia para a sua vida-
"
-O E6 /+ >867+?, B655@ e & 0'ic& 5e4i/i3'&
<essica Prata Miller
"omo todos os super-#erGis+ Buffy 4ummers / incrivelmente forte+ altamente inteligente e dedicada a combater o mal- Diferente da maioria dos super-
#erGis+ por/m+ ela / uma 8ovem garota+ e os f(s sabem .ue isso n(o / coincidncia- ! criador da s/rie+ <oss 6#edon+ deliberadamente criou um programa
.ue inverteu o vel#o clic# dos filmes de terror+ a vtima loira e afetada= um programa .ue Jpode deiSar os rapazes adoles centes W vontade com uma
garota .ue toma conta da situa(oJ-
$*
9uma entrevista recente+ 6#edon reafirmou seu compromisso com Ja primeira declara(o de miss(o da s/rie+ .ue
era o prazer do poder feminino2 t-lo+ usF-lo e partil#F-loJ
$@
- ,ste captulo eSplora a .uest(o se #F ou n(o algo ligado ao seSo da protagonista na forma
como a fora e a bondade de Buffy s(o apresentadas- I um tema .ue pertence W escola de /tica con#ecida como /tica feminista-
$*
"itado em 7- Fudge+ J'#e Buffy ,ffect2 !r a 'ale of "leavage and Mar5etingJ+ Bit*h B% XBEEEY+ em >>>-bitc#magazine-com3bitc#-#tm-
$@
"itado em JBuffy_s 9ot too "ool for 4c#oolJ em nypost-com X$B de 8un#o de $%%$Y-
Itica feminista
A /tica feminista / uma investiga(o das .uest1es /ticas bFsicas Xcomo JUual / a mel#or vida para os seres #umanosR "omo eu devo agirR ! .ue /
bom ou mauRJY .ue s(o fundamentadas no feminismo+ definido vulgarmente como um compromisso de acabar com o mac#ismo e a opress(o- Algumas
feministas se concentram na.ueles problemas prFticos .ue o movimento feminista trouSe W conscientiza(o pZblica+ tais como violncia dom/stica+ abuso
e ass/dio seSual e discrimina(o econTmica- De fato+ vFrios episGdios de BaC# tratam desses tGpicos-
$C
Mas outras feministas d(o mais aten(o W
c#amada Jorienta(o moralJ+ isto /+ como o seSo das pessoas afeta o modo como elas vem a si prGprias e aos outros como seres morais+ a forma como
constroem .uest1es e dilemas morais e os recursos .ue usam para resolv-los- ,sse tipo de enfo.ue estF intimamente associado ao trabal#o da psicGloga
de Narvard+ "arol Lilligan-
,m seu &est-seller de BE?$+ In 4 )i!!erent #oi*e,
CE
Lilligan apresentou uma pes.uisa emprica .ue parecia demonstrar notFvel correla(o entre o seSo e
a orienta(o moral- ,ntrevistando as pessoas a respeito de dilemas morais+ Lilligan descobriu duas abordagens diferentes W vida moral+ a Jperspectiva de
fazer 8ustiaJ e a Jperspectiva de cuidarJ+ .ue est(o ligadas aos seSos masculino e feminino- As pessoas .ue abordam as .uest1es morais sob a perspectiva
de fazer 8ustia s(o imparciais+ usam a raz(o para determinar seus direitos e deveres e deduzem o comportamento moral a partir de princpios universais+
abstratos- ,las se preocupam com direitos e obriga1es+ com a responsabilidade pelas a1es+ e vem a si prGprias como essencialmente separadas e
independentes de outras pessoas-
,m contraste+ as pessoas .ue abordam as .uest1es morais sob a perspectiva de cuidar se interessam em preservar relacionamentos concretos+ e tentam
compreender como cuidar de si prGprias e dos outros- ,las acreditam .ue a emo(o e o sentimento s(o relevantes W vida moral e costumam fazer
8ulgamentos conteStuais baseados em caractersticas especficas de pessoas e situa1es- ,vitam ferir e magoar+ e levam em conta suas responsabilidades
para com os outros- ,las se vem apegadas nos relacionamentos+ essencialmente dependentes de outras pessoas-
$C
;e8a+ por eSemplo+ JLo Fis#J e J7eptile BoyJ da segunda temporada= JAnneJ+ J0 !nly Nave ,yes for QouJ+ e JBeauty and t#e BeastsJ da terceira
temporada= e JDead '#ingsJ e J4eeing 7edJ da seSta temporada-
$A
"arol Lilligan+ In a )i!!erent #oi*e $s"*hologi*al Theor" and WomenFs )e(elopment X"ambridge2 Narvard Oniversity Press+ BE?$Y-
Om argumento entre Buffy e seu namorado 7iley+ um soldado do ,S/rcito americano .ue trabal#a disfarado para a 0niciativa+ um Grg(o de caa aos
demTnios secretamente bancado pelo governo+ ilustra bem a diferena entre as perspectivas de cuidar e de fazer 8ustia- Uuando 7iley critica a mel#or
amiga de Buffy+ 6illo>+ por namorar um lobisomem X!zY+ Buffy o c#ama de fanFtico+ acrescentando2 J! amor n(o / lGgico+ 7iley- ;oc n(o pode ser o
_4r- 4ensato_ o tempo todoJ XJ9e> Moon 7isingJY-
$?
Posteriormente+ os dois tm a seguinte conversa2
$?
'odos os diFlogos Xem inglsY s(o do site >>>-studiesin>ords-de-
BOFFQ2 ;oc parece o 4r- 0niciativa- DemTnios maus+ pessoas boas-
70L,Q2 , #F algo errado com esse teoremaR
XBuffy+ eSasperada+ se afasta alguns passos-Y
BOFFQ2 NF diferentes graus de---
70L,Q2 MalR
BOFFQ2 I apenas--- diferente com demTnios diferentes- NF criaturas vampiros+ por eSemplo .ue n(o s(o do mal- XJ9e> Moon 7isingJY
Buffy v !z como um indivduo especial+ opini(o formada por sua amizade com 6illo>+ pelo prGprio passado dela XapaiSonar-se por Angel+ um
vampiro com almaY+ e tamb/m pela confiana .ue ela tem na capacidade de amar e se preocupar+ servindo como guia moral- 7iley+ por outro lado+
inicialmente v !z no abstrato+ como um demTnio+ cu8a categoria total / rotulada de maligna pela 0niciativa-
A perspectiva de fazer 8ustia+ com seu enfo.ue abstrato na raz(o+ na autoridade e nas regras impessoais+ reflete ideais culturais de masculinidade+
en.uanto a perspectiva de cuidar+ com seu enfo.ue conteStual nos relacionamentos pessoais+ incluindo sentimentos e emo1es+ combina com os ideais da
feminilidade-
$E
,+ de fato+ embora Lilligan deiSe claro .ue a perspectiva de cuidar n(o / uma Jmoralidade da mul#erJ Xpor.ue dois teros das mul#eres
entrevistadas usavam a perspectiva de fazer 8ustia a maior parte do tempo+ ou de vez em .uandoY+ sua pes.uisa mostrou .ue um tero das mul#eres e
nen#um dos #omens eram fundamentalmente adeptos da perspectiva de cuidar+ en.uanto dois teros dos #omens+ mas sG um tero das mul#eres+ eram
adeptos da perspectiva de fazer 8ustia-
&%
'alvez o resultado mais importante fora .ue+ diferentemente de outros pes.uisadores+ .ue #aviam detectado o
raciocnio das mul#eres deficiente a ponto de divergir da tradi(o de 8ustia+ Lilligan insistisse .ue a perspectiva de cuidar / uma orienta(o moral vFlida+
assim como a outra- No8e em dia+ o status emprico das descobertas de Lilligan / tema de debate+ mas a id/ia bFsica de .ue mul#eres e #omens trazem
perspectivas diferentes+ por/m igualmente valiosas+ ao cGdice moral+ / aceita por muitas pessoas- 9o decorrer deste captulo+ pretendo eSplorar trs temas
interligados na /tica feminista+ fortemente presentes no carFter de Buffy- 4(o eles2 XBY uma vis(o do eu como apegado aos relacionamentos= X$Y uma
nfase na importVncia moral dos relacionamentos pessoais= e X&Y uma nova defini(o do .ue significa ser um indivduo autTnomo+ ou .ue governa a si
mesmo-
$E
,ste captulo segue a tradi(o feminista ao usar os termos J#omemJ e Jmul#erJ com referncia Ws categorias biolGgicas e JmasculinoJ e JfemininoJ
com referncia a categorias sociais+ isto /+ como as diferenas de seSo s(o elaboradas na sociedade e na cultura- 9este captulo+ os seSos Xou gnerosY s(o
idealizados como tipos- Oma Znica mul#er+ por eSemplo+ pode ser mais ou menos feminina+ mais ou menos masculina-
&%
"arol Lilligan+ JMoral !rientation and Moral DevelopmentJ+ em Women and <oral Theor", editado por ,va Feder Mittay e Diana '- Meyers
X'oto>a2 7o>man and Littlefield+ BE?AY
a'#e 0 in 'eamb2 o eu relacional de Buffy
Do 4uper-Nomem ao Nomem-Aran#a+ o super-#erGi tpico esconde sua verdadeira identidade at/ das pessoas por ele mais amadas- ,+ de acor do com o
manual do matador+ esse / o caso tamb/m dos caa-vampiros- 7upert Liles+ o !bservador de Buffy+ diz a ela .ue Jse a sua identidade como caa-
vampiros for revelada+ voc e todos W sua volta podem estar em grave perigoJ XJ9ever Mill A Boy on t#e First DateJY- , num encontro em son#o+ o
Primeiro Matador Xtamb/m c#amado de J! PrimitivoJY diz a Buffy2 J9en#um--- amigo--- sG a matana--- nGs--- estamos--- sozinhosA XJ7estlessJY-
Apesar de tudo isso+ o sentido do eu em Buffy / profundamente relacionai- 4ua identidade como matadora+ ou caa-vampiros+ foi revelada logo cedo
aos seus mel#ores amigos+ 6illo> e ^ander+ e depois a um crculo maior de amigos- Buffy considera a JLangue do 4coobyJ+ como s(o con#ecidos seus
amigos+ crucial para a sua #abilidade em combater o mal- , essa / outra forma de dizer .ue ela os v como essenciais para a sua prGpria identidade+ 8F .ue
matar+ para Buffy+ n(o significa apenas uma tarefa+ e sim .uem ela realmente /-
A importVncia da interdependncia mZtua se mostra com muito mais fora .uando Buffy e a gangue enfrentam Adam+ uma criatura tipo Fran5enstein+
feita de partes demonacas+ #umanas e eletrTnicas- ApGs a formatura+ a JLangue do 4coobyJ comea a se separar- Adam eSplora a situa(o+ 8ogando uns
contra os outros- As rela1es 4cooby ficam t(o tensas durante uma discuss(o a respeito de como lutar contra Adam .ue Buffy diz2 JAc#o .ue estou
entendendo por .ue n(o #F uma profecia antiga acerca da ,scol#ida--- e seus amigosJ XJ'#e Qo5o FactorJY- Mas Buffy e seus amigos logo percebem .ue
estavam 8ogando nas m(os do inimigo- ,les conseguem derrotar Adam com um encantamento .ue combina suas vFrias #abilidades+ fundindo suas
essncias-
!s membros da famlia tamb/m s(o essenciais para o sentido do eu em Buffy- Uuando sua m(e morre de aneurisma+ Buffy fica t(o desorientada .ue
diz2 J,u nem sei se--- se estou a.ui--- 9(o sei o .ue estF acontecendoJ XJ'#e BodyJY- Pouco depois+ Buffy enfrenta seu mais poderoso inimigo at/ ent(o+ o
deus LlGria+ .ue plane8a usar o sangue da irm( de Buffy+ Da>n+ para abrir um portal entre a dimens(o #umana e a dos demTnios+ causando destrui(o em
massa- Depois_de uma violenta batal#a+ LlGria derrota Buffy e captura Da>n- Buffy+ cu8o sentido do eu / parcialmente definido por seu papel de Jirm(
mais vel#aJ e protetora de Da>n+ fica catatTnica- Mais tarde+ .uando Liles sugere .ue talvez eles precisem matar Da>n para interromper o ritual+ ela se
recusa+ dizendo2 J,la / mais do .ue [uma irm(\- ,la sou eu--- Da>n--- / parte de mimJ XJ'#e LiftJY-
,mbora Buffy se8a sua prGpria pessoa Xe 3uem mais diria Jse o apocalipse c#egar voc me bipaJRY+ seu senso de identidade estF intimamente ligado
em seus relacionamentos+ e muda conforme estes modificam- ,sse / um ponto .ue muitas feministas /ticas salientam2 os relacionamen tos n(o s(o
XnecessariamenteY ameaas W individualidade- 9a verdade+ eles s(o cruciais para a maturidade e a individua(o- 0sso pode parecer Gbvio+ mas #F na
filosofia uma longa tradi(o de tratar o eu como uma esp/cie de centro interior inato e imutFvel+ .ue vive em perigo de ser corrompido pelas influncias e
id/ias dos outros-
I importante enfatizar+ por/m+ .ue tanto para Buffy .uanto para as feministas /ticas uma identidade subserviente+ construda com o Znico fim de servir
Ws necessidades de outro+ / moralmente muito problemFtica- ,sse / o tema de J0 6as Made to Love QouJ+ em .ue Buffy sofre de uma breve+ por/m
#umorstica+ crise de paiS(o desesperada por um namorado XJ'alvez eu possa mudar--- Podia passar menos tempo matando+ podia rir das piadas dele=
.uero dizer+ os #omens gostam disso+ .ue riam de suas piadasRJY- A ansiedade de Buffy / o contrapeso do enredo principal+ em .ue o social mente inapto
6arren Mears cria um robT XJAprilJY programado sG para amF-lo- 0nfelizmente+ April .uase mata vFrias pessoas ao tentar alcanar esse ob8etivo- Uuando
6arren re8eita o robT XJ4#e got boringJY+ ela pergunta2 J4G sei amF-lo- 4e eu n(o puder fazer isso+ para .ue sirvoR Para .ue eSistoRJ A li(o n(o se perde
em Buffy+ .ue diz2 J!l#e sG para mim+ obcecada por estar com uma pessoa- I como--- ,u n(o preciso de algu/m agora- Preciso de mim- Preciso estar W
vontade+ sozin#a com BuffyJ-
'en#o mais a dizer acerca do tema da autonomia= por ora basta observar .ue as feministas /ticas enfatizam a importVncia da dependncia m=tua, n(o-
unilateral- Oma pessoa deve cuidar de si prDpria tanto .uanto dos outros- Para as mul#eres+ isso eSige a re8ei(o do estereGtipo feminino da doadora
altrusta-
&B
&B
!s f(s de BaC# podem perguntar-se como eu concilio essa afirma(o com o sacrifcio supremo de Buffy sua morte no final da .uinta temporada+
J'#e LiftJ- A #istGria da morte e revivifica(o de Buffy merece uma anFlise minuciosa+ mas posso observar a.ui .ue seu salto #erGico de uma torre de &%
metros de altura diretamente para uma bola giratGria de energia+ com o intuito de salvar o mundo+ / bem diferente da feminilidade dom/stica-
J!nce more+ >it# FeelingJ2 a importVncia moral dos relacionamentos pessoais
Por causa de seu sentido do eu, Buffy tende a ver os problemas morais pelo prisma da #istGria de sua vida+ ligada Ws dos outros- Buffy fre.]entemente
vive as .uest1es morais dentro de um conteSto+ em vez de tentar abstrair-se dos detal#es- , se esse conteSto incluir pessoas .ue ela con#ece bem+ ent(o os
atributos especficos dessas pessoas+ bem como suas situa1es e caractersticas+ s(o levados em conta- "arol Lilligan e outros argumentam .ue essa
abordagem pode levar a solu1es muito imaginativas de dilemas morais+ promovendo uma inova(o moral-
Podemos ver como isso funciona+ se eSaminarmos novamente o caso de !z+ o lobisomem- "omo lobisomem+ ele / irracional+ violento e muito
perigoso- Pela perspectiva de fazer 8ustia+ !z / uma ameaa muito grande W vida e W segurana de outros seres #umanos e n(o poderia permanecer vivo+
ou pelo menos ter uma vida normal- ,m contraste+ embora Buffy n(o subestime a ameaa de !z+ sua compreens(o da condi(o singular de !z e de suas
muitas .ualidades positivas+ e o amor de sua mel#or amiga+ 6illo>+ por ele+ a levam a bolar uma solu(o .ue satisfaa as necessidades de todo mundo+
deiSando intactos todos os relacionamentos2 !z aceita ficar preso numa gaiola todos os meses+ durante a lua c#eia-
,ssa caracterstica da orienta(o moral de Buffy+ assim como seu sentido de identidade+ tamb/m combina com a /tica feminista- A filosofia moral n(o
coloca W frente de tudo os relacionamentos pessoais afetuosos+ tendendo+ isso sim+ a enfatizar as regras morais para intera1es entre relativos estran#os de
igual status. Mas tanto no lar .uanto em empregos remunerados+ os cuidados diFrios de dependentes como crianas+ idosos+ doentes e deficientes s(o
.uase sG por conta das mul#eres+ e a empatia emocional / identificada com a feminilidade- Por isso+ as feministas tentam colocar os relacionamentos
afetuosos+ principalmente entre pessoas desiguais+ no palco central da teoria moral- 0sso incluiria+ claro+ uma eSplora(o filosGfica das emo1es e
capacidades Xcomo afei(o+ empatia e confianaY eSigidas para algu/m estar num relacionamento assim-
9esse sentido+ um diFlogo entre Buffy e sua colega caadora+ Mendra+ / revelador2
M,9D7A2 4ua vida / muito diferente da min#a-
BOFFQ2 ;oc .uer dizer a parte .uando ocasionalmente
eu ten#o uma vidaR I+ ac#o .ue sim- M,9D7A2 A4 coisas .ue voc faz e tem+ ensinaram-me+
desviam de min#a voca(o- Amigos+ escola---
at/ famlia- BOFFQ2 At/ famliaR M,9D7A2 Meus pais me mandaram para o meu
!bservador .uando eu era muito nova-
, mais adiante+ na mesma conversa2
M,9D7A2 A4 emo1es s(o fra.uezas+ Buffy- ;oc n(o
deve encora8F-las- BOFFQ2 Mendra+ min#as emo1es me d(o fora- ,las s(o um patrimTnioK XJ6#afs My LineR+ Part '>oJY
Mendra estF assumindo a posi(o da perspectiva de 8ustia+ em .ue / necessFria uma estrita imparcialidade o tempo todo+ para 8ustia e acuidade- A
resposta de Buffy reflete a afirma(o das feministas /ticas2 .ue as emo1es da empatia W raiva podem a8udar uma pessoa a ser mais sensvel Ws
necessidades dos outros+ W presena do erro moral e ao tipo de solu(o moral criativa .ue impede+ ou pelo menos minimiza+ a mFgoa e os danos-
Mas isso tudo n(o significa+ claro+ .ue o universo moral de Buffy eSclua estran#os- Pelo contrFrio a maior parte de sua atividade #erGica / dedicada
a salvar estran#os de #orrores .ue eles mal podem imaginar- 9a verdade+ as feministas /ticas podem dizer .ue o repertGrio emocional e a aten(o a
detal#es+ .ue s(o marcas registradas da orienta(o moral de Buffy+ de fato resultam pelo menos Ws vezes num tratamento melhor de estran#os do
.ue a perspectiva de 8ustia-
Por eSemplo+ na discuss(o seguinte+ Buffy re8eita eSplicitamente uma forma de racionaliza(o de 8ustia c#amada utilitarismo- De acordo com o
utilitarismo+ uma pessoa deve fazer a a(o .ue gere as mel#ores conse.]ncias para todos os envolvidos- JMel#ores conse.]nciasJ geralmente s(o
consideradas em termos de felicidade geral+ ou satisfa(o e dese8os gerais- Om militarista deve lidar com os outros Xe consigo prGprioY de maneira
totalmente imparcial-
,m JBad LirlsJ+ a caa-vampiros colega de Buffy+ Fait# Xc#amada .uando Mendra / mortaY+ acidentalmente mata um ser #umano- ,m vez de enfrentar
a trag/dia+ ela se livra do cadFver e esconde o .ue aconteceu-
9uma inflamada discuss(o com Buffy+ .ue estF c#ocada+ Fait# usa a filosofia utilitarista para defender suas a1es2
BOFFQ2 ,nt(o / assimR ;oc simplesmente vive com issoR ; o cara morto em sua cabea todo dia+ pelo resto da vidaR
FA0'N2 Buffy+ eu n(o vou JverJ nada- ,rrei a mira ontem W noite+ e sinto muito pelo cara- 4into mesmoK Mas aconteceK De .ual.uer forma+ .uantas
pessoas voc ac#a .ue nGs salvamos at/ agora+ mil#aresR , voc n(o impediu o fim do mundoR Pois no meu livro+ isso coloca a gente na coluna positiva-
BOFFQ2 9c4 a8udamos as pessoasK 0sso n(o significa .ue podemos fazer o .ue .uisermos-
FA0'N2 --- A4 pessoas precisam de nGs para sobreviver- 9o fim das contas+ ningu/m vai c#orar por algum passante ocasional .ue morreu no fogo
cruzado-
BOFFQ2 ,O ;!O-
&$
&$
De J"onse.uencesJ+ &
V
temporada-
9esse diFlogo+ Buffy re8eita o tipo de lGgica .ue 8ustificaria esconder uma morte+ calculando-se os custos por revelF-la- Ao contrFrio de Fait# .ue
provavelmente tem raz(o ao imaginar .ue escondendo os corpos elas ter(o as mel#ores conse.]ncias+ de um modo geral + Buffy nunca deiSa de ver a
trag/dia #umana+ a perda de um Znico indivduo+ ainda .ue imperfeito- 4ua principal preocupa(o n(o / maSimizar a felicidade geral ou seguir regras
universais+ mas como respeitar cada indivduo+ agindo de maneira .ue se encaiSe com o conceito .ue ela tem de si prGpria-
'ool for LoveJ2 crticas W Itica do cuidado
9esta se(o+ .uero apontar dois tipos de crtica .ue os filGsofos Ws vezes aplicam W /tica do cuidado- A primeira crtica / .ue a /tica do cuidado leva a
um favoritismo in8usto- ! relacionamento de Buffy com seu namorado+ Angel+ / um bom eSemplo disso- Uuando descobre .ue Angel / um vampiro+
Mendra acusa Buffy de ser tola e deiSar .ue o namoro entorpea o seu bom senso+ dizendo2 J,le / um vampiro- Precisa morrerKJ XJ6#afs My LineR+ Part
'>oJY-
Mas a lGgica Jvampiros mausJ de Mendra+ como a da 0niciativa+ discutida anteriormente+ / simplista demais para ser Ztil nessa situa(o compleSa-
Angel+ como sabem os telespectadores+ / um vampiro com JalmaJ+ cGdigo usado na s/rie para conscincia moral- ,le tem um profundo remorso por seu
passado maligno e agora luta+ ao lado de Buffy+ pelo bem-
Mais tarde+ por/m+ Angel perde a alma novamente- Durante meses+ ele atormenta Buffy e seus amigos+ e sente prazer em matar pessoas inocentes+
incluindo a amante de Liles- Buffy demonstra uma fora notFvel tanto fsica .uanto emocional .uando se empen#a em matF-lo com uma estaca-
Mas .uando Angel reaparece+ ela ainda apaiSonada continua com ele+ em segredo-
,m J7evelationsJ+ da ?G temporada+ a Langue do 4cooby descobre a duplicidade de Buffy+ e todos ficam indignados- Buffy n(o sG mentiu para eles+
mas tamb/m os colocou em perigo- Liles+ comedido+ comunica a seriedade do comportamento egosta de Buffy2
9(o vou lembrar a voc .ue o destino do mundo fre.]entemente estF nas m(os do caa-vampiros- De .ue adiantariaR 'ampouco vou dizer .ue voc
pTs em risco as vidas de todos os .ue l#e s(o .ueridos+ protegendo um assassino descon#ecido- Mas+ infelizmente+ vou lembrar voc de .ue Angel me
torturou--- durante #oras--- por prazer- ;oc deveria ter-me dito .ue ele estava vivo- 9(o disse- ;oc n(o tem o menor respeito por mim+ ou pelo meu
trabal#o-
! amor de Buffy por Angel a fez agir de forma egosta e imoral- ,mo1es poderosas como o amor .ue <oss 6#edon c#ama de Jatrapal#ada+
deliciosa e perigosaJ Ws vezes fazem esse tipo de coisa-
&&
, / eSatamente por isso .ue a tradi(o de 8ustia eSige .ue o ator moral use a raz(o+ n(o os
sentimentos+ e .ue trate a todos de forma igual- 4e Buffy tivesse perguntado a si mesma+ de maneira imparcial+ .ual a(o traria as mel#ores conse.]ncias
para todos+ ou se estava tratando as pessoas como gostaria de ser tratada+ sua atitude poderia ter sido diferente-
&&
<oss 6#edon+ numa mensagem para o painel do Bronze ;0P X* de maio de $%%%+ ar.uivado em >>>-cise-ufl-edu3cgi-bin3cgi>rap3#siao3buffy3get-
arc#iveRdated$%%%%@%*Y-
,sse / um interesse significativo+ e posso iniciar a.ui o debate entre sistemas /ticos parciais ou imparciais- Mas / importante salientar .ue+ mesmo
dentro da /tica do cuidado+ Buffy tin#a recursos para saber .ue sua a(o estava errada- A perspectiva do cuidar implica manter relacionamentos e+ embora
Buffy estivesse tentando fazer isso+ cuidando de Angel+ suas a1es causaram uma ruptura de confiana num grupo muito maior de pessoas .ueridas- ,m
determinado momento+ Buffy deiSa .ue !z se torne o principal suspeito de uma matana brutal+ e n(o revela .ue Angel pelo menos como provFvel
suspeito retornou- , por fim+ 8F .ue foi a felicidade com
Buffy .ue comprometeu a alma de Angel+ o prGprio amor dela por ele deveria ter gerado maior introspec(o .uanto a se aproSimar dele novamente-
Oma segunda crtica da /tica do cuidar / colocada pelas prGprias feministas- ,n.uanto poucas Xse / .ue uma ou outraY feministas .uestionam o
conceito da visibilidade e valor do trabal#o emocional desempen#ado pelas mul#eres+ ou deiSam de eSaltar as virtudes negligenciadas .ue s(o associadas
W feminilidade+ algumas duvidam .ue essa perspectiva leve suficientemente a s/rio o conteSto poltico em .ue tudo isso ocorre- ,las se perguntam .ue
tipo de dano moral as mul#eres sofreram dentro do conteSto do mac#ismo e da opress(o seSual- 'alvez as assim c#amadas Jvirtudes da mul#erJ se8am
apenas os traos .ue as mul#eres desenvolveram para sobreviver no patriarcado-
&*
&*
"omo diz "laudia "ard+ J,staria Lilligan se referindo a algo .ue 9ietzsc#e identificou como _moralidade escrava_ RJ ;er "laudia "ard+ J;irtues and
Moral Luc5J+ WorHing Series 0+ n
$
* Xnovembro de BE?@Y+ 0nstitute for Legal 4tudies+ Oniversity of 6isconsin+ Madison+ Faculdade de Direito+
parafraseado por Barbara Nouston+ J7escuing 6omanly ;irtues2 4ome Dangers of Moral 7eclamationJ+ em S*ien*e, <oralit" and %eminist Theor",
editado por Mars#a Nanen e Mai 9ielsen X"algary2 Oniversity of "algary Press+ BE?AY+ p- $*?- Para uma discuss(o relacionada+ ver 4andra Lee Bar5ly+
%emininit" and )omination Studies in the $henomenolog" o! Oppression X9ova Qor52 7outledge+ BEE%Y+ principalmente p- B%E-
! grande erro moral / a discrimina(o seSual= por isso+ o .ue as mul#eres realmente precisam para ser morais+ dizem algumas feministas+ s(o as
.ualidades+ #abilidades e estrat/gias .ue l#es permitam resistir ao mac#ismo e W domina(o seSual- ,m outras palavras+ onde fica a Jfeminis taJ na /tica
feministaR "omo as mul#eres cu8a orienta(o moral reflete padr1es atuais de feminilidade podem ser inovadoras morais+ principalmen te na Frea de
relacionamento entre os dois seSosR ,ssas perguntas nos remontam W .uest(o da autonomia+ e disso vou falar agora-
J'#e LraduationJ2 autonomia e o eu relacionai
'radicionalmente+ os filGsofos morais definem o indivduo autTnomo como a.uele .ue vive de acordo com seus prGprios valores morais- At/
recentemente+ a filosofia bFsica tendia a interpretar isso como desapego social e aderncia a regras morais descobertas e verificadas pelo prGprio
indivduo- A pessoa verdadeiramente autTnoma seria+ no sentido literal+ Jauto-suficienteJ algu/m .ue+ dentro do possvel+ n(o depende dos outros-
,fetivamente+ a autonomia moral tem sido definida de maneira .ue sG determinados tipos de #omens poderiam alcanF-la- , isso se encaiSa+ / claro+
numa realidade social em .ue+ at/ o s/culo ^^+ sG alguns tipos de #omens tin#am a liberdade e o poder em vFrias esferas pZblicas Xreligi(o+ educa(o+
emprego+ governo+ etc-Y para eSercer plenamente suas capacidades morais e viver seus ideais morais-
No8e em dia+ filGsofos feministas e n(o-feministas concordam .ue a autonomia moral / uma con.uista social+ pelo menos no sentido de .ue a
socializa(o / necessFria para .ue um indivduo aprenda uma linguagem moral+ desenvolva virtudes+ capacidades e #abilidades morais+ e recon#ea .ue
situa1es s(o moralmente problemFticas- Alguns se preocupam+ por/m+ .ue+ .uando as feministas combinam essa nfase em socializa(o e
relacionamentos com as Jvirtudes femininasJ+ acabam com uma receita para subservincia- A preocupa(o deles / .ue as mul#e res #eterosseSuais passem
a se identificar eSageradamente com a perspectiva moral e a vis(o de mundo de seus colegas #omens+ impedindo ao mesmo tempo a autonomia moral e
.ual.uer c#ance de crtica ao status 3uo mac#ista-
A mel#or maneira de lidar com essa crtica / comparando a autonomia moral em trs caa-vampiros+ Buffy+ Mendra e Fait#- 'odas as caa-vampiros
s(o mul#eres+ mas os observadores+ pelo .ue vemos na televis(o+ s(o #omens+ na maioria- As caadoras devem seguir o manual do matador e receber
ordens de seus !bservadores- Om !bservador condescendente informa a Buffy .ue J! "onsel#o luta contra o mal- A caa-vampiros / o instrumento com
o .ual lutamos- ! "onsel#o permanece+ as caa-vampiros mudamJ XJ"#ec5pointJY-
Mendra / o eSemplo perfeito de uma caa-vampiros obediente- "omo vimos antes+ ela n(o tem amigos+ amantes ou distra1es de esp/cie alguma
matar vampiros / uma atividade .ue consome sua vida- Mendra / desprovida de autonomia moral+ n(o por.ue memorizou o manual e segue todas as
regras+ mas por.ue faz isso sem .uestionar- ,la defende todas as estrat/gias e a1es+ referindo-se a procedimentos e ordens+ nunca pergun tando+ como
Buffy costuma fazer+ se fazem sentido- Para Mendra+ a moralidade / imposta inteiramente de fora+ pelo "onsel#o dos !bservadores- 'alvez #a8a um
significado simbGlico no fato de Mendra+ sempre uma discpula+ n(o ter a fora de vontade para resistir ao ol#ar #ipnGtico de um vampiro .ue sussurra2
J,ste8a em meus ol#os- ,ste8a em mimJ+ antes de brutalmente cortar-l#e a garganta XJBecoming+ Part '>oJY-
&@
&@
Mendra tamb/m se curva+ literalmente+ perante os #omens- Uuando ela con#ece o amigo de Buffy+ ^ander+ o s*ript diz .ue ela deve parecer Juma
gazela iluminada pelos farGis de um carro+ totalmente embaraada+ mortificada pela aten(o deleJ- 9ormalmente+ Mendra / uma mul#er superpoderosa+
mas diante de um garoto bonito+ ela sG consegue gague8ar2 J,starei W sua disposi(oJ XJ6#at_s My LineR+ Part '>oJY-
A terceira caa-vampiros+ Fait#+ / em muitos sentidos eSatamente o oposto de Buffy- Uuando a con#ecemos+ ela n(o tin#a um !bservador+ e permanece
assim+ apesar dos esforos do "onsel#o para nomear-l#e algu/m- Fait# / uma solitFria e acredita .ue ningu/m merece confiana- ,la re8eita
eSplicitamente o modo relacionai de matar de Buffy+ dizendo2 J,u estou do meu lado+ e isso bastaJ XJ7evelationsJY- As aparentes semel#an as entre Buffy
e Fait# logo se mostram superficiais2 Buffy .uebra as regras .uando necessFrio+ mas Fait# .uebra as regras sG por.ue gosta= Buffy conta com as emo1es
para a8udF-la a negociar .uest1es morais pessoais e combater o mal+ mas Fait# se eScita com a raiva e a vingana-
,mbora se8a mul#er+ Fait# personifica um ideal de autonomia mas*ulina .ue ainda tem forte apelo social- ;e8a+ por eSemplo+ os #erGis interpretados
por 4ylvester 4tallone+ Arnold 4c#>arzenegger ou+ mais recentemente+ J'#e 7oc5J+ nome aliFs muito apropriado- A tirada de Fait#+ J4G ten#o esse
problema com figuras de autoridadeJ+ poderia facilmente ser a marca de um filme de a(o- Mas+ paradoSalmente+ esse modelo #iper-individualista+
superautoconfiante de autonomia+ torna Fait# vulnerFvel a emo1es destrutivas como o ciZme+ com vemos .uando ela diz a Buffy+ por eSemplo2 J4ou
mel#or no meu trabal#o de dar porrada do .ue .ual.uer um- ! .ue eu ouo em todo lugar aonde vouR Buffy- ,u mato+ eu me comporto+ fao toda a rotina
da garotin#a- , a .uem todos agradecemR BuffyJ XJ,nemiesJY- ! prGprio isolamento de Fait# e sua incapacidade de lidar com suas inseguranas com os
outros a tornam suscetvel ao c#amado do mal+ e ela escorrega ineSoravelmente na dire(o da trag/dia e da autodestrui(o-
! "onsel#o dos !bservadores / uma organiza(o impessoal+ autoritFria+ cegamente dedicada a manter suas antigas regras e tradi1es da seu poder+
como Buffy acaba concluindo intactas- Assim como Fait#+ Buffy passa a re8eitar o "onsel#o dos !bservadores+ mas sG depois de uma s/rie de
8ulgamentos moralmente inaptos e perigosos por parte deles2 deiSando Buffy indefesa como parte de um JtesteJ= .uase enlou.uecendo a instFvel Fait#+
se.]estrando-a para mandF-la W 0nglaterra e escutar o J8ulgamento do comit disciplinarJ= e recusando-se a a8udar Angel+ .ue foi envenenado+ por.ue
Jn(o / poltica do "onsel#o curar vampirosJ XJLraduation Day+ Part !neJY-
Uuando finalmente re8eita a autoridade moral do "onsel#o de !bservadores+ Buffy / acusada de motim+ mas replica2 JPrefiro pensar nisso como uma
gradua(oJ XJLraduation Day+ Part !neJY- ,n.uanto o "onsel#o v apenas uma troca de poder+ Buffy enSerga a situa(o em termos de cres cimento
pessoal como caa-vampiros+ e tamb/m como 8ovem mul#er- 7e8eitar o "onsel#o faz parte de um longo processo de desenvolvimento da maturidade
moral- Buffy agora compreende como e.uilibrar as eSigncias do eu e dos outros+ como cuidar das pessoas e evitar danos pessoais e eSplora(o+ sem
abrir m(o de seus relacionamentos pessoais ou de sua integridade- "laramente+ Buffy alcanou sua autonomia mais notadamente a moral sem
sacrificar a rela(o com sua prGpria identidade-
'entei mostrar .ue a autonomia / possvel numa /tica do cuidado+ mas n(o abordei a liga(o entre autonomia moral e feminismo per se. I verdade .ue
Buffy+ em tempo+ compreende sua independncia do "onsel#o num sentido poltico XJ;ocs s(o !bservadores- 4em caa-vampiros+ / como se vocs
estivessem assistindo a <asterpie*e TheatreA [J"#ec5pointJ\Y- Uuanto a Buffy ser ou n(o um modelo de feminismo+ 8F / .uest(o mais ampla-
&C
,ntretanto+ abordo a pergunta mais restrita2 #F algo unicamente feminino na maneira como a fora e a bondade de Buffy s(o descritasR Uuando refletimos
acerca de sua autocompreens(o+ seu e.uilbrio emocional+ sua capacidade de empatia e sua marca relacionai de autonomia moral+ a resposta / um
redundante sim-
&C
9a verdade+ serF .ue Buffy / modelo de alguma coisaR ;er "aptulo BB neste volume-
#
B655@, & C&;&<2&47i8+3 c+4+ /+i8 5e4i/i3'&=
'#omas Nibbs
9os primeiros episGdios da seSta temporada de BaC#, a cidade de Buffy+ 4unnydale+ o centro cGsmico para a batal#a entre o bem e o mal+ / roubada de
sua matadora+ .ue morreu no final da temporada anterior+ J'#e LiftJ+ sacrificando a prGpria vida para evitar outro apocalipse iminente- !s amigos de
Buffy+ carin#osamente con#ecidos como Langue do 4cooby+ est(o desolados+ e tm como Znica esperana um encantamento .ue poderia ressuscitar a
amiga falecida- Uuando este funciona+ a falta de gratid(o de Buffy incomoda o grupo- 0mpossibilitada de dizer-l#es a verdade+ Buffy eSpressa um
agradecimento n(o convincente por ser resgatada de sua #orrvel eSistncia no al/m- Ao deiSF-los+ ela se encontra com 4pi5e+ um vampiro e sua nmesis
#F muito tempo+ agora desprovido de suas #abilidades vampirescas graas a um eSperimento tecnolGgico- Buffy confessa a 4pi5e .ue sua eSperincia de
morte parecera um paraso= sendo Jarrancada de lF por seus amigosJ+ ela agora ac#a .ue a vida na terra / um verdadeiro inferno XJAfter LifeJY- ,ntre os
momentos mais negros 8F vistos em BaC#, a cena retrata a sensa(o .ue Buffy tem de estar presa num mundo aliengena e #ostil+ de ver-se isolada
da.ueles .ue mais se importam com ela e a con#ecem bem+ e de se enga8ar numa busca incerta para descobrir seu lugar e propGsito- A cena tamb/m prev
seu declnio em uma aliana seSual autodestrutiva com 4pi5e-
!s temas pesados de BaC# nos fazem lembrar do cinema noir, com filmes produzidos por Nolly>ood em meados do s/culo ^^+ e cu8o gnero tem
sido recentemente readotado-
&A
Desempen#ando um papel contrFrio Ws vis1es superficiais e otimistas do son#o americano+ os estilos e temas carac -
tersticos do noir constituem um Jcon8unto de condi1es .ue produzem assombroJ+ sintomFticas da Jmultiplicidade e ilus(o do significadoJ- As produ1es
noir apresentam seus personagens enclausurados numa esp/cie de labirinto no .ual tentam decifrar pistas para a resolu(o de sua busca e sinais de sada-
! noir oferece Juma vis(o perturbadora--- .ue .ualifica toda esperana e sugere uma vulnerabilidade potencialmente fatal-J
&?
&A
,mbora eSista certa discordVncia entre os crticos de cinema+ os filmes originalmente c#amados de noir s(o2 The <altese %al*on XBE*BY+ )ou&le
Indemnit" XBE**Y+ <urder, <" Sweet XBE**Y e The Iost WeeHend XBE*@Y- A era do noir clFssico vai desses filmes at/ mais ou menos o fim da d/cada de
BE@%+ sendo 4 Tou*h o!0(il XBE@?Y geralmente identificado como o Zltimo- A respeito do perodo inicial+ o mel#or livro disponvel / o de Foster Nirsc#+
The )arH Side o! the S*reen %ilm Joir X4an Diego2 Barnes+ BE?BY- ! segundo livro de Nirsc#+ )etours and Iost Kighwa"s 4 <ap o! Jeo-Joir X9ova
Qor52 Limelig#t+ BEEEY+ tamb/m / indispensFvel-
&?
<- P- 'elotte+ #oi*es in the )arH The Jarrati(e $atterns o! %ilm Joir XOrbana2 Oniversity of 0llinois Press+ BE?EY+ p- BA+ ?C-
,ntretanto+ o noir nunca / simplesmente repZdio ou nega(o do prGprio anseio #umano- ,m sua nfase no sombrio e misterioso+ e em sua re8ei(o a
personagens-padr(o e finais felizes+ o noir contradiz a ingnua f/ americana no 0luminismo e no inevitFvel progresso e transparente ob8etividade- !s mais
ambiciosos conceitos modernos de progresso pressup1em .ue todos nGs temos uma id/ia clara de .uem somos+ para onde vamos e como pretendemos
alcanar nossas metas- Om tema do 0luminismo relacionado / o da liberdade das amarras e supersti1es do passado+ um desapego da tradi(o+ da #istGria
e da religi(o- As produ1es noir n(o s(o tipicamente religiosas nem particularmente nostFlgicas+ mas narram o passado caindo de maneira ineSorFvel
sobre o presente- Lembranas e eventos es.uecidos do passado assombram e afligem os seres #umanos+ circunscrevendo ou at/ totalmente destruindo
suas possibilidades no presente e sua esperana para o futuro-
&E
,mbora o noir raramente mostre a realiza(o dos dese8os #umanos por verdade e amor+ o gnero n(o zomba do anseio em si- Pelo contrFrio+ o noir
eSibe esses dese8os como algo nobre e admirFvel- ! tema da busca / proeminente- 4empre tnue e geralmente mortal+ a busca do noir clFssico tem dois
lados2 Jresolver o mist/rio do vil(o e da mul#erJ-
*%
Assim+ a busca / sempre acerca de algo mais .ue a mera descoberta de .uem fez o .ue com .uem- I
tamb/m uma procura por amor+ comunica(o+ inteligibilidade e verdade- Por mais .ue levante .uest1es a respeito do propGsito da vida #umana+ da ilus(o
do amor e da 8ustia+ o noir clFssico n(o aborda tipicamente o niilismo- 9(o eSistem anti-#erGis super-#umanos no mundo do noir, ningu/m escapa dos
limites infleSveis da condi(o #umana- A vis(o de 9ietzsc#e de um super-#omem al/m do bem e do mal e transcendendo as conven1es medocres da
moralidade por meio da autocria(o est/tica n(o tem lugar no noir clFssico+ um mundo no .ual toda aspira(o / .ualificada+ constrita e limitada pelas
circunstVncias e pelas outras pessoas+ al/m do controle de .ual.uer indivduo em particular- "omo eSplica um crtico+ de maneira muito clara+ em sua
tentativa de alcanar uma Jcura falanteJ+ o noir tenta Jformular nosso lugar na paisagem culturalJ+ sendo assim um Jgnero de vidaJ-
*B
&E
Para uma discuss(o acerca da abordagem noir desses temas+ ver meu livro Shows 4&out Jothing Jihilism in $opular Culture !rom The 0Lor*ist to
Sein!eld XDallas2 4pence Publis#ing+ BEEEY+ p- B%-@&-
*%
9ic#olas "#ristop#er+ Somewhere in the Jight %ilm Joir and the 4meri*an Cit" X9ova Qor52 '#e Free Press+ BEEAY+ p- $%-
*B
#oi*es in the )arH, p- $$%+ $$$-
"omo veremos em breve+ a estrutura mtica e o leitmoti( de BaC# refletem temas noir o papel central do labirinto e da busca+ a influncia da #istGria e
da memGria no presente+ e o repZdio da autonomia e do progresso do 0luminismo-
BaC# como noir feminista2 uma #ipGtese
Apesar dessas semel#anas+ n(o #F uma intera(o clara entre BaC# e o noir clFssico- Oma das diferenas / o cenFrio das produ1es- !s fil mes
definitivos da era noir clFssica se passam em cidades- 'anto em sua representa(o visual da cidade .uanto em suas narrativas da vida urbana+ eles
.uestionam a vis(o da cidade como utopia moderna- De acordo com os preceitos do racionalismo cientfico+ a cidade seria o lugar onde os dese8os podem
ser entabulados e satisfeitos+ e a vida #umana se torna transparente W inspe(o e su8eita ao controle racional- Al/m disso+ o noir costuma mostrar os
indivduos com fun1es-c#ave na cidade como moralmente comprometidos ou pelo menos seriamente tentados por alguma esp/cie de vcio+ geralmente
luSZria ou ganVncia- 9esse sentido+ a s/rie derivada de BaC#, 4ngel, 5 um noir mais tpico- ,ncenado em Los Angeles+ com a maior parte da a(o W noite+
numa cidade administrada por uma corpora(o de advogados corruptos e gananciosos+ 4ngel tamb/m reflete a marca das #istGrias de detetive
proeminente no noir. Mas o padr(o noir de transformar o son#o americano num pesadelo peculiarmente americano estF presente tamb/m em BaC#. A
cidade natal de Buffy+ 4unnydale+ fica em cima da Boca do 0nferno+ e funcionFrios+ como o diretor da escola e o prefeito+ s(o dominados pela sede de
poder e aliados a foras malignas- ,m BaC#, o paraso suburbano / sG uma cal#a de c#uva .ue desemboca no caldeir(o do inferno-
!utra diferena entre o noir clFssico e BaC# tem a ver com o claro feminismo da Zltima- ,mbora o noir clFssico ten#a sido uma das maiores fontes de
pap/is femininos na #istGria de Nolly>ood+ a maioria das personagens femininas principais ficava subordinada aos personagens masculinos+ no enredo-
Alguns filmes neo-noir+ como Corpos 4rdentes XBE?BY+ identificado como o iniciador do perodo neo-noir, e Thelma e Iouise XBEEBY+ .uebram essas
conven1es e invertem o relacionamento noir padr(o entre #omens e mul#eres- Mas esses filmes violam as pressuposi1es fundamentais do noir clFssico+
seus eScessos contrariando a restri(o dramFtica da.uela era- 9um dos casos 7Thelma e Iouise8, a #istGria / francamente moralista e no outro 7Corpos
4rdentes8, abertamente amoral- ,m Corpos 4rdentes, Matty XMat#leen 'urnerY / uma esp/cie de supermul#er nietzsc#iana .ue transcende o bem e o mal+
semel#ante aos personagens masculinos no gnero noir, como Meyser 4oze XMevin 4paceyY em The Msual Suspe*ts. Luiada por um mantra feminista
acerca do mal .ue os #omens fazem+ Thelma e Iouise apresenta uma Jvers(o de desen#o animado dos sofrimentos do mundo realJ- ! filme acaba
encurralando-se numa Jes.uina de onde a Znica solu(o parece ser matar os personagens .ue se tornaram irreversivelmente mergul#ados no noirA.
NC
Mais
eSplcito .ue o noir clFssico acerca dos dese8os e atividades seSuais de seus protagonistas+ os filmes+ no entanto+ oferecem vis1es superficiais+
reducionistas do ato seSual- ,m Corpos 4rdentes, a atra(o seSual de Matty e sua eSacerbada sensualidade s(o Jfatais para sua vtima masculina mas n(o
para ela prGpriaJ-
*&
0nversamente+ Thelma e Iouise reduz o seSo a uma forma de sadismo masculino+ contra o .ual a Znica resposta racional da mul#er /
lutar fisicamente por seus direitos de n(o ser estuprada pelo mac#o predador-
BaC# certamente merece o rGtulo de noir feminista- A id/ia original de <oss 6#edon para a s/rie encerra temas centrais do feminismo popular
contemporVneo- 7efletindo a respeito da obrigatGria cena dos filmes de terror em .ue um monstro persegue uma linda 8ovem adolescente .ue n(o pFra de
berrar+ 6#edon pensou2 J,u adoraria ver um filme em .ue XelaY mata o monstroJ-
**
Buffy substitui o tradicional protagonista masculino padr(o do noir
clFssico- A.ui+ a combatente do crime parte em busca da resolu(o de mist/rios relacionados ao crime+ W fidelidade de seus assistentes #omens e de sua
prGpria identidade- 0nevitavelmente+ Buffy se liga a figuras masculinas XLiles+ seu !bservador= ^ander+ seu amigo= Angel e 7iley+ seus amantes= e 4pi5e+
sua nmesis e ferramenta seSual s3mY+ .ue fre.]entemente a auSiliam e Ws vezes frustram suas buscas-
*$
)etours and Iost Kighwa"s, p- $**-
*&
)etours and Iost Kighwa"s, p- B?&-
**
,ntrevista com 6#edon em 0ntertainment WeeHl" X$@ de abril de BEEAY-
Mas BaC# / uma forma de feminismo num tom diferente- I um drama feminista contemporVneo 8ogado num molde de noir clFssico- BaC# evita tanto
o moralismo de prega(o de Thelma e Iouise .uanto o amoralismo de Corpos 4rdentes. I uma s/rie sempre impregnada de um senso trFgico+
fre.]entemente pesaroso de limita(o+ da vulnerabilidade de todo o anseio #umano+ particularmente o feminino- ,vita reduzir as mul#eres ao status de
meras vtimas+ rotulando os #omens de maus ou estZpidos+ ou concedendo ao princpio feminino se8a isso o .ue for o status de cone- BaC#
tamb/m lida com as conse.]ncias do vcio+ especialmente as viola1es da verdade+ da amizade e do amor+ lembrando de muitas maneiras o noir clFs-
sico- "omo insiste 6#edon+ a s/rie tem tudo a ver com o girl power, mas n(o pertence Ws teoristas feministas ilusGrias de uma liberdade autTnoma ou da
autocria(o desenfreada- De forma mais refletida e sGbria do .ue 4ll" <*Beal, Buffy / a contradi(o maior ao grande mantra americano+ feminista e
otimista2 J;oc pode ter tudoKJ XJQou can #ave it aliKJY
A busca noir aprisionamento e esperana no labirinto
"omo muitos filmes noir clFssicos+ BaC# retrata a vida #umana como uma busca+ cu8o sucesso depende muito de nossa #abilidade para decifrar pistas
incertas e da a8uda geralmente duvidosa dos outros- Dessa forma+ a s/rie substitui os temas iluministas da certeza transparente pelo mist/rio
sombrio+ e da autonomia independente por uma dependncia inescapFvel- BaC# apresenta a prGpria vida #umana como parte de um labirinto cGsmico+
uma batal#a universal entre as foras do bem e do mal+ cu8o resultado final para as pessoas e para a #umanidade / perpetuamente duvidoso-
Apesar de toda a eSplora(o de temas eScludos de outros gneros de Nolly>ood+ o noir clFssico tem um trao profundamente conservador+ afirmando
limites bem definidos para a aspira(o #umana e dando um alerta para os perigos de ultrapassar fronteiras- BaC# enfatiza repetidamente uma estrutura
clara do "osmos+ um sentido de fronteira .ue n(o pode ser atravessada sem amargas conse.]ncias- 9o fim da seSta temporada+ a amante >icca de
6illo>+ 'ara+ / morta acidentalmente por uma bala perdida+ destinada W caa-vampiros- 6illo>+ cu8o uso de magia vem servindo cada vez mais ao seu
prGprio engrandecimento+ emprega todo o seu poder para vingar a morte de 'ara- Buffy comenta2 J9(o podemos mudar o Oniverso--- se pud/ssemos+ a
magia n(o estaria mudando 6illo> do 8eito .ue estF- NF limites para o .ue podemos fazer- 6illo> ignorou isso e agora os poderes .ue rem feri-la---
.uerem ferir a todos nGsJ XJ'>o 'o LoJY-
Afirmando implicitamente o ensinamento clFssico de .ue o vcio / o perpetrador corrupto do mal+ Buffy se preocupa com a possibilidade de 6illo>
Jatravessar uma lin#a demarcatGriaJ+ se continuar no camin#o da vingana- Apesar de toda a sua atratividade e aparncia de poder+ o mal em si /+ como
confessa Angel um dia+ JsimplesJ- !s demTnios n(o tm alma- Liles eSplica .ue Jum vampiro n(o / uma pessoa- Poder ter os movimen tos+ at/ a
personalidade da pessoa por ele dominada+ mas no Vmago ele / um demTnio- 9(o eSiste meio-termoJ XJAngelJY- "omo diz Angel+ o vampiro com alma2
J4em conscincia+ sem remorso--- / um 8eito fFcil de viverJ XJAngelJY-
Alguns vem a metFfora da alma+ particularmente do vampiro com alma+ como uma ilustra(o das ambig]idades acerca do bem e do mal+ talvez
ensinando .ue+ no fim das contas+ tudo / cinza- Mas isso confunde o ensinamento de BaC# a respeito do bem e do mal+ .ue vem sendo coerente e claro
at/ agora+ com a .uest(o de os personagens poderem ou n(o ser devidamente categorizados como bons ou maus de maneira peremptGria- BaC# retrata
uma escala ou um espectro de personagens bons e maus+ ao longo da .ual a posi(o dos personagens individuais nunca / permanentemente fiSa-
"omo ocorre com os compleSos personagens do noir clFssico+ tamb/m em BaC# a compleSidade da #umanidade / ao mesmo tempo uma maldi(o e
uma bn(o- 9a verdade+ a #istGria da recupera(o da alma de Angel ilustra eSatamente esse ponto= 8unto com a alma+ vem uma conscincia+ um senso de
remorso+ e um anseio insaciFvel de se redimir de seus pecados- , ele confessa2 J;oc n(o tem id/ia de como / algu/m ter feito as coisas .ue eu fiz e se
importar com issoJ XJAngelJY-
"om certa regularidade+ tanto BaC# .uanto 4ngel ultrapassam o motivo do aprisionamento e acenam para a possibilidade da reden(o- A .uinta e a
seSta temporadas terminaram eSatamente com esse aspecto2 primeiro+ com Buffy oferecendo sua vida no lugar da irm(+ Da>n+ e depois com ^ander se
submetendo W ira de 6illo> como um meio de impedi-la de destruir o mundo-
A verdadeira essncia da magia
! final da seSta temporada contin#a uma revers(o sistemFtica dos pap/is convencionais de ambos os seSos- As personagens principais femini nas
X6illo> e BuffyY s(o as protagonistas .ue aparecem como guerreiras+ procurando resolu(o por meio de um ata.ue violento contra seus adversF rios-
,n.uanto isso+ os personagens masculinos XLiles e ^anderY desempen#am fun1es marginais no drama+ at/ os momentos cruciais+ .uando confrontam
6illo>- Mas mesmo a+ eles vem .ue o uso da fora direta /
fZtil- Assim+ optam por outra resposta ao mal e se deiSam submeter a uma violncia in8usta+ apelando para a #umanidade residual latente na alma de
6illo>- ,mbora BaC# nunca evite+ e at/ apele para o uso da violncia com o intuito de aplacar as ameaas aos inocentes+ a s/rie mostra um modo supe-
rior+ mais ativo e nobre de combater o mal2 a oferta em sacrifcio de si prGprio- Liles c#ama isso de magia ou poder superior= n(o sG W magia das trevas+
mas tamb/m ao uso comum e virtuoso da violncia para combater o mal e proteger os inocentes- Por eSemplo+ os poderes de matar de Buffy n(o s(o
pFreo para os de 6illo>+ cu8o comentFrio Jningu/m tem o poder de me parar agoraJ coincide com o momento em .ue Liles volta da 0nglaterra- Liles
responde com sua reserva usual+ J,u gostaria de testar essa teoriaJ XJ'>o 'o LoJY- Liles n(o tem mais sucesso .ue Buffy+ ao tentar combater a ira sempre
crescente de 6illo> e sua #abilidade belicosa- Uuando 6illo> drena todo o poder de Liles e o deiSa como morto+ os combatentes mais #Fbeis 8F est(o
totalmente inZteis-
6illo>+ previne Liles+ vai Jacabar--- com o mundoJ- , 6illo> admite .ue essa / a Znica forma de Jparar a dorJ XJLraveJY- Uuando ela comea a pTr
esses planos em a(o+ ^ander+ seu vel#o amigo e um su8eito .ue n(o / famoso pela coragem+ c#ega- 6illo> zomba na sua presena da fra.ueza dele- Mas
^ander n(o veio para lutar com ela= ele sG .uer ficar ao lado da amiga en.uanto ela destrGi o mundo- ,le fala a respeito eventos relativos W amizade dos
dois+ remontando ao Jprimeiro dia do 8ardim da infVnciaJ- ,le lembra 6illo>2 J;oc c#orou por.ue tin#a .uebrado a.uele giz de cera amarelo--- e estava
com medo de contar--- "#egou longe--- a ponto de acabar com o mundo--- 9(o / uma no(o muito boa+ mas a verdade /--- sim+ eu amo voc- ,nt(o+ se vou
morrer+ estou a.ui- 4e voc .uer acabar com o mundo+ comece comigo- ,u mereo issoJ- ,n.uanto ela dilacera a carne de ^ander+ ele n(o se deiSa abalar-
A mistura de sua dolorosa disposi(o em suportar a ira dela e suas declara1es de amor fazem 6illo> ceder+ numa torrente de lFgrimas-
9esse meio tempo+ Liles se recupera e eSplica .ue ^ander gan#ou o dia- "omo Liles sabia .ue seria derrotado por 6illo> e .ue ela roubaria todo
poder .ue ele tivesse+ ele se infundiu de uma esp/cie diferente de magia+ a Jverdadeira essncia da magiaJ+ .ue fez reviver .ual.uer Jcente l#a de
#umanidade .ue ainda eSistia nelaJ XJLraveJY- ! resduo de #umanidade foi eSatamente o .ue permitiu .ue os apelos de ^ander fossem ouvidos- A
verdadeira essncia da magia tem a ver com o amor sacrificai+ com uma disposi(o de arriscar a prGpria vida+ n(o sG pelos inocentes mas tamb/m como
um meio de suportar os sofrimentos dos outros+ at/ de converter a.ueles .ue comearam a atravessar a lin#a divisGria-
! prGprio Angel+ claro+ / o grande eSemplo de um personagem buscando a reden(o- 9um dos primeiros episGdios de sua s/rie+ um inimigo aprisiona
Angel e o tortura+ eSaminando-l#e a alma- 7epetidamente+ ele pergunta a Angel o .ue mais .uer saber= insatisfeito com as respostas+ ele o previne .ue
deve dizer a verdade+ pois se mentir+ saberF- Angel responde2 J,u .uero perd(oJ-
Mas a reden(o+ assim como a 8ustia+ parece ser sempre postergada nos mundos noir de 4ngel e BaC#. Angel tem um longo e tortuoso camin#o a
percorrer antes de recuperar sua #umanidade+ en.uanto Buffy sG ficou ainda mais angustiada ao ressuscitar- Agora ela vive com a pesarosa lembrana do
paraso perdido- !utro episGdio da seSta temporada mostrava uma Buffy em agonia+ desesperadamente tentando fugir de uma vida .ue agora ela detesta
XJ9ormal AgainJY- ,la se refugia num mundo de fantasia+ no .ual seus pais e seu psi.uiatra tratam seu mundo de caa-vampiros como uma ilus(o de
grandeza+ de onde+ eles esperam+ ela logo retornarF para sua vida normal- Buffy se divide entre os dois mundos- ,la acaba optando pela vida de matadora+
mas uma tomada final de uma Buffy catatTnica numa ala de psi.uiatria nos faz perguntar se toda a s/rie BaC# n(o seria apenas nossa 8anela para o
"osmos imaginFrio de Buffy- Bem+ isso / noir.
A seSta temporada testemun#ou a .uase dissolu(o da identidade de Buffy- A s/rie sempre enfocou a .uest(o e o problema da identidade de Buffy- !s
primeiros episGdios tratam das Gbvias tens1es entre as demandas da voca(o de Buffy como caa-vampircs e seu dese8o de levar uma vida de adolescente
normal- Mesmo esses episGdios eSploravam .uest1es mais profundas a respeito da identidade e da miss(o da caa-vampiros- 9o final da seSta temporada+
a mais ferina r/plica de 6illo> a Buffy tem a ver com a perda de propGsito da Zltima2 J;oc detesta isto a.ui tanto .uanto eu--- 4abe .ue era mais feliz no
solo firmeJ- Aludindo Ws aventuras seSuais de Buffy com 4pi5e+ 6illo> brinca com a necessidade dela de Jtransar com um vampiro para sentirJ alguma
coisa XJ'>o 'o LoJY-
4er arrancada do paraso e trazida de volta W terra+ fracasso no amor e nos namoros+ a morte de sua m(e+ incerteza acerca de ser agora a m(e ou ainda a
irm( mais vel#a de Da>n e o retorno de Liles da 0nglaterra tudo isso pesa sobre ela+ criando dZvida e ressentimento- 4e no comeo da s/rie Buffy
parecia Ws vezes estar amaldioada pelo fardo incomum de seus deveres como a escol#ida+ ela parece agora cada vez mais amaldioada pela falta de um
sentido na.uilo para .ue foi escol#ida ou pode escol#er- ,la tamb/m / atormentada por lembranas do .ue 8F aconteceu ou poderia ter ocorrido- !
labirinto noir de Buffy / um labirinto interior cada vez maior de sua prGpria alma-
As conse.]ncias noir do seSo2 eros+ morte e a possibilidade do amor
A subtrama mais desmoralizante na seSta temporada foi a rela(o seSual sadomaso.uista com o vampiro 4pi5e+ antes uma cruel nmesis- 4er atrado
ineSoravelmente para o tipo de amor .ue sG pode trazer mFgoa e talvez at/ destrui(o / um motivo central do gnero noir. A liga(o seSual com 4pi5e
traz vergon#a e um dese8o de segredos- ,mbora 4pi5e mostre vislumbres de afei(o e se8a ocasionalmente Ztil para Buffy+ a .umica seSual entre os dois
/ caracterizada por estimula(o genital violenta- 9o fim da temporada+ .uando Buffy tenta compreender o .ue estF fazendo com 4pi5e+ ela admite .ue /
JapaiSonada pela dorJ e .ue sG esteve JusandoJ 4pi5e XJ6rec5edJY- es suas repetidas afirma1es de .ue JacabouJ+ 4pi5e responde com um sFbio
ceticismo e depois com uma violncia .ue culmina numa tentativa de estupro-
"laro .ue o amor de Buffy pelos #omens sempre foi marcado com elementos de sadomaso.uismo+ o resultado de sua coragem profundamen te
competitiva+ fsica+ e de sua atra(o pelos super-#erGis- Antes do relacionamento eminentemente s3m com 4pi5e+ os namorados de Buffy+ particularmente
seu primeiro e maior amor+ Angel+ tin#am sido do tipo nobre+ comprometidos com vis1es de 8ustia e sacrifcio- Mas o amor de Buffy por Angel assinala
a contingncia de amor e identidade #umana+ sua susceptibilidade W invers(o radical- Durante a segunda temporada+ Buffy e Angel s(o um casal
eSclusivo+ e no BA
a
aniversFrio de Buffy+ num episGdio intitulado J4urpriseJ+ eles consumam seu amor- 9o dia seguinte+ Angel estF tomado de uma ira
zombeteira- ,le ocupa o lugar do mac#o predador+ cu8a verdadeira e vil identidade sG / revelada depois de obter o .ue .uer-
Mas o verdadeiro eu de Angel / mais elusivo e compleSo do .ue isso- 4ua vida ilustra a importVncia da #istGria para BaC#, sua abordagem do tema
noir da ressonVncia contnua do passado no presente- A vida de Angel remonta a meados do s/culo ^;000+ em Lal>ay+ onde uma simples mordida de uma
vampira com o nome de Daria permitiu a entrada de Angel no mundo dos mortos-vivos- "on#ecido n(o tanto pelo nZmero de suas con.uistas .uanto pelo
modo peculiarmente cruel como ele inflige o mal+ Angel se torna um dos mais notGrios vampiros da #istGria- Depois .ue ele mata a fil#a de uma famlia
cigana+ os ciganos plane8am uma vingana- 9uma se.]ncia em !lash&a*H .ue remonta aos bos.ues romenos em B?E?+ testemun#amos os ciganos
amaldioando Angel com o retorno de sua alma+ cu8a presena trarF de volta a memGria e a conscincia- Por isso+ ele serF ator mentado pela lembrana do
terror de suas vidas inocentes e Jcon#ecerF o verdadeiro sofrimentoJ- Para impedir .ue Angel+ agora com alma+ sinta o prazer .ue os #umanos sentem+ a
maldi(o inclui um tru.ue- 4e Angel alguma vez tiver um momento de verdadeiro prazer ou felicidade+ imediata mente perderF a alma e reverterF para a
vida vamprica XJ0nnocenceJY-
Mas a maldi(o / tamb/m uma bn(o potencial- Uuando aparece em Man#attan em BEEC+ Angel con#ece um demTnio c#amado 6#istler .ue l#e diz
.ue Jele pode tornar-se uma pessoaJ- ! demTnio orienta Angel a observar uma caa-vampiros novata+ c#amada Buffy 4ummers- A sugest(o de 6#istler /
.ue Angel poderF iniciar o processo de reden(o vendo a matadora realizar seus deveres- ,le concorda+ e da nasce uma incomum parceria+ amizade e
amor- Mas a eSperincia .ue Angel tem da verdadeira felicidade ativa a maldi(o cigana- ,le perde a alma e parte para a tortura e a destrui(o da caa-
vampiros-
Portanto+ BaC# reproduz temas a respeito de eros+ seSo e amor do noir clFssico+ no .ual o dese8o seSual / tipicamente visto como incompat vel com a
vida americana convencional- Agir de acordo com esse dese8o gera conse.]ncias imprevistas e raramente traz felicidade ou at/ o prazer esperado-
Uuando recupera a alma novamente e retorna Ws margens do mundo #umano+ Angel+ concordando com Buffy .ue o amor dos dois / impossvel+ vai
embora para Los Angeles-
! Zltimo captulo nas crTnicas Buffy-Angel se intitula J0 6ill 7emember QouJ O#ou me lem&rar de (o*/8, um episGdio de transi(o no .ual Buffy via8a
para Los Angeles a fim de repreender Angel por voltar secretamente a 4unnydale e espionF-la- A visita de Angel foi motivada pela notcia de .ue Buffy
corria grave perigo e a c#egada em segredo foi por causa de sua indisposi(o de reacender antigas paiS1es e lembranas- ,n.uanto Buffy e Angel se
engalfin#am verbalmente+ um demTnio aparece e os ataca- Uuando o sangue do demTnio espirra em Angel+ ele magicamente recupera seu estado #umano+
com um cora(o batendo e uma fome enorme tanto de comida .uanto de seSo- "omo diz "ordy+ os dois ficam Jc#eios de tes(oJ- Mas assim como
4ans(o sem o cabelo+ Angel agora / um guerreiro inZtil contra o mal- ,n.uanto isso+ Buffy+ distrada pelo prazer do amor at/ ent(o proibido e por suas
preocupa1es com o estado vulnerFvel de Angel+ estF perdendo o sentido de dever de sua ocupa(o como caa-vampiros- Angel+ ent(o+ vai at/ os
orFculos+ criaturas .ue nos fazem lembrar entidades da antiga mitologia grega+ e faz um acordo com eles para .ue ele mesmo+ Angel+ e Buffy retornem a
seu estado anterior- !s orFculos concordam em apagar o dia anterior- ! Znico sen(o+ por/m+ / .ue+ embora Buffy n(o vF se lembrar dos felizes eventos+
Angel reterF tudo na memGria- 9o fim do episGdio+ Angel estF eSplicando o acordo a Buffy+ cu8os ol#os est(o c#eios de lFgrimas+ e os dois v(o contando
os segundos at/ o instante em .ue os orFculos apagar(o o passado e alterar(o o futuro para sempre- 4e nesse episGdio Angel aparece como um tipo de
protetor masculino de Buffy+ por outro lado+ mais uma vez Buffy fica sozin#a+ suportando o isolamento tpico de muitos personagens do cinema noir.
"om a men(o eSplcita da seSta temporada das atividades seSuais de Buffy e 4pi5e e do romance l/sbico de 6illo> e 'ara+ BaC# parece totalmente
contemporVneo- ! dese8o seSual sempre foi elemento bFsico do gnero noir. ,m sua insistncia no inevitFvel e nas conse.]ncias geralmente destrutivas
do seSo+ BaC# mais uma vez reflete o noir clFssico em vez do neo-noir- Ba"; / sem dZvida feminista em sua refleS(o das restri 1es sociais abrandadas
.uanto W atividade seSual das mul#eres- Mas evita o tema do domnio seSual da mul#er sobre o #omem OCorpos 4rdentes8 e a fuga da seSualidade
masculina OThelma e Iouise8. 9a verdade+ a s/rie / profundamente c/tica .uanto W prGpria no(o da liberdade seSual- ,m BaC#, n(o eSiste seSo livre= as
conse.]ncias+ geralmente desagradFveis+ sempre acompan#am o seSo-
BaC# / uma s/rie acentuadamente franca a respeito da compleSidade problemFtica do dese8o seSual+ acerca do modo como este entra em conflito com
outros dese8os e bens #umanos+ tornando as pessoas susceptveis ao auto-engano e vulnerFveis W dor de serem usadas para o prazer de outro indivduo+ e
tamb/m acerca do modo como ele+ o dese8o seSual+ pode levar ao eScesso e a uma destrui(o potencialmente letal- 4e+ como os crticos insistem+ o noir /
uma tentativa de articular nosso lugar num panorama social e cultural confuso+ ent(o parece .ue no mundo noir contemporVneo de BaC# nada. / mais
incerto ou mais volFtil .ue os nossos impulsos seSuais-
"laro .ue boa parte da literatura+ arte e cinema contemporVneo trata precisamente dessa .uest(o- Mas o diferente noir feminista de BaC# v outra coisa
a desesperada necessidade de ver nossas atra1es erGticas por outra pessoa como algo superior aos meros termos genitais- 9esse sentido+ BaC# revive
um sentido clFssico do eros+ ainda .ue o dese8o permanea tragicamente insatisfeito- 7ecupera o eros como um anseio por beleza+ por completude+ pela
descoberta do lugar pessoal dentro do grandioso escopo da #istGria cGsmica e em meio W comunidade #umana especfica em .ue o indivduo se encontra-
,m sua abordagem da seSualidade+ como na representa(o de tantos outros temas+ BaC# se distingue como uma produ(o noir feminista+ dra-
maticamente bem-sucedida e intelectualmente cativante-
5
Feminismo e a tica da violncia: por que Buffy sai na porrada.
Mimi Marinucci
FA0'N2 Alguma coisa nos faz ser diferentes- 4omos guerreiras- Fomos feitas para matar-
BOFFQ2 Para matar demPnios. Mas isso n(o significa .ue podemos 8ulgar as pessoas como se fTssemos mel#ores .ue todo mundo-
FA0'N2 9c4 somos mel#ores- 0sso mesmo+ mel#ores- As pessoas precisam de nGs para sobreviver- 9o fim das contas+ ningu/m vai c#orar por algum
passante ocasional .ue morreu no fogo cruzado-
BOFFQ2 ,u vou-
FA0'N2 Bem+ pior para voc-
*@
! uso da violncia / crucial no papel de Buffy como caa-vampiros- ,mbora demonstre maior respeito pela vida #umana .ue Fait#+ Buffy tamb/m se
disp1e+ se necessFrio+ a utilizar violncia contra seres #umanos- A minuciosa abordagem de filosofia e BaC# .ue este livro pretende apresentar estaria
incompleta sem uma anFlise da /tica da violncia-
*@
,ste diFlogo aparece no episGdio+ J"onse.uencesJ- Buffy .uestiona Fait#+ .ue matou um ser #umano acidentalmente em JBad LirlsJ-
Meu uso do termo JviolnciaJ condiz com seu uso padr(o+ e n(o deve ser confundido com .uais.uer defini1es idiossincrFticas desenvolvidas no
conteSto de variadas discuss1es filosGficas- ,m termos simples+ entendo por violncia o uso de fora fsica como meio intencional de infligir dor ou
causar dano fsico- "onsidero esse tipo de fora usada para causar morte a eSpress(o suprema da violncia- Por .uest(o de simplicidade e continuida de+
uso o verbo matar ao me referir W violncia para destruir um vampiro+ apesar da incorre(o t/cnica do emprego da palavra- 4ei .ue vampiros n(o s(o
seres vivos+ pelo menos n(o no sentido costumeiro+ mas min#a aplica(o imprecisa de termos relacionados a vida e morte de vampiros reflete um
emprego semel#ante por parte de Buffy e outros personagens da s/rie- Al/m disso+ fao uma distin(o entre vampiros e demTnios por.ue+ embora a s/rie
Ws vezes se refira aos vampiros como um tipo particular de demTnio+ #F diferenas significativas entre vampiros e outros demTnios- ,m particu lar+ os
demTnios s(o descritos como membros de esp/cies n(o-#umanas+ mas capazes de possuir #umanos ou com eles se acasalar e gerar #bridos #umanos-
demTnios- ,m contraste+ os vampiros s(o #umanos .ue sofreram uma transforma(o por meio de uma suga(o de sangue ritualstica+ sendo+ portanto+
procriados por um vampiro 8F eSistente- 7efiro-me a todas as outras criaturas n(o encontradas no mundo real como monstros- Por fim+ .uando
apropriado+ refiro-me tamb/m aos Jvampiros comunsJ e Jseres #umanos comunsJ em recon#ecimento do fato de .ue+ en.uanto os vampi ros s(o do mal e
os #umanos geralmente n(o s(o= #F eSce1es esporFdicas em ambos os casos-
;iolncia e vampiros
Buffy faz um comentFrio marcante a respeito da violncia no episGdio JAnneJ- Men+ um demTnio disfarado como ser #umano amistoso+ procura
adolescentes saudFveis+ geralmente fugindo de algo+ e os atrai a uma dimens(o infernal- 9esse local+ eles s(o convencidos de sua inutilidade e colocados
para trabal#ar como escravos at/ .ue+ drenados de vida e fora+ s(o devolvidos Ws ruas+ muito mais fracos+ mais vel#os e mais confusos- A busca de Buffy
por Lily+ uma adolescente desaparecida+ a leva atrav/s do portal at/ o inferno+ onde ela lidera uma revolta- Antes de retornar pelo portal+ ela pergunta a
Men+ 8F totalmente derrotado2 JUuer ver min#a impress(o de Land#iRJ+ e bate na cabea dele com um taco- JLand#iRJ+ pergunta Lily+ admirada- JBem+
sabe+ ele estava mesmo muito bravoJ- I possvel+ claro+ .ue Buffy ten#a perdido muitas aulas de #istGria e+ portanto+ n(o con#ea a posi(o de Land#i
contra a violncia- I mais provFvel+ por/m+ .ue ela saiba do pacifismo de Land#i e este8a eSpressando sua opini(o pessoal de .ue a violncia / uma
resposta apropriada+ at/ necessFria+ a certas formas de in8ustia- Al/m disso+ fazendo essa compara(o entre a situa(o de Land#i e a dela+ Buffy nos
convida a considerar as a1es malignas dos vampiros+ demTnios e monstros .ue ela enfrenta como simbolicamente e.uivalentes ao mal praticado pelos
seres #umanos-
Podemos ser tentados a descartar o uso .ue Buffy faz da violncia como algo irrelevante a .uest1es acerca de violncia no mundo real- Afinal de
contas+ Buffy n(o vive no mundo real+ mas num lugar #abitado por vampiros+ demTnios e monstros- ,ntretanto+ Buffy nem sempre usa violncia contra
vampiros+ demTnios e monstros+ tampouco a usa contra seres #umanos- NF raras eSce1es nas .uais os vampiros+ demTnios e monstros merecem
considera(o moral+ e eSce1es ainda mais raras em .ue os seres #umanos n(o a merecem- Diferentemente dos casos mais comuns nos .uais Buffy mata
os vampiros e poupa os #umanos+ tais eSce1es transmitem um conceito de 8ustia com aplica1es al/m do reino da fantasia-
Angel / o primeiro e mais Gbvio eSemplo de um vampiro a .uem Buffy estende sua considera(o moral geralmente reservada para #umanos- ApGs
praticar um mal inconcebvel durante seu primeiro s/culo como vampiro+ a alma de Angel foi recuperada graas a uma maldi(o cigana- "om sua alma
intacta+ ele / condenado a eSperimentar a dor da culpa por sua crueldade do passado- 9uma v( tentativa de compensar seus atos mal/volos+ ele comea a
proteger os inocentes e a Ja8udar os indefesosJ-
*C
Angel n(o / um vampiro comum e+ por raz1es Gbvias+ Buffy n(o o mata- ,m vez disso+ Buffy e Angel se
apaiSonam e acabam indo para a cama- 9uma trFgica reviravolta+ o amor de Buffy custa a Angel sua alma+ confor me estipulado pela maldi(o+ .uando
ele vive um momento de Jverdadeira felicidadeJ XJ4urpriseJY- 4em sua alma+ Angel retorna ao comportamento de vampiro+ canalizando toda a sua
crueldade em Buffy e seus amigos- "omo #F uma c#ance+ embora pe.uena+ de transladar a maldi(o e recuperar a alma de Angel+ Buffy reluta em matF-
lo- 9a verdade+ ela sG o mata .uando isso se torna necessFrio para a continuidade da eSistncia do mundo como o con#ecemos-
*A
Felizmente+ Angel
retorna+ com alma intacta+ para retomar sua miss(o #erGica-
*?
"onforme revela a #istGria de Angel+ o princpio geral de .ue todos os vampiros Xe sG elesY
devem ser mortos / simplista demais- ,mbora+ no fim+ Buffy escol#a o mundo a Angel+
*E
ela n(o o desconsidera como o faria com .ual.uer vampiro
comum-
*C
,m JLonely NeartsJ+ um dos primeiros episGdios da s/rie 4ngel, "ordelia assume o posto de gerente administrativa da Angel 0nvestigations e fornece
o slogan .ue descreve a miss(o de Angel-
*A
Om fato triste / .ue+ como 6illo> translada a maldi(o a tempo de recuperar a alma de Angel poucos minutos antes de Buffy enfiar a estaca no
cora(o dele+ Angel 8F n(o / mais mau .uando ela o mata+ em JBecoming+ Part '>oJ-
*?
! retorno de Angel parece ter sido desencadeado .uando Buffy levou de volta seu anel "laddag# W mans(o dele+ no fim de JFait#+ Nope and 'ric5J-
*E
9(o devemos supor+ contudo+ .ue Buffy adota um princpio estritamente utilitarista segundo o .ual o bem de muitos supera o bem do indivduo-
Afinal+ posteriormente ela se recusa a sacrificar sua irm(+ Da>n+ para salvar o mundo novamente- ,m vez disso+ arrisca e se sacrifica em lugar de Da>n+
sem a menor garantia de .ue o plano vai dar certo-
"omo Angel+ 4pi5e / um vampiro a .uem Buffy estende sua considera(o moral- 4pi5e se tornou incapaz de ferir seres #umanos+ graas a um c#ip de
computador implantado em seu c/rebro como parte de um eSperimento cientfico em J'#e 0nitiativeJ- ,mbora n(o l#e trouSesse de volta a alma+ esse
procedimento mudou seu comportamento- Uuando ele comea a satisfazer seu dese8o de violncia combatendo os vil1es com Buffy e sua gangue+ ela
perde a motiva(o para matF-lo- A forma de tratamento de Buffy para com Angel e 4pi5e sugere .ue / certo matar vampiros n(o por eles serem o .ue s(o+
mas por causa do .ue fazem- !s vampiros .ue n(o .uerem ou n(o podem cometer atos malignos recebem uma considera(o moral .ue / negada aos
outros vampiros-
! modo como Buffy trata vampiros+ demTnios e monstros / relativo e dependente da propens(o destes a cometer o mal deliberadamente- Por eSemplo+
antes de descobrir .ue o lobisomem W solta em 4unnydale / seu amigo+ !z+ Buffy se recusa a matar o monstro por.ue+ durante o dia+ ele / apenas um ser
#umano comum XJP#asesJY- ,m contraste+ .uando descobre .ue ,t#an 7ayne fugiu pouco depois de colocar a vida dela em perigo+ Buffy lamenta2
JDroga+ eu .ueria tanto bater at/ ele sangrarJ XJ'#e Dar5 AgeJY- ,Semplos assim sugerem .ue Buffy n(o usa a violncia contra vampiros+ demTnios e
monstros por eles serem vampiros+ demTnios e monstros- ,la usa a violncia+ isto sim+ contra agentes deliberados do mal- ,n.uanto um #umano maldoso
como ,t#an 7ayne se encaiSa nessa descri(o+ um lobisomem cu8as a1es s(o o resultado de uma transforma(o mensal indese8ada n(o cabe na categoria
de agente do mal-
Fre.]entemente+ os agentes deliberados do mal s(o eSatamente os vampiros+ demTnios e monstros+ e n(o seres #umanos- 9o entanto+ se a tendncia de
Buffy para matar vampiros e poupar os #umanos / atribuvel ao .ue eles fazem e por .ue o fazem+ ent(o ela #esitaria t(o pouco em eliminar um #umano
.uanto em matar um vampiro+ demTnio ou monstro- De fato+ as circunstVncias relevantes aparecem no episGdio JLie to MeJ- ApGs descobrir .ue tem um
cVncer terminal+ o namorado de infVncia de Buffy+ Ford+ conspira para trocar a vida dela pela oportunidade de se tornar um vampiro- Buffy frustra os
planos de Ford+ aprisionando-o num nin#o de vampiros famintos+ sabendo .ue ele serF devorado- Mais tarde+ ela tamb/m demonstra .ue estF disposta a
sacrificar Fait# para salvar Angel- Fait# / uma caa-vampiros convocada apGs a morte de Mendra+
@%
por sua vez convocada apGs a morte de Buffy-
@B
,m
JLraduation Day+ Part !neJ+ Fait#+ agora lutando do lado do mal+ envenena Angel+ e o Znico modo de salvF-lo / com o sangue de uma caa-vampiros-
Buffy esfa.ueia Fait#+ .ue foge antes .ue seu sangue possa ser usado para reviver Angel-
@$
,mbora n(o d certo+ a tentativa de Buffy de matar Fait# viola
seu cGdigo moral de n(o tirar uma vida #umana- Buffy+ por/m+ raramente estF em posi(o de matar seres #umanos comuns+ pois #umanos .ue se tornam
agentes deliberados do mal nada tm de comuns- Numanos sem o menor vestgio de #umani dade n(o merecem a considera(o moral .ue os outros
recebem- 9a verdade+ eles s(o o e.uivalente moral dos vampiros comuns-
Assim como os seres #umanos podem entrar no reino do mal inumano+ seres n(o-#umanos tamb/m podem penetrar no reino do mal #umano- De fato+
alguns dos males .ue normalmente associamos Ws pessoas e Ws institui1es #umanas s(o representados+ .uase eSclusivamente+ como formas de mal .ue
transcendem o agente #umano- Particularmente onde #F corrup(o poltica+ vampiros ou demTnios costumam estar envolvidos- ! abuso de poder+
incluindo o poltico+ / uma oposi(o W #umanidade+ e a #umanidade / ao mesmo tempo necessFria e suficiente para considera(o moral- ;e8a+ por
eSemplo+ a rede de vampiros e demTnios+ especialmente o prefeito 7ic#ard 6il5ins 000+ na administra(o de 4unnydale 7Bu!!"8, bem como 6olfram e
Nart+ o escritGrio de advocacia .ue controla boa parte do .ue acontece em Los Angeles 74ngel8. NF uma analogia entre o poder e as foras das trevas+ e a
implica(o resultante / .ue .ual.uer abuso de poder+ se8a o poder poltico do prefeito ou o poder mFgico de 6illo>+ assina la a perda da #umanidade-
Assim+ .uando o uso da magia da 6illo> se torna abusivo+ seus amigos temem .ue ela se perca para as foras das trevas- A preocupa(o deles aumenta
.uando 6illo> comea a usar magia para controlar a mente e a memGria de seus amigos+ at/ mesmo de 'ara-
@&
'ara rompe com ela+ mas depois as duas se
reconciliam .uando 6illo> finalmente pFra de usar magia de uma vez por todas- ,m J;illainsJ+
@%
Mendra aparece pela primeira vez no episGdio+ J6#at_s My LineR+ Part !neJ- ,la / morta em JBecoming+ Part !neJ+ e sua substituta aparece em
JFait#+ Nope and 'ric5J-
@B
Felizmente+ a morte de Buffy em JProp#ecy LirlJ foi uma mera tecnicalidade- ,la reviveu dali a poucos segundos+ graas ao con#ecimento .ue
^ander tin#a de 7"7 Xressuscita(o cardiorrespiratGriaY-
@$
Angel sobrevive .uando Buffy l#e manda beber o sangue dela+ confiando .ue ele vai parar antes de drenF-la completamente XJLraduation Day+ Part
'>oJY-
@&
,m JAli t#e 6ayJ+ 6illo> apaga a memGria de uma recente briga- 'ara descobre o .ue 6illo> fez e pensa em abandonF-la+ em J!nce More+ >it#
FeelingJ- A gota d_Fgua / .uando+ num esforo para aliviar a transi(o de Buffy de volta do tZmulo+ ela acidentalmen te apaga a memGria de toda a
gangue+ em J'abula 7asaJ-
6illo> retorna W magia para punir 6arren+ o lder do trio autodesignado de ar.uinmesis de Buffy+ .ue acidentalmente mata 'ara com uma bala .ue
estava destinada a Buffy- 6illo> tortura e mata 6arren+ desencadeando uma onda destrutiva .ue culmina em sua tentativa de destruir o mundo+
ressuscitando o templo soterrado de ProserpeSa+ no episGdio JLraveJ- 7esistindo ao uso da violncia+ Buffy diz a 6illo>2 J,u n(o .uero mac#ucar vocJ-
6illo> n(o cede+ mesmo assim+ e Buffy diz2 J,u disse .ue n(o .ueria+ n(o .ue n(o fariaJ- 9o fim+ Buffy / incapaz de derrotar 6illo> com a fora
fsica+
@*
mas sua disposi(o em enfrentar a necessidade de fazer isso / reveladora- Ao contrFrio de Land#i+ Buffy estF disposta a Jlutar contra o poderJ-
@@
@*
Dessa vez+ / ^ander .uem salva o mundo- ,Spressando seu amor por 6illo>+ ele alcana a.uela Zltima centel#a de #umanidade .ue n(o foi
destruda pelas foras do mal+ dentro dela-
@@
'omo emprestado esse slogan de uma can(o do Public ,nemy+ JFig#t t#e Po>erJ Xlute contra o poderY+ de %ear o! a Bla*H $lanet XDef <am+ BE?E+
BEE%Y-
;iolncia e opress(o
"om sua atitude+ ainda .ue n(o com suas a1es+ Buffy viola o dogma popular e familiar contra a violncia- A maioria das discuss1es acerca da
violncia a considera+ na mel#or das #ipGteses+ um mal necessFrio- ,m contraste+ o uso de Buffy da violncia / mostrado n(o como o mal menor+ mas
como a eSpress(o suprema de sua natureza super-#erGica- 4endo a violncia um trao fundamental da estrat/gia de Buffy+ e n(o uma infra(o perdoFvel
de seu cGdigo moral+ ela aceita o convite de 6illiam 7- <ones para reconsiderar o status moral da violncia como instrumento de mudana social-
@C
<ones
sugere .ue a /tica da n(o-violncia defendida por Martin Lut#er Ming+ <r- n(o / necessariamente a mel#or+ e certamente nem o Znico modelo de luta
contra a opress(o racial- ,ntretanto+ Ming se tornou o padr(o /tico pelo .ual todos os lderes negros s(o 8ulgados+ e as perspectivas moderadas de
violncia tm sido erroneamente identificadas como eStremistas- <ones compara as vis1es de Martin Lut#er Ming <r-+ Malcolm ^ e Mao 'se 'ung- ,m
contraste W crena de Ming de .ue a violncia / uma resposta inaceitFvel W opress(o+ Mao 'se 'ung acredita .ue ela se8a a pri meira resposta necessFria W
opress(o- Malcolm ^+ para .uem a violncia sG / aceitFvel como Zltimo recurso+ ocupa o meio-termo filosGfico entre Martin e Mao+ apesar de uma
tendncia muito difundida de caracterizF-lo como um eStremista violento-
@C
6illiam 7- <ones+ JLiberation 4trategies in Blac5 '#eology2 Mao+ Martin+ or MalcolmRJ em $hilosoph" Bom o! Struggle 4ntholog" o! 4!ro-
4meri*an $hilosoph"!rom >Q>B, editado por Leonard Narris XDubu.ue2 Mendall3Nunt+ BE?&Y+ p- $$E-$*B-
<ones observa .ue a resistncia passiva recomendada por Land#i e Ming se baseia na pressuposi(o de .ue a vis(o do sofrimento JconverterF o
opressor+ incomodando sua raz(o e conscinciaJ-
@A
4eguindo a perspectiva moderada de Malcolm ^+ <ones cr .ue+ na eventualidade da conscincia do
opressor n(o ser incomodada+ a violncia / 8ustificada e necessFria- Assim+ o opressor / digno de considera(o moral somente se retiver algum vestgio de
#umanidade+ como se evidencia pela #abilidade de responder com compaiS(o ao sofrimento de outros seres #umanos- Mais uma vez+ a considera(o
moral / diretamente proporcional W #umanidade do agente- "omo 8F vimos+ o abuso do poder poltico / evidncia da perda da #umanidade no mundo de
Buffy- 4e Buffy recon#ecesse tanto o mal fundamental do racismo .uanto o abuso sub8acente do poder poltico por meio do .ual ele / mantido+ ela
certamente apoiaria o uso da violncia contra a opress(o racial-
@?
@A
<ones+ p- $&*-
! dogma moral contra a violncia serve aos interesses da cultura dominante+ e a.ueles .ue empregam ou apGiam a violncia em resposta W opress(o
ameaam o status 3uo. As rea1es tpicas s(o medo+ #ostilidade e acusa1es de imoralidade- 0sso c#ama aten(o para a violncia dos oprimidos e torna a
violncia dos opressores praticamente invisvel- "onsidere o ultra8e pZblico pela violncia na mZsica rap+ .ue levou W introdu(o+ em BEE%+ da familiar
advertncia aos pais XJParental AdvisoryJY .ue acompan#a o trabal#o artstico da capa de muitos Flbuns- ,mbora n(o se8a min#a inten(o defender as
a1es referidas nas letras de uma can(o como ACop +illerA,
RQ
aponto para a controv/rsia .ue seguiu seu lanamento em BEE$+ en.uanto a violncia
realmente usada por tantos policiais era grandemente ignorada-
Oma semel#ante postura dupla cerca a .uest(o da violncia como resposta W opress(o das mul#eres- ! uso de violncia por parte das mul#e res contra
os #omens c#ama muito mais aten(o do .ue dos #omens contra as mul#eres+ apesar da infre.]ncia da primeira com rela(o W segunda- "onsidere+ por
eSemplo+ a revolta do pZblico .uando Lorena Bobbit cortou o pnis do marido com uma faca de aougueiro+ em BEE&- ,mbora n(o se possa negar a
brutalidade de suas a1es+ tamb/m n(o podemos negar a comparFvel brutalidade de inZmeros #omens .ue usam violncia contra as mul#eres+ numa
propor(o de @+E mil#1es de ata.ues por ano-
C%
A severidade da violncia de Lorena Bobbit estava longe de ser Znica+ mas a inver s(o do comum entre os
seSos deu ao ato grande visibilidade- "onsidere tamb/m a rea(o crtica em BEEB ao filme Thelma e Iouise.
E>
Mais uma vez a severidade das a1es n(o
era incomum+ mas o seSo das agentes dessa violncia a tornava notFvel-
C$
Mesmo as atitudes assertivas das mul#eres+ sem a menor violncia fsica
correspondente ou se.uer uma ameaa+ s(o erroneamente interpretadas como intensamente violentas- Por eSemplo+ mul#eres .ue fazem crticas verbais
contra o mac#ismo s(o fre.]entemente acusadas de Jbater nos #omensJ- ! .ue essa acusa(o ignora+ claro+ / a distin(o entre as surras literais .ue as
mul#eres sofrem dos #omens+ por um lado+ e a JsurraJ figurativa+ menos fre.]ente+ .ue os #omens sofrem das mul#eres+ por outro lado-
C&
Assim como o
racismo+ o mac#ismo eSplora o dogma moral contra a violncia para sua prGpria vantagem-
@E
J"op MillerJ foi lanada por 0ce-' Xcom Body "ountY no Flbum Bod" Count X'ime-6arner+ BEE$Y-
C%
Patrcia '8aden e 9ancy '#oennes+ JFull 7eport of t#e Prevalence+ 0ncidence+ and "onse.uences of ;iolence Against 6omenJ X6as#ington+ D-"-2
O-4- Department of <ustice+ $%%%Y-
CB
As personagens do ttulo fazem uma longa viagem+ cometendo vFrios crimes+ at/ mesmo assassinato+ pelo camin#o+ em Thelma e Iouise, dirigido por
7idley 4cott XMLM+ BEEBY-
C$
Para uma abordagem minuciosa da liga(o entre violncia e o seSo masculino+ ver o filme de <ac5son Matz+ Tough ;uise, dirigido por 4#ut <#ally
XMedia ,ducation+ BEEEY-
C&
Para uma abordagem minuciosa desses e outros temas relacionados+ ver o trabal#o de 4uzanne P#arr+ Komopho&ia 4 Weapon o! SeLism X6omen_s
Pro8ect Publication+ BE??Y-
,mbora a principal preocupa(o de Buffy n(o se8a a discrimina(o seSual+ sua perspectiva de violncia / relevante a .uest1es acerca do uso da
violncia em resposta W opress(o contra as mul#eres- 9a condi(o de mul#er dotada de poder e da arma da violncia num mundo .ue espera passividade
das mul#eres+ o papel de Buffy n(o / diferente do de um lder negro num mundo .ue espera passividade dos negros- ! conteZdo feminis ta da luta de
Buffy / muito mais profundo .ue o mero fato de ser uma mul#er .ue literalmente Jsai na porradaJ- Diante da natureza seSual de boa parte da violncia
.ue ela enfrenta+ sua miss(o simboliza a luta contra a violncia seSual= por eSemplo+ o estupro- "omo caa-vampiros+ / seu dever combater estran#os .ue
se escondem nas sombras e becos escuros+ ansiosos para atacar os corpos eScitantes dos inocentes e ingnuos seres #umanos- ,la impede e pune suas
tentativas de JterJ+ JtomarJ+ JprovarJ+ JdominarJ Xe assim por dianteY suas Jdese8FveisJ+ JtentadorasJ+ JdeliciosasJ+ JeScitan tesJ Xe assim por dianteY
vtimas- A rela(o entre sugar o sangue e fazer seSo / especialmente clara .uando Buffy .uase Jse entregaJ XpaiS(o e sangueY ao lendFrio e c#armoso
DrFcula em JBuffy (s. DraculaJ- Fica evidente tamb/m .uando 7iley / sugado por uma vampira em AInto the WoodsA. ,la bebe seu sangue+ sem drenF-lo
completamente+ para satisfazer sua fome e o fetic#e do prGprio 7iley- I interessante notar tamb/m .ue ser procriado por um vampiro corresponde a
perder a virgindade+ e o relacionamento resultante tem uma eSpectativa de lealdade semel#ante W.uela associada aos parceiros seSuais- 0sso / evidenciado
pelo relacionamento entre 4pi5e e Drusilla+ bem como o relacionamento entre Angel e Daria-
C*
,sses eSemplos ilustram a metFfora entre a suga(o de
sangue e o seSo+ demonstrando .ue+ .uando a primeira n(o / bem-vinda+ como geralmente / o caso+ assemel#a-se ao estupro-
C*
I Gbvio .ue Daria procriou Angel e Angel procriou Drusilla- ,m JFool for LoveJ+ vemos Drusilla procriar 4pi5e+ mas em J4c#ool NardJ+ 4pi5e diz
.ue foi procriado por Angel- 4e8a como for+ a compleSa rede de lealdades e vendetas entre esse grupo tem um carFter decididamente seSual-
4emel#ante aos estupradores+ os vampiros tentam transferir a responsabilidade por suas a1es para as vtimas+ dizendo .ue seus corpos s(o irresistveis-
9a verdade+ por/m+ / possvel para os vampiros assim como para os estupradores resistir W tenta(o- ! sangue #umano / evidente mente mais
gostoso do .ue o de outros animais+ mas os vampiros podem sobreviver sem ele- "omo percebemos na conversa entre 7iley e sua Jpros titutaJ+ / possvel
para os vampiros se alimentarem de #umanos sem matF-los- Lembremo-nos tamb/m .ue .uanto bebe o sangue de Buffy em JLraduation Day+ Part '>oJ+
Angel pFra antes de matF-la- ,m J'#e Dar5 AgeJ+ alguns vampiros s(o pegos roubando sangue do #ospital+ o .ue pode interferir no tratamento dos
pacientes+ mas / um ato menos violento .ue drenar o sangue de um doador #umano involuntFrio- Uuando Angel tem alma e 4pi5e tem um c#ip+ eles
praticam o .ue seria o meio menos ob8etFvel de satisfazer sua sede beber sangue de porco- 0sso sugere .ue+ assim como a seSualidade de uma mul#er+
o sangue #umano /+ em Zltima instVncia+ irresistvel- "onsidere o comportamento de Narmony .uando ela visita "ordelia em Los Angeles- "ordelia
percebe .ue Narmony+ sua vel#a amiga de 4unnydale+ sente-se atrada por ela+ mas n(o sabe .ue Narmony se tornou uma vampira em JLraduation Day+
Part '>oJ- Narmony evita morder "ordelia+ .ue acaba descobrindo .ue a outra estava Jvindo para cima delaJ+ n(o como l/sbica+ mas como uma vampira-
,ssa intera(o sublin#a o erotismo implcito no dese8o por carne #umana+ en.uanto simultaneamente nos lembra .ue os vampiros e+ por eStens(o+ os
estupradores+ s(o capazes de resistir a esse dese8o-
Lembrana semel#ante / o comportamento de 4pi5e em rela(o a Buffy+ .uando ela retorna do paraso depois de sua segunda morte-
C@
,la morreu ao se
atirar num campo de fora mFgico+ poupando sua irm(+ Da>n+ e salvando o mundo- "omo Buffy foi morta pela magia+ 6illo> pTde reviv-la com magia-
,mbora um pe.ueno defeito na ressurrei(o de Buffy permita .ue 4pi5e a mac#u.ue sem ativar o c#ip em seu c/rebro+ ele n(o faz nen#um esforo para
matF-la- Pelo contrFrio+ trata-a com bondade+ e ela comea a usF-lo para uma prFtica seSual violenta+ o .ue aparentemente agrada a 4pi5e- Percebendo
.ue esse comportamento / #umil#ante para ambos+ Buffy termina seu romance com 4pi5e- 9(o .uerendo aceitar des sa vez .ue Jn(o / n(oJ+ ele tenta
estuprF-la- I interessante .ue a tentativa de 4pi5e de violentar Buffy se assemel#a a uma tentativa comum de sugar-l#e o sangue-
CC
0nteressante tamb/m /
.ue+ at/ essa cena especfica+ ele nunca tin#a tentado agredi-la- ApGs demonstrar ser capaz de um compor tamento mel#or .ue o dos vampiros comuns+ ele
reage com raiva- "omo um estuprador #umano comum+ 4pi5e / responsFvel por sua prGpria agressividade-
C@
Buffy morreu em J'#e LiftJ+ e ressuscitou em JBargaining+ Part !ne-J
CC
,ssa semel#ana me foi apontada por ,lizabet# Missling-
;iolncia e feminismo
A forma primFria de mal .ue Buffy deve combater / simbGlica do estupro+ por sua vez simbGlico da opress(o contra as mul#eres- Por esse motivo+ eu
sugiro .ue a luta de Buffy simboliza a luta contra a opress(o imposta Ws mul#eres- As discuss1es feministas da /tica da violncia geral mente se
concentram na violncia dos #omens contra as mul#eres- Oma eSce(o / J;iolent BodiesJ de Bat-Ami Bar !n-
CA
,le eSplora a obra On #iolen*e, de
Nanna# Arendt+ .ue alerta para o fato de violncia gerar mais violncia- ,mbora esse alerta se assemel#e ao de Ming+ JA vel#a lei de ol#o por ol#o deiSa
todos cegos+J
C?
Arendt ao contrFrio de Ming aceita a necessidade ocasional da violncia- 4ua preocupa(o / .ue a prF tica da violncia possa formar
um #Fbito no agente+ .ue se tornaria mais inclinado a cometer violncia na prGSima vez- 9(o sendo isso eficiente nem dese8Fvel+ ela acredita .ue o uso da
violncia sG pode ser aceitFvel na busca de metas em curto prazo- De acordo com Arendt+ Jse as metas n(o forem alcanadas rapidamente+ o resultado
serF n(o apenas a derrota mas a introdu(o da prFtica da violncia em todo o corpo polticoJ-
CE
CA
Bat-Ami Bar !n+ J;iolent BodiesJ+ em %eminists )oing 0thi*s, editado por Peggy DesAutels e <oanne 6aug# XLan#am2 7o>man and Littlefield+
$%%BY-
C?
Martin L- Ming+ Stride Toward %reedom X9ova Qor52 Narper and 7o>+ BEC*Y+ p- B?E-
CE
Nanna Arendt+ On #iolen*e X9ova Qor52 Narcourt Brace+ BECE+ BEA%Y+ p- ?%-
4emel#antemente+ Bar !n sugere .ue a prontid(o para lutar / o resultado da prFtica e do #Fbito- Por isso+ uma prontid(o para lutar implica uma
correspondente probabilidade de luta-
A%
!bviamente+ Buffy tem bastante prFtica+ estF bem #abituada+ e sempre pronta para lutar- "oerente com a descri(o
de Bar !n+ Buffy / capaz de agir rapidamente por.ue procura o perigo- Uuando ela o v antes .ue se torne visvel aos outros+ por/m+ / acusada de
obscurecer a fronteira entre fato e fic(o- "onsidere a rea(o dela+ por eSemplo+ ao novo namorado da m(e+ no episGdio J'edJ- Buffy n(o percebe .ue 'ed
/ um ciborgue maligno+ mas sente .ue #F algo muito errado nele- 4uas suspeitas sG s(o confirmadas .uando ela luta com ele+ empregando tal fora .ue
mataria um ser #umano normal- De modo semel#ante+ em JLiving "onditionsJ+ sua colega de .uarto na faculdade+ Mat#y+ a irrita+ e Buffy conclui .ue ela
/ do mal- 4eus amigos ficam preocupados .uando ela decide lutar contra o .ue parece ser uma estudante inconspcua- A preocupa(o deles aumenta
.uando Buffy conta .ue as un#as dos p/s de Mat#y continuam crescendo logo apGs serem cortadas- 9a verdade+ o fato de Buffy eSaminar as aparas de
un#as da colega parece+ aos seus amigos+ uma evidncia de sua paranGia- ,ntretanto+ mais tarde se descobre .ue Mat#y / de fato um demTnio- 9o caso de
Buffy+ sG podemos esperar .ue seus sentidos de matadora se8am suficientemente apurados para impedi-la de ferir pessoas inocentes-
A%
Bar !n+ p- C*-
4em os benefcios dos superpoderes+ por/m+ uma prontid(o para lutar aumenta a probabilidade do uso de violncia+ .uando ela n(o deveria eSistir- Bar
!n recon#ece as complica1es associadas W produ(o de corpos violentos+ mesmo .ue 8ustificados por fins feministas2
Oma feminista n(o pode simplesmente defender o eScesso transgressivo .ue ela cria por meio da produ(o de seu prGprio corpo violento ou dos corpos
violentos de outras mul#eres- ,la deve preocupar-se com as .uest1es muito compleSas referentes W possibilidade de .ue+ W medida .ue o corpo da mul#er
se torna #abituado W a(o violenta+ ela pode agir de maneira .ue transgrida JdesumanaJ e JdestrutivamenteJ as fronteiras especifi cadas por uma
8ustificativa /tico-poltica para a a(o .ue estF cometendo- ,ssa / uma possibilidade .ue n(o pode ser descartada como algo marginal demais para nos
preocupar+ n(o W luz da eStensiva evidncia da intensidade de violncia cruel ou abusiva+ passada e presente+ da .ual as mul#eres fizeram parte- As
mul#eres agem com violncia n(o sG por.ue n(o possuem controle+ mas por.ue+ como os #omens da mesma cultura social+ elas tam&5m (/em algo
atraente na (iol/n*ia [nfase min#a\-
AB
AB
Bar!n+ p- AB-
"om o desenrolar da s/rie+ fica cada vez mais evidente .ue Buffy de fato v alguma coisa atraente na violncia+ e isso a perturba profundamen te- 4eu
comentFrio ocasional de .ue uma caa-vampiros n(o / sG uma assassina parece motivado por um dese8o de convencer a si prGpria+ mais do .ue aos
outros- A revela(o em J7estlessJ de .ue o poder da primeira caa-vampiros+ do .ual o poder dela descende+ baseava-se na raiva primor dial+ a faz
perguntar-se se ela / muito diferente das foras malignas .ue combate- ,mbora se8a Fait# .uem admita+ em JFait#+ Nope and 'ric5J+ .ue matar a eScita
seSualmente+ Buffy n(o discorda- , por fim+ a natureza violenta de seu relacionamento com 4pi5e sugere .ue Buffy tamb/m se eScita com sua prGpria
agressividade+ particularmente .uando ela se sente desligada da #umanidade-
De fato+ pode-se argumentar .ue a prontid(o de Buffy para combater o e.uivalente simbGlico do estupro / paralela W prontid(o de cometer o
e.uivalente simbGlico do estupro- 0sso se mostra de maneira mais clara no modo como ela trata 4pi5e+ como uma vFlvula de escape para seus impul sos
simultaneamente violentos e seSuais- ! tema da violncia seSual / reiterado+ metaforicamente+ no tratamento de Buffy para com os vampiros em
circunstVncias mais tpicas- ,la os mata penetrando seus corpos+ por assim dizer+ com um ob8eto fFlico afiado engen#osamente c#amado de JMr-
PointyJ X4r- PontudoY-
A$
Assim+ o uso da violncia por parte de Buffy pode ser interpretado como um refleSo constrangedor da violncia pela .ual ele se
8ustifica- 4eu uso da violncia pode ser interpretado como ameaa W sua #umanidade-
A$
Buffy ri .uando descobre .ue Mendra deu um nome W sua favorita estaca de madeira-
Apesar dessas complica1es+ eu re8eitaria a conclus(o de .ue Buffy n(o / mel#or .ue os vampiros contra os .uais sua violncia / dirigida- 0nde -
pendentemente do potencial para o abuso+ #F motivos bons e morais para Buffy matar vampiros+ assim como #F motivos bons e morais para nGs+
mul#eres comuns+ nos tornarmos suficientemente fortes para nos defendermos contra a violncia a .ue somos estatisticamente susceptveis- "omo os
amigos de Buffy+ podemos desenvolver as #abilidades necessFrias para nos 8untarmos W luta contra o mal- ,ntretanto+ nosso treinamento deve permitir .ue
este8amos sensveis e cientes do potencial para o abuso da violncia- 4e praticarmos o uso de medidas violentas apropriadas+ devemos tamb/m aprender a
evitar as eScessivamente violentas- ,sse e.uilbrio estF implcito em muitas artes marciais+ incluindo 'ai "#i+ .ue Buffy Ws vezes adota como parte de seu
treinamento- 9(o / nen#uma surpresa .ue Angel+ #F mais de cem anos e.uilibrando o bem e o mal em si+ se8a .uem introduz o 'ai "#i ao repertGrio de
Buffy-
7e8eitando a falsa dicotomia entre a passividade e a #ostilidade+ eu propon#o .ue o poder .ue vem com a #abilidade de cometer violncia pode ser
contrabalanado pela conscincia dessa #abilidade- Pode #aver certa dose de verdade no vel#o estereGtipo de .ue os #omens fisicamente intimidadores+
cu8a fora ningu/m .uestiona+ s(o suficientemente autoconfiantes para se afastar de desafios impostos por outros cu8a fora / menos Gbvia- Uuando
ameaada+ uma mul#er com con#ecimento ntimo de sua #abilidade de causar dor / mais propensa a reagir com o uso apropriado de violncia do .ue uma
mul#er .ue n(o ten#a esse autocon#ecimento- Ao mesmo tempo+ por/m+ ela tamb/m / menos propensa a reagir com violncia inapropriada+ por eSemplo+
atacando com uma faca o Grg(o genital do marido en.uanto ele dorme- Oma alternativa moralmente viFvel W in8ustificada passividade e agress(o / a
prontid(o para usar a violncia apropriada como resposta W violncia inapropriada- 4e estivermos dispostas e formos capazes de nos defender Jpor
.ual.uer meio necessFrioJ+ podemos transcender a escol#a entre usar os meios desnecessFrios e desistir completamente-
9en#uma donzela em perigo
! conceito de feminilidade como algo passivo / reiterado nos ideais culturais acerca da mul#er e da seSualidade- ! status duplo de Buffy como caa-
vampiros e smbolo seSual desafia a liga(o entre a vulnerabilidade e a seSualidade das mul#eres- Buffy / seL" por causa de sua fora+ n(o apesar dela-
Levando em conta .ue as imagens e os modelos da mdia tm um impacto sobre o .ue consideramos aceitFvel ou dese8Fvel+ / importante construirmos
alternativas a imagens e modelos .ue perpetuam a opress(o- 7epresenta1es familiares de mul#eres como vtimas reais ou potenciais de violncia
reforam o elo entre a feminilidade e a passividade+ particularmente .uando tais representa1es tm a ver com o seSo- BaC# / uma alternativa bem-vinda
aos numerosos livros+ filmes e programas de televis(o nos .uais o protagonista #omem salva a donzela em perigo+ da surgindo um romance- ,mbora
aceite a8uda .uando precisa+ Buffy n(o / uma donzela em perigo-
A&
A&
Agradeo a Barry Messinger pelas discuss1es gerais a respeito de Bu!!", a Caa-(ampiros e pelos valiosos comentFrios acerca dos vFrios rascun#os
originais deste teSto- 'amb/m agradeo as conversas com ,lizabet# Missling e as sugest1es editoriais de <ames 4out#-
"Gdice $
9(o fale em latim na frente dos livros
Conhecimento, racionalidade e cincia no universo Buffy
6
Palavrrio e chicana: cincia e alm
Andre> Aberdein
<agia1 <agia 5 sD pala(rDrio e *hi*ana. 4*ho 3ue no sa&emos *oisa alguma. XJ'abula 7asaJY
Praticamente a primeira coisa .ue os telespectadores do primeiro episGdio de BaC# vem / o laboratGrio de cincias da escola de 4unnydale
X4unnydale Nig#Y- Antes de aparecer Buffy ou .ual.uer outra pessoa+ / mostrada uma parte da aparel#agem de investiga(o emprica+ ou pelo menos de
instru(o cientfica escolar2 um es.ueleto+ esp/cimes em formaldedo+ microscGpios e uma caveira- ,stF escuro e o lugar parece um tanto assus tador+ mas
tudo estF .uieto at/ uma 8anela ser .uebrada de fora- Om rapaz e uma garota+ vampiro e vtima Xou (i*e-(ersa, como se revela depoisY+ est(o entrando
no laboratGrio ilegalmente e na ordem racional+ naturalista .ue ele representa-
"onfronta1es dessa esp/cie s(o uma caracterstica definitiva da #istGria sobrenatural2 elas marcam os pontos em .ue os protagonistas modernos e
cientficos+ e o pZblico+ tm um vislumbre do misterioso- Om clFssico eSemplo ocorre com o desenredo de The Kound o! the BasHer(illes X! "(o dos
Bas5ervillesY+ .uando 4#erloc5 Nolmes e 6atson finalmente se vem cara a cara com o c(o2
,ra um c(o+ sem dZvida+ um enorme c(o de plo negro+ diferente por/m de todos os c(es .ue ol#os mortais 8F ten#am visto- Bril#ava um fogo de sua
boca aberta+ seus ol#os bril#avam como uma fogueira .ue n(o .uer apagar+ o focin#o e as mandbulas se deiSavam contornar por uma c#ama trepidante-
<amais+ nem no son#o delirante de um c/rebro perturbado+ algo mais selvagem+ apavorante+ infernal poderia ser concebido .ue a.uela forma escura e
a.uela face selvagem .ue nos interpelava saindo do v/u do denso nevoeiro-
A*
Momentos depois+ por/m+ a impress(o do sobrenatural se dissipa+ e a criatura / reduzida W ordem natural2
Nolmes e eu atiramos ao mesmo tempo+ e a criatura soltou um #orrendo uivo--- a.uele grito de dor do c(o tin#a dissipado nossos temores ao vento- 4e
era vulnerFvel e mortal+ e se podamos feri-lo+ poderamos tamb/m matF-lo-
A@
9(o sG a narra(o de 6atson mudou do sublime e do terror para o reiterado raciocnio inferencial+ mas tamb/m ele descreveu a bem-sucedida aplica(o
do m/todo cientfico apropriado- ,n.uanto Art#ur "onan Doyle escrevia esse livro+ o "ongresso 0nternacional de `oologia estava estabelecendo regras
para a taSonomia das esp/cies animais-
AC
,ssas regras+ numa forma #o8e atualizada+ padronizavam a prFtica em voga no s/culo ^0^ de .ue o descobridor
de uma nova esp/cie deveria obter um Jesp/cime do tipoJ para depGsito na cole(o de referncias de algum importante museu de #istGria natural-
AA
Animais estran#os s(o eScludos da considera(o cientfica at/ .ue algu/m consiga matar um+ para .ue possa ser corretamente ar.uivado e dar W esp/cie
seu devido lugar na ordem natural-
Doyle apresenta esse confronto vital no fim de seu livro+ decididamente eliminando as sugest1es anteriores de uma eSplica(o sobrenatural-
A*
Sir Art#ur "onan Doyle+ The Kound o! the BasHer(illes, em Sherlo*H Kolmes The Complete Jo(5is and Stories. ;olume 00 X9ova Qor52 Bantam+
BE?CY+ p- B&B-
A@
0b- "f- fala de Arnold 4c#>arzenegger2 J4e sangrar+ podemos matarKJ em $redador^BE?AY-
AC
! congresso de B?E@ nomeou um comit para criar um sistema internacional- As recomenda1es do comit foram adotadas em BE%B e publicadas em
BE%@ como '9gles Internationales de Ia Jominologie Soologi3ue. ;er ,- Mayr+ ,- L- Linsley e 7- L- Osinger+ <ethods and $rin*ipies o! S"stemati*
0*olog" X9ova Qor52 McLra>-Nill+ BE@&Y- Kound foi publicado primeiramente em The Strand <agazine entre agosto de BE%B e abril de BE%$-
AA
"omo 4tapleton+ o dono do c(o+ tin#a feito com uma esp/cie de mariposa de Qor5s#ire 7Kound, cap- B@Y-
Mas as s/ries de televis(o resistem insistentemente a essa restri(o+ de um modo .ue os livros n(o fazem2 o formato da s/rie garante .ue nen#uma
resolu(o fi.ue imune a revis1es= n(o #F um confronto final- ,m BaC#, os elementos sobrenaturais de um personagem aparentemente irredutvel est(o
presentes desde o comeo e o tempo todo- Uuando 7iley Finn+ o prGprio cientista-soldado do universo Buffy+ encontra um ser canino selvagem e
diabGlico contra o .ual vai treinar sua arma+ o sobrenatural revida+ resistindo W redu(o ao natural de maneira inesperada2
70L,Q2 Uual / o empecil#oR Pensei .ue Lra#am tin#a l#e dado uma descri(o completa-
"0,9'04'A2 ! empecil#o / .ue ele descreveu caractersticas presentes em cerca de *% variedades de demTnios con#ecidos- Por isso estamos c#ecando a
evidncia de D9A+ plo e fibras---
70L,Q2 , .uanto tempo isso vai levarR
"0,9'04'A2 9(o ten#o id/ia- Agora+ a!aste-se.
70L,Q2 ,O n(o preciso de um monte de testes para saber .ue esse monstro / um assassino ent(o+ por .ue voc n(o se afastaR XJ9e> Moon 7isingJY
Mas .uando 7iley consegue atirar na criatura+ ela se torna #umana- 9a verdade+ ela se transforma em !z+ o eS-namorado lobisomem de 6illo>- !
teorema JDemTnios maus+ pessoas boasJ de 7iley sofre outro golpe .uando ele descobre .ue n(o sG alguns monstros n(o s(o maus+ mas .ue alguns deles
8F namoraram suas amigas- ! cientista da 0niciativa estF disposto a classificar !z como esp/cime+ mas 7iley admite .ue con#ece !z de um modo .ue tais
testes n(o podem reproduzir- Mesmo uma cole(o de esp/cimes al/m dos son#os mais loucos do 4mit#sonian 0nstitute deiSaria Freas inteiras de
con#ecimento intocadas- , o prGprio !z nada pode fazer2 taciturno+ na mel#or das #ipGteses+ ele estF temporariamente incapaz de falar+ pois foi drogado
pelos prGprios cientistas .ue tentam identificF-lo-
,sses confrontos entre a cincia e o sobrenatural podem ter trs possveis resultados2 a vis(o naturalstica pode gan#ar+ reduzindo o XsupostoY
sobrenatural ao mundo .ue con#ecemos= ou pode ser vingada em princpio+ oferecendo uma redu(o a alguma cincia futura ou alternativa= ou pode+ por
outro lado+ ser derrotada+ encarando algo Xalguma *oisa8 .ue resiste a .ual.uer redu(o- ,sses resultados distintos oferecem uma taSonomia tri pla de
representa1es populares do sobrenatural2 trs graus de envolvimento sobrenatural+ por assim dizer- ,n.uanto muitos aspectos dessa distin(o podem ser
percebidos na cultura popular recente+ de Jornada nas 0strelas a 4r3ui(o T, BaC# 5 notFvel pela profundidade de seu comprometimento- 9as trs se1es
seguintes+ eSploraremos o modo como a s/rie aborda cada um desses trs graus-
Primeiro grau
Jo 5 magia. U 3u:mi*a. 4 gente per*e&e ao (er *omo 5 lenta. XJDoublemeat PalaceJY
! primeiro grau / a redu(o do sobrenatural W cincia contemporVnea+ como aconteceu com o c(o dos Bas5ervilles- !utro c(o eStraordinFrio+ o
dinamar.us do desen#o animado+ 4cooby-Doo+ era o porta-estandarte dessa perspectiva2 a s/rie original / famosa por eSplicar os elementos so-
brenaturais como ma.uina1es de pessoas usando mFscaras de borrac#a+ .ue se teriam safado n(o fosse pelos garotos intrometidos- ,ntretanto+ os
recentes vdeos em longa metragem e filmes de a(o .uebraram essa tradi(o para o assombro dos determinados c/ticos do "omit para 0nvestiga(o
"ientfica de Alegados FenTmenos Paranormais-
A?
!s amigos de Buffy ironicamente invocam os garotos intrometidos do antigo desen#o+ c#amando a si
prGprios de Langue do 4cooby XJ6#at_s My LineR+ Part !neJ e repetidamente+ depois desse episGdioY2 mas os monstros .ue eles enfrentam sempre foram
reais-
9o entanto+ o primeiro grau ainda / a vis(o dominante entre os #abitantes #umanos do universo Buffy2 a popula(o de 4unnydale demonstra
repetidamente uma resistente Jtendncia a racionalizar o .ue for possvel e es.uecer o .ue n(o forJ XJ'#e NarvestJY- Oma vez .ue o submundo pode ser
rapidamente letal para o intrometido distrado+ essa atitude tem grandes benefcios para a sobrevivncia- "omo aponta Aimee Fifare5+ en.uanto o conflito
essencial para os protagonistas de 4r3ui(o T tem a ver com a verdade da crena no sobrenatural+ em BaC#, a preocupa(o / com sua utilidade-
AE
Mesmo
para os 4coobies+ a familiaridade com o sobrenatural pode ser uma bn(o dZbia- Depois .ue Buffy escapa da morte nas m(os do Mestre+ ^ander e
6illo> sup1em .ue o posterior trauma se8a um sintoma de possess(o XJ6#en 4#e 6as BadJY- Liles identifica corretamente o problema real+ mas em
outras ocasi1es ele compensa2 a colega de .uarto de Buffy era um demTnio XJLiving "onditionsJY e ^ander estava possudo pelo esprito de uma #iena
XJ'#e Pac5JY- Para um observador da terceira gera(o+ o ceticismo de Liles / uma rea(o inesperada+ mas instintiva XJ9(o acredito .ue todos vocs est(o
dando uma de 4cully pra cima de mimKJ+ como diz BuffyY+ como mostra sua amn/sia temporFria XJ'abula 7asaJY-
A?
'im Madigan+ J4cooby Doo+ No> "ould QouRJ+ SHepti*al Brie!s, volume ?+ n
$
*+ >>>-csicop-org3sb3E?B$3scooby-#tml Xdezembro de BEE?Y-
AE
Aimee Fifare5+ JMind and Neart >it# 4pirit <oinedJ2 '#e Buffyverse as an 0nformation 4ystemJ+ Sla"age &+ #ttp233>>>-slayage-tv3 X8un#o de $%%BY-
Parece .ue o primeiro grau 8amais forneceria uma eSplica(o verdadeira para tudo o .ue acontece no universo Buffy- Mas um episGdio+ J9ormal
AgainJ+ desafia essa no(o- Aparentemente envenenada pela toSina de um demTnio+ Buffy comea a alucinar .ue / paciente numa ala psi.uiatra e .ue
todas as suas eSperincias dos seis anos anteriores foram ilusGrias- "aracteristicamente+ a s/rie resiste W resolu(o confortante de uma clara falsifica(o
dessa #ipGtese c/tica2 Buffy se recupera+ mas o episGdio termi na num mundo de sua alucina(o- ! ceticismo radical tem um substancial pedigree como
#istGria de fic(o cientfica+ mas os filGsofos o con#ecem #F mais tempo e sabem como ele pode ser incorrigvel- A famosa mFSima de Descartes+ JPenso+
logo eSistoJ+ / deduzida como uma conclus(o em .ue ele pode confiar+ mesmo .ue fosse enganado em tudo o mais pelas a1es de um demTnio
malicioso-
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7en/ Descartes+ <editaVes so&re a %iloso!ia $rimeira.
4egundo grau
U *laro. 0u esta(a in(estigando *ausas m:sti*as da in(isi&ilidade 3uando de(eria ter pro*urado na me*ni*a 3unti*a. XJ!ut of Mind+ !ut of 4ig#tJY
! segundo grau+ redu(o do sobrenatural a uma Jcincia futuraJ metodologicamente contnua W cincia contemporVnea+ / um elemento fundamental da
fic(o cientfica- Alguns episGdios de BaC# adotam essa perspectiva+ na tradi(o de ;host&usters XBE?*Y+ estendendo+ com imagina(o+ as modestas
descobertas da parapsicologia para eSplorar temas tradicionalmente sobrenaturais num conteSto JcientficoJ- ,sse artifcio / intrinsecamente especulativo
e sua plausibilidade pode variar de forma dramFtica- Lamentavelmente+ a mecVnica .uVntica n(o fornece um meio de alcanar a invisibilidade e+ embora a
robGtica e a engen#aria gen/tica se8am Freas em rFpido desenvolvimento+ ainda produzem robTs como 'ed XJ'edJY e April XJ0 6as Made to Love QouJY
ou a aplica(o por parte do treinador Marin da pes.uisa sovi/tica com D9A ao seu time de nata(o XJLo Fis#JY- ,ntretanto+ a JcinciaJ por trFs desses
avanos nunca / mais do .ue apenas mencionada-
! tratamento mais eStensivo de BaC# do segundo grau ocorre como o principal tema de todo o enredo+ na .uarta temporada- A 0niciativa+ como seu
obscuro c#efe nos diz finalmente+ Jrepresenta o interesse do governo n(o sG em controlar ameaas sobrenaturais+ mas em canalizar seu poder para nossos
propGsitos militaresJ XJPrimevalJY- 9uma #istGria diretamente refletida tanto em 4r3ui(o T .uanto no s*ript de <oss 6#edon para 4lien a 'essurreio
XBEEAY+ uma sinistra agncia governamental tenta criar #bridos entre #umanos e monstros para produzir combatentes insuperFveis+ mas perde o controle
de suas cria1es- A 0niciativa / uma vasta parGdia da Jgrande cinciaJ do compleSo militar-industrial+ e+ como vimos anteriormente+ sua abordagem do
sobrenatural / profundamente redutiva- ! colega de 7iley+ Forrest+ sempre o compan#eiro leal+ reafirma o lema da empresa2 os demTnios s(o JsG animais+
cara- 4imples- 'udo bem+ um pouco mais raros .ue os animais com .ue a gente cresceJ XJDoomedJY- ,ssa abordagem permite alguns sucessos t/cnicos
mas acaba mostrando-se catastrGfica- A Jmodifica(o de comportamento SenomGrficoJ do Dr- Angleman XJ'#e 0 in 'eamJY tem efeitos duradouros+ pelo
menos para 4pi5e+ .ue se torna incapaz de atacar seres #umanos- Mas o pro8eto central+ mais secreto+ o demonGide Adam+ Jcinematicamente redundante+
biomecVnicoJ XJLoodbye 0o>aJY+ / um monstro #omicida- A situa(o de 4pi5e e Adam nos lembra P#ineas Lage+ .ue entrou para a #istGria da cincia
cognitiva em B?*?+ .uando foi traspassado no crVnio por um prego grande de um tril#o-
?B
,mbora ten#a tido uma eStraordinFria recupera(o fsica+ o
dano no c/rebro mudou dramaticamente seu carFter- 4ua capacidade de envolvimento emocional com o mundo ficou fatalmente comprometida a um nvel
inesperado+ mas fisicamente revelador+ pre8udicando sua #abilidade para tomar decis1es racionais-
?$
0nversamente+ 4pi5e+ .ue teria Jrecebido esse apelido
por.ue torturava suas vtimas com um prego usado em tril#os 7spiHe prego grande+ ou espetoYJ XJ4c#ool NardJY+ tamb/m sofreu uma mudana
dramFtica de comportamento depois de uma inesperada interven(o neurolGgica+ mas para mel#or- A falta de envolvimento emocional nunca foi o
problema dele+ embora por causa de sua natureza maligna Xou falta de alma+ no universo BuffyY+ esse envolvimento se mani festasse como sadismo- A
estrutura eSterna imposta em suas a1es por meio do c#ip acaba levando-o a gan#ar uma alma- Adam+ por outro lado+ foi feito W imagem da epistemologia
de seus criadores2 ele / tecnicamente perfeito+ mas desprovido 8ustamente da.uela capacidade emocional necessFria para tomar decis1es sensatas- I
derrotado finalmente pela J]ber-BuffyJ+ na .ual m(os e mente s(o integradas com cora(o e esprito XJPrimevalJY-
?B
AntTnio 7- Damasio+ )es*artes Fs 0rror 0motion, 'eason, and the Kuman Brain X9ova Qor52 Putman+ BEE*Y- 'ecnicamente+ Lage foi atingido por
estaca de ferro+ n(o um prego de ferrovia+ mas a situa(o geralmente / descrita dessa forma-
?$
0b-
'erceiro grau
0u no a*redito na *i/n*ia. Todas a3uelas part:*ulas e mol5*ulas 3ue ningu5m Wamais (iu. Con!io sD nos olhos e no *orao. XJ"rus#JY
9o terceiro grau+ o sobrenatural / tratado como irredutvel- es vezes+ isso n(o passa de uma anttese W atitude cientfica dos dois primeiros graus+ como
no comentFrio de Drusilla+ anteriormente- A perspectiva dela / o pGlo oposto da 0niciativa2 en.uanto estes s(o t(o racionais a ponto de eScluir toda
emo(o+ ela / emocional a ponto de eScluir toda a raz(o- Om uso mais tpico .ue BaC# !az desse grau / a observa(o de .ue o sobrenatural pode coeSistir
com o cientfico+ para o enri.uecimento das duas no1es- "omo <enny "alender lembra a Liles+ a JmF e vel#a cinciaJ n(o fez a magia se afastar2 Jo
divino eSiste no ciberespao+ assim como a.uiJ XJ0 7obot--- Qou <aneJY- De fato+ o ambiente mais caracterstico da s/rie / Juma mistura arrepiante de
magia e cinciaJ XJBeer BadJ+ orienta(o no roteiroY- ! assombroso sucesso de pro8etos cientficos malignos / fre.]entemente atribudo ao trabal#o cien -
tfico sendo realizado na Boca do 0nferno- Por outro lado+ uma .uantidade surpreendente de encantamentos acontece nos laboratGrios cientficos Xce nas
cruciais em J'#e 6itc#J= JBe>itc#ed+ Bot#ered+ and Be>ilderedJ= JLovers 6al5J= e JPrimevalJ+ por eSemploY- <enny e+ principalmente+ 6illo> s(o
igualmente #Fbeis tanto na cincia .uanto na magia- A curiosidade irresponsFvel de 6illo> permanece uma constante durante todas as outras mudanas
pelas .uais ela passa2 desde Jdecifrar acidentalmente o sistema de segurana da cidadeJ XJ'#e NarvestJY at/ recol#er peas de robTs malignos2
BOFFQ2 6illo>- Diga-me .ue voc n(o guardou nen#uma pea-
60LL!62 Xem tom de culpaY 9(o peas grandes---
BOFFQ2 !#+ 6ill+ voc tem .ue usar os seus poderes para o bemK
60LL!62 ,O 4c .uero aprender as coisas- XJ'edJY
e desde Jtocar sinin#osJ XJ!ut of My MindJY at/ eSercer um poder mFgico para destruir o mundo-
! conflito entre o segundo e o terceiro grau / eSplicitamente dramatizado como a 0niciativa (ersus os 4coobies- Por eSemplo+ JDoomedJ distingue
Liles lendo uma descri(o de um demTnio como sendo Jliso como bile+ e o mofo sob o luar+ pai dos augZrios e irm(o da perdi(o---J num de seus Jvel#os+
grandes e poeirentos livros de aparncia agourentaJ Xorienta(o no roteiroY e a JanFlise visualJ de 7iley do mesmo demTnio como tendo Jtrs metros de
altura+ e aproSimadamente B$% .uilosJ- !s dois grupos tentam pes.uisar e derrotar os mesmos fenTmenos+ mas empregam metodologias muito diferentes2
o ar.uivo (ersus o laboratGrio= poderes msticos (ersus armamento militar-
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,ntretanto+ embora os 4coobies possam apropriar-se de t/cnicas ao estilo da
0niciativa .uando necessFrio Xcomo em J0nnocenceJY+ a perspectiva do segundo grau da 0niciativa sempre os impede de ter uma atitude recproca-
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Para mais detal#es+ ver 6illiam 6andless2 JOndead Letters2 4earc#es and 7esearc#es in Bu!!" the #ampire Sla"erA, Sla"age B+ >>>-slayage-tv
X8aneiro de $%%BY-
Aprendendo com o sobrenatural
A distin(o entre os trs graus tem vFrios paralelos importantes em filosofia e na #istGria das id/ias- Por eSemplo+ o contraste entre os trs graus reflete
diretamente o contraste entre as trs posi1es na filosofia da mente+ denominadas ativismo Xou atualismoY+ futurismo e n(o-fisicismo-
?*
!s ativistas
afirmam .ue todas as opera1es da mente poderiam+ em princpio+ ser compreendidas em termos da fsica contemporVnea= os futuristas recorrem a uma
futura e #ipot/tica completude da fsica para realizar alguma tarefa eSplanatGria= en.uanto os n(o-fisicalistas negam .ue a mente possa ser
satisfatoriamente reduzida ao fsico-
?*
4et# "roo5 e "arl Lillett+ J6#y P#ysics Alone "annot Define t#e _P#ysical_2 Materialism+ Metap#ysics+ and t#e Formulation of P#ysicalismJ+
Canadian Journal o! $hilosoph" &B X$%%BY+ p- &&&-&&E-
Mas talvez o paralelo mais instrutivo se8a com a perene disputa entre as cincias eSatas e #umanas- 7ecentes manifesta1es dessa disputa incluem os
debates das duas culturas e as Jguerras da cinciaJ+ mas a .uere-la / muito mais antiga remontando talvez W Jvel#a briga entre filosofia e poesiaJ de
Plat(o-
?@
9o entanto+ uma de suas fases mais importantes foi a briga dos antigos e dos modernos+ .ue dominou o pensamento do s/culo ^;00- No8e em
dia+ consideramos fato consumado .ue a cincia / essencialmente cumulativa+ dando-nos novas informa1es a respeito do mundo+ mas es.uecemos o
.u(o moderna / essa perspectiva- At/ a revolu(o cientfica no s/culo ^;00+ a crena prevalecente era de .ue o con#ecimen to perdido das gera1es
passadas superava o nosso- Mitos de uma J0dade do !uroJ eram difundidos no mundo antigo+ en.uanto os europeus medievais se cercavam de amplas
evidncias das con.uistas superiores de seus ancestrais- A nova metodologia cientfica comeou a desafiar essa vis(o+ mas+ durante mais de um s/culo+ as
duas posi1es permaneceram sustentFveis2 os JmodernosJ enfatizavam a novidade e a importVncia de resultados e os JantigosJ as descartavam como
triviais+ ou essencialmente pressagiadas por autoridades anteriores-
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Plat(o+ 'ep=&li*a, livro ^+ C%Ab-
! primeiro e o segundo graus s(o eSplicitamente modernos2 o primei ro considera a cincia suficientemente completa para eSplicar o sobrenatural= o
segundo apela para a futura perfei(o da cincia- ! terceiro grau abraa a perspectiva antiga+ pois permite a possibilidade de recuperar um con#ecimento
.ue transcende a eSplica(o cientfica- !s antigos prometiam uma aprecia(o mais nuanada e ricamente conteStualizada do mundo na tural do .ue a.uela
oferecida obtida por meio da metodologia cientfica espartana dos modernos- 0nfelizmente+ seu programa de pes.uisa sofria um declnio acentuado e eles
n(o foram capazes de cumprir a promessa- "omo ;oltaire comentou a respeito do obstinado e antigo Sir 6illiam 'emple2
,le c#ega a se compadecer de nGs por nada nos ter sobrado da magia dos indianos+ caldeus e egpcios= e essa magia ele compreende como um profundo
con#ecimento da natureza+ por meio do .ual eles produziam milagres- 9(o cita+ por/m+ um Znico milagre+ pois na verdade eles nunca eSistiram-
?C
?C
;oltaire+ )i*ion2rio %ilosD!i*o, Jantigos e modernosJ-
Mas a perspicFcia de ;oltaire simplifica eSageradamente2 recentes #istoriadores da cincia tm concentrado sua aten(o nas prFticas mFgicas e crenas
dos primeiros cientistas modernos- ,mbora #ouvesse muitos c/ticos resolutos+ como Lalileu e Nuygens+ vFrios de seus contemporVneos acreditavam em
al.uimia+ astrologia+ bruSaria ou at/ prFticas mais esot/ricas2 Mepler+ Bacon+ Boyle e 9e>ton s(o apenas os eSemplos mais ilustres-
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,mbora isso fora+
outrora+ descartado como uma embaraosa regress(o atFvica+ tamb/m pode ser compreendido como uma demonstra (o de modernidade2 as prFticas
mFgicas ofereciam uma alternativa W autoridade de AristGteles+ e previam muitos dos traos caractersticos do m/todo cientfico- Portanto+ padr1es
mFgicos de pensamento podem ser compreendidos como uma sntese do antigo e do moderno+ e sua surpreendente persistncia pode ser considerada uma
tentativa desesperada de reter sutilezas de interpreta(o .ue o paradigma moderno inevitavelmente perderia-
??
J7evolu(oJ implica perda e+ ao mesmo
tempo+ inova(o+ e a revolu(o cientfica n(o / eSce(o- A sobrevivncia de uma perspectiva de terceiro grau na cultura popular / um lembrete dessa
perda e um desafio para fornecer uma restitui(o apropriada- ,sse argumento volta-se para a suposi(o da distin(o entre o segundo e o terceiro graus-
;imos isso em BaC#X mas e .uanto W J'erceira LeiJ de Art#ur "- "lar5e+ de .ue J.ual.uer tecnologia suficientemente avanada / indistinta da magiaJR
?E
,sse aforismo plausvel implica .ue o sobrenatural irredutvel do terceiro grau seria indistinguvel da tecnologia avanada do segundo grau- "laro .ue
JindistinguvelJ / uma avalia(o epistmica2 n(o implica .ue os graus n(o possam ser separados+ mas apenas .ue n(o podem ser distinguidos- ,ntretanto+
a distin(o ainda pode pressupor uma vers(o inade.uadamente estreita do m/todo cientfico- !s crticos dessa no(o+ como Paul Feyerabend+ alegam .ue
o conteZdo tipicamente atribudo ao m/todo cientfico / uma descri(o ruim do .ue fazem os cientistas+ e um guia inade.uado para sua futura conduta-
E%
! Janar.uismo metodolGgicoJ de Feyerabend polemicamente re8eita a eSclus(o convencional do mFgico da t/cnica cientfica- ,ntretanto+ essa eSorta(o
W transcendncia dos limites convencionais da investiga(o cientfica / ao mesmo tempo compreendida como um endosso do terceiro grau e uma re8ei(o
de sua distin(o do segundo grau-
?A
N- Floris "o#en+ The S*ienti!i* 'e(olution 4 Kistoriographi*al In3uir" X"#icago2 Oniversity of "#icago Press+ BEE*Y+ p- BA*-
??
0b-+ p- B?$- A perda do conteZdo cientfico desse modo foi c#amada posteriormente de Jperda Mu#nJ2 ver '#omas 4- Mu#n+ The Stru*ture o!
S*ienti!i* 'e(olutions X"#icago2 Oniversity of "#icago Press+ BEA%Y+ p- B*?-
?E
Art#ur "- "lar5e+ J'ec#nology and t#e FutureJ+ em 'eport on $lanet Three and Other Spe*ulations XLondres2 Pan+ BE?*Y+ p- B*A-
"on#ecimento com c#eiro
<,99Q2 "omputadores n(o tm c#eiro+ 7upert-
L0L,42 ,u seiK ! c#eiro / o mais poderoso desencadeador da memGria- Oma determinada flor ou um fiapo de fumaa pode trazer W tona eSperincias---
#F muito es.uecidas- !s livros tm c#eiro- De bolor e intenso- ! con#ecimento obtido de um computador--- n(o tem teStura+ nem conteSto- ,le estF lF+ de
repente n(o estF mais- 4e deve durar+ ent(o a obten(o do con#ecimento deve ser--- tangvel--- deve ter c#eiro-
EB
XJ0 7obot--- Qou <aneJY
Liles tem muitos f(s entre os bibliotecFrios profissionais+ mas sua tecnofobia / um aspecto de seu carFter com o .ual eles n(o se podem identificar-
E$
Mas na passagem citada ele estF comunicando uma vis(o mais profunda- 9a Zltima se(o+ vimos como o terceiro grau pode ser compreendido como um
anseio por um conceito mais rico de con#ecimento .ue o racionalismo redutivo+ .ue foi o legado muito bem-sucedido da revolu(o cientfica- ,+ ao
discutirmos o segundo grau+ tocamos na inesperada importVncia do envolvimento emocional para a racionalidade- Assim+ o dese8o de Liles por
con#ecimento Jcom c#eiroJ / amplamente partil#ado e perceptivo2 somos capazes de articular alguma coisa apropriadaR
E%
Paul Feyerabend+ 4gainst <ethod XAtlantic Nig#lands2 Numanities Press+ BEA@Y- J Para um paralelo interessante com as opini1es de Liles+ ver a
#istGria ttulo em2 ,lspet# Davie+ The <an Who Wanted to Smell BooHs and Other Stories X,dimburgo2 "anongate+ $%%BY-
E$
LraceAnne A- De"andido+ J7upert Liles and 4earc# 'ools for 6isdom in Bu!!" the #ampire Sla"erA, >>>->ell-com3user3lady#a>53Liles-#tml- Oma
vers(o anterior desse artigo foi publicada como JBibliograp#ic Lood vs- ,vil in Bu!!" the #ampire Sla"erA, 4meri*an Ii&raries, volume &%+ nf- ?
Xsetembro de BEEEY+ p- **-*A-
NF uma possibilidade em outra analogia com a distin(o entre os segundo e terceiro graus- Algumas feministas comentando acerca de cincia
comparam Jmodos de saberJ masculinos e femininos2 vcios e virtudes acentuadamente contrastantes atribudos aos #omens e mul#eres+ respectiva mente-
<F vimos o suficiente para saber .ue essa / uma caracteriza(o simplista das diferenas entre a 0niciativa e os 4coobies2 os Zltimos eSplo ram alegremente
os m/todos dos primeiros- 9o entanto+ a epistemologia feminista e a filosofia da cincia s(o Freas diversas e fornecem os recursos para uma vers(o mais
crvel- ,specificamente+ a sensibilidade a fatores sociais e #istGricos gerada por uma anFlise feminista levou a uma aproSi ma(o com a sociologia da
cincia- 9essa tradi(o+ a epistemologia argumenta .ue as divis1es das Jguerras da cinciaJ Xem .ue vimos refletida a distin(o entre o segundo e o
terceiro grausY podem ser superadas-
E&
Desfazendo o vnculo epistemolGgico padr(o do social ao irracional+ abrimos espao para uma concep(o pluralista
do con#ecimento no .ual o ricamente #umanstico pode coeSistir com o estritamente formal- 'al vers(o faz 8ustia W vis(o de .ue o emocional /
ineStricFvel do racional+ e nos permite aproveitar os frutos da cincia sem empobrecer o nosso envolvimento com o mundo-
E&
Nelen ,- Longino+ The %ate o! +nowledge XPrinceton2 Princeton Oniversity Press+ $%%$Y- Para mais informa1es acerca de BaC# e as Jguerras da
cinciaJ+ ver "aptulo A neste volume-
! status e os limites da investiga(o cientfica se tornaram o foco do urgente debate pZblico- ,ste captulo eSplorou o modo como uma interpreta(o
filosoficamente informada da cincia e do sobrenatural na cultura pop podem contribuir para esse debate- ,mbora o emprego em BaC# do sobrenatural
possa ser considerado uma atitude anticientfica+ vimos .ue a plausibilidade inicial dessa perspectiva mascara um compromisso com uma epistemologia
.ue pode enri.uecer nossa aprecia(o do status cultural da cincia-
7
Pluralismo+ Pragmatismo e amigos2 a caadora subverte as guerras da cincia
Madeline Muntersb8orn
As Jguerras da cinciaJ s(o uma loucura de *ampus, mais popular entre os professores .ue entre os alunos- !s partidFrios da ob8etividade+ da verdade e de uma vida mel#or por meio da .umica lutam contra os defensores da
sub8etividade+ do valor e de uma vida mel#or por meio da narrativa- !s clamores prGprios dos primeiros+ J#F um mundo ob8etivo al/m da eSperincia #umanaJ e Jos cientistas usam a racionalidade para descobrir a realidadeJ+ batem
de frente com a insistncia dos Zltimos de .ue Jn(o #F ob8etividade al/m da eSperincia #umanaJ e Jos cientistas usam retGrica para criar a realidadeJ- BaC# nos convida a ponderar acerca do nosso envolvimento com pessoas e
princpios- !s estudiosos das cincias #umanas .ue buscam canonizar um santo padroeiro podem considerar o criador de BaC#, <oss 6#edon- 4eus seriados de televis(o celebram a vitalidade da literatura+ #istGria e arte- Mas serF
.ue o compromisso de 6#edon com as cincias #umanas implica .ue ele deve defender a causa anticincia+ nas guerras da cinciaR 9(o necessariamente- BaC# 5 um desafio subversivo Ws lin#as de batal#a arbitrFrias traadas num
debate desnecessFrio-
9a .uarta temporada+ Buffy 4ummers se matricula como caloura na Oniversidade de 4unnydale- ,la tenta encontrar prazer na educa(o do ensino superior+ apesar de sua colega de .uarto ser um demTnio sugador de almas
XJLiving "onditionsJY+ de a cerve8aria local transformar os fregueses em "ro Mags XJBeer BadJY e de seu primeiro amor na faculdade a aban donar depois da primeira noite .ue passam 8untos XJ'#e Nars# Lig#t of DayJY- A lin#a da
#istGria Jcaador (ersus a 0niciativaJ .ue se desenvolve no decorrer de vFrios episGdios pode ser vista como um triunfo das cincias #umanas sobre as eSatas+ .uando a ,scol#ida c#ega ao *ampus.
A 0niciativa / um compleSo subterrVneo de laboratGrios e celas para aprisionar vampiros e outros demTnios atrados para a Boca do 0nferno+ embaiSo de 4unnydale- ,ssa gigantesca opera(o secreta / financiada pelo governo
dos ,stados Onidos e administrada por cientistas e soldados .ue se disfaram de professores e estudantes- A segunda paiS(o de Buffy na facul dade / 7iley Finn+ professor assistente+ pacato e comedido de dia= audacioso soldado da
0niciativa W noite- ,m JDoomedJ+ 7iley se recusa a revelar sua verdadeira identidade a Buffy+ embora ela tivesse ol#ado fiSamente para o tambor do revGlver dele antes de salvar-l#e a vida+ na noite anterior-
70L,Q2 9(o posso contar-l#e-
BOFFQ2 Bem+ deiSe-me tentar- ;oc faz parte de um gigantesco es.uadr(o militar .ue captura demTnios+ vampiros+ e provavelmente usa algum eufemismo para eles--- como JinamistososJ ou Anon-sapiensA...
70L,Q2 --- 4ubterrestres Nostis---
BOFFQ2 --- ent(o vocs entregam esses 4N a um grupo de caras num laboratGrio+ .ue fazem eSperincias neles e+ entre outras coisas+ os transformam em coel#in#os inofensivos- "omo estou indoR
70L,Q2 Om pouco bem demais- XJDoomedJY
Para algu/m .ue nunca esteve lF+ Buffy sabe demais a respeito da 0niciativa- ! con#ecimento dela vem de fontes nada respeitFveis2 os prGprios 4ub-terrestres Nostis- 4pi5e+ tamb/m con#ecido como Nostil BA+ / um vampiro .ue
muda de um mal/volo pun5 para um vulnerFvel c(ozin#o depois .ue a 0niciativa coloca um c#ip em sua cabea- A 0niciativa implanta cirurgicamente um circuito de modifica(o de comportamento no c/rebro de um vampiro+ .ue
causa uma dor debilitante sempre .ue ele tentar ferir um #umano- 9(o eSiste o tal consentimento consciente dentro da 0niciati va- Uuando / pego+ 4pi5e vocifera2 J,u sabia .ue isso ia acontecer .uando a.uela vaca conseguisse
financiamentoJ XJ'#e 0nitiativeJY- 4em .ue 4pi5e saiba+ Ja.uela vacaJ n(o / uma caa-vampiros+ e sim uma cientista pes.ui sadora da 0niciativa+ Maggie 6als#= professora de psicologia+ dura como un#a+ durante o dia+ e a maternal
domadora de demTnios W noite- "omo o doutor Fran5enstein+ 6als# manipula partes de cadFveres para compensar a vulnerabilidade #umana- 4ua mais #orrenda cria(o / JAdamJ+ um ciborgue movido a energia nuclear+ parte
demTnio+ parte #omem branco morto-
Buffy mata os vampiros um por vez+ traspassando com uma estaca de madeira seus cora1es sem batimento- A caadora e seu bando de forasteiros msticos estudam livros antigos+ colecionam talism(s e entoam encanta1es- 4eu
con#ecimento de lnguas estrangeiras e metafsica l#es permite derrotar Adam+ o monstro criado por computadores e bio.umica- 4 (ulnera&ilidade humana 5 pre*iosa. ,n.uanto alguns podem ver essa #istGria como JDionsio
derrota ApoioJ+ a subvers(o da .uarta temporada n(o / devidamente captada pela distin(o Jcaos (ersus ordemJ- !s personagens de BaC# contam mais com a magia .ue com a matemFtica+ n(o por causa de uma profunda
desconfiana do raciocnio lGgico+ mas por.ue est(o t(o ocupados tentando salvar o mundo Xen.uanto #ouver vidas .ue val#am a pena ser salvasY .ue tm pouco tempo para desenvolver sistemas completos e consistentes de
aSiomas- Al/m disso+ a magia n(o / caGtica2 o universo Buffy / governado por leis causais probabilsticas- 'rs ideais filosGficos permeiam a .uarta temporada2 pluralismo+ pragmatismo e amigos- 4e mais acadmicos levassem a
s/rio esses ideais+ as guerras da cincia se dissolveriam numa pil#a de pG+ como um vampiro com uma estaca no cora(o-
Pluralismo
Min#a crtica W cincia moderna / .ue ela inibe a liberdade de pensamento- 4e o motivo para isso / .ue ela encontrou a verdade e agora a segue+ ent(o eu diria .ue #F coisas mel#ores .ue descobrir em primeiro lugar e+ depois+
seguir o monstro- XPaul Feyerabend+ JNo> to Defend 4ociety Against 4cienceJY
E*
! pluralismo / o nome .ue os filGsofos d(o W vis(o segundo a .ual a realidade consiste em muitos tipos de coisas inter-relacionadas- I uma vi s(o .ue pode ser contrastada com o dualismo e o monismo- Oma pessoa .ue insiste
.ue a realidade pode ser dividida em dois reinos+ o material e o mental+ ou duas foras+ ordem e caos+ / dualista- A.uele .ue diz J'odas as coisas s(o fsicasJ e o .ue responde J'odas as coisas s(o espirituaisJ discordam+ mas s(o
dois tipos de monistas- Alguns ac#am .ue / perda de tempo tentar decidir .ual JismoJ / superior-
E@
A.ueles .ue discordam tm preocupa1es sociais e epistemolGgicas- Pluralistas como Paul Feyerabend abominam dogmas2
Uual.uer pessoa .ue afirme ter todas as respostas provavelmente estF errada- Para Feyerabend+ essa teoria de con#ecimento fica em segundo lugar+ en.uanto o primeiro lugar / ocupado por sua poltica- -ual3uer um 3ue a!irme
*onhe*er a (erdade 5 um perigo para todos nDs. ,m J'#e 0 in 'eamJ+ a cientista e a super-#erona conversam2
E*
7eimpresso em S*ienti!i* 'e(olutions, editado por 0an Nac5ing X9ova Qor52 !Sford Oniversity Press+ BE?BY+ p- B@?-
E@
7udolf "arnap2 JParece duvidoso .ue possamos encontrar .ual.uer conteZdo teGrico em perguntas filosGficas discutidas pelo monismo+ dualismo e pluralismoJ+ em International 0n*"*lopedia o! Mni!ied S*ien*e, volume 0+
editado por !tto 9eurat#+ 7udolf "arnap e "#arles 6- Morris- X"#icago2 Oniversity of "#icago Press+ BE@@Y+ p- *E-
P7!Fg- 6AL4N2 9c4 pensFvamos .ue voc fosse um mito-
BOFFQ2 Bem--- vocs se deiSaram levar pelo mito-
P7!Fg- 6AL4N2 , pensar .ue todo esse tempo voc estava assistindo Ws min#as aulas bem+ .uase todo esse tempo- Agora entendo .ue suas ener gias eram direcionadas para o mesmo lugar .ue as nossas+ na verdade- ,u
sempre soube .ue suas notas podiam ser superiores a um B-- 4(o apenas os nossos m/todos .ue diferem- Osamos o .ue #F de mais novo em tecnologia cientfica armamental e voc+ se entendo bem+ os espeta com uma estaca
afiada- XJ'#e 0 in 'eamJY
NF lugar para a caadora na 0niciativaR Para descobrir isso+ a professora 6als# realiza um eSperimento- 4ua patrul#a armada leva *$ minutos para localizar Buffy+ .ue a neutraliza em $? segundos- Logo em seguida+ Buffy 8F tem
um pager e um cGdigo de acesso- A professora 6als# e Buffy parecem ser aliadas- Uuando seus amigos .uestionam o por.u dessa alian a+ Buffy responde+ meio confusa2 J4ignifica apenas .ue+ .uando eu patrul#ar+ terei uma
e.uipe fortemente armada para me apoiarJ- 6illo> 7osenberg+ .ue / boa em magia Xdo 8eito rFpidoY e matemFtica Xdo 8eito lentoY+ .uestiona os planos da 0niciativa- Afinal de contas+ o .ue se faz com um vampiro Jsem presasJ+
como 4pi5eR Arruma-se um emprego para ele no 6al-MartR XJ'#e 0 in 'eamJY
As dZvidas de 6illo> se mostram prescientes- !s m/todos da gangue de Buffy e da 0niciativa s(o muito diferentes para .ue eles trabal#em 8untos- A 0niciativa / uma grande burocracia com uma rgida rede de comando- !u voc
estF dentro dela ou n(o estF- A lealdade W causa consiste em seguir ordens sem .uestionar- Uuem / o encarregado Xou .uem s(o os membrosY do pe.ueno grupo de Buffy+ nunca se sabe- De uma temporada para a prGSima+ at/ de um
episGdio para outro+ a lista muda- As pessoas .ue aparecem nos cr/ditos iniciais podem morrer sem aviso pr/vio- A prGpria Buffy cai fora mais de uma vez+ e 4pi5e troca de aliados em diferentes episGdios- ;oc n(o precisa de
superpoderes para ser amigo de Buffy+ e n(o tem de passar num teste- J"aadoretesJ potenciais precisam de coragem e de uma s/ria /tica profissional- Devem estar dispostos a fazer perguntas+ correr riscos+ partil#ar id/ias+ abrir
m(o de antigas crenas e passar #oras fazendo pes.uisa-
Marl Popper XBE%$-BE-E*Y re8eitava o dualismo+ alegando a eSistncia de um Jterceiro mundoJ+ al/m do mental e do fsico+ um reino povoado por produtos viFveis de esforos #umanos para lidar com a realidade- ,sse reino
inclui obras de arte+ bem como a cincia- ,le / mais fre.]entemente lembrado por seu crit/rio e falsificabilidade+ isto /+ a posi(o de .ue todas as boas teorias cientficas devem ser vulnerFveis+ ou suscetveis ao descr/ dito-
EC
!s
bons cientistas est(o dispostos a revisar suas teorias sob a luz de nova evidncia- 4egundo a vis(o de Popper+ a professora 6als# / uma mF cientista- A imprevisibilidade de Buffy e seu constante .uestionamento de autoridade
ameaam eSpor os planos secretos de 6als#- ,la se recusa a abandonar o Pro8eto &B*+ a tentativa de construir um supersoldado+ mesmo depois de descobrir .ue 8F eSiste um2 a caadora / real. A professora 6als# tenta mandar matF-
la+ mas subestima suas #abilidades sobrenaturais- Buffy+ por sua vez+ n(o subestima a 0niciativa- ,n.uanto a 0niciativa eSistir+ Jnen#um de nGs estarF seguroJ- ! alcance do pronome pessoal na fala de Buffy / universal- A professora
6als# e suas cobaias 4N n(o est(o mais seguras do .ue Buffy+ seus amigos ou 4pi5e- A f/ da cientista de .ue sG ela sabe o .ue / mel#or para o bem comum coloca todos em perigo- A professora se recusa a se aliar com a caadora+
por.ue a caadora se recusa a seguir ordens- 'ragicamente+ o supersoldado da professora 6als# tem o mesmo JdefeitoJ- Uuando Adam desperta antes do programado+ a primeira pessoa .ue ele mata / a JMam(eJ- ,le l#e traspassa o
cora(o com um espeto afiado-

EC
;er sua obra ConWe*tures and 'e!utations XLondres2 7outledge+ BEC&Y-
A.ueles .ue sobrevivem no universo Buffy aprendem a respeitar suas regras- Buffy destrGi vampiros com estacas de madeira, n(o de metal ou plFstico- ! pZblico gosta da interpreta(o criativa dessa regra+ na s/rie ra.uetes
de tnis+ #astes de cerca+ cabos de espFtulas+ lFpis nf $= .ual.uer pedao de madeira forte / uma arma potencial- ! alvo / o cora(o do vampiro2 o local faz a diferena- Uuando as mol/culas do tipo A XmadeiraY entram em contato
direto com mol/culas do tipo B Xcora(oY+ o vampiro se dissolve geralmente- As regras do universo Buffy s(o probabilsticas+ e n(o deterministas= representam o .ue acontece a maior parte do tempo+ mas n(o o tempo todo-
,Sistem as eSce1es W ordem natural+ embora sG uma terrvel circunstVncia possa induzir a sabedoria a desconsiderar a natureza- Por .ue essas regras especficas governam seu universo / algo .ue n(o interessa a Buffy- ,la / muito
ocupada- ,m J'#e Nars# Lig#t of DayJ+ Par5er+ o primeiro amor de faculdade de Buffy+ sugere .ue todos tm a liberdade de escol#er suas a1es2
BOFFQ2 9(o parece assim- Para mim+ a maior parte do tempo+ sinto .ue as coisas me acontecem e eu rea8o do 8eito mais rFpido possvel+ tentando tocar o barco- 4G--- sG tentando segurar-se antes .ue acontea outra coisa-
PA7M,72 Parece eSaustivo-
BOFFQ2 , /+ mesmo-
,m sua pressa de gan#ar o dia Xen.uanto vive uma vida .ue merea ser salvaY+ Buffy comete erros- ,m JA 9e> ManJ+ ela acredita .ue um ob8eto / de prata genuna+ mas n(o /- "omo resultado+ Liles+ .ue estF tem porariamente
transformado num demTnio suscetvel W prata+ sobrevive apGs ser espetado pelo abridor de cartas- A eSistncia de regras torna os erros possveis- Al/m disso+ fugir Ws regras pode resultar em coisas boas- "onse .]entemente+ o valor
de uma regra ou uma eSce(o depende do conteSto no .ual ela ocorre e o conteSto sempre muda- Liles ensina Buffy a perguntar2 J! .ue ele .uerRJ .uando estiver tentando localizar um perigo demonaco- A professora 6als# treina
seus soldados para localizar assinaturas prot/icas e encontrar focos de energia sobrenatural- Buffy se disp1e a seguir um rastro de feromTnio 8unto aos soldados+ mas ela n(o teme os monstros como a soma de suas partes
moleculares- Om demTnio pode ter um c#eiro diferente para um cac#orro+ mas esse fato em si n(o faz dele uma ameaa- De modo semel#ante+ sG por.ue a colega de .uarto de Buffy a irrita+ isso n(o .uer dizer .ue ela / um
demTnio- <F o fato de .ue suas un#as dos p/s cortadas crescem+ sim XJLiving "onditionsJY- Para defender a causa do bem sobre o mal+ / preciso distinguir fato de fantasia= para buscar a verdade+ um indivduo deve tentar ser bom- !
debate acerca do .ue / mais importante+ ob8etividade ou sub8etividade+ ignora a possibilidade de os #erGis reais defenderem ambas as causas simultaneamente-
Pragmatismo
Uuando contemplamos um .uadro+ #F um momento em .ue perdemos a conscincia de .ue ele n(o / a coisa em si+ a distin(o entre o real e a cGpia desaparece+ e no momento / um puro son#o nen#uma eSistncia em
particular+ e no entanto nem geral- 9a.uele momento+ estamos contemplando um :*one. X"- 4- Peirce+ J!n t#e hlgebra of LogicJY
EA
EA
7eimpresso em Colle*ted $apers III, editado por "#arles Narts#orne e Paul 6eiss X"ambridge2 Narvard Oniversity Press+ BE&BY+ p- $BB-
Om pragmatista considera as conse.]ncias prFticas de suas crenas- ! estudioso Liles 8amais reduziria uma compleSa posi(o filosGfica a um slogan, mas Buffy poderia definir pragmatismo como J.ual.uer coisa .ue
funcioneJ- Pragmatismo n(o deve ser confundido com relativismo- !s relativistas n(o ac#am .ue uma mFSima / superior a .ual.uer outra- !s pragmatistas se empen#am em desenvolver uma mel#or compreens(o da realidade- !s
relativistas ob8etam+ dizendo .ue Jmel#orJ+ Jcompreens(oJ e JrealidadeJ s(o constru1es culturais arbitrFrias .ue talvez nada ten#am a ver com coisa alguma- !s progenitores do pragmatismo foram "- 4- Peirce XB?&E-BEB*Y e
6illiam <ames XB?*$-BEB%Y- Peirce trabal#ava como astrTnomo e fsico+ mas se considerava um lGgico+ en.uanto <ames ensinava anatomia+ psicologia e filosofia em Narvard- !s pais do pragmatismo se interessavam pela arte de
raciocinar e pela cincia do comportamento #umano-
I difcil localizar o pragmatismo com precis(o+ por.ue os pragmatistas levam a s/rio a id/ia de .ue tudo muda- ! pragmatismo em si se deiSa levar nesse fluSo+ inspirando Peirce a mudar o nome dessa vis(o para
JpragmaticismoJ- !s pragmatistas Ws vezes separam o fato da fic(o e o particular do universal- ,m outras ocasi1es+ os dois se fundem+ como+ por eSemplo+ .uando estamos contemplando um JconeJ- Om cone se asseme l#a ao
ob8eto .ue ele representa- cones nos a8udam a compreender mel#or a realidade .uando os interpretamos de modo literal+ temporariamente perdendo a distin(o entre representa(o e realidade- cones eSistem na arte XpinturaY e na
cincia Xe.ua1esY- BaC# / um cone de televis(o .ue nos ensina a valorizar a diferena entre fato e fic(o- ,ntretanto+ para .ue a s/rie funcione como um cone+ os telespectadores devem interpretF-lo literalmente- ,m JNus#J+ sG o
grito de uma garota viva e real n(o uma grava(o pode destruir os JLentlemenJ dos contos de fada- Por .uR Buffy n(o tem tempo para pensar por .u- As vozes de todos na cidade foram roubadas e cabe a ela brigar de
verdade+ recuperar a voz e estourar as cabeas dos "avaleiros- !s telespectadores podem perguntar por .ue seus gritos fazem as cabeas deles eSplodir- Assistindo W s/rie como um Jpuro son#oJ+ eles podem perce ber .ue o fato
encarnado / mais poderoso .ue a fic(o vazia-
!s telespectadores de BaC# passam por um fluSo sem precedentes+ imposto por sua amada s/rie- !s f(s certamente recon#ecer(o este diFlogo+ numa tarde de tera-feira2
"7,9',2 'en#o medo de .ue um de meus personagens favoritos morra #o8e W noite-
9i!-"7,9',2 Pra .ue se preocuparR ,les sempre voltam na semana seguinte-
"7,9',2 ,m Bu!!", n(o voltamK
9i!-"7,9',2 Mas n(o podem voltar simplesmente com magiaR
"7,9',2 9(oK Uuero dizer+ claro .ue podem- <oss pode fazer .ual.uer coisa- Mas sG por.ue podem, n(o significa .ue de(em.
9i!-"7,9',2 Por .ue n(oR
"7,9',2 Por.ue / erradoK
4em dZvida+ a conversa / fantFstica por.ue+ na realidade+ o n(o-crente se entedia e muda de assunto antes .ue o diFlogo termine- Mas como a inescrupulosa caa-vampiros Fait# descobre+ ela e Buffy s(o escol#idas para impor a
mortalidade- !s vampiros devem ser destrudos n(o sG por.ue se alimentam de #umanos+ mas por.ue violam a natureza- ,m meio ao fluSo .ue nos leva+ pasmos+ em sua corrente+ surge a morte como eSce(o W regra de .ue Jtodas
as regras tm eSce1esJ- A universalidade da morte n(o pode ser ignorada+ contudo- 4s leis naturais de(em ser *ulti(adas *om *uidado e de!endidas *om dilig/n*ia. ! slogan J.ual.uer coisa .ue funcioneJ c#oca as pessoas .ue
ouvem J.ual.uer coisaJ como demasiado arbitrFrio e JfuncioneJ como muito duro- Buffy se esfora muito para defender as leis .ue governam seu universo+ usando os meios .ue ela pode2 a morte / seu dom-
A fac(o prG-cincia nas guerras da cincia observa corretamente .ue #F mais coisas na realidade do .ue somos capazes de compreender- A fac(o anticincia tamb/m observa corretamente .ue nGs temos o #Fbito de transcender
as fronteiras de nossas eSperincias- !s artistas e cientistas tm muito .ue aprender uns com os outros+ en.uanto tentar tornar o implcito eSplcito e JeSprimir o inefFvelJ
E?
- As pessoas deveriam parar de discutir acerca de as regras
serem criadas ou descobertas e prestar mais aten(o aos processos colaborativos pelos .uais elas s(o cultivadas e de fendidas- ! realismo ingnuo e o relativismo s(o filosofias preguiosas+ florescendo numa era de tmido
consumismo- As pessoas .uerem comprar suas crenas das prateleiras e encerrar o assunto- A luta para formar vi s1es fleSveis+ encaiSFveis+ por/m su8eitas a uma constante altera(o+ precisa de mais pessoas dedicadas e cora8osas
como Buffy-
E?
Lregory Benford / professor de fsica e autor de fic(o cientfica- ,sse &on mot vem de seu artigo J,ffing t#e 0neffableJ+ em 4liens The 4nthropolog" o! S*ien*e %i*tion, editado por Leorge ,- 4lussere ,ric 4- 7ab5in
X"arbondale2 4out#ern 0llinois Press+ BE?AY+ p- B&-$@-
A 0niciativa classifica tipos de #umanos e depois manipula os mel#ores- !s soldados s(o disciplinados+ cora8osos e amFveis rapazes mas poderiam ser mel#ores- A professora 6als# implanta um circuito de modi fica(o de
comportamento em 7iley e manipula seus soldados com drogas .ue mel#oram seu desempen#o2 n(o #F na 0niciativa o tal de consentimento consciente+ nem para #omens nem para monstros- !s #umanos podem ser superiores aos
4N+ mas tamb/m s(o fracos e vulnerFveis- A mel#or criatura / meramente um cintilar nos ol#os mentais da professora 6als# at/ ela obter verba governamental- Adam desfruta o mel#or dos mundos artifi cial+ natural e
sobrenatural e se regozi8a em sua superioridade- Para criar mais #bridos de ciborgue-#umano-demTnio+ ele provoca uma batal#a mortal entre #umanos e demTnios para gerar partes de corpos- Uuem pode impedir esse plano
diabGlicoR Adam evita matar a caadora por.ue precisa dela para e.uilibrar a propor(o de mortes- Buffy deve defender a distin(o entre o natural e o sobrenatural+ tornando-se ainda mais #brida do .ue ela 8F /- Felizmente+ n(o
estF sozin#a-
Amigos
9ossos atos+ nossos locais marcantes+ onde parecemos nos fazer a nGs mesmos e crescer+ s(o as partes do mundo Ws .uais nos apegamos mais+ as partes de onde nosso con#ecimento / o mais ntimo e completo- Por .ue n(o
deveramos interpretF-los de modo literalR X6illiam <ames+ JPragmatism and 7eligionJY
EE
EE
7eimpresso em $ragmatism in %o*us, editado por Doris !lin X9ova Qor52 7outledge+ BEE$Y+ p- B&C-
! ttulo da min#a conclus(o vem do diFlogo entre Adam e 4pi5e- ! monstro da professora 6als# / um mestre da oratGria motivacional- ,le convence os 4N a se deiSar prender para .ue possam estar dentro da 0niciativa durante
a batal#a- O zelote gera o lar2pio. Adam .uer .ue 4pi5e colo.ue a caadora em posi(o- ,m J'#e Qo5o FactorJ+ Adam l#e promete remover seu c#ip2
ADAM2 ,O ! restaurarei ao .ue voc era+ assim .ue tiver a caadora como e onde eu .uero-
4P0M,2 Mais fFcil falar .ue fazer- ,la / astuta ela e seus amiguin#os-
ADAM2 Amiguin#osR
4P0M,2 I ! .ue a gente c#amaria de variFvel- A caadora tem amigos- 4e voc .uiser uma luta e.uilibrada+ n(o .ueira as caadoras por perto-
ADAM2 Afaste esses amigos dela-
4P0M,2 Agora+ esse / um plano-
! plano de 4pi5e .uase funciona- 'odo mundo sabe como / difcil manter a turma unida depois .ue acaba a escola- 4pi5e diz besteiras aos amigos de Buffy e logo ela 8F estF gritando com eles2 J"omo vocs podem a8udarRJ
<ames define o pessimismo como a vis(o de .ue nada pode salvar o mundo= o otimismo / a vis(o de .ue o mundo serF salvo+ custe o .ue custar- ,le contrasta ambos com o meliorismo+ a vis(o de .ue o mundo pode ou n(o ser
salvo+ mas .ue devemos tentar a salva(o- Om bom meliorista depende de outros melioristas- Uual.uer pessoa .ue se empen#e em salvar o mundo precisa de amigos .ue ac#em .ue o mundo merece ser salvo- Buffy salva o mundo
muitas vezes- Mas ela n(o faz isso sozin#a- ,m JPrimevalJ+ a confiana metafGrica de Buffy em seus amigos se torna lite ral- A fonte de poder de Adam / um nZcleo de urVnio radioativo-
B%%
Buffy tem a fora para arrancar esse
nZcleo do monstro+ se ele for imobilizado2
B%%
6illo> sugere um Jencantamento para eStrair urVnioJ+ cu8o alcance podemos medir se considerarmos o custo desse JencantamentoJ especfico como parte do pro8eto Man#attan- Ainda n(o vimos o pleno potencial da.uele
monstro da 0niciativa-
L0L,42 'alvez um encanto paralisante- 4G .ue eu n(o posso realizar a encanta(o necessFria-
60LL!62 'udo bem- 9(o / preciso falar em sum/rio ou alguma coisa assimR
L0L,42 ,O falo sum/rio- 9(o / isso- 4G um bruSo eSperiente pode invocar o encanto+ e / preciso ficar W distVncia de um golpe do alvo-
^A9D,72 ;iu o .ue acontece .uando voc estuda francs em vez de sum/rioR
BOFFQ2 ! .ue eu tin#a na cabeaR
^A9D,72 ,nt(o+ sem problemas- 4G o .ue precisamos fazer / misturar Buffy+ com sua fora de matadora+ W proficincia multilng]e de Liles e ao poder de bruSa de 6illo>- XJPrimevalJY
^ander Narris n(o entrou na faculdade- Durante toda a .uarta temporada+ ele se preocupa .ue seu papel na Langue do 4cooby este8a limitado W com/dia- 4ua piada a respeito de misturar Buffy com os outros dF a Liles uma
id/ia- Por .ue n(o fazer literalmente o .ue ^ander sugeriuR "omo diz Liles en.uanto eles se dirigem W 0niciativa+ bem de acordo com o plano de Adam+ J4G por.ue isso nunca vai dar certo n(o / motivo para sermos nega tivosJ- A
cena em .ue a J"ombo-BuffyJ destrGi Adam / de arrasar mas n(o / o final da temporada- "ombo-Buffy viola a natureza- Liles diz .ue eles desrespeitaram a autoridade da natureza apenas por.ue as cir cunstVncias eram
terrveis- ,m J7estlessJ+ eles sofrem as conse.]ncias de sua transgress(o+ .uando a primeira caadora os acua en.uanto dormem-
Amigos n(o s(o a.ueles .ue vem o mundo do mesmo modo- Amigos s(o a.ueles .ue concordam em partil#ar entre si o mundo+ conforme o vem- 9a sociedade atual+ em .ue a JverdadeJ / o .ue a pes.uisa de mercado diz e o
JbomJ / o .ue vende+ valores anti.uados como #onestidade e #umildade s(o fFceis de desden#ar- Por .ue devemos nos incomodar tentando obter o inatingvelR De acordo com BaC#, tentamos por.ue / disso .ue nossas vidas
dependem- Amigos n(o guardam segredos entre si- A professora 6als# n(o tem amigos- ,la guarda segredos de 7iley+ embora supostamente o ame como um fil#o+ e morre sozin#a- Buffy e seus amigos se esforam para ser #ones -
tos uns com os outros e viver para lutar mais um dia-
A Zltima de uma s/rie de palestras acerca de pragmatismo dada por <ames em BE%A nos pede para imaginar um cenFrio em .ue o "riador plane8a o seguinte mundo2
;ou fazer um mundo sem certeza de ser salvo+ um mundo cu8a perfei(o serF apenas condicional+ e essa condi(o seria a de .ue cada agente d o Jmel#or de siJ- ,u l#es ofereo a c#ance de participar desse mundo- A segu rana+
notem bem+ n(o / garantida- I uma aventura real+ com um perigo real+ mas pode #aver vitGria no fim- I um es.uema social de trabal#o cooperativo a ser genui namente realizado- Uuerem entrar nessa prociss(oR 4erF .ue confiam
em si prGprios e nos outros agentes a ponto de encarar o riscoR
B%B
<oss 6#edon n(o / um soldado nas guerras da cincia- ,le / o cara .ue entrega o cenFrio meliorista de <ames a um talentoso grupo de atores e artes(os .ue continuam fazendo o mel#or .ue podem+ em busca da perfei (o para
.ue todos nGs vivamos em mundos mel#ores-
B%$
B%B
0b-+ p- B&?-
B%$
Meus amigos me a8udaram a escrever este captulo- Amy Larson encomendou o teSto e me emprestou fitas de vdeo cuidadosamente rotuladas+ al/m de seu Wat*her Fs ;uide #olume C, para .ue eu fizesse tudo certo- Dina#
Larson+ Marin "lar5son e Mimberly Blessing fizeram sugest1es valiosas- ,stil "anterbury / uma indulgente n(o-crente- <o#n Muntersb8orn / meu !bservador favorito j embora ele ten#a se escondido atrFs de um travesseiro
durante a maior parte de J4omet#ing BlueJ-
A
E/'8e +3 c063 e +3 i/5e8/+3, + 6/i2e83+ 46)'idi4e/3i+/&) e4 B&/' e B655@, & C&;&<2&47i8+3
<ames La>ler
FilGsofo como caa-vampiros
9a JAlegoria da "avernaJ de Plat(o
B%&
+ a natureza bFsica da eSistncia #umana / retratada por meio da fantasia imaginativa- 0magine as pessoas passando a vida toda numa caverna escura- 4il#uetas de ob8etos s(o pro8etadas
detrFs delas+ na parede da caverna- "omo elas n(o con#ecem mais nada+ ac#am .ue as imagens em sombra s(o a verdadeira realidade- Oma das pessoas sai da caverna+ deiSa para trFs a escurid(o e vai ver a luz do sol- ,la descobre
.ue a realidade / muito maior .ue o mundo de sombras da eSperincia comum-
B%&
Plat(o+ 'ep=&li*a, livro ;00-
Para Plat(o+ o indivduo .ue recon#ece .ue #F uma dimens(o superior W da realidade sensorial comum / um filGsofo- ,ssa compreens(o da estrutura multidimensional da realidade imp1e um dever2 dissipar a escurid(o+ liberando
os prisioneiros e levando-os W luz- 9a alegoria de Plat(o+ a pessoa .ue viu o sol retorna W caverna para libertar os outros da ignorVncia- 4egue ent(o uma luta de vida ou morte entre as testemun#as da luz e as foras das trevas .ue se
consideram donas da mente #umana- ! telespectador de BaC# recon#ecerF prontamente .ue a id/ia de uma caa-vampiros+ levando em conta tanto as dimens1es superiores .uanto inferiores+ pode ser vista como uma alegoria
contemporVnea do filGsofo de Plat(o-
! universo multidimensional de Mant
9uma de suas primeiras obras+ KistDria ;eral da Jatureza e Teoria do C5u
>YN
, o filGsofo do s/culo ^;000+ 0mmanuel Mant+ desenvolve a vis(o platTnica de um universo multidimensional em termos de cincia mo derna- !
universo comea+ pensa Mant+ como uma nuvem gasosa infinitamente eStensa+ composta de elementos das mais variadas densidades- Por meio da opera(o das foras ne>tonianas bFsicas de atra(o e repuls(o+ os elementos mais
densos gravitam 8untos primeiro para formar galFSias de material especialmente pesado- Muitos feitos de material mais fino+ com menor puS(o gravitacional+ evoluem em perodos posteriores-
B%*
0mmanuel Mant+ KistDria ;eral da Jatureza e Teoria do C5u.
A evolu(o da conscincia segue um padr(o paralelo- A conscincia evolui naturalmente em passos ou estFgios+ indo da ignorVncia e da #abili dade prFtica limitada ao con#ecimento e #abilidade maiores- I apropriado+ portanto+
.ue o incio da #istGria do esprito se situe na.uela mesma mat/ria densa .ue constitui os primeiros sistemas de mundos- As #abilidades men tais encontradas nesses mundos seriam da mais densa esp/cie em termos psicolGgicos-
'alvez os #abitantes se8am como demTnios em J'#e NarvestJ ou em JBargainingJ+ cu8a id/ia de divers(o / total destrui(o- 9a escala evolutiva+ eles s(o como crianas com $ anos de idade+ crescidas demais+ em seu estFgio
negativo-
Podemos supor+ pensa Mant+ .ue os seres #umanos eSistem no meio camin#o do espetro das possibilidades- 0sso / sugerido pelo fato de .ue a maioria de nossas energias / dedicada W sobrevivncia fsica+ en.uanto as
possibilidades superiores de esprito criativo s(o realizadas raramente+ esporadicamente e em flas#es+ n(o de maneira consistente e firme-
A primitiva cosmologia de Mant tem uma importante diferena da.uela de BaC#. ,le v os variados mundos separados por imensas diferenas temporais e espaciais+ en.uanto em BaC# as distVncias s(o reduzidas+ as dimens1es
.uase se encontram+ e as transi1es entre elas podem ser muito rFpidas- ,m seu pensamento filosGfico posterior+ por/m+ Mant passou a crer .ue somos condicionados por nossa estrutura fsica e psicolGgica distintamente #umana a
interpretar a realidade multidimensional al/m de nossa eSperincia como se ela fosse dividida por grandes distVncias+ tanto espaciais .uanto temporais- Mas a realidade em si pode ser muito diferente do modo como naturalmente
pensamos nela a partir de nossa perspectiva #umana+ limitada- I a eSperincia moral prFtica+ n(o a especula(o teGrica+ .ue nos dF um insight da verdadeira natureza da realidade por.ue a realidade / a.uilo .ue estamos criando-
Fazemos nossa prGpria realidade
,m sua Cr:ti*a da 'azo $ura, Mant prop1e este eSperimento de pensamento2 JAt/ agora sempre se supTs .ue todo o nosso con#ecimento deve a8ustar-se com os ob8etos--- Devemos testar--- se / possvel termos mais sucesso nas
tarefas da metafsica se pensarmos .ue os ob8etos / .ue devem a8ustar-se com nosso con#ecimentoJ-
B%@
Pensemos em tempo e espao como formas sub8etivas de nossas eSperincias+ n(o como traos da realidade em si- ,mbora
nossa constitui(o #umana nos obrigue a representar diferentes mundos sendo separados dos nossos por grandes distVncias+ na realidade+ as diferentes densidades ou dimens1es da ordem cGsmica podem impingir-se umas Ws outras
de maneira mais prGSima- Portanto+ podem de fato eSistir portais para outras dimens1es de espao e tempo+ ocultos nos recessos das bibliotecas escolares-
B%@
0mmanuel Mant+ Cr:ti*a da 'azo $ura.
"ontinuando com o eSperimento revolucionFrio de Mant+ em vez de pensarmos .ue o mundo .ue vemos / fiSo e independente de nossa cons cincia+ deveramos recon#ecer .ue somos capazes de criar o mundo de nossa
eSperincia a partir de nossas crenas bFsicas- ,m J!ut of Mind+ !ut of 4ig#tJ+ Mareie se torna invisvel apGs ser regularmente ignorada pelos professores e pelos outros alunos- "omo estF mental e emocional-mente invisvel+ ela
fica tamb/m fisicamente invisvel+ e comea a se vingar da.ueles .ue costumavam ignorF-la- Uuando a compreens(o dessa causalidade finalmente ocorre+ ^ander diz2 J"omo+ ela ficou invisvel por.ue ningu/m a notavaRJ Liles de
repente v a luz2 JI claroK ,u estava investigando causas msticas da invisibilidade .uando deveria ter procurado na mecVnica .uVnticaK FsicaKJ Liles eSplica a cincia2 JI um conceito rudimentar de .ue a realidade / moldada+ at/
criada+ por nossa percep(oJ-
9a mecVnica .uVntica+ o modo como o observador se aproSima das entidades subatTmicas determina a forma com .ue elas aparecem+ como uma partcula compacta ou uma fludica forma em onda- ,ssa / uma vali da(o
cientfica contemporVnea da proposta de Mant de .ue+ em vez de considerarmos nossos pensamentos como refleS1es de um mundo indepen dente+ deveramos considerar o mundo de nossa eSperincia como sendo constitudo
fundamentalmente por nossos pensamentos- ,m J9ig#tmaresJ+ a barreira de energia entre a vida em son#o e a vida em viglia cai por meio de um contFgio de medo surgindo da psi.ue liberada de uma criana .ue sofreu abusos-
9essa realidade onrica+ Buffy se v impotente e enfrentando um vampiro con#ecido como o Mestre2 J0sso n(o / real- ;oc n(o pode estar livreKJ ! Mestre replica2 J;oc ainda n(o entende+ n(o /R ,stou livre por.ue voc teme isso-
Por causa do seu medo+ o mundo estF caindo- 4eus pesadelos se fazem carneJ-
9o universo de BaC#, a estrutura e at/ a prGpria eSistncia de nosso mundo s(o determinadas por nossas escol#as bFsicas- Medo e amor s(o os dois pGlos em torno dos .uais mundos inteiros s(o construdos- A tens(o
fundamental entre eles determina nossas escol#as bFsicas e cria a dinVmi ca da evolu(o de nosso mundo #umano- ,ntre esses dois pGlos estF o dever do FilGsofo3Matador+ .ue /+ antes de .ual.uer coisa+ dissipar as sombras
pro8etadas pelo medo-
A vida / curta
9o primeiro episGdio da s/rie+ J6elcome to Nellmout#J+ Buffy estF de p/+ ao lado de seu observador+ Liles+ na sacada do ponto de encontro predileto em 4unnydale+ '#e Bronze- AbaiSo deles+ 8ovens vibram ao som de ritmos
primordiais- Liles se c#oca2 J!l#e para eles+ 8ogando-se de um lado para outro+ completamente al#eios ao perigo .ue os cercaJ- Buffy responde com a perspicFcia+ o pathos e a ob8etividade .ue caracterizam sua avalia(o angustiada
da vida2 J4orte delesJ-
Antes disso+ Buffy tin#a conversado com 6illo>+ sua nova amiga no *ompus. Aparentemente sem sorte no amor e zombada pelas panelin#as da moda na 4unnydale Public Nig# 4c#ool+ 6illo> confessa a sua sensa (o de
aliena(o social2 JAc#o .ue os rapazes tm mais interesse por uma garota .ue saiba falarJ- 6illo> ac#a .ue Buffy pertence ao grupo social superior+ com boa aparncia+ din#eiro e rapazes- Buffy .uer esclarecer as coisas+ dando a
6illo> uma amostra sincera de sua filosofia- JBem+ min#a filosofia+ voc .uer ouvir min#a filosofiaRJ 6illo> se anima2 JUuero+ simKJ Buffy eSplica sucintamente sua vis(o de vida2 JA vida / muito curta--- isso n(o / original+ eu
concordo+ mas / verdade+ sabeR Pra .ue perder tempo sendo tmida+ se preocupando com algum cara+ e se ele vai rir de voc- Aproveite o momento+ por.ue aman#( voc pode estar mortaJ-
Buffy inve8a seus colegas aparentemente felizes+ .ue n(o sabem .ue a morte pode esconder-se em cada canto escuro- A ignorVncia deve ser a felicidade- ,la prop1e uma filosofia n(o original de vida+ mas para ela / a suprema
originalidade- ,la / a caadora+ a Znica de uma gera(o+ Juma Znica garota no mundo+ a ,scol#ida+ nascida com a fora e a #abilida de para caar vampiros-J "om essas palavras+ Liles eSorta Buffy a recon#ecer seu singular destino
e sua grande responsabilidade- Buffy interrompe2 J--- de impedir o mal deles de se espal#ar+ blF+ blF+ blF--- <F ouvi+ tFRJ Per turbado com a atitude dela+ Liles a lembra do JdeverJ- Buffy n(o se abala2 J<F fiz min#a parte+ e estou
partindo para outraJ-
Apesar de tais protestos em nome da vida comum como ela a v+ Buffy assume o peso de seu dever principalmente .uando seus amigos+ entes .ueridos e outras pessoas vulnerFveis em geral s(o ameaados ou vitimados-
Uuando a morte atinge seus colegas de escola+ 6illo> diz2 J,u con#ecia a.uele pessoal- ,ntro na.uela sala todo dia- , .uando entrei des sa vez--- n(o era mais o nosso mundo- ,les o tomaram- , se divertiram com isso- ! .ue nGs
vamos fazerRJ Buffy sabe do seu dever- Abandona imediatamente o medo e a pena de si mesma- 7esponde+ resoluta2 J! .ue temos de fazerJ-
Dever moral2 respeito e essncia #umana
"omo caa-vampiros+ Buffy representa um poderoso paradigma de responsabilidade moral- De acordo com Mant+ a caracterstica essencial do ponto de vista moral / a eSperincia do dever- A pessoa moral faz o .ue precisa fazer+
o .ue o seu dever eSige- ! .ue o dever eSige fundamentalmente+ eSplica Mant+ / .ue respeitemos a #umanidade+ a essncia fundamental de cada indivduo- Mant tamb/m pode resumir sua filosofia2 J,u digo .ue o #o mem+ e em
geral todo ser racional+ eSiste como um fim em si+ n(o apenas como um meio para uso arbitrFrio por esta ou a.uela vontadeJ-
B%C
B%C
0mmanuel Mant+ %undamentao da <eta!:si*a dos Costumes.
,ssa filosofia moral se baseia na pressuposi(o de .ue #F em cada ser #umano algo de infinito valor e+ portanto+ digno do maior respeito tanto por parte dos outros .uanto de si mesmo- 4ignificativo para a nossa interpreta(o
de BaC#, Mant estende o alcance do respeito moral al/m do J#omemJ ou dos membros da esp/cie #umana para Jtodo ser racionalJ os membros de outras esp/cies .ue tamb/m s(o capazes de governar suas vidas do ponto de
vista do dever moral- Mant distingue a racionalidade moral da instrumental o intelecto empregado por motivos puramente egostas- ,m BaC#, #F seres demonacos cu8a inteligncia / puramente instrumental+ totalmente
subordinada a metas egostas de poder e prazer+ e incapaz de responder ao dever-
I a ameaa da morte+ diz Mant
B%A
+ .ue faz irromper as caractersticas essenciais da moralidade- "iente do infinito valor oculto no indivduo+ a pessoa moralmente comprometida prefere sacrificar a prGpria vida a causar a morte de
um ser #umano inocente- , se as circunstVncias de sua vida seu destino fazem com .ue se8a seu dever proteger os outros+ ent(o ela sacrificarF a vida para cumprir esse dever- Mant escreve solenemente2 JDeverK 'eu nome
sublime e poderoso---J
B%?
4G a eSistncia de uma dimens(o superior W da eSistncia fsica comum dF sentido W eSperincia moral- Pois+ por .ue um indivduo sacrificaria a prGpria vida+ ou seus dese 8os e interesses+ se n(o estivesse de
alguma maneira conectado a algo .ue transcende esses dese8os e interesses+ .ue transcende toda a sua eSistncia JsensorialJR
B%A
0mmanuel Mant+ Cr:ti*a da 'azo $r2ti*a.
B%?
0b-+ p- E%-
,sse algo / o .ue Mant c#ama de #umanidade+ personalidade+ ou alma- ,le define essa personalidade superior como Jliberdade e independncia do mecanismo da naturezaJ- 9a eSperincia moral nGs JpostulamosJ n(o
con#ecemos cientificamente uma essncia livre ou alma .ue n(o pertence ao Jmundo dos sentidosJ+ mas a um Jmundo inteligvelJ= isto /+ um mundo .ue n(o percebemos diretamente com nossos cinco sentidos+ mas com o .ual
somos capazes de nos relacionar na eSperincia moral- I a dimens(o interior sagrada de nosso prGprio ser diante da .ual a atitude certa / a de reverncia- J! #omem+ sem dZvida+ / suficientemente profa noJ+ escreve Mant acerca da
personalidade comum .ue pertence ao mundo dos sentidos+ Jmas a #umanidade na pessoa deve ser-l#e sagradaJ-
B%E
B%E
0b-+ p- EB-
,mbora Mant enfatize a importVncia para a moralidade do postulado de um mundo superior+ JinteligvelJ+ sua linguagem sugere .ue a moralidade postula tamb/m um mundo inferior- 9o mundo inferior pro8etado+ a eSperincia
sensorial com a inteligncia instrumental .ue / subordinada Ws suas eSigncias eSiste independentemente de toda percep(o moral- 4e a eSperincia moral aponta para cima de nGs+ para dimens1es celestiais superiores+ tamb/m
aponta para baiSo para os reinos infernais de demTnios .ue ameaam dominar nosso mundo e se divertir com isso- 9a eSperincia moral+ tendemos a imaginar nosso envolvimento com dois mundos opostos+ duas dimens1es de
eSistncia+ dos .uais nosso mundo #umano misto+ intermediFrio / construdo- , o modo como ele / construdo depende de nGs-
,m JAnneJ+ Buffy tenta mais uma vez abandonar seu dever como caa-vampiros por causa da tremenda dor emocional .ue l#e tem causado- Assim+ ela deiSa de ser JBuffyJ e se torna Anne+ uma garonete mergul#a da na vida
urbana anTnima- A lGgica derradeira desse mundo n(o / a felicidade elusiva da Jvida comumJ+ mas a escravid(o- Buffy se v como cidad( de um inferno governado por medo e fora- 4G por meio do dever+ diz Mant+ ad.uirimos a
verdadeira liberdade .ue brota de nossa personalidade sagrada- Do contrFrio+ se tentarmos meramente satisfazer nossas necessidades e dese8os fsicos+ tornamo-nos escravos num submundo mecanicista fundado em cima de nossa
prGpria a.uiescncia covarde-
9esse mundo sombrio+ a personalidade superior / obliterada- Om guarda diz aos prisioneiros2 J;oc trabal#a+ e voc vive- I sG isso- 9(o reclama nem ri ou faz .ual.uer outra coisa al/m de trabal#ar- ! .ue voc pensava ou o
.ue voc era n(o importa- Agora voc n(o / nada- 4ignifica nadaJ- Uuando ele pergunta a um rapaz seu nome+ este diz2 JAaronJ+ e leva uma pancada+ caindo no c#(o- !s outros rapidamente aprendem a li(o+ .ue devem responder
Jningu/mJ .uando l#es perguntam o nome- Buffy se recusa a aceitar essa oblitera(o de sua personalidade essencial- "om o orgul#o e o senso de #umor recuperados+ .ue sempre acompan#am a autopercep(o+ Buffy responde2
J4ou Buffy+ a caa-vampiros- , voc /---RJ
"ontradi1es do mundo do meio
A vida #umana entre dois mundos tem uma natureza paradoSal- 4em nossos dese8os sensoriais e nossos apegos+ n(o podemos eSperimentar o dever- ! dese8o de desfrutar a plena eSperincia da vida sensorial / condi (o
essencial para evocar todo o pathos no .ual as necessidades do ego dos sentidos Ws vezes precisam ser sacrificadas em nome do dever-
BB%
Mant argumenta .ue a eSperincia moral eSige+ em Zltima instVncia+ .ue conciliemos essas
tendncias conflitantes e criemos uma esp/cie de paraso na terra+ no .ual as eSigncias dos sentidos se8am cumpridas com base em princpios morais- Devemos+ portanto+ ser seres plenamente encarnados para cumprir nosso dever
moral-
BB%
,m J! mundo moral da famlia 4impsonJ+ eu ilustro essa dinVmica em rela(o ao personagem de Lisa 4impsons- ;er Os Simpsons e a %iloso!ia, coletVnea de 6illiam 0r>in+ Mar5 '- "onard e Aeon <- 45oble XMadras ,ditora+
$%%*Y-
Mas por essa prGpria condi(o de moralidade+ somos constantemente tentados a imergir no mundo sensorial a nos tornar criaturas das trevas+ para as .uais a sensibilidade / a Znica realidade- Om modo de escapar Ws
demandas conflitantes do plano terrestre+ em BaC#, / algu/m abandonar sua alma e se tornar um vampiro- 'enta1es semel#antes de gratifica(o sensual e poder fsico levam tanto Angel .uanto 4pi5e por esse camin#o- ,n.uanto
Angel nunca retorna W esp/cie #umana+ ele alcana o status .ue Mant c#ama de Jser racionalJ+ .uando sua alma retorna W forma fsica de vampiro- 9o fim da seSta temporada+ 4pi5e tamb/m recupera a alma- Al/m disso+ todos os
membros da Langue do 4cooby+ eSceto Liles+ tm relacionamentos .ue os colocam numa liga(o ntima com foras demonacas- 4em o con#ecimento das trevas+ podemos verdadeiramente apreciar a luzR ! sol n(o / mais gostoso
no alvorecer .ue ao meio-diaR
,m J'#e 0nitiativeJ+ 4pi5e recebe um substituto para a alma na forma de um c#ip de computador .ue modifica o comportamento+ l#e impedindo de atacar diretamente #umanos- ,m J"rus#J+ Buffy descobre .ue sua irm( Da>n
tem uma paiSonite pelo *ool 4pi5e2 J,le / um assassino+ Da>n- ;oc n(o pode sentir-se atrada por algu/m assim--- morto+ mau e um vampiroJ- ,la amava Angel+ eSplica+ por.ue ele tin#a uma alma- Da>n replica2 J4pi5e tem um
c#ip- DF na mesmaJ- Mas n(o dF na mesma- A tecnologia puramente instrumental .ue trata os seres #umanos como coisas a serem usadas e controladas+ e n(o como Jfins em siJ com valor infinito+ n(o pode criar um verdadeiro
substituto para a alma-
% poder do trabal#o em e.uipe e do amor
"omo um paradigma da eSperincia moral+ Buffy n(o / uma super-#erona solitFria- ,la atrai 6illo> e ^ander+ .ue recon#ecem+ por meio dela+ as eSigncias do dever+ e se sentem enlevados e felizes com isso- ,m J'#e
NarvestJ+ Buffy diz a 6illo> e ^ander2 J;ocs n(o precisam se envolverJ- J"omo assimRJ+ pergunta ^ander- J4omos uma e.uipeK 9(o somosRJ J4imKJ+ diz 6illo>- J;oc / caadora+ e nGs+ tipo+ os caadoretesKJ
Buffy n(o poderia cumprir seu dever como uma #erona isolada- As tarefas envolvidas em salvar o mundo .ue confrontam o indivduo s(o gran des demais para serem feitas sG por uma pessoa- Ao entrar no universo
multidimensional pelo portal da coragem e do compromisso de Buffy+ outros tamb/m descobrem .ue tm um destino mel#or e #abilidades ocultas para cumprir esse destino- 9o fim de J'#e NarvestJ+ 6illo> pergunta2 J;encemosRJ
, Buffy responde+ em tom casual2 JBem+ nGs evitamos o apocalipse- Lan#amos pontos por issoJ- ^ander tenta compreender a importVncia de suas descobertas .ue mudam uma vida2 JOma coisa / certa2 nada serF como antesJ-
,sse tema culmina em JPrimevalJ- 9o simbolismo do taro+ 6illo> como ,sprito+ ^ander como "ora(o+ Liles como Mente e Buffy como M(o alcanam uma fus(o de essncia Xcomo ^ander eSplica a P#ilip em J"#ec5pointJY
.ue derrota Adam+ a cria(o aberrante da cincia puramente instrumental- A fus(o de almas / possvel graas ao respeito mZtuo e ao amor .ue con.uista a separa(o e o medo- A cincia a servio do poder governamental produz
uma distor(o superdemonaca das foras da natureza- Detal#e importante2 / 4pi5e .uem recon#ece essa suprema arma secreta da caa-vampiros+ e se alia a Adam para semear contenda entre o grupo dela- ,gotismo+ medo e
separa(o s(o o elemento natural do vampiro-
,Scesso de paraso
,n.uanto as cinco primeiras temporadas se concentram em ameaas das foras das trevas+ a seSta sugere .ue um eScesso de luz pode cegar-
,m JBargaining+ Part !neJ+ ^ander afirma os fatos da morte de Buffy+ como eles s(o vistos pela eSperincia sensorial2 J9Gs vimos o corpo dela+ 6ill- 9Gs o enterramosJ- 6illo>+ cu8o poder mFgico meSe com dimens1es
invisveis+ diz2 J! corpo dela+ sim- Mas a alma--- a essncia--- Uuero dizer+ isso poderia estar em outro lugar- ,la pode estar presa+ em algum tipo de dimens(o infernal+ como estava AngelJ-
A descida de Angel a um reino infernal era apropriada por causa de sua sensa(o de culpa e do dese8o de perd(o por sua vida como vampiro- Mas Buffy anseia por um c/u+ no .ual estaria livre dos fardos e das contradi1es do
dever- JA morte / a sua dFdivaJ+ diz seu Luia ,spiritual+ assumindo a aparncia da Primeira "aa-vampiros XJ0nterventionJY- ,m J'#e LiftJ+ Buffy atravessa o portal da morte+ simultaneamente cumprindo seu dever e se liber tando
dele- A morte de Buffy+ motivada pelo dever de caadora e pelo amor por Da>n+ acaba sendo uma dFdiva para ela mesma- I o seu portal para o c/u- , o c/u+ ou paraso+ / simplesmente a eSperincia direta de sua verda deira
identidade+ sua essncia+ sua alma+ livre das compleSidades da eSistncia fsica no mundo intermediFrio de nossa terra- ,m JAfter LifeJ+ Buffy descreve a eSperincia2 J,u estava feliz- Aonde .uer .ue eu fosse+ estava feliz- ,m paz-
4abia .ue todos os .ue eu amo estavam bem- ,u sabia- ! tempo n(o significava nada- 9ada tin#a forma- Mas eu ainda era eu mes ma+ entendemR , eu me sentia acol#ida+ amada e completa- 9(o entendo nada de teologia ou de
dimens1es+ mas ac#o .ue eu estava no c/uJ-
Buffy teve uma eSperincia direta de seu eu superior, sua verdadeira personalidade- 4eu Luia Xem J0nterventionJY tin#a-l#e dito2 J;oc estF c#eia de amor- Ama com toda a sua alma- I mais bril#ante .ue o fogo--- / cegan-te- I
por isso .ue voc se afastaJ- , o vislumbre dessa dimens(o superior do ser ntimo .ue motiva o dever moral- Mas a eSperincia de Buffy foi t(o marcante .ue+ .uando ela / arrastada de volta W eSistncia fsica por meio da magia de
6illo>+ tem a dificuldade oposta W .ue teve .uando assumiu pela primeira vez sua responsabilidade como caa-vampiros- Do apego eSa gerado W vida comum+ Buffy se tornou desapegada demais dessa mesma vida- "omparada W
vida superior+ a vida #umana+ com sua aliena(o entre corpos fsicos e vulnerabilidade W escurid(o+ agora parece uma descida ao inferno- J'udo a.ui / duro+ bril#ante e violentoJ+ ela diz em JAfter LifeJ- J'udo o .ue eu sinto+ tudo o
.ue eu toco- 0sto / o inferno+ viver o momento seguinte+ e depois o outro+ sabendo o .ue eu perdi-J
A morte n(o / mais uma ameaa+ mas uma promessa de liberta(o liberta(o do peso de seu dever e das contradi1es deste mundo- Para Buffy+ o e.uilbrio entre os mundos passou da.uele em .ue o Jmundo dos sentidosJ tem
a maior influncia para o do Jmundo inteligvelJ+ o mundo da alma+ .ue tem a fora dominante- 4e temos um dever a cumprir nesta vida+ / importante n(o sabermos da felicidade maior dos mundos superiores- 9o episGdio musical
revelador+ J!nce More+ >it# FeelingJ+ Buffy confessa .ue n(o tem o menor gosto pela vida neste mundo2 J'oda noite+ a mesma rotina= saio e luto- Ainda sinto essa estran#a aliena(o+ nada a.ui / real+ nada estF certoJ-
4G sua eSplosiva liga(o seSual com 4pi5e atia o fluSo vital de energia fsica .ue acaba possibilitando a Buffy cumprir seu dever+ embora a afaste dele temporariamente- ,m JDead '#ingsJ+ Buffy revela a 'ara seu medo de ter
Jvoltado de um 8eito erradoJ- 9o mesmo episGdio+ vemos Buffy novamente de p/ na sacada do '#e Bronze+ ol#ando para baiSo+ pesarosa+ e vendo as pessoas danando- 4G .ue dessa vez ela n(o se sente alienada da vida comum+
mas sim de seus compan#eiros praticando passos de dana para o casamento de ^ander e Anya- , n(o / Liles .uem estF ao lado dela+ insistindo para .ue cumpra seu dever+ mas 4pi5e+ .ue sussurra2 J,sse n(o / o seu mundo- ;oc
pertence Ws sombras comigoJ- As sombras nos atraem .uando a luz se torna forte demais-
I 8ustamente o senso de dever acima de tudo+ agora+ para consigo mesma .ue atrai Buffy para fora das sombras e de volta W luz de sua verdadeira identidade- ,m JAs Qou 6ereJ+ ela rompe com 4pi5e+ evocando o
mandamento central da moralidade+ .ue probe tratar a si prGprio ou aos outros+ segundo Mant+ como Jum meio para uso arbitrFrio por esta ou a.ue la vontadeJ- J,stou usando voc--- e isto estF me matando-J ,la percebe .ue ao usar
4pi5e e se deiSar ser usada por ele+ ela+ a caa-vampiros+ estF sendo atrada para a escurid(o do vampiro-
4eu amante soldado+ crist(o e fre.]entador da 0gre8a+
BBB
7iley+ lembra Buffy de .uem ela / de fato- ,m JA 9e> ManJ+ ele diz W professora 6als#+ de forma significativa2 J,la / a alma mais sincera .ue eu 8F con#e ciJ- ,m JAs
Qou 6ereJ+ ele diz a Buffy+ sugerindo a dial/tica da luz e das sombras2 JA roda nunca pFra de girar+ Buffy- , voc / uma mul#er e tan toJ- Buffy precisa lembrar-se continuamente de sua verdadeira natureza- ,la / Buffy+ a caa-
vampiros-
Buffy aprende a viver entre o c/u e o inferno- Mas se ela / uma mul#er e tanto+ assumindo aspectos de muitas dimens1es+ / por.ue n(o poderia ser de outro 8eito-
BBB
,m J6#o Are QouRJ+ Buffy pergunta a 7iley como ele reagiu t(o rFpido ao domnio demonaco de uma igre8a- 7iley responde2 J9(o reagi- I .ue eu c#eguei atrasado W igre8a-J
"on.uistando o demTnio interior
A seSta temporada tamb/m muda o enfo.ue das batal#as eSternas com as foras demonacas para as batal#as internas- A lin#a da a(o en volve o J'rioJ de 6arren+ <onat#an e Andre> como vFlvula de escape cTmica das lutas
interiores+ at/ .ue seu deboc#e leva W trag/dia- ,n.uanto Buffy+ tentando voltar da glGria celestial de seu verdadeiro eu, / cativada pelos mpetos de Stase seSual com 4pi5e+ 6illo> busca a alegria e a auto-oblitera(o gerada por
seu uso da magia sombria- J,u--- ela me tirou de mim mesma--- ,u estava fora de mimJ+ ela diz em J6rec5edJ+ lamentando o fato de .uase ter causado a morte de Da>n- ,la eSplica sua motiva(o2 J4e voc pudesse ser a simples e
vel#a 6illo> ou a super-6illo>+ .uem escol#eriaRJ+ pergunta a Buffy- Buffy responde2 J;oc n(o precisa de magia para ser especialJ-
,m JForeverJ+ 'ara eSplica a Da>n+ e indiretamente a 6illo>+ a /tica da magia2 JBruSas n(o tm a permiss(o de alterar as estruturas da vida por motivos egostas- !s >icca fizeram um 8uramento+ muito tempo atrFs+ de #onrar
essa /ticaJ- ! uso .ue 6illo> faz da magia+ por/m+ / parcialmente governado pelo compleSo de inferioridade e insegurana .ue ela eSpressou a Buffy no primeiro episGdio- ,la n(o acredita .ue pode ser amada+ por si mesma-
"omo o Mestre eSplicou a Buffy+ / o medo .ue dF poder aos demTnios- Por medo de perder o amor de 'ara+ 6illo> usa a magia para garanti-lo- Uuando usa a magia para controlar a pessoa por ela amada+ em vez de contar com o
respeito e a liberdade fundamental da personalidade superior+ 6illo> sG consegue repelir 'ara-
! teste do verdadeiro poder de 6illo> consiste em derrotar a fora demonaca interior do medo e egotismo .ue usurpa sua #umanidade intrnseca- ,la precisa encontrar o poder da alma interior .ue a faz verdadeiramente
especial- A princpio+ 6illo> luta contra a dor da abstinncia de suas indulgncias mFgicas- Mas todos esses esforos cessam .uando 'ara / acidentalmente morta por 6arren- ,m sua cGlera de vingana+ 6illo> se volta contra toda
a vida+ contra todo o mundo intermediFrio+ com suas contradi1es e sofrimentos-
,m J'>o to LoJ+ Buffy tenta eSpressar a recupera(o de seu amor pela vida terrena a 6illo>- Posteriormente+ Buffy eSplica a Da>n XJLra veJY sua nova vis(o de como pTde voltar a este mundo- 9(o foi por causa da magia de
6illo>+ impotente para trazer de volta 'ara- 9(o foram os deveres da caa-vampiros+ pois ela poderia ter sido substituda- Foi por causa da prGpria Da>n- JAs coisas tm sido ruins mesmo+ ultimamente+ mas tudo isso vai mudar+ e
eu .uero estar presente .uando acontecer- Uuero ver meus amigos felizes novamente- Uuero ver voc crescer .uero ver a mul#er .ue voc vai tornar-se- Por.ue essa mul#er vai ser bonita- , poderosa- ,u estava t(o errada- 9(o
.uero proteger voc do mundo- Uuero mostrar o mundo a voc- NF tanta coisa .ue eu .uero l#e mostrar-J Buffy promete um novo aman#ecer para Da>n-
Mas Da>n n(o engole nada disso+ culpando-se por todos os problemas de Buffy2 J;oc estF tentando me vender o mundoR--- ,ste mundoR Buffy+ estF falando comigoK ,u sei .ue voc estava mais feliz debaiSo da terra- A Znica
vez em .ue voc esteve em paz foi .uando morreu- At/ 6illo> trazer voc de voltaJ-
,m JLraveJ+ / ^ander ^ander o "ora(o+ o mais vel#o e sincero amigo de 6illo>+ .uem salva o mundo do poder demonaco liberado pelo medo de 6illo>- Uuando ela estF prestes a abrir os port1es do inferno+ ^ander apela
para sua essncia intrinsecamente amFvel2 J;oc / 6illo>J- 6illo> retruca2 J9(o me c#ame dissoJ- ,la re8eitou seu eu verdadeiro+ .ue identifica como uma JperdedoraJ XJ'>o to LoJY- Assim como no caso de Angel e 4pi5e+ o
medo e a frustra(o de 6illo> com a vida #umana comum a levam para o egotismo e as trevas+ .ue acabam levando W destrui(o do vulnerFvel mundo #umano-
BB$
BB$
A respeito das escol#as de 6illo>+ ver "aptulo B% deste livro-
! cora(o de ^ander / grande o suficiente para isso- J9o primeiro dia do 8ardim da infVncia+ voc c#orou por.ue tin#a .uebrado a.uele giz de cera amarelo e estava com medo de contar- "#egou longe--- a ponto de acabar com o
mundo- 9(o / uma no(o muito boa+ mas a verdade /--- sim+ eu amo a 6illo> .ue .uebrou o giz de cera e amo a 6illo> medrosa-J ,n.uanto 6illo> vai cortando ^ander em tiras+ por meio da magia+ ele repete2 J,u amo voc+
6illo>J+ at/ .ue ela+ em lFgrimas+ cai nos braos dele- "omo Liles eSplica mais tarde+ ^ander conseguiu atingir Ja centel#a de #umanidade .ue ainda sobrara nelaJ- ,ssa J#umanidadeJ ou JalmaJ+ como Mant diria+ / a dimens(o
superior do eu .ue enobrece a personalidade #umana normal e / a fonte de nosso sentido de dever moral-
9a se.]ncia final+ as cenas de 6illo> c#orando nos braos de ^ander+ en.uanto os outros se recuperam do desastre de sua fZria demonaca+ s(o acompan#adas pela voz de 4ara# McLac#lan cantando $ra"er o! St. %ran*is XA
ora(o de 4(o FranciscoY+ .ue inclui as palavras2 J!nde #ouver Gdio+ .ue eu leve o amor= onde #ouver ofensa+ .ue eu leve o perd(o= onde #ouver dZvida+ .ue eu leve a f/= onde #ouver desespero+ .ue eu leve a esperana= onde
#ouver trevas+ .ue eu leve a luzJ- 4(o Francisco de Assis+ como o seu compatriota Dante+ teria apreciado o universo multidimensional de BaC#, aprendendo com sua sensibilidade pGs-moderna a abenoar a prGpria escurid(o+ sem a
.ual a luz de um novo aman#ecer n(o seria possvel-
BB&
BB&
Muito obrigado W min#a colega "arolyn Morsmeyer por muitas contribui1es valiosas a este captulo+ e tamb/m a <im 6agner por suas sugest1es em seu ensaio+ JA garota da profeciaJ-
C
B655@ 2&i 7&8& & 5&c6)d&de, Ad&4 4&'& 7&8& di33ec&8, ed6c&;*+ e c+/(eci4e/'+ /& 73<4+de8/id&de!"
'oby Daspit
60LL!62 J0magens da cultura popJ- 0sso / bom- ,les
assistem a filmes+ s#o>s+ at/ comerciais- BOFFQ2 Para notaR 60LL!62 A faculdade n(o / legalR XJ'#e Fres#manJY
A transi(o de Buffy 4ummers para a vida na faculdade nada tem de JlegalJ Xn(o .ue a escola fosse particularmente fFcil para elaKY- 9o primei ro episGdio da .uarta temporada+ J'#e Fres#manJ+ Buffy se defronta com muitas
coisas .ue a fazem se sentir deslocada na Oniversidade da "alifGrnia+ em 4unnydale2 Xn(o necessariamente nesta ordemY ela / eSpulsa de uma aula de J0magens da cultura popJ= sente-se sufocada pelo taman#o da bi blioteca e pelo
clima acadmico em geral= tem um encontro nada animador com sua nova colega de .uarto+ Mat#y= con#ece a auto-intitulada JMonstro Maligno da MorteJ+ a professora Maggie 6als#= e enfrenta uma poderosa vampira+ 4unday+
.ue l#e dF uma bela surra- ,la acaba cumprindo seu dever sagrado e mata 4unday e seus vassalos XeSceto um+ .ue / captu rado pelo .ue mais tarde se revela um grupo de soldados da 0niciativaY+ sentindo-se temporariamente mais
confortFvel em seu novo ambiente acadmico-
BB*
Apesar da afirma(o de Buffy+ no fim do episGdio+ de .ue a faculdade estF Jse tornando muito parecida com a escola--- pelo menos eu sei o .ue esperarJ+ a mudana no ambiente
educacional e a introdu(o da 0niciativa Xprevista em J'#e Fres#manJ e desenvolvida no decorrer da temporadaY iluminam os componentes e tens1es essenciais do atual perodo #istGrico .ue foi denominado de JpGs-
modernidadeJ+
BB@
.ue por defini(o nada tem de previsvel-
BB*
9uma ruptura simbGlica com seu passado escolar+ Buffy mata 4unday apGs esta ter .uebrado o prmio de Protetora da "lasse+ dado a Buffy em J'#e PromJ-
BB@
De acordo com 'erry ,agleton+ JA palavra pDs-modernismo geralmente se refere a uma forma de cultura contemporVnea+ en.uanto o termo pDs-modernidade alude a um perodo #istGrico especfico-J ;er sua obra The
Illusions o! $ostmodernism X!Sford2 Blac5>ell+ BEECY+ p- ;00- !s termos pGs-modernidade+ pGs-modernismo e pGs-moderno ser(o usados como sinTnimos-
PGs-modernidade e a atra(o do vampiro Xou da caa-vampirosY
Definir pGs-modernidade n(o / uma tarefa fFcil+ e a natureza ambgua do pGs-modernismo garante mZltiplas interpreta1es- Patric5 4lattery+ por eSemplo+ identifica onze modos diferentes de definir o pGs-modernismo+ e indica
.ue essa lista n(o / eSaustiva-
BBC
Ao conteStualizar a pGs-modernidade+ 6illiam Doll <r- oferece uma vis(o geral do pensamento #umano .ue identifica dois importantes movimentos intelectuais anteriores+ ou JmegaparadigmasJ- !
mundo pr/-moderno se caracterizava pela crena em Juma #armonia cosmolGgica .ue inclua um sentido ecolGgico+ epistemolGgico e metafsico de e.uilbrio ou propor(oJ e Jcobre o perodo de tempo entre a #istGria ocidental
registrada e as revolu1es cientficas e industriais dos s/culos ^;00 e ^;000J- ,ssa vis(o pr/-moderna do mun do foi Jlentamente substituda por uma nova cosmologia matemFtica e mecanicista uma cosmologia cientficaJ+ .ue
passou a caracterizar a modernidade X7en/ Descartes e 0saac 9e>ton s(o os dois pensadores .ue mel#or representam a modernidade+ segundo DollY-
BBA
BBC
Patric5 4lattery+ Curri*ulum )e(elopment in the $ostmodern 0ra X9ova Qor52 Larland+ BEE@Y+ p- B@-BC-
BBA
6illiam ,- Doll <r-+ 4 $ost-<odern $erspe*ti(e on Curri*ulum X9ova Qor52 'eac#ers_ "ollege Press+ BEE&Y+ p- BE-$$-
Localizar precisamente as JorigensJ da pGs-modernidade tamb/m / difcil+ pois tais megaparadigmas se desenvolvem durante longos perodos de tempo- 9o entanto+ 4lattery observa .ue vFrias datas 8F foram propostas
XB?A@+BEB*+BE*@ou BEC%+ por eSemploY- ! trao essencial da pGs-modernidade+ particularmente no mundo ocidental+ ele argumenta+ / um Jrepensar XemY algumas crenas e estruturas muito sagradas firmemente arraigadas na
conscincia #umana durante pelo menos os Zltimos .uin#entos anosJ-
BB?
'alvez uma das mais completas descri1es da pGs-modernidade+ pelo menos para o propGsito deste captulo+ ven#a de ,agleton2
BB?
4lattery+ p- BC-BA-
A pGs-modernidade / um estilo de pensamento .ue suspeita das no1es clFssicas de verdade+ raz(o+ identidade e ob8etividade+ da id/ia de progresso universal ou emancipa(o+ de estruturas Znicas+ narrativas grandio sas ou bases
fundamentais de eSplica(o- "ontrFria a essas normas iluministas+ ela v o mundo como contingente+ infundado+ diverso+ instFvel+ indeterminado+ um con8unto de culturas desunidas ou interpreta1es .ue geram um grau de
ceticismo acerca da ob8etividade da verdade+ da #istGria e das normas+ das tendncias das naturezas e da coerncia das identidades-
BBE
BBE
,agleton+ p- ;00-
,m outras palavras+ a pGs-modernidade desafia muitas pressuposi1es da mente ocidental clFssica-
Ba"; ilumina muitos desses desafios+ particularmente no .ue diz respeito ao con#ecimento XepistemologiaY+ e oferece algumas alternativas aos perigos inerentes aos pontos de vista educacionais modernistas- Oma das
caractersticas pGs-modernas mais proeminentes em BaC# / a anFlise dos perigos potenciais da raz(o e da cincia+ suas eSplora1es da natureza ambgua+ caGtica da realidade e da identidade+ e sua proposta de possibili dades para
constru(o de con#ecimentos .ue re8eitam as tentativas modernistas de canalizar e controlar o aprendizado-
BaC# eSiste num ambiente cultural da virada do milnio+ .ue pulula com tens1es inerentes a tais mudanas de megaparadigmas- , embora a s/rie certamente enfo.ue mais do .ue apenas vampiros+ ela utiliza Xe esten deY
aspectos desse tipo de JmonstroJ a ponto de ser considerada como JteSto a respeito de vampirosJ- ;erTnica Nollinger observa .ue Jalguns teStos acerca de vampiros _refletem_ aspectos dessa peculiar condi(o #u mana .ue passou a
ser denominada _pGs-moderna_J+ e .ue+ segundo ela+ J/ um dos mais produtivos e desafiadores paradigmas por meio dos .uais a realidade ocidental contemporVnea estF sendo conceituadaJ-
B$%
!bservando .ue Jdeterminadas
fronteiras antes sacrossantas polticas+ filosGficas+ conceituais+ /ticas e est/ticas tendem a se tornar problematizadasJ na pGs-modernidade+ Nollinger eSplica .ue2
B$%
;erTnica Nolllinger+ JFantasies of Absence2 '#e Postmodern ;ampireJ+ em Blood 'ead The #ampire as <etaphor in Contemporar" Culture, editado por <oan Lordon e ;erTnica Nollinger XFilad/lfia2 Oniversity of
Pennsylvania Press+ BEEAY+ p- BEE-
,ssa derrubada de fronteiras a8uda a eSplicar por .ue o vampiro / um monstro-da-escol#a atualmente+ uma vez .ue ele / inerentemente uma figura anticonstrutiva2 o monstro .ue era #umano= o morto-vivo .ue era vivo= / o
monstro .ue se pare*e *onos*o. Por esse motivo+ a figura do vampiro sempre tem o potencial de comprometer as distin1es convencionais entre #umano e monstro+ entre vida e morte+ entre nGs mesmos e os outros- !l#amos para o
espel#o oferecido pelo vampiro e vemos uma vers(o de nGs mesmos- !u+ mais corretamente+ se nos lembrarmos da ortodoSia segundo a .ual os vampiros n(o se refletem no espel#o+ ol#amos para o espel#o e nada vemos eL*eto nGs
mesmos-
B$B
B$B
0b-+ p- $%B-
e medida .ue Buffy se esfora para ver sentido na vida depois da escola+ os telespectadores s(o convidados a testemun#ar a dissonVncia tra dicional da troca de vis1es acerca do con#ecimento e da educa(o+ e a ver a si prGprios
no terreno em desenvolvimento da pGs-modernidade-
! lobo da cincia e a tirania da raz(o
BOFFQ2 Desde .ue fizemos a.uele encantamento em .ue invocamos a Primeira "aa-vampiros+ ten#o sado bastante+ todas as noites-
L0L,42 Patrul#andoR
BOFFQ2 "aando- XJBuffy (s. DrFculaJY
Desde Plat(o e de uma tradi(o .ue se estendeu por toda a era clFssica+ o con#ecimento / uma caada- 4aber / sentenciar W morte--- 4aber / matar+ contar com a mor te--- A raz(o dos mais fortes / a raz(o por si. ! #omem
ocidental Zsi*[ / um lobo da cincia- XMic#el 4erresY
B$$
B$$
,m <ac.ues Daignault+ J'races at 6or5 form Different PlacesJ+ em Mnderstanding Curri*ulum as $henomenologi*al and )e*onstru*ted TeLt, editado por 6illiam F- Pinar e 6illiam M- 7eynolds X9ova Qor52 'eac#ers_
"ollege Press+ BEE$Y+ p- BE?-
,Splorando aspectos da filosofia de Leorg 6il#elm Frederic# Negel+ '#elma Lavine eSplica a fun(o .ue o JdomnioJ de um JoutroJ teve tanto no pensamento pr/-modernista .uanto no modernista2
9Gs somos seres--- cu8a meta / o domnio--- essas a1es dominantes Xs(oY os eSemplos do princpio da nega(o+ agindo em todo o pensamento #umano--- o mesmo princ pio de nega(o age no su8eito #umano+ produzindo a rela-
(o do su8eito com todos os ob8etos por meio da vontade do domnio--- o princpio de nega(o e morte age na rela(o caracterstica do eu com os ob8etos+ em seu dese8o de negF-los+ superF-los de uma forma ou de outra+ destru-los+
incorporF-los+ cancelF-los da eSistncia-
B$&
B$&
'#elma `- Lavine+ %rom SD*rates to Sartre The $hilosophi* -uest X9ova Qor5- Bantam+ BE?*Y+ p- $$%-
,sse princpio de domnio+ de nega(o+ do dese8o de sa&er, manifesta-se na .uarta temporada+ principalmente por meio da introdu(o da 0niciativa+ o programa secreto mantido pelos militares americanos+ cu8o suposto ob8etivo /
remover a ameaa demonaca por meio de pes.uisa e reabilita(o- 4abendo a JverdadeiraJ natureza dos demTnios+ a meta da 0niciativa parece ser a de JresolverJ o problema com essas criaturas+ refletindo a f/ do modernismo na
#abilidade da cincia e da raz(o para remediar todos os males-
,m JDoomedJ+ Buffy comea a compreender o envolvimento de 7iley Xe da professora 6als#Y com a 0niciativa+ e o propGsito do grupo em 4unnydale2
BOFFQ2 ;oc faz parte de um gigantesco es.uadr(o militar .ue captura demTnios+ vampiros+ e provavelmente usa algum eufemismo para eles--- como JinamistososJ ou Anon-sapiensA...
70L,Q2 --- 4ubterrestres Nostis---
BOFFQ2 4e8a o .ue for--- ent(o vocs entregam esses 4N a um grupo de caras num laboratGrio+ .ue fazem eSperincias neles e+ entre outras coisas+ os transformam em coel#in#os inofensivos- "omo estou indoR
70L,Q2 Om pouco bem demais-
Maggie 6als# eSplica a Buffy a diferena entre a abordagem da 0niciativa e a da caadora2
MALL0,2 9ossas metas s(o semel#antes- Ambas estamos interessadas em reduzir a ameaa subterrestre- 4(o apenas os nossos m/todos .ue diferem- Osamos o .ue #F de mais novo em tecnologia cientfica armamental e voc+ se
entendo bem+ os espeta com uma estaca afiada-
BOFFQ2 I mais eficaz do .ue parece-
7ealmente+ como eSploraremos adiante+ a abordagem epistemolGgica de Buffy encarna princpios pGs-modernos+ en.uanto a 0niciativa se apega a dese8os modernistas de dominar e controlar+ mesmo .ue o ob8etivo de JreduzirJ a
atividade demonaca nociva parea semel#ante ao de Buffy-
Uuando o poeta romVntico 6illiam 6ords>ort# escreveu+ em J'#e 'ables 'urnedJ+ J9osso intelecto interferente3Distorce as belas formas das coisas=3Matamos para dissecarJ+ ele sem dZvida n(o podia prever os eS cessos .ue a
tentativa #umana de compreender e controlar a JnaturezaJ traria- ,ssa vontade de dominar / predominante em Adam+ .ue dF uma defini(o de si mesmo em JLoodbye 0o>aJ2 J,u sou um demonGide biomecVnico+ cinematicamente
redundante- Pro8etado por Maggie 6als#J- De fato+ ao criar seu monstro de Fran5enstein com partes demonacas+ #umanas e mecVnicas+ 6als# eSemplifica o reducionismo modernista ao .ual alude 6ords>ort#- !u se8a+ ao
JdissecarJ demTnios e depois 8untar partes como se estivesse montando um .uebra-cabea+ ela acredita .ue a cincia n(o sG pode entender mel#or a realidade+ mas ainda superF-la- 6als# e os JPoderes ,SistentesJ por trFs da
0niciativa .uerem Adam como um protGtipo de uma tropa de supersoldados-
As metas da 0niciativa n(o s(o relevantes em muitos aspectos+ como eSplica 7iley numa crtica mordaz W /tica modernista2 J,la fez voc por3ue ela / uma cientistaJ- 0sto /+ a vontade de dominar+ intrnseca na investiga(o
cientfica modernista+ / em si perigosa- Adam simplesmente personifica esse perigo- A primeira apari(o de Adam / no fim de J'#e 0 in 'eamJ+ .uando ele mata sua criadora+ Maggie 6als#- A prGSima cena importante para Adam+
em JLoodbye 0o>aJ+ e numa #omenagem ao filme de BE&B+ Fran5enstein+ envolve um encontro com 8ovem garoto- Mais tarde+ descobre-se .ue Adam n(o sG matou o garoto+ mas tamb/m o mutilou= ou mais eSatamente+ dissecou-o+
numa tentativa de compreender n(o sG como funciona o corpo+ mas tamb/m o mundo+ e finalmente ele prGprio- Adam eSplica a Buffy+ 7iley e ^ander2 J'en#o pensado no mundo- ,u .ueria v-lo+ aprender acerca dele- ;i o interior
da.uele garoto+ e era lindo--- agora .uero aprender a respeito de mim- Por .ue eu sinto- ! .ue eu souJ-
0dentidade pGs-moderna e ambig]idade
ADAM2 ! .ue eu souR XJLoodbye 0o>aJY
70L,Q2 Xa BuffyY Uuem / vocR XJLoodbye 0o>aJY
A filosofia ocidental sempre se ocupou da busca pelo autntico JeuJ 7sel!8 para responder W pergunta2 JUuem sou euRJ 9a busca de Descartes por um primeiro princpio sobre o .ual construir uma filosofia unificada+ ele conclui
.ue eSiste por.ue / um ser pensante+ racional Xou se8a+ *oggito ergo sum, JPenso= logo+ eSistoJY- ,m seguida+ ele segue para JforaJ+ a partir desse eu descoberto para JprovarJ a eSistncia de Deus e+ por Zltimo+ do resto do mundo-
B$*
Ao encontrar sua eSistncia primFria na mente+ Descartes introduz o .ue ficaria con#ecido como a divis(o cartesiana entre a mente e o corpo Xou se8a+ a mente eSiste independente do corpo e do restante do mundo materialY- ,la
pode+ no entanto+ ser enganada pelos sentidos+ pelo Jsub8etivoJ o Znico modo de apreender a realidade Job8etivaJ / por interm/dio da meticulosa aplica(o de JregrasJ racionais- Al/m dis so+ no m/todo de Descartes para
investiga(o filosGfica+ eSiste a pressuposi(o de uma realidade eSterna determinada por um Deus racional+ geom/trico e n(o enganador+ 8amais afetado por nossas rumina1es e atividades pessoais- ,ssa separa(o categGrica
entre o eSterno e o pessoal--- faz parte do legado de Descartes ao modernismo--- A natureza--- se torna um ob8eto a ser manipulado pela Jraz(oJ- --- Descartes deiSou para o pensamento modernista um m/todo para descobrir um
mundo pr/-eSistente+ n(o um m/todo para lidar com um mundo evolucionFrio+ emergente-
B$@
B$*
,m J,ars#otJ+ !z faz referncia a Descartes+ dizendo+ apGs Buffy ad.uirir a capacidade de ler mentes2 J,u sou meus pensamentos--- se eles eSistirem nela+ Buffy cont/m tudo o .ue eu sou+ e ela se transforma em mim- ,u
deiSo de eSistir- Nmmm--- ningu/m mais eSiste- Buffy / todos nGs- Pensamos= logo+ ela eSiste---J _
$@
Doll+p- &B-&$-
A primeira vista+ o universo Buffy pode parecer o universo fec#ado previsto por Descartes+ no .ual a batal#a entre o Bem e o Mal / travada em mundos predeterminados+ naturais e sobrenaturais+ governados por leis prG prias+ e
con#ecvel por meio de profecias Xou se8a+ tudo o .ue precisa ser con#ecido pode ser descoberto+ uma vez .ue o con#ecimento 8F eSiste+ principalmente em variados teStos .ue necessitam de treinamento especfi co para serem
decifrados+ para serem *onhe*idos8. As estruturas institucionais .ue BaC# inicialmente estabelece+ uma caa-vampiros sob a tutela de um !bservador X.ue tamb/m se encontra sob a tutela de um Grg(o governante+ o "onsel#o dos
!bservadoresY e.uipado com acesso aparentemente infinito a antigos teStos3con#ecimentos+ apoiam uma interpreta(o modernista- !bservemos especialmente nas primeiras temporadas a fre .]ncia com .ue Liles consulta seus
livros para encontrar JrespostasJ-
9o entanto+ BaC# constantemente complica essa interpreta(o simplista- 9a verdade+ a primeira cena da s/rie Xe .ue <oss 6#edon comenta no D;D da primeira temporadaY introduz o significado pGs-moderno de ambig]idade-
9essa cena+ os telespectadores s(o levados a crer .ue se desenrolarF uma cena de terror tpica2 uma aparentemente ingnua 8ovem loira / atrada at/ a escola de 4unnydale por um rapaz- "laro .ue a Jing nuaJ garota / Daria+ uma
vampira .ue rapidamente frustra as eSpectativas+ mostrando-se ser a assassina+ n(o a presa-
! nZmero de eSemplos em .ue Buffy e a Langue do 4cooby frustram o desenrolar esperado de alguma ameaa ou profecia demonaca+ uma teleologia em termos filosGficos+ / grande demais para mencionarmos a.ui- Om
eSemplo+ em JProp#ecy LirlJ+ / .uando o significado literal de uma profecia / cumprido XBuffy morre mesmo8, mas o JplanoJ geral+ ou a metanarrativa+ n(o alcana os fins dese8ados da ascens(o do Mestre- ! futuro no universo
Buffy /+ de fato+ um+ como Doll observava anteriormente como um componente negligenciado do modernismo+ .ue / Jemergente XeY evolucionFrioJ-
Al/m disso+ as identidades dos personagens em Ba"; s(o constantemente obscuras- 7aramente uma pessoa / o .ue parece ser+ ou at/ o .ue os outros pensam .ue ela /- !s personagens dificilmente podem ser defi nidos pelo
binFrio modernista de Bem e Mal= em vez disso+ eles s(o compleSos e suas a1es+ ambguas- A identidade nunca / fiSa+ e a busca modernista pelo eu autntico+ ou essencial+ geralmente se revela ser a ilus(o combatida pelo pGs-
modernismo- ! eu, apesar das tentativas de compreender a JverdadeiraJ natureza pessoal Xver a tentativa de Buffy de compreender seu lado JnegroJ apGs o encontro com DrFcula em JBuffy (s. DraculaJY / contingente+ mZltiplo+ e
estF perpetuamente em fluSo- 'rs episGdios contnuos na .uarta temporada+ J'#is Qear_s LirlJ+ J6#o Are QouRJ Xno .ual Fait# consegue trocar de corpo com BuffyY e J4uperstarJ Xem .ue <onat#an assume o papel de um #erGi
famoso+ com tudo girando ao redor deleY+ s(o eSemplos gritantes do modo como a pGs-modernidade desafia n(o sG a identidade unitFria+ mas tamb/m uma estrutura fiSa para a realidade-
B$C
B$C
Agradeo a Lee Papa por me mostrar .ue J4uperstarJ / um eSemplar teSto pGs-moderno-
Ba"; eSibe um Jdiverso e misto universo+ no .ual mZltiplos e mutFveis regimes de con#ecimento se aliam a mZltiplos e mutFveis domnios /ticos-J
B$A
,sses s(o os con#ecimentos pGs-modernos .ue a.ueles .ue cercam Buffy
recon#ecem+ cedo ou tarde- Buffy tamb/m passa por um processo pessoal de recon#ecer a natureza multifacetada da realidade em seu relacionamento com Angel Xela diz a Liles em J7eptile BoyJ+ J9(o+ ac#o .ue voc n(o sabe
como /--- matar vampiros com estaca en.uanto voc tem um sentimento estran#o por um delesJY+ mais adiante da seSta temporada em suas aventuras seSuais com 4pi5e+ e com as dZvidas a respeito de sua ressurrei(o-
B$A
Brian 6all e Mic#ael `ryd+ J;ampire Dialectics2 Mno>ledge+ 0nstitutions+ and LaborJ+ em 'eading the #ampire Sla"er 4n Mno!!i*ial Companion to Bu!!" and 4ngel, editado por 7oz Maveney XLondres2 'auris Par5e+ $%%BY+
p- C$-
'alvez se8a 7iley .uem mais claramente passa por essa transforma(o+ enfrentando uma crise de identidade+ .uando ele lentamente comea a entender .ue as coisas raramente s(o preto no branco no universo Buffy+ .ue alguns
demTnios n(o s(o maus+ e .ue o mundo racional a ele doutrinado pela 0niciativa / muito mais compleSo- ,m JLoodbye 0o>aJ+ ele articula sucintamente o .ue muitos identificam como a crise pGs-moderna2 J,u ac#ei .ue sabia---
mas n(o sei- 9(o sei nadaJ- Muitos crticos W pGs-modernidade temem .ue essa incerteza se aproSime do relativismo+ ou talvez de forma ainda mais abominFvel do niilismo- ,ntretanto+ Ba"; revela .ue a falta da ;erdade absoluta
pode realmente ser construtiva+ se for enfatizada uma abordagem pGs-moderna ao con#ecimento e W educa(o .ue pode ser essencial para a sobrevivncia no novo milnio-
Possibilidades da educa(o pGs-moderna2 al/m do controle
6,4L,Q2 9a verdade+ 8F enfrentei dois vampiros sob
circunstVncias controladas+ claro- L0L,42 Bem+ a.ui n(o #F perigo de voc encontrar isso- 6,4L,Q2 ;ampirosR L0L,42 "ircunstVncias controladas- XJBad LirlsJY
!s filGsofos educacionais+ talvez considerando o lembrete de Mar5 '>ain de .ue nunca devemos deiSar .ue a escola atrapal#e a educa(o+ n(o #esitam em observar .ue a escola / uma atividade institucional .ue alega educar+
mas na verdade costuma servir a outros propGsitos+ como parte de um currculo aberto Xcom ob8etivos e conteZdos eSplcitosY ou Jocul toJ Xcoisas .ue as escolas JensinamJ+ ou reproduzem+ sem declarar eSpressamente+ tais como
racismo+ discrimina(o seSual+ predominVncia #eterosseSual+ competi(o+ obedincia W autoridade+ etcY- 6illiam Doll identifica um JfantasmaJ W espreita na #istGria da educa(o escolar ocidental2 controle-
B$?
!u se8a+ a educa(o
escolar+ em nome da eficincia e do progresso+ tenta oferecer JcircunstVncias controladasJ para supostamente maSimizar o aprendizado+ ou pelo menos criar indivduos dGceis .ue acei tem a autoridade institucional- 'oda criana em
idade escolar estF acostumada com uma mirade de maneiras pelas .uais a institui(o pretende controlar o aprendizado dos planos de aula e nomes nas carteiras a nveis graduados e testes padronizados-
B$?
6illiam ,- Doll <r- J"urriculum and "oncepts of "ontrolJ+ em Curri*ulum Toward Jew ldentities, editado por 6illiam F- Pinar X9ova Qor52 Larland+ BEE?Y+ p- $E@-&$&-
A maior parte do .ue vemos na educa(o escolar modernista+ prFticas comuns ainda #o8e+ / parecida com o .ue Paulo Freire c#ama de Jmodelo bancFrioJ de educa(o2
! conceito bancFrio de educa(o X/Y o ato de depositar+ no .ual os alunos s(o os depositGrios e o professor / .uem deposita--- em vez de comunicar+ o professor emite co municados e faz depGsitos .ue os alunos pacientemente
recebem+ memorizam e repetem--- Baseado numa vis(o mecanicista+ estFtica+ naturalista+ espacial da conscincia+ ele transforma os estudantes em receptFculos- 'enta controlar o pensamento e a a(o+ leva os #omens Zsi*[ a se
a8ustarem ao mundo+ e inibe seu poder criativo-
B$E
>CQ
Paulo Freire Xedi(o em inglsY+ $edagog" o!the Oppressed X9ova Qor52 Nerder and Nerder+ BEA%Y+ p- C*-CC
As poucas salas de aula em BaC# mostradas aos telespectadores Xna O" 4unnydale+ uma breve cena em classe de J0magens da cultura popularJ aparece em J'#e Fres#manJ+ e algumas cenas do curso de J0ntrodu(o W
PsicologiaJ da professora 6als# s(o mostradas na primeira metade da .uarta temporadaY reforam o conceito de Freire do modelo bancFrio- 9o curso do professor 7iegert acerca de cultura popular+ a autoridade in.uestionFvel estF
claramente presente2
P7!F- 7,0L,7'2 ! ob8etivo deste curso n(o / criticar a cultura popular americana- 9(o / menosprezF-la ou tratF-la como coisa inferior- , tamb/m n(o / assistir a vdeos para gan#ar nota- ! ob8etivo / eSaminar---
BOFFQ2 Xsussurra para uma colega ao seu ladoY ;oc sabe se esta classe ainda tem vagaR
P7!F- 7,0L,7'2 , #F duas pessoas falando ao mesmo tempo+ e sei .ue uma delas sou eu- , a outra /--- uma garota loira- ;oc+ garota loira- Fi.ue de p/- ,stou muito curioso para saber o .ue voc tem a dizer .ue merea
interromper min#a aula-
BOFFQ2 ,O 4c estava perguntando se ainda #F vagas+ se eu poderia me inscrever-
P7!F- 7,0L,7'2 4e o seu nome n(o estF nesta fol#a+ ent(o voc estF fazendo todo mundo perder tempo- ;oc estF na fol#aR
BOFFQ2 ,les me disseram .ue se eu---
P7!F- 7,0L,7'2 ;oc entendeuR ,stF sugando a energia de todos nesta sala- ,les vieram a.ui para aprender- 4aiaK
BOFFQ2 ,O n(o pretendia sugar nada-
P7!F- 7,0L,7'2 4aiaK
! primeiro encontro de Buffy com Maggie 6als# em seu curso J0n trodu(o W PsicologiaJ tamb/m refora o .ue se c#ama de pedagogia de Jtransmiss(oJ+ um marco da educa(o modernista- ! con#ecimento+ no conteSto do
ambiente de sala de aula institucional+ / possudo pelo professor+ cu8o trabal#o / transmitir esse con#ecimento aos estudantes passivos+ geralmente por meio de palestras2
P7!F,44!7A 6AL4N2 Bem+ esta aula / a Psicologia B%@+ J0ntrodu(o W PsicologiaJ- 4ou a professora 6als#- A.ueles entre vocs .ue carem em mi n#as boas graas me con#ecer(o como Maggie- !s .ue n(o carem me
con#ecer(o pelo nome .ue alguns me deram+ e pensam .ue eu n(o sei+ de JMonstro Maligno da MorteJ- 9(o se enganem+ min#a aula / difcil+ eu passo muito trabal#o+ falo depressa e espero .ue vocs acompan#em-
9ovamente+ a autoridade n(o pode ser .uestionada+ e na maioria das aulas de Maggie 6als# Xpelo menos as mostradasY o papel dos alunos / relegado a tomar notas+ com uma ocasional sess(o de perguntas e respos tas ou
demonstra(o-
9a verdade+ embora BaC# ten#a usado as institui1es educacionais como seu cenFrio primFrio X4unnydale Nig# 4c#ool antes da O" 4unnydaleY+ a relativa raridade de estarmos+ de fato+ no interior de uma sala de aula talvez n(o
se8a acidental- 0sto /+ o tipo de con#ecimento necessFrio para a sobrevivncia sobre a Boca do 0nferno n(o / descoberto Xpara usar a ter minologia modernistaY ou criado Xum trao essencial do con#ecimento pGs-moderno / .ue este /
socialmente construdoY+ de acordo com um modelo bancFrio- ,m vez disso+ outros modelos de con#ecimento e educa(o s(o eSplorados-
9a escola de 4unnydale+ o cenFrio mais comum para BaC# era a biblioteca Xlocalizada em cima da Boca do 0nfernoY+ .ue+ embora institucional+ / subvertida por Liles X.ue de alguma forma encontra espao para os seus
mZltiplos teStos de referncia e armas+ al/m de espao para JtreinarJ BuffyY e pela Langue do 4cooby+ .ue fazem reuni1es e sess1es de pes.uisa nela Xna .uarta temporada+ a casa de Liles toma o lugar da biblioteca+ .ue / destruda
com o resto da escola em JLraduation Day+ Part '>oJ+ e na .uinta e seSta temporadas+ a "aiSa MFgica XMagic BoSY serve como lugar para encontroY- Mas s(o as a1es dos personagens dentro da biblioteca .ue acenam para as
possibilidades pGs-modernas de educa(o- "omo observam 6all e `ryd+ em BaC# o Jcon#ecimento / o produto da labuta e+ semel#ante a tudo o mais na s/rie+ n(o / _mFgico_- 0sto /+ o con#ecimento resulta do tra&alho, da pes.uisa
e da eSperincia coletiva dos personagensbB&%
B&%
6all e `ryd+ p- @*-
A JeSperincia coletiva dos personagensJ se torna cada vez mais importante em BaC#, apesar dos momentos em .ue Buffy se torna alienada do grupo- ,ssa vis(o coletiva e relacionai pGs-moderna de con#ecimento3educa(o /
ilustrada com maior desta.ue em JPrimevalJ+ .uando 6illo>+ ^ander e Liles se unem magicamente a Buffy para derrotar Adam- ,ssa vis(o relacionai Xn(o-#ierFr.uicaY de con#ecimento3educa(o como processo e cria(o+ em vez
de m/todo e descoberta+ tamb/m se reproduz no relacionamento de Buffy com Liles- !utras caa-vampiros+ mais notadamente Mendra+ fazem as coisas Jseguindo as regrasJ+ imitando a acei ta(o modernista de autoridade e a
transmiss(o de con#ecimento- ,ntretanto+ Buffy e Liles desenvolvem uma dinVmica pGs-moderna+ mais fludica2
"onsidere a narrativa do relacionamento de Buffy com Liles+ seu J!bservadorJ- 0mediatamente+ esse ttulo parece marcado de valores de supervis(o e #ierar.uia como se a caa-vampiros+ a ,scol#ida+ fosse pou co mais do
.ue uma trabal#adora ressentida+ numa lin#a de montagem--- A autenticidade do relacionamento Xde LilesY com Buffy aparentemente baseada em confiana e respeito mZtuos tamb/m inclui uma idealiza(o do relacionamento
professor3aluno--- 'anto Bu!!" .uanto Buffy sabem .ue o con#ecimento sempre traz interesses+ assim o relacionamento Liles3Buffy professor3aluno estF em constante conflito com as for mas institucionalmente vFlidas de produ(o
de con#ecimento-
B&B
B&B
0b- p- AB-A&
Buffy e Liles Xbem como a Langue do 4coobyY oferecem uma alternativa ao modelo bancFrio de Freire+ e refletem o credo educacional pGs-moderno de 6illiam Doll2
9um relacionamento refletido entre professor e aluno+ o professor--- pede ao aluno--- .ue se 8unte a ele na investiga(o+ na.uilo .ue o aluno estF eSperimentando- ! professor concorda em a8udar o aluno a entender o significado
do consel#o dado+ em ser imediatamente confrontado pelo aluno+ e trabal#ar com o aluno na refleS(o da compreens(o tFcita de cada um-
B&$
,mbora a pergunta acerca de a edu*ao pGs-moderna poder ocorrer em es*olas criadas de acordo com as ideologias modernistas permanea sem resposta+ BaC# certamente oferece intrigantes possibilidades para modelos de
con#ecimento3educa(o .ue representam mais efetivamente a dinVmica de um mundo ainda em evolu(o+ ainda emergente um mundo pGs-moderno-
B&$
Doll+ $ost-<odern $erspe*ti(e on Curri*ulum, p- BC%-
D=
EMe6 De63, 0 c+4+ 64& '8&>0di& >8e>&E, Fi))+G R+3e/9e8> e & i88&ci+/&)id&de (64&/&
<ames B- 4out#
O 3ue pre*isamos sa&er 5 3ue eListe em *ada um uma terr:(el, indom2(el e ilegal *lasse de deseWos mesmo na3ueles dentre nDs 3ue pare*em ser *ompletamente normais.
- Plat(o+ 'ep=&li*a 0^+ @A$b
O passado in!luen*ia tudo e dita nada.
- Adam P#illips+ )arwinFs Worms
Uual.uer estudante .ue 8F ten#a feito um curso de filosofia ouviu dizer .ue um indivduo nasce platTnico ou aristot/lico- ,m certo sentido+ essa / uma dis8un(o muito Ztil+ apontando para a .uest(o de a filosofia ter mais a ver
com a eSperincia cotidiana XAristGtelesY ou fornecer acesso a uma eSperincia da realidade transcendente XPlat(oY- ! famoso .uadro de 7afael+ 4 0s*ola de 4tenas, capta muito bem essa distin(o- ,le retrata Plat(o apontando para
cima com o dedo indicador+ en.uanto mostra AristGteles com a m(o espalmada e os dedos voltados para a terra- Plat(o /+ na imagina(o popular+ o filGsofo .ue tenta eSplicar nossas eSperincias mun danas referindo-se a alguma
caracterstica unificadora .ue estF isolada delas+ en.uanto AristGteles enfatiza a prioridade deste mundo- Por mais Ztil Xou inZtilY .ue se8a esse contraste popular entre Plat(o e AristGteles+ ele presta um desservio a Plat(o+ uma vez
.ue este tamb/m se encontra no incio de outra tradi(o filosGfica .ue eu considero t(o ou mais importante .ue a tradi(o .ue enfatiza o transcendente- ,ssa outra tradi(o / a.uela na .ual a mente #umana / considerada um
mist/rio em si+ por.ue possui profundezas ocultas .ue podem levar a mente a agir de modos .ue nem sempre podem ser eSplicados por um apelo W raz(o- I esse aspecto do pensamento de Plat(o .ue <onat#an Lear captou2
J"omo viveremosRJ /+ para 4Gcrates+ a pergunta fundamental da eSistncia #umana e a tentativa de responder essa pergunta /+ para ele+ o .ue torna a vida #umana digna- , foram Plat(o e 4#a5espeare+ Proust+ 9ietzsc#e e+
mais recentemente+ Freud .ue complicaram a .uest(o+ insistindo .ue eSistem correntes profundas de significado+ geralmente cruzadas+ atravessando a alma #umana e .ue podem+ na mel#or das #ipGteses+ ser vislumbradas atrav/s
de um vidro escuro-
B&&
B&&
<onat#an Lear+ J!n Milling Freud XAgainYJ+ em Open <inded WorHing Out the Iogi* o! the Soul X"ambridge+ MA2 Narvard Oniversity Press+ BEE?Y+ p- $?-
Apelando Ws Jcorrentes profundasJ na mente #umana+ filGsofos como Plat(o e Freud tentam lidar com o fato da irracionalidade #umana- 9(o obstante esse fato+ relativamente Gbvio+ os filGsofos s(o resistentes a reco n#ecer .ue o
.ue torna um ato irracional / 8ustamente ele n(o poder ser eSplicado- Afinal de contas+ .ual.uer eSplica(o .ue possamos dar teria de ser inteligvel= e colocar um ato sob o escopo da inteligibilidade e.uivale a encontrar um motivo
para a ocorrncia da a(o+ ou se8a+ mostrar .ue a a(o / racional-
Om eSemplo Ztil da tendncia em colocar a irracionalidade sob a bandeira da inteligibilidade / a eSplica(o .ue AristGteles tem da trag/dia+ na .ual a emo(o da pena sempre tem um papel central- A pena+ argumenta
AristGteles+
B&*
/ algo .ue podemos sentir sG .uando o ob8eto de nossa pena / basicamente como nGs= Jcomo nGsJ significando+ no mnimo+ .ue a pena eSperimentada deve corresponder ao personagem .ue atua de maneira inteligvel
para nGs- ! modo primFrio como a inteligibilidade se manifesta consiste na capacidade de ver .uando a pessoa aparentemente Jirracio nalJ cometeu um erro- Uuando vemos o erro+ podemos ter pena da pessoa+ mas ao mesmo tempo
ter a certeza de .ue o resultado trFgico / inteligvel 8ustamente por.ue temos uma eSplica(o disponvel para o resultado JirracionalJ-
B&*
9esta discuss(o de AristGteles+ dependo de Lear2 J'esting t#e Limits2 '#e Place of 'ragedy in Aristotle_s ,t#icsJ+ em Open <inded, p- BCA-BE%-
A tra8etGria da personagem de 6illo> 7osenberg em seis temporadas nos proporciona um bom estudo do tema da irracionalidade+ e nos fora a confrontar a possibilidade de .ue a irracionalidade pode ser ininteligvel+ n(o
apenas um erro- 4ucintamente+ a .uest(o diante de nGs concerne ao modo como 6illo>+ uma pessoa Jraramente safadaJ XJ7estlessJY+ conseguiu criar uma s/rie de condi1es .ue resultaram em sua tentativa de destruir o mundo- 9o
decorrer das cinco primeiras temporadas da s/rie+ 6illo> / vista repetidamente como o mel#or membro da Langue do 4cooby- Uuando pensam .ue ela foi transformada em vampira+ o grupo fica arrasado2
L0L,42 ,la era sem dZvida a mel#or de todos nGs- ^A9D,72 Muito mel#or .ue eu- L0L,42 Muito+ muito mel#or- XJDoppelganglandJY
Uuando Buffy morre no fim da .uinta temporada+ a gangue se reZne e decide fazer de 6illo> a Jc#efeJ2
^A9D,72 "om licenaK Uuem fez de voc a c#efe do grupoR
A9QA2 ;ocs-
'A7A2 ;oc disse .ue a 6illo> devia ser a c#efe-
A9QA2 , ent(o vocs disseram Jvamos votarJ+ e foi unVnime---
'A7A2 --- e voc fez para ela a.uela pla.uin#a+ .ue dizia J9ossa "#efeJ+ e adesivos bril#antes nela- XJBargaining+ Part !neJY
Afirmarei+ a partir de agora+ .ue+ .uando estudamos o personagem de 6illo> e as escol#as .ue ela faz no decorrer da s/rie+ veremos dois tipos diferentes de processos mentais em funcionamento- Ao proporcionar uma estrutura
bFsica para compreendermos as escol#as de 6illo>+ n(o .uero sugerir .ue elas em si s(o compreensveis- Uuero+ isso sim+ esboar uma estrutura filosGfica .ue recon#ea o lado verdadeiramente ininteligvel da irracionalidade-
Al/m disso+ ao fornecer uma interpreta(o das escol#as anteriores de 6illo>+ n(o afirmo .ue eSplicam ou tornam inteligveis a decis(o de 6illo> de tentar destruir o mundo+ embora eu as ac#e coerentes com a decis(o posterior-
9(o sou sua coad8uvante
Cres*er 5 des*o&rir a3uilo do 3ual nDs somos desiguais. XAdam P#illips+ 03uals8
Podemos comear com um ponto bFsico a respeito de 6illo>- 9o fim da seSta temporada+ 6illo> / a Znica personagem centrai da s/rie .ue ainda n(o descobriu seu lugar no mundo- Ainda estF lutando para definir .uem ela /-
,sse fato em si 8F torna interessante uma eSplora(o de suas a1es e escol#as+ pois ela n(o encontrou ainda um meio de estar confortFvel no mundo-
Om problema .ue 6illo> enfrenta / a grande multiplicidade de pap/is .ue ela interpretou na vida+ al/m da diversidade de seus interesses2 gnio do computador+ praticante de 6icca+ eScelente aluna e a8udante da caa-vampiros-
,ssa eStravagante variedade de interesses e fun1es / uma evidncia do fato de .ue parece n(o #aver uma identidade central em 6illo> nada a define- De tempos em tempos+ ela eSpressa insatisfa(o por uma falta de identidade+
e .uando isso acontece geralmente / negativo+ como no famoso momento em .ue ela diz .ue n(o / a coad8uvante de Buffy- ,ssa afirma(o foi proferida pela primeira vez no episGdio JFear+ 0tself_+ da .uarta temporada+ em .ue
Buffy e seus amigos v(o a uma festa de Nallo>een na .ual o demTnio do medo+ Lac#nar+ faz com .ue todos eSperimentem seus piores medos- Para 6illo>+ seu pior medo / .ue Buffy a considere apenas uma coad8uvante- Uuando
ela sugere lanar um encantamento de orienta(o+ Buffy reage com ceticismo2
BOFFQ2 , como funcionaR
60LL!62 "on8ura um emissFrio do al/m .ue ilumina o camin#o-
BOFFQ2 "on8ura(o+ /R Bem+ vamos ser realistas+ tFR A sua magia bFsica n(o passa de @%k-
60LL!62 XperturbadaY A#+ /R A sua cara tamb/m-
BOFFQ2 ! .uR ! .ue voc .uer dizerR
60LL!62 ,O n(o sou sua coad8uvanteK
Afastando-se irritada+ 6illo> tenta o encantamento+ mas fal#a e ela / atacada por uma inunda(o de luzes+ em vez da luz orientadora .ue tentou con8urar- A fal#a do encantamento se deve W sua confus(o emocional e falta de
clareza .uando tenta decidir para onde a luz deve guiF-la- ,ssa cena mostra dois traos importantes do carFter de 6illo>2 uma insegurana profundamente enraizada acerca de ser uma mera acompan#ante e o outro problema de
controlar suas emo1es- ,Semplos dessa insegurana #F em profus(o+ por isso mencionarei apenas mais dois- 9uma briga com 'ara em J'oug# LoveJ+ 6illo> se preocupa com o fato de 'ara poder n(o confiar nela+ 8F .ue n(o /
JtarimbadaJ como 'ara+ n(o tem o mesmo tempo de prFtica+ e nem se definiu eSatamente como l/sbica antes de comearem a ter um relacionamento- ,m seu son#o in.uieto XJ7estlessJY+ vemos a mesma insegurana vir W tona2 seu
maior medo / .ue+ no fundo+ ela n(o ten#a mudado em nada= .ue por baiSo das camadas de pap/is sociais assumidos ela ainda se8a a estudante JnerdJ .ue era no incio da s/rie-
! son#o de 6illo> sem dZvida merece uma considera(o mais profunda do .ue posso fazer a.ui- Para os meus fins+ basta observar .ue ele ilustra a insegurana de 6illo> em rela(o a todo papel+ eSceto o de estu dante= e no
entanto+ ironicamente+ / essa fun(o .ue teme- ;emos o medo+ a vergon#a e o #orror no rosto dela .uando / eSposta na frente de todos como a mesma meninin#a tmida e desengonada do comeo da s/rie+ sem ter-se desenvolvido
em coisa alguma- ,ssa parte do son#o acontece no conteSto da produ(o de uma pea .ue enfatiza ainda mais+ do ponto de vista de sua mente+ o irrealismo de todas as mudanas pelas .uais ela pas sou- Assim+ .uando Buffy+ n(o
entendendo por .ue 6illo> estF sendo perseguida por algum monstro descon#ecido+ afirma J;oc deve ter feito alguma coisa erradaJ+ 6illo> responde+ de forma contundente2 J,u nunca fao coisa algumaJ-
! outro trao eSplcito na se.]ncia de JFear+ 0tself citada a.ui / o problema do controle emocional- 'emos outro bom eSemplo dos proble mas de 6illo> no teaser de JDoppelglnglandJ- 6illo> estF fazendo um lFpis flutuar+
usando magia+ en.uanto ela e Buffy conversam- A capacidade de fazer isso /+ segundo ela+ .uest(o de Jcontrole emocionalJ+ mas .uando a conversa desvia para Fait#+ o lFpis se torna um pro8/til .ue se enterra fundo num tronco de
Frvore- A crena de 6illo> de .ue a liga(o entre Buffy e Fait# comprometeu seu relacionamento com Buffy+ e a relegou a uma mera coad8uvante+ causa a perda do controle emocio nal- !utra cena significativa ocorre em JBad
LirlsJ e enfatiza a insegurana de 6illo> em rela(o ao vnculo de caadoras entre Buffy e Fait#- ,m vez de se 8untar aos amigos+ ela se senta na cama+ entristecida+ depois .ue Buffy l#e diz .ue ela e Fait# v(o sair para patrul#ar e
.ue / muito perigoso para 6illo> vir 8unto- 9o dia seguinte+ 6illo> ainda estF c#ateada a ponto de evitar Buffy na escola+ e descobrimos .ue um dos maiores medos de 6illo> se concretizou .uando Buffy escol#eu uma colega
caadora .ue / igual a ela+ acima de 6illo>+ .ue se afasta+ pelo menos em sua cabea+ a uma fun(o de a8udante ou acompan#ante dispensFvel- A insegurana do Jpapel coad8uvanteJ+ a insegurana .ue ela mostra em rela(o a 'ara
e a .uest(o do controle emocional tudo isso / vital para a identidade de 6illo> e costuma ser a causa de sua falta de controle+ .uando #F uso de magia-
6illo> n(o mora mais a.ui
4 rai(a, ento, 5 sD para os engaWadosX para a3ueles *om proWetos importantes. XAdam P#illips+ The Beast in the Jurser"8
9o fim da seSta temporada+ c#egamos W conclus(o acerca de um modelo de carFter para 6illo>- Durante as segunda e terceira temporadas+ ela parece emergir de um inicial J8eitin#o estZpidoJ Xdescri(o .ue 6illo> faz de si
prGpria em J'>o 'o LoJY para se tornar uma 8ovem mul#er confiante- Fora aceita por todas as faculdades em .ue se inscreveu+ representava o JpinFculo da con.uista acadmica em 4unnydale Nig#J XJDoppleglnglandJY+ namora
um guitarrista de uma banda de roc5 e+ para termos certeza de .ue tin#a crescido+ perdeu a virgindade na noite anterior W formatura da escola- Al/m disso+ ela se tornara parte da Langue do 4cooby+ a ponto de resolver participar do
combate ao mal em 4unnydale em vez de buscar alguma prestigiosa universidade- "omo ela diz em J"#oicesJ2
9a verdade+ isso nada tem a ver com voc- ,mbora eu goste muito de voc+ n(o me interprete mal- 9a outra noite+ ser capturada+ enfrentar Fait#--- as coisas fica ram claras para mim- Uuero dizer+ voc tem lutado contra o mal #F
uns trs anos+ e eu a8udo um pouco- Agora temos de decidir o .ue fazer da vida+ e eu sei o .ue .uero fazer- "ombater o mal- A8udar as pessoas- Ac#o .ue / uma coisa digna+ e n(o ac#o .ue voc faz isso por.ue precisa fazer- I uma
boa luta+ Buffy+ e eu .uero participar dela-
Apesar desse aparente desenvolvimento de um personagem forte em 6illo>+ no fim da seSta temporada+ ela recai e bastante- 'orna-se viciada em magia e conse.]entemente 'ara a abandona- Uuando ela e 'ara final mente se
reencontram+ a felicidade de 6illo> / brutalmente cortada pelo violento assassinato de 'ara- 4ua rea(o foi Jperder a cabeaJ a tal ponto .ue estava pronta para destruir o mundo e n(o sentir mais dor2
60LL!62 DeiSe-me contar uma coisa a respeito de 6illo>- ,la / uma perdedora- , sempre foi- As pessoas sempre a provocaram e caoaram dela na escola+ na faculdade--- com seu 8eitin#o estZpido= agora 6illo> / uma louca-
BOFFQ2 ,O posso a8udar-
60LL!62 A Znica coisa para .ue 6illo> sempre prestou--- a Znica coisa .ue eSistia para mim eram os
momentos sG os momentos em .ue 'ara ol#ava para mim e eu me sentia maravil#osa- , isso nunca mais vai acontecer-
BOFFQ2 ,O sei .ue dGi+ e muito mas+ 6illo>+ se voc se perder na magia agora+ isso nunca terminarF-
60LL!62 <uraR
BOFFQ2 ;oc n(o .uer isso-
60LL!62 Por .ue n(oR
BOFFQ2 Por.ue voc vai perder tudo- 4eus amigos+ sua identidade--- 6illo>+ se voc deiSar isso controlF-la+ o mundo acaba- , todos nGs+ 8unto com ele- NF tanto motivo pra gente viver- 6ill+ #F tanto---
60LL!62 !ra+ por favorK I assim .ue voc .uer me convencerR Buffy+ voc odeia isso tanto .uanto eu- 4G .ue eu sou sincera-
"omo a aparentemente forte 6illo>+ surgida no fim da terceira temporada+ pode ser a mesma 6illo> .ue se torna viciada em magia+ toma uma decis(o errada atrFs da outra e se torna incapaz de lidar com suas perdasR 9(o
pretendo dizer .ue #F uma resposta a essa pergunta- Mas .uero vislumbrar uma estrutura para compreendermos por .ue n(o pode #aver uma resposta-
,Splorando a forte persona em 6illo> .ue se desenvolve na terceira temporada Xembora acompan#ada pelas inseguranas manifestadas em sua rea(o W liga(o de Buffy com Fait# e seu medo de ser uma mera coad8uvanteY+ a
.uarta temporada mostra .ue ela+ em contraste com Buffy+ floresce num ambiente de faculdade+ pelo menos inicialmente- As coisas v(o bem para ela at/ seu namorado+ !z+ sentir-se atrado por outra mul#er X.ue como ele+ !z+
tamb/m / lobisomemY- !z sai de 4unnydale em busca de alguma maneira de controlar seu aspecto de lobisomem- "omo resultado+ 6illo> se dese.uilibra um pouco- "omo 4pi5e aponta num episGdio em .ue 6illo> demonstra o
estresse de um rompimento+ Jela estF por um fioJ XJ4omet#ing BlueJY- 9esse episGdio+ ela recorre W bebida e W magia+ para fazer a dor ir embora- 9o Bronze+ Buffy+ ^ander e Anya encontram 6illo> danando+ tentando Jagitar e
es.uecerJ- ,les descobrem tamb/m .ue ela estF tomando cerve8a- Apesar dos protestos dela+ dizendo .ue / cerve8a light, seus amigos se preocupam- ,ntre as frases de 6illo> nessa cena+ ouvimos2
60LL!62 'en#o uma dor+ a.ui grande e legtima-
60LL!62 9(o ag]ento sentir isso- Uuero .ue passe-
60LL!62 Bem+ n(o #F um 8eito de fazer isso passarR 4G por .ue eu .ueroR 9(o posso fazer isso sumirR
9a.uela noite+ .uando a cerve8a 8F n(o a8uda mais+ 6illo> apela para a magia+ para fazer a dor JsumirJ- Lana um encantamento para .ue a vontade dela se8a feita+ e dese8a .ue seu cora(o partido se cure+ mas sem resultados-
9o entanto+ o encantamento tem conse.]ncias inesperadas+ como acontece vFrias vezes em .ue 6illo> estF zangada+ e seus dese8os se tornam realidade2 Liles fica cego .uando 6illo> diz .ue ele n(o conse gue enSergar a dor
dela= Buffy e 4pi5e se apaiSonam .uando 6illo> diz .ue eles deveriam ficar 8untos+ 8F .ue / mais importante para Buffy ter con#ecido 4pi5e do .ue passar algum tempo com ela= e ^ander se torna um m( para atrair demTnios
.uando+ brava+ 6illo> fala a respeito das rela1es .ue ele tem com esses seres- A magia de 6illo> nesse episGdio c#ama a aten(o at/ do demTnio D_Noffryn+ .ue l#e oferece a oportunidade de se tornar um demTnio da vingana+
mas ela recusa a oferta .uando v os problemas .ue causou para seus amigos- 9o fim do episGdio+ com os efei tos negativos de seu encantamento invertidos+ ela admite .ue sG Ak de sua in.uieta(o interior foi aliviada+ mas
concorda .ue sua mel#ora JdemorarF sG um poucoJ-
9esse episGdio+ vemos 6illo> recorrendo W magia Xmas sG depois da cerve8aY para fazer a dor JsumirJ- ,ssa pode ser a primeira vez+ embo ra certamente n(o a Zltima+ .ue vemos a impacincia de 6illo> forF-la a apelar para a
magia- A liga(o entre o uso da magia e da cerve8a / digna de nota tamb/m+ pois prenuncia a liga(o+ na seSta temporada+ entre a magia e a dependncia- 9o entanto+ o episGdio tamb/m aponta para a constante autodeprecia(o de
6illo>+ as cicatrizes de seu J8eitin#o estZpidoJ e o medo de nunca se livrar desse J8eitin#oJ- I Gbvio .ue+ apesar de ter crescido muito+ ela ainda / capaz de deiSar .ue sua auto-imagem do passado se impin8a W atual-
<F cansou
$enso 3ue o t5dio protege o indi(:duo, !az *om 3ue seWa toler2(el a imposs:(el eLperi/n*ia de esperar por algo sem sa&er o 3ue 5. XAdam P#illips+ On +issing, Ti*Hling, and Being Bored8
,m JDoppelglnglandJ+ fica claro .ue #F uma liga(o entre a personalidade do vampiro e a Jpessoa .ue ele eraJ- Uuais s(o as semel#anas entre 6illo> e seu duplo malignoR Oma caracterstica Gbvia2 ambas s(o Jmeio gaysJ+
eSpress(o .ue 6illo> usa para descrever tanto a 6illo> MF no episGdio .uanto ela prGpria+ .uando tin#a perdido a memGria em J'abula 7asaJ- ,ntretanto+ ac#o .ue eSiste uma liga(o de personalidade mais interessante2
60LL!6 Mh2 ! mundo n(o / divertido-
60LL!62 ;oc notou isso+ tamb/mR
9(o / surpreendente .ue a 6illo> MF sinta .ue o mundo de 6illo> Jn(o / divertidoJ- Afinal de contas+ o mundo de 6illo> n(o / um lugar onde os vampiros dominam+ como no da 6illo> MF- 9o mundo de 6illo>+ a 6illo>
MF n(o pode agir conforme seus dese8os= n(o / o lugar dela- Mais surpreendente para o telespectador / .ue 6illo> n(o gosta de seu prGprio mundo- A c#ave para compreendermos a .ueiSa das duas 6illo>s pode ser encontrada
numa eSpress(o .ue a 6illo> MF gosta de usar2 J<F cansouJ- De fato+ essa eSpress(o reaparece em J4eeing 7edJ+ da seSta temporada+ .uando 6illo>+ totalmente dominada pela vingana+ pFra de torturar 6arren+ o indivduo .ue
matou 'ara- ApGs t-lo torturado de vFrias maneiras eStremas+ ela completa sua vingana pronunciando um J8F cansouJ+ e com um mero aceno de m(o+ indicando ao mesmo tempo t/dio e o uso da magia+ esfola-o vivo- Agora .ue
sabemos eSistir uma liga(o entre a personalidade da 6illo> MF e a de 6illo>+ o uso da eSpress(o n(o serve para nos fazer pensar sG na 6illo> MF como se a outra 6illo> tivesse per dido a alma+ nesse ponto- 9a verdade+
6illo> deve realmente estar entediada- Por .uR !u mel#or+ por .ue+ com toda a eScita(o de 4unnydale+ 6illo> fica entediada e diz J8F cansouJR Por .ue o mundo dela n(o / diver tidoR NaverF uma liga(o com sua insegurana e
medo do prGprio J8eitin#o estZpidoJR
"omo todos nGs+ segundo Freud+ 6illo> vive sob press(o+ um JdemaisJ psicolGgico- As tentativas de orientar esse JdemaisJ+ de direcionF-lo+ domF-lo+ formam o curso de nossa vida- ,ssas tentativas nem sempre s(o o tema das
decis1es conscientes .ue tomamos+ mas s(o+ isso sim+ concretizadas pela atividade do inconsciente+ a prGpria fonte desse JdemaisJ- A Jfic(o supremaJ do inconsciente+ para usarmos as palavras de Adam P#illips+
B&@
deve ser
compreendida com cautela- A tenta(o a .ue temos de resistir / pressupor .ue eSiste algum tipo de racionalidade inconsciente isto /+ se pud/ssemos espiar o inconsciente+ poderamos *ompreender o .ue ele .uer+ ou+ para
usarmos o 8arg(o filosGfico+ entender .ue #F um conteZdo proposicional+ uma intencionalidade+ um significado claro no dese8o inconsciente- ! e.uvoco / acreditar .ue+ depois de tudo feito e dito+ podemos eSplicar totalmente por
.ue as pessoas fazem as coisas .ue fazem- 9uma terminologia menos filosGfica+ Freud argumenta .ue nossos dese8os inconscientes n(o s(o conceituFveis= n(o s(o os pensamentos desenvolvidos bem abaiSo da superfcie da mente+
esperando .ue os con#eamos com clareza- 4e assim pensFssemos+ estaramos entendendo erroneamente a estran#eza da no(o do inconsciente- Freud+ como Plat(o+ .uer deiSar aberta a possibilidade de .ue algumas de nossas
a1es podem ser ineSplicFveis+ n(o apenas erros-
B&@
Adam P#illips+ )arwinFs Worms X9ova Qor52 Basic Boo5s+ BEEEY+ p- B$?- Meu entendimento da no(o freudiana do inconsciente vem da anFlise de P#illips+ bem como da de <onat#an Lear+ Kappines, )eath and the
'emainder o! Ii!e X"ambridge+ MA2 Narvard Oniversity Press+ $%%%Y e ,ric L- 4antner+ On the $s"*hotheolog" o!0(er"da" Ii!e X"#icago2 Oniversity of "#icago Press+ $%%BY-
9egando ao consciente .ual.uer conteZdo conceituai eSplcito+ podemos dizer .ue ele Xe a prGpria pessoaY / atrado para algum tipo de Jsignificador enigmFticoJ+ e+ como implica o nome+ esses significadores enigmFticos nos
s(o opacos- Podemos dar a esses significadores nomes= por eSemplo+ con#ecimento+ felicidade+ ri.ueza ou drogas+ mas seu conteZ do nunca / algo .ue podemos captar- 9o sentido freudiano t/cnico+ um significador enigmFtico / um
sedutor+ e seu efeito / inscrever em nossas mentes dese8os .ue n(o se realizam por.ue 8amais podem ser plenamente compreendidos- "omo <onat#an Lear coloca2 J9Gs somos+ por natureza+ susceptveis a significadores enigmFticos
eSpress1es oraculares+ se preferirem .ue podemos recon#ecer como tendo um significado na ver dade+ como tendo um significado especial para nDs mas cu8o conteZdo n(o entendemosJ-
B&C
,sse fato / importante para os
nossos propGsitos por.ue eu .uero+ a.ui+ enfocar o modo como os vcios de 6illo> de con#ecimento e magia n(o s(o eSplicFveis- ,les parecem uma conse.]ncia natural de sua #istGria+ de suas inseguranas= por/m+ viciar-
se em magia n(o foi a decis(o de 6illo>- ,la n(o cometeu um erro e de repente se tornou uma viciada em magia- 9(o #F motivo para ela se tornar viciada+ e+ sendo esse o caso+ #F ainda mais motivos para pensarmos .ue n(o eSiste
uma inteligibilidade em sua decis(o de destruir o mundo- A seguir+ esboarei uma s/rie de ferramentas .ue nos poder(o a8udar a entender por .ue as a1es de 6illo> s(o necessariamente ininteligveis para ela e para nGs-
B&C
<onat#an Lear+ Kappiness, )eath, p- $B-
"on#ecimento eSplosivo
4 ini&io, ainda 3ue m:nima, podemos dizer, 5 uma esp5*ie de dupli*idadeX e, de um ponto de (ista psi*a-nal:ti*o, seu re!erente supremo, seu *entro de gra(idade 5 a3uilo 3ue 5 proi&ido. XAdam P#illips+ 03uals8
,m J'#e Fres#manJ+ 6illo> eSpressa sua eScita(o .uanto W nova eSperincia da vida na faculdade2
I .ue--- na escola+ o con#ecimento era muito malvisto- ;oc tin#a .ue se esforar muito para aprender alguma coisa- Mas a.ui+ .uero dizer+ a energia+ a inteligncia coletiva / como essa fora+ essa fora penetrante= sinto
min#a mente se abrindo+ sabe+ deiSando as coisas entrar nela de repente--- um con#ecimento eSplosivo--- ,ssa frase terminou num ponto diferente de .uando comeou-
NF dois modos de interpretar essa suposta eSplica(o para o fascnio de 6illo> com a faculdade- Primeiro+ e e.uivocadamente+ nGs podemos considerF-la uma mera parGdia+ uma piada W custa do entendimento padr(o de Freud+
segundo o .ual tudo gira em torno do seSo- De um modo mais s/rio+ por/m+ podemos recon#ecer nela uma descri(o bem-#umorada de uma afirma(o freudiana fundamental2 a de .ue todo dese8o por con#eci mento / o resultado de
um dese8o sublimado por con#ecimento acerca de seSo- De acordo com essa segunda interpreta(o+ 6illo> disse eSatamente o .ue .uis dizer2 n(o terminou num lugar diferente de onde comeou-
Mas a .ue ela se referia ao dizer .ue na escola / preciso esforar-se muito para aprenderR "ertamente+ mesmo se assistirmos sem muita aten(o Ws trs primeiras temporadas+ pensaremos eSatamente o contrFrio- Para 6illo>+ em
contraste com Buffy e ^ander+ aprender parece ser fFcil- Portanto+ a afirma(o n(o pode ser o .ue parece- 9a verdade+ a frase de 6illo> refora o ponto freudiano de .ue #F uma distin(o entre o tipo de aprendizado na escola e o
con#ecimento- 0sso n(o significa .ue tudo o .ue aprendemos tem a ver com seSo- 9a verdade+ #F um termo para os tipos de coisa .ue aprendemos+ .ue / independente da curiosidade seSual2 educa(o- 9a vis(o de Freud+ a
educa(o / precisamente a tentativa de fazer as crianas Xe os adultosY es.uecerem a.uilo .ue mais l#es interessa- A educa(o tem o ob8etivo de apagar nossos apegos especiais+ e s(o estes .ue tornam o con#ecimento real para nGs+
n(o os meros eSerccios prFticos- Mas esses mesmos apegos+ segundo Freud+ s(o+ em sua raiz+ seSuais+ ou pelo menos tm a ver com nossa curiosidade acerca do seSo-
B&A
Uuando c#egamos ao reino do seSo+ estamos no reino do
inconsciente- Agora+ se o inconsciente n(o / um tipo de racionalidade subterrVnea+ ent(o o .ue /R "omo ele forma seus apegosR As palavras de 6illo> sugerem .ue os apegos s(o pr/ Xou talvez protoY conceituais- 0sto /+ somos
apegados n(o eSatamente ao .ue sabemos e sim ao .ue sentimos-
B&A
Para ler mais a respeito de curiosidade+ Freud+ con#ecimento e educa(o+ ver Adam P#illips+ JLearning from FreudJ+ em $hilosophers on 0du*ations, editado por Am/lie !- 7orty X9ova Qor52 7outledge+ BEE?Y+ p- *BB-BA-
7etornemos ao fato de .ue 6illo> se sente entediada+ .ue o mundo dela n(o / divertido- ,la espera algo e essa espera se reproduz no incons ciente como um apego a um significador enigmFtico2 con#ecimento ou+ em outros
episGdios+ magia- De fato+ eu desconfio de .ue na mente de 6illo> a magia e o con#ecimento podem n(o ser t(o diferentes- !s dois parecem formar um contnuo para ela+ e+ assim como foi uma aluna eScelente na escola+ /
eScelente tamb/m na magia- ,ntretanto+ seu desapontamento pelo .ue aprendeu na escola poderia+ ou deveria+ faz-la notar .ue+ assim como o con#ecimento+ a magia n(o pode satisfazer sua espera-
Para nos a8udar a pensar nas a1es de 6illo>+ usarei uma distin(o entre dois tipos de processo mental inconsciente2 JdesvioJ e JrupturaJ-
B&?
6illo> eSibe os dois tipos de comportamento mental- Om desvio / a nossa atividade
subconsciente comum+ o tipo .ue se manifesta em casos .ue costumamos c#amar de Jatos fal#os freudianosJ- ,sses desvios s(o tentativas de descarregar a tens(o gerada pelo JdemaisJ de nossa vida mental cons ciente+ e o desvio /
formado pelo princpio do prazer+ a.uele mecanismo por meio do .ual normalmente tentamos regular o JdemaisJ de nossa vida mental- Oma ruptura / algo muito mais severo n(o sG uma nova dire(o+ mas uma verdadeira lacuna
no processo mental- A discuss(o de 6illo> a respeito do Jcon#ecimento eSplosivoJ / um eSemplo divertido+ por/m+ rea lista de desvio- <onat#an Lear aponta para o significado profundo da no(o de desvio2 nunca podemos #abitar
Jo espao das raz1esJ+ uma vez .ue nossas a1es sempre significam mais do .ue podemos saber-
B&E
,m sua pior condi(o+ o desvio constrGi sintomas+ fobias Xe lembremos .ue 6illo> tem fobia a r(s+ como / mencionado em JMilled
by Deat#J e J6#at_s My Line+ Part !neJY e outros tipos de atividades irracionais+ incluindo presumi velmente o prGprio medo de 6illo> de seu J8eitin#o estZpidoJ- I precisamente esse desvio mental inconsciente .ue colocou
6illo> no camin#o do vcio em magia- 4omada W sua impacincia diante dos obstFculos e sua profunda insegurana .uanto ao seu J8eitin#oJ+ a magia era uma vFlvula de escape- "umpria o papel de um significador enigmFtico
capaz de atrair seu interesse en.uanto ela 8ogava um 8ogo de espera+ en.uanto se entediava-
B&?
<onat#an Lear+ Kappiness, )eath, p- BB*-B$B-
B&E
0b-+ p- BB*-
Fazendo a dor sumir
$ortanto, um dos o&Weti(os da an2lise 5 li&ertar as pessoas para nada !azerem para o !uturo, mas se interessar por ele. XAdam P#illips+ The Beast in the Jurser"8
As a1es de 6illo> no fim da seSta temporada s(o mais do .ue apenas outra tentativa de tornar sua vida agradFvel- 4(o um ata.ue W id/ia de .ue a vida pode ser prazerosa- Mesmo o prazer de esperar+ de ficar entediada+ perdeu
sua realidade para 6illo>- 4G sobrou destrui(o+ e em ampla escala- ,sse / um eSemplo eStremo de ruptura- A vida mental inconsciente de 6illo> n(o pode mais desviar de acordo com o princpio do prazer+ mas rompe com suas
defesas mentais anteriores- ! fato de 6illo> recorrer W magia negra numa tentativa de destruir o mundo n(o pode ser c#amado de JerroJ- 9(o / a mesma coisa .ue beber cerve8a para poder lidar com um relacionamento rompido-
Pelo contrFrio+ / muito mais plausvel interpretar tal atitude como simplesmente ineSplicFvel- 0sso torna suas a1es e situa (o trFgicas+ mas n(o no sentido aristot/lico do termo- Uuando nos concentramos nas t/tricas e irracionais
profundezas presentes em 6illo>+ somos levados a ver as possibilidades irracionais reais e trFgicas intrnsecas W natureza #umana-
;imos sua psi.ue se destroar- ;imos .uando ele regrediu a um estado .ue nem mais / recon#ecvel como 6illo>2 J6illo> n(o mora mais a.uiJ XJLraveJY- 9o entanto+ ela retorna+ mas graas a um agente eSterno+ ^ander+ .ue
dF a 6illo> uma oportunidade de se recompor apGs sua ruptura ps.uica- A grande .uest(o a.ui / .ue a ruptura / responsFvel por dois tipos diferentes de fenTmenos ps.uicos2 ata.ues traumFticos contra a psi .ue e destrui1es em
tra8etGrias psicolGgicas- 9o caso de 6illo>+ vemos os dois tipos de ruptura- A ruptura .ue transforma os sintomas desviantes comuns de vcio em magia e autodZvida+ numa tentativa de destruir o mun do+ / uma das manifesta1es-
Om modo de interpretar as a1es de 6illo> no fim da seSta temporada / recon#ecer .ue ela n(o pode mais se entediar- 9(o #F mais nada para ela esperar+ ent(o decide terminar com tudo- ,m suma+ 6illo> n(o tem mais como
sentir prazer em coisa alguma e o JdemaisJ de sua vida mental n(o pode ser redirecionado por meio de um desvio+ mas ataca diretamente a psi.ue- Portanto+ n(o #F um bom motivo para as a1es de 6illo> seguirem esse curso- 9(o
se pode eSplicar por .ue o desvio 8F n(o a8uda 6illo>-
;emos o segundo tipo de ruptura no fim de JLraveJ- A simples presena de ^ander perto de 6illo> l#e dF a oportunidade de se recompor- 4G o .ue ^ander faz / lembrF-la .ue ele sempre esteve com ela+ e isso ele consegue
lembrando-a de um episGdio no 8ardim da infVncia+ .uando ela .uebrou um giz de cera amarelo- ,ssa lembrana banal+ at/ tola+ dF a 6illo> uma oportunidade- Abre possibilidades na estrutura do desvio+ dilacerando a atividade
mental+ mas deiSando a psi.ue se voltar contra si mesma- ! JcolapsoJ de 6illo> no fim de JLraveJ / de fato uma ruptura+ nesse segundo sentido- ;emos isso claramente .uando seus sintomas desviantes Xincluindo o cabelo preto e
os ol#os pretosY desaparecem e ele recupera o apego ao mundo- ! segundo sentido de ruptura presente a.ui n(o garante coisa alguma+ mas pelo menos permite .ue 6illo> se recupere e siga a vida-
A rea(o de muitos telespectadores aos trs Zltimos episGdios da seSta temporada foi compreensvel+ mas meu argumento neste captulo sugere .ue ela foi mal orientada- ,ssa rea(o tomou a seguinte forma2 J9(o recon#ecemos
6illo> nesses episGdiosJ- Ac#o .ue a resposta estF apenas meio certa- Meio certa+ por.ue nossa no(o comum de 6illo> / .ue ela nunca faria a.uele tipo de coisa- I incompleta como resposta+ por/m+ por.ue pres sup1e .ue
podemos um dia entender 6illo> totalmente+ .ue n(o #F correntes negras nela+ .ue podemos construir uma narrativa coerente e estFvel para 6illo>- 4empre #ouve correntes negras em 6illo>+ mas ela sempre conseguiu desviF-las
.uando surgiam+ para encobri-la- Dessa vez+ seu desvio inconsciente estF indefeso diante de sua psi.ue se voltando contra si mesma- 4ua prGpria psi.ue destrGi o padr(o do desvio e impele 6illo> a decidir pela destrui(o do
mundo-
Ao nos proporcionar um personagem .ue escapa ao limite da racionalidade+ os autores nos deram algu/m .ue se envolve em a1es n(o comiserFveis ou eSplicFveis+ e .ue n(o pode ser um #erGi trFgico aristot/lico- Foi uma
perip/cia muito arriscada da parte deles+ uma vez .ue tentaram alienar telespectadores .ue n(o se sentem W vontade com personagens trFgicos cu8os erros s(o ineSplicFveis+ isto /+ n(o parecem erros- Mas eu .uero sugerir .ue foi
eSatamente esse risco .ue tornou esses episGdios e a refleS(o acerca do desenvolvimento da personagem de 6illo> filosoficamente valiosos- 9as palavras de Lear2J--- continua eSistindo uma possibili dade permanente para a
destrutibilidade #umana nos pegar de surpresa= pois deve #aver um elemento na violncia #umana .ue permanece inevitavelmente insensatoJ-
B*%
"Gdice &
;oc bem .ue estF ostando dessa coisa ife superioridade moral+ n(o estFR
Bu!!" e a 5ti*a

De2e8H&4+3 5&:e8 + I6e B655@ 5&:J


<ason Ma>al
9as Zltimas d/cadas+ tem #avido um retorno por parte de muitos filGsofos Ws formas de teoria /tica fre.]entemente associadas aos antigos gregos- ,ssas teorias costumam enfatizar as virtudes morais e o bom carFter+ acima das
regras morais+ mandamentos ou direitos+ e como tais s(o c#amadas de Jteorias da virtudeJ-
B*B
'ipicamente+ eles nos dizem .ue+ para agirmos de maneira correta+ devemos nos comportar como se comportariam as pessoas boas e
virtuosas em circunstVncias semel#antes- 7osalind Nurst#ouse apresenta uma descri(o da a(o moralmente certa+ normalmente defendida por teoristas da virtude contemporVneos2
Oma a(o / certa se [e apenas se\ for o .ue um agente virtuoso caracteristicamente Xou se8a+ agindo com carFterY faria nas circunstVncias-
B*$
Assim+ diante de um dilema moral+ podemos nos perguntar2 J! .ue faria BudaRJ+ J! .ue faria <esusRJ ou talvez J! .ue faria BuffyRJ A+ ent(o+ tentaramos agir como eles= com isso+ realizaramos a defini(o de Nurst#ouse de
uma a(o certa agiramos como um agente virtuoso+ nas mesmas circunstVncias-
B*B
AristGteles / provavelmente o filGsofo mais con#ecido a abraar uma forma de teoria da virtude- ;er particularmente sua obra 4 Uti*a a Ji*Pma*o.
B*$
7osalind Nurst#ouse+ On #irtue 0thi*s X9ova Qor52 !Sford Oniversity Press+ BEEEY+ p- $?-
,is um eSemplo para ilustrar como isso funciona- 4upon#a .ue enfrente um motorista perigoso .ue corta na sua frente+ e agora voc estF pensando em acelerar para se vingar do agressor- Mas pFra e pensa o .ue <esus Xou
.ual.uer outro eSemplo moral de sua prefernciaY faria em seu lugar- ;oc conclui .ue ele provavelmente daria a outra face+ ent(o resolve resistir ao mpeto de atacar+ e simplesmente deiSa o incidente passar sem piores
conse.]ncias- Para fazer o .ue / moralmente correto+ voc tenta agir da mesma forma .ue uma pessoa moralmente eSemplar- 9ote .ue n(o estF pensando em termos de regras morais estritas+ mandamentos+ ou .uais s(o seus
direitos legais- ;oc estF+ isso sim+ orientando o seu comportamento+ refletindo a respeito da conduta de uma boa pessoa moral em seu lugar-
9este captulo+ consideraremos trs coisas- ,m primeiro lugar+ veremos se temos bons fundamentos para considerar Buffy um eSemplar moral+ algu/m .ue poderamos estabelecer como guia para o comportamento moral- ,m
segundo lugar+ eSaminaremos determinados problemas .ue surgem para as teorias da virtude .ue nos dizem para tentar fazer o .ue Buffy Xou .ual.uer outro eSemplar moralY faria+ se estivesse em nosso lugar- , finalmente+
consideraremos possveis modifica1es para resolver os problemas levantados para as teorias da virtude-
Buffy como eSemplar moral
Assim+ nossa primeira tarefa / considerar se Buffy merece ser vista como uma pessoa de carFter moralmente eSemplar+ cu8o comportamento poderia nos servir de modelo- ! .ue eu espero mostrar nesta se(o / .ue Buffy
mant/m certos compromissos profundamente morais .ue a levam a um padr(o contnuo de a1es #erGicas e bondosas- Por isso+ temos bons motivos para tratar Buffy como um modelo moral-
"omecemos por distinguir entre a1es #erGicas e bondosas+ seguindo mais ou menos as distin1es estabelecidas pelo filGsofo <- !- Ormson-
B*&
A1es #erGicas envolvem uma pessoa realizando algo digno de louvor numa situa(o
em .ue ela deve superar um medo significativo Xou na .ual as pessoas comuns provavelmente sentiriam tal medoY- A1es bondosas envolvem algu/m realizando uma a(o moralmente digna de nota+ numa situa(o em .ue deve
sacrificar significativamente seus interesses pessoais ou agir de forma contrFria Ws suas fortes inclina1es naturais- Assim+ uma pessoa .ue entra correndo num pr/dio em c#amas para salvar uma criana realiza uma a(o #erGica+
pois / moralmente digna de nota e ela tem de superar um medo significativo Xou potencialY- Oma pessoa .ue faz uma grande doa(o W caridade em vez de comprar para si um novo casaco de inverno para substituir seu casaco vel#o
e fino realiza uma a(o bondosa- ,la n(o precisa superar um medo significativo para fazer isso+ e seu bem-estar imediato n(o estF em 8ogo Xportanto+ n(o / uma a(o #erGicaY+ mas estF sacrificando de forma significativa seus
interesses pessoais de maneira nobre= portanto+ sua a(o se .ualifica como bondosa-
B*&
;er <- !- Ormson+ J4aints and NeroesJ+ em 0ssa"s in <oral $hilosoph", editado por A-0- Melden X4eattle2 Oniversity of 6as#ington Press+ BE@?Y+ p- BE?-$BC-
;e8amos Buffy e suas a1es+ e o .ue podemos verificar- !bviamente+ encontramos a1es #erGicas muitas delas- ,la patrul#a 4unnydale .uase todas as noites+ e arrisca sua vida constantemente para o benefcio dos outros- I
verdade .ue ela parece ser capaz de lidar com muitos de seus inimigos vampiros com grande facilidade+ mas mesmo nesses pe.uenos confrontos sempre #F uma c#ance de um leve deslize+ ou de um movimento em falso+ .ue
poderia resultar em sua morte- , al/m dos vampiros+ ela tem de vencer uma vasta gama de demTnios e outros seres+ com os .uais o risco imediato W sua vida / tremendo+ e fre.]entemente ela se segura na mais fina corda- ,m J'#e
LiftJ+ ela c#ega a pular no .ue acredita ser uma dimens(o infernal para salvar Da>n e o mundo certamente isso / #erGico-
Algu/m poderia afirmar .ue essas a1es n(o s(o realmente #erGicas por.ue a prGpria Buffy geralmente n(o tem medo- ,m resposta+ podemos afirmar .ue as a1es #erGicas ocorrem ou .uando a pessoa envolvida sente um medo
significativo ou .uando a situa(o / tal .ue as pessoas comuns sentiriam esse medo Xmesmo .ue a prGpria pessoa n(o sintaY- Para ver por .ue ocorre isso+ seria Ztil distinguirmos entre o .ue c#amamos de pura bravura e bravura de
fora de vontade- "ompare as a1es de Buffy com as de ^ander+ ao combater o mal- ^ander parece sentir medo com mais fre.]ncia mas ele consegue respirar fundo e superar o medo- ^ander tem uma bravura de fora de
vontade= ele sente muito medo+ mas tem suficiente fora de vontade para continuar+ e agir apesar do medo- Buffy+ por outro lado+ geralmente n(o sente muito medo- 9(o .ue se8a cega ao perigo .ue enfrenta= na verdade+ ela tem
no(o do perigo+ mas permanece calma e controlada- 0sso / pura bravura ela n(o sente medo+ .uando a maioria das pessoas sentiria- Buffy+ portanto+ realiza a1es #erGicas refletindo sua pura bravura-
, .uanto Ws a1es bondosasR A.ui podemos novamente refletir acerca da patrul#as de Buffy+ e outras atividades- Mas em vez de nos concentrarmos nas batal#as .ue enfrenta+ consideremos o .ue ela abandona- Uuando sai para
patrul#ar+ ela n(o sG arrisca a vida+ mas sacrifica seus interesses e compromissos pessoais- 9amorar estF praticamente fora de cogita(o+ uma vez .ue precisa esconder sua identidade de caadora+ e tamb/m pela falta de tempo= e os
relacionamentos romVnticos .ue consegue ter n(o terminam bem- ,la n(o pode estudar como gostaria embora devamos admitir .ue ela poderia eSatamente seguir os passos de 6illo> a.ui+ utilizando o tempo disponvel
necessFrio- "onstantemente+ Buffy se defronta com a deten(o+ e at/ a eSpuls(o da escola+ por.ue se envolve em eventos violentos- Al/m de seu trabal#o como caa-vampiros+ ela / obriga da a sair da faculdade e arrumar um
emprego num !ast-!ood para sustentar Da>n apGs a morte da m(e- ,la vive sacrificando seus interesses pelos outros- Da>n recon#ece isso2
DA692 Buffy nunca vai ser uma advogada+ ou m/dica .ual.uer coisa assim-
^A9D,72 ,la / uma caa-vampiros- ,la salva o mundo- 0sso / muito mais importante-
DA692 Mas isso significa .ue ela vai ter empregos ruins a vida toda+ n(o /R 4alFrio mnimo+ etc- ,u+ por eSemplo+ ainda posso crescer e ser alguma coisa- Mas para ela--- / isso- XJDoublemeat PalaceJY
B**
B**
'odas as cita1es de Bu!!" a Caa-(ampiros 7BaC#8 s(o baseadas nos transcritos n(o oficiais disponveis em >>>- studiesin>ords-de-
Buffy+ enfim+ vive uma vida moralmente impressionante+ seguindo um padr(o de sacrifcios bondosos e a1es #erGicas- ,la eSibe virtudes como compaiS(o+ coragem+ lealdade+ 8ustia e benevolncia- Por isso+ propon#o .ue
Buffy se8a considerada um eSemplar moral- , isso nos leva W prGSima pergunta- 4endo ela um eSemplar moral+ deveramos fazer o .ue ela fazR
Fazendo o .ue Buffy faz
"onsideremos as seguintes observa1es de ^ander+ em meio a uma conversa com Buffy2
^A9D,72 DeiSe-me dizer-l#e uma coisa .uando estF escuro e eu fico sozin#o e com medo+ nervoso+ ou alguma coisa assim+ sempre penso2 J! .ue Buffy fariaRJ ;oc / min#a #erona- 'udo bem+ Ws vezes .uando estF frio e eu
estou sozin#o+ penso2 J! .ue Buffy estarF vestindoRJ XJ'#e Fres#manJY
;amos es.uecer a segunda pergunta+ por mais interessante .ue se8a+ e nos concentrar na primeira- 4erF um bom guia para o comportamento de ^ander ele deve fazer o .ue Buffy fariaR Afinal+ ele n(o tem muitos talentos
possudos por Buffy na condi(o de caa-vampiros+ e seus compromissos s(o diferentes- ;e8amos uma ocorrncia comum em 4unnydale Xpelo menos para a gangue do 4coobyY imaginemos .ue ^ander se ve8a confrontado por
um grupo de vampiros+ e se pergunte o .ue Buffy faria- ,la provavelmente aproveitaria suas singulares #abilidades de caadora e acabaria com os vampiros- Mas se imaginarmos ^ander sem essas #abili dades+ tentando fazer as
mesmas coisas+ creio .ue teramos um ^ander morto- ,n.uanto Buffy daria um gracioso salto olmpico para trFs e atravessaria um vampiro com uma estaca+ ^ander tentando fazer a mesma coisa acabaria caindo de costas+
talvez espetando a si prGprio- Portanto+ n(o seria bom .ue ^ander tentasse fazer a mesma coisa .ue Buffy-
'alvez #a8a um modo de contornar essa dificuldade- 'alvez sG o .ue precisamos fazer se8a imaginar o .ue Buffy faria se estivesse no lugar de ^ander+ mas com as #abilidades de ^ander n(o suas #abilidades espe ciais de
caa-vampiros- Assim+ no caso descrito a.ui+ tentamos imaginar o .ue Buffy faria se ela tivesse de enfrentar vampiros sG com os talentos e #abilidades de ^ander= e poderamos declarar .ue / isso .ue ^ander deve ria fazer- 4ob
essas condi1es+ Buffy precisaria encontrar um tipo de a(o .ue estivesse dentro das possibilidades de ^ander+ c#egando assim a uma solu(o apropriada-
At/ a.ui+ tudo bem- 0sso pode nos dar uma orienta(o apropriada .uanto Ws a1es de ^ander na situa(o descrita voltaremos ao caso+ logo- Mas+ por ora+ consideremos uma coisa diferente e trivial2 Buffy gosta de .uei8o-
B*@
9(o temos nen#uma informa(o definitiva a respeito dos gostos de ^ander+ mas supon#amos+ por en.uanto+ .ue ele n(o goste de .uei8o- Agora imagine ^ander numa festa+ sentindo nervoso+ e pensando se deve ou n(o comer
alguma coisa- 4e ele se perguntar o .ue Buffy faria Xmesmo .ue sG com os talentos deleY+ parece .ue a resposta seria pegar algo da bande8a de .uei8os por.ue Buffy agiria assim= a resposta surge apesar do fato de ele n(o gostar de
.uei8o- Portanto+ precisamos de outra modifica(o-

B*@
"omo 6illo> informa a 7iley em J'#e 0nitiativeJ-
Agora imagine .ue ^ander pergunte2 J! .ue Buffy faria+ se ela tivesse sG as min#as #abilidades+ e tamb/m meus gostosRJ+ como orienta(o para o seu comportamento- 0magine um terrvel dilema em .ue tanto Anya .uanto
<oyce est(o incapacitadas e sendo atacadas+ e ^ander sG poderia salvar uma delas- ! .ue Buffy fariaR Bem+ se ela de fato sG pudesse salvar uma das duas mul#eres+ seria provavelmente sua m(e- Mas ^ander deveria tamb/m fazer
isso ou o certo seria salvar Anya Xpelo menos en.uanto ela fosse sua noivaYR
B*C
De novo+ o .ue Buffy faria n(o parece ser o certo para ^ander+ nesse caso+ por causa de seus diferentes compromissos e relacionamentos- "omea a
aparecer um padr(o-
B*C
,stamos pressupondo .ue n(o eSistem outras complica1es- Por eSemplo+ n(o #F um demTnio envolvido+ .ue matarF cin.]enta crianas se Anya viver+ mas apenas vinte e cinco se <oyce viver+ nem .ual.uer outro elemento W
situa(o .ue possa mudar nossas intui1es a respeito .ue ^ander deveria fazer Xou BuffyY-
9esse ponto+ podemos retornar ao caso em .ue ^ander enfrenta um grupo de vampiros- 4upon#a .ue Buffy ten#a um plano .ue seria apropriado para ela+ se tivesse somente as #abilidades de ^ander- Mas Buffy / eStremamente
cora8osa+ e seu plano depende de ^ander ser igualmente cora8oso- , lembre-se2 Buffy tem a bravura pura+ mas ^ander parece ter a bravura da fora de vontade- Agora+ e se nessa situa(o ^ander entrasse em pVnico ainda .ue sG
por um segundo antes de poder agir como Buffy Xcom as #abilidades deleY+ .uando mesmo um Znico momento de #esita(o resultaria em fracassoR ! plano+ muito bem elaborado+ eSige uma prontid(o de segundos+ mas o carFter
de ^ander o faria #esitar por um instante X.uando Buffy n(o #esitariaY+ e isso levaria ao fracasso- ^ander+ sendo ^ander+ nem sempre agirF como Buffy- , mais uma vez+ n(o parece certo .ue ele tente agir como ela+ por mais
modifica1es .ue possamos apresentar-
Agora teramos de criar uma modifica(o ainda mais forte e talvez perguntar o .ue Buffy faria se tivesse apenas as #abilidades+ os gostos+ os relacionamentos e a personalidade de ^ander- Podemos continuar assim
indefinidamente- Mas ve8a2 se Buffy receber as #abilidades+ gostos+ relacionamentos e personalidade de ^ander+ parece .ue n(o teremos mais Buffy+ e sim uma cGpia em carbono de ^anderK ! enfo.ue a.ui / .ue+ W medida .ue
modificamos a pergunta+ perdemos a identidade de Buffy+ e ela assume inteiramente a posi(o de ^ander- , .uando isso ocorrer+ n(o teremos mais um guia+ uma orienta(o para ^ander+ por.ue em nossas perguntas trans formamos
essencialmente Buffy em ^ander-
,is outra maneira de c#egar ao mesmo ponto2 0magine-se perguntando a si prGprio Xconfrontado por um dilema mortalY2 J! .ue Buffy faria se ela fosse euRJ 4e Buffy continuar como Buffy+ voc n(o necessariamente encontrarF
a resposta certa para o .ue deveria fazer+ por.ue voc Xpressupon#oY n(o tem as #abilidades da caadora+ seus interesses+ compromissos e relacionamentos+ e assim por diante- Podemos at/ suspeitar .ue se esti vesse em seu lugar+
Buffy se perguntaria como+ afinal de contas+ foi parar em sua cidade+ e tomaria o primeiro Tnibus de volta a 4unnydale= ela n(o con#ece voc nem seus amigos- ,nt(o+ talvez voc reformule a pergunta+ e dessa vez enfatize a id/ia de
Buffy ser (o*/ com os seus relacionamentos+ talentos+ compromissos+ personalidade e todo o resto- Agora+ voc vai parar no outro eStremo do dilema pois se pensar no .ue Buffy faria se ela fosse voc nesse sentido mais
forte+ a resposta / Gbvia- 0la !aria eLatamente o 3ue (o*/ !aria, por3ue (o*/ est2 imaginando o 3ue ela !aria se !osse (o*/. 0sso n(o a8uda nem um pouco-
Portanto+ temos um problema inicial para as teorias da virtude+ pelo menos .uando elas nos dizem para fazer eSatamente como uma boa pes soa Xcomo BuffyY agiria na mesma situa(o- ,u gostaria agora de desenvolver
sucintamente outro problema para essas teorias+ antes de recorrer a possveis solu1es-
Nerosmo n(o-obrigatGrio
! segundo problema para as teorias da virtude aparece .uando consideramos se somos todos moralmente obrigados a agir como Buffy e outros santos ou #erGis- 0sto /+ devemos todos agir W maneira dos santos para sermos
pessoas moralmente decentesR As teorias da virtude parecem eSigir isso= afinal de contas+ aprendemos .ue para agir de forma correta+ devemos atuar como as pessoas virtuosas em circunstVncias semel#antes-
! problema surge .uando recon#ecemos como os santos e #erGis s(o eScepcionais- Parte de nossa admira(o por eles / 8ustamente o fato de transcenderem o .ue l#es / moralmente eSigido- "onsideremos um m/dico .ue se
voluntFria para trabal#ar numa cidade infestada pela peste+ para a8udar as vtimas da doena- Admiramos tal m/dico+ mas ac#amos de fato .ue todos os m/dicos s(o moralmente obrigados a agir assimR Parece uma eSigncia muito
grande= ou+ com outras palavras+ parece .ue o m/dico .ue vai a uma cidade infestada estF fazendo algo .ue transcende seus deveres morais bFsicos- 9(o .ue os outros ten#am fal#as morais= por/m+ a.uele m/dico estF cumprindo
mais do .ue o c#amado do dever- Ac#amos .ue ele / admirFvel+ e digno de louvor= mas por outro lado+ n(o pensamos necessariamente .ue os outros m/dicos .ue ficam em casa com suas famlias s(o moralmente condenFveis-
FilGsofos e teGlogos usam o termo supererogator" para descrever a1es+ como as do citado m/dico+ moralmente dignas de louvor+ mas n(o moralmente eSigidas- 'ipicamente+ as pessoas s(o elogiadas por realizar a1es
supererogator", mas n(o criticadas por se abster delas-
B*A
;e8amos outro eSemplo2 podemos ac#ar .ue uma pessoa / moralmente obrigada a dar pelo menos parte de sua renda W caridade Xse for bem usadaY- Mas tamb/m podemos
acreditar .ue uma pessoa .ue dF @%k de sua modesta renda de classe m/dia W Onicef estF realizando um ato supererogator" - uma a(o moralmente boa+ mas n(o obrigatGria= doar tanto assim vai al/m do c#amado do dever-
B*A
Fazendo essas afirma1es+ deiSo de lado alguns detal#es t/cnicos .ue n(o s(o relevantes para os nossos propGsitos a.ui-
!bserve tamb/m .ue a.uilo .ue / moralmente eSigido de uma pessoa pode mudar+ com base nas obriga1es .ue ela assumiu e em seus dons naturais- 0magine .ue voc+ como cidad(o comum+ v um pr/dio em c#a mas+ e entra
correndo para salvar uma pessoa gritando por a8uda- ,ssa pode ser uma a(o supererogator" de sua parte- Mas se voc / bombeiro e c#ega a tempo de combater o fogo+ salvar a pessoa / o seu dever- !s bombeiros e outros
profissionais tm deveres e obriga1es especiais .ue n(o cabem W maioria dos cidad(os comuns-
Agora podemos retornar a Buffy e Ws teorias da virtude- ! .ue eu gostaria de sugerir / .ue para a maioria de nGs agir como Buffy seria uma a(o supererogator" n(o devemos deiSar .ue o comportamento dela se8a um guia
para o .ue / moralmente eSigido de nGs+ ao contrFrio do .ue afirmam as teoristas da virtude- "onsidere o seguinte diFlogo entre Ben e Liles2
B*?
B*?
Om pouco de informa(o bFsica2 Ben / um #umano .ue divide um corpo com Llory+ uma deusa .ue pode .uase destruir o mundo Xse os planos dela funcionassem---Y- Matando Ben+ Buffy poderia destruir Llory-
B,92 ,la [Buffy\ podia ter me matado-
L0L,42 9(o+ n(o podia- , mais cedo ou mais tarde+ Llory ressurgirF e farF Buffy pagar por essa misericGrdia e o mundo tamb/m- Buffy sabe disso+ mas mesmo assim ela n(o poderia tirar uma vida #umana- ,la / uma #erona+
entendeR 9(o / como nGs- XJ'#e LiftJY
Liles recon#ece .ue Buffy+ como #erona e caadora+ vive segundo padr1es diferentes e mais eSigentes .ue os padrVes humanos normais Xo prGprio Liles acaba matando Ben para evitar .ue Llory volteY- Assim como se espera
mais de um bombeiro+ padre ou policial do .ue da maioria das pessoas+ a caadora tamb/m tem responsabilidades .ue surgem de sua fun(o e #abilidades especiais- Uual.uer coisa al/m disso /+ para Buffy+ uma a(o
supererogator" mesmo para uma caa-vampiros- Para atuarmos de maneira moralmente apropriada+ nem sempre precisamos agir como esses outros- 4e o fizermos+ estaremos cometendo atos supererogator" ultrapassando
nossos deveres morais como n(o-caadores #umanos-
Buffy como !bservadora Xmais ou menosY
,nt(o+ o .ue fazerR 9(o ac#o bom agirmos eSatamente como Buffy- "omo vimos antes+ o comportamento dela n(o leva a a1es apropriadas para nDs. Al/m disso+ parece .ue Buffy+ como caa-vampiros+ sempre estarF obrigada
a realizar a1es .ue seriam supernobres para civis comuns como nGs e mesmo entre as caa-vampiros+ ela talvez eStrapole o c#a mado do dever- Por isso+ n(o parece certo agir eSatamente como Buffy- Por outro lado+ ^ander e os
teoristas da virtude parecem ter certa raz(o Buffy sem dZvida / um eScelente modelo- 4erF .ue ainda podemos usF-la como guia para o nosso comportamentoR
Uuero propor a.ui uma forma ligeiramente modificada da teoria da virtude+ e sugiro .ue faamos a nGs mesmos uma pergunta um pouco diferente- ,m vez de perguntar J! .ue Buffy fariaRJ+ mais precisamente+ eu sugeriria .ue
A a(o de uma pessoa em determinada situa(o / moralmente certa se Xe apenas seY um observador plenamente informado+ desimpedido e virtuoso Xcomo BuffyY considere-a certa Xpara essa pessoaY-
9ote .ue+ com essa defini(o de a(o certa+ Buffy poderia ac#ar .ue ^ander deveria fazer uma coisa em determinada situa(o Xe considerF-la moralmente certa para eleY+ mesmo .ue ela prGpria agisse diferente- ,la poderia
recon#ecer .ue ^ander+ em considera(o a seus relacionamentos+ deveria moralmente salvar Anya+ embora ela+ Buffy+ preferisse salvar <oyce- Portanto+ n(o precisamos agir eSatamente como uma pessoa moralmente boa= devemos+
isso sim+ tentar determinar o .ue Buffy Xe outros agentes virtuososY esperaria de nGs+ diante de nossas #abilidades e responsabilidades individuais+ e agir de acordo-
Por .ue eSigimos .ue o observador virtual se8a Jplenamente informadoJ e JdesimpedidoJR A motiva(o a.ui / obter o mel#or 8ulgamento da pessoa virtuosa- 4e Buffy n(o tem informa1es importantes a respeito de uma
situa(o+ ent(o seu 8ulgamento pode ser errTneo- Por eSemplo+ se ela n(o sabe como destruir um tipo especfico de demTnio+ ou se n(o sabe .ue um aparente amigo / na verdade um traidor+ ela pode aprovar uma a(o .ue leve a
resultados desastrosos- Por isso+ precisamos .ue ela este8a plenamente informada acerca de todos os detal#es da situa(o para levar tudo em conta antes de decidir o .ue uma pessoa deve fazer- Al/m do mais+ .ueremos .ue o
observador virtuoso se8a desimpedido no sentido de pensar com clareza+ sem influncia de drogas+ n(o ser distrado e assim por diante- Basta nos lembrarmos de .uando Buffy se tornou a JBuffy das cavernasJ em JBeer BadJ- 4ob a
influncia da cerve8a+ drogada+ o insight e a capacidade de 8ulgamento de Buffy se tornaram profundamente comprometidos-
9(o creio .ue confiaramos em seu bom senso diante de sutis dilemas morais+ na.uele estado= por isso+ precisamos contar .ue ela este8a totalmente desimpedida+ nesse sentido-
;emos+ portanto+ .ue uma pe.uena modifica(o nas teorias da virtude comuns nos permite evitar os problemas .ue discutimos+ e ao mesmo tempo contar com os eSemplares morais para guiar nosso comportamento- ! ponto-
c#ave / .ue n(o devemos simplesmente imitar as pessoas boas cada um de nGs / um indivduo com diferentes #abilidades+ preferncias+ relacionamentos e assim por diante= a a(o certa para Buffy pode n(o ser para voc ou para
mim- Mas+ mesmo assim+ podemos nos perguntar o .ue Buffy gostaria .ue fiz/ssemos+ considerando nossos talentos e compromissos- Podemos imaginar uma Buffy angelical velando por nGs podemos nos esforar para realizar
a1es .ue ela aprovaria-
"om uma observa(o talvez mais s/ria+ espero .ue algum ponto significativo se levante dessa discuss(o- Muitas pessoas tentam espel#ar a vida na.uelas pessoas boas+ e podem perguntar-se o .ue <esus ou Buda faria em seu
lugar- Min#a sugest(o / .ue n(o faamos essas perguntas pelo menos+ n(o eSatamente dessa maneira- ;e8a um eSemplo final2 presumivelmente+ <esus poderia realizar milagres em determinadas situa 1es .ue enfrentamos- ,
desconfiamos .ue as coisas n(o funcionariam muito bem se nGs prGprios tentFssemos esses milagres--- I mais apropriado perguntar o .ue Buda Xou <esus ou BuffyY consideraria moralmente correto para nGs fazermos- Assim+
podemos ser devidamente orientados pela sabedoria e bondade dos moralmente virtuosos-
B*E
B*E
Agradeo a <ames 4out# por todos os seus esforos em editar este volume- Lostaria de agradecer tamb/m aos seguintes f(s de Buffy2 4teve ,s5ildsen+ <eremy Fantl+ Faye Nalpern+ Darren Nibbs+ 7obert No>ell+ <ennifer
Lac5ey+ Matt McLrat#+ Lerald McLre>+ <ay 9e>#ard+ Baron 7eed+ Alanna 6ebb+ Doug 6ebb e '#ane 6eedon-
!
P&iK*+ e &;*+, 3+9 c+/'8+)e e 5+8& de c+/'8+)e
Larolyn Morsmeyer
A metafsica de Bu!!", a Caa-(ampiros 7BaC#8, repleta de vampiros+ almas+ foras do mal e magia+ / magnificamente dissonante com a realidade viva e a filosofia contemporVnea- ,ntretanto+ esses conceitos so brenaturais
combinam com as inescapFveis preocupa1es prFticas e problemas filosGficos perenes- BaC# trata essencialmente do .ue pode ou n(o ser controlado+ de fora+ destino e escol#a- es vezes+ foras incontrolFveis s(o apresentadas
pelo mundo e suas circunstVncias+ se8am elas mFgicas+ #ereditFrias ou circunstanciais= outras vezes+ tais foras parecem surgir da prGpria mente+ na forma de fortes emo1es- A abordagem das emo1es em BaC# liga o mundo
ficcional fantasioso com .uest1es filosGficas prementes a respeito do poder relativo Xou da falta deleY da raz(o e da emo(o para determinar escol#as e a1es-
A filosofia mant/m vis1es ambivalentes a respeito emo1es- A opi ni(o #istoricamente dominante / a de .ue as emo1es s(o foras perigosas capazes de sufocar o 8ulgamento da raz(o+ levando a erros tanto epistmicos .uanto
morais- 4egundo essa anFlise+ as emo1es s(o interpretadas como paiS1es+ foras internas diante das .uais somos literalmente JpassivosJ- Por outro lado+ as emo1es parecem necessFrias para motivar a a(o+ e+ apesar da presun(o
de .ue elas impedem o eSerccio da raz(o+ as emo1es Ws vezes s(o capazes de uma sagacidade intuitiva .ue orienta a raz(o+ .uando esta fal#a- AristGteles+ por eSemplo+ observou .ue+ sem determinado tipo de raiva+ uma pessoa
seria incapaz de perceber .ue foi in8ustamente desonrada-
B@%
A teoria da emo(o contemporVnea eSibe uma semel#ante ambivalncia2 alguns teoristas enfatizam a fun(o cognitiva da emo(o e sua coopera(o com a raz(o+ en.uanto
outros enfocam a continuidade da emo(o #umana com comportamentos animais instintivos-
B@B
B@%
AristGteles+ 4 Uti*a a Ji*Pma*o, livro 0;+ captulo @-
B@B
Para um contraste das abordagens filosGficas das emo1es+ ver 7onald de 4ousa+ The 'ationalit" o! 0motions X"ambridge+ MA2 M0' Press+ BE?AY= e Paul Lriffit#s+ What 0motions 'eall" 4re X"#icago2 Oniversity of "#icago
Press+ BEEAY-
BaC# manifesta interpreta1es ambguas paralelas de emo1es+ considerando-as ao mesmo tempo modelos de estupidez e sagacidade- Princi palmente nos primeiros episGdios+ as emo1es s(o implicitamente contrastadas com
um controle racional mais adulto+ como Liles repetidamente adverte Buffy+ lembrando a ela .ue+ como caadora+ n(o se pode dar ao luSo da paiS(o- A prGpria Buffy pune as a1es destrutivas cometidas Jnum momento de paiS(o
cegaJ XJ0 !nly Nave ,yes for QouJY- ,ntretanto+ o drama / muito mais do .ue a simples luta entre emo(o e raz(o+ e muitos episGdios oferecem ocasi1es para se eSperimentarem diferentes tipos de estados afetivos+ seus valores+
seus perigos e a compleSidade de sua estrutura- As emo1es fortes s(o retratadas pelos personagens e despertadas no telespectador envolvido+ embora o impacto emotivo para o pZblico se8a fre.]entemente mitigado pelos elementos
cTmicos da s/rie- ;ou enfocar trs emo1es+ deiSando fora a.uela .ue pode parecer mais central ao drama2 medo+ recurso necessFrio para o drama de #orror= mas+ como o gnero eSige .ue o medo se8a vencido+ a s/rie o aborda de
maneira mais prosaica do .ue as outras emo1es+ como raiva+ dor ou amor- ,sse trio oferece para considera(o uma emo(o geralmente associada ao instinto animal+ por/m inteiramente #umana+ e .ue+ no entanto+ possui
propriedades de ambos-
NF uma licena filosGfica para investigar emo1es+ conforme s(o abordadas na narrativa artstica+ se8a no teatro+ cinema+ literatura ou televi s(o- As teorias visam necessariamente aos nveis abstratos de eSplica(o para .ue
parVmetros gerais e normas eSplanatGrias possam ser formulados- Para esse fim+ os filGsofos analisam emo1es protGtipas+ em vez dos eventos emocionais especficos eSperimentados individualmente pelas pes soas em
circunstVncias especficas- !s psicGlogos tamb/m s(o incapazes de estudar a imensa variedade de situa1es nas .uais surgem as emo1es+ sendo limitados pelas eSigncias da eSperimenta(o+ isso sem mencionar os padr1es /ticos
dos pain/is de anFlise de pacientes- ,m contraste+ as emo1es retratadas na arte tm uma licena para eSplorar as bizarras e singulares formas assumidas pelas emo1es+ tanto na descri(o de perso nagens especficos .uando na
encena(o de circunstVncias dramFticas-
"omo sugerem numerosos teoristas dentre os .uais+ a mais proeminente / Mart#a 9ussbaum essa dimens(o est/tica oferece oportunidades para iluminar situa1es particulares para as .uais a teoria geral apenas sugere
diretrizes gerais-
B@$
B@$
Mart#a 9ussbaum+ Io(eFs +nowledge X9ova Qor52 !Sford Oniversity Press+ BEE%Y- A respeito de emo1es+ ver a obra da mesma autora+ Mphea(als o!Thought The Intelligen*e o!0motions X"ambridge2 "ambridge Oniversity
Press+ $%%BY-
PaiS1es animais e verdades emocionais
A postura contra as emo1es geralmente leva em conta apenas as emo1es negativas fortes+ pois estas parecem travar uma batal#a particularmente feroz com a faculdade racional .ue idealmente guia a a(o- ,mo1es como a
fZria ou o terror paralisante n(o sG interferem na escol#a deliberada+ mas tamb/m possuem efeitos fsicos palpFveis+ incluindo bati mento cardaco acelerado+ tremedeira+ tontura e mudanas de temperatura pois o Jcalor da raivaJ
e o Jfrio do medoJ s(o mais do .ue metafGricos- A inabilidade para controlar os aspectos fsicos das emo1es parece o sintoma eSterno do poder racional diminudo-
As emo1es Ws vezes se ligam aos apetites+ pois ambos envolvem o dese8o= Plat(o considerava os apetites particularmente perigosos+ comparando-os a feras selvagens abrigadas no corpo- A metFfora / apropriada+ pois apetites e
emo1es s(o traos .ue compartil#amos com outros animais- 9a verdade+ falamos de JpaiS1es animaisJ+ e a id/ia de .ue essas emo1es atrapal#am a clara raz(o / captada na prGpria locu(o- Mant fala pela maioria+ .uando observa
.ue a raz(o nos coloca Jacima da naturezaJ e dota os seres #umanos de sua liberdade Znica-
B@&
"omo n(o somos criaturas inteiramente racionais+ por/m+ a 8urisdi(o da raz(o eSige patrul#a constante contra foras rivais+ incluindo
emo1es-
B@&
0mmanuel Mant+ %undamentao da <eta!:si*a dos Costumes XBA?@Y-
As liga1es entre emo1es e natureza animal n(o s(o+ de forma alguma+ limitadas W filosofia- Muitos cientistas lidam com o estudo da emo(o a partir do ponto de vista da biologia evolucionFria+ argumentando .ue as emo1es
desempen#am fun1es adaptFveis de proteger o organismo e a esp/cie W .ual ele pertence- ,studos acerca do c/rebro demonstraram .ue partes dele+ ativadas durante um estmulo emocional+ como a amgdala+ tam b/m eSistem em
outros animais- ,ssa pes.uisa / adotada por filGsofos .ue advogam uma teoria modular da mente+ segundo a .ual os processos cognitivos superiores s(o inteiramente separados da ativa(o emotiva+ .ue se desenvolve ao longo de
camin#os neurais mais rFpidos e desencadeia a1es como fuga Xpor medoY+ agress(o Xpor raivaY+ estimula(o relacionada Xpor ciZme seSualY+ recuo Xpor no8o ou afli(oY e assim por diante-
B@*
Mas por mais JanimaisJ .ue se8am+ os
camin#os emocionais n(o s(o necessariamente contrFrios W raz(o- Por agirem como mGdulos eficientes de resposta a situa1es urgentes+ sua velocidade e acuidade intuitiva tm peculiar poder cognitivo-
,ntretanto+ elas tamb/m podem descontrolar-se- Osamos eSpress1es como Jpetrificado de medoJ+ Jlouco de dorJ+ Jcego por amorJ+ etc- ,m BaC#, as metFforas se tornam literais+ pois os encantamentos mFgicos induzem
emo1es e as pessoas podem tornar-se animais- ,star Jfora de siJ de tanta emo(o / algo .ue se encaiSa perfeitamente com a capacidade da magia de gerar um tumulto .ue a pessoa+ em seu estado mental normal+ nunca tentaria-
B@*
Paul Lriffit#s+ What 0motions 'eall" 4re.
7aiva2 o animal interior
Ira !uror &re(is est, diz NorFcio2 JA raiva / uma breve loucuraJ- ,ssa afirma(o resume a id/ia de .ue as emo1es podem descontrolar uma pes soa+ comprometendo o e.uilbrio da raz(o- "omo a raz(o tipicamente leva W a(o+
essa breve loucura pode ser um intervalo perigoso de destrui(o irracional- A raiva combinada com o amor / particularmente poderosa+ pois as emo1es costumam ocorrer com mais fre.]ncia em con8unto .ue isolada mente- ,m
JBe>itc#ed+ Bot#ered+ and Be>ilderedJ+ ^ander+ zangado e magoado pela re8ei(o de "ordelia busca a compensa(o+ pedindo a Amy .ue lance um encantamento sobre "ordelia .ue a faa amF-lo- Mas Amy / uma bruSa amadora+
e o encantamento tem um efeito errado e cTmico2 toda mul#er+ eSceto "ordelia+ fica obcecada por ^ander- !s elos entre amor e raiva na forma de ciZme e ira possessiva se manifestam no comportamento assassino de pessoas
normalmente pacficas+ tais como 6illo> e <oyce 4ummers- ,m J4omet#ing BlueJ+ 6illo>+ cu8a bruSaria vai se aperfeioando mais do .ue ela se dF conta+ causa sua prGpria destrui(o+ .uando acidental mente lana encantamentos
por meio do poder de sua raiva- 9esse caso+ a intensidade de suas emo1es uma combina(o de mFgoa+ frustra(o e eSaspera(o culmina na realiza(o de cada um de seus capric#os irados- 9o processo+ Liles fica cego e
4pi5e e Buffy X.ue se odeiam nesse momentoY acabam ficando noivos- 7aiva e mFgoa pela re8ei(o social tamb/m s(o as fontes das diabruras mal/volas da invisvel Mareie+ em J!ut of Mind+ !ut of 4ig#tJ- Pode-se dizer .ue o
poder destrutivo e impensado da raiva se mostra nessas promscuas eSibi1es de temperamento+ dramFticas mas tamb/m engraadas por.ue assumem forma mFgica-
A raiva / a emo(o da agressividade+ e agressividade sem motivo / perigo bruto- !z+ .ue+ em sua forma #umana+ / o menos irascvel dos per sonagens+ transforma-se uma vez por ms num lobisomem predador- Mesmo apGs ele
conseguir controlar sua licantropia+ o ciZme provocado pela raiva .ue ele tem de sua rival 'ara e pelo amor a 6illo> pode revert-lo W condi(o de lobisomem XJ9e> Moon 7isingJY- A figura do #umano trans formado em animal
capta vividamente a imagem da raiva e da agress(o como elementos brutais do limite emocional+ sugest(o tamb/m desenvolvi da pelo estado de ^ander dominado por uma #iena em J'#e Pac5J- ,sse tema parece especialmente
verdadeiro no mac#o da esp/cie- "omo diz Fait#2 J'odo #omem tem um animal por dentroJ XJBeauty and t#e BeastsJY- Foras emocionais aparentemente atuam sobre o ser #umano tamb/m2 as paiS1es fortes fazem os vampiros
assumir seu rosto demonaco-
,ntretanto+ apesar de ser uma emo(o violenta .ue turva o 8ulgamento e a delibera(o moral+ a raiva nem sempre / ruim- 9em mesmo Plat(o ac#ava isso= em 'ep=&li*a, ele fala do Jelemento vivazJ Xfre.]entemente interpretado
como uma variedade da raivaY+ .ue imbui uma pessoa de energia e dire(o+ e .ue / o aliado natural da raz(o na governana da alma 8usta-
B@@
Assim+ embora a raiva possa tirar uma pessoa do controle+ se ela for 8udiciosamente
cultivada pode ser canalizada e energizar esforos para aumentar a efetividade- Uuando Mendra+ a caa-vampiros disciplinada+ cri tica Buffy por dar vaz(o Ws emo1es em vez de se guiar pela raz(o+ a segunda replica2 JMin#as
emo1es me d(o poderJ XJ6#at_s My LineR+ Part '>oJY- ,la cutuca Mendra nessa .uest(o+ forando-a a ver isso no modo como luta XJ0sso .ue voc estF sentindo / raivaJY- A raiva prFtica / utilizada depois+ .uando Mendra+
#esitante+ zanga-se por Patrice da !rdem de 'ara5a ter rasgado sua blusa- A raiva tamb/m leva Buffy+ antes insegu ra+ a derrotar a vampira punH, 4unday+ no *ampus de 4unnydale XJ'#e Fres#manJY- ,sses dois estmulos s(o
abordados com #umor+ 8F .ue o dano .ue gerou a raiva era relativamente trivial Xuma blusa rasgada+ um guarda-c#uva .uebrado .ue era o prmio JProtetor da "lasseJ de BuffyY= mas esses pe.uenos incidentes s(o apenas os pavios
necessFrios para .ue a luta do bem triunfe-
B@@
Plat(o+ 'ep=&li*a, livro 0; *&Ed-**Ba-
Dramaticamente falando+ algumas doses de raiva tamb/m #umanizam personagens cu8o controle racional Ws vezes domina-l#es o carFter- Liles+ a figura mais devotada W raz(o e W disciplina+ ocasionalmente eSplode+ de maneiras
tanto compreensveis .uanto #ilFrias- ,le sente o peso de sua 8uventude selvagem e vive em guarda contra a recorrncia de seu vel#o eu J,stripadorJ+ .ue Ws vezes vem W tona+ como no momento em .ue ele ameaa o diretor 4nyder+
para defender Buffy- Uuando ele estoura+ eSasperado+ com ^ander por fazer piadas num momento t(o delicado+ esse lapso em postura retrata sucintamente sua ansiedade- Uuando pune 6illo> por interferir com a natureza e trazer
Buffy de volta dos mortos+ a fZria comedida indica tanto a profundidade .uanto a intensidade de suas preocupa1es XJAfter LifeJY- , no lado #ilFrio+ vemos Liles transformado num demTnio desa8eitado em JA 9e> ManJ+ aos
poucos perdendo o controle racional+ W medida .ue a voz engrossa+ e ele diz a 4pi5e .ue a sensa(o / boa- ;endo a detestFvel Maggie 6als#+ ele salta para fora do carro e a perse gue ameaadoramente+ divertindo-se numa
indulgncia .ue o Liles #umano 8amais se permitiria-
Dor
,n.uanto a raiva / uma emo(o s/ria e Ws vezes terrvel+ sendo tamb/m capaz de um tratamento cTmico+ o mesmo n(o acontece com a dor+ uma emo(o totalmente fec#ada para a com/dia- A dor Xn(o-fsicaY / pro vavelmente
uma emo(o eSclusivamente #umana+ eSigindo os recursos da linguagem e da compreens(o proposicional para a sua plena manifesta(o- ,la tem muitas formas e pode passar anos sem ser eSprimida- Mas seus primeiros estFgios
incluem o c#o.ue e a rea(o forte+ sendo nesse sentido uma das emo1es mais difceis de controlar- Provavelmente+ a cautela mais eStrema relacionada W dor foi recomendada pelos estGicos+ .ue viam todas as emo1es como
8ulgamentos acerca do valor de eventos e circunstVncias 8ulgamentos .ue provavelmente s(o incorretos- 4endo estritamente deterministas+ os estGicos defendiam a id/ia de .ue nGs somos incapazes de efetuar mudanas
significativas no mundo+ fora de nGs mesmos+ e por isso as emo1es s(o apenas energia desperdiada- ,picteto dF um consel#o+ .ue W primeira vez pode parecer cruel2
9o caso de tudo o .ue / atraente ou Ztil+ ou de tudo o .ue voc gosta+ lembre-se de dizer sG o .ue as coisas s(o eSatamente+ comeando com as coisas mnimas- 4e voc gosta de uma 8arra+ diga Jeu gosto de uma 8ar raJK Pois
.uando ela se .uebrar+ voc n(o ficarF triste- 4e bei8ar seu fil#o ou sua esposa+ diga .ue estF bei8ando um ser #umano2 pois .uando eles morrerem+ voc n(o ficarF triste-
B@C
B@C
,picteto+ O <anual.
A dor / a emo(o .ue recon#ece a perda irreversvel+ e n(o sentir isso parece algo praticamente impossvel+ at/ errado- ,+ no entanto+ #F sa bedoria nesse consel#o+ pois diferentemente da raiva+ do medo ou do amor+ .ue s(o
capazes de motivar a a(o para efetuar fins positivos+ a dor nunca / capaz de concretizar seu dese8o desesperado-
A dor inclui o terrvel dese8o de os eventos n(o terem acontecido como aconteceram+ e pode gerar fantasias infrutferas de fazer o tempo voltar atrFs- Portanto+ essa emo(o / especialmente consoante com o tipo de drama .ue
acalenta a possibilidade do destino pr/-ordenado- Mas nem a magia pode evitar a morte+ embora vemos Da>n desesperadamente entrando num territGrio de zumbis para tentar ressuscitar sua m(e+ e 6illo> Xduas vezesY tentando
ressuscitar os mortos- Mas embora ela acerte no caso da morte de Buffy+ .ue / interpretada como o resultado de magia negra em vez de uma .ueda de uma torre Xas caa-vampiros s(o duronasY+ n(o consegue desfazer o mal causado
a 'ara por uma bala-
,m termos de eSpress(o de dor+ a s/rie eSperimentou vFrios artifcios+ incluindo o estardal#ao de 6illo> no fim da seSta temporada e o encantamento de Buffy de catatonia por culpa e dor .uando Llory toma Da>n
representado como um eSemplo de emo(o forte se tornando totalmente disfuncional- 4em dZvida+ a mais comovente demonstra(o do c#o.ue imediato causado pela dor foi vista em J'#e BodyJ+ depois .ue Buffy descobre sua
m(e morta e+ em silncio+ como .ue entorpecida+ camin#a pela casa+ at/ cair no c#(o e vomitar+ como se todo o seu corpo re8ei tasse o .ue aconteceu- A dor / a porta do desespero+ e a s/rie arrisca burlar os limites de seu prGprio
gnero 8ustamente por.ue n(o #F a possibilidade de um peso emocional suavizado por meio de elementos cTmicos-
Amor2 cora(o+ alma e c#ip
7aiva e dor s(o eSemplos de paiS1es contra as .uais alguns filGsofos nos alertam+ pelo menos em sua forma eStrema- Mas #F muito mais para aprender a respeito das emo1es .ue as circunstVncias de sua admiss(o ou controle-
"omo eSplicou AristGteles Xpossivelmente o primeiroY+ a disposi(o emocional / um componente do carFter= mas JcarFterJ no sentido ficcional e dramFtico pode revelar algo acerca da natureza das prGprias emo1es-
! amor / t(o compleSo .ue alguns teoristas tentam simplificar o fenTmeno+ dividindo-o em tipos2 amor romVntico+ dese8o+ amizade+ afei(o parental+ etc- A esp/cie de amor .ue vem com o rGtulo de advertncia /+
previsivelmente+ o amor romVntico com seus vnculos ao dese8o carnal e a subse.]ente perda do controle racional- !utras variedades de amor podem XliteralmenteY salvar o mundo+ como vimos em dois finais de temporadas+ J'#e
LiftJ e JLraveJ- Apesar das sutilezas e distin1es entre os diferentes aspectos do amor+ os vFrios componentes dessa emo(o s(o muito difceis de desembaraar+ e muitos deles parecem necessitar uns dos outros- ! amor romVntico
inclui erotismo+ mas serF .ue tamb/m n(o precisa de al gum grau de amizade e respeitoR ! reverso tamb/m pode ser o caso= a amizade firme de ^ander com 6illo> tem um antigo aspecto erGtico- Pode eSistir um amor+ mesmo
divino+ sem erotismoR XMuita gente se intriga com a linguagem de 4anta 'eresa= parece .ue n(o eSistem muitos meios de ser transportado-Y ,lementos de amor parecem ser fundamentados no corpo- XJ! amor n(o pensa+ crianasJ+
4pi5e repreende Angel e Buffy em JLovers 6al5J- JI sangue- 4angue gritando dentro de voc+ para fazer a vontade dele-JY Ao mesmo tempo+ o amor mesmo o amor seSual eScede de longe os mecanismos de resposta
biolGgicos+ envolvendo as sofisticadas anFlises cognitivas-
As compleSidades do amor podem ser vistas em .uase todos os diferentes relacionamentos entre os personagens .ue povoam BaC#, mas dois se destacam por suas .ualidades eStremas2 o amor de Anya por ^ander e o de 4pi5e
por Buffy- Ambos os personagens s(o parcialmente demTnios+ embora a maior parte do tempo os poderes de Anya se percam e os de 4pi5e diminuam por causa do c#ip implantado em sua cabea- , os dois s(o obsessivamente
devotados aos ob8etos de seu dese8o- Mas em termos de convic(o dramFtica+ eles n(o podiam ser mais diferentes- ! amor de 4pi5e / persuasivo+ envolvente e comiserFvel mesmo em sua eStrema perversi dade- ! de Anya / um
amor de .ue ouvimos muito falar mas raramente sentimos- 9(o / uma .uest(o de atua(o+ mas sim dos conceitos dos per sonagens e do modo como seus perfis emocionais s(o criados- , por causa dessa caracterstica dramFtica+
esses dois personagens iluminam um pouco a estrutura do amor em si+ pelo menos da esp/cie de amor .ue / romVntico-
! amor romVntico / uma emo(o .ue eSige um ob8eto Znico isto /+ sG pode #aver um por vez- ,sse / em si um conceito JromVnticoJ a id/ia de .ue um amante se dedica sG a uma pessoa+ deiSando todas as outras- Mas
descreve uma emo(o profundamente inscrita em sociedades com ideais monogVmicos e na literatura e arte por elas produzidas- "omo defi nem alguns teoristas+ esse tipo de emo(o n(o / JfungvelJ+ isto /+ nen#um ob8eto fora a
emo(o+ por mais semel#ante .ue se8a+ pode substituir o ob8eto do amor-
B@A
X,m compara(o+ se uma pessoa tem medo de aran#as+ .ual.uer aran#a pode ser o ob8eto do medo-Y Mas a.ui ocorre uma compli ca(o2 en.uanto o
verdadeiro amor eSige o amor somente de um pelo outro e vice-versa+ eScluindo os outros+ amar sD dessa maneira / incoerente tanto do ponto de vista dramFtico .uanto factual- 4em um escopo mais amplo e robusto de afei(o em
algum lugar no carFter e na eSperincia de uma pessoa+ o amor n(o-fungvel n(o / crvel-
B@A
A respeito do aspecto do fungvel+ ver de 4ouza+ 'ationalit" o!0motions, p- E?+$CB-C$-
,sse fundamento para o amor / o .ue falta em Anya- ,videntemente+ seus mil anos como demTnio da vingana destruram de tal forma seu carF ter com o #Fbito da raiva .ue eStinguiu suas propens1es W afei(o- ,mbora se8a
amiga dos 4coobies e mostre cada vez mais afei(o por Liles+ ela n(o .uer saber de rela1es com outros seres #umanos- 4eu carFter / maravi l#osamente cTmico nessa dimens(o+ mas trunca severamente seu registro emocional-
,mbora ela c#ore pela morte de <oyce 4ummers+ sua eSpress(o de confus(o com a morte n(o condiz com outros elementos de sua personalidade nem / inteiramente convincente- A devo(o de ^ander por ela / mostrada como uma
esp/cie de enigma para seus amigos+ pois para eles parece um mist/rio .ue um indivduo com uma profundeza de carFter como ^ander se sinta atrado por tal criatura- JFinalmente+ sinto amor+ ^ander+ de verdadeKJ+ ela declara em
seu casamento interrompido XJNell_s BellsJY- Mas ^ander+ atormentado por uma insidiosa vis(o de seu futuro como um marido violento etY peso de sua infeliz #istGria familiar+ ama-a profundamente+ mas n(o pode casar-
,m contraste com Anya+ o amor de 4pi5e se baseia numa #istGria intensa+ conturbada e psicologicamente crvel de dolorosas colis1es com amor+ dese8o e Gdio- 4eu passado #umano n(o / t(o distante+ e nGs aprende mos algo
acerca de sua antiga vida como aspirante a poeta+ fracasso social e amante re8eitado- ,videntemente+ ele8a con#ecera algo da camaradagem com seus antigos amigos vampiros+ e mesmo em sua fase mais perversa+ ele estava
obsessivamente apaiSonado pela solitFria Drusilla- X"omo o <uiz fala dos dois em J4urpriseJ2 J;oc dois eSalam W #umanidade- Partil#am de afei(o e ciZmeJ-Y
! c#ip implantado na cabea fora 4pi5e a mudar #Fbitos predatGrios- ,le n(o pode mais morder #umanos e precisa recorrer Ws sobras sangrentas dos aougues locais para se alimentar- 4ua propens(o W vio lncia sG pode ser
eSercitada contra demTnios+ assim ele / atrado W compan#ia da caa-vampiros e seus amigos- ,le / uma figura solitFria+ e embora professe preferir a solid(o+ W medida .ue seu carFter gradual mente muda+ ele obviamente se torna
passvel de se magoar .uando / deiSado fora da gangue- !s efeitos do c#ip s(o muito mais interessantes .ue a restaura(o da alma de Angel+ pois+ en.uanto a presena de uma alma implica o peso da culpa para a sanguinFria
carreira de mngelus+ a transforma(o / t(o abrupta .ue vemos apenas uma metamorfose de mau para bom- Mas 4pi5e erra em meio W sua mudana emocional+ geral mente de forma cTmica Xsua imponncia se entremeia com
#umil#antes JAisJY+ e / evidente .ue ele nem sempre estF preparado para os prGprios sentimentos- Uuando ele desperta para a paiS(o por Buffy+ 8F ad.uiriu as bases para um apego genuinamente convincente ainda .ue
perturbador- ! amor de 4pi5e+ apesar de toda a sua obsess(o e perversidade+ / estran#amente recon#ecvel- ,m suma+ parece .ue embora o amor romVntico eSi8a .ue amemos sG uma pessoa+ e abandonemos as outras+ n(o se pode
dizer .ue amamos verdadeiramente se sG formos capazes de amar uma Znica pessoa-
,mo1es e resposta est/tica
A retrata(o variada de emo1es nessa s/rie assinala uma profundidade est/tica inesperada+ num programa de televis(o .ue poderia+ W primeira vista+ parecer um tolo entretenimento- Algumas dessas emo1es s(o dolorosas e
intensamente apresentadas= e+ combinadas com a metafsi ca do destino presumido pelo drama+ BaC# partil#a com a trag/dia clFssica elementos da cria(o da trama- Apesar dessa caracterstica+ a s/rie / entremeada por com/dia+ e
isso acrescenta uma compleSidade final Ws emo1es nela apresentadas-
,stou falando a respeito das emo1es dos personagens+ mas a estimula(o emocional por parte do pZblico / um dos principais divertimentos de BaC#. X9onl "arroll c#ega ao ponto de c#amar as emo1es de Jo cimento .ue
mant/m o pZblico ligado Ws obras artsticas de massa .ue ele mesmo consomeJ incluindo a televis(o-Y
B@?
A forma de uma s/rie de televis(o coloca certas restri1es sobre o estmulo e a catarse da emo(o+ pois com fre.]ncia as
crises emocionais n(o s(o resolvidas durante uma ou duas semanas- 9a verdade+ a arte serial talvez impon#a mais eSigncias sobre determinado tipo de memGria .ue outros tipos de formas artsticas-
B@E
0gualmente importante / a
mistura do alto estmulo emocional e da com/dia em BaC#. "om/dia+ principalmente do tipo .ue inspira o verdadeiro riso+ costuma ser entendida como uma assassina de emo1es- JA emo(o / a maior inimiga da risadaJ+ declarou
Nenri Bergson-
BC%
! fato de a prGpria alegria ser tamb/m uma emo(o n(o cabe a mim discutir a.ui= mas certamente+ sendo a com/dia um amortecedor para emo1es pesadas+ o uso astuto dela na s/rie ameniza a tenta(o de tornF-la
mais pesada do .ue poderia ser-
B@?
9ool "arroll+ 4 $hilosoph" o!<ass 4n X!Sford2 "larendon Press+ BEE?Y+ p- $*?-
B@E
AleSander 9e#amas+ J4erious 6atc#ingJ+ em The Interpreti(e Turn $hilosoph", S*ien*e, Culture, editado por David 7- Niley+ <ames F- Bo#man e 7ic#ard 4#usterman X0t#aca2 "ornell Oniversity Press+ BEEBY+ p- $C%-$?B-
Para variadas opini1es sobre o papel das emo1es analisadas+ ver 0motion and the 4rts, editado por Mette N8ort e 4ue Laver X9ova Qor52 !Sford Oniversity Press+ BEEAY-
BC%
Nenri Bergson+ Iaughter 4n 0ssa" on the <eaning o! the Comi*, traduzido por "laudesley Brereton e Fred 7ot#>ell X9ova Qor52 Macmillan+ BEBBY+ p- *= ver tamb/m <o#n Morreall+ TaHing Iaughter Seriousl" Comed",
!raged", and 'eligion XAlbany2 4tate Oniversity of 9e> Qor5 Press+ BE?&Y-
"omo as emo1es podem apresentar-se psicologicamente como foras .ue ultrapassam o 8ulgamento da raz(o+ uma resposta est/tica fortemente emocional costuma incitar uma retrata(o retrospectiva+ por eSemplo+ um episGdio
.ue fez as pessoas c#orar fora Jmeramente manipuladorJ- A com/dia pode ser usada tanto para amenizar eStremos emocionais despertados no pZblico .uanto para aplacar o eScesso est/tico a .ue tende o programa- Portanto+ /
criticamente importante .ue uma s/rie assim manten#a o bom senso= sobriedade eScessiva na luta contra as foras do mal fica cansativa-
BCB
X,ssa / a principal diferena est/tica entre o magneticamente astuto 4r3ui(o T, de "#ris
"arter+ e seu sombrio <illenium ou entre as sete primeiras temporadas de 4r3ui(o T e as Zltimas duas-Y

BCB
4teve 6ilson+ JLaug#+ 4pa>n of Nell+ Laug#J+ em 'eading the #ampire Sla"er 4n Mno!!i*ial Criti*ai Companion to Bu!!" and 4ngel, editado por 7oz Maveney XLondres2 'auris Par5e+ $%%BY p- A?-EA-
Alto drama e com/dia mitigante s(o sabiamente misturados nos mel#ores episGdios de BaC#. Buffy demora para salvar o mundo em determinada ocasi(o+ por.ue estava de castigo- J4e o apocalipse c#egar+ voc me bipaKJ / uma
famosa fala usada num trailer. Durante uma sGbria conversa em .ue <oyce 4ummers lembra Angel da diferena de idade entre ele e Buffy em termos .ue .ual.uer m(e devota invocaria + Angel respon de resmungando2 J'en#o
idade suficiente para ser ancestral delaJ- ,ssa fala inesperada+ .ue poderia ser uma sFtira eSceto pelo conteSto em .ue aparece+ recon#ece o verdadeiro motivo pelo .ual o namoro estF destinado a n(o dar certo- 9otadamente
XcontrFrio a BergsonY+ a fala n(o diminui a pungncia da cena+ embora nos lembre do elemento de fantasia do gnero- As vezes+ o #umor ao mesmo tempo molda a resposta do pZblico e impede .ue as emo1es retratadas no
programa se tornem eSageradas+ como vimos com o riso inesperado+ contagiante e dramaticamente bril#ante de Liles+ num momento intenso em JLraveJ- 'alvez o mais 8udicioso to.ue cTmico aparea no fim da .uinta temporada+
depois do sacrifcio de Buffy .uando ela pula de uma torre para n(o deiSar .ue uma dimens(o infernal nos engolisse a todos- 'erminamos com uma tomada de sua lFpide+ com o epitFfio2 J,la salvou o mundo muitas vezesJ- Buffy
pode ter salvo o mundo+ mas / o to.ue cTmico .ue salva a s/rie para mais uma temporada e o pZblico de um eScesso de matana-
"
B655@ de3/6d&, & 3+)6;*+ de 64& c&;&d+8& 7&8& + 7&8&d+K+ de &4+8 de A8i3''e)e3
Melissa M- Milavec e 4#aron M- Maye
--- o amor erDti*o tende a ser um eL*esso de amizade. AristGteles 70J BBABall-B$Y
BC$
BC$
9este captulo+ usamos a abrevia(o p A para A Uti*a a Ji*Pma*o. !s nZmeros apGs a abrevia(o se referem Ws pFginas marginais .ue s(o os mesmos em .ual.uer edi(o dessa obra- A referncia usada foi a tradu(o em
ingls de 'erence 0r>in X0ndianFpolis2 Nac5ett+ BE?@Y-
AristGteles capta+ ao mesmo tempo+ o triunfo e a trag/dia do amor erGtico nessa observa(o Znica e crptica- Por um lado+ o amor erGtico / uma forma de amizade e este / um dos mais valiosos bens #umanos- Por outro lado+ o
amor erGtico tende para o eScesso+ o grande inimigo de uma vida feliz-
A natureza contraditGria do amor erGtico gera um paradoSo+ dolorosamente familiar a .ual.uer pessoa .ue 8F ten#a passado uma noite em claro+ com o cora(o partido- ,scol#emos o amor erGtico+ ou ele nos esco l#eR ,m outras
palavras+ o amor erGtico / algo .ue os seres #umanos procuram deliberadamente+ ou ele nos pega desprevenidosR 4e refletirmos+ a resposta n(o / clara- Parece .ue o amor erGtico deve ser escol#ido+ 8F .ue as a1es .ue levam a ele
s(o voluntFrias- Ao mesmo tempo+ por/m+ parece .ue o amor erGtico n(o deve ser escol#ido+ uma vez .ue os motivos para escol#-lo nunca fazem sentido-
Apesar desse enigma+ ou talvez por causa dele+ a cultura contemporVnea n(o mostra a menor falta de amor erGtico- BaC# deve boa parte da popularidade ao amor erGtico como tema dominante- e primeira vista+ / uma
telenovela+ completada com atores de fazer parar o cora(o e tens(o seSual- 9o entanto+ a premissa sobrenatural da s/rie permite-l#e eSplorar a natureza dos relacionamentos #umanos num nvel mais profundo-
9este captulo+ .ueremos estabelecer uma liga(o entre AristGteles e BaC#. A anFlise .ue AristGteles faz da amizade proporciona uma estrutura Ztil para avaliar a vida amorosa de Buffy+ en.uanto+ ao mesmo tempo+ a vida
amorosa de Buffy sugere uma solu(o para o paradoSo do amor de AristGteles-
A estrutura aristot/lica
De acordo com AristGteles+ #F trs nveis de amizade- A forma mais baiSa+ Jamizade utilitFriaJ+ / um relacionamento baseado em benefcio mZ tuo+ independentemente de as duas partes apreciarem uma W outra ou n(o- As
amizades utilitFrias s(o deliberadamente escol#idas por raz1es especficas- AristGteles dF eSemplos de compan#eiros de viagem+ sGcios em negGcios e soldados buscando vantagens na guerra 70 JBBC%a BCY- ,m cada um dos casos+
os indivduos estabelecem um relacionamento para alcanar uma meta consciente-
! prGSimo nvel / Jamizade de prazerJ+ um relacionamento baseado na aprecia(o mZtua+ independentemente de as partes serem ben/ficas uma W outra ou n(o- As amizades de prazer s(o dirigidas por necessidades e dese8os
subconscientes dos .uais os seres #umanos tm pouco controle- AristGteles dF eSemplos de clubes gastronTmicos e cultos religiosos 70 J BBC%alEY- ,m cada um desses casos+ os membros se unem para divers(o e fogem da dureza
da vida cotidiana-
Finalmente+ o nvel mais alto+ Jamizade completaJ+ inclui tanto a ami zade utilitFria .uanto a de prazer+ mas n(o eSiste por causa de uma nem de outra- 9uma amizade completa+ cada parte valoriza a outra pelo .ue ela /- A
amizade completa / rara- 9a verdade+ AristGteles mal dF eSemplos- Argumentamos a.ui+ por/m+ .ue o relacionamento de Buffy com 7iley+ 4pi5e e Angel ilustra cada um dos trs nveis de amizade+ respectivamente-
7iley e a amizade utilitFria
,mbora 7iley n(o se8a um personagem sobrenatural+ seu envolvimento na 0niciativa o leva para al/m de sua forma(o como Jgaroto dos campos de mil#o de 0o>aJ XJDoomedJY- Por meio da 0niciativa+ a professora 6als#
plane8a dominar o mundo+ escol#endo 7iley como seu protegido por.ue ele / muito bom para seguir ordens- ,la implanta um c#ip no peito de 7iley para aumentar sua natureza obediente a ponto de agir como um robT- A miss(o
mortal de 7iley / libertar o mundo da estupidez+ emo(o e fra.ueza XJPrimevalJY- "om a a8uda de Buffy+ 7iley sobrevive a esse incidente+ mas revela um defeito em seu carFter .ue se torna o defeito em seu relacionamento com
Buffy- 4uperficialmente+ Buffy e 7iley s(o uma dupla perfeita- ,les tm a mesma meta+ combater o mal+ e a realizam 8untos- 9o entanto+ 7iley / o J4r- 4ensatoJ+ <r. Joe Sensi&le XJ9e> Moon 7isingJY+ e Buffy passa a re8eitar a
lGgica .ue ele representa-
Buffy percebe .ue / ben/fico passar algum tempo com 7iley+ en.uanto patrul#a as ruas e cemit/rios de 4unnydale- <F desde o incio+ por/m+ Buffy recon#ece .ue+ .uando estF com 7iley+ ela sente .ue Jfalta alguma coisaJ
XJ4omet#ing BlueJY- e medida .ue Buffy e 7iley se aproSimam fisicamente+ tamb/m se tornam emocionalmente distantes- 0sso / simbolizado em J6#ere t#e 6ild '#ings AreJ+ .uando uma manifesta(o de poltergeist
temporariamente aumenta a distVncia ps.uica entre Buffy e 7iley- ,mbora se8a abraada por 7iley+ Buffy se sente completamente desligada+ dizendo a ele2 J;oc estF muito longe de mim- ;oc-+ tem .ue--- continuar me tocandoJ-
,m JBuffy (s. DraculaJ+ descobrimos o motivo da distVncia entre os dois- 4endo uma caa-vampiros+ Buffy estF profundamente ligada ao mundo sobrenatural- 0sso a deiSa c#eia de necessidades e dese8os .ue 7iley nunca
compreenderF- "omo diz uma analista da s/rie+ / Gbvio J.ue ela n(o estF totalmente satisfeita com 7iley- ,n.uanto ele dorme tran.]ilo XapGs a glGria de noite de seSoY+ ela sai furtivamente para patrul#ar- 4G depois de caar e matar
um vampiro+ ela consegue aconc#egar-se nos braos de 7iley e adormecer-J
BC&
! ol#ar distante de Buffy n(o se perde em 7iley- ,mbora ame Buffy+ 7iley se sente emocionalmente isolado dela e conclui2 J,la n(o me amaJ XJ'#e
7eplacementJY-
BC&
Anne Millard Daug#erty+ J<ust a Lirl2 Buffy As 0conJ+ em 'eading the #ampire Sla"er 4n Mno!!i*ial Criti*ai Companion to Bu!!" and 4ngel, editado por 7oz Maveney X9ova Qor52 'auris Par5e+ $%%BY+ p- BCB-
! problema / .ue Buffy deliberadamente escol#e 7iley com uma meta especfica em mente2 ter um namorado JnormalJ XJDoomedJY- ,le / um amigo utilitFrio para ela- As amizades utilitFrias s(o mais apropriadas e ideais para
o amor erGtico por causa da estrita realidade sobre a .ual s(o construdas- 0sso fica claro .uando o problema com 7iley se reflete numa s/rie de episGdios a respeito de robTs-
,m J0 6as Made to Love QouJ+ o eS-colega de escola de Buffy+ 6arren+ cria o robT April para ser sua namorada- ,le a programa para dizer e fazer tudo o .ue ele .uer+ eSatamente como ele .uer- Buffy acusa 6arren de criar
April com o propGsito de ter um ob8eto seSual conveniente- A meta de 6arren+ por/m+ / mais idealista2 J,u a fiz para me amar- ,la gosta do .ue eu gosto+ e .uer ficar comigo- ,la me escuta e me apoia- ,u n(o criei um brin.uedo-
"riei uma namoradaJ-
"omo consegue fazer April eSatamente segundo suas especifica1es dese8adas+ 6arren acredita .ue serF capaz de amF-la tamb/m- 9o proces so de interagir com ela+ por/m+ descobre .ue n(o consegue- ,mbora recon#ea .ue
ela / perfeita+ ele diz2 J9(o sei--- eu ac#o .ue foi fFcil demais- , previsvel- 4abe+ ela ficou cansativa- ,ra eSatamente o .ue eu .ueria+ e eu n(o a .uisJ-
,m J0nterventionJ+ o atuante vampiro 4pi5e aprende a mesma li(o- "omo Buffy re8eita suas eSpress1es de amor e se recusa a sair com ele+ 4pi5e obriga 6arren a criar um robT eSatamente como Buffy+ por/m pro gramado para
amF-lo- ,le pensa .ue Jum amor estran#o / mel#or .ue nen#um amor--- mel#or .ue a coisa realJ- Uuando 4pi5e vai para a cama com o robT Buffy+ por/m+ ac#a a eSperincia desconcertante2
4P0M,2 ;oc / min#a+ Buffy-
7!Bq BOFFQ2 Devo iniciar esse programaR
4P0M,2 4##K 9ada de programas- 9(o use essa palavra- 4e8a sG Buffy-
"omo o ob8etivo de 4pi5e / ter uma Buffy cooperadora .ue l#e retri bua a afei(o+ e como o robT Buffy se encaiSa eSatamente nesse crit/rio+ seria racional para ele amF-la com programa e tudo- Mas 4pi5e n(o ama o robT
Buffy- "ompreendendo .ue os sentimentos de Buffy n(o podem ser programados+ 4pi5e+ assim como 6arren+ conclui .ue Jum robT / previsvel- "#atoJ XJBargaining+ Part !neJY-
7iley e Buffy n(o se conectam emocionalmente= por isso+ o relacionamento deles / essencialmente robGtico- 4pi5e insinua isso em J0nto t#e 6oodsJ+ .uando diz a 7iley2 JA garota precisa de algum monstro no #o mem--- e isso
n(o estF em sua naturezaJ- 9um prenuncio de seu prGprio relacionamento com o robT Buffy+ 4pi5e diz ainda2 Jes vezes eu ten#o tanta inve8a de voc .ue me sufoca- , Ws vezes ac#o .ue eu fi.uei com a mel#or- ,star t(o perto dela
e n(o a ter- ,star totalmente sozin#o mesmo .uando voc a segura- 4entindo-a+ sentindo-a sob seu corpo- A sua volta- ! perfume--- 9(o+ voc / .ue ficou com a mel#orJ- 4pi5e logo descobre .ue isso n(o / verdade- 4e compararmos
os relacionamentos entre 4pi5e e o robT Buffy e 7iley e a Buffy verdadeira+ vemos .ue nen#um dos dois ficou com a mel#or- Frustrados com a falta de paiS(o+ 4pi5e e 7iley ficaram na mesma.
Buffy e 7iley demonstram a amizade utilitFria baseada na racionalidade- ! relacionamento dos dois faz sentido e eles s(o um grande benefcio um para o outro- 9a verdade+ sua separa(o / verdadeiramente triste- Pri meiro
Buffy decide afastar-se de 7iley+ e depois se convence de .ue poderia tentar amF-lo com mais afinco- Mas 8F / tarde demais para apan#F-lo+ e antes assim- ! amor erGtico n(o pode sobreviver sG com a raz(o-
4pi5e e a amizade de prazer
Buffy e 4pi5e entram num relacionamento corretamente descrito por meio da voz em narrativa de Angel+ em JPassionR2 JPaiS(o- ,la eSiste em todos nGs- Dormente- ,sperando- , embora indese8Fvel [e\ sem ser convi dada+ ela
se meSe+ abre as mandbulas e uiva- ,la fala conosco- ,la nos guia- A paiS(o nos governa a todos- , nGs obedecemosJ-
Uuando 4pi5e c#ega a 4unnydale pela primeira vez+ Buffy nunca imagina .ue terF .ual.uer sentimento positivo por ele- 9a verdade+ ela despreza 4pi5e e seu ob8etivo / matF-lo- Uuando a 0niciativa implanta um c#ip na cabea
de 4pi5e .ue o impede de fazer mal Ws pessoas+ ela concorda+ relutantemente+ em poupar-l#e a vida- As coisas mudam+ por/m+ depois .ue Buffy morre e a Langue do 4cooby a traz do tZmulo- 4entindo-se como se estivesse
passando a vida toda matando e andando en.uanto dorme+ Buffy recorre a 4pi5e num momento de necessidade- ,mbora Buffy saiba .ue estF sendo seduzida pelas trevas+ Jceder e deiSar-se levar pela loucuraJ a a8uda a lidar com a
dor de ter voltado ao mundo XJ4mas#edJY-
Buffy revela seu dese8o subconsciente de estar com 4pi5e .uando canta2 J0sso n(o / real+ mas sG .uero sentirJ XJ!nce More+ 6it# FeelingJY- Mas tenta negar isso e faz o mel#or possvel para .ue a sensa(o vF embo ra- ,la
conversa com 4pi5e2 J;oc n(o--- tem almaK--- 9(o sente nada de verdadeK ,u nunca poderia--- ser sua garotaJ- "onversa consigo mesma2 J,le / tudo o .ue eu odeio- I tudo o .ue eu devo combaterJ- 'oda essa pondera(o+ por/m+
n(o afasta Buffy do segredo .ue ela compartil#a com 4pi5e nas sombras XJDead '#ingsJY-
4pi5e / irresistvel para Buffy por.ue ele / um monstro2 monstros s(o maus+ o mal / perigoso+ e o perigo / eScitante- ,le / eSatamente o oposto do confiFvel e tran.]ilo 7iley- 4pi5e / o Znico a saber .ue JBuffy gosta do .ue /
forteJ XJ'#e 6eig#t of t#e 6orldJY- ,le pode dar-l#e o .ue ela gosta+ por.ue ele tamb/m gosta- ,nt(o+ se Buffy e 4pi5e gostam tanto da compan#ia um do outro+ por .ue n(o ficam 8untosR
! problema / .ue o prGprio perigo .ue Buffy aprecia no relacionamento o torna errado- I significativo .ue Buffy se descobre completamente incapaz de contar aos amigos acerca de seu novo amante- 9(o pode contar+ por.ue se
envergon#a por colocar a si prGpria e todo o seu trabal#o em risco- Buffy sabe .ue Jagir por necessidade pode ser erradoJ XJ4urpriseJY- <F .ue ir para a cama com 4pi5e / contraproducente para suas mais importantes metas+ ent(o
seria um ato estritamente irracional-
Depois de ir para cama com ele muitas vezes+ Buffy finalmente cai em si+ em JAs Qou 6ereJ2
BOFFQ2 Acabou-
4P0M,2 <F decorei essa melodia+ amor- Ac#o .ue ten#o a partitura- 9(o muda o .ue voc .uer-
BOFFQ2 ,O sei disso- ,u .uero voc- Ficar com voc torna as coisas mais simples- Por algum tempo-
4P0M,2 ,O n(o c#amaria cinco #oras seguidas de algum tempo-
BOFFQ2 ,stou usando voc- 9(o posso amF-lo- 4G estou sendo fraca e egosta---
4P0M,2 9(o estou reclamando-
BOFFQ2 --- e isso estF me matando-
Buffy percebe .ue 4pi5e / nada mais .ue um amigo de prazer para ela- As amizades de prazer n(o s(o ideais para o amor erGtico por.ue s(o guiadas por necessidades e dese8os dos .uais temos pouco controle-
,n.uanto o relacionamento obviamente tem um efeito negativo sobre Buffy+ parece ter um positivo sobre 4pi5e- 9o decorrer dos anos+ o ob8etivo dele era matar Buffy- ,m J!ut of My MindJ+ por/m+ ele descobre seus dese8os
subconscientes por ela+ por meio de um son#o- ,star com Buffy torna 4pi5e aos poucos vulnerFvel e compassivo- ! telespectador / inclinado a acreditar em 4pi5e .uando ele diz a Buffy2 JAlguma coisa me aconteceu- ! .ue eu
sinto por voc--- / realJ XJ,ntropyJY- Dois analistas de BaC# afirmam .ue J4pi5e+ motivado por seu amor erGtico por Buffy+ cultivou uma alma+ sugerindo um conceito mais materialista do .ue metaf sico da /tica #umana2 sua
bondade / construda+ n(o dadaJ-
BC*
BC*
;er Brian 6all e Mic#ael `ryd+ J;ampire Dialectics2 Mno>ledge+ 0nstitutions+ and LabourJ+ em 'eading the #ampire Sla"er, p- C$-C&-
4e 4pi5e / capaz de uma transforma(o+ ent(o por .ue Buffy n(o l#e dF uma c#anceR A resposta a essa pergunta emerge num franco diFlogo entre os dois+ em J4eeing 7edJ2
4P0M,2 --- voc me ama-
BOFFQ2 9(o- 9(o amo-
4P0M,2 Por .ue insiste em mentir para si prGpriaR
BOFFQ2 9(o estou dizendo .ue n(o ten#o sentimentos por voc- ,u ten#o- Mas n(o / amor- ,u nunca poderia confiar em voc o suficiente para .ue c#egasse a isso-
4P0M,2 A confiana / para os vel#os casados+ Buffy- ! grande amor / louco+ apaiSonado e perigoso- ,le .ueima e consome-
BOFFQ2 At/ n(o sobrar nada- ,sse tipo de amor n(o dura-
A c#ama do relacionamento / a eScita(o+ e eScita(o se baseia no perigo- Uuando o perigo passa+ tamb/m se apaga a c#ama- Buffy se colocou na posi(o alienada de valorizar o lado negro de algu/m- 4e continuasse com o
relacionamento+ isso seria *ontra a mel#ora de 4pi5e-
Buffy e 4pi5e demonstram a amizade de prazer baseada na irracionalidade- !s dois compartil#am de uma forte .umica- 9a verdade+ parece .ue seria possvel para eles comearem de novo+ sob circunstVncias diferentes- Buffy /
sFbia+ por/m+ a ponto de terminar as coisas como est(o- ! amor erGtico n(o pode sobreviver sG com a paiS(o-
Angel e a amizade completa
At/ agora+ vimos por .ue os dois primeiros nveis de amizade de Aris tGteles s(o menos do .ue ideais como base para o amor erGtico2 a amizade utilitFria desconsidera a emo(o+ e a amizade de prazer desconsidera a raz(o- 9a
filosofia de AristGteles+ a raz(o e a emo(o s(o as duas foras operativas na alma- Diante da orienta(o da raz(o para a utilidade e da emo(o para o prazer+ / difcil ver como AristGteles poderia desenvolver corretamente uma
terceira maneira de valorizar outro ser #umano-
Depois de AristGteles+ por/m+ os filGsofos medievais comearam a se perguntar se n(o #averia+ em vez de duas+ trs foras operativas na alma- 4anto Agostin#o foi o primeiro a identificar o componente faltante como a vontade-
,m um de seus diFlogos filosGficos+ 4anto Agostin#o pergunta a seu amigo ,vGdio2 J'ens tu uma vontadeRJ Diante da dificuldade de ,vGdio em responder+ 4anto Agostin#o l#e prova .ue ele tem uma vontade+ argu mentando .ue
ele n(o seria capaz de demonstrar boa vontade para com os outros+ se n(o tivesse-
BC@
,mbora as id/ias de 4anto Agostin#o n(o combinassem com as de AristGteles+ o mesmo n(o acontecia com as dos filGsofos medievais posteriores-
Luil#erme de !ccam foi o mais forte teorista da vontade na 0dade M/dia- ,Splicando como a vontade se encaiSa na vers(o aristot/lica da alma+ ele escreve .ue Ja vontade comanda os poderes infe riores+ incluindo a raz(o--- [e\
modera as paiS1es do indivduoJ-
BCC
Oma vez .ue tem poder tanto sobre a raz(o .uanto sobre a paiS(o+ a vontade n(o precisa valorizar as coisas por .uest(o de utilidade ou prazer- A vontade / livre para valorizar as coisas pelo .ue
s(o em si- Portanto+ ela proporciona uma base para a amizade completa-
BC@
;er o ensaio de 4anto Agostin#o Xreferncia em inglsY On %ree Choi*e o! Will.
BCC
Luil#erme de !ccam+ Opera TeolDgi*a 0-
! relacionamento de Buffy com Angel demonstra a amizade completa- Angel / o personagem mais complicado de todos+ por.ue ele alterna entre o mundo natural e o sobrenatural- "omo 7iley+ ele tem alma= como 4pi5e+ ele /
vampiro- Durante o tempo em .ue Angel estF em plena posse de sua alma+ seu relacionamento com Buffy / ben/fico e agradFvel- Angel a8uda Buffy a alcanar sua meta de proteger 4unnydale+ e Buffy dF a Angel inspira(o para
corrigir suas mFs a1es do passado- Longe de se entediar com Angel por causa de tudo isso+ Buffy se preocupa .ue talvez ele se entedie com ela. Angel confirma+ por/m+ .ue ela n(o precisa se preocupar2 JBuffy+ voc nunca poderia
ser--- c#ata+ por mais .ue tentasseJ XJNelplessJY-
Apesar do relacionamento incluir tanto utilidade .uanto prazer+ ele n(o eSiste por causa dessas coisas- 0sso / evidente por.ue o amor dos dois persiste em meio a circunstVncias eStraordinFrias .ue os privam do benef cio e do
prazer .ue eles desfrutam um com o outro- ,m J'#e PromJ+ fica evidente .ue a maldi(o cigana+ lanada para ani.uilar a alma de Angel sempre .ue ele eSperimentar um momento de perfeita felicidade+ / o teste derradeiro para um
relacionamento- ,la impede Buffy e Angel de ter rela1es seSuais e outras coisas normais como gavetas de roupas XJpor.ue os casais fazem isso+ tm gavetasJY- Buffy e Angel indicam+ em vFrias ocasi1es+ .ue est(o dispostos a
abandonar as coisas .ue outros casais tm+ desde .ue isso signifi.ue .ue ficar(o 8untos- Ambos est(o dispostos a sacrificar .ual.uer coisa- Ao mesmo tempo+ por/m+ nen#um dos dois estF disposto a deiSar .ue o outro faa esses
sacrifcios- ,les se separam no fim da terceira temporada por.ue valorizam um ao outro pelo .ue de fato s(o-
As amizades completas s(o raras por.ue / eStremamente difcil valorizar outra pessoa pelo .ue ela /- "omo define AristGteles+ a amizade completa eSige a virtude- Para AristGteles+ a virtude / encontrada na fora do carFter+ e+
para Luil#erme de !ccam+ fora de carFter se encontra na fora de vontade- Buffy e Angel s(o dois indivduos de rara fora de vontade- 0sso / simbolizado na s/rie por meio das lutas-
"omo caa-vampiros+ Buffy / essencialmente uma lutadora- Mesmo entre as caa-vampiros+ por/m+ ela / famosa por seu poder- 0sso sugere .ue esse poder n(o / apenas uma fun(o das #abilidades fsicas e mentais .ue o
destino confere aos escol#idos- Buffy tem uma fora interior prGpria- ApGs derrotar o rei dos vampiros+ o prGprio DrFcula+ ela ainda / Jum poo de vontade prGpriaJ XJBuffy (s. DraculaJY-
"omo resultado de sua natureza dual+ Angel tamb/m / um lutador- 4ua natureza vamprica o faz dese8ar o sangue dos inocentes+ en.uanto sua alma #umana l#e provoca uma terrvel angZstia por causa desse dese8o-
,m JAmendsJ+ Angel reZne fora para se matar- Buffy o impede+ por/m+ dizendo .ue Jos fortes lutamK I difcil+ / doloroso+ mas acontece todo dia- I o .ue temos de fazer- , podemos fazer isso 8untosJ-
,m J4omet#ing BlueJ+ Buffy intuitivamente recon#ece .ue o amor .ue ela procura transcende o .ue a maioria das pessoas busca2 J--- ,u ten#o .ue me afastar dessa coisa de &ad &o". 9(o #F nada de bom nisso--- Mas fico
pensando n(o / da .ue vem o fogoR Om relacionamento seguro+ gostoso pode ser t(o intensoR--- parte de mim acredita .ue o verdadeiro amor e a paiS(o andam de m(os dadas com a dor e a lutaJ- 9ote .ue Buffy diz isso antes
do seu relacionamento com 4pi5e- ,la ainda n(o aprendeu .ue a dor e a luta do verdadeiro amor n(o vm da Jcoisa de &ad &o"A. ,las vm da dificuldade envolvida em valorizar a outra pessoa pelo .ue ela /-
I natural para os seres #umanos valorizarem a si mesmos+ pelo .ue s(o- I por isso .ue AristGteles diz .ue estar numa amizade completa / como ter um outro eu 70 J BBCCa&%Y- 9o episGdio de 4ngel, J0 6ill 7emember QouJ+
Buffy e Angel eSperimentam isso de maneira notFvel-
BOFFQ2 9(o sei--- 4G sei .ue .uando voc estF por perto+ .uer eu o ve8a .uer n(o+ eu o sinto dentro de mim e isso me derruba-
A9L,L2 Me derruba tamb/m-
A separa(o / difcil por.ue eles s(o parte um do outro- "omo diz AristGteles2 J9ada / t(o apropriado para amigos como viver 8untosJ 70 J BB@Ab$%Y- ! .ue / diferente em Angel e Buffy / .ue o amor deles perdura+ apesar da
separa(o+ mostrando .ue o amor erGtico sobrevive .uando duas pessoas valorizam uma W outra pelo .ue s(o-
% paradoSo revisto
,stamos agora em posi(o de rever o paradoSo do amor de AristGteles- ! amor erGtico / escol#ido ou n(oR ! relacionamento de Buffy com 7iley demonstra o problema+ concebendo o amor erGtico como uma escol#a- Uuando
voc escol#e+ tem uma meta+ e .uando tem uma meta+ n(o valoriza a outra pessoa pelo .ue ela /- Acaba tendo uma amizade utilitFria+ imperfeita em sua n/scia racionalidade- Ao mesmo tempo+ se pensarmos no amor erGtico como
uma coisa .ue nos escol#e+ camos no problema oposto+ demonstrado pelo relacionamento de Buffy com 4pi5e- 4e voc n(o tem escol#a+ perde o controle+ e .uando perde o controle+ n(o valoriza a outra pessoa pelo .ue ela /-
Acaba ficando com uma amizade de prazer+ imperfeita em sua assustadora irracionalidade- Dando-nos apenas duas op1es+ o paradoSo sugere .ue o amor erGtico / totalmente incompatvel com a valoriza(o da outra pessoa pelo
.ue ela /-
,m seus momentos mais lZgubres+ AristGteles parece indicar .ue o amor erGtico / limitado ao primeiro e ao segundo nvel de amizade- 9Gs n(o precisamos c#egar a essa conclus(o+ por/m+ se for possvel para os aman tes
erGticos valorizar-se um ao outro+ pelo .ue s(o- ! relacionamento de Buffy com Angel sugere .ue a vontade torna isso possvel- A vontade soluciona o paradoSo por.ue ela / arra*ional, significando .ue n(o / estritamente racional
nem irracional- Uuerer / uma escol#a no sentido de estar sob o controle da pessoa+ e ao mesmo tempo n(o /+ se n(o #ouver outra meta em mente- A outra pessoa se torna um fim em si- ,sse / o amor perfeito .ue Buffy e Angel
alcanariam se n(o fossem importunados por obstFculos impossveis Xincluindo a prerrogativa dos roteiristas de destilar a fGrmula do amor proibido como bem entendemY-
Pode-se ob8etar .ue a descri(o de AristGteles da alma sem vontade / mais realista- Afinal+ Buffy e Angel s(o apenas personagens fictcios+ e mesmo eles n(o conseguem o amor perfeito- 4e a raz(o e a emo(o s(o suficientes
para eSplicar os relacionamentos #umanos na vida real+ ent(o n(o #F necessidade de incluir a vontade- Luil#erme de !ccam deveria ser o primeiro a admitir isso+ uma vez .ue seu nome / usado no princpio da simplicidade
con#ecido como 9aval#a de !ccam- De acordo com a 9aval#a de !ccam+ devemos sempre escol#er a teoria mais simples- A teoria de AristGteles / mais simples por.ue eSplica o amor erGtico sem a vontade-
,m resposta a essa ob8e(o+ concordamos .ue somos romVnticos in-corrigveis- Pode ser verdade .ue o amor erGtico se eSpli.ue sem a vonta de+ mas ele n(o pode alcanar o ideal da amizade completa sem a vontade- 4e algu/m
ama outro por uma raz(o ou devido a uma paiS(o+ ent(o n(o o ama pelo .ue ele /+ mas por alguma outra coisa- A.ueles .ue preferem acreditar na possibilidade do amor perfeito s(o+ portanto+ 8ustificados ao re8eitar a teoria mais
simples-
Amor erGtico e amizade
4e o .ue argumentamos estiver correto+ ent(o o amor erGtico pode atingir o terceiro nvel de amizade de AristGteles- Para ser completo+ o amor erGtico n(o precisa racionalmente ser escol#ido nem irracionalmente causado+ e sim
dese8ado de maneira arra*ional. Assim+ BaC# soluciona o paradoSo de amor de AristGteles+ recon#ecendo trs poderes na alma2 raz(o+ emo(o e vontade-
4e o amor erGtico / t(o complicado em teoria+ deve ser estonteante na prFtica- 9(o / W toa .ue mata a prGpria matadora- "omo 4pi5e costuma dizer2 J! amor n(o / demaisRJ
BCA
BCA
Dese8amos agradecer a ,arl 4purgin+ da Oniversidade <o#n "arroll+ e a Peter Al>ard+ da Oniversidade de Let#bridge+ por seus comentFrios crticos a respeito dos rascun#os originais deste captulo-
#
U4& &/L)i3e M&/'i&/& d+ N6)>&4e/'+ 4+8&) e4 Buffy, a Caa-vampiros
4cott 7- 4troud
BaC# foi um membro eStremamente interessante do atual ressurgimento de programas mticos e de !cultismo .ue povoam a programa(o da televis(o- Diferente de Charmed, Sa&rina the Teenage Wit*h, Wit*h&lade, e outras
s/ries do tipo+ BaC# mistura aventuras demonacas com mais do .ue um to.ue de #umor- De fato+ nessa s/rie da Jloirin#a .ue contra-atacaJ+ #F uma narrativa .ue oferece oportunidades aparentemente ilimitadas para a anFlise
filosGfica- "omo os f(s devem saber+ Buffy 4ummers / uma das mais recentes numa longa se.]ncia de Jcaa-vampirosJ+ escol#ida para proteger a #umanidade das foras malignas do submundo demonaco- Adicionando-se outros
aspectos categGricos+ temos em Buffy uma #erona vigilante com uma bruta fora uma adolescente aparentemente comum+ encarregada a eStraordinFria tarefa de proteger a comunidade de demTnios e da prGpria ignorVncia-
Uue tipo de sistema moral pode ser eStrado desse programa de '; para ilustrar algumas das tens1es e dimens1es da luta de Buffy contra o malR ,mbora parea Gbvio para muitos+ como podemos enunciar filosofica-mente os
motivos por 3ue as foras do mal devem ser resistidas e combatidas com o grau de violncia .ue Buffy fre.]entemente eSibeR Podemos usar o pensamento do filGsofo iluminista alem(o+ 0mmanuel Mant+ para ana lisar os vFrios
nveis de 8ulgamento moral dentro dessa #istGria /pica dos impulsos adolescentes do bem contra o mal- ! .ue / singular no pensamen to de Mant / .ue ele proporciona um modo relativamente sofisticado de avaliar o processo de
como as pessoas 8ulgam moralmente as inten1es por trFs das a1es+ e como os sistemas de agentes Xisto /+ uma comunidadeY podem 8ulgar as a1es dos agentes dentro desse sistema- ! pensamento geral de Mant a respeito da
moralidade envolve uma nfase na racionalidade+ mas+ o .ue / mais importante+ na correta ordem e e.uilbrio de interesses+ capacidades e a1es- ,sse e.uilbrio / fre.]entemente buscado no nvel individual em BaC#, bem como no
nvel comunitFrio de 4unnydale-
Mant+ virtude moral e o certo
Para discutir a posi(o de Mant .uanto ao 8ulgamento moral e a a(o certa+ / mel#or comearmos sucintamente do incio2 o agente racional- Para Mant+ um agente racional tem a #abilidade para escol#er livremente as mFSimas
interiores ou princpios sobre os .uais ele age Xliberdade interiorY e a liberdade eSterna para escol#er como ele vai agir fisicamente no ambien te .ue o cerca Xliberdade eSteriorY-
BC?
! primeiro tipo de liberdade+ a interior+ lida com as
mFSimas .ue um indivduo pode escol#er- I essa escol#a de diretrizes .ue governarF e ordenarF as a1es do indivduo .ue Mant acredi ta pertencer ao reino da virtude embora os outros n(o possam detectar ou impor
determinadas escol#as de mFSimas na vontade de outros+ / possvel deduzir por meio do pensamento racional 3ual seria a mFSima virtuosa XmoralY a ser adotada em determinadas situa1es- Assim+ Mant afirma .ue os #umanos e
seus deveres Xde virtudeY s(o comandados por um imperati vo categGrico fundamental uma pessoa deve Aagir somente de a*ordo *om a3uela m2Lima por meio da 3ual (o*/ pode ao mesmo tempo de seWar 3ue se torne uma lei
uni(ersalA-
BCE
,ssa vers(o da Jlei moralJ / fre.]entemente referida como a FGrmula da Lei Oniversal XFLOY+ pois Mant tamb/m oferece outras vers1es da lei somos tamb/m comandados pela FGrmula da Numanidade com um
Fim em 4i XFNFY+ AaWa de modo 3ue (o*/ use humanidade, em sua pessoa ou na pessoa de 3ual3uer outro, sempre ao mesmo tempo *omo um !im, nun*a apenas um meioA
>BY
,n.uanto as outras varia1es dessa lei moral n(o
precisam ser discutidas nesta investiga(o+ essas duas vers1es s(o eStremamente importantes por.ue definem aspectos-c#ave das decis1es de uma pessoa virtuosa a respeito de .uais mFSimas adotar na #ora de determinar suas a1es
as mFSimas devem ser universalizFveis por uma comunidade de agentes Xe ainda assim ser capazes de funcionarY e devem respeitar o valor intrnseco dos agentes racionais n(o como meras ferramentas+ e sim como tendo valor
al/m de .ual.uer uso .ue se l#es possa atribuir- Portanto+ um indivduo cu8os atos se baseiam num princpio originado dessas duas itera1es da lei moral / algu/m virtuoso em sua procura de diretrizes ou mFSimas-
BC?
0mmanuel Mant+ 4 <eta!:si*a da <oral em %iloso!ia $r2ti*a.
BCE
0mmanuel Mant+ %undamentao da <eta!:si*a dos Costumes, em %iloso!ia $r2ti*a.
BA%
0b-
Uuanto W liberdade eSterna+ Mant ac#a .ue os seres #umanos Xsendo agentes igualmente livres e valiososY deveriam respeitar a liberdade eSte rior dos outros- Assim+ ele postula o JPrincpio Oniversal do "ertoJ+ .ue indica .ue
J.ual.uer a(o / certa desde .ue possa coeSistir com a liberdade de todos+ de acordo com uma lei universal+ ou se em sua mFSima a liberda de de escol#a de cada um puder coeSistir com a de todos de acordo com uma lei
universalJ-
BAB
Assim+ numa comunidade de agentes+ Mant ac#a .ue um estado do JcertoJ / a.uele em .ue agentes iguais agem para preservar e promover a liberdade da a(o eSterior para todos- Por esse motivo+ um sistema de
agentes+ geralmente personificado em termos de funcionFrios representantes Xpolticos+ policiais e outros semel#antesY+ / 8ustificado no uso da coer(o contra a1es incorretas- ! raciocnio de Mant / relativa mente simples nessa
.uest(o uma a(o .ue impede outra a(o+ .ue por sua vez estF impedindo a liberdade dos outros+ mant/m ou cria um estado de certo Xou se8a+ apoia a liberdade de todos para agirY- Om eSemplo pode a8udar2 se um agente resolve
assassinar outros agentes Xprivando-os+ portanto+ de sua liberdade de agirY+ uma a(o governamental .ue impea essa a(o XassassinatoY aumentaria a liberdade de todos- ,m outras palavras+ a liberdade do agente assassino n(o /
verdadeira se infringir a liberdade de outros agentes iguais a verdadeira liberdade de a(o surge num esta do de igual a(o e rea(o entre os componentes de um sistema- ,m ter mos de uma comunidade de seres racionais+ um
estado de liberdade / gerado .uando os agentes iguais tm o poder de limitar os outros igualmente-
B
Mant+ A <eta!:si*a da <oral.
Para Mant+ o 8ulgamento moral dF duas voltas fundamentais com essa descri(o da liberdade dos agentes- Podem ser feitos 8ulgamentos a respei to de mFSimas .ue orientam escol#as individuais Xliberdade interiorY e acer ca de
a1es de um agente .ue afetem outros Xliberdade eSteriorY- Definido de maneira simples+ Mant permitiria o reforo e a coer(o para corrigir e impedir a1es eSternas nocivas+ mas ele espera .ue cada indivduo tente agir de acordo
com mFSimas originFrias da lei moral+ e n(o de seus dese8os e inclina1es Xmedo+ narcisismo+ ganVncia+ etcY- ,Saminemos agora o 8ul gamento moral no nvel individual+ lidando especificamente com lutas interiores de carFter para
escol#er as mFSimas a partir da lei moral+ e no nvel sistmico+ no .ual as a1es do carFter s(o 8ulgadas e sofrem rea(o com base em sua conformidade Xou falta deY a um estado do certo entre os agentes-
<ulgamento moral no nvel individual
Muitos dos indivduos em BaC# s(o pegos na luta .ue Mant considera intrnseca W natureza #umana a de seu lado JbomJ lutando contra o lado JmauJ- ,m termos mais especficos+ / a sua natureza racional como seres morais
.ue luta para determinar suas a1es de acordo com motivos morais Xou se8a+ o pensamento da lei moral em siY+ en.uanto as foras contrFrias s(o eSercidas a partir de seu lado natural+ isto /+ seus dese8os+ avers1es e necessidades
Xagrupados sob o termo Jinclina(oJY- ! .ue distingue os #umanos de todas as outras criaturas Xn(o-racionaisY / .ue eles tm a #abilidade para determinar seus motivos do mundo natural Xpor meio dessas inclina1esY+ ou podem
lutar na dire(o do .ue de(em fazer Xdeterminar suas a1es de acordo com a id/ia da lei moralY- Assim+ 8ulgar se algu/m estF agindo moralmente ou n(o depende do eSame dessa tens(o .ue parece ser uma parte inerente da vontade
#umana-
Buffy se v nessa posi(o durante toda a #istGria da s/rie- ,mbora se8a desnecessFrio citar todo e .ual.uer eSemplo desse tipo de luta+ / bom eSami narmos os motivos dela nas mais recentes temporadas- Om tema da .uinta e da
seSta temporada / a relutVncia da caadora em ser caadora- ,m vez disso+ ela dese8a uma vida normal+ uma eSperincia normal de faculdade+ e eSperincias normais em seu local de trabal#o- Mesmo .uando ela / obrigada a
arrumar um emprego+ em episGdios como JDoublemeat PalaceJ+ Buffy parece atrair as foras do mal de todas as dire1es- ! resultado / .ue sua vida c#ata normal estF sempre sendo perturbada- ! .ue a traz de volta ao seu dever de
caadoraR Oma anFlise 5antiana diria .ue o recon#ecimento de Buffy de seus poderes e capacidades como caadora+ e como o dever a compromete a proteger a comunidade- ,mbora #a8a algumas .uest1es pro blemFticas com essa
interpreta(o+ como por eSemplo se Buffy teve escol#a .uando se tornou a caadora+ a decis(o alternativa / clara se Buffy fal#ar em seu dever como caa-vampiros+ ela estarF agindo segundo mF Simas .ue privilegiam seus
dese8os e inclina1es+ e n(o seu lado racional- Por eSemplo+ se Buffy recua do papel de caadora+ os resultados ser(o desastrosos para a comunidade vidas inocentes ser(o perdidas por causa de sua abdica(o do dever+ e poder-
se-ia dizer .ue ela n(o estF disposta a tratar os outros como fins em si- ;alorizando as prGprias necessidades e dese8os acima dos outros+ Buffy estaria fazendo um 8ulgamento moral fundamental a respeito de suas mFSimas .ue Mant
consideraria repreensvel-
,sse tema de um 8ulgamento moral dos impulsos determinantes de uma pessoa tem grande desta.ue na .uarta temporada+ .uando / desenvol vido o personagem de !z- 4eu lugar como o significativo outro de 6illo> acaba
sendo destrudo por sua inabilidade de controlar seu lado natural+ personificado em sua forma de lobisomem- 9essa forma+ !z faz seSo com uma mul#er .ue tamb/m / lobisomem+ ;eruca+ e age de maneira .ue o leva a suspeitar de
si mesmo como o responsFvel por uma s/rie de assassinatos #ediondos .ue a Langue do 4coobie estF tentando desvendar- 'emos a.ui um caso do lado natural+ eSemplificado pelas inclina1es e dese8os animalescos+ superando o
lado racional da natureza #umana= em vez de um controle e.uilibrado das inclina1es+ elas ficam insanas no caso de !z- A li(o desse personagem n(o / .ue devemos evitar um relacionamento com cantores de bandas .ue s(o
lobisomens+ mas sim .ue os 8ulgamentos morais acerca do .ue uma pessoa .uer devem ser feitos a partir de sua natureza racional- Parte essencial dessa natureza+ para Mant+ / uma #abilidade do ser #umano de se automotivar para
agir segundo o respeito intrnseco .ue os outros merecem e agir de acordo com mFSimas .ue possivelmente guiariam outros-
9o fim da .uinta temporada+ Buffy enfrenta uma escol#a monumental- Descobre-se .ue sua irm( / a Jc#aveJ .ue abre mZltiplas dimens1es infernais- Oma divindade+ Llory+ dese8a usar Da>n Xmatando-a no processoY para
desencadear tumulto em 4unnydale- Buffy e a Langue do 4cooby travam uma valente luta contra Llory e seus vassalos+ mas+ no momento final+ Buffy sacrifica a prGpria vida no lugar de Da>n+ para salvar n(o sG sua irm(+ mas seus
amigos tamb/m- ! .ue se pode deduzir dessa situa(oR Poderamos especular .ue Buffy realizou tal a(o para derrotar Llory+ mas isso n(o parece condizer com os sentimentos .ue Buffy tem por seus compan#eiros e pela irm(- I
mais seguro interpretar essa situa(o como de acordo com a %Drmula da Kumanidade XFNFY de Mant para agir respeitando Xpreservando e promovendoY o valor intrnseco de seus amigos e familiares como seres ra cionais+ Buffy
teve de fazer o .ue fez- 4e adotasse .ual.uer mFSima .ue n(o estivesse de acordo com a FNF+ como a .ue a levou a proteger Da>n e depois recon#ecer a derrota .uando Da>n morre+ ela estaria necessariamente negligenciando um
ou mais amigos- Buffy sabia .ue seria ela ou Da>n a ter a .ueda literal= diante desse cenFrio+ Buffy parece ter agido em contradi(o Ws suas inclina1es naturais Xde sobrevivncia+ autopreserva(oY e+ de modo altrusta+ salvou as
vidas de sua irm( e seus amigos- ! .ue estava em 8ogo era se ela teria fora suficiente para deiSar a prGpria vontade ser deter minada por um ideal nobre e moral como a FNF+ em vez dos poderosos sentimentos naturais .ue a
incitavam+ como a .ual.uer ser #umano- 9o fim da .uinta temporada+ ela 8ulga .ue seu dever moral / sacrificar-se para salvar Da>n+ e faz eSatamente isso felizmente para os f(s de BaC#, a seSta temporada comea negando o
ato fsico do sacrifcio mortal-
,m JBargaining+ Parts !ne and '>oJ+ a Langue do 4cooby se encontra num estado lamentFvel sem a caadora- 6illo> e os outros decidem ressuscitar Buffy por meio da magia+ mas s(o interrompidos ao t/rmino do
encantamento por uma gangue de demTnios moto.ueiros vVndalos Xliteralmente An8os do 0nfernoRY- Buffy sai do caiS(o e de baiSo da terra+ sendo depois reintegrada W Langue do 4cooby- Alguns episGdios depois+ na narra tiva
musical J!nce More+ >it# FeelingJ+ um demTnio com propens1es musicais obriga todos em 4unnydale a se comunicar de forma musical- 9esse episGdio+ Buffy revela a seus amigos .ue esteve num lugar .ue sG pode c#amar de
paraso+ e o grupo .ue ressuscitou Xos prGprios amigosY a tirou de lF- ,la diz .ue agora n(o tem dire(o+ e .ue foi arrancada de um descanso celestial e trazida de volta a um mundo c#eio de demTnios+ como se estives se enterrada
viva em 4unnydale- 9ovamente+ Buffy enfrenta uma escol#a fundamental entre satisfazer suas inclina1es ou cumprir seu dever moral de proteger os cidad(os de 4unnydale como sua defensora+ a caa-vampiros- Oma escol#a
implica determinar sua vontade conforme suas inclina1es naturais e+ a outra+ agir+ defender o ideal da FNF- Por fim+ Buffy 8ulga .ue a mFSima a seguir / a segunda+ e ela vai trabal#ar em constru(o civil+ depois numa lanc#onete e
como caa-vampiros para sustentar sua irm( e proteger os amigos e a comunidade-
<ulgamento moral no nvel sistmico
,n.uanto as mFSimas seguidas por um indivduo costumam estar enterradas no fundo da mente+ Mant entende .ue os agentes podem 8ulgar outros agentes muito bem+ em termos das a1es .ue praticam- Assim+ o 8ulgamento em
BaC# tamb/m tem rela(o com o nvel sistmico de criar uma comunidade de agentes .ue eSistem num estado de certo- ,sse estado do certo envolve a #abilidade dos agentes em eSercer igual liberdade+ com parados a .ual.uer
outro agente- 9en#um agente tem permiss(o de usar sua liberdade eSterna de a(o para impedir .ue outros usem as deles- ,m BaC#, esse tipo de anFlise dF fora ao 8ulgamento sistmico acerca dos demTnios e vampiros sendo
maus e indese8Fveis- ,m vez de matF-los por.ue / o trabal#o dela Xuma 8ustificativa impensadaY+ Buffy / autorizada em sua fun(o de caadora a impedir a liberdade dos demTnios Xgeralmente com fora brutaY por.ue eles agem de
maneira .ue pre8udica radicalmente a liberdade eSterna de agentes da comunidade de 4unnydale- 4e as foras demonacas se contentassem em brincar de maneira inofensiva como o amigo orel#udo de 4pi5e+ "lem+ Buffy n(o teria
raz(o em matF-los e impedir suas a1es- ,la n(o seria capaz de discernir se as mFSimas deles eram morais ou n(o+ e a1es demonacas estariam em sintonia com as dos agen tes #umanos comuns sem pre8udicar a #abilidade dos
outros agentes em ser livres com suas a1es- A #istGria+ por/m+ / diferente= as foras demonacas parecem amar um tumulto e uma confus(o+ e gostam de matar #umanos inocentes- ,sses tipos de a1es destroem o estado do certo na
comunidade geral de 4unnydale os demTnios e vampiros est(o reduzindo a capacidade de outros agentes de agir+ matando-os+ comendo-os+ e destruindo suas propriedades-
"om o elemento demonaco agindo de maneira nociva+ Mant diria .ue os 8ulgamentos sistmicos .ue autorizam a coer(o desses elementos de monacos s(o permissveis- , interessante problematizar+ por/m+ o papel da
caadora- Parece .ue Buffy recebeu o poder e a responsabilidade do nada+ e sem uma san(o processual por parte do sistema poltico representando os cidad(os de 4unnydale- Mant provavelmente concordaria .ue os demT nios e
vampiros devem ser controlados ou at/ destrudos para .ue se crie o estado do certo= por outro lado+ n(o / claro .ue ele aprovaria tal fora divina implementando a cria(o do estado do certo na comunidade- , se Buffy perdesse o
controle e Jse voltasse para o lado negroJ+ como sua colega caa-vampiros Fait#+ na terceira temporadaR A falta de algum tipo de controle sobre a caa-vampiros e seu uso de poder parece ser um pro blema esperando para acontecer-
Felizmente para o mundo+ os !bservadores e o "onsel#o conseguiram minimizar tais abusos+ e Buffy se revela uma caadora conscienciosa- "omo personagem principal+ Buffy parece desti nada a ser boa e sob controle= por/m+ a
preocupa(o ainda eSiste a caadora se reporta a algu/mR
'alvez essa preocupa(o de ter indivduos poderosos efetivamente livres para agir Xmesmo com um mentor inoportuno como LilesY leve uma pessoa a esperar .ue a comunidade tome medidas para coagir os elemen tos
demonacos a se comportar- , essas medidas provavelmente eram a meta da 0niciativa- 9a .uarta temporada+ Buffy descobre .ue seu assistente na aula de psicologia+ 7iley+ faz parte de uma unidade do governo .ue persegue+ destrGi
e captura demTnios- !s principais esforos de pes.uisa desse grupo s(o liderados pela Dra- Maggie 6als#+ professora de psicologia de Buffy- Descobre-se+ mais tarde+ .ue 6als# estF construindo um #brido @&ermens*h a partir de
partes #umanas+ demonacas e mecVnicas- JAdamJ+ como / c#amado tal ser+ fica descontrolado e mata a Dra- 6als# e muitos outros antes de ser destrudo pela Langue do 4cooby- ! .ue essa li(o nos ensina / .ue n(o importa
como se8a feito+ a concentra(o de poder eScessivo nas m(os de uma Znica pessoa implica riscos intrnsecos W comunidade .ue essa pessoa deveria proteger- Adam n(o contribuiu para a cria(o de um estado de certo entre os
cidad(os de 4unnydale= em vez disso+ ele usou foras demonacas para matar e aterrorizar+ necessitando de mais coer(o para alin#ar sua liberdade eSterna com a liberdade dos outros-
As ameaas a esse estado de certo .ue a comunidade de 4unnydale tanto anseia n(o vm sG dos Vngulos demonacos+ mas tamb/m do setor #umano- 9a seSta temporada+ episGdios como JFloodedJ e JLife 4erialJ eSploram o
mal pubescente de <onat#an+ 6arren e Andre>+ trs inteligentes e geniais adolescentes #umanos- ,les decidem um dia governar 4unnydale e destruir a caa-vampiros= por meio de magia+ tru.ues e engana1es+ con seguem c#egar
perto desse ob8etivo- 4eus planos+ por/m+ s(o frustrados+ mas n(o antes de danificarem 4unnydale+ matar 'ara e .uase destruir a caadora Xsendo as duas Zltimas a1es obra de 6arrenY- ,sse elemento de BaC# ilustra .ue tanto
demTnios .uanto #umanos podem ser elementos nocivos dentro de uma comunidade se sua liberdade eSterna for usada para limitar a de outros- A mensagem do trio #umano maligno / .ue .ual.uer agente / capaz de destruir o
estado do certo entre agentes iguais+ se8am eles #umanos ou demTnios- A coisa mais importante para uma comunidade de agentes como 4unnydale+ por/m+ / .ue todos os agentes racionais iguais se8am protegidos em sua #abilidade
para agir livremente+ e conse.]entemente se desenvolver como agentes e seres com finalidades- 4e as foras demonacas pudessem adaptar-se a esse con8unto de regras morais simples+ a cidade de 4unnydale seria muito mel#or-
Felizmente para os ansiosos telespectadores+ essa situa(o pacfica+ por/m enfadon#a+ n(o eSiste-
4eguindo a lei moral
,m sua obra posterior acerca de religi(o+
BA$
Mant especula .ue a escol#a fundamental .ue todo agente racional tem ao determinar sua vontade / seguir a mFSima da lei moral ou a mFSima do auto-amor- Para Mant+ o mal radical
se resume em evitar as eSigncias racionais de outros agentes intrinsecamente valiosos e seguir meramente a mFSima de satisfazer os dese8os prGprios- ,ssa interpreta(o do mal permite unir o 8ulgamento mo ral individual das
foras demonacas em 4unnydale e na condena(o de suas a1es eSternas o motivo de tais foras agirem a ponto de infringir a liberdade de outros agentes / .ue sua escol#a fundamental / valorizar inclina1es e dese8os prGprios
acima do valor intrnseco de outros agentes- e primeira vista+ / difcil entender como uma invers(o #ierFr.uica aparentemente inGcua transforma agentes racionais Xos demTnios parecem perfeitamente racionais+ em termos de fins e
ob8etivosY em destruidores assassinos e nocivos da comunidade- ,ssa invers(o+ por/m+ / a raiz do mal+ sendo ela o grau em .ue um agente privilegia as inclina1es prGprias em detrimento do valor de outros agentes+ o .ue resulta
em vFrios graus de a(o maligna- 4e8a a mentira ou a matana de inocentes+ a base de tal comportamento deve consistir em algum privil/gio fundamental dos dese8os de uma pessoa+ impondo obriga1es limitantes a outras- ,mbora
Mant n(o ac#e .ue um agente racional deve adotar uma mFSima de auto-sacrifcio e nega(o das prGprias inclina1es Xna verdade+ um ser assim n(o seria totalmente racionalY+ ele / contra a entrega total ao lado natural+ baseado nas
inclina1es+ em termos de como 8ulgar as a1es e mFSimas a serem adotadas- As foras demonacas em BaC# s(o no*i(as por.ue atuam de um modo .ue infringe a liberdade dos outros= elas s(o malignas principalmente por.ue
suas a1es s(o orientadas eSclusivamente para subordina(o da lei moral Xisto /+ tratar os outros como fins em si e universalizar as mFSimas individuaisY na busca da satisfa(o de suas inclina1es naturais- ,ssas in clina1es s(o
idiossincrFticas e+ se forem perseguidas eSclusivamente W custa de deveres para com outros+ tornam-se nocivas por.ue levam a um sistema de agentes no .ual os inocentes s(o pre8udicados ou mortos- BaC# permite um eScelente
estudo de caso acerca de como o 8ulgamento moral individual de mFSimas e princpios apropriados e o 8ulgamento sistmico de a1es n(o permitidas podem ser vistos como aspectos complementares da /tica moral- A vis(o
5antiana da moralidade / um sistema de agentes indi viduais em busca das prGprias metas sem pre8udicar a #abilidade de outros agentes em busca de suas metas tamb/m= a vers(o ideal desse plano tam b/m envolve agentes
individuais em contnuo esforo para ordenar suas vidas e a1es por meio de mFSimas baseadas n(o em inclina(o+ mas na lei moral- I um sistema assim .ue Buffy defende= e sua batal#a interior tamb/m eSige o controle dos
mpetos e dese8os .ue fazem parte da prGpria constitui(o da natureza #umana-
BA$
0mmanuel Mant+ 4 'eligio dentro da es!era da 'azo $ura.
Cdice #
,sse / o tipo de pensamento babaca .ue faz voc ser comido
7eligi(o e poltica no universo Buffy
$
C&4i3&3<4&88+/3, 5&3ci34+, C8i3'i&/i34+ e + de4O/i+ e'e8/+
9eal Ming
4e Buffy se revelasse como caadora+ e n(o agisse mais em segredo+ at/ .ue ponto o universo Buffy seria fascistaR ! fascismo / a luta das massas para renovar uma na(o+ for8ando um cidad(o superior no crisol da guerra-
BA&
'al
movimento apresenta uma espetacular celebra(o de seus combates e #erGis+ uma agress(o contra um inimigo racialmente inferior+ e uma autoridade oriunda de uma antiga ordem- ! universo Buffy 8F sustenta esses elementos
filosGficos e simbGlicos do fascismo+ mas n(o tem o movimento nacional e o enfo.ue no estado .ue apoiaria a patrul#a do es.uadr(o da morte de Buffy- ,ste captulo eSp1e os elementos protofascistas do universo Buffy e imagina
um mundo em .ue o povo poderia 8untar-se Ws batal#as da caa-vampiros+ num movimento nacional fascista+ para manter a raa pura- Para .ue es.uadr1es de camisas-marrons+ desfilando seu poder de limpar o mundo= patrul#ando
W noite para zombar+ bater e matar os demTniosR BaC# poderia desenvolver um eS/rcito de 8ovens .ue lidam com a morte e um estado fascista+ nesse caso- 4G o .ue falta W s/rie+ para isso+ / elaborar os elementos filosGficos .ue ela
8F possui-
BA&
;er+ por eSemplo+ 7oger ,at>ell+ %as*ism 4 Kistor" X9ova Qor52 Penguin+ BEE@Y= Omberto ,co JOr-FascismJ Xreferncia em inglsY em Jew \orH 'e(iew o!BooHs X$$ de 8un#o de BEE@Y= 0an Mers#a>+ Kitler, >]]Q->Q?E
Ku&ris X9ova Qor52 9orton+ BEEEY+ e Kitler >Q?E->QNR Jemesis X$%%%Y-
Dou-me ao trabal#o de imaginar um universo Buffy fascista por dois motivos- Primeiro+ fico perpleSo com as avalia1es intelectuais da Langue do 4cooby+ como sendo um grupo civil+ liberal+ antiautoritFrio e cabea fria-
BA*
Por
acaso eles n(o matam W primeira vista+ e ainda contam piadas en.uanto matam+ sem o menor sentimento de culpa pelo genocdio incrementaiR ,m segundo lugar+ nunca compreendi como o mundo dos demTnios permane ce t(o
secreto- ,mbora eu n(o procure realismo num filme de vampiros e lobisomens+ tampouco entendo como os personagens .ue perdem amigos e familiares por causa do ata.ue desses predadores n(o fazem um escVn dalo em pZblico-
! governo sabe o .ue acontece+ da a 0niciativa- !s garotos da escola sabem mais ou menos+ da os episGdios J'#e PromJ e JLraduation Day+ Part '>oJ- ,m J'#e NarvestJ+ Liles eSplica .ue Jas pessoas tm uma tendncia a
racionalizar o .ue for possvel e es.uecer o .ue n(o forJ- ,mbora eu tente encarar o divertimento em seus prGprios termos+ devo observar .ue a barra / forada na s/rie+ .uando deparamos com a facilidade com .ue os personagens
se disp1em a entrar para a gangue de Bu!!", .uando l#es dizem a verdade X^ander e 6illo>+ "ordelia+ !z+ 'ara e 7ileyY- ,ssa estran#a ignorVncia generalizada do Gbvio / parte do .ue um crtico de cinema c#ama de Jtrama idiotaJ+
na .ual todos os personagens devem ser idiotas para .ue a #istGria se desenrole- ! fraco artifcio da trama permite a BaC# a convenincia de uma vida de adolescente relativamente normal para Buffy Xestudante+ fil#a+ namorada+
funcionFria do DoublemeatY .ue assim n(o pode desabroc#ar na #erona em torno da .ual se desenvolveria um movimento fascista- 4uspendo essa descrena em massa para demonstrar a facilidade com .ue BaC# pode transformar-
se numa propaganda fascista-
BA@
BA*
;er+ por eSemplo+ 7obert Breton e Lindsey McMaster+ JDissing t#e Age of M!!2 0nitiatives+ Alternatives+ and 7ationalityJ Sla"age B+ >>>-slayage-tv X8aneiro de $%%BY= Daniel A- "lar5 e P- Andre> Miller+ JBuffy+ t#e
4cooby Lang+ and Monstrous Aut#ority2 Bt#S and t#e 4ubversion of Aut#orityJ+ Sla"age & X8un#o de $%%BY= 'anya Mrzy>ins5a+ JNubble-Bubble+ Nerbs+ and Lrimoires2 Magic+ Manic#eans+ and 6itc#craft in Bu!!"A, em2 %ighting
the %or*es WhatFs at StaHe in Bu!!" the #ampire Sla"er, editado por 7#onda ;- 6ilcoS e David Lavery X9ova Qor52 7o>man and Littlefield+ $%%$Y+ p- BA?-BE*= Mary Alice Money+ J'#e Ondemonization of 4upporting "#aracters in
Bu!!"A, p- E?-B%A em2 %ighting the %or*esX `oe-<ane Playden+ J_6#at Qou Are+ 6#at_s to "ome_2 Feminism+ "itizens#ip+ and t#e DivineJ+ em 'eading the #ampire Sla"er 4n Mno!!i*ial Criti*ai Companion to Bu!!" and4ngel,
editado por 7oz Maveney X9ova Qor52 'auris Par5e+ $%%BY+ p- B$%-B*A= Brian 6all e Mic#ael `ryd+ J;ampire Dialects2 Mno>ledge+ 0nstitutions+ and LabourJ+ em2 'eading the #ampire Sla"er, p- @&-@A= e 7#onda ;- 6ilcoS _J6#o
Died and Made #er BossR_ Patterns of Mortality in Bu!!"A, em %ighting the %or*es, p- &-BA-
BA@
! filme de Paul ;er#oeven XBEEAY+ $atrulha 0stelar X4tars#ip 'roopersY+ oferece um fascismo sarcFstico+ repleto de inimigos inumanos e coreografia militar tirada de Triumph o! the Will, de Leni 7eifensta#l-
DeiSe-me dizer+ por/m+ .ue eu gosto muito dessa s/rie e nunca me canso das aventuras das duas 8ovens protagonistas+ 6illo> e Buffy- ,u gosto de ver o abuso por parte delas dos vampiros+ demTnios e rapazes corruptos= e
gostaria de ver um poder maior nas duas para cometer violncia- ! clmaS da seSta temporada+ em .ue 6illo> tortura at/ a morte o 8ovem .ue matou sua namorada+ proporcionou um prazer raramente observado na s/rie uma
mistura de emo(o pela 8ustia crua sendo eSecutada e de medo pela alma de 6illo>- Oma cena em .ue uma 8ovem l/sbica esfola um rapaz .ue odeia mul#eres oferece algo a um mundo em .ue os #omens abusam de .uem eles
ac#am atraentes- Digo isso logo de cara para evitar e.uvocos posteriores- 9(o escrevo para denunciar uma vis(o da cultura pop de 8ovens mul#eres poderosas em batal#a+ nem para apelar para o pacifismo no univer so Buffy- Pelo
contrFrio+ .uero uma distribui(o diferente do derramamento de sangue e defendo essa /tica em min#a conclus(o-
A filosofia semifascista .ue 8ustifica as matanas de Buffy serF o meu tema na discuss(o a seguir- ;ou esboar a cosmologia da s/rie e+ ao faz-lo+ criar meu universo Buffy+ sG para ilustrar min#a posi(o .uanto ao potencial de
BaC# para o fascismo- "oncluo com uma solu(o mel#or para esse problema+ .ue abuse menos da credulidade e elimine o detestFvel trao racista presente na s/rie- As caractersticas importantes do universo Buffy eSistente .ue o
inclinam para o fascismo incluem elementos de um racismo mani.uesta Xtemperado por uma divis(o agostiniana dos males do mundoY+ aderncia W autoridade primordial e estatal+ e forma (o de cidadania em combate ritual-
"onsiderarei uma coisa por vez-
A .uest(o dos demTnios
BaC# / alegremente racista- A caadora destrGi demTnios e a prole destes+ os vampiros+ assim .ue os v Xa menos .ue os ac#e Zteis para alguma coisaY- ,n.uanto muitos desses pertencem a diferentes esp/cies+ criaturas como
vampiros e demTnios da vingana operam mais como raas distintas2 s(o feitos de carne #umana+ podem interagir como pessoas+ fazer seSo com #umanos+ at/ receber transfus(o deles XJLraduation DayJY+ alte rados principalmente
pela ocupa(o de corpos #umanos por almas e pode-res demonacos-
BAC
"ertamente+ o Mestre v os vampiros deste modo Xem J'#e 6is#JY2 J0n.uestionavelmente+ nGs somos a raa superior do mundoJ-
BAC
De acordo com Liles+ em J'#e NarvestJ+ o primeiro vampiro foi Juma forma #umana possuda infectada pela alma de um demTnioJ- !s vampiros se reproduzem combi nando o sangue deles com o de #umanos+
formando novos vampiros da mistura de alma de demTnio e carne #umana- Mais tarde+ em JAngelJ+ Liles observa .ue .ual.uer vampiro / JdemTnio no VmagoJ-
A propaganda fascista do mundo real referia-se aos 8udeus+ negros e ciganos tanto como outras esp/cies .uanto outras raas+ recon#ecendo a natureza fludica Xe #istoricamente mutFvelY da distin(o- ,ssa forma de propaganda
recon#ecia a aparncia #umana desses grupos t(o detestados+ mas os considerava corruptos e .uestionava se+ de fato+ essas raas Jsu8asJ tin#am alma-
BAA
<F em BaC#, as vtimas assassinadas pela caa-vampiros pertencem a uma
classe demonaca de seres maus+ alguns de disposi(o selvagem+ outros atraentes e bem articulados+ mas todos vis+ a menos .ue se8am agraciados com uma alma #umana-
BAA
,scrita por autores comissionados+ a s/rie n(o policia o uso t/cnico= e+ como os propa-gandistas racistas+ os personagens misturam os termos- 6illo> e Liles citam teStos antigos para descrever tipos de demTnios como raas
e Ws vezes como esp/cies- 9o campo da biologia+ a capacidade de gerar prole viFvel funciona com ou sem marcador convencional de esp/cies partil#adas- Lrupos raciais podem cruzar= e se vampiros e #umanos podem fazer a
mesma coisa+ n(o sabemos+ pelo menos at/ o incio da s/tima temporada- ,les podem ter prazer no seSo entre si e fazer transfus1es de sangue+ o .ue sugere .ue sG a diferena racial os divide- 0sso significaria .ue as matanas de
Buffy correspondem a um genocdio racial Xuma s/rie de Jcrimes por GdioJ+ para usarmos palavreado modernoY-
Buffy permite .ue algumas dessas criaturas vivam+ e tolera uma taverna na entrada da cidade .ue cuida deles- Mas aos ol#os dela+ eles s(o forragem+ sem direito a coisa alguma- A.ueles .ue tm alma #umana+ po r/m+ merecem
mais considera(o- J4er uma caa-vampiros n(o me dF licena para matarJ+ diz Buffy em J;illainsJ+ .uando seus amigos discutem o linc#amento de um 8ovem assassino- Para n(o parecer absurda+ ela diz2 J6arren / #umano--- o
mundo #umano tem suas regras prGprias para lidar com pessoas como eleJ- Do mesmo modo+ em JBad LirlsJ+ Buffy dF um serm(o W caa-vampiros errante+ Fait#+ acerca do fato de .ue Jser uma caa-vampiros n(o / o mesmo .ue
ser assassinoJ-
Fait#+ com sangue #umano nas m(os apGs transpassar por engano uma pessoa com uma estaca+ retruca .ue J9Gs somos guerreiras+ fomos feitas para matarJ-
JMatar demPnioslA, grita Buffy- JMas isso n(o significa .ue podemos 8ulgar as pessoas como se fTssemos mel#ores .ue todo mundo-J Buffy mos tra uma lin#a clara dividindo uma raa com direitos legais das ordens inferiores
controladas por eSecu(o sumFria- 'rs anos depois XJDead '#ingsJY+ Buffy passa a acreditar .ue cometeu o mesmo erro de Fait#2 matar uma 8ovem #umana por engano- Perturbada+ ela dF uma surra num vampiro+ em meio W
frustra(o+ e vai at/ a delegacia se entregar+ como Fait# fez para se redimir de seu crime Xem J4anctuaryJ+ da primeira temporada de 4ngel8. !s vampiros mestios de carne #umana e alma demonaca n(o tm alma- Buffy os
mata para proteger os #umanos de sangue puro-
!utros analistas do programa argumentam .ue BaC# evita a demoniza(o mani.uesta t(o crucial para o fascismo- 9a verdade+ a s/rie direciona esse Gdio para os demTnios fictcios e os vampiros mestios+ para .ue Buffy possa
massacrar os inimigos sem matar pessoas-
BA?
!s demTnios s(o forragem pela simples mecVnica moral crucial para uma filosofia fascista- !s #umanos podem ser tocados+ reformados+ tornar-se Zteis no vamente Xcomo nos ensinam as
#istGrias de 6illo>+ Fait#+ <onat#an e outros vil1es #umanosY= mas os vampiros cometem o mal sem ter conscincia+ e merecem morrer- Mortos geralmente logo .ue s(o avistados+ eles viram cinza como as vtimas nos campos de
concentra(o- !s demTnios geralmente encontram o mesmo destino+ embora alguns paream at/ bondosos Xe nunca ficamos sabendo o .ue acontece com seus corposY-
BA?
Mani X$BC-$AA d-"-Y propun#a .ue o mal foi #erdado no mundo natural+ um princpio de escurid(o em eterna batal#a com o princpio da luz um diabo oposto ao Znico Deus- ,m sua cosmologia+ os corpos de #umanos s(o
produtos nefastos de cruzamento com demTnios+ assim como os vampiros se originam da uni(o profana de demTnio e #umano em BaC#. 9a verdade+ toda mat/ria+ especialmente a carne+ / manc#ada por esse mal- Mani foi consi -
derado #erege Xainda .ue muito influenteY pelos primeiros crist(os+ desconfortFveis com a no(o de um diabo t(o poderoso- Afinal de contas+ por .ue Deus+ em 4ua misericGrdia+ criaria um ser t(o sombrioR
A presena de demTnios bons perturba uma filosofia fascistaR A propaganda nazista pregava .ue muitos 8udeus eram agradFveis em ambientes pZblicos+ mas mesmo assim indignos de confiana+ inclinados a fazer festas
profanas em segredo- ! demTnio mais bondoso em BaC# 8oga cartas para os gatin#os XJLife 4erialJY+ com clara implica(o de mFs inten1es Xum crime contra os inocentes .ue reflete os da difama(o anti-semitaY- ,ntre os vam -
piros #F apenas dois .ue desafiam a dicotomia entre #umano e demTnio-
!s vampiros Angel e 4pi5e passam por intermitente reden(o+ perdendo a #abilidade para matar #umanos X4pi5eY ou recon.uistando a alma #umana XAngel e 4pi5eY+ o .ue apenas atualiza a filosofia mani.uesta para uma cis(o
agostiniana entre as esp/cies de mal- ,m sua influente Con!issVes, 4anto Agostin#o X.ue nessa /poca 8F comeava a alterar sua vis(o mani.uesta do mundoY divide os males do mundo em naturais+ como doen a e desastres+ e
morais+ escol#idos pelos seres #umanos- 0sso transparece em BaC# como a diferena entre a.ueles com alma de demTnio X.ue incluem a maioria dos vampirosY .ue n(o tm outra op(o al/m do mal+ e a.ueles com alma #umana
.ue podem escol#er ser maus e+ por associa(o lGgica+ ser convencidos a voltar para o bem- ! segundo grupo inclui Fait# na terceira temporada+ Ben na .uinta temporada+ e 6illo> e o trio de #o mens na seSta temporada- ,sses
malfeitores+ Buffy n(o pode matar- ! primeiro grupo+ por/m+ inclui os muitos vampiros e demTnios privados de .ual.uer privil/gio por Buffy-
Buffy define as raas su8as em termos agostinianos+ pela presena ou ausncia de uma alma #umana Xvampiros tm alma de demTnio+ a menos .ue recuperem magicamente suas almas #umanas+ como no caso de Angel e 4pi5eY-
Uuando Angel recebe a sua+ ele / como um #omem .ue tem a escol#a de fazer o bem- 4em ela+ ele se torna o mal/volo mngelus+ temido e caado- 4pi5e passa por seis temporadas sem alma #umana+ por isso nunca se torna mais do
.ue um aliado relutante ou #erGi apaiSonado do momento- ,mbora mecanicamente impedido de seguir seus impulsos de sugar sangue Xesse apetite vampiresco / outro elemento da difama(o anti-semita+ numa referncia W pureza
do sangue Y+ 4pi5e n(o / de confiana- ^ander o c#ama de uma Jcoisa mF+ sem almaJ XJ,ntropyJY+ e Buffy continua eno8ada com ele+ tendendo para a violncia W menor irrita(o- ! fato de ela o rece ber como amante em aventuras
marcadas pela vergon#a contribui t(o pouco para reescrever o cenFrio racista .uanto sua tolerVncia com a taverna dos demTnios+ fora da cidade- !s escravagistas brancos eSploravam noto riamente as escravas .ue eles ac#avam
atraentes+ e os sobreviventes dos campos nazistas nos contam a respeito de guardas obcecados com a seSualidade Jsu8aJ das prGprias mul#eres 8udias .ue eles 8ogavam nos fornos- 7epresentando eSatamente essa JnegritudeJ e
Jsu8eiraJ+ 4pi5e atrai Buffy talvez pelo mesmo motivo .ue a violncia a atrai- 4e8a como for+ sem ter uma alma #umana+ ele n(o / de confiana- J,u sei .ue voc nunca me amouJ+ ele diz em J'#e LiftJ- J,u sei .ue eu sou um
monstro- Mas voc me trata como um #omem-J Om ano depois XJ4eeing 7edJY+ frustrado pelo amor n(o correspondido+ 4pi5e tenta estuprar Buffy+ confirmando a sabe doria de sua recusa a abrir o cora(o- ,la n(o sente a
necessidade de matar vampiros deficientes+ e at/ os ac#a atraentes a ponto de envergon#ar a si prGpria e os amigos= mas Buffy ret/m sua vis(o racista do mundo o tempo todo- !s demTnios mac#os podem ser atraentes+ mas s(o
demTnios-
A natureza da alma+ n(o a total afilia(o W raa mestre+ / o crit/rio da caadora para ter respeito+ o .ue indica a natureza moderna da s/rie- Oma alma #umana parece funcionar como uma conscincia+ permitindo a con templa(o
de um crime competido pela pessoa e+ por conseguinte+ sua culpa- Matadores .ue tm alma #umana+ como 6illo>+ Fait# e Angel+ sofrem o remorso e+ assim+ afirmam a autoridade da lei acima deles- 4pi5e+ no entanto+ en.uanto for
orientado por uma alma demonaca+ sG pode fazer o JbemJ por interesses pessoais em nome do amor- 0nconfiFvel+ ele faz o mal o tempo todo Xver JAs Qou 6ereJ+ na seSta temporada+ para essa li(oY- A moderna 8ustia criminal
lucra pouco com as mortes de criminosos com genuna conscincia+ e Buffy parece fazer a mesma distin(o-
BAE
BAE
Para uma anFlise foucaultiana da aplica(o da lei em BaC#, ver artigo de Martin Bunic5i e Ant#ony ,mms+ JBuffy t#e ;ampire Disciplinarian2 0nstitutional ,Scess and t#e 9e> ,conomy of Po>erJ+ Sla"age @ Xdezembro de
$%%BY- ,ssa anFlise tamb/m sugere por .ue Buffy permite .ue a taverna dos demTnios permanea em funcionamento- ! lugar permite aos demTnios espal#ar notcias das atividades dela+ fazendo com .ue eles considerem sua
presena+ e facilitando o trabal#o de controlF-los- Longe de ser antiautoritFria+ Buffy eSerce um poder insidioso sobre as raas ao seu redor-
A autoridade da caadora
Buffy / a personagem mais fascista da s/rieR !utros afirmam .ue tanto a cruzada de vida curta M(es se !pondo ao !culto XM!!Y .uanto o grupo militar de eSperimentos psicolGgicos A 0niciativa parecem mais fascis tas .ue a
gangue de amigos de Buffy+ por.ue s(o movimentos autoritFrios+ bem organizados+ para eSterminar o mal-
B?%
"onsideremos cada um- ! M!! XJLingerbreadJY / um grupo de m(es de 4unnydale em pVnico moral pelos assassinatos
de seus fil#os+ .ue erram+ no entanto+ matando #umanos em vez de demTnios pelos crimes Xelas sentenciam as 6icca Amy e 6illo>+ bem como a caa-vampiros Buffy+ W estacaY- Liles as derrota+ .uebrando o encantamento
demonaco .ue as mant/m em transe- "omo a crise psicGtica de Buffy em J9ormal AgainJ+ a agressividade #umana do episGdio+ por/m+ deve mais W magia negra do .ue W dinVmica usual do universo Buffy- I uma casualidade n(o
recorrente- Mais importante / a fora militar por trFs da 0niciativa+ .ue perdura+ de uma forma ou de outra+ por trs temporadas+ / criada inteiramente por #umanos e representa mais ameaas para Buffy e seus amigos-
B?%
A respeito de ambas as organiza1es+ 7obert Breton e Lindsey McMaster argumentam .ue+ Jcomo resultado de uma abordagem mecVnica+ o racionalismo adulto leva a um tipo de fascismo suburbanoJ- ;er JDissing t#e Age
of M!!2 0nitiatives+ Altematives+ and 7ationalityJ+ Sla"age B- A cerca da 0niciativa+ ver tamb/m 6all e `ryd+ J;ampire DialectsJ+ citado anteriormente-
Aparentemente+ a 0niciativa oferece o verdadeiro fascismo contra o .ual Buffy se contrasta- 4ua autoridade governamental+ os eSperimentos m/dicos e o fetic#ismo de todas as coisas marciais l#e d(o um to.ue nazis ta- , sua
prognie antinatural+ Adam+ aspira criar uma nova e poderosa JraaJ de ciborgues sob seu comando XJPrimevalJY- ,ntretanto+ o contraste entre Buffy e os soldados n(o / muito claro- "onsideremos .ue a 0niciativa pratica o bem+
desarmando 4pi5e e+ provavelmente+ outros agentes do mal- Buffy se beneficia com o trabal#o deles+ aprecia a parceria e o treina mento .ue l#e oferecem+ e trabal#a com essa organiza(o at/ .ue um comandante insano a ataca+ por
ciZme- A organizada natureza #iper-racional da 0niciativa n(o representa um problema para Buffy-
Buffy re8eita a opera(o por.ue seus comandantes perturbam uma ordem primitiva entre demTnios+ #umanos e mF.uinas+ misturando todos no ciborgue psicGtico+ Adam- "omo observa o mstico ,t#an 7ayne Xem JA 9e>
ManJY+ falando dos cientistas da 0niciativa2 J,ssa nova instala(o estF .uebrando a cabea num lugar a .ue n(o pertence- ,stF tirando os e.uilbrios dos mundosJ-
B?B
A lder da 0niciativa cede W tenta(o de cometer o mal+ cria o
monstruoso Adam+ e morre por causa disso- 4G .uando se v ameaada por essa pessoa / .ue Buffy se afasta da organiza(o- ,la se desliga ainda mais deles .uando os soldados abusam de #omens com alma X7iley e !z+ em J9e>
Moon 7isingJY- "omo lobisomem+ !z ret/m sua alma e+ portanto+ n(o pode ser usado como um membro da ordem infe rior- Mas com essa administra(o corrupta fora do camin#o+ tudo se acerta novamente= e+ no meio da seSta
temporada XJAs Qou 6ereJY+ Buffy estF ansiosa para cooperar novamente com os militares- Buffy e os membros da 0niciativa caam+ capturam+ interrogam+ abusam e at/ matam demTnios W vontade- 'odos gostam desse trabal#o e
sentem a luta como um afrodisaco Xpor eSemplo+ J6#ere t#e 6ild '#ings AreJY- Buffy traa a lin#a entre o bem e o mal de forma diferente dos membros da 0niciativa Xela pensa em termos da natureza de suas almas+ e a 0niciativa
na fronteira entre #umano e demTnioY- Mas a raridade de um demTnio com alma #umana torna-o um ponto discutvel na maior parte da a(o-
B?B
,mbora BaC# use termos aleatoriamente+ dois notFveis usos de JraaJ e Jesp/cieJ surgem no decorrer das desventuras de Adam+ sugerindo .ue raa permanece um tema alegGrico- ,m J6#ere t#e 6ild '#ings AreJ+ Liles
ensina .ue+ Jvia de regra+ os demTnios n(o tm empatia com nen#uma das esp/cies al/m da deles- 9a verdade+ a maioria ac#a .ue os vampiros s(o abomina1es+ misturando-se com o sangue #umano e tudo o maisJ- ,le imagina
.ue o ciborgue manipulador+ Adam+ incita seguidores entre as vFrias esp/cies- 'ara replica2 J,nt(o+ ele estF como .ue criando uma ponte entre as raasRJ 6illo> conclui2 JNm-#mm+ como Martin Lut#er MingJ- Posteriormente+ em
JPrimevalJ+ Adam revela seu eSperimento em laboratGrio2 JI a.ui .ue tudo acontece+ onde comea a nova raaJ- "ontrF rio W preferncia da s/rie por puro sangue+ Adam .uer povoar o mundo com misturas ciborgues de demTnio+
#umano e mF.uina- Buffy l#e arranca o cora(o-
A preferncia de Buffy por uma vigilVncia comunitFria W fora militar n(o se baseia numa re8ei(o de autoridade per se. ,la obteve sua licena de caadora de foras primitivas Xos Poderes ,Sistentes+ e A.uilo a .ue 4ervem+
como / descrito no episGdio de 4ngel, J0 6ill 7emember QouJY .ue a levam a matar+ mas tamb/m l#e imp1em regras .ue ela respeita= e ela mant/m a autoridade da polcia nos assuntos #umanos- ,mbora BaC#raramente trate de
.uest1es governamentais+ implicitamente afirma a autoridade do ,stado e remove sG os corruptos de sua posi(o de poder- "omprometida com sua voca(o+ Buffy nunca .uestiona a lGgica racista .ue distingue entre ma tar por
matar e matar no sentido de eliminar+ e .ue impede 6illo> de usar a magia para resolver todos os seus problemas- 9a seSta temporada XJ;illainsJY+ .uando 6illo> comea a matar pessoas+ Buffy previne2 JNF limites para o .ue
podemos fazer- Deve #aver- 6illo> n(o .uer acreditar nisso- , agora ela estF se metendo com foras .ue .uerem feri-la+ ferir a todos nGsJ- ! e.uil brio re.uer defesa+ a preserva(o dos privil/gios da raa #umana- Buffy luta at/ a
morte pela #umanidade e respeita os limites .ue l#e s(o impostos-
!s analistas elogiaram BaC# por sua animada re8ei(o das autoridades locais oriundas dos campos de batal#a demonacos2 Buffy enfrenta professores+ seu diretor+ detona o XdemonacoY prefeito+ foge da polcia+ volta-se contra a
0niciativa+ e zomba do "onsel#o dos !bservadores .uando se sente tol#ida ou abusada por eles- 9o entanto+ n(o podemos interpretar isso como uma re8ei(o da autoridade institucional per se. ,m seus interesses mais mundanos+
Buffy nunca desafia os professores da escola ou da faculdade+ nem seu c#efe na lanc#onete+ ou seus pais+ pelo menos n(o al/m de uma normal escapada adolescente- ,la transfere estrat/gias e rela1es Ws autoridades para poder
realizar seu trabal#o= e reivindica autoridade moral XW fora em J"#ec5pointJ+ e com uma ameaa de morte a .uem desobedecer+ em J'#e LiftJY+ conforme eSige sua voca(o- ! .ue n(o muda / a sua miss(o autorizada de proteger
sua raa no combate contra os demTnios+ e sua submiss(o W polcia na .uest(o do crime #umano- A s/rie prova de seu prGprio prato autoritFrio+ com Buffy desprezando al guns !bservadores empolados+ mas normalmente aceitando
sua antiga voca(o com uma vingana astuta- "omo boa cidad(+ ela / comprometida com o dever-
A nova mul#er
BaC# passa boa parte das primeiras temporadas contrastando Buffy e 6illo>+ unidas na virtude+ com "ordelia e os rapazes abobados- As pri meiras defendem sua esp/cie= "ordelia e os garotos vagam numa obscuri-dade
narcisista de festas+ roupas e status medocres- "omo boa #erona fascista+ Buffy evita a decadncia de uma vida ociosa- "onvocada ao ser vio por uma ordem primitiva+ manuseando armas antigas+ fre.]entemente eScitada pelo
conflito e pronta para dar tudo pela reden(o do mundo+ Buffy se afigura como protofascista mesmo na ausncia de um movimento nacionalista .ue tornaria a s/rie verdadeiramente fascista- A #erona / messiVnica+ salvando o
mundo com uma vitGria em combate sangrento+ dando o corpo W terra e ao povo de sangue puro aos .uais ela / c#amada para servir-
A s/rie tamb/m contrasta Buffy com seus amigos intelectuais- ,la negligencia a prGpria educa(o para ir em busca de deveres mais fsicos Xe abandona a faculdade duas vezes2 primeiro .uando sua m(e adoece+ e de pois em
JLife 4erialJ .uando uma #ora de aula de sociologia a convence de .ue ela n(o consegue acompan#arY- 6illo> e Liles+ por sua vez+ contam com milnios de aprendizado+ al/m de suas prGprias #abilidades investigativas- ,m
J"#ec5pointJ+ Buffy armada com uma espada e rec/m-c#egada do combate diz ao "onsel#o de !bservadores .ue tem poder por.ue / guerreira e n(o uma estudiosa fraca vivendo uma vida sem sentido- Oma aluna n(o muito
aplicada+ Buffy parece se sentir mais W vontade com armas .ue com livros nas m(os- ,ssa valoriza(o do dinVmico acima do cogitativo caracteriza o fascismo+ com sua celebra(o da pureza fsica e do combate- Poucos episGdios
terminam sem uma luta de Hi*H&oL, e .uando faz planos Buffy tende a escol#er a fora fsica-
"omprometida com o dever e a dinVmica+ Buffy sacrificaria at/ a si prGpria pela terra- ,mbora+ ainda muito 8ovem XJProp#ecy LirlJY+ seu medo a faa desistir por um dia+ Buffy logo pega a cruz para carregar novamente-
Movida pelo medo de 6illo> dos vampiros W solta+ Buffy aceita o encargo de dar a vida pela guerra+ e literalmente coloca uma cruz o grande smbolo crist(o do agonizante sacrifcio de sangue e reden(o em volta do
pescoo- ApGs morrer e ressuscitar+ Buffy destrGi seu oponente- A s/rie+ profundamente crist(+ ensaia vFrias vezes esse enredo messiVnico- At/ o fi-n da seSta temporada+ ela deu a vida para derrotar o mal+ e renasceu duas vezes-
^ander+ o adorFvel carpinteiro+ oferece a prGpria vida para trazer salva(o em JLraveJ+ Angel deu o passo derradeiro em JBecoming+ Part '>oJ+ e a mal/vola Drusilla encontrou o renascimento por meio do sangue sobre um altar
crist(o em J6#at_s My Line+ Part '>oJ- 'ransferindo salvadores e demTnios entre o "/u e o 0nferno+ oferecendo apocalipses do prGprio Ii(ro do 4po*alipse, o universo Buffy defende uma cidadania crist( na .ual o sacrifcio dos
8ovens redime um mundo perdido para os pecados de 4odoma-
! sacrifcio de sangue geralmente vem por meio do combate- A.uelas lutas de Hi*H&oL, persegui1es+ confrontos e o mane8o das armas+ todos identificam a caadora e seus amigos como bons cidad(os de uma socieda de
espiritualmente renovada- ;emos a mudana mais dramFtica+ claro+ nas 8ovens mul#eres e garotas- NF muito ignoradas como combatentes e salvadoras pelas tradi1es em .ue BaC# se apoia+ elas se desabroc#am como guerreiras e
messias- Praticam magia+ atuam como videntes+ defendem a si prGprias e derrotam o mal com as m(os- ,ssa vis(o inspiradora de mul#er poderosa possvel graas ao progresso econTmico das mul#eres e seu acompan#ante
movimento feminista dF a BaC# um sentido de genuna reno(ao, do tipo aclamado pelo fascismo em sua tentativa de construir uma grande sociedade- Buffy / a 9ova Mul#er+ tirada de uma vida de satisfa(o burguesa e status
de segunda classe para salvar seu mundo-
"om tal poder+ Buffy e seus amigos v(o trabal#ar numa gangue informalmente organizada- ,mbora o segredo .ue cerca o trabal#o deles impea .ue a s/rie entre no campo do fascismo+ a gangue do J4coobyJ parece-se muito
com os camisas-marrons da Aleman#a na d/cada de BE&%+ atrFs de 8udeus para massacrar+ ou com os neonazistas .ue atocaiam as cidades ocidentais #o8e em dia+ atrFs de imigrantes e negros- Munidos de armas antigas .ue s(o o
fetic#e dos sHinheads Xraramente modernas ou cientficas2 tacos+ clavas para bater+ ou facas e flec#as para cortarY+ eles saboreiam o combate corpo-a-corpo a ponto de se eScitarem seSualmente-
;emos um universo Buffy mais pZblico+ dos tempos de guerra+ no fim da terceira temporada+ W medida .ue se aproSima a formatura da escola e os 8ovens atendem a um c#amado para defender seu mundo de invasores
demonacos- ,m J"#oicesJ+ 6illo> sobrevive a um encontro com a morte e faz um discurso digno de um filme de recrutamento fascista2
9a outra noite+ ser capturada+ enfrentar Fait# [a caa-vampiros vira-casaca\+ as coisas ficaram claras para mim- Uuero dizer+ voc tem lutado contra o mal #F uns trs anos+ e eu a8udo um pouco+ e agora temos de deci dir o .ue
fazer da vida+ e eu sei o .ue .uero fazer- "ombater o mal- A8udar as pessoas- Ac#o .ue / uma coisa - digna+ e n(o ac#o .ue voc faz isso por.ue precisa fazer- I uma boa luta+ Buffy+ e eu .uero participar dela-
Buffy fica comovida e dF as boas-vindas a 6illo>- 9a verdade+ a maioria de seus colegas formandos tamb/m .uer entrar na luta- ,m JProm 9ig#tJ+ esses colegas recon#ecem o status de Buffy como caa-vampiros com um
presente XW JProtetora da "lasseJY+ acrescentando .ue J9(o falamos a respeito do assunto+ mas n(o / segredo .ue 4unnydale Nig# n(o / bem como as outras escolas- Muita coisa estran#a acontece a.uiJ-
Posteriormente+ em JLraduation Day+ Part '>oJ+ o v/u de mist/rio .ue esconde o mundo dos demTnios e a luta da caa-vampiros se rompe- Buffy convoca seus colegas para a batal#a2
BOFFQ2 "#ame a todos- ,stou pronta-
60LL!62 Pronta para .uR
BOFFQ2 A guerra-
Dezenas de 8ovens+ ansiosos para defender sua terra+ vestem-se para a formatura- ,les produzem eSplosivos+ escondem armas medievais e maari-cos debaiSo das becas+ e se preparam para o combate- Om #omem ascen dendo W
deidade demonaca c#ega a fazer um discurso para inflamar o povo antes da batal#a+ com palavras e imagens prGprias de filmes de propaganda nazista- A cVmera mostra fileiras e fileiras de rostos resolutos na multid(o de
formandos+ en.uanto o orador instiga o poder diante do conflito2
Foi um camin#o longo at/ a.ui para vocs+ para 4unnydale- Nouve con.uistas+ alegria+ bons momentos- Nouve dor e perda- Algumas pessoas .ue deveriam estar a.ui #o8e n(o est(o- Mas nGs estamos--- No8e / dia de
mudana- A formatura n(o significa apenas .ue as suas circunstVncias mudam- ;ocs tamb/m mudam- ;ocs ascendem a um nvel superior- 9ada 8amais serF como era-
Dali a minutos+ inspirados pelo c#amado e por um senso de poder comunal+ os formandos partem para a batal#a contra multid1es de vampi ros e uma serpente demTnio+ com Buffy no comando e ^ander em boa forma militar-
Flec#as incandescentes voam+ corpos colidem+ e os garotos sentem o gosto de sangue e a glGria da guerra- ,ssa / a nova cidadania de um mundo protofascista2 massas de voluntFrios+ felizes em dar a prGpria vida na batal#a contra o
!utro demonaco+ orgul#osos de sua fora fsica e disciplina militar+ e ansiosos para ascender e renovar sua terra-
De tal espetFculo+ poderia surgir uma cruzada muito maior- "omo a batal#a da formatura n(o inicia uma guerra / algo .ue nunca saberemos- ! enredo oscila sem eSplica(o-
Lamisas-marrons
0maginemos+ por/m+ a partir da+ para onde o espetFculo iria+ n(o fosse a curiosa falta de interesse dos personagens de fundo- Om recon#ecimento geral da.uilo .ue muitos cidad(os 8F sabem poderia liberar o "onsel#o dos
!bservadores Xdo contrFrio+ inZtilY para divulgar abertamente o trabal#o da caa-vampiros- 4ua celebridade l#es permitiria construir uma e.uipe muito maior+ em escala nacional- "om um nZmero suficientemente grande de pessoas
vigiando os cemit/rios+ mortuFrios e tavernas na entrada da cidade+ uma solu(o final para o problema dos demTnios se apresentaria rapidamente+ e poderiam crescer as esperanas para uma na(o saudFvel- !s propagandistas da
caadora poderiam difundir a imagem dela em cenas .ue mostram a J#eronaJ em a(o Xtpicas de Nolly>oodY+ 8F fre.]ente mente usadas em trailers anunciando a s/rie+ e mostrando relances de uma mF.uina da publicidade
fascista- 4erF .ue mil#ares de garotas na idade de Buffy+ tomadas pelo entusiasmo dos tempos de guerra+ n(o adotariam essa nova feminilidade2 roupas atraentes+ uma posi(o determinada+ arma su8a de sangue nas m(osR !
fascismo adora seus filmes+ cartazes e desfiles de #erosmo com estilo- 0magine o estonteante espetFculo de um mundo crave8ado de es.uadr1es da morte+ venerando a boa forma fsica e a roupa em estilo *lean, o patrul#amento
disciplinado+ a vitalidade da 8uventude e a pureza da raa a servio da sociedade- BaC# seria+ sem dZvida+ uma bela forma de fascismo- A combina(o de demoniza(o racista+ autoridade tradicional e cidadania renovada por meio
do combate sG precisa de um senso de propGsito nacional para se desenvolver no fascismo-
A filosofia moral de Buffy atribui o pior de todos os males W.ueles .ue n(o tm alma+ e convoca seus personagens para o combate+ ensaiando uma fantasia de !utros subumanos al/m do alcance das premissas sociais a
forragem ideal para o sacrifcio de sangue- ,m seu centro+ uma bela ariana+ bem-vestida e cumpridora do dever+ ansiosa para salvar seu mundo+ patru l#ar a cidade+ fazendo parte de um es.uadr(o da morte adolescente- ,sse grupo
encontra membros das raas subalternas e os desintegra em fumaa+ nos campos de morte- 4erF .ue os vassalos de Nitler n(o sorririam com essa cena #umorsticaR
"ontra o fascismo
"omo poderamos desfazer os nGs .ue essa s/rie fezR Pensamos em trs maneiras- Primeiro+ um episGdio 2e4ngel XJNeroJY pro8eta o fascismo numa raa de demTnios intolerantes e os eSplode+ re8eitando o JfascismoJ com uma
vingana assassina+ mas retendo a cegueira moral mani.uesta- Numanista do pior modo+ essa tFtica permite .ue os antifascistas pro8etem o mal e o gosto pela violncia em !utros+ em vez de recon#ecer tais impul sos em si
prGprios-
B?$
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Para uma discuss(o mais prolongada+ ver Mriss 7avetto+ The MnmaHing o! %as*ist 4estheti*s XMineFpolis2 Oniversity of Minnesota Press+ $%%BY-
Depois+ podemos eliminar totalmente a caadora e acabar com o trabal#o dela de matar- Afinal+ para .ue precisamos de tanta violnciaR Precisamos por.ue a matana permite .ue BaC# *analize a fora moral e visceral do
sacrifcio de sangue- A s/rie mant/m um forte personagem religioso nesse sentido- ! ensaio ritual+ no palco pZblico+ das mortes de nossos inimi gos bem como a nossa+ traz sentido W nossa vida e nos une- NistGrias de sacrifcio e
perda+ investidas de significado sobrenatural+ d(o importVncia W nossa comunidade e inspiram em nGs altrusmo e confiana- A religi(o faz isso mel#or .uando o sacrifcio de sangue .ue ela celebra / eStremamente vivido+ como nos
tempos de guerra- Uuando apresentada de uma forma comovente+ a violncia pode gerar a solidariedade Xorgul#o de filia(o a um grupo e disposi(o para contribuir com o bem-estar comumY .ue sustenta a sociedade- Longe de ser
um refugo anti-social+ a violncia na mdia pode unir mais ainda os grupos+ investindo de significado o sofrimento deles e transformando a dor em c#amados para a a(o-
B?&
7emov-la de BaC# empobreceria a s/rie e drenaria sua
fora moral- ,u gosto .ue Buffy elimine- A .uest(o a.ui / se ela pode matar por matar-
B?&
Acerca da violncia na mdia em religi(o civil+ ver "arolyn Marvin e David 0ngle+ Blood Sa*ri!i*e and the Jation Totem 'ituais and the 4meri*an %lag X"ambridge2 "ambridge Oniversity Press+ BEEEY-
A terceira op(o antifascista / a min#a favorita- ,u digo+ deiSemos Buffy sacrificar .uem ela .uiser+ sem muita preocupa(o racista+ se8am as vtimas os &ad &o"s, os deuses errantes+ os demTnios ou os #umanos+ cu8as mortes
nos fazem pular da cadeira e nos ensinam li1es morais- 4G com um senso da #umanidade como raa mestre+ / .ue vemos a matana de demTnios como algo trivial+ rotineiro ou at/ incrivelmente diferente da eSecu(o de #umanos
Xa.uela distin(o de Buffy entre Jmatar para eliminarJ e Jmatar por matarJY- ;oto por substituir o c#auvinismo+ mas por preservar o sacrifcio ritual no cora(o do #erosmo de Buffy+ direcionando a agressividade feminina para
lin#as mais /ticas e menos biolGgicas- A recente morte do misGgino 6arren nas m(os de 6illo> XJ;illainsJY demorou muito para acontecer+ em min#a opini(o+ embora ten#a sido fantFstica .uando c#egou- Pela lGgica da s/rie+
6illo> deve sofrer por seu crime+
B?*
mas eu espero .ue a.uele n(o se8a o Znico garoto mal/volo .ue ela mate- ,u digo+ vamos remover o racismo e criar um universo Buffy .ue encontre um ge nuno mal na #umanidade
Xprincipalmente no seSo masculinoY em vez de pro8etF-lo para fora+ no demonaco- DeiSemos de lado o incipiente fascismo .ue ameaa transformar essa inspiradora vis(o de mul#eres poderosas numa posi(o de camisas-marrons
patrul#as servindo a uma raa mestre- ;amos remendar a cis(o entre o mal natural e o moral+ derrubar a mural#a entre o #umano e o demonaco+ encontrar o pecado dentro e fora+ e deiSar .ue reine a 8ustia- DeiSemos os rapazes
maldosos correr e se esconder+ pois isso seria um universo Buffy com uma genuna bondade ac#ocolatada-
B?*
;e8a-a parcialmente esfolada+ como .ue em 8ustia po/tica+ em J4ame 'ime+ 4ame PlaceJ-
P
A >&8+'& d& 78+5eci& e +3 P+de8e3 EKi3'e/'e3, & 5i)+3+5i& d& 8e)i>i*+ /+ 6/i2e83+ B655@
6endv Love Anderson
Fazendo JemendasJ
,'NA92 Iramos amigos+ 7ipper- Uuando isso tudo acabouR L0L,42 9o momento em .ue voc comeou a adorar o "aos- ,'NA92 A#+ intolerVncia religiosa- XJA 9e> ManJY
! episGdio JAmendsJ+ da terceira temporada de Bu!!", a Caa-(am-piros, escrito e dirigido pelo criador da s/rie+ <oss 6#edon+ gerou uma terrvel controv/rsia entre os f(s+ .uando foi ao ar pela primeira vez nos ,stados Onidos+
em dezembro de BEE?- JAmendsJ apresenta o vampiro com alma+ Angel+ sufocado por #orrveis vis1es de suas vtimas no passado+ at/ ele finalmente ficar ao relento na v/spera de 9atal+ esperando o sol nascer e l#e trazer a
inevitFvel morte- ,n.uanto Buffy implora para .ue ele reconsidere+ uma neve inesperada comea a cair na cidade de 4unnydale+ no sul da "alifGrnia+ milagrosamente obscurecendo o nascer do sol e pre servando a Xn(oYvida de
Angel- ! episGdio termina com uma montagem de personagens apreciando a neve+ en.uanto a cVmera mostra uma mar.uise de teatro+ com a palavra JP7AQJ 7'eze8. !s f(s ficaram perpleSos com o .ue parecia uma mensagem prG-
crist( ou um artifcio televisivo para c#amar a aten(o- Afinal+ BaC# girava em torno de um irrelevante gnero de #orror+ incluindo a.ueles finais moralistas em .ue o mal ou os malvados s(o mortos en.uanto os bons Xainda .ue
traumatizadosY sobrevivem-
B?@
,mbora Ba"; emprestasse crucifiSos e Fgua benta da mitologia clFssica de #orror e vampiros+ n(o deiSava at/ ent(o uma rela(o clara com o "ristianismo ou .ual.uer outra religi(o oficial- JAmendsJ
parecia sair dessa fGrmula+ e 6#edon finalmente respondeu no fGrum oficial da s/rie+ na 0nternet2 J4e era DeusR Bem+ eu sou ateu+ mas / difcil ignorar a id/ia de um _milagre de 9atal_ a.ui--- ! fato / .ue o mito crist(o eSerce em
mim um poderoso fascnio+ e verte para as min#as #istGriasJ-
B?C
B?@
;er+ por eSemplo+ o tratamento do JantiautoritarismoJ de Buffy e como ele / Jum tipo de anti-#orror--- .ue caoava abertamente da moralidade oculta [dos filmes de terror\J+ em David Lraber+ J7ebel 6it#out A LodJ+ In
These Times X$A de dezembro de BEE?Y-

B?C
<oss 6#edon+ J'#e BronzeJ Xcf- t#e Bronze ;0P Posting Board Arc#ives+ >>>-cise-ufl-edu3cgi-bin3cgi>rap3#siao3buffy3get-arc#iveRdatedBEE?B$B@Y XB@ de dezembro de BEE?Y- Postado para regularizar letras maiZsculas e
ortografia-
F(s antigos de BaC# e 4ngel n(o tm dZvida de .ue Jo mito crist(o eSerce um poderoso fascnioJ em 6#edon- Alguns at/ tentaram dizer .ue os protagonistas das duas s/ries s(o figuras crist(s+ graas aos seus #Fbitos de auto-
sacrifcio e ocasionais viagens de ida e volta ao inferno-
B?A
Por outro lado+ JAmendsJ n(o / eSatamente uma vitGria para a religi(o institucionalizada+ apesar do JP7AQJ X6#edon diz .ue a mensagem foi Juma coincidncia n(o
intencionalJY- 9en#um dos amigos de Buffy vai W 0gre8a ou a sinagogas no episGdio= em vez disso+ trabal#am 8untos+ segundo uma piada de um deles+ num verdadeiro Jesprito de Nanu5FJ+ localizando a origem das vis1es de Angel
num grupo de sacerdotes sem ol#os+ malignos+ .ue entoam cVnticos e usam tatuagens rZnicas- ,sses JAnunciadores da MorteJ+ descritos por uma profecia .ue Buffy gosta de comparar aos tablGides de supermercado+ fazem mais do
.ue matar Frvores de 9atal .ue crescem no terreno em cima de seu esconderi8o subterrVneo= eles tamb/m invocam o autoproclamado JPrimeiro Mal+ al/m do pecado+ al/m da mor teJ+ .ue estF tentando convencer Angel a matar
Buffy- Piadas a respeito do Nanu5F e das Frvores de 9atal W parte+ a Znica evoca(o inegFvel da tradi(o 8udaico-crist( vem em!lash&a*H .uando uma das vtimas de Angel comea a recitar o Salmo C?, em v(o+ pouco antes de
morrer-
B?A
;er JPastor 4teve_s Buffy PageJ+ >>>-mtcnet-net3rbierly3buffy-#tm-
! .ue acontece com a religi(o em BaC#. !bviamente+ Buffy e "ompan#ia vivem num mundo .ue n(o / facilmente secularizado2 independente do uso de cruzes e Fgua benta para repelir vampiros+ a assim c#amada Langue do
4cooby e seus compatriotas no escritGrio de 0nvestiga1es Angel encontram rotineiramente cultos+ adoradores e devotos de deuses eSGticos+ manifesta1es concretas do poder desses deuses+ artefatos religiosos efi cazes ou escritos
prof/ticos corretos- ! .ue / notFvel no universo Buffy acerca do conceito de religi(o / a regularidade e a fre.]ncia com .ue ela / demonizada, tanto no sentido literal .uanto figurado- "omo em JAmendsJ+ os #erGis e anti-#erGis
do universo Buffy desprezam a observVncia e os rituais religiosos+ en.uanto seus oponentes Xgeralmente demonacos+ defini tivamente malignosY se apegam a eles- Buffy n(o #esita em usar Fgua benta+ cruzes+ profecias+ as
#abilidades mFgicas de seus amigos+ ou at/ milagres dela mesma para gan#ar uma luta contra vampiros e demTnios- ,ntretanto+ ela n(o tem vontade de rezar depois+ muito menos atribuir o sucesso a .ual.uer uma das divindades
.ue possa ter invocado- A neve caindo em JAmendsJ+ e o retorno inesperado do inferno vFrios episGdios antes s(o eventos inesperados e nem se.uer pedidos= os poucos milagres genunos em BaC# e 4ngel indicam a eStrema
raridade de fenTmenos ineSplicFveis- A maior parte da atividade religiosa no universo Buffy assinala a presena de demTnios ou outras foras do mal- 9o entanto+ esse mal geralmente / derrotado n(o por meio de milagres+ mas
pelas foras da autoconfiana e da amizade-
9ovos movimentos religiosos+ estilo Boca do 0nferno
AJo se es3uea. 0sto *hegando KanuH2 Jatal 4s*end/n*ia de +wanzaa ^ ;urnenthar.A XAviso em Magic BoS+ J0nto '#e 6oodsJY
As religi1es do universo Buffy s(o assustadoramente demonacas= por isso mesmo+ n(o / surpresa .ue a maioria dos personagens religiosamente orientados / de oponentes de Buffy- ! adversFrio dela na primeira tempora da / o
Mestre+ um vampiro preso numa igre8a abandonada .ue lidera a J!rdem de AureliusJ+ costuma citar algum tipo de escritura e realiza reuni1es litZrgicas a partir dos escritos prof/ticos de Aurelius- ,le tenta recuperar o domnio dos
J;el#osJ+ os demTnios .ue eSistiam antes da cria(o da #umanidade+ abrindo a Boca do 0nferno localizada em 4unnydale- ,ssa invers(o do "ristianismo se torna ainda mais forte .uando o Mestre recebe a compan#ia de um
vampiro ainda criana identificado como Jo OngidoJ- Por fim+ Buffy luta diretamente com o Mestre e se afoga+ mas seus amigos aparecem a tempo de reviv-la+ permitindo .ue ela derrote o Mestre e fec#e a Boca do 0nferno
parcialmente aberta= os remanescentes da !rdem de Aurelius s(o eliminados no incio da segunda temporada- Mas o universo Buffy apresenta grande variedade de outras religi1es= sG na primeira temporada+ #F o caso limtrofe da
invoca(o .ue "at#erine Madison faz de J"ors#et#J durante um ato de bruSaria+ o .uestionFvel "ristianismo do serial Hiller transformado em vampiro+ Andre> Borba X.ue cita o 4po*alipse de 4(o <o(o e prega acerca de pecado e
8ulgamentoY+ e os Masai JPrimordiaisJ e seu seguidor guarda de zoolGgico+ .ue operam de um 8eito anFlogo ao da Jpossess(o demonacaJ- Modelos religiosos mais positivos sG aparecem brevemente2 #F os monges italianos do
s/culo ^; .ue prendem o demTnio Moloc# Xembora sua afilia(o religiosa possa ser incidental Ws suas a1es+ pois Liles e <enny conseguem fazer a mesma coisaY e um monge c#amado J0rm(o Luca alguma coisaJ .ue ensina a
<enny um versculo de Isaias contendo informa1es vitais a respeito do destino de Buffy+ mas ele nunca reaparece- A religi(o baseada em crenas do mundo real+ demonacas ou ambas parece apoiar ou Xmuito mais raramenteY
lutar contra as foras do mal-
Mesmo nas temporadas .ue n(o abusam dos enredos relacionados W religi(o+ Buffy e os 4coobies constantemente se vem lutando contra cultos e seitas demonacas .ue v(o desde os adoradores X#umanosY do demTnio Mac#ida
at/ a 0rmandade XdemonacaY de <#e e o vingativo Jesprito guerreiroJ Nus dos ndios "#umas#- !s "#umas# levantam um ponto interessante= na verdade+ a Miss(o de 4anta BFrbara a cidade em .ue 4unnydale / baseada foi
fundada precisamente para cristianizar os ndios- ,m JPangsJ+ o primeiro ato de Nus apGs matar seu captor acadmico / ir at/ uma igre8a e assassinar o padre de lF+ identificado por ter alguma liga(o com a miss(o Xfec#adaY- es
vezes+ portanto+ as religi1es no universo Buffy se colocam na lin#a divisGria entre a realidade e a fantasia+ mas geralmente W custa da religi(o- Aprendemos+ en passant, .ue 7asputin era Jum membro de uma obscura seita religiosaJ
e+ ao mesmo tempo+ vampiro- !s vampiros tm seu 4anto ;igeous+ cavaleiro cruzado+ imitando a destrui(o provocada pelos "ruzados medievais- ! eS-compan#eiro de Liles+ ,t#an 7ayne+ estF sempre voltando a 4unnydale para
perpetrar o mal e se aliar com demTnios 8ustamente por.ue ele cultua o deus romano do caos+ <ano-
B??
DemTnios invocados como JLstterJ em alem(o s(o revelados como estando #F s/culos por trFs das persegui1es envolvendo
bruSaria+ em JLingerbreadJ-
B??
,m JNallo>eenJ+ o primeiro episGdio em .ue 7ayne aparece+ Liles identifica <ano como Jo deus romano do caosJ- Mais eSatamente+ <ano parece ter sido o deus etrusco do caos+ en.uanto os romanos o demoveram para uma
fun(o menos importantes de divindade de fronteira- 'amb/m podemos citar os "avaleiros de BizVncio+ da .uinta temporada+ clara mente baseados nos cruzados medievais e evocar a Uuarta "ruzada XBBE?-B$%*Y+ em .ue foras
catGlicas enfrentaram seus compan#eiros crist(os no imp/rio bizantino-
Om eSemplo mais contemporVneo / JFamily NomeJ em JAnneJ+ obviamente baseada num minist/rio crist(o fundamentalista2 Buffy tenta infiltrar-se afirmando .ue JAcordei+ ol#ei no espel#o+ e pensei+ por.ue todo esse pecadoR
--- ,stou su8a- 4ou mF+ mF+ com a coisa do seSo+ da inve8a+ e da mZsica alta .ue os 8ovens escutam #o8e em diaJ- ,la con#ece o opera dor da casa+ Men+ e sua Zltima vtima+ Lily+ numa Jlagoa cerimonialJ Xa orienta(o no s*ript toma
o cuidado de n(o dizer Jpia batismalJY+ onde ele a encora8a a Jse lavar de todo o passado--- do pecado+ dor e da incertezaJ- "laro .ue+ em se tratando do universo Buffy+ a lagoa se revela um portal para uma dimens(o demonaca
onde os seres #umanos s(o forados a passar a vida em trabal#o industrial+ en.uanto suas identidades s(o destrudas- Men 8F eSposto como demTnio a8uda a identificar o lugar como o JinfernoJ e diz a Lily .ue ela Jesteve
camin#ando at/ a.ui a vida todaJ- Depois+ Buffy salva o dia liderando uma rebeli(o dos escravos+ subindo numa plataforma e segurando uma foice e um martelo antes de matar Men- A famosa defini(o de MarS da religi(o como Jo
Gpio das massasJ estF claramente presente a-
B?E
B?E
!s comentFrios de <oss 6#edon no fGrum J'#e BronzeJ acerca de JAnneJ s(o um tanto divertidos2 J! martelo e a foice n(o foram intencionais+ mas eu tamb/m notei a imagem .uando os vi+ e gostei muito- A foice+ aliFs+ /
uma arma africana c#amada NO9LA MO9LA e eu sou apaiSonado por ela- ,m momentos de agita(o+ todos sabem .ue eu grito NO9LA MO9LA de maneira irritante- , canto a Interna*ionalF X& de outubro de BEE?Y- Postada
para regularizar pontua(o e ortografia- Para uma discuss(o a respeito da alegoria marSista em BaC#, ver <ames B- 4out#+ _JAli 'orment+ 'rouble+ 6onder+ and Amazement 0n#abits Nere_= '#e ;icissitudes of 'ec#nology in Bu!!"
the #ampire Sla"erA, em Journal o! 4meri*an and Comparati(e Cultures $* X$%%BY+ p- E&-B%$-
A categoria de religi(o / simultaneamente uma metFfora para o mal #umano e uma fonte .uase #istGrica do mal #umano em todo o universo Buffy- Mesmo as religi1es mortas continuam perigosas+ uma vez .ue seus artefatos e
con#ecimentos podem ser usados para o mal por indivduos distrados- Uual.uer .ue fosse a Jtendncia religiosaJ de <osep#us du Lac Xaparentemente catGlica+ 8F .ue ele foi JeScomungado pelo ;aticanoJY+ ela produziu um livro
.ue contin#a Jrituais e encantamentos .ue liberam um mal inefFvelJ+ e .uando 4pi5e usa a cruz de Du Lac para decodificar o livro+ ele invoca o demTnio ,ligor para restaurar a fora de Drusilla XJ6#at_s My LineR+ Part '>oJY- !
culto egpcio dos sobe.uitas ensinava encantamentos de transmuta(o .ue permitiam W deidade dos infernos+ Llorificus+ transformar uma cobra num gigantesco aliado serpentino XJ4ombraJY- NF um momento particularmente
marcante numa cena desse episGdio2 a cobra gigante raste8a dentro de uma igre8a vazia e um crucifiSo parece observF-la tristemente+ sem eSercer o menor efeito sobre ela- Por fim+ Buffy vence a cobra com a a8uda de Liles e uma
arma improvisada- Mesmo .uando o con#ecimento religioso ou os ob8etos religiosos s(o usados na luta *ontra o mal+ como no confronto final de Buffy com Llorificus+ a caadora e seus aliados devem contar com suas prGprias
#abilidades e a uni(o entre si- ,sse tema / reiterado em todo fim de temporada de BaC#, e mais recentemente na seSta temporada2 6illo>+ consumida por vingana e magia negra+ decide acabar com o mundo+ despertando um
Jtemplo satVnicoJ e liberando um poderoso demTnio feminino+ ProserpeSa- J9en#uma magia ou fora sobrenatural pode impedi-laJ+ alerta Liles= por/m+ ela pode ser e / derrotada pela recusa obstinada e inteiramente natural
de ^ander em parar de amF-la XJLraveJY- 9(o / W toa .ue Buffy e seus amigos se8am c#ama dos de Ja Langue do 4coobyJ em vFrios episGdios- ! desen#o animado original S*oo&"-)oo apresentava um grupo de adolescentes .ue
viviam cercados de incidentes com eSplica1es aparentemente sobrenaturais= em todos os episGdios+ os Jgarotos intrometidosJ acabavam descobrindo mais bandidos #umanos munidos de criativos tru.ues- Buffy e "ia- talvez
este8am lidando com entidades sobrenaturais JreaisJ+ mas os adolescentes sempre triunfam contra as foras das semitrevas por meio da autoconfiana+ da pes.uisa+ da amizade e de uma grande dose de sorte- A religi(o n(o /
necessFria-
7eligi(o e os personagens regulares
BOFFQ2 ,O dei a 7iley um dia de folga--- 'en#o certeza de .ue ele virF mais tarde procurando um pouco de--- estudo bblico-
<!Q",2 Muito bom- "ontanto .ue vocs dois passem algum tempo Ztil com--- o 4en#or- XJ0nto t#e 6oodsJY
, .uanto Ws foras do bemR ,ntre os personagens regulares de BaC#, / difcil encontrar muitos .ue possam ser c#amados de JreligiososJ at/ pelos padr1es mais lenientes- A maioria deles eSibe muito pouco interesse em religi(o-
Buffy+ a lder+ ocasionalmente zomba da religi(o institucionalizada como+ aliFs+ de tudo o mais + mas se concentra em salvar sua famlia+ seus amigos e o mundo+ n(o necessariamente nessa ordem- ,la se refere ao seu trabal#o
de caa-vampiros e demTnios como um Jdever sagrado+ yadda yadda yaddaJ XJ4urpriseJY e brinca com a m(e a respeito do Jestudo bblicoJ+ ou se8a+ fazer seSo com o namorado+ 7iley XJ0nto t#e 6oodsJY- ,m J'riangleJ+ apGs Buffy
e 7iley romperem+ Buffy pergunta a uma freira a respeito de entrar num convento+ mas o ob8etivo dela / claramente a Jre nZncia total da compan#ia de #omensJ+ e+ meio sem graa+ ela pergunta2 J;oc precisa ser+ tipo+ super-
religiosaRJ ,la parece n(o ter nen#uma vis(o claramente articulada de um mundo ideal al/m da sobrevivncia+ segurana e felicidade- Mesmo sua revela(o na seSta temporada de ser arranca-
da do paraso significa apenas .ue ela se sentia Jacol#ida+ amada e completaJ XJAfter LifeJY= um episGdio posterior XJ9ormal AgainJY e.uipara esse JparasoJ a um mundo ilusGrio+ induzido por demTnios+ no .ual Buffy / uma
paciente psi.uiFtrica- De modo geral+ a atitude de Buffy em rela(o W maioria das crenas e prFticas religiosas se resume numa simples pergunta e resposta2
LA7!'A2 ;oc aceitou <esus "risto como seu salvador pessoalR
BOFFQ2 Bem--- eu ia+ mas-+ fi.uei muito ocupada- XJ'#e Fres#manJY
! .ue a s/rie realmente enfatiza / a confiana de Buffy nos amigos+ na famlia e finalmente na sua prGpria fora interior- Uuando mngelus a provoca+ dizendo .ue tirou dela os amigos+ as armas e a esperana+ ela responde .ue
ainda tem Ja mim mesmaJ XJBecoming+ Part '>oJY= .uando a Primeira "aadora a desafia num son#o+ ela responde2 J,u n(o estou sozin#a--- Agora devolva meus amigosJ XJ7estlessJY- ,sses s(o os mo mentos de triunfo de Buffy+
n(o as crises ou afirma1es religiosas-
A maioria dos amigos e aliados de Buffy tamb/m .uase nada tem a ver com religi(o+ e os desvios dessa norma s(o raros- Anya+ o demTnio oscilante da vingana+ sG usa linguagem religiosa em seus esforos para invocar o Jser
inferiorJ D_Noffryn- 4pi5e+ Ws vezes o amante vampiro de Buffy+ entra no universo Buffy como um iconoclasta2 apGs arrastar o Ongi do para a luz do sol e destruir a religi(o vamprica .ue comeou com o Mestre+ ele anuncia2 JA
partir de agora+ vamos ter um pouco menos de religi(o e um pouco mais de divers(o por a.uiJ-
BE%
,m outras ocasi1es+ sua atitude para com a religi(o / muito parecida com a de Buffy2 por eSemplo+ ele usa a cruz de Du Lac+ mas
caoa do resultante ritual XJ6#at_s My LineR+ Part '>oJY- Liles / um caso um pouco mais complicado2 podera mos dizer .ue o "onsel#o dos !bservadores / .uase uma religi(o+ mas Liles comea a .uestionar os planos do
"onsel#o no fim da primeira temporada e decididamente sai do "onsel#o no episGdio JNelplessJ+ da terceira temporada- Uuanto Ws religi1es mais convencionais+ / Liles .uem ac#a JeScessivoJ o nZmero de *& igre8as em 4unnydale
XJ6#at_s My LineR+
BE%
4tacey Abbott argumenta .ue o iconoclasta 4pi5e / um Jvampiro modernoJ+ em compara(o com a mentalidade tradicional do Mestre e sua e seus acGlitos da primeira temporada+ e .ue BaC# Ja cada temporada vai aos
poucos se desapegando dessas tradi1es+ criando caadores e vampiros modernos+ independentes e autoconfiantesJ+ em parte Jdestacando o fsico acima do espiritualJ- ,ntretanto+ Abbott n(o eSamina a eStens(o da importVncia da
religi(o em transformar as tradicionais lendas de vampiros em modernidade- ;er JA Little Less 7itual and Little More Fun2 '#e Modern ;ampire in Bu!!" the #ampire Sla"erA, Sla"age &+ >>>-slayage-com X8un#o de $%%BY-
Part '>oJY+ e sua meia dZzia de invoca1es em toda a s/rie / relativamente livre de divindades+ n(o envolvendo nen#um sentido aparente de obriga(o contnua- 9a verdade+ a Znica liga(o do universo Buffy entre magia /
prFtica religiosa vem da resposta irritada de 6illo> Ws acusa1es de bruSaria por parte de sua m(e+ em JLingerbreadJ2 J,u venero Belzebu- Fao a vontade dele- ,stF vendo algum bode por aR 9(o+ por.ue eu os sacrifi.ueiKJ
6illo> provavelmente tem a identidade religiosa mais bem eSplorada de .ual.uer personagem regular no universo Buffy+ mas isso n(o .uer dizer muito- ,la se identifica como 8udia at/ a .uinta temporada+ mas isso sG a motiva
a resistir Ws tradicionais celebra1es do 9atal em vFrias temporadas e a se preocupar com a rea(o de seu pai .uando ela prega cruzes nas paredes para afastar os vampiros em J0nnocenceJ- 9a .uarta temporada+ ela se identifica
alternadamente co mo JbruSaJ ou J6iccaJ+ mas ignora as preocupa1es de 'ara pela atitude 6icca em rela(o W ressurrei(o+ em JForeverJ+ e sua cautela com o uso ade.uado de magia na seSta tempora da- Muitos dos
encantamentos de 6illo> invocam deuses e deusas+ mas essas invoca1es parecem puramente instrumentais+ e s(o mais proemi nentes na seSta temporada+ .uando ela XtemporariamenteY se torna uma fora de um mal apocalptico-
As crenas religiosas de 'ara parecem influenciar suas a1es+ mas / significativo .ue tanto a personagem .uanto os telespectadores passam mais do .ue uma temporada apGs a apresenta(o de 'ara ou se8a+ at/ JFamilyJ
desconfiando .ue ela / algum tipo de demTnio- ! Znico fre.]entador da 0gre8a entre os amigos e con#ecidos de Buffy / 7iley+ embora tamb/m n(o se8a dado a discutir ou praticar religi(o= no comeo+ ele / controlado pela
0niciativa+ depois sucumbe W tenta(o da sangria vamprica remunerada- A malfadada <enny "alendar se identifica a princpio como Jtecnopag(J+ afirmando .ue Jo divino eSiste no ciberespao assim como a.uiJ+ mas considera a
leitura de sorte com ossos e os e-mails fontes igualmente vFlidas de informa(o XJProp#ecy LiriJY- I interessante notar .ue 'ara e <enny acabam mortas+ en.uanto os amigos menos religio sos de Buffy continuam vivos e bem- Mais
uma vez+ os personagens religiosos s(o na mel#or das #ipGteses ineficazes e+ na pior+ demonacos ou maus-
! personagem-ttulo de 4ngel, .ue apareceu pela primeira vez em BaC#, supostamente Jtem uma coisa com conventosJ XJDear BoyJY- ,ntretanto+ isso sG se manifesta durante sua fase vamprica maligna= Angel parece
relativamente desinteressado por religi(o+ en.uanto possui uma alma- ! crucifiSo .ue ele dF a Buffy em J6elcome to Nellmout#J parece servir puramente para defesa contra vampiros- Uuando "ordelia+ outra personagem de BaC#
.ue tamb/m aparece na outra s/rie+ tenta descrever sua vis(o de um culto de adoradores de demTnios e eSplica .ue seus discpulos est(o se matando por n(o c#egarem a um acordo acerca de como venerar+ ele responde+ lacTnico2
JI por isso .ue eu raramente vou W 0gre8aJ XJDear BoyJY- A mensagem de esperana de Angel e a sua miss(o de salvar a alma certamente trazem afinidades com pro8etos religiosos+ mas ele n(o admite a menor liga(o+ enfatizando
as mesmas mensagens de autoconfiana e amizade destacadas em BaC#
A9L,L2 ;oc estF numa encruzil#ada+ eu sei- !u escol#e o 8eito fFcil e espera pelas conse.]ncias+ ou segue o camin#o difcil e vai com f/-
BOFFQ2 A#+ Deus- ;oc n(o / da.uela igre8a estran#a na 4unset+ /R
A9L,L2 ,stF em voc mesma- ,sse tipo de f/- XJ0n t#e Dar5JY
A epifania de Angel na segunda temporada o afasta ainda mais de .ual.uer coisa .ue pud/ssemos identificar como religi(o2 J9o es.uema maior das coisas+ no .uadro geral+ nada .ue a gente faa importa- 9(o eSiste um grande
plano+ uma grande vitGria--- 4G o .ue conta / o .ue a gente faz- ! .ue fazemos agora+ #o8eJ-
BEB
,le redefine sua miss(o nos termos mais seculares imaginFveis2 JLutei por tanto tempo+ por reden(o+ recompensa+ ou sG para derrotar o
outro cara+ mas nunca consegui--- Uuero a8udar por.ue n(o ac#o .ue as pessoas deveriam sofrer como sofremJ XJ,pip#anyJY- "ordelia / igualmente c/tica em rela(o Ws religi1es organizadas= ela reage a uma mortal#a tingida com
sangue das virgens+ reclamando .ue a.uilo nada tem a ver com pureza- JI sG .uest(o de domnio+ cara- Pode apostar .ue se algu/m encomendasse uma parte de um corpo masculino para sa crifcios+ o mundo todo ficaria ateu na
mesma #oraJ XJ'#e 4#roud of 7a#monJY- !utros personagens regulares e recorrentes de 4ngel .ue costumam interessar-se por religi(o s(o demTnios+ vampiros ou a.ueles .ue de alguma forma contribuem para a causa do mal=
Daria+ a recorrente adversFria de Angel na segunda temporada+ o acusa de Jprovavelmente se autoflagelar numa igre8a em algum lugarJ XJ7edefinitionJY e afirma numa das frases mais memorFveis da s/rie .ue JDeus n(o .uer
voc+ mas eu ainda o .ueroJ XJDear BoyJY- Angel n(o responde-
BEB
Mais acerca desse assunto+ ver "aptulo B? neste volume-
;erdades religiosas2 profecias+ poderes e o plural de JapocalipseJ
A9L,L2 9(o acredite em tudo .ue prevem para voc-
XJ'o 4#ans#u in L-A-JY
A princpio+ as profecias no universo Buffy podem parecer uma eSce(o W regra de .ue a religi(o / antidemonaca e n(o terrivelmente eficaz+ no mel#or dos casos+ e demonaca e maligna+ no pior- "omo 6esley 6ynd#am-Pryce
eSplica+ no episGdio de 4ngel, J'o 4#ans#u in L-A-J+ a defini(o de profecia / realmente .ue Jela vem do altoJ- As profecias certamente tm uma importVncia maior nas vidas dos personagens regulares do universo Buffy
Xprincipalmente na primeira temporada de BaC# e em 4ngel8 .ue outros smbolos ou ob8etos religiosos- 9o entanto+ elas tamb/m est(o ligadas implcita e eSplicitamente aos demTnios+ e s(o rotineiramente evitadas ou contornadas-
9a primeira temporada de BaC#, a caa-vampiros consegue cumprir a literalidade mas n(o o esprito de uma profecia infalvel .ue culmina com sua morte- ,la pFra o massacre pr/-ordenado em J'#e NarvestJ antes .ue atin8a
propor1es /picas+ deiSa .ue o Ongido Ja guie at/ o 0nfernoJ 8ustamente por.ue .uer localizar o Mestre+ e morre pelas m(os do Mestre+ para ser ressuscitada minutos depois graas ao ressuscitador cardio pulmonar de ^ander
XJProp#ecy LirlJY- Antes de matar Buffy+ o Mestre a provoca+ dizendo .ue as Jprofecias s(o criaturas enganosas- ,les n(o dizem tudoJ- Uuando a encontra novamente mais tar de+ por/m+ ele se c#oca2 J;oc devia estar mortaK ,stava
escritoKJ Buffy contradiz2 J! .ue posso dizerR 9(o passei no teste escritoJ XJProp#ecy LirlJY- Depois disso+ as profecias saem da trama principal de BaC# os prGprios son#os prof/ticos de Buffy se tornam raros depois da segunda
temporada+ e os personagens com #abilidades prof/ticas geralmente s(o possudos por demTnios+ loucos+ ou ambos Xpor eSemplo+ Drusilla+ ou 'ara em J'#e LiftJY- ,m JA 9e> ManJ+ at/ a 0niciativa / capaz de lidar com a
invoca(o do prncipe dos demTnios+ Barvain- A profecia obviamente perdeu seu ar sagrado- ,m 4ngel, variadas profecias continuam a ter um papel essencial na lin#a da #istGria+ mas Angel e seus amigos fre.]entemente as
contornam= sG na terceira temporada de 4ngel, dificuldades de tradu(o e as engana1es de demTnios via8antes no tempo combinam para fazer com .ue todos os .ue tentassem confiar em profecias fossem trados- !utra categoria
aparentemente religiosa .ue rapidamente perdeu poder em BaC# 5 o JapocalipseJ+ um termo com fortes conota1es 8udaico-crist(s+ mas .ue simplesmente implica o fim do mundo em termos de universo Buffy- 0sso fica claro pela
primeira vez no fim do episGdio piloto de duas partes+ .uando Buffy resume os eventos assim2 JBem+ nGs evitamos o apocalipse- Lan#amos pontos por issoJ XJ'#e NarvestJY- ^ander e 6illo> est(o c#ocados por.ue ningu/m mais
se lembra dos eventos da noite anterior+ mas esse foi apenas o comeo da multiplica(o de apocalipses em BaC#. ,m J9ever Mill a Boy on t#e First DateJ+ Buffy sarcasticamente diz a Liles2 J4e o apocalipse c#egar+ voc me bipaKJ
<enny "alendar descreve a vinda do Mestre como um JapocalipseJ+ duas vezes em JProp#ecy LirlJ- ,m vFrios momentos durante a s/rie+ os encontros de Buffy com mngelus+ Acat#la+ a 0rmandade de <#e+ o prefeito+ e os demTnios
;a#rall e Llory s(o todos descritos como apocalipses- 9a .uarta temporada+ 7iley reclama .ue
Jde repente ve8o .ue preciso con#ecer o plural de _apocalipse_J XJA 9e> ManJY+ mas Buffy e "ia- tm uma rea(o ainda mais calma W ameaa ;a#rall2
L0L,42 I ! fim do mundo-
BOFFQ+ 60LL!6+ ^A9D,72 De novoR
L0L,42 I+ a#+ o terremoto a.uele smbolo sim-
BOFFQ2 ,O l#e disse- ,u eu disse Jfim do mundoJ e voc veio com Jsul da "alifGrniaJ e n(o sei o .ue mais-
L0L,42 4into muitssimo- Min#a contri(o completamente obscurece o apocalipse iminente-
60LL!62 9(o+ eu n(o pode ser- <F fizemos isso-
L0L,42 I ! fim do mundo- 'odos morrem- At/ .ue / importante+ de fato- XJDoomedJY
9a .uinta temporada+ a 8ornada vingativa de 6illo> na magia negra / c#amada+ em tom de brincadeira+ de Jum apocalipseJ por Llory XJ'oug# LoveJY= Anya observa .ue Jgeralmente .uando #F um apocalipse+ eu fu8oJ XJ'#e
LiftJY= e Buffy pergunta a Liles2 JUuantos apocalipse 8F s(o para nGsRJ XJ'#e LiftJY- ! JapocalipseJ / um evento mais rotineiro no universo Buffy do .ue consertar encanamento ou renova(o de passaporte= geral mente n(o #F uma
imagem religiosa envolvida nem um sentido de um bem-sucedido plano divino Xou demonacoY-
I difcil dizer eSatamente .uem ou o .ue governa o Oniverso+ ou .uais s(o suas verdades religiosas fundamentais- "omo poderamos espe rar+ os poderes do mal parecem ter uma introdu(o mais completa do .ue seu oposto= na
verdade+ segundo as informa1es+ o mal c#egou primeiro- ,m J'#e NarvestJ+ o segundo episGdio de BaC#, Liles eSplica .ue o mundo Jn(o comeou como um parasoJ+ mas como um JinfernoJ para os demTnios- Depois .ue os
demTnios Jperderam seu direito sobre essa realidade+ o camin#o foi aberto para os animais mortais+ para o #omemJ- 9(o #F a.ui a menor pista de uma cria(o muito menos de um "riador e os seres #umanos n(o parecem
ocupar uma posi(o especialmente privilegiada- ,m JAmendsJ+ Buffy se v enfrentando Jo Primeiro MalJ pela alma e sanidade de Angel- ,sse JPrimeiroJ outra confirma(o+ se precisarmos de mais uma+ de .ue o mal precede o
bem / representado por um grupo de sacerdotes .ue podem assumir .ual.uer forma #umana .ue dese8arem- ! JPrimeiroJ diz a Buffy .ue J9(o sou um demTnioJ e acrescenta .ue estF JAl/m do pecado+ al/m da morte--- ,stou
em toda a parte- 'odo ser+ todo pensamento+ toda gota de GdioJ- ,m suma+ o Primeiro Mal n(o / apenas um primeiro 8ogador= /+ isto sim+ onipresente e eStremamente poderoso- 'ipicamente+ Buffy n(o estF interessada nas
implica1es teolGgicas+ dizendo2 J'udo bem+ 8F entendi- ;oc / o malJ- Mesmo assim+ / interessante .ue 6#edon ten#a escol#ido escrever a respeito da Znica fora moralmente absoluta da s/rie como nem #umana nem demonaca-
! puro mal geralmente / demonaco+ mas tamb/m tem uma face #umana= inferno e terra s(o e.uiparados na narrativa da cria(o de Liles XJ'#e NarvestJY e nova mente .uando Angel descobre .ue a J4edeJ de 6olfram t Nart+ a
fonte de boa parte do mal .ue ele combate+ estF de fato localizada em sua prGpria dimens(o e em sua cidade+ Los Angeles XJ7epriseJY- 9a seSta temporada+ o adversFrio #umano de Buffy+ 6arren+ causa mais danos aos amigos dela
do .ue .ual.uer outro inimigo anterior+ eSceto talvez mngelus XJ4eeing 7edJY+ e sua amiga #umana 6illo> faz o .ue pode para destruir o mundo XJLraveJY-
,m contraste com essa pletora de op1es+ .ual.uer fora sobrenatural do bem+ al/m de Buffy+ Angel e seus compan#eiros e colegas caado-ras+ / ineSistente em BaC#
>QC
,m 4ngel, os Poderes ,Sistentes s(o n(o apenas
inescrutFveis e impessoais+ mas tamb/m inacessveis+ e os JcanaisJ pelos .uais Angel se aproSima deles costumam comprometer-l#es a autori dade- 9a primeira temporada de 4ngel, os misteriosos !rFculos tm capric#os #umanos
e s(o mortos pelo Jguerreiro do submundoJ+ ;oca#- ,m temporadas posteriores+ as coneS1es do escritGrio de investiga1es de Angel com os Poderes ficam cada vez menos imponentes2 o demTnio Mrevlorns>at# e suas #abilidades
para leitura de aura ligadas a 5arao5= o 8ovial demTnio da cultura pop+ 45ip= o invisvel e incrivelmente inZtil "onduit= a prGpria "ordelia- A piada se torna Gbvia em JLoyaltyJ+ .uando 6esley busca um esclarecimento acerca da
profecia de um loa possivelmente um esprito do oeste da hfrica .ue se manifesta num gigantesco #am-bZrguer plFstico na vitrine de uma lanc#onete do tipo dri(e-thru. At/ as vis1es de "ordelia n(o s(o confiFveis= o Jcabo
de fora celestialJ por interm/dio do .ual elas s(o transmitidas pode ser violado XJ'#at ;ision '#ingJY e se descobre .ue essas vis1es est(o lentamente destruindo o tecido de seu c/rebro- Para continuar com as vis1es+ ela se torna
parte demTnio XJBirt#dayJY- !s Poderes certamente s(o poderosos+ mas seu status /tico diante da #umanidade / eStremamente confuso+ e n(o fica claro se eles s(o realmente foras do bem-
BE$
6#istler+ em JBecoming+ Parts !ne and '>oJ+ / um demTnio responsFvel por manter o e.uilbrio entre o bem e o mal-
4e8a o .ue for+ os Poderes ,Sistentes e o Primeiro Mal n(o s(o facilmente reduzveis a nen#uma religi(o recon#ecida- !s vampiros tm medo de cruz 6#edon eSplicou .ue isso vem da mitologia vampiresca estabelecida
BE&
+ mas a 'rindade / claramente retirada de um antigo ritual de eSorcismo em latim e substituda por JDeusJ XJ0_ve Lot Qou Onder My 45inJY- ,n.uanto isso+ JDeusJ+ assim como "#apeuzin#o ;ermel#o e <ames Bond+ tamb/m /
uma legtima fantasia de Nallo>een XJFear+ 0tself_Y- es vezes+ de fato+ as verdades religiosas do universo Buffy parecem ter o ob8etivo de frustrar as eSpectativas 8udaico-crist(s tradicionais- ,m J'#e NarvestJ+ Liles desconsidera
relatos de uma primordial 0dade do !uro ou Iden como sendo Jmitologia popularJ- NF uma definitiva redu(o de meta fsica em fsica nas Zltimas temporadas de BaC# ^ 4ngel, W medida .ue a vida apGs a morte se torna cada vez
mais maleFvel+ en.uanto representantes de diversos poderes superiores e inferiores s(o encontrados em suas Jdimens1es particularesJ- ,m JAfter LifeJ+ Buffy simplesmente compara Jteologia e dimens1esJ- "omo na dimens(o
demonaca Pylea+ em 4ngel, na .ual os JteStos sagradosJ da teocracia se tornam a base para as e.ua1es de transferncia de dimens(o+ a religi(o fre.]entemente pode ser reduzida ou a a1es #umanas ou a uma pseudocincia- 9(o
/ eSatamente uma base para a(o moral+ e nen#uma pessoa JsensataJ no universo Buffy parece inclinada a encarF-la assim-
BE&
;er <oss 6#edon+ J'#e BronzeJ X>>>-cise-ufl-edu3cgi-bin3cgi>rap3#siao3buffy3get-arc#iveRdated$%%%%*B?Y XB? de abril de $%%%Y2 XtraduzidoY2 JAg#K "ruzes idiotasK ,las eSistiam nas #istGrias+ tudo bem+ e precisFvamos
usF-las- Agora estou sempre preocupado+ como posso eSplicar as cruzes em todos os vampiros+ talvez ningu/m note e eu simples mente 9i! M,9"0!9!KKK --- 9a verdade+ nesse pe.ueno devaneio+ ac#ei a resposta- 9(o / a pessoa
.ue insulta o smbolo do Deus crist(o+ / o demTnio .ue a possui- OauK Uue legalK 9Gs somos legaisKJ
9ota pessoal2 fanFtico por religi(o
"omo vimos+ as manifesta1es eSternas da religi(o no universo Buffy podem .uase sempre ser reduzidas ao demonaco- !s personagens mais irreverentes e c/ticos+ tanto demTnios .uanto #umanos+ s(o #erGis e anti-#erGis= seus
vil1es costumam ser os mais religiosos- 'eStos e artefatos religiosos s(o ocasionalmente Zteis para combater demTnios+ mas tamb/m podem atrair seres #umanos para o lado do mal- 9os raros momentos em .ue Buffy e seus amigos
no esto combatendo demTnios+ nem a crena nem a prFtica religiosa tm importVncia em suas vidas- 9o final das contas+ o centro moral do universo Buffy e a fonte para o comportamento /tico n(o s(o demonacos nem divinos+
mas #umanos- Desde JAmendsJ+ o mais prGSimo .ue BaC# c#egou de um episGdio Jcrist(oJ / provavelmente JLraveJ+ o final da seSta temporada+ .ue praticamente n(o apresentou men1es W religi(o- 9a.uele episGdio+ 6illo>
tenta destruir o mundo com a a8uda de satanistas e demTnios+ mas / impedida pelo amor incondicional de seu ami go ^ander- 9(o sG ^ander c#ama a si prGprio de JcarpinteiroJ no processo+ mas a cena em .ue os personagens
percebem .ue o mundo n(o acabou / acompan#ada pela ora(o musical J!ra(o de 4(o FranciscoJ+ e a orienta (o do s*ript especifica .ue o clmaS da cena com 6illo> e ^ander ocorra no mesmo escarpado num ponto alto de
4unnydale onde Buffy se confronta com Angel em JAmendsJ- Mas a rea(o dos f(s a JLraveJ teve mais a ver com a situa(o dos personagens+ e 6#edon se viu .uestionado a res peito da morte de 'ara e da transforma(o de 4pi5e+
e n(o da momentVnea imita(o de "risto por parte de ^ander- ,m contraste com o .uestionamento dos motivos religiosos .ue acompan#aram JAmendsJ+ a maioria dos f(s de BaC# rapidamente concluiu .ue a imagem religiosa em
JLraveJ era apenas uma t/cnica de narrativa- ,sse contraste indica o .uanto BaC# e 4ngel conseguem reduzir a religi(o a uma .uest(o secundFria+ bem atrFs dos relacionamentos interpessoais .ue s(o o prGprio cora(o das duas s/-
ries- ! universo Buffy+ com sua pletora de crenas e prFticas religiosas+ estF longe de ser secularizado+ mas tamb/m de ser sacralizado- !u+ como Buffy eSplica muito mais sucintamente no episGdio J6#at_s My LineR+ Part !neJ+ da
segunda temporada2 J9ota pessoal2 fanFtico por religi(oJ-
Q
R63'i5ic&/d+ +3 4ei+3, 76/i;*+ /+ 6/i2e83+ B655@
<acob M- Neld
"onsideremos a mirade de eSemplos em BaC# em .ue a puni(o / praticada- NF demTnios de vingana .ue castigam a pedido da autodeclarada vtima- Angel JinfligidoJ com uma alma- 4pi5e tem um c#ip eletrTnico im-
plantado no c/rebro- Muitos demTnios e vil1es s(o destrudos por seres maus+ ou por causa de sua potencial ameaa W sociedade- Fait# vai para cadeia- A lista / imensa- ,sses eSemplos s(o suficientes+ por/m+ para indi car .ue BaC#
lida repetidamente com a .uest(o da puni(o e tenta ilustrar os prGs e contras das diferentes abordagens do tema-
'radicionalmente+ #F duas principais escolas de pensamento .ue tratam da puni(o2 retributivismo e utilitarismo-
BE*
4egundo os retributivistas+ a puni(o / 8ustificada apenas se for proporcional W culpa pela transgress(o criminal2
JA puni(o sG deve ser dada .uando for merecida e ao grau em .ue for merecidaJ-
BE@
!s culpados s(o punidos por.ue merecem s-lo= seu castigo / a.uilo .ue o crime eSige- Uuando l#es perguntam .uais crimes merecem puni(o+
os retributivistas tm muitas respostas prontas- A puni(o pode ser vista como algo .ue restabelece o e.uilbrio da moralidade perturbado .uando um erro / cometido+ ou restabelece o peso da auto-restri(o necessFria para a
sociedade funcionar+ .ue / removida .uando algu/m comete um crime+ dando ao criminoso vantagem in8usta sobre a.ueles .ue obedecem W lei-
BEC
7obert 9ozic5 afirma .ue a puni(o conecta o malfeitor com os valores verdadeiros
de uma maneira .ue esses valores ten#am um efeito significativo na vida dele-
BEA
Para este ensaio+ serF suficiente descrever uma teoria retributiva de puni(o como a.uela segundo a .ual a puni(o sG / 8ustificada se for dirigida W
pessoa responsFvel e pelo Znico motivo pelo .ual a merece- ! importante a recon#ecer / .ue as conse.]ncias da puni(o s(o irrelevantes para determinar se a puni(o / ou n(o merecida-
BE*
4ei .ue #F outras escolas de pensamentos+ como as teorias da restitui(o- ! taman#o restrito deste documento n(o permite uma discuss(o eSaustiva de toda a teoria da puni(o- Decidi+ portanto+ discutir sG as duas principais
escolas de pensamento acerca desse assunto-
BE@
<ac.ues '#irouS+ 0thi*s Theor" and $ra*ti*e, seSta edi(o XOpper 4addle 7i ver2 Prentice-Nall+ BEE?Y+ p- B&&-
BEC
"omo essa Zltima posi(o 8ustifica a puni(o baseada em suas conse.]ncias ben/ficas+ o restabelecimento da autolimita(o+ / .uestionFvel se ela seria propriamente retributivista-
BEA
7obert 9ozic5+ J7etributive Punis#mentJ+ em 'eadings in $hilosoph" o!Iaw, editado por <o#n Art#ur e 6illiam N- 4#a> X,ngel>ood "liffs2 Prentice-Nall+ BE?*Y+ p- $%B-
,m contraste+ uma teoria utilitarista+ ou conse.]encialista+ 8ustifica a puni(o apenas pelas conse.]ncias dela derivadas- Assim+ o militarismo ol#a para o futuro e o retributivismo para o passado- Ao 8ustificar a puni(o+ o
utilitarista faz trs perguntas bFsicas2 BY ! malfeitor serF impedido de cometer outras infra1esR $Y As outras pessoas ser(o impedidas de come ter crimes semel#antesR &Y A sociedade estarF protegida do criminosoR 4e essas trs
perguntas forem respondidas na afirmativa+ ent(o a puni(o se 8ustifica-
BE?
"om a escol#a de teoria utilitarista+ uma grande felicidade n(o precisa ser a meta final- 'eorias dessa esp/cie 8ustificam a puni(o+ pois promovem um fim
especfico+ se8a ele .ual for-
BE?
'#irouS+ 0thi*s Theor" and $ra*ti*e, p- B&C-
Ambas as teorias tm aspectos atraentes e n(o atraentes- ! retributivismo aborda sua infleSibilidade+ sua desconsidera(o pelas conse.]ncias+ e+ mais importante+ a plausibilidade de determinar a severidade da puni(o com
base na vaga no(o do merecimento- ! utilitarismo+ por outro lado+ pode discutir sua 8ustificativa em termos de preven(o e intimida(o+ .ue s(o mais fFceis de medir .ue o merecimento- ,ntretanto+ basear a puni(o sG nas conse -
.]ncias eSige a abordagem de problemas previsveis de prFticas desfavorFveis+ tais como o castigo dos inocentes para Jenviar uma mensagemJ aos possveis transgressores- ! utilitFrio deve ser capaz de responder W pergunta2
JPode-se punir um inocente+ se isso impedir crimes e salvar vidasRJ ! utilitarismo precisa de uma alternativa ao assustador JsimJR
BEE
BEE
!bserve .ue esse sentimento pressup1e .ue sG as conse.]ncias n(o 8ustificam uma teoria de puni(o-
,ste ensaio apresenta as duas vis1es e demonstra os m/ritos de uma vis(o utilitFria+ contra uma posi(o retributivista+ usando trs principais eSemplos de BaC#. Primeiro+ eSaminaremos a natureza dos demTnios da vingana e
como seu senso de 8ustia ilustra a natureza arbitrFria+ relativa e sub8etiva de se determinar .ual o merecimento de um indivduo- ! retributivismo+ baseando-se numa teoria de merecimento 8usto+ deve abor dar essa .uest(o se
pretende manter uma posi(o sustentFvel- Depois+ falaremos a respeito de Angel e 4pi5e para demonstrar os benefcios da intimida(o+ em vez do merecimento+ como meta da puni(o- , por fim+ discutiremos o problema de punir
os inocentes segundo a perspectiva utilitarista+ usando o eSemplo da morte de Ben3Llory pelas m(os de Liles- ,ssa pes.uisa defenderF a afirma(o de .ue o retributivismo / uma posi(o insus tentFvel- Al/m disso+ veremos .ue as
teorias utilitaristas da puni(o s(o mel#ores para proporcionar ao estado os meios a fim de garantir a liberdade ao povo e a ad8udica(o entre alternativas em casos difceis-
Nalfre5 prefere o ttulo JDemTnio da 8ustiaJ
,m J!lder and Far A>ayJ+ Nalfre5+ antiga colega de Anya+ / c#amada de JdemTnio da vinganaJ- ,la diz .ue prefere o termo JdemTnio da 8usti aJ- Aparentemente+ ela ac#a .ue a.uilo .ue consideramos vingana / mais
corretamente interpretado como 8ustia- ! .ue um demTnio da vingana traz+ portanto+ n(o / revanc#e e sim puni(o moral baseada em merecimento- Por conseguinte+ podemos indagar como um demTnio da vingana+ ou
retributivista+ determina o merecimento de uma pessoa- 4e um retributivista afirma .ue a puni(o se 8ustifica em propor(o ao mereci mento+ ent(o ele deve ser capaz de determinar .ual / o merecimento de um criminoso+
mostrando2 aY .ue esse merecimento / proporcional ao crime= bY por .ue a determina(o do merecimento n(o / relativista= e cY como a propor(o do merecimento se 8ustifica independentemente das conse.]n cias Xparticularmente
em casos em .ue a puni(o cria danos adicionaisY- 'rataremos cada item por ordem-
Pressupondo .ue as puni1es se 8ustificam desde .ue se8am proporcionais ao crime cometido+ deparamos com o problema-c#ave de estabelecer uma #ierar.uia de merecimentos- Por eSemplo+ como determinar o .ue merece um
ladr(o e um assassinoR !bviamente+ segundo a vis(o retributivista+ um merece pena mais dura .ue o outro+ mas at/ .ue pontoR 7obert 9ozic5 sugeriu uma e.ua(o para a determina(o do merecimento2 o merecimento de um
indivduo / o produto da culpabilidade XrY e da severidade da ofensa XNY+ representado por _r ^ N_- ,ntretanto+ #F um problema para se .uantificar a severidade das ofensas criminais e da culpabilidade- ,mbora 9ozic5 sugira .ue a
culpabilidade pode ser representada como uma escala de B Xplena responsabilidadeY a % Xnen#uma responsabilidadeY+ os valores intermitentes n(o s(o determinados+ e provavelmente s(o inde-terminFveis- A determina(o do grau da
severidade de ofensas enfrenta a mesma dificuldade- ,mbora #a8a outras sugest1es para se determinar o merecimento+ todas passam pela mesma dificuldade- Por eSemplo+ pode mos criar uma escala de ofensas entre a menor e a
mais danosa- Podemos fazer a mesma coisa com as puni1es+ por eSemplo+ uma escala consis tindo em multas+ servios comunitFrios e perodos na pris(o- 4e as duas escalas forem sobrepostas+ parece #aver um sistema para
determinar o merecimento- Mas a pergunta permanece2 como determinamos .ue a infra(o menos s/ria merece+ por eSemplo+ uma multa de @% reais e o pior crime merece a morteR "omo determinamos o .ue um criminoso merece
de maneira ob8etiva+ independente de normas sociais e 8ulgamentos pessoais de valorR A posi(o retributivista conta com nossa #abilidade para 8ustificar uma correspondncia entre ofensa e merecimento+ e uma cla ra eSposi(o
dessa correla(o-
Oma possvel vis(o do assunto / .ue o criminoso deveria passar por certa dose de sofrimento igual W .ue ele impTs em suas vtimas- ,ssa / a motiva(o por trFs da maldi(o cigana de Angel- !s ciganos restauraram a alma de
Angel para .ue ele sofresse a conse.]ente culpa por ter assassinado e torturado+ assim como as famlias das vtimas sofreram com as perdas- ,mbora no caso de Angel isso parea apropriado+ e ten#a realmente funcionado+
trazendo-l#e sofrimento+ como podemos determinar .uanto sofrimento / suficienteR As vtimas de Angel sofrem uma .uantidade limitada de tormento ou dor e a famlia da vtima sofre uma perda+ mas suas feridas se curam com o
tempo- Mesmo .ue n(o se curem+ a famlia da vtima estarF morta em cin.]enta e poucos anos+ por isso o sofrimento / limitado- Angel+ por outro lado+ pode viver indefinidamente= portanto+ seu sofrimento seria de uma magnitude
muito maior .ue a.uele .ue ele gerou- "laro .ue essa discuss(o sup1e .ue o sofrimento pode ser medido+ o .ue / uma suposi(o e tanto-
!utra sugest(o para determinarmos a puni(o merecida+ con#ecida como leL talionis, recomenda Jol#o por ol#oJ- 4egundo essa posi(o+ o criminoso deve sofrer a mesma dificuldade pela .ual passou a vtima- 0sso / obviamente
insustentFvel- ;amos+ ent(o+ estuprar um estuprador+ se.]estrar o fil#o de um se.]estrador+
$%%
ou roubar um ladr(oR !bviamente n(o-
$%B
$%%
A abdu(o de "onner por parte de Noltz pode ser vista como um caso de leL talionis, pois supostamente faz Angel pagar por ter assassinado a famlia de Noltz-
$%B
Para uma discuss(o mais detal#ada de leL talionis e seus problemas inerentes+ ver 7uss 4#afer-Landau+ J7etributivism and DesertJ+ $hilosophi*al -uarterl" ?B X$%%%Y+ p- B?E-$B*-
Om problema adicional em se determinar o merecimento / a inerente natureza sub8etiva de tal determina(o- "onsideremos Nalfre5 e Anya- "omo demTnio da vingana+ Anya escol#eu punir namorados+ noivos e maridos- 4ua
miss(o determinada era vingar as mul#eres desprezadas- A mul#er desprezada determinava o .ue o eS-namorado merecia em termos de puni (o e indicava isso a Anya por meio de um dese8o-
$%$
Nalfre5+ por outro lado+ escol#e
vingar as crianas+ punindo seus pais negligentes e abusivos- 'amb/m nesse caso+ a pessoa vitimada determinava a puni(o e comuni cava-a a Nalfre5 por meio de um dese8o- !bviamente+ n(o pode #aver ob8etividade nesses casos+
mas serF .ue as circunstVncias em nosso universo s(o realmente diferentesR Algumas teorias retributivistas sugerem .ue o merecimento deveria ser o resultado de processos democrFticos= um processo assim+ por/m+ poderia levar a
resultados relati vis ticos-
$%&
Afinal de contas+ / evidente .ue o merecimento+ a severidade do crime e a puni (o proporcional s(o afetados por normas sociais- 9a prFtica+ n(o temos condi1es de determinar ob8etivamente o
merecimento moral de um crime2 indivduos+ sociedades e governos sempre discordar(o- 9a verdade+ o merecimento de algu/m / o .ue a sociedade determina .ue se8a- 9o 0r(+ os ladr1es merecem ter a m(o cortada= nos ,stados
Onidos+ alguns assassinos merecem morrer- Uuem pode ad8udicar entre as disputas e dizer .uem estF certo ou erradoR Jo !im das *ontas, um apelo ao mere*imento 5 um apelo 6s nossas reaVes 6 ati(idade *riminal. Dese8amos ver
o criminoso punido- Al/m disso+ a determina(o de .uem / considerado criminoso / ditada por nossas normas sociais- Por eSemplo+ a posse de macon#a mere ce puni(o criminal nos ,stados Onidos+ mas n(o na Nolanda- ,sse caso
demonstra .ue o crime / uma no(o geogrFfica e poltica2 .uando o merecimento e o crime andam de m(os dadas+ s(o espreitados pelo espectro do relativismo- Merecimento / um conceito vago demais para ter algum signi ficado
ob8etivo e efetivo no conteSto da puni(o-
,mbora n(o possa discutir isso a.ui+ afirmo .ue se estudarmos a #istGria do Direito notaremos .ue as puni1es mais duras s(o a.uelas contra os atos .ue mais ameaam a estrutura da sociedade- "omo um bom eSemplo desse
fenTmeno+ consideremos o caso da criminaliza(o do adult/rio em sociedades .ue se baseiam nas prFticas da primogenitura ou #erana geral- 9essas sociedades+ as viola1es contra os constituintes necessFrios da coes(o social s(o
consideradas as mais abominFveis- 4e tal eSemplo sustenta min#a afirma(o+ ent(o o merecimento / socialmente determi nado e relativstico- ,m essncia+ ele / determinado com base nos efeitos delet/rios da a(o- Assim+ /
possvel reduzir as afirma1es retributivistas dessa natureza a bases utilitaristas3conse.]encialistas-
$%$
Bons eSemplos desse princpio na s/rie incluem a prGpria Anya em J,ntropyJ X.uando ela tenta vingar-se de ^ander por abandonF-la no altarY e o dese8o de "ordelia em J'#e 6is#J-
$%&
4#afer-Landau+ J7etributivism and DesertJ+ p- BE?-
Angel+ 4pi5e e !z2 casos para intimida(o
NF um grande problema em se tentar demonstrar os m/ritos da intimida(o relativos W retribui(o em 8ustificativas da pena- 9(o posso recorrer aos benefcios maiores da intimida(o+ em contraste W retribui(o+ pois a prGpria
.uest(o em debate a.ui / se as conse.]ncias s(o uma fonte legtima de 8ustificativa- Portanto+ o m/todo .ue usarei / recorrer ao papel do ,stado e ao bem do indivduo- ,mbora se8a contestFvel+ afirmarei .ue o papel do ,stado /
garantir o bem dos indivduos+ .ue promova sua liberdade ou o eSerccio de suas #abilidades dentro de limites sem+ no entanto+ impingir sobre as liberdades dos outros- Uuais bens s(o necessFrios para a promo (o da liberdade ou
do bem-estar de uma pessoa podem ser definidos apenas por uma teoria da natureza #umana-
$%*
,ntretanto+ .ual.uer teoria bFsica de liberalismo
$%@
se aproSima muito de min#a vis(o do ,stado+ na .ual podemos dizer .ue o papel do
,stado / garantir a liberdade do indivduo- "laro .ue as teorias divergem ao descrever como isso deveria ser feito+ mas esse / um ponto .ue podemos evitar a.ui-
$%*
Para nossos propGsitos a.ui+ podemos apenas considerar os bens como segurana e livre autodetermina(o dentro de limites+ respeitando a #abilidade dos outros para igual autodetermina(o-
$%@
Liberalismo deve ser entendido como um conceito poltico contendo uma especifica(o de determinados direitos bFsicos+ uma atribui(o de prioridade a tais coisas e a delinea(o de medidas eSigidas para garantir .ue o
indivduo dispon#a de meios ade.uados para fazer um uso efetivo desses direitos+ liberdades e oportunidades- ;er <o#n 7a>ls+ $oliti*al Ii&eralism X9ova Qor52 "olumbia Oniversity Press+ BEE&Y-
Uuando tivermos determinado .ue o papel do ,stado / proporcionar a segurana dos cidad(os e a promo(o de sua liberdade+ a fun(o do siste ma legal deve ser proporcionar os meios para o ,stado fazer isso- Assim+ o sistema
legal se preocupa com conse.]ncias+ ou se8a+ se o ,stado estF providenciando o .ue deveria- A puni(o se torna meramente um meio entre outros de garantir tais bens- Devemos+ portanto+ ver .ual dos dois proporcionaria o mel#or
meio de garantir esses fins2 o retributivismo ou o utilitarismo-
! retributivismo obviamente tem uma desvantagem- "omo essa teoria de puni(o tem conse.]ncias neutras+ por defini(o+ n(o l#e interessa se a puni(o serve para garantir segurana aos cidad(os ou proporcionar bens
necessFrios para a realiza(o da liberdade- "om rela(o W puni(o+ as conse.]ncias s(o a preven(o e a intimida(o da atividade criminal e+ lGgico+ a reabilita(o do infrator- ! retributivismo+ por/m+ se satisfaz .uan do a.ueles .ue
merecem s(o punidos+ independentemente se tais puni1es impedem ou n(o futuras atividades criminais- 4e o retributivismo se ocu passe desses tGpicos+ n(o seria mais retributivismo+ mas utilitarismo- ! utilitarismo / perfeito para
lidar com o problema da intimida(o e preven(o+ ambas fun1es necessFrias do ,stado ao promover os servios para o .ual ele eSiste-
<F .ue o ,stado eSiste para providenciar segurana e liberdade aos cidad(os+ e o sistema legal fornece o meio para isso por interm/dio de um es.uema de recompensas e puni1es+ uma puni(o / 8ustificada .uando ela garante
essa segurana e liberdade- Portanto+ uma puni(o .ue n(o serve para isso seria in8ustificada- 9o entanto+ o problema continua2 alguma puni(o / 8ustificada desde .ue garanta mais conse.]ncias dese8Fveis do .ue outras puni1es
eSistentesR ,m outras palavras+ podemos punir o inocente se as conse.]ncias ultrapassam o pe.ueno desservio criadoR ;e8amos os casos de Angel e 4pi5e- J
Angel e 4pi5e s(o mais semel#antes do .ue muitas pessoas percebem-
$%C
Ambos s(o vampiros e nen#um / capaz de fazer mal a um ser #umano- ! .ue impede Angel / sua conscincia+ ou a posse de uma alma- 4pi5e / impedido
por um c#ip eletrTnico implantado no c/rebro- 'anto Angel .uanto 4pi5e receberam puni1es- A de Angel teve o propGsito de mereci mento- !s ciganos sG .ueriam .ue sentisse o sofrimento por eles sofrido- ! c#ip de 4pi5e foi
implantado com o Znico propGsito de preven(o ou intimida(o- 9(o se pensou em merecimento+ nesse caso= a 0niciativa sG .ueria impedir 4pi5e de pre8udicar outros seres #umanos- Agora+ se o ,stado deve proporcionar segurana
e liberdade+ .ual m/todo funciona mel#orR
$%C
As semel#anas entre a alma de Angel e o c#ip de 4pi5e s(o notFveis- ,m certo sentido+ ambos s(o constru1es sociais impostas ao indivduo+ .ue o obrigam a agir em conformida de com normas sociais- A de Angel / imposta
por meio da educa(o moral e a de 4pi5e por meio da cincia- ,m essncia+ o c#ip de 4pi5e / uma conscincia moral-
A puni(o de Angel teve o benefcio imprevisto de faz-lo dese8ar a reden(o e buscF-la por meio de boas obras- 9uma vers(o retributivista+ sua puni(o n(o se 8ustifica por causa desse fato+ mas / um feliz efeito colateral- A
pena de 4pi5e+ por outro lado+ o impede de cometer mais cri mes contra seres #umanos- Desse modo+ sua puni(o garante os fins do ,stado+ en.uanto a de Angel / apenas contingente e uma conse.]ncia imprevista do 8usto
merecimento- Afinal+ / possvel .ue o merecimento de Angel n(o o impea de fazer mais males+ pois / fFcil imaginar casos em .ue a puni(o de uma pessoa por seus crimes n(o traga conse.]ncias ben/ficas e possa at/ levar a
efeitos delet/rios- 4e esse for o caso+ a puni(o n(o garantiu o .ue o ,stado eSige+ isto /+ segurana e liberdade- 9esse conteSto+ vale lembrar .ue+ mesmo com alma+ Angel deiSou Drusilla e Daria matar vFrios empregados de
6olfram t Nart-
4pi5e e !z apresentam uma situa(o semel#ante em termos de preven(o- !s dois s(o JpunidosJ por causa do efeito preventivo garantido pela puni(o- !z+ .ue nada fez de errado+ / obrigado a ficar preso durante toda lua c#eia
para n(o cometer atos de violncia- 4pi5e tem um c#ip implantado para n(o cometer outros atos de violncia- Mas os dois casos levantam um ponto assustador- 9en#um dos dois pode deliberadamente causar mal- 9(o / uma
escol#a= / uma imposi(o do ,stado+ .ue predeterminou o .ue / certo ou errado- !z / inocente e punido apenas por causa das conse.]ncias ben/ficas da intimida(o- 4pi5e / punido em ca rFter de preemp(o+ como AleS em
IaranWa <e*ni*a, de Ant#ony Burgess- 4e deiSarmos .ue o ,stado use .ual.uer meio necessFrio para garantir seus fins+ ent(o tamb/m podemos permitir um ,stado totalitFrio-
!s teoristas do utilitarismo tm muitas respostas para esses problemas e eu .uero mencionar a.uele .ue considero o mais forte- Primeiro+ um utilitarista pode afirmar .ue a finalidade da puni(o / garantir os direitos #umanos e a
preven(o de viola1es desses direitos- Definidas dessa maneira+ as puni1es .ue desconsideram os direitos #umanos n(o podem ser permitidas- 4e a liberdade para escol#er entre bom e mau+ ou se8a+ a auto determina(o+ / um
direito #umano+ ent(o os tipos de puni1es impostas a AleS e 4pi5e s(o in8ustificados+ pois contradizem os prGprios fins para os .uais a puni(o / dirigida- 'amb/m o direito de !z de liberdade em noite de lua c#eia pode ser
superado pelo direito de todas as outras pessoas de n(o serem trucidadas .uando est(o indo para casa apGs a escola- ,ssa introdu (o da id/ia dos direitos permite ad8udica(o entre afirma1es conflitantes+ mas somente en.uanto
eSistir uma #ierar.uia recon#ecvel de direitos- 4egundo+ um utilitarista pode sugerir .ue a puni(o de inocentes apenas para resultados ben/ficos leva a efeitos piores do .ue se sG os criminosos forem punidos- 9essa posi(o+ se um
cidad(o recon#ece .ue pode ser punido por um crime mesmo .ue n(o o cometa+ a lei deiSa de ser intimidante- 9(o #F motiva(o para deiSar de cometer um crime- Portanto+ a puni(o dos ino centes deveria ser secreta+ e isso
eSigiria uma enorme Jconspira(oJ governamental- Por fim+ pode-se argumentar .ue+ uma vez .ue punir sG os culpados / mais ben/fico do .ue castigar tamb/m os inocentes+ / mel#or punir sG os culpados-
$%A
A .uest(o a.ui / .ue
eSistem vFrios modos de adaptar uma vis(o utilitarista da puni(o para garantir .ue o ,stado se8a limitado em suas #abilidades para punir de acordo com nossos conceitos de direitos #umanos+ e com o .ue esses direitos eSigem-
Agora .ue avaliamos os prGs e contras de ambos os lados+ seria bom testarmos cada teoria num caso verdadeiramente difcil2 Ben3Llory-
$%?
$%A
Para mais discuss1es acerca desse assunto+ ver2 7uss 4#afer-Landau2 J'#e Failure of 7etributivismJ+ $hilosophi*al Studies ?$ XBEECY+ p- $?E-&BC= 7ic#ard B- Brandt+ J'#e Otilitarian '#eory of "riminal Punis#mentJ+
'eadings in $hilosoph" o!Iaw, editado por <o#n Art#ur e 6illiam N- 4#a> X,ngle>ood "liffs2 Prentice-Nall+ BE?*Y+ p- B?E-BE*-
$%?
Oma discuss(o acerca de reabilita(o caberia a.ui+ se o espao n(o fosse limitado- ,ntre tanto+ como se pode prever das argumenta1es anteriores+ as vis1es utilitaristas s(o mais #Fbeis para abordar .uest1es de reabilita(o+
en.uanto as vis1es retributivistas n(o se interessam por tal assunto-
Buffy deveria ter matado Ben
,m J'#e LiftJ+ Buffy enfrenta a decis(o se deve ou n(o matar Ben+ um #umano .ue Llory precisa para se manifestar- Llory / uma divindade com o plano de abrir um portal .ue engolirF todos os mundos+ destruindo assim a
terra e toda a #umanidade- Buffy tem a oportunidade de matar Ben+ cu8o corpo / um receptFculo ocasional para a divindade+ matando assim tamb/m Llory- Ben+ no entanto+ / inocente e n(o escol#eu ter Llory se manifestando por
meio dele- "omo matadora+ Buffy n(o pode eliminar um inocente+ pois ele n(o mereceria a morte+ ou puni(o+ mesmo .ue tal puni(o garanta a segurana e o bem-estar de todo o planeta- "omo repre sentante da #abilidade coerciva
do ,stado+ Buffy deve decidir se pune+ com base em merecimento ou nas conse.]ncias- ,m resumo+ Buffy representa a vis(o retributivista .uando se recusa a matar Ben por.ue recon#ece .ue ele n(o merece a puni(o- Adotando a
puni(o do ,stado+ Buffy tem a oportunidade de punir um inocente para garantir a segurana e a liberdade da popula(o do mundo+ por/m+ os resultados l#e s(o irrelevantes- ,la simplesmente pondera .ue Ben / inocente e n(o
deveria ser morto- ,Splicando a decis(o de Buffy+ Liles diz .ue ela / uma #erona e por isso mesmo n(o poderia matar Ben+ mesmo estando ciente das terrveis conse.]ncias- Liles+ por/m+ assume a vis(o utilitarista e estrangula
Ben+ matando-o- Parece .ue temos de ver Buffy como figura #erGica verdadeiramente cora8osa e nobre en.uanto Liles / algo menor .ue um #erGi+ / meramente #umano- Assim+ ele faz o trabal#o su8o+ e talvez desnecessFrio+
de matar Ben-
,ssa interpreta(o da situa(o de Buffy favoreceria a vis(o retributivista- ,ntretanto+ em min#a opini(o+ devemos repreender Buffy e afirmar .ue se ela realmente .uer proteger o bem-estar das pessoas+ isto /+ se o ob8etivo dela /
a segurana e a liberdade de todos+ ent(o esse ob8etivo eSige .ue ela mate Ben- A deidade Llory inevitavelmente se manifestarF de novo+ e da prGSima vez talvez Buffy n(o consiga det-la- ! Znico modo de garan tir um resultado
positivo / matar Ben- 4im+ / in8usto matar um inocente- 4im+ parece uma coisa repugnante e brutal- Mas se isso salvar o Oniverso+ ent(o precisamos superar nossa repulsa e fazer o .ue Liles teve fora para fazer2 matar Ben-
$%E
"omo o prGprio Liles observa2 J--- 8urei proteger esse triste mundo+ e Ws vezes isso significa dizer e fazer--- o .ue as outras pessoas n(o podem- !u n(o tm de fazerJ XJ'#e LiftJY-
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! outro caso interessante / se deveramos ter matado Da>n- Liles sugere .ue isso seria necessFrio+ .uando a cerimTnia de abrir o portal comeasse- Buffy se recusa a se.uer considerar matar a irm(- 9o fim+ sua recusa em
matar Da>n e o dese8o de proteger o mundo s(o o .ue a levam ao auto-sacrifcio-
,sse caso complicado aponta para as dificuldades inerentes a uma 8ustificativa para a puni(o- Diante de nosso conceito do ,stado+ a puni(o deveria impedir o crime e intimidar os criminosos Xou criminosos poten ciaisY de
cometer atos criminais- Mas onde estF o meio satisfatGrio entre um ,stado fortemente seguro e um ,stado polcia .ue pune os inocentes e corta a liberdade para o bem do indivduoR A posi(o retributivista tem uma resposta clara2
independentemente da conse.]ncia+ a puni(o sG / 8ustificada se servir W.ueles .ue a merecem- NF um sentido de respeito do .ual todos os indivduos s(o dignos+ e usar esses mesmos indivduos como um meio do ,stado / violar
esse respeito- ,ssa vis(o tem certa plausibilidade+ pois estF em sintonia com nossos sentimentalismos- Mas um caso difcil como Ben+ ou mesmo o possvel mal de Angel+ mostra .ue as conse.]ncias s(o um fato .ue o ,stado deve
levar em conta+ se .uiser cumprir sua tarefa- ! retributivismo impede .ue se8am feitas supostas in8ustias+ como matar Ben+ mas se baseia em pressuposi1es insustentFveis+ e negligencia considera1es relevantes-
Podemos tamb/m indagar acerca do papel do ,stado no relacionamento entre o prGprio ,stado e o indivduo- ,ssa pergunta pode ser respondida por meio da cincia e das teorias da natureza #umana+ por meio dos esforos
democrFticos para determinar os limites do ,stado conforme proposto pelos .ue s(o governados+ e por meio de muita c#ecagem e balano para garantir os direitos e a liberdade .ue o ser #umano precisa- <F .ue podemos determinar
o papel do ,stado+ podemos tamb/m determinar seu fim e escol#er o meio mais eficaz de atingir esse fim- A puni(o / 8ustificada como tal artifcio desde .ue ela garanta tal fim- 4e aceitarmos+ refletida-mente+ .ue esse / o papel da
puni(o+ ent(o podemos garantir .ue as viola1es dos direitos #umanos ser(o mantidas pelo menos a um nvel mnimo- 9(o digo .ue ser(o eliminadas- "onsidero o assassinato de Ben uma afronta W sua liberdade e aos seus direitos-
Mas ao mesmo tempo ac#o .ue Liles pode ser 8ustificado por matar Ben e .uero crer .ue se Liles n(o estivesse lF outro teria sido suficientemente forte para fazer o .ue ele fez- ,.ua1es utilitaristas para maSimizar .ual.uer fim
.ue se8a proposto s(o sempre fal-veis ou problemFticas+ mas trocar uma vida por seis bil#1es de vidas tem uma implica(o Gbvia-
A
Ne/(64& >8&/de 2i'8i&, 'e4&3 de 3&c8i5Hci+, 3&)2&;*+ e 8ede/;*+
Lregory <- 4a5al
4 (ida 5 di!:*il.
M- 4cott Pec5+ The 'oad Iess Tra(eled
4 *oisa mais di!:*il no mundo 5 (i(er nele.
Buffy 4ummers XJ'#e LiftJY
!s termos JsacrifcioJ+ Jsalva(oJ e Jreden(oJ+ aplicados em BaC# e 4ngel, poderiam+ para uma pessoa n(o acostumada com as s/ries+ parecer indicar .ue ambas tm um to.ue religioso+ talvez at/ crist(o- Apesar de alguns
tons notadamente crist(os Xvampiros vulnerFveis aos smbolos sagrados+ por eSemploY+ esse n(o / o caso-
'alvez tamb/m parea incrvel .ue essas duas s/ries de gnero+ cu8o tema aparente / a pura fantasia+ possam eSplorar assuntos t(o profundos e fundamentais W eSperincia #umana- ,ntretanto+ / eSatamente o gnero de mito e
fantasia .ue se presta t(o perfeitamente W eSplora(o desses temas+ #a8a ou n(o o envolvimento de crenas religiosas especficas- Mito e lenda s(o metatemas .ue nos tiram da realidade da Jvida diFriaJ- ,n.uanto a defini(o de
Jvida diFriaJ muda de uma gera(o para a outra+ mito e lenda proporcionam uma continuidade para a eSperincia #umana de era em era .ue a Jvida realJ n(o consegue-
"omo os temas mitolGgicos transcendem tempo e lugar+ eles se tor nam um eficiente veculo para a apresenta(o e eSplora(o dos desafios universais .ue assolam todas as pessoas de tempos em tempos- Afinal+ essa tem sido a
fun(o do mito em todo o curso da #istGria- Om eSemplo contemporVneo+ a fantasia /pica de <- 7- 7- 'ol5ien+ O Senhor dos 4n5is, continua atraindo sucessivas gera1es de leitores suficientemente inspirados pela obra para saborear
suas mais de mil pFginas- Apesar das insinua1es da vida rural tipicamente inglesa+ os grandes temas .ue o livro eSplora+ com um pano de fundo de #istGria mtica+ continuam a ter um apelo universal-
Monstros+ vampiros+ demTnios+ foras das trevas e a.ueles .ue veneram essas coisas= #erGis+ sFbios e consel#os de anci(os+ s(o todos presena comum nas lendas e mitologias de muitas culturas- Dentro do conteSto de vida pGs-
moderna+ BaC# sintetiza uma realidade na .ual todas essas coisas convergem para fazer total sentido- "omo as mitologias de civiliza1es passadas+ os 8ogadores a.ui s(o apenas pessoas comuns+ tiradas da substVncia da vida
JnormalJ+ e 8ogadas na luta eterna entre bem e mal- Diferente do discurso acadmico ou teolGgico .ue seria o camin#o usual para esse tipo de investiga(o+ a sntese de temas mticos com a vida coti diana dos #abitantes do universo
Buffy proporciona um encontro muito mais imediato e significativo-
"omearemos essa eSplora(o definindo cuidadosamente os termos JsacrifcioJ+ Jreden(oJ e Jsalva(oJ- 0sso nos a8udarF a colocar a discus s(o num conteSto mais amplo do .ue suas conota1es religiosas usuais poderiam
permitir- A natureza dos vampiros e o modo como eles se relacionam com os seres #umanos proporcionar(o boa oportunidade para um breve eSame da natureza e propGsito do mal+ e do papel .ue tanto o bem .uanto o mal
desempen#am no e.uilbrio geral das coisas- 0sso nos permi tirF uma anFlise profunda dos personagens de ^ander e 4pi5e+ #umano e vampiro+ por meio da .ual eu pretendo mostrar .ue+ embora se8a tentador pressupor .ue o bem
pertence eSclusivamente a uma esp/cie e o mal a outra+ ou .ue a reden(o / algo .ue a #umanidade pode alcanar+ isso n(o / verdade- Al/m disso+ veremos .ue+ n(o importa o camin#o seguido+ o sacrifcio / uma parte importante
da 8ornada+ e a 8ornada em si / t(o importante .uanto o destino-
4obre sacrifcio e salva(o
Do .ue eSatamente estamos falando a.uiR A palavra JsacrifcioJ+ por eSemplo+ evoca a imagem de um ritual pag(o em .ue algum ser vivo+ #uma no ou animal+ / sacrificado com o propGsito de satisfazer alguma divindade
faminta- A 0gre8a crist( carregou essa palavra com muitas camadas de interpreta(o- A mais pertinente para esta discuss(o / .ue o sacrifcio / a obedincia consciente da #umanidade W vontade de Deus- Analisada em suas origens
latinas+ a palavra significa literalmente Jtornar sagradoJ- Pelo menos para o nosso propGsito+ podemos at/ dizer .ue significa Jconsagrar para um propGsito superiorJ- Assim+ Buffy troca boa parte do .ue seria a vida para uma 8ovem
atraente e talentosa pela dedica(o em salvar o mundo- Angel abandona a no(o de .ue poderia de alguma maneira recuperar o tipo de eSistncia .ue nunca teve como #omem vivo+ e busca a reden(o de dois s/culos de crueldade e
maldade-
"omo JsacrifcioJ+ a palavra Jsalva(oJ tem implica1es crist(s- Assim como Jreden(oJ- ,ntretanto+ / importante distinguir entre as defini 1es teolGgicas desses termos dentro da tradi(o crist(+ e o significado mais amplo .ue
os termos ad.uiriram na cultura secular+ fora de .ual.uer crena religiosa especfica- Analisadas no conteSto do universo Buffy+ Jsal va(oJ pode ser entendida como um processo pelo .ual os indivduos+ com a a8uda de um JPoder
MaiorJ Xem 4ngel, os JPoderes ,SistentesJY+ se voltam de uma vida devotada a si prGprios+ eScluindo as necessidades dos outros+ para uma vida por meio da .ual toda a #umanidade / a8udada a sofrer menos- 7eden(o+ portanto+ / o
estado de se #aver recuperado Xou talvez mel#or+ redescobertoY aos ol#os desse Poder Maior+ esse propGsito superior para o .ual a vida era originalmente destinada+ colocando-se no Jrelacionamento certoJ com a.ueles Poderes-
! personagem de "ordelia "#ase+ presente desde a primeira temporada de BaC#, 5 um eSemplo ntido da transi(o para esse estado do relacionamento certo- 9o decorrer das trs primeiras temporadas de BaC#, vemos "ordelia
mudar de uma garota rica+ egosta+ egocntrica e idolatra+ .ue tin#a tudo e acreditava n(o precisar de nada de pessoa alguma+ para algu/m reduzido a ter de trabal#ar para viver+ por.ue os pais perderam todo o din#eiro para a
7eceita Federal- "ordelia sG consegue ir ao baile de formatura graas W caridade de ^ander Narris+ um namorado re8eitado+ .ue secretamente paga o resto do .ue "ordelia deve para fazer seu vestido de noiva XJ'#e PromJY-
9a primeira temporada de 4ngel, vemos "ordelia vivendo na pobreza+ um estado do .ual ela sai+ tamb/m pela caridade de outros+ para se tornar parte integrante do time de Angel+ combatendo o mal e a8udando os indefesos- At/
a terceira temporada de 4ngel, ela progrediu muito+ e recon#ece sua antiga identidade na pessoa de Lila# Morgan+ .ue trabal#a para o escritGrio de advocacia demonaco+ 6olfram t Nart- 9um confronto com "ordelia+ Lila#
afirma+ em tom de desafio2 J,nt(o+ voc me con#eceJ+ ao .ue "ordelia replica2 J4e con#eoR ,u era voc+ sG .ue com sapatos mel#oresJ XJBillyJY- "ordelia claramente progrediu pelo camin#o .ue leva W reden(o+ por interm/dio
de sua a8uda altrusta aos outros- 9o entanto+ como parte dessa transforma(o+ ela se v sucumbir aos efeitos destrutivos cumulativos de vis1es .ue ela n(o deveria ter- 'endo se dedicado a esse trabal#o+ ela se recusa a desistir+
mesmo .uando l#e oferecem uma oportunidade de ter uma vida de estrelato e glamour, a .ue ela sempre aspirou
XJBirt#dayJY- 9esse ponto+ ela percebe .ue foi muito longe por esse camin#o para voltar agora+ e estF disposta a desistir de algo .ue sempre dese8ou+ deiSando para trFs a pessoa .ue era e abraando totalmente a.uela .ue se
tornou-
! sacrifcio de "ordelia nesse eSemplo toca em outro elemento .ue n(o pode passar ineSplorado nessa discuss(o2 o camin#o da reden(o n(o fica mais fFcil com o tempo+ nem suas prova1es mais fFceis de suportar- Pelo
contrFrio+ a vida fica mais difcil+ e a perda e a dor maiores-
A natureza dos vampiros
A natureza dos vampiros no universo Buffy / fre.]entemente ambgua- Buffy diz a Billy Ford#am+ .ue tenta transformar-se num vampiro+ na esperana de se livrar da morte iminente por cVncer no c/rebro+ .ue .uan do uma
pessoa muda de viva para morta-viva nen#uma parte do .ue ela era permanece- ,m vez disso+ um demTnio se abriga no corpo+ e toma a mente e as lembranas do antigo ocupante #umano- 7eproduzindo o .ue ela diz2 J;oc morre-
, um demTnio se assenta na sua antiga casa- ,le anda+ fala e lembra da sua vida+ mas n(o / vocJ XJLie to MeJY-
Angel+ por/m+ dF uma vers(o menos seca do .ue acontece- "omo Angel+ ele se lembra de todo ato mau .ue cometeu en.uanto n(o tin#a alma- ,le se sente responsFvel pelas a1es de seu Jgmeo malignoJ+ e procura a reden(o
por meio do sacrifcio de a8udar os outros- Durante sua breve reprise como o desalmado mngelus+ ele se lembra de tudo Xcom grande desprezoY de sua vida como Angel- Assim+ parece .ue+ segundo Angel+ a divis(o entre os vivos e
os mortos-vivos n(o / t(o clara .uanto Buffy nos faz acreditar- Pode ser mais correto observar .ue+ como vampiro+ os aspectos mais sombrios do .ue era a pessoa vm W tona e gan#am proeminncia-
Om diFlogo com Daria+ a vampira .ue transformou o 8ovem Liam no morto-vivo Angelus+ revela os aspectos mais sutis da convers(o- Angelus acabou de matar toda a sua famlia+ principalmente por causa do ressenti mento .ue
tin#a com o pai+ .ue nunca gostara muito dele como Liam+ n(o importasse o .ue ele fizesse de bom- 7odeado de corpos+ Angelus se senta W mesa do pai com um copo de vin#o+ pensando no .ue fez e ac#ando .ue finalmente pTs
fim W briga com seu pai- Daria+ dizendo .ue a.uilo n(o foi o fim de nada+ mas antes um comeo+ diz2 J! .ue 8F fomos molda tudo o .ue nos tornamos- ! mesmo amor infectarF nossos cora1es mesmo .ue eles n(o batam mais- A
morte simples n(o faz issoKJ XJ'#e ProdigalJY- ! #umano Liam tin#a negGcios mal resolvidos com seu pai- De repente sem alma+ sua raiva e ressentimento puderam manifestar-se sem as amarras de .uais.uer considera1es morais-
"laramente+ muita coisa perdura na transi(o de #umano para vampiro- 4e fosse uma simples tomada de posse+ na .ual um demTnio perdido ocupa um corpo #umano convertido+ ent(o a continua(o das .uest1es da vida da.uela
pessoa n(o seria um fator presente-
4pi5e / um vampiro com um passado complicado+ acerca do .ual ficamos sabendo a maior parte por meio de !lash&a*H. "omo #umano+ vemos 6illiam como um romVntico sensvel+ de vontade fraca2 inapto+ inseguro e
desa8eitado em suas tentativas de con.uistar o cora(o de algu/m .ue se considere superior a ele socialmente- Uuando Drusilla fez dele um vampiro+ ele adota o nome de J4pi5eJ+ e se torna um aventureiro inconse .]ente+ cu8a
violncia parece menos criada por pura maldade e vingana Xcomo no caso de mngelusY do .ue por uma necessidade de se rebelar contra sua identidade #umana fraca e #esitante- ,le diz a Buffy2 JMorrer me fez sentir realmente
vivo pela primeira vez- ,u 8F estava c#eio de viver segundo as leis da sociedade- Decidi criar min#as prGprias leisJ XJFool for LoveJY- ,mbora se8a verdade .ue ele gosta de matar e criar pandemTnios+ suas a1es parecem advir mais
de uma paiS(o por sua eSistncia+ em contraste W deliberada crueldade de Angelus+ .ue n(o tem outro propGsito sen(o o dese8o de fazer mal-
Portanto+ no universo Buffy+ o vampiro manifesta o lado escuro+ ou a sombra do #umano- Liam era Jum bbado e vagabundoJ XJAmendsJY+ cu8os principais prazeres na vida eram bebida e mul#eres- "omo o vampiro mngelus+
essa total obsess(o com os prazeres da carne se transforma em crueldade deflagrada e destrui(o por destrui(o- 'amb/m dF vaz(o ao seu violento ata.ue de fZria #omicida+ na .ual ele mata a famlia- 'anto sua personalidade
#umana .uanto a vamprica eSibem um comportamento eStremo+ sem foco ou propGsito+ e sem nen#uma considera(o pelas necessidades dos outros-
De modo semel#ante+ como #umano 6illiam era carente+ sensvel e inapto- "omo 4pi5e+ o vampiro+ ele se torna aventureiro+ violento e apaiSo nado tudo+ na verdade+ .ue ele / incapaz de ser como #umano- 'anto mngelus
.uanto 4pi5e manifestam uma rebeli(o contra todos os .ue eles ac#avam .ue os atrapal#avam como seres #umanos- 4pi5e luta contra sua antiga personalidade de cavaleiro gentil- mngelus n(o tem uma #istGria W .ual recorrer e /
consumido pela raiva .ue tin#a do pai-
!s dois personagens parecem estar no camin#o de alguma esp/cie de reden(o+ embora com motiva1es diferentes- Angel+ em seu intenso relacionamento com Buffy+ tenta recuperar a vida #umana .ue nunca teve- A clFusula de
.uebra na maldi(o cigana+ .ue restaurou sua alma #umana+ faz com .ue Angel+ apGs consumar seu relacionamento com Buffy num momento de verdadeira felicidade+ reverta ao antigo desalmado e vingativo mngelus- Uuando sua
alma / restaurada depois+ ele percebe .ue o tipo de eSistncia .ue tin#a dese8ado nunca serF dele+ e em vez disso ele assume um tipo de minist/rio+ JA8udando os 0ndefesosJ- 4pi5e+ por outro lado+ sem alma+ se v lutando ao lado de
Buffy+ combatendo as foras das trevas-
0sso ele n(o consegue eSplicar+ nem para si prGprio+ pois n(o tem a descul pa de uma alma como motivo para se 8untar ao time do bem- !bviamente+ os Poderes do universo Buffy funcionam de maneiras diversas para indiv duos
diferentes- A reden(o pode vir para 4pi5e+ apesar de ele ser como /= para Angel+ a reden(o / algo .ue ele procura constantemente-
4pi5e e ^ander2 um estudo acerca do comportamento de .uem busca a reden(o
4pi5e e ^ander Narris apresentam um importante contraste em desenvolvimento de carFter no decorrer da s/rie+ o .ue nos a8uda a compreender como / o camin#o da reden(o- ^ander X#umanoY / introduzido no incio da s/rie
como um personagem principal- 4pi5e e sua parceira Drusilla Xambos vampirosY aparecem pela primeira vez na segunda temporada XJ4c#ool NardJY- Desde o princpio+ a rea(o de ^ander a Buffy / do tipo #ormonal tipicamente
adolescente- e medida .ue passamos pelas prGSimas .uatro temporadas+ esse tipo de rea(o ao seSo oposto parece ser algo .ue ^ander nunca domina completamente- Mesmo depois de propor casamento a Anya+ uma eS-demTnio
convertida em #umana+ cu8a principal tarefa #avia mais de mil anos era vingar-se de falsos enamorados+ ele a abandona no altar XJNell_s BellsJY+ aparentemente sem ter a estrutura moral para cumprir tal compromisso-
4pi5e+ por outro lado+ embora se8a um matador cruel e sem alma+ demonstra de maneira coerente uma esp/cie de amor altrusta por sua par ceira Drusilla+ manifestado em sua firme disposi(o de colocar as necessi dades de
Drusilla na frente de suas prGprias- De fato+ .uando ela o abandona no fim da segunda temporada por n(o ser JdemTnio suficienteJ para ela+ ele fica com o cora(o partido+ se / .ue essa palavra pode ser usada para descrever as
emo1es de uma criatura cu8o cora(o n(o bate+ e .ue / ostensivamente incapaz de tal rea(o-
9a terceira temporada+ vemos 4pi5e sentado na cozin#a de <oyce 4ummers+ tomando c#ocolate .uente e desabafando sua dor pela perda de Drusilla- ,le sente a oportunidade de se ligar a uma mul#er .ue n(o / uma Jrefei(o
deliciosa sobre duas pernasJ+ como ele costumava referir-se aos #umanos+ nem um interesse romVntico- ,le deiSa passar a oportunidade de se alimentar de <oyce+ embora pudesse ter feito isso- ^ander+ num en contro semel#ante
com <oyce XJ7estlessJY+ evidencia um interesse seSual por ela+ eSplcito numa se.]ncia em son#o+ .ue novamente demonstra sua inabilidade para se relacionar com as mul#eres W sua volta sem .ue os #ormTnios atrapal#em-
9a verdade+ os esforos para repetir seu relacionamento com Drusilla s(o cru/is e obsessivos- ,le mant/m ^ander e 6illo> como ref/ns+ trancafiados numa vel#a fFbrica+ en.uanto c#oraminga em seu c#ocolate .uente com
<oyce- 9o entanto+ seu nvel de comprometimento com Drusilla / impressionante+ principalmente se comparado com a total falta de interes se em Angelus por .ual.uer outra pessoa+ #umana ou n(o- ,+ no entanto+ os dois s(o
vampiros sem alma- 9itidamente+ por sua natureza+ 4pi5e / JpropensoJ a um comportamento destrutivo e assassino+ / capaz de um forte comprometimento emocional .ue ultrapassa a simples satisfa(o de suas necessidades
imediatas de seSo e afei(o- Al/m disso+ .uando se alia a Buffy contra Angelus para salvar o mundo+ parece capaz de fazer escol#as morais para um bem maior .ue transcende o benefcio imediato para si prGprio- cbvio .ue se pode
argumentar a.ui .ue sua motiva(o / mais dirigida para reacender seu caso romVntico com Drusilla+ .ue recentemente fora seduzida pelo JpuroJ mal de Angelus- ,ntretanto+ 4pi5e teria muitas outras maneiras de se reaproSimar
dela+ sem se aliar a Buffy- !l#ando em retrospectiva+ a partir do ponto em .ue estamos na seSta temporada+ isso poderia ser visto como o incio da aten(o de 4pi5e por Buffy+ vendo-a como algo mais .ue uma completa inimiga-
Bem+ e onde fica ^anderR ! 4r- Narris parece moralmente comprometido de muitas maneiras e n(o apenas por sua total incapacidade de produzir uma eSpress(o madura de amor- ,n.uanto Buffy corre contra o tempo em sua
tentativa de parar Angelus+ 6illo> estF tentando repetir a magia cigana .ue restaurarF a alma de Angelus- ^ander sabe disso+ mas+ em vez de contar a Buffy Xcomo 6illo> l#e pediraY .uando a encontra no camin#o+ ele n(o divulga
essa informa(o+ talvez com um Zltimo gesto rancoroso contra Angel+ como seu rival pela afei(o de Buffy- ^ander nunca gostou de Angel+ mesmo .uando este fazia parte do time de Buffy+ e usa essa oportunidade como uma
tentativa de se livrar dele de uma vez por todas- DeiSando de dar essa infor ma(o importante a Buffy+ ^ander n(o sG .uebrou a promessa com 6illo>+ mas ainda apostou .ue Buffy destruiria Angel sem saber .ue a recupera(o de
sua alma Xe+ portanto+ sua #umanidadeY / iminente- ! ciZme de ^ander+ marcado por vingana+ / a base de sua 8ustificativa moral distorcida por mentir para Buffy+ e de sua presun(o de saber o .ue / mel#or para ela-
A convers(o de 4pi5e
A eSistncia de 4pi5e sofre uma inesperada reviravolta .uando ele / capturado pela 0niciativa+ na .uarta temporada- ,le / essencialmente Jpri vado das presasJ por meio do implantte de um bioc#ip no c/rebro+ o .ue o impede de
fazer mal a .ual.uer ser #umano+ infligindo forte dor de cabea cada vez .ue tentar- ! efeito+ aparentemente+ n(o se estende a demTnios+ vampiros e outras criaturas n(o #umanas+ permitindo a 4pi5e saciar sua sede de violncia
en.uanto trabal#a ao lado da "aadora- ,mbora isso se8a Ztil para a causa+ podemos supor .ue o comportamento JbomJ de 4pi5e / apenas uma rea(o a estmulos desagradFveis-
Mas isso / verdade sG at/ certo ponto- 4eria mais certo dizermos .ue o c#ip deu a 4pi5e o in*enti(o para se comportar de maneira diferente- Depois de vFrias tentativas frustradas de remover o c#ip+ ele descobre .ue sua vida de
morto-vivo toma um rumo ainda mais estran#o .uando acorda um dia XliteralmenteY e percebe .ue estF desesperadamente apaiSonado por Buffy+ a caa-vampiros XJ!ut of My MindJY- ,le comea a fazer ten tativas esdrZSulas em
escol#as morais+ em seu dese8o intenso de impressionar Buffy- ,ntre estas+ num episGdio+ ele c#ega a dizer a Buffy .ue n(o #esitaria em se alimentar de #umanos rec/m-mortos Xo c#ip o impede de atacar #umanos vivosY+ por.ue
sabe .ue ela n(o aprovaria isso- "om o passar do tempo+ por/m+ seu comportamento se torna mais consistente-mente social+ e menos motivado por sua necessidade vamprica de matar- Drusilla+ sua antiga paiS(o+ fazendo uma breve
visita a 4unnydale+ tenta atrair 4pi5e de volta ao seu antigo estilo assassino XJ"rus#JY- Para evitar os efeitos do c#ip+ ela l#e oferece um #umano+ rec/m-morto+ do .ual ele se alimenta com uma Gbvia relutVncia- 4pi5e descobre+
ent(o+ .ue+ apesar de afirmar o contrFrio+ ele n(o consegue voltar a ser o .ue era+ com ou sem c#ip- A presciente Drusilla detecta isso claramente+ .uando diz a 4pi5e .ue seu amor por Buffy o colocou al/m das possibilidades de sua
a8uda-
4eria simples eSplicar a transforma(o de 4pi5e+ de uma mF.uina de matar para o andaril#o noturno doente de amor+ dizendo .ue suas a1es derivam eSclusivamente de interesses prGprios- Afinal+ ela ama Buffy+ e a .uer acima
de tudo- ! implante no c/rebro removeu o prazer .ue ele tin#a de matar pessoas um tipo de modifica(o de comportamento .ue l#e proporcionou incentivo adicional para se tornar mais #umano+ ou+ mais cor retamente+ para se
comportar de maneira mais #umana e menos destrutiva- Diferente do animal .ue ele era+ .uando sua motiva(o primFria era o pra zer e a satisfa(o+ seu comportamento agora leva em conta os sentimentos e as necessidades dos
outros+ apesar de sua #abilidade Xe disposi(oY para causar problemas+ se isso servir aos seus propGsitos-
Mesmo .uando percebe .ue n(o pode ter Buffy como dese8aria+ 4pi5e n(o reluta em seu comprometimento com ela- ,le eSibe genuna simpatia e preocupa(o por Buffy e sua irm( Da>n apGs a morte da m(e XJ'#e BodyJY-
4uporta uma amarga tortura nas m(os da .uase onipotente deida-de Llory+ .ue tenta persuadi-lo a revelar o local da "#ave+ .ue estF escon dida na pessoa da irm( de Buffy+ Da>n XJ0nterventionJY- ^ander n(o se convence da
natureza genuna do comportamento de 4pi5e+ ac#ando .ue cada um de seus atos / apenas mais uma tentativa de levar Buffy para a cama- ,ntretanto+ logo fica claro .ue ^ander se ressente de 3ual3uer um .ue mostre um interesse
pessoal por Buffy- ,le v Buffy mais ou menos como uma reconfortante figura materna um santuFrio para o .ual sempre pode retirar-se- Anya parece concordar .uando canta2 JUuando as coisas ficam feias+ ele se esconde atrFs
de Buffy 3 Agora ele estF sem
graa 3 Por.ue sabe .ue eu seiJ XJ!nce More+ 6it# FeelingJY- ^ander parece n(o ter a empatia .ue o a8udaria a compreender os compleSos rela cionamentos de Buffy com outras pessoas .ue+ de uma maneira ou de outra+ n(o s(o
tipicamente #umanas+ como ela mesma n(o /-
Uuando Buffy dF a vida no lugar de Da>n para salvar o mundo do inferno de Llory+ no fim da .uinta temporada+ 4pi5e c#ora copiosamente ao ver o corpo dela XJ'#e LiftJY- Depois de ressuscitar graas W magia negra de
6illo>+ ele sente uma liga(o ainda mais forte com ela- "omo ele+ Buffy retornou do tZmulo- "omo ele+ ela precisou literalmente raste8ar e sair debaiSo da terra+ .ue sG 4pi5e percebe+ ao ver sangue em suas m(os- Para 4pi5e+ Buffy
se tornou uma esp/cie de Beatrice para seu Dante um ideal feminino a ser venerado+ de cu8as aten1es ele n(o / completamente digno- "omo Dante+ / esse amor .ue o impele no camin#o da reden(o- ,m contraste+ ^ander+ com
seu 8eito de garotin#o+ espera .ue a vida com Buffy se8a eSatamente como antes- 4G 4pi5e recon#ece o trauma do .ue ela passou+ e na verdade / sG com ele .ue ela se abre e revela .ue+ em vez de ter sido liberada de alguma
dimens(o infernal por meio da ressurrei(o+ como a Langue do 4cooby supun#a por causa de seu comportamento+ a magia de 6illo> a arrancou do paraso-
A Jconvers(oJ de 4pi5e / verdadeira+ ou vFlidaR !u / simplesmente+ como 8F discutimos+ uma resposta pavloviana ao dese8oR ,ssa pergunta seria difcil de responder+ se o comportamento de 4pi5e fosse radicalmente diferente
do nosso- 4em dZvida+ no centro de .uase todo o comportamento #umano se encontra o dese8o de sobrevivncia e satisfa(o+ sem conside ra(o pelas necessidades e dese8os dos outros- I a partir de um sentido aprendido do
enlevado auto-interesse .ue desenvolvemos a #abilidade para lidar com outras pessoas+ para viver confortavelmente com nossos vizi n#os+ por eSemplo= ainda .ue+ se tiv/ssemos escol#a+ n(o viveramos perto deles- 4pi5e tem muito
.ue vencer em sua 8ornada para a reden(o muito mais do .ue ^ander+ .ue afinal de contas / #umano- ^ander tem a oportunidade de crescer e aprender+ mas a recusa- 4pi5e+ por outro lado+ / imbudo de uma natureza maligna+
mas seu amor por Buffy o motiva a superar essa natureza- ,ntretanto+ n(o podemos supor .ue 4pi5e se8a JbomJ+ e ^ander JmauJ- 4eria mais correto enfatizar .ue 4pi5e tem muito mais .ue superar e vencer em seu camin#o para a
reden(o- 'alvez se8a 8ustamente esse fato .ue l#e possibilita aproSimar-se dessa meta= o desafio maior dando vaz(o a um esforo mais #erGico- ^ander+ por outro lado+ possui considerFvel virtude Xgeralmente+ os outros se referem
a ele como o Jcora(oJ da Langue do 4coobyY+ mas / t(o inseguro .ue se afasta de .ual.uer desafio .ue o a8ude a crescer-
! acentuado contraste entre esses dois personagens permite discernir a realidade da salva(o- 9(o #F uma medida universal pela .ual todos possam ser 8ulgados- 9a verdade+ o padr(o / algo mais do tipo2 J! .ue voc fez com o
.ue recebeuRJ 4pi5e se esfora para fazer o mel#or com .ue ele tem= ^ander se comporta como se fosse incapaz de enfrentar o desafio de crescer- 4pi5e+ embora imbudo de uma natureza intrinsecamen-te maligna+ / direto e
ob8etivo .uanto ao .ue / e o .ue .uer+ e eScede a #abilidade inata de sua esp/cie em seu servio aos outros- ^ander continua escondendo seus sentimentos e motiva1es por trFs de um 8ovem estudante do segundo ano-
9a prFtica+ Buffy e ^ander eSpressam duas vis1es opostas da natureza da reden(o opostos polares .ue refletem devidamente uma crena religiosa na vida contemporVnea- Para ^ander+ o mal / o mal+ e nunca pode mudar-
$B%
Por isso+ ele v 4pi5e como eterna e completamente mal/volo+ apesar de muitas ocasi1es em .ue 4pi5e mostre ser o contrFrio- Podemos dizer .ue o comportamento de ^ander implica uma vis(o funda-mentalista de .ue a reden(o
sG eSiste para um grupo seleto .ue segue uma s/rie especfica de crenas- 9esse conteSto+ n(o #averia eSatamente um mandato para crescer e mudar= bastaria a afilia(o ao grupo- 4e al gu/m Xum vampiro+ por eSemploY / de fora do
grupo ou n(o partil#a de suas crenas+ essa pessoa n(o Jse salvaJ+ ou n(o / redimvel- Buffy+ por outro lado+ parece ter um ponto de vista universalista de .ue #F salva(o livre mente para todos+ e todas as criaturas tm o potencial
para a reden(o- ,la demonstra essa crena em sua disposi(o para aceitar 4pi5e sem .uestionar+ apesar de ele ser uma criatura .ue normalmente ela destruiria- 4em preconceito+ Buffy continua a avaliar e tomar decis1es baseadas
no .ue ela intui e observa- 9(o cabe a ela decidir .uem pode ou n(o ser redimido- 4ua tarefa / proteger e a8udar n(o 8ulgar-
$B%
Para seu cr/dito+ ^ander demonstra+ posteriormente+ por meio de sua f/ na 6illo> MF+ .ue ele tamb/m acreditou no oposto2 o bem / o bem+ ainda .ue temporariamente obscure-cido por um mau comportamento- 4em dZvida+
/ sua f/ em 6illo> .ue a salva de si mesma+ e ao mundo com ela XJLraveJY-
Oma pergunta .uase perturbadora levantada por essa anFlise do comportamento de 4pi5e em busca de reden(o /2 ! .ue isso nos diz a respeito da miss(o da caa-vampirosR 4e uma criatura inerentemente maligna como 4pi5e
mostra ainda um potencial para reden(o+ / certo a caadora matar todo demTnio e vampiro .ue encontraR A resposta / bastante direta2 ela n(o faz isso- Uuando percebe .ue 4pi5e n(o representa mais uma ameaa para os #umanos
W sua volta+ Buffy n(o sente mais .ue / necessFrio matF-lo- Ameaa fazer isso constantemente+ por causa de seus sentimentos conflitantes por 4pi5e+ mas n(o tem coragem de cometer tal ato+ mesmo .uando desco bre .ue+ como
resultado de sua ressurrei(o+ o c#ip de 4pi5e n(o o impede mais de feri-la- Mesmo sob a press(o da luta pela causa+ Buffy recon#ece a importVncia do 8ulgamento cuidadoso acerca de .uando matar e .uando poupar-
! propGsito do mal
! senso de e.uilbrio entre bem e mal+ entre luz e escurid(o+ / uma caracterstica proeminente no universo Buffy- ,m BaC#, encontramos um personagem de esp/cie demonaca c#amado J6#istlerJ XJBecomingJY+ cu8o propGsito
declarado / manter o e.uilbrio entre bem e mal+ entre ordem e caos- Uuando um ou outro comea a sair de controle+ ele interv/m gara conservar o e.uilbrio intacto- "om a t/trica possibilidade de .ue mngelus consiga realizar seu
plano de destruir o mundo+ 6#istler dF a Buffy algumas informa1es essenciais .ue ela deve usar para impedir mngelus de alcanar sua meta-
4ngel tamb/m trata desse tema+ repetidamente- ! eSemplo mais notFvel vem da terceira temporada- Angel+ buscando informa1es .ue o a8udem a recuperar seu fil#o+ obriga o pessoal de 6olfram t Nart a l#e dar acesso W J4ala
BrancaJ- LF+ con#ecemos uma garotin#a+ aparentemente uma manifesta(o dos Poderes ,Sistentes+ sentada numa cadeira+ .ue sabe tudo a respeito de Angel+ e por.ue ele estF lF- ,n.uanto eSplica a ele a #istGria de uma esp/cie
particularmente violenta de demTnios+ e por .ue a forma fsica deles l#es foi tirada+ ela diz2 J,u gosto de problemas mas odeio caosJ XJForgivingJY- ,videntemente+ no universo Buffy+ bem e mal devem ser mantidos em tens(o
um com o outro- !s bons lutam pelo bem+ e os maus continuam aparecendo+ como alvos numa barraca de tiro-ao-alvo- 4em essa luta+ n(o #averia escol#as para fazer+ nem o eSerccio da livre vontade ou o camin#o da reden(o-
Afinal de contas+ o .ue distingue a #umanidade de muitas outras criaturas .ue encontramos no mundo de Buffy / a #abilidade de escol#a- ;ampiros e Xa maioria dosY demTnios s(o inerentemente malignos- Numanos+ por outro
lado+ possuem a #abilidade para escol#er .ual camin#o seguir- 4em a escurid(o+ a luz n(o seria recon#ecida- 4em o mal+ n(o #averia luta+ sacrifcio e+ portanto+ nem a possibilidade ou a necessidade de reden(o-
9en#uma grande vitGria
,m cada temporada+ Buffy e sua gangue enfrentam e acabam derrotando algum terrvel inimigo .ue ameaa o mundo- , essas vitGrias ano apGs ano n(o vieram sem um preo- ! Zltimo episGdio de cada temporada aumenta um
pouco o custo das boas obras de Buffy- 9a .uinta temporada+ por/m+ ela enfrenta pela primeira vez um inimigo aparentemente imbatvel- Uuando um possvel meio para destruir esse inimigo XLloryY aparece+ ela se v num dilema
moral .ue pode levF-la a matar sua prGpria irm(- A JrecompensaJ por todas as suas boas obras em anos anteriores parece ser a tomada de decis1es cada vez mais difceis+ sem boas escol#as aparentes- ,nt(o+ por .ue ela faz issoR
!bviamente+ a recompensa n(o / um camin#o mais fFcil= pelo contrFrio+ as coisas se tornam mais difceis+ culminando com Buffy aceitando sua prGpria morte como preo por salvar o mundo- 'am pouco seu bom trabal#o parece
resultar numa .ueda na .uantidade de mal .ue ela deve combater- Para citarmos a tradi(o crist(2 Je.uele a .uem muito foi dado+ muito l#e serF eSigido= e W.uele a .uem muito se confia+ muito mais l#e pedir(oJ-
$BB
Uuando parece
.ue Buffy se doou o .uanto pTde+ mais / eSigido dela-
$BB
Lucas+ B$2*?-
,n.uanto BaC# faz a pergunta+ / Angel+ agora com sua prGpria s/rie+ .ue dF a mel#or resposta- Depois de vFrios episGdios durante os .uais Angel se ocupou totalmente da persegui(o e destrui(o dos JmausJ+ uma em preitada
.ue .uase l#e custou a amizade+ para n(o dizer a vida+ da.ueles .ue l#e eram mais prGSimos+ ele tem uma eSperincia .ue o muda comple tamente- At/ ent(o+ Angel vem Jmantendo o placarJ+ derrubando os inimigos ura por um+
numa tentativa de cumprir uma antiga profecia .ue diz .ue o Jvampiro com almaJ Xou se8a+ AngelY conseguirF+ por meio de sua obra de combater os poderes das trevas+ redimir-se e tornar-se #umano-
Finalmente+ ele compreende .ue seu trabal#o n(o / para gan#ar esse prmio de reden(o+ e sim a8udar a sofrer menos .uem ele puder- 4eu camin#o n(o leva necessariamente ao .ue ele gan#arF+ e sim ao .ue pode fazer para
diminuir o sofrimento e a dor da #umanidade+ um encontro por vez- ,le diz2 J9(o #F um grande plano+ uma grande vitGria--- ,u .uero a8udar as pessoas por.ue elas n(o deveriam sofrer tanto- Por.ue+ se n(o #F um significado
maior+ ent(o o menor ato de bondade / a maior coisa no mundoJ XJ,pip#anyJY-
7eden(o / um processo+ n(o um evento .ue acontece en.uanto fazemos o mel#or possvel com a.uilo .ue temos- I um empreendimento muito maior .ue .ual.uer pessoa possa notar individualmente+ embora cada pessoa
este8a numa 8ornada prGpria- 9o fim+ / a luta coletiva de todos contra as foras das trevas .ue move a raa #umana para a frente+ em seu camin#o de reden(o- ! sacrifcio ao longo do camin#o / abrir m(o voluntariamente ou
n(o de tudo o .ue / desnecessFrio para o cumpri mento dessa tarefa um descascar sucessivo das camadas de uma cebola+ como diria a tradi(o budista+ para revelar cada vez mais a essncia do propGsito da vida- ,sse
propGsitoR 9o universo Buffy+ obviamente n(o / a felicidade pessoal+ pois nen#um dos personagens principais consegue pouco mais .ue momentos passageiros dela- 9a verdade+ / o processo de crescer+ ou de Jse tornarJ+ .ue BaC#
nos lana no rosto- 9o fim das contas+ n(o / o destino+ mas a 8ornada .ue realmente conta-
C
Ve)(+3 2&47i8+3 c+/(ecid+3, & 7+)H'ic& d+ 6/i2e83+ B655@!#Q
<effrey L- Pasley
#elhos (ampiros *onhe*idos esto sugando nossa !ora.
_ '#e Me5ons
$B$
De todos os temas filosGficos .ue percorrem o universo Buffy+ os mais elusivos s(o os polticos- "omo programa favorito da intelig/n*ia e uma referncia da cultura pop em rota(o pesada+ BaC# W2 foi analisado muitas vezes+
com divertidos resultados bi-partidFrios-
$B&
$B$
J'a5e Nis 9ame in ;ainJ+ OOOK. 7Out o!Our Keads8 Uuarterstic5 7ecords "D+ $%%$-
$B&
Para uma cobertura mais completa das interpreta1es feministas+ liberais e conservadoras de BaC#e 4ngel, ver a vers(o on-line deste captulo Xem inglsY+ JQou "an_t Pin a Lood 4layer Do>n2 '#e Politics+ 0f Any+ of Bu!!"
the #ampire Sla"er and 4ngelA, #ttp233 8eff-pasleybrot#ers-com3>ritings3buffy-#tm-
Foi uma s/rie inicialmente recebida como um eSemplar do Jgrrrl po>erJ+ uma tendncia de grande mercado .ue permitia aos programas de '; e aos filmes apresentarem garotas bonitas e com roupas apertadas passando-se por
feministas desde .ue batessem nas pessoas- ! criador <oss 6#edon apresentou a s/rie como feminista em suas vFrias apari1es na mdia+ e at/ gan#ou um perfil de <s por seus esforos-
$B*
6#edon repetiu vFrias vezes .ue Ba"; se
originou de seu dese8o de imaginar novamente o gnero de #orror em #omenagem W Jgarota loira .ue sempre morreJ+ invertendo a poltica seSual misGgina desse tipo de filme- ,le esperava .ue sua #erona literalmente poderosa
n(o sG seria um mel#or modelo para as garotas+ mas tamb/m a8udaria a repensar as atitudes dos rapazes+ .ue po deriam resistir ao feminismo+ se o vissem de forma direta ou abstrata-
$B@
As feministas acadmicas aprovaram a vis(o
de 6#edon das tendncias da s/rie de dar poder Ws garotas+ ungindo Buffy como uma Jguerreira transgressivaJ+ oferecendo Jpossibilidades para imaginar novamente as rela1es entre os seSos e ideologias americanas
modernistasJ-
$BC
$B*
Le>is Beale+ JAttac5 on t#e 4eSy-'oug# 6omen2 0n Movies and ';+ 4isters Are Mic5ingButtfor'#emselvesJ+ Jew \orH )ail" Jews, edi(o final XBE de outubro de $%%%Y+ p- @$= Men 'uc5er+ JNig# 4ta5es Po5erJ+
0ntertainment WeeHl" X@ de outubro de BEEEY+ a partir da p- $%= Neat#er !lsen+ JNe Lives Op t#e "reepsJ+ <s, agosto-setembro de BEEE+ p- AE-?%-
$B@
"ita1es de J0ntervie> >it# <oss 6#edon and David BoreanazJ+ Bu!!" the #ampire Sla"er The Complete %irst Season on )#), 7egion B edition+ Disc B2 Linia Bellafante e <eanne McDo>ell+ JBe>itc#ing 'een NeroinesJ+
Time X@ de maio de BEEAY+ p- ?$-?*-
$BC
"ita1es de Francs N- ,arly+ J4ta5ing Ner "laim2 _Buffy t#e ;ampire 4layer_s as 'ransgressive 6oman 6arriorJ+ Journal o! $opular Culture &@ X$%%BY+ p- BB-$A= e A- 4usan !>en+ J;ampires+ Postmodernity+ and
Postfeminism2 Buffy t#e ;ampire 4layerJ+ Journal o! $opular %ilm and Tele(ision $A XBEEEY+ p- $@-
Diante de tal pedigree, n(o / de surpreender .ue vFrias publica1es liberais recon#ecidas+ incluindo The 4meri*an $rospe*t, Salon e a britVnica ;uardian, al/m do ocasional colega de viagem+ o The Jew \orH Times, ten#am
trazido anFlises interessantes de BaC#.
C>B
'amb/m n(o / surpresa .ue o universo Buffy mostre um liberalismo ao estilo Nolly>ood em outras Freas al/m do feminismo+ com uma nfase especfica na tolerVncia social- A rela(o
pioneira 6illo>3'ara talvez ten#a sido o mais longo relacionamento l/sbico eSibido numa s/rie de televis(o- A tolerVncia / promovida em BaC# e 4ngel n(o sG por l/sbicas+ nerds e bruSas+ mas tamb/m por determinadas categorias
de demTnios um termo usado para denotar uma classe de seres sobrenaturais+ alguns Jmuito+ muito mausJ+ mas outros Jconsiderados membros Zteis da sociedadeJ XJFamilyJY- MisericGrdia e uma c#ance de reabilita(o s(o
oferecidas at/ aos seres mais depravados+ como advogados e vampiros Xsem presasY-
$BA
Para eSemplos+ ver Larrett ,pps+ J"an Buffy_s Brilliance LastRJ+ The 4meri*an $rospe*t X$? de 8aneiro de $%%$Y= `oe 6illiams+ J'#e Lady and t#e ;amp2 A Buff _s Luide to BuffyJ+ ;uardian XLondres+ BA de novembro de
$%%BY+ >>>-guardian-co-u53>ee5end3story3 %+&C%@+@E&?@ l-!!-#tml= e os numerosos artigos acerca de fla";de <oyce Millman e 4tep#anie `ac#are5 em >>>-salon-com-
! .ue surpreende mais do .ue a aprova(o liberal / o fato de BaC# aparentemente ter boa repercuss(o tamb/m entre os conservadores- A Jational 'e(iew elogiou a s/rie+ considerando-a um dos programas Jmais moralmente
s/riosJ da televis(o= e+ durante as primeiras temporadas+ os conservadores adoraram a sFtira dos pais liberais c#eios de palavrGrio psi colGgico e dos educadores ineficientes+ bem como os XmuitoY ocasionais ata.ues ao politicamente
correto- Buffy para Angel2 J;oc / um vampiro- !#+ desculpe+ esse / um termo ofensivoR Devo dizer+ _morto-vivo americano_RJ XJ6#en 4#e 6as BadJY
$B?
$B?
Para interpreta1es conservadoras+ ver <ona# Loldberg+ JBuffy+ t#e O-9- 4layerJ+ Washington Times X$@ de setembro de $%%$Y= "#andler 7osenberger+ JMorality 'ale--- From t#e "rypt2 Buffy t#e ;ampire 4layer 0s !ne of
';s Most Morally 4erious 4#o>J+ Jational 'e(iew Online X$C-$? de maio de $%%BY+ >>>-nationalrevie>-com3>ee5end3television-rosenberg%@$C%B-s#tml= AleS 4trac#an+ JAn !ld-fas#ioned Lirl2 0n Ner !>n 4>eet 6ay+ Buffy
t#e ;ampire 4layer Drives a 4ta5e t#roug# ';s P" NeartJ+ #an*ou(er Sun X$% de novembro de BEEEY+ edi(o final+ p- ,$$= Brian Appleyard+ JA 'eenager to 4in5 Qour 'eet# 0ntoJ+ Sunda" Times XLondres+ B% de dezembro de $%%%Y-
A interpreta(o conservadora de BaC# / limitada+ e possivelmente eScluda+ por suas acentuadas divergncias das normas culturais #eteros seSuais 8udaico-crist(s .ue os conservadores modernos t(o afoitamente defendem- A
atitude em rela(o ao "ristianismo / de ignorVncia+ eSemplificada no momento em J'riangleJ em .ue Buffy+ desgostosa com todos os #omens+ visita um convento+ mas encontra imediatamente um obs tFculo2 J;oc tem .ue ser+
tipo+ super-religiosaRJ ,ssa posi(o e muitas outras caractersticas da vida no universo Buffy+ desde a n(o-eSistncia de famlias nucleares felizes at/ o flagrante seSo antes do casamento Xem variedades .ue incluem lesbianismo+
oral+ sadomaso.uista+ inter-racial e interesp/ciesY+ tornam compreensvel o fato de muitos ou da maioria dos crist(os conservadores considerar BaC# usando as palavras de Christianit" Toda" um programa Ja ser evitadoJ- !
"onsel#o de 'elevis(o dos Pais O$arentsF Tele(ision Coun*il8, um grupo de pais vigilantes da mdia+ insiste em colocar BaC# em sua lista de Jos piores programas de '; para famliasJ+ considerando-o o pior programa do perodo
$%%B-$%%$-
$BE
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'ed !lsen+ JBuffy_s 7eligionJ+ Christianit" Toda" X? de 8ul#o de $%%$Y+ p- B%= Parents_ 'elevision "ouncil+ J'op B% Best and 6orst 4#o>s on 9et>or5 ';J+ >>>-parentstv-org3
P'"3publications3reports3topl!bestand>orst3main-asp-
A distVncia entre BaC# e a poltica conservadora tamb/m pode ser vista na Znica representa(o poltica eSplcita da s/rie+ a trama da terceira temporada .ue se concentra no prefeito de 4unnydale X.ue .uer ser demT nioY 7ic#ard
6il5ins+ um Lrande Nomem Mau obviamente conservador- 9o poder #F s/culos e tendo feito um pacto secreto com as piores foras das trevas .ue podemos imaginar+ o personagem do prefeito personifica um estereGtipo comum de
todos os polticos profissionais americanos- , no entanto+ seu ar de papaiz(o das com/dias da d/cada de BE@% e seu compro misso verbal com a vida limpa e os valores familiares indicavam .ue ele n(o era um liberal permissivo-
9um astuto comentFrio acerca da crueldade poltica escondida por trFs dos sorrisos e das preces de muitos Jconserva dores entusiFsticosJ+ as piores ameaas do prefeito eram sempre ligadas a algum inofensivo e prudente consel#o+
como na vez em .ue ele mandou seus capangas ficarem Jatentos aos palavr1esJ+ apGs ter-l#es instrudo a matar toda a turma de formandos de Buffy rFpida e brutalmente XJLraduation Day+ Part '>oJY- ,le tamb/m deu um serm(o a
Buffy e Angel a respeito das virtudes americanas da civilidade+ vis(o antecipada e responsabilidade pessoal+ en.uanto ameaava 6illo> de arrancar suas vsceras2 J;ocs+ garotos+ n(o gostam de pensar no futuro+ n(o gostam de
plane8ar= mas se n(o .uiserem .ue Fait# trucide sua amiga como se ela fosse um peiSe+ v(o mostrar um pouco de respeito pelos mais vel#osJ XJ"#oicesJY-
Buffy+ a revolucionFria
!z2 ,u c#amaria isso de uma interpreta(o radical do teSto- XJDoppelganglandJY
Alguns autores 8F detectaram tendncias radicais ou at/ marSistas em BaC# e 4ngel .ue ultrapassam a posi(o liberal de Noll>ood .uanto W tolerVncia e W liberdade seSual- "omo n(o seria de surpreender+ dos trs principais
con8untos de comentaristas+ s(o acadmicos radicais .ue mais se apegam a essa vis(o+ e n(o os 8ornalistas e f(s- Por/m+ n(o precisamos de um grande trabal#o de eSegese para entender o .ue eles .uerem dizer-
$$%
$$%
!s eSemplos incluem !>en+ J;ampires+ Postmodernity+ and PostfeminismJ= Brian 6all e Mic#ael `yrd+ J;ampire Dialectics2 Mno>ledge+ 0nstitutions+ and LabourJ+ em 7oz Maveney+ ed-+ 'eading the #ampire Sla"er 4n
Mno!!i*ial Criti*ai Companion to ABu!!"A and A4ngelA XLondres2 'auris Par5e+ $%%BY+ p- @&-AA= e <ames B- 4out#+ JAli 'orment+ 'rouble+ 6onder+ and Amazement 0n#abits NereJ2 '#e ;icissitudes of 'ec#nology in Bu!!" the
#ampire Sla"erA, Journal o! 4meri*an and Comparati(e Cultures $* X$%%BY+ p- E&-B%$-
,m BaC# e 4ngel, #F uma associa(o persistente entre valores capitalistas tais como o eScessivo egosmo+ a competi(o feroz+ o acZmulo de ri.ueza+ a racionaliza(o da produ(o+ e a m(o-de-obra transformada em
mer*adoria com uma literal falta de #umanidade- 4eguindo uma longa tradi(o es.uerdista de mostrar os eSploradores da economia como Jsangues sugasJ e vampiros como as figuras privilegiadas eSplorando uma popula(o
indefesa como o nobre no castelo de Bram 4to5er+ sugando os camponeses .ue deviam estar sob sua prote(o feudal a associa(o de demonismo e valores capitalistas geralmente / feita de maneira eSplcita e direta-
A Znica capitalista realmente Fvida entre os personagens principais / a eS-futuro demTnio da vingana+ Anya+ .ue tornou piada a ganVncia e o fracasso em dominar um comportamento #umano- ,m JDoublemeat PalaceJ+ Anya
afirma sua XefmeraY motiva(o para combater o mal em termos estreitamente capitalistas2 J!s supervil1es .uerem recompensa sem trabal#o- Fazer as coisas virem facilmente- I erradoK 4em trabal#o n(o pode #aver pagamento+ e
vice-versaK ! pas n(o pode progredirKJ
Llobaliza(o vinda do inferno
Uuando seres n(o-#umapos ficam poderosos+ na s/rie+ o mesmo acontece com o eScesso capitalista- A divindade infernal+ Llory+ / retratada como um ser superconsumista+ vivendo no luSo e enviando seus vassalos escamosos
para fazer as compras- A Znica coisa .ue ela parece gostar nesta dimens(o s(o os sapatos XJBlood 'iesJY- 9o universo alternativo de J'#e 6is#J+ o domnio dos vampiros sobre 4unnydale leva diretamente W industrializa(o do
corpo #umano- ,ntediado com a Jrotina inspida do predadorJ+ o Mestre apresenta ao mundo dos vampiros Jum conceito verdadeiramente demonaco2 a produ(o em massaJ+ abrindo uma fFbrica de sangue onde #umanos vivos
ser(o transformados em bebida saborosa e nutritiva- 9a Los Angeles de 4ngel, os capitalistas tanto do mundo corporativo .uanto da criminalidade nas ruas s(o mostrados como monstros de fato+ cu8os interesses s(o protegidos pelo
escritGrio demonaco de advocacia+ 6olfram t Nart-
A mitologia do universo Buffy identifica a essncia da #umanidade com a capacidade para sentimentos e a1es n(o-capitalistas e altrustas2 compaiS(o+ altrusmo+ amor e auto-sacrifcio- De fato+ as s/ries definem o senso moral
de conscincia como a prGpria fun(o da alma #umana e a coisa mais importante .ue separa #umanos de demTnios- Uuando um #u mano se transforma em vampiro+ sua alma desaparece+ deiSando para trFs a maioria dos aspectos da
identidade original incluindo memGria+ personalidade+ aparncia + eSceto a conscincia .ue restringia Xou deve ter restringidoY a antiga pessoa de destruir outros para servir Ws suas necessi dades- 4epare um ser #umano de sua
alma+ e ele estarF livre dos limites morais e do sentimentalismo .ue impedem a #abilidade para competir e dominar- "onforme revelado em JPrimevalJ+ o plano maligno da professora Maggie 6als# e seu ciborgue demonaco Adam
/ criar uma nova raa de #bridos .ue combinaria a inteligncia e adaptabilidade da #umanidade com a fora inumana e os instintos assassinos de esp/cie dos demTnios- ! pri meiro de seus novos guerreiros+ o eS-amigo de 7iley+
Forrest+ fala como um estudante de administra(o+ .uando descreve seu novo estado #brido2 J,ssa foi a mel#or coisa .ue 8F me aconteceu- ,stou livre de todas as min#as fra.uezas min#as dZvidasJ-
BaC# fre.]entemente passa a id/ia de .ue as estruturas e valores n(o econTmicos+ altrustas+ s(o absolutamente crticos para a preserva(o da liberdade #umana e devem ser protegidos das foras egostas+ agressi vas .ue os
ameaam- A meta da maioria dos Lrandes Maus da cada temporada eSigia .ue se .uebrassem as barreiras entre o mundo #umano e os mundos demonacos2 o campo de fora .ue mant/m o Mestre em sua pri s(o subterrVnea+ as
magias .ue eSpulsaram os demTnios de puro sangue da 'erra na pr/-#istGria XJ'#e NarvestJY+ e+ mais notavelmente+ as mural#as dimensionais+ separando nossa realidade de outras muito mais #orrveis+ em .ue a #umanidade
enfrentaria literalmente uma competi(o de se cortarem gargantas- mngelus tentou fazer com .ue a 'erra fosse sugada para um dos muitos infernos XJBecoming+ Part !neJY+ en.uanto Llory .ueria usar a "#ave Xem outra forma+
como Da>n+ a irm( de BuffyY Jpara abrir os port1es .ue separam as dimens1es--- todos os port1esJ XJ4piralJY- "om as mural#as cadas+ Liles eSplica em J'#e 6eig#t of t#e 6orldJ2 JAs di mens1es fluir(o umas nas outras--- A
realidade como a con#ecemos serF destruda+ e o caos reinarF sobre a 'erraJ- ,m J'#e LiftJ+ temos uma amostra de como seria essa situa(o- ! mundo n(o termina+ mas fica aber to para o livre com/rcio com muitos locais distantes+
infernais2 um drag(o de repente atravessa o c/u- Om pr/dio de apartamentos / subitamente trocado por um nin#o de monstros com aspecto de 4lien.
Alegoricamente+ os es.uemas dos Lrandes Maus podem ser vistos como r/plicas em pesadelo da ascens(o e globaliza(o do capitalismo- A #istGria do capitalismo tem sido um melodrama em .ue todas as estruturas .ue
blo.ueiam ou impedem a livre troca de foras de mercado s(o aos poucos neutralizadas+ desde obstFculos fsicos a crenas religiosas+ de costumes locais a tradi1es culturais e fronteiras nacionais-
9o universo Buffy+ a maioria dos #umanos pode viver relativamente sem ser afetada pelas foras mFgicas .ue se escondem sob seu mundo e ao redor dele+ permanecendo ignorante de sua eSistncia- 0sso acontece por.ue as
pessoas s(o protegidas por uma completa #oste de estruturas e institui 1es tradicionais Xcomo a religi(o e o ,stado-na(o no mundo realY2 as caa-vampiros+ o "onsel#o dos !bservadores+ os Poderes ,Sistentes+ as limita1es
mFgicas .ue restringem vampiros e demTnios operando nesta dimens(o+ e as prGprias fronteiras dimensionais- !s Lrandes Maus .uerem derrubar as barreiras+ e .uando conseguirem+ a ordem #umana relativa mente altrusta e
comunal serF substituda por um novo regime laissez-!aire de livre concorrncia entre #umanos e criaturas sobrenaturais+ no .ual o Znico artifcio regulamentando suas intera1es serF o poder bruto e a disposi(o em usF-lo- 9essa
nova arena+ como muitos f(s de BaC# apontaram+ a raa #umana+ mais fraca+ menos agressiva e orientada por uma conscincia seria dizimada+ ou convertida em escravos ou animais de corte- "omparemos essa vis(o com a
descri(o marSista do impacto da burguesia sobre a sociedade tradicional e suas institui1es no <ani!esto Comunista
A burguesia+ onde .uer .ue ela governe+ acaba com todas as rela1es feudais+ patriarcais+ idlicas- ,la des truiu impiedosamente todos vnculos feudais .ue comprometiam o #omem com seus Jsuperiores naturaisJ+ e n(o deiSou
nen#um outro neSo entre um #omem e outro al/m do auto-interesse nu e cru+ do Jpagamento em di n#eiroJ- A burguesia afogou os Stases mais celestiais de fervor religioso+ de entusiasmo caval#eiresco+ de sen-timentalismo
filistino+ na Fgua gelada do cFlculo egotstico- ,la converteu dignidade pessoal em valor de cVmbio e+ no lugar das inZmeras liberdades alforriadas irrevogFveis+ estabeleceu a.uela Znica e inconscienciosa liberdade Livre
"om/rcio- 9uma palavra2 eSplora(o+ velada por ilus1es religiosas e polticas= nada mais .ue uma eSplora(o nua+ vergon#osa+ direta e brutal-
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JManifesto of t#e "ommunist PartyJ+ em 7obert "- 'uc5er+ ed-+ The <arL-0ngels 'eader X9ova Qor52 9orton+ BEA?Y+ p- *A@-
Dependncia demonaca
Para os marSistas ortodoSos+ Gbvio+ a dissolu(o da sociedade tradicional representa o progresso no camin#o do "omunismo- A metFfora da abertura dos portais multidimensionais em BaC# se aproSima muito mais das id/ias da
JdependnciaJ neomarSista e dos teoristas do Jsistema mundialJ .ue descrevem o impacto destrutivo da inter-rela(o entre as na1es capitalistas desenvolvidas e os lugares outrora isolados+ mais pobres+ me nos desenvolvidos+
colonizados por essas na1es- ,sses teoristas+ e os estudiosos por eles influenciados+ ol#am com bons ol#os as tradi1es menos economicamente competitivas das sociedades tribais e camponesas-
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Para uma vis(o geral da teoria do desenvolvimento+ ver Alvin Q 4o+ So*ial Change and )e(elopment <odernization, )ependen*", and World-S"stem Theories X9e>bury Par52 4age+ BEE%Y= "olin Leys+ '#e 7ise and Fali of
Development '#eory XLondres2 <ames "urrey+ BEECY-
Nistoriadores da cultura dos nativos americanos tm sido particularmente elo.]entes acerca desse tema- 4egundo 7ic#ard 6#ite+ .uando entram em contato com o mercado mundial e a cultura europ/ia+ os ndios .ue Jantes
podiam alimentar-se+ vestir-se+ e se abrigar com segurana e confortoJ+ mantendo a autodetermina(o poltica+ logo descobrem .ue seu meio costumeiro de subsistncia 8F / impossvel+ suas escol#as polticas e econTmi cas s(o
ditadas por forasteiros+ sua cultura muda rFpida e involuntariamente+ e sua sociedade estF dividida+ empobrecida e caindo em runa- ! ttulo evocativo do livro de ,lizabet# A- N- <o#n a respeito da #istGria dos ndios do sudoeste
americano capta a id/ia de uma forma .ue lembra a inflamada convers(o dimensional vista em J'#e LiftJ2 Storms Brewed in Other<en Fs Worlds, ou literalmente+ J'empestades formando-se nos mundos de outros #omensJ-
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7ic#ard 6#ite+ The 'oots o!)ependen*" Su&sisten*e, 0n(ironment, and So*ial Change 4mong the Cho*taws, $awnees, and Ja(aWos XLincoln2 Oniversity of 9ebras5a Press+ BE?&Y= ,lizabet# A- N- <o#n+ Storms Brewed in
Other <en Fs Worlds The Con!rontation o! Indians, Spanish, and %ren*h in the Southwest, B@*%-BAE@+ segunda edi(o X9orman2 Oniversity of !5la#oma Press+ BEECY-
!s #erGis de BaC# Xe de 4ngel, at/ certo pontoY s(o especificamente criados como campe1es e usuFrios de formas tradicionais+ n(o-tecnolGgicas+ n(o-acomodadas de con#ecimento e poder- Buffy e seus amigos operam como
uma coletividade informal altruisticamente servindo ao bem comum- "omeando disfaradamente na biblioteca da escola+ e com ver bas do "onsel#o de !bservadores da 0nglaterra+ a opera(o de matana de demTnios da Langue
do 4cooby passou sistematicamente da san(o para a associa(o com .ual.uer organiza(o #ierFr.uica e burocrFtica+ se8a ela a polcia+ o "onsel#o ou os militares-
Buffy / envolvida demais com sua vida pessoal e seus deveres de caadora para prestar aten(o a .uest1es de din#eiro ou bons modos processuais- , no entanto+ .uando ficam destitudas apGs a morte da m(e+ ela e Da>n+
irritadas+ re8eitam a sugest(o de Anya de .ue ela Jcomece a cobrarJ por matar monstros XJ;oc presta um servio valioso para toda a comunidade- ,u digo+ cobreJ [JFloodedJ\Y- Buffy ac#a .ue seu dever de caa-vampiros / tudo
menos um servio a ser cobrado2 / sua voca(o+ seu destino+ e ela n(o vai tirar Jo #alo de santoJ dessa fun(o+ e convert-la num trabal#o remunerado+ como MarS dizia .ue o capitalismo tin#a feito com Jtoda ocupa(o antes vista
com #onra e revernciaJ-
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! escritGrio de investiga1es de Angel / um caso mais complicado alguma coisa precisa pagar todos a.ueles salFrios e manter a.uele #otel- ! din#eiro+ por/m+ raramente troca de m(o+ e as maiores
batal#as de Angel s(o nitidamente travadas numa base pro &ono.
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JManifesto "omunistaJ+ p- *AC-
Banditismo social em 4unnydale
Armado com estacas pontiagudas+ bestas+ mac#ados+ vel#os livros empoeirados e magia Xe suplementados sG pela conveniente piratagem de computador por parte de 6illo> e o ocasional lanamento de foguetes ou bombas para
matar inimigos imbatveisY+ Buffy e seus amigos s(o os Jrebeldes primitivosJ ou a intelectualidade es.uerdista- Desenvolvida por #istoriadores sociais do pGs-guerra como ,- <- Nobsba>m+ ,- P- '#ompson e Leorge 7ude+ essa
interpreta(o transforma as classes criminosas da #istGria do mundo os bandidos+ invasores+ gVngsteres e arruaceiros em proto-revolucionFrios+ resistindo pelos meios tradicionais Ws foras .ue ameaam a plebe e seu modo
tradicional de vida- 7obin Nood+ <esse <ames e os piratas se tornam+ assim+ os Jbandidos sociaisJ aos ol#os de alguns #istoriadores-
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Para alguns eSemplos+ ver ,- <- Nobsba>m+ $rimiti(e 'e&els Studies in 4r*hai* %orms o! So*ial <o(ement in the Jineteenth and Twentieth Centuries X9ova Qor52 9orton+ BEC@Y= 7ic#ard 6#ite+ J!utla> Langs of t#e
Middle Border2 American 4ocial BanditsJ+ Western KistDri*a. -uarterl" B$ XBE?BY+ p- &?A-*%?= ,- P- '#ompson+ J'#e Moral ,conomy of t#e ,nglis# "ro>d in t#e ,ig#teent# "enturyJ+ em Customs in Common Studies in
Traditional $opular Culture X9ova Qor52 '#e 9e> Press+ BEE&Y+ p- B?@-$@?-
A eSperincia de Buffy com a 0niciativa na segunda metade da .uarta temporada estabeleceu-a mais definitivamente como uma Jrebelde pri mitivaJ- Por algum tempo+ Buffy se 8untou a essa reparti(o secreta+ combatente de
demTnios+ dos militares+ c#egando a usar uma arma num episGdio XJ'#e ' in 'eamJY+ mas deu tudo errado2 a arma foi sabotada+ e se revelou .ue a professora 6als#+ lder da 0niciativa+ .ueria ver a caa-vampiros morta-
Descobrindo mais tarde .ue Adam+ o prGprio monstro de Fran5enstein da 0niciativa+ n(o podia ser ferido por tecnologia+ a J8ovem radicalJ Buffy XJ'#e Qo5o FactorJY percebe .ue sG poderF derrotar a amea a com os tradicionais
meios sobrenaturais .ue s(o seu direito nato- Marc#ando at/ o covil da 0niciativa sG com seus amigos+ um livro de magia e um cabao mFgico XJPrimevalJY+ Buffy manda o ignorante comandante substituto cair fora2
BOFFQ2 044! n(o / da sua conta- I da min#a- ;ocs+ a 0niciativa+ os garotos do PentFgono--- ,st(o se metendo onde n(o podem- MeSendo com foras primitivas das .uais n(o entendem nada-
"!7!9,L M"9AMA7A2 , voc entende-
BOFFQ2 ,O 4!O a "aadora- ;oc estF no meu territGrio-
! coronel Mc9amara n(o dF aten(o a ela e acaba morrendo+ 8unto W maioria de seus #omens- Buffy e seus amigos 8untam suas essncias numa supercaadora de ol#os bril#antes e arrancam o cora(o nuclear de Adam-
Oma revolu(o .ue n(o / televisionada2
super-#erosmo e os limites do radicalismo de Buffy e Angel
60LL!62 Parab/ns+ voc / agora um c(o capitalista oficial- XJ9o Place Li5e NomeJY
0nfelizmente para a interpreta(o radical do universo Buffy+ a caa-vampiros e seus amigos s(o Jrebeldes primitivosJ de outra maneira- ! .ue eles imp1em / uma resistncia moderada+ em vez de uma esp/cie de revolu(o- 'anto
os telespectadores .uanto os prGprios #erGis s(o constantemente lembrados de .ue n(o podem gan#ar a luta conclusivamente+ de .ue o mal perdura+ por mais .ue se8a derrotado- JPara nGs+ n(o #F lutaJ+ eSplica o fantasma de
Nolland Manners+ oficial superior de 6olfram t Nart+ apGs Angel matar um de seus JsGcios ma8oritFriosJ- J9Gs continuamos+ aconte a o .ue acontecer- 9ossa firma sempre eSistiu+ de uma forma ou de outra- A 0n.uisi(o+ M#mer
7ouge---J XJ7epriseJY- ,mbora seus esforos se8am constantemente frustrados por institui1es #umanas corruptas ou incompetentes+ sabidamente permeadas por um mal demonaco e por seus vassalos+ os #erGis nunca desenvolvem
uma forte percep(o de .ue a ordem social maior / suficientemente in8usta e maleFvel a ponto de ser derrubada- "om base em suas conversas e cartazes nas paredes+ vemos .ue os 8ovens batal#adores de 4unnydale parecem ser
consumistas entusiastas de cultura popular e geralmente parecem considerar sua prGspera cidadezin#a na "alifGrnia um local .ue vale a pena salvar+ em vez de revolucionar-
Al/m disso+ os temas anticapitalistas sempre foram contrabalanados por outras tramas .ue mostram o din#eiro e os lucros sob uma luz muito mais positiva- 9a s/rie 4ngel e nos episGdios pGs-escola m/dia de BaC#, ter uma
empresa como o escritGrio de 0nvestiga1es Angel ou o Magic BoS / uma atividade perfeitamente decente e livre das trevas+ se a pessoa n(o se tornar obcecada-
9o comeo da .uinta temporada+ 6#edon e "ia- pareciam estar seguindo o Seitgeist prG-capitalista e acrtico do fim da d/cada de BEE%+ .uando mudaram o cenFrio principal de BaC# da. universidade para uma lo8a do vare8o-
,n.uanto investiga o mais recente assassinato do dono de lo8a de magias local+ o desempregado Liles faz uma c#ocante descoberta nos li vros contFbeis do falecido2 J,u n(o tin#a id/ia de .ue a margem de lucros para uma lo8a
assim podia ser t(o altaJ XJ'#e 7eal MeJY- Ansiosamente+ Liles abriu um negGcio+ e ele e outros personagens agiram como gnios .uanto ao fato de .ue o negGcio de suprimentos mFgicos envolve boa dose de mistifica(o+
transformando uma miscelVnea de tran.ueiras em valiosas mercadorias e obtendo altos lucros graas W ignorVncia da clientela o material verdadeiramente Ztil era guardado longe dos clientes+ num sGt(o ou atrFs do balc(o-
6illo> fez a piada citada+ .uando Liles se gabou de suas primeiras vendas- Mesmo o episGdio JDoublemeat PalaceJ+ uma sFtira dos #orrores da vida no eStremo mais baiSo da economia Xe o Znico episGdio .ue at/ agora deiSou
BaC# em dificuldade com os patrocinadoresY+ termina com nossa #erona concluindo .ue seus medos da conspira(o corporativa eram infundados+ resignando-se a uma carreira de virar #ambZrgueres-
! super-#erGi como reformista liberal
Finalmente+ os padr1es de comportamento #erGico eSpressados e modelados nas s/ries se afinam muito mais com as no1es liberais da re forma incrementai e a regra da lei ainda .ue se8a uma lei mais do .ue institucional
.ue com o mpeto radical para a J8ustia 8FJ+ Jpor .uais.uer meios necessFriosJ- ,sses padr1es est(o enraizados numa tradi(o de gibis .ue <oss 6#edon recon#eceu como uma grande influncia em seu desen volvimento como
roteirista e no conceito de BaC#. Buffy e Angel s(o essencialmente super-#erGis+ e o conceito de super-#erGi sempre foi liberal no cora(o+ e n(o radical-
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A respeito da influncia dos gibis em BaC#, ver "#ristop#er Lolden e 9ancy Nolder+ The Wat*herFs ;uide X9ova Qor52 Poc5et Boo5s+ BEE?Y+ p- $*$+ e a introdu(o de 6#edon no gibi de <im Mrueger+ 0arth T X9ova Qor52
Marvel "omics+ -$%%%Y- 6#edon de fato escreveu numerosas #istGrias em .uadrin#os relacionadas a Buffy+ incluindo a s/rie da Dar5 Norse "omics+ %ra", acerca de uma caa-vampiros do futuro+ e vFrias se1es da antologia Tales
o!the Sla"ers XMil>au5ie+ !re-2 Dar5 Norse "omics+ $%%BY-
! 4uper-#omem foi criado nos anos Jew )eal, como o 7eformista Liberal de Ao+ punindo empresFrios corruptos+ eSpondo as falcatruas da bolsa de valo!res e libertando os prisioneiros no corredor da morte+ antes de passar
para os supervil1es- ! 4uper-#omem tamb/m foi o pioneiro do cGdigo segundo o .ual a maioria dos #erGis costumeiros passou a seguir nos anos posteriores2 ele evitava o uso de armas de fogo+ protegia as criaturas indefesas a todo
custo+ e 8amais matava seres #umanos+ nem os deiSava morrer se pudesse evitar+ por mais .ue a morte deles fosse 8ustificada- 9a d/cada de BEC%+ a assinatura do #erGi da Marvel+ Nomem-Aran#a+ fazia seu d5&ut, comprometendo-
se ao mesmo cGdigo de super-#erGi e adotando um lema .ue incorporava os princpios do servio comunitFrio altrusta e os deveres dos poderosos com os impotentes2 J"om grande poder deve vir tamb/m--- grande
responsabilidadeJ-
,sse novo #erGi liberal era significativa revis(o do modelo #erGico apresentado em gneros mais antigos como faroeste e as #istGrias policiais pesadas+ em .ue todos tin#am armas e os #erGis se vingavam e matavam o tempo
todo- Apesar de muito ensang]entado e surrado+ o cGdigo do super-#erGi sobreviveu nos gibis e filmes baseados em gibis+ e preservou uma tendncia liberal+ mesmo durante a voga para gibis cnicos+ violentos e fei tos para o pZblico
adulto+ geralmente apresentando eS-vil1es assassinos como Wol(erine, the $unisher e #enom, .ue tomaram de rold(o a indZstria nas d/cadas de BE?% e BEE%-
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Bradford 6- 6rig#t+ Comi* BooH Jation The Trans!ormation o!\outh Culture XBaltimore2 <o#n Nop5ins Oniversity Press+ $%%BY+ p- B%-B&+ $B%-BB+ $C$-$A?
,mbora tanto Buffy .uanto Angel ten#am temporariamente se tornado sombrios e abandonado o cGdigo de super-#erGi+ geralmente criando s/rias repercuss1es+ eles sempre retornaram e Ws vezes at/ vocalizaram os preceitos do
cGdigo em suas respectivas s/ries- ,m J4#eJ+ Angel a8uda a princesa <#iera em sua campan#a para salvar as mul#eres escravizadas de !den 'al+ mas previne-a para n(o matar mais nen#um #umano .ue se colo.ue em seu camin#o-
! Zltimo diFlogo dos dois / uma demonstra(o relativamente clFssica da tFtica reformista liberal (ersus a revolucionFria radical+ bem como da ades(o de Angel aos cVnones de #erosmo oriundos do 4uper-#omem-
A9L,L2 4e voc 8urou proteger os inocentes+ <#iera n(o importa de .ue dimens(o voc se8a-
<N0,7A2 FFcil falar+ .uando o seu povo / livre-
A9L,L2 9(o estou dizendo .ue n(o deva lutar saiba apenas .ue eu estarei a.ui para impedi-la de ultrapassar os limites-
Angel luta pelos oprimidos+ mas n(o aceita o uso de bombas+ tiroteios ou se.]estros+ n(o importa .u(o boa se8a a causa-
! mais notFvel endosso do cGdigo do super-#erGi na #istGria do universo Buffy veio perto do fim de J'#e LiftJ+ de 6#edon- Buffy finalmente derrotou Llory+ mas n(o consegue eSecutar o agora indefeso #umano Men+ cu8o
corpo a divindade do inferno usava- "om Buffy ocupada com outra tarefa+ Liles se p1e de 8oel#os e sufoca Ben+ destruindo Llory para sempre+ e ao mesmo tempo preservando os valores liberais de Buffy2 JMais cedo ou mais tarde+
Llory ressurgirF e farF Buffy pagar por essa misericGrdia+ e o mundo tamb/m- Buffy sabe disso+ mas mesmo assim ela n(o poderia tirar uma vida #umanaJ+ Liles eSplica+ com grande admira(o na voz+ ao #omem .ue ele estF
prestes a matar- J,la / uma #erona+ entendeR 9(o / como nGs-J
Assassinato+ terror e outras solu1es radicais ou derradeiras s(o para os seres #umanos comuns= o liberalismo / para os #erGis+ .ue devem no mnimo ser modelos dos valores super-#umanos da misericGrdia e do altrusmo para o
resto de nGs- A premi9re da temporada de $%%$ de 4ngel apresentou uma verdadeira palestra acerca desse tema+ feita para o vingativo e destemido "onnor+ fil#o do #erGi XJDeep Do>nJY2 J9ada no mundo / como deveria ser- I tudo
duro e cruel- Mas / para isso .ue eSistimos- "ampe1es- 9(o importa de onde viemos+ o .ue fizemos ou sofremos+ ou se nossa pre sena faz uma diferena- ;ivemos como se o mundo fosse o .ue de(eria ser+ para mostrar-l#e o .ue
ele pode serJ- ,ssa / a declara(o mais evidente da vis(o liberalista+ incrementalista de <oss 6#edon .ue podemos ter-
Cdice $
;ocs todos s(o escravos da televis(o
Assistindo a Bu!!"
!D
M+8&)id&de /& 'e)e2i3*+, + c&3+ de Buffy, a Caa-vampiros
7ic#ard Lreene e 6ayne Quen
BaC# / uma s/rie .ue pode ser vista como uma pea acerca de moralidade2 toda semana+ Buffy e seus amigos combatem o mal sob algu ma forma+ e+ ao fazer isso+ tomam compleSas decis1es morais- !s princ pios morais .ue
subscrevem o relacionamento de Buffy com seus adversFrios ou parceiros n(o-#umanos podem ser eSplicados com certa aten(o voltada para desenvolver um .uadro distinto de seu sistema moral geral-
!s sete princpios da moralidade de Buffy
Para entender o sistema moral de Buffy+ um indivduo precisa apenas eSaminar seus relacionamentos com outros personagens na s/rie- "ome cemos com o relacionamento de Buffy com Angel Xum vampiro .ue teve sua alma
restaurada graas a uma maldi(o ciganaY+ .ue indica .ue nem todos os vampiros s(o malignos- ! .ue diferencia Angel de outros vampi ros / .ue ele tem alma+ ou+ mais especificamente+ .ue por ele ter alma n(o sente o dese8o de
fazer mal Ws pessoas- X,Splicando mel#or2 8F .ue muitas pessoas com alma dese8am fazer o mal+ talvez o mais correto se8a dizermos .ue+ como Angel tem uma alma JboaJ+ ele n(o .uer ferir ningu/m-Y Buffy+ por sua vez+ mata
vampiros n(o por.ue eles n(o ten#am alma ou por serem vampiros+ mas por.ue fazem mal aos seres #umanos-
Assim+ podemos resumir o primeiro princpio moral de Buffy como2 Jo !erir a3ueles 3ue tipi*amente no representam ameaa aos seres humanos. XPor JtipicamenteJ+ .ueremos dizer as circunstVncias normais do dia-a-dia- !s
le1es+ por eSemplo+ sob certas circunstVncias+ representam uma ameaa aos seres #umanos+ mas n(o fazem isso tipi*amente. ;ampiros+ por outro lado+ s(o uma ameaa tipicamente constante aos #abitantes de 4unnydale-Y Podemos+
por aproSima(o+ adotar o princpio moral relacionado2 )e(e-se impedir 7matando ou in*apa*itando8 todo a3uele 3ue tipi*amente possa ou 3ueira !azer mal a outros seres humanos. ,sse princpio+ por/m+ necessita de revis(o- 9o
episGdio J'edJ+ Buffy mata 'ed+ acreditando .ue / #umano+ por.ue ele / uma ameaa direta a ela e W sua m(e- ,mbora 'ed represente uma ameaa cu8o grau de severidade se8a igual W ameaa dos vampiros Xembora de uma forma
diferenteY+ Buffy fica desesperada .uando ac#a .ue de fato matou um ser #umano+ e se sente aliviada ao descobrir .ue 'ed / um andrGide+ e n(o uma pessoa- Agora c#egamos ao nosso segundo princpio2 )e(e-se impedir 7matando
ou in*apa*itando8 todo e 3ual3uer ser humano 3ue tipi*amente possa ou 3ueira !azer mal a outros seres humanos.
!utra evidncia de .ue Buffy trabal#a segundo alguma mFSima semel#ante a esse princpio / vista no episGdio JBad LirlsJ+ no .ual Fait# Xoutra caa-vampirosY mata um dos capangas #umanos do mal/volo pre feito da cidade-
Muito embora ele represente um perigo significativo para os seres #umanos XauSiliando o prefeito+ .ue tenta transformar-se num de mTnio onipotenteY+ Buffy admoesta Fait# por matF-lo- Al/m disso+ Fait# / incapaz de digerir o fato
de .ue ela+ at/ a.uele ponto+ protetora da esp/cie #umana+ realmente matou um ser #umano- ,sse evento faz Fait# tomar-se uma caa-vampiros inescrupulosa no uso das foras do mal- Numanos+ portanto+ tm um status especial no
sistema moral de Buffy- ,sse status especial os torna isentos de ser gravemente feridos por ele+ ainda .ue firam os outros- XOma eSce(o digna de nota W isen(o Ben morto por Liles serF discutida a seguir-Y ,sse status 5
parcialmente eSplicado no episGdio J;illainsJ- Uuando Da>n e ^ander eSpressam a id/ia de .ue 6illo> matar 6arren Xpara se vingar da morte de 'araY n(o seria ruim+ Buffy responde .ue 6illo> n(o tem o direito de tirar uma
vida #umana+ e .ue as a1es de todos eles envolvem rela1es com o mundo .ue s(o comprometidas pela lei #umana- Mais tarde+ Buffy eSplica .ue os males de #umano para #umano est(o fora dos deveres da caa-vampiros-
Om terceiro princpio moral entra em cena+ .uando o mal/volo vampi ro 4pi5e se torna um personagem permanente2 Jo !erir a3ueles 3ue no representarem ameaa imediata. Uuando A 0niciativa Xuma organiza(o
governamental militar .ue faz pes.uisas e eSperimentos com demTnios e vampirosY implanta um c#ip na cabea de 4pi5e para impedi-lo de ferir #umanos+ uma nova dinVmica no relacionamento entre Buffy e ele / criada-
NF vFrios motivos por .ue Buffy deveria eliminar 4pi5e en.uanto ele estF incapacitado- Primeiro+ pelo menos na.uelas ocasi1es em .ue ele n(o estF apaiSonado por ela+ 4pi5e dese8a matar Buffy+ e+ se tivesse o c#ip removido+
teria plenas condi1es para fazer isso= segundo+ ele ainda pode pre8udicF-la de vFrios outros modos+ como vemos .uando ele a8uda Adam Xo soldado cibern/tico #umano-demTnio da 0niciativa .ue n(o pode ser con troladoY a causar
dissens(o entre Buffy e os amigos- Buffy n(o tem motivo para acreditar .ue 4pi5e n(o se aproveitarF de .ual.uer situa(o em .ue possa pre8udicF-la-
,nt(o+ por .ue Buffy n(o espeta o J,spetoJ X4pi5eYR Parece #aver a.ui fatores morais pesando a favor de 4pi5e- Primeiro+ em seu estado incapacitado+ n(o pode #aver luta JlimpaJ entre ele e Buffy- ,sse fator tamb/m
eSemplifica outro motivo pelo .ual Buffy n(o faz mal a #umanos= de modo geral+ eles n(o s(o pFreo para a fora superior de Buffy Xembora os membros da 0niciativa o se8am+ por causa de seus corpos fortalecidos mecanicamente e
com o uso de drogasY- ,m numerosas ocasi1es+ membros do tipo de Buffy garantem a 4pi5e .ue n(o seria errado feri-lo en.uanto ele estF nesse estado- 9ossos #erGis operam segundo o princpio moral de .ue pessoas e animais
indefesos n(o devem ser feridos- Liles resume esse princpio no episGdio J4omet#ing BlueJ+ .uando diz2 J!l#e+ 4pi5e--- n(o temos nen#uma inten(o de ferir uma indefesa--- #(-- criaturaJ- Por tanto+ o segundo fator .ue serve para
proteger 4pi5e / o princpio de .ue agentes potencialmente nocivos n(o devem ser feridos desde .ue possam ser controlados- ! mel#or eSemplo desse princpio / o caso de uz Xum lobisomem membro colaborador do time de Buffy
.uando n(o em sua forma lupinaY- 4endo lobisomem+ !z tem instinto de ferir as pessoas+ .uando estF transformado- ,ntretanto+ como ele pode ser bem controlado durante a lua c#eia se ficar trancafiado+ outras formas permanentes
de controle n(o s(o necessFrias- De maneira semel#ante+ o c#ip na cabea de 4pi5e funciona como sua Jpris(oJ-
,n.uanto ambos os fatores contribuem para manter 4pi5e vivo+ #F um motivo importante para matF-lo2 ele ainda / uma ameaa- Por isso ningu/m entende por .ue Buffy n(o espeta 4pi5e de uma vez- Om dos motivos / .ue
4pi5e tem utilidade- ,le tem acesso a informa1es a respeito de atividades vampirescas e demonacas na Frea+ o .ue Ws vezes / imprescindvel para Buffy- ,m troca por essa informa(o+ Buffy e "ia- l#e d(o din#eiro+ ocasional
prote(o contra a 0niciativa+ um lugar para ficar+ ou Ws vezes at/ sangue de um aougue- 4pi5e tamb/m se mostrou Ztil em vFrios episGdios+ combatendo demTnios e vampiros 8unto a Buffy+ pois seu c#ip l#e dF a liberdade de ferir
criaturas n(o-#umanas e #umanos ressuscitados- 4pi5e tamb/m / um bom protetor e guardi(o de <oyce e Da>n- 4em essa utilidade+ diante da potencial ameaa .ue ele representa+ matar 4pi5e seria t(o permissvel .uanto sacrificar
um c(o raivoso+ temporariamente acorrentado-
! relacionamento de Buffy com 4pi5e+ por/m+ nem sempre / do tipo 3uidpro 3uo. 9um bom nZmero de episGdios+ Buffy e a gangue c#antageiam 4pi5e para obter informa1es+ e parecem ter imenso prazer com isso- ,mbora a
c#antagem a um vampiro n(o parea despertar preocupa1es morais em nossos #erGis+ se fosse com #umanos ela seria considerada tanto moralmente imperdoFvel .uanto incoerente com a fGrmula de #umanidade de 0mmanuel
Mant2 4Wa de maneira 3ue (o*/ possa tratar a humanidade, 3uer a sua prDpria 3uer a de outrem, sempre ao mesmo tempo *omo um !im e nun*a *omo um meio.
CC]
0sso ilustra ainda mais a diferena em status entre #umanos e n(o-
#umanos no raciocnio moral de Buffy- Assim+ al/m desses princpios declarados+ os seguintes princpios morais emergem2
*Y Jenhum mal de(e ser !eito 63ueles 3ue no !azem mal aos humanosX
@Y 0L*eto se hou(er alguma 3uesto premente e urgente, a Wustia de(e ser le(ada em *ontaX CY 43ueles 3ue podem !azer mal aos humanos mas podem ser *ontrolados de(em e!eti(amente ser *ontroladosX AY -uando os
&ene!:*ios de uma &oa oportunidade superam os ris*os de uma situao perigosa, o &em de(e ser eLperimentado.
$$?
0mmanuel Mant+ %undamentao da <eta!:si*a dos Costumes.
'estando os princpios morais de Bufy
,sses princpios parecem intuitivamente bons+ mas at/ .ue ponto s(o aplicFveis ao mundo realR Afinal de contas+ eles s(o derivados de uma s/rie de televis(o ficcional a respeito de demTnios e vampiros- ,mbora a maioria das
pessoas no mundo real Xtalvez todasY nunca mate demTnios e vampiros+ Bcz";tem+ mesmo assim+ valor pedagGgico- Por meio de representa1es alegGricas de situa1es /ticas+ a s/rie reflete a compleSidade do mundo moral em .ue
vivemos-
! sofisticado universo moral de Buffy n(o pressup1e .ue decis1es difceis possam ser tomadas sem conse.]ncias- Ao contrFrio de muitos outros programas de televis(o+ as decis1es tomadas na s/rie afetam episG dios
subse.]entes+ e Ws vezes mudam permanentemente os personagens= o universo moral n(o / simplificado para n(o permitir decis1es apropriadas cu8a repercuss(o se desenvolve em uma #ora- Mais notadamente+ a /tica JinstitucionalJ
da 0niciativa / apresentada+ pelo menos nominalmente+ como uma alternativa /tica viFvel- A /tica da 0niciativa parece seguir as diretri zes militares padr(o2 evitar ferir civis+ en.uanto .ual.uer coisa identificada como inimiga pode
ser eliminada ou capturada- 9esse caso+ / especialmente fFcil identificar os inimigos2 s(o os vampiros e demTnios- Mas #istoricamente+ essa /tica JinstitucionalJ levou a atividades .uestionFveis+ como por eSemplo a interna(o
norte-americana dos 8aponeses durante a 4egunda Luerra Mundial- , embora as decis1es morais de Buffy costumem ser as mais favorFveis mostradas na s/rie+ a 0niciativa tamb/m apresenta argu mento muitos fortes para algumas
de suas a1es-
9o episGdio J'#e LiftJ+ a tens(o natural eSistente entre as teorias morais conse.]encialistas e deontolGgicas / enfatizada- Buffy tem uma oportunidade de matar Llory Xuma deidade .ue #abita o corpo de um #uma no BenY+
matando Ben- ,la n(o faz isso+ por.ue tal ato violaria seu dever de n(o fazer mal a #umanos- Liles+ por outro lado+ mata Ben+ estrangulan-do-o en.uanto l#e eSplica .ue n(o pode dar-se ao luSo de adotar uma posi (o n(o-
conse.]encialista- A decis(o de Buffy de n(o matar Ben foi o resultado de seguir certos princpios de 8ustia e respeito pela autonomia dele+ en.uanto Liles decide .ue a ameaa de Llory supera o respeito devi do a essa autonomia-
6illo> tamb/m se desvia dos valores de Buffy .uando pratica a 8ustia vigilante com 6arren e tenta fazer o mesmo com <onat#an e Andre> XJ;illainsJY- ! sistema de valores de Buffy n(o / sem fal#as- 9en#um personagem da
s/rie / mostrado como perfeito+ pois todos eles mostram um defeito moral uma vez ou outra- Por eSemplo+ .uando Buffy mata 'ed+ acreditando tratar-se de um ser #umano+ o fato de faz-lo rolar a escada / considerado moralmente
.uestionFvel-
!utras evidncias de .ue BaC# reflete as situa1es /ticas da vida real podem ser auferidas de vFrias circunstVncias cotidianas nas .uais os personagens se encontram- Om conceito dominante na s/rie / .ue Buffy / uma garota
adolescente eStraordinariamente dotada Xat/ no nvel sobrenaturalY .ue+ no entanto+ mant/m a personalidade e os interesses JnormaisJ dessa idade- !s adolescentes fre.]entemente precisam contrastar suas obriga1es morais Xbem
como outras obriga1esY com seus dese8os de se encaiSar+ ser legal+ ser aceito e se sentir normal- Buffy+ em mais de uma ocasi(o+ prefere deiSar de lado suas responsabilidades morais e perseguir um estilo de vida adolescente
JnormalJ+ geralmente com conse.]ncias negativas- ! grande ineficiente 4pi5e+ de modo semel#ante+ cu8os instintos tendem para a maldade e violncia+ percebe .ue deve coeSistir com e Ws vezes at/ a8udar pessoas de .uem ele n(o
gosta Xpor eSemplo+ Buffy e a Langue do 4cooby+ como eles se referem a si prGprios em goza(oY+ se .uiser sobreviver- 9ovamente+ o problema de trabal#ar com pessoas cu8as sensibilidades s(o diferentes das nossas+ e at/
anti/ticas a elas+ faz parte de nossa vida diFria- ^ander precisa enfrentar regularmente um sentimento de inadapta(o causado por dois fatores- Primeiro+ n(o possui #abilidades pessoais notFveis Xna maior parte da s/rie+ ele mora no
por(o da casa dos paisY- <F teve de dirigir uma perua de sorvete para gan#ar din#eiro+ e / fisicamente descoordenado+ como vemos em sua luta de tapas com a vampira Narmony+ no episGdio J'#e Nars# Lig#t of DayJ- 4egundo+
a.ueles .ue o cercam n(o sG s(o #abilidosos+ mas tm dons sobrenaturais2 Buffy
e Fait# s(o caa-vampiros+ 6illo> / uma bruSa praticante+ sua namorada Anya / um demTnio em recupera(o+ Liles Ws vezes / capaz de usar magia emprestada+ e !z / um guitarrista numa banda de roc5 popular alternativa-
4eria desnecessFrio dizer .ue os 8ovens costumam eSperimentar inseguranas como as de ^ander+ ainda .ue em conteStos menos fantasiosos-
BaC# tamb/m eSplora a dimens(o moral de ser um animal social- ! .ue uma pessoa faz .uando suas obriga1es sociais entram em conflito com sua ocupa(o+ ou com seu direito nato+ conforme o casoR 9o incio da s/rie+ as
tens1es entre a figura de pai em Liles e Buffy eSemplificavam tais conflitos= mais tarde+ ela luta com eles internamente- "omo uma pessoa age .uando descobre .ue sua namorada estF apaiSonada por algu/m mo ralmente
repreensvelR 7iley Finn se debate com essa .uest(o .uando descobre .ue Buffy se envolveu romanticamente com o vampiro Angel- De manei
r
a semel#ante+ ^ander X.ue tem uma .ueda por BuffyY se incomoda com o
envolvimento de Buffy com 4pi5e+ 8F se tendo incomodado antes tamb/m com o envolvimento dela com Angel-
Al/m dessas considera1es+ BaC# aborda um nZmero de outras .uest1es morais relevantes relativas a assuntos .ue confrontam o mundo real- Podemos+ por eSemplo+ traar paralelos entre o status moral dos demTnios e o dos
animais em nossa sociedade+ levantando assim importantes perguntas a respeito dos direitos dos animais- DemTnios costumam ser tratados como um meio para um fim eSplorados para se obter informa(o ou usados para
interferir- Portanto+ / Gbvio .ue no universo moral de Buffy em muitos casos os n(o-#umanos entram na esfera moral sG en.uanto tm alguma utilidade+ e+ mais importante+ seu status moral n(o l#es garante direitos e privil/gios
XeSceto via algum acordo eSpressoY- 0nteressante .ue+ nessa .uest(o+ Buffy e a gangue n(o est(o agindo de acordo com a FGrmula da Numanidade de Mant+ pois muitos demTnios Xcomo Doyle+ o coad8uvan te de Angel+ e o prGprio
AngelY s(o criaturas racionais X.uais.uer .ue se8am seus defeitosY+ e n(o apenas animais- BaC# tamb/m toca as .uest1es relacionadas ao .ue faz uma pessoa ser mF+ e como devemos tratar a.ueles .ue s(o diferentes de nGs- ! uso
de drogas e os temas levantados da encontram um paralelo na seSta temporada+ com o JvcioJ de 6illo> em magia-
'ons de compleSidade moral em programas de ';
4e eSaminarmos vFrios tipos de programas de televis(o .ue+ de uma forma ou de outra+ apresentam situa1es morais compleSas ou mostram pessoas como agentes morais+ podemos imaginar esses mesmos progra mas eSistindo
num espectro de compleSidade+ com variados graus de refleSibilidade e com concess1es a tons de ambig]idade moral-
9um fim do espectro+ podemos esperar encontrar programas como %ull Kouse, Tou*hed &" an 4ngel X! to.ue de um an8oY+ Se(enth Kea(en e Kighwa" to Kea(en, .ue eSemplificam o .ue c#amamos de moralidade Jespecial
pGs-escolaJ- ,m programas assim+ situa1es morais s(o apresentadas como casos claros e ob8etivos de certo e errado+ nos .uais sG resta aos personagens encontrar uma resposta patentemente correta- 9or malmente+ os personagens
bons s(o os protagonistas+ e escol#em fazer a coisa JcertaJ Xrecon#ecendo-a como talY= os personagens maus s(o os an-tagonistas+ e escol#em inevitavelmente fazer a coisa JerradaJ XeSceto .uando o tema central do programa / a
convers(o de uma posi(o moral errTnea para uma eticamente corretaY- !s personagens bons costumam ser recompensados por suas a1es virtuosas+ e os maus+ punidos por seu egosmo e malcia-
Om cenFrio tpico pode ser um em .ue um adolescente se v tentado a fumar macon#a para fazer parte do grupo+ mas enSerga a estupidez de tal ato- ,le / JrecompensadoJ+ conseguindo sair com a lder das *heerleaders, .ue
ac#a .ue Jdroga / uma drogaJ+ en.uanto os .ue fumam macon#a tm um acidente de automGvel- A eficFcia pedagGgica desses programas consiste principalmente em imbuir valores produtivos nos 8ovens ou em pessoas com
#abilidade cognitiva limitada- Om elemento-c#ave na filosofia moral aristot/lica
$$E
/ a afirma(o de .ue para alcanar eudaimonia Xtradu(o mais prGSima2 JfelicidadeJY+ uma pessoa deve desenvolver #Fbitos morais apropriados
muito antes de se enga8ar no raciocnio moral apropriado= os programas mencionados a.ui ob8etivam satisfazer essa necessidade+ conduzindo os telespectadores por meio de movimentos mecVnicos de dou trina(o /tica+ com pouco
ou nen#um espao para interpreta(o-
$$E
;er AristGteles+ 4 Uti*a a Ji*Pma*o, livro 00-
Oma segunda categoria de programa(o moral+ ligeiramente mais adiante no espectro da compleSidade+ eSemplifica o .ue c#amamos de Jmoralidade do pal#ao culpFvelJ- !s programas dessa categoria 4li in the %amil",
The Je!!ersons, <arried with Children XOm amor de famliaY e Just Shoot <e seguem as lin#as da sFtira clFssica+ caricaturando JtiposJ recon#ecveis .ue parecem ridculos em raz(o de suas atitudes so ciais egostas+ grotescas ou
preconceituosas- ,sses programas eSibem um nvel de sofistica(o maior .ue os programas da primeira categoria+ pois seus protagonistas geralmente s(o agentes morais fracos+ e / essa fra.ue za .ue torna os personagens simpFticos
ou pelo menos agradFveis+ em certo nvel- Por eSemplo+ o personagem de Arc#ie Bun5er em 4li in the %amil" /+ por um lado+ um #ipGcrita repreensvel .ue se mostra intolerante com vFrios grupos /tnicos+ religiosos e sociais Xe
tamb/m contra as mul#eresY= por outro lado+ ele / uma adorFvel figura paterna cu8os defeitos servem para aprimorar sua falibilidade #umana- Al/m disso+ personagens como Bun5er Xou at/ o mais absurdamente degredado Al
Bundy+ em <arried with Children8 n(o s(o totalmente responsFveis pelos prGprios defeitos+ sendo apresentados como su8eitos dentro de um sistema ideolGgico .ue promove tais atitudes+ e no .ual eles acabam sendo vtimas dos
prGprios grupos .ue costumam denegrir+ .uando n(o fazem parte desses mesmos grupos- A mensagem pedagGgica desses programas visa ao telespectador com uma percep(o moral mais avanada do .ue ao pZblico a .ue se
dirigem a.ueles Jespeciais pGs-escolaJ2 esse telespectador desenvolveu a #abilidade para recon#ecer seus prGprios defeitos no espel#o satrico da figura do buf(o+ e / capaz de corrigir seu comportamento-
7elacionados de maneira relevante aos programas do Jpal#ao cul-pFvelJ s(o os programas em estilo (o"eur, os realit" shows como The 'eal World, Sur(i(or, 'oad 'ules e Big Brother. ,sses programas n(o s(o escritos
pensando na moralidade per se XaliFs+ n(o s(o escritos de maneira nen#umaY= s(o feitos+ isto sim+ de modo .ue coloca as pessoas com personalidades conflitantes em circunstVncias estressantes e um tanto claustrofGbicas- !
resultado / sempre o mesmo2 pelo menos algumas das pessoas no programa se comportam de um 8eito ruim Xpor eSemplo+ recorrendo ao uso de palavr1es+ traindo+ bolando meios de afastar algu/m .ue as perturbe+ fazendo a cabea
de outros personagens contra determinada pessoaY- 9ovamente+ o valor pedagGgico limitado dos realit" shows / .ue eles ensinam ao agente refletivo e moralmente sofisticado algo acerca de si mesmo- Por um lado+ o fato de esses
programas de fato mostrarem a vida real Xat/ certo pontoY pode aumentar sua fora pedagGgica para al/m da .uela do Jpal#ao culpFvelJ- Por outro lado+ esse tipo de programa sofre com a inconvenincia de n(o oferecer nen#uma
diretriz para tomada moral de decis(o- Podemos nos identificar com um agente anti/tico at/ certo ponto ou recon#ecer mFs propriedades em nGs mesmos+ mas n(o temos um modo alternativo de comportamento= ou pior+ vemos .ue
um agente anti/tico pode gan#ar um mil#(o de dGlares= en.uanto no programa do Jpal#ao culpFvelJ costuma #aver outro personagem igualmente aprazvel apresentando um modo de agir JcorretoJ+ alternativo-
Oma terceira categoria de programa(o moral+ novamente se afastando ainda mais no espectro da compleSidade+ eSemplifica o .ue c#amamos de Jmoralidade realista !auLA. !s programas dessa categoria 0' XPlant(o
M/dicoY+ Chi*ago Kope, J\$) Blue, e Iaw and Order operam apresentando dilemas morais compleSos sob um ponto de vista ob8eti vo e distante+ afirmando assim um senso de autoridade moral+ e ao mesmo tempo retendo uma
posi(o n(o comprometida com respeito W resolu(o de dilemas morais difceis- ! cerne do realismo absorve o pZblico+ mas n(o consegue transmitir uma diretriz moral= a moralidade / apenas usada para gerar tens(o dramFtica-
Uuando essa tens(o dramFtica / aliviada+ o enfo.ue do tema moral tende a desaparecer- Oma virtude desses programas /
.ue os dilemas morais .ue eles mostram n(o s(o simples casos compostos de vislumbres claros de certo e errado= costumam ser+ isso sim+ situa1es Jsem vencedorJ+ nas .uais toda alternativa tem seu lado positivo e negati vo+
como acontece nos dilemas morais da vida real- Om cenFrio tpico pode envolver um m/dico .ue opta por violar a poltica do #ospital ou talvez o cGdigo /tico para salvar a vida de uma pessoa Xtalvez usando uma forma de
tratamento n(o aprovadaY- As tens1es morais e dramFticas se entrelaam+ W medida .ue os dois lados da .uest(o s(o apresentados e debatidos por personagens solidFrios e agradFveis no programa- ! valor pedagGgico des ses
programas / .ue eles nos proporcionam um bom sentido das variedades de escol#as /ticas difceis com as .uais podemos deparar-
A sofistica(o moral de Bu!!", a Caa-(ampiros
BaC#, em contraste+ eSemplifica as principais virtudes pedagGgicas das citadas categorias de programa(o moral+ en.uanto evita os defeitos de cada uma- ,n.uanto os !auL realit" shows levantam interesses morais para criar
tens(o dramFtica+ BaC# parece conscientemente JassumirJ temas morais pelo .ue s(o+ ocasionalmente rindo de si mesma no processo+ como vemos no episGdio J6#o Are QouRJ+ .uando Fait# entra no corpo de Buffy Xe vice-
versaY- Fait# pratica imitar Buffy na frente do espel#o+ dizendo2 J;oc n(o pode fazer isso / errado- 9(o pode fazer isso por.ue / mau- Por.ue / errado- Por.ue / errado- ;oc n(o pode fazer isso- I erradoJ-
Ba"; nos oferece uma vasta variedade de dilemas morais+ com diferentes graus de compleSidade+ desde os casos claros de programa Jespecial pGs-escolaJ at/ a situa(o ningu/m-vence dos programas realistas, assumindo uma
sofisticada posi(o moral a respeito dos temas morais- 9a maioria dos casos+ a posi(o assumida por Buffy e "ia- / a intuitivamente correta+ mas BaC# n(o conta sG com a intui(o= na verdade e essa / a maior virtude da s/rie
com rela(o Ws .uest1es de moralidade o programa apoia a prGpria posi(o assumida pelo uso astuto de alegoria e apelando para os princpios morais gerais uma caracterstica necessFria do bom raciocnio moral-
$&%
$&%
Lostaramos de agradecer a Masey 4ilem Mo#ammad pelos prestativos comentFrios a respeito de uma vers(o anterior deste captulo .ue apareceu em Sla"age C, >>>-slayage-tv Xmaro de $%%BY-
!
A e3c+)& 0 64 i/5e8/+, 4e'L5+8& '+8/&d& )i'e8&) e4 Buffy a Caa-vampiros
'racy Little
JA escola / um infernoKJ JMeu namorado / um monstroKJ J,u me sinto invisvelKJ JMin#a m(e n(o faz id/iaKJ J,u seria capaz de matar uma para entrar para o time das *heerleaderslA JDepois .ue dormimos 8untos+ ele ficou
totalmente diferenteJ todas as metFforas comuns faladas entre os 8ovens #o8e em dia- ,ssas frases retratam as compleSidades enfrentadas pelos adolescentes na cultura atual- 9Gs as recon#ecemos pelo .ue s(o+ apenas metFforas+
mas Ws vezes a metFfora / mais realidade .ue fic(o-
!s adolescentes de #o8e vivem num mundo onde seus colegas de classe plane8am assassinF-los+ onde a ameaa de violncia com armas estF sempre presente+ onde eSiste um alto ndice de doenas seSualmente transmissveis+
estupros Ws vezes por parte do prGprio namorado+ e at/ tocaia- Agora entremos no mundo de BaC#. A.ui voc vai descobrir .ue os monstros debaiSo de sua cama s(o reais+ .ue realmente #F demTnios W espreita do lado de fora de
sua 8anela- 'amb/m+ fre.]entemente s(o os adolescentes e 8ovens adultos do universo Buffy .ue vem essa realidade como ela /+ en.uanto os adultos permanecem num estado coletivo de nega(o- Desco brimos a.ui as metFforas de
nossos medos contemporVneos tornadas reais e literais por meio dos esforos deliberados dos roteiristas e do criador da s/rie+ <oss 6#edon- ,m 4unnydale+ a escola n(o / sG o inferno= ela estF construda sobre a JBoca do infernoJ-
,m 4unnydale+ voc nem mais tem medo .ue seu namorado se8a um monstro+ pois lobisomens e vampiros s(o figuras comuns para encontros e pa.ueras- ,m 4unnydale+ a moa .ue serve lanc#es de fato estF tentando envenenar a
cantina da escola+ e algumas pessoas realmente matam para se tornar *heerleaders.
4ob uma perspectiva filosGfica e sociolGgica+ o uso literal de tais metFforas serve para representar os medos presentes entre os adoles centes e 8ovens adultos de #o8e+ crescendo num mundo pGs-industrial- 'ais metFforas levadas
ao eStremo eram a fora motivadora por trFs de muitos dos primeiros episGdios de BaC#. A.ui+ o Jmonstro da semanaJ poderia representar temas como o medo da violncia nos relacionamen tos+ sentimentos de baiSa auto-estima+
luSZria adolescente e um cora(o partido+ e a rendi(o Ws fortes press1es sociais- ,ste captulo eSplora o modo como as metFforas da vida na escola de ensino m/dio a8udam a construir o diFlogo+ a trama e os temas de BaC#.
,n.uanto a metFfora estF ricamente presente em cada temporada da s/rie+ deveremos nos concentrar em como ela foi usada nas trs primeiras temporadas+ ou se8a+ os anos no ensino m/dio-
!s pes.uisadores argumentam .ue W medida .ue os medos e ameaas numa sociedade mudam+ tamb/m modifica o modo como nGs representamos tais medos e ameaas como uma cultura- Om novo con8unto de normas costuma
ser necessFrio para abordar e responder a esses medos e ameaas+ bem como permitir o desenvolvimento de uma estrutura co mum de referncia e compreens(o- As metFforas s(o fre.]entemente utilizadas nesse sentido por.ue nos
permitem comunicar eventos+ medos e emo1es .ue podem ainda n(o ser compreendidas plenamente por membros de uma sociedade- Assim+ a metFfora serve como meio de discutir tGpicos para os .uais ainda n(o temos uma
linguagem apropriada+ ou os .uais nosso vocabulFrio n(o alcana de maneira unidimensional- Fazendo compara1es com outras coisas+ a metFfora cria dimens1es sobrepostas de entendimento pelas .uais o orador e o ouvinte
conseguem comunicar-se e um nvel de compreens(o emocional ou filosGfica pode ser alcanado+ o .ue n(o seria possvel com uma descri(o direta da situa(o ou senti mento- "om rela(o a linguagem+ metFfora e a realidade pGs-
moderna+ 7osent#al diz2
! .ue pode ser dito opera dentro dos limites do .ue 8F foi dito- 9o lugar da luta por pontos de referncia coe rentes de identidade pGs-modernista+ o JagoraJ do pGs-modernismo sugere .ue a identidade / apenas um con8unto de
#istGrias .ue contamos a nGs mesmos a respeito de .uem somos e .ue essas #istGrias s(o total-
mente permeadas por todas as #istGrias .ue 8F absorvemos a respeito de .uem podemos ser-
$&B
$&B
Mic#ael 7osent#al+ J6#at >as PostmodernismRJ So*ialist 'e(iew $$ XBEE$Y+ p- EB-
A metFfora tem o dom de alcanar essa realidade ou identidade+ invocando referncias comuns+ e colocando essas referncias num novo conteSto- !s roteiristas e produtores de BaC# tm utilizado essa abordagem n(o sG como
um eficaz motivador de enredo+ mas tamb/m como um meio vFlido de apelar para os telespectadores em vFrios nveis- 9esse conteSto+ tais metFforas tm a capacidade de a8udar os telespectadores a colocar em perspectiva seus
medos e emo1es pessoais+ oferecer um ponto de compara(o com a realidade do telespectador e a da s/rie+ recon#ecer .ue os medos e emo1es representados pelos personagens da s/rie podem ser semel#antes aos dele e+ por fim+
legitimar os sentimentos do telespectador- A natureza compleSa de tais metFforas tamb/m permite mZltiplas interpreta1es por parte do telespectador+ fornecendo-l#e um meio de agncia para interagir com a s/rie num nvel
profundamente pessoal-
Monstros e metFfora
! uso da metFfora no gnero de #orror n(o / novo- 9a verdade+ autores de fic(o de #orror clFssico sempre usaram a metFfora como um meio de abordar .uest1es sociais mais amplas .uest1es .ue+ por moti vos polticos ou
emocionais+ n(o podem ser escritas de maneira direta+ pois n(o teriam o mesmo impacto filosGfico sobre o pZblico+ sem a metFfora sub8acente- As metFforas nos filmes de terror s(o fre.]entemente usadas como uma eSperincia do
tipo JA#aKJ- Por eSemplo+ .uando se entende .ue %ranHenstein, de Mary 4#elley+ / um tratado acerca das mudanas iminentes envolvidas com o medo no s/culo ^0^ da revolu(o industrial e da cincia+ a #istGria assume um
carFter diferente+ tornando-se infundida de maior significado filosGfico- De fato+ #istGrias de vampiros #F muito vm servindo de metFfora para a eSplora(o social do trabal#o e da idade+ en .uanto o lobisomem representa a
metFfora da fera interior+ e o zumbi pode indicar o nosso medo de perder as faculdades mentais-
!s folcloristas notam .ue em todas as partes do mundo demTnios+ monstros e vampiros s(o representa1es dos medos coletivos de uma cul tura+ fre.]entemente relatando a realidade de um entendimento incompleto da
epidemiologia de uma doena ou do processo de decomposi(o- Devidamente encaiSados numa estrutura cultural de observVncias e espritos ancestrais+ vemos o surgimento de nossos monstros2 o vampiro+ o zumbi+ o ghoul Xum
esprito comedor de cadFveresY- !s folcloristas comentam .ue certas #istGrias acerca de vampiros+ em particular+ podem ter bases na realidade+ pois o processo de decomposi(o parece mostrar com fre.]ncia corpos com sangue
nos lFbios e un#as longas+ ou outros sinais de crescimento-
$&$
!utros contos populares+ como Cinderela e Bran*a de Je(e, tamb/m abordam os #orrores da estratifica(o social- !s antropGlogos observam .ue os mitos de zumbis no
Naiti podem de fato envolver o uso de um certo pG tGSico capaz de retardar os processos do sistema nervoso central+ de modo .ue a pessoa pareceria morta+ para depois Jvoltar W vidaJ+ com aspecto de morto-vivo-
$&&
$&$
,ssa teoria / discutida em vFrios teStos acerca de folclore de vampiros- ;er Paul Barber+ #ampires, Burials and )eath %olHlore and 'ealit" X9e> Naven2 Qale Oniversity Press+ BEE%Y+ para uma discuss(o detal#ada-
$&&
,ssa associa(o entre os zumbis do Naiti e os ingredientes do JpG de zumbiJ foi eSplorada pela primeira vez pelo antropGlogo 6ade Davis- Para uma vis(o geral das desco bertas de Davis+ o artigo de Lino Del Luercio+ J'#e
4ecrets of Naiti_s Living DeadJ+ publicado originalmente na Kar(ard <agazine X8aneiro3fevereiro de BE?CY+ e republicado em 4nnual 0ditions 4nthropolog" CYYY-CYY> XLuilford2 Dus#5in+ $%%BY+ editado por ,lvio Angeloni-
0sso significaria .ue+ em algum nvel+ as metFforas s(o mais reais do .ue esperaramos .ue fossem ou .ue #F alguma verdade por trFs do mitoR 4erF .ue a verdade / mais assustadora .ue todos os monstros coletivos 8untosR Da
perspectiva do gnero de #orror+ parece .ue sim= e o mesmo acontece no Juniverso BuffyJ- ^ander nitidamente alude a essa id/ia em JLingerbreadJ+ no seguinte diFlogo com !z2
^A9D,72 !pa+ opaK Ainda estou pirado com essa #istGria dos contos de fada serem reais-
!z2 , o .ue nGs vamos fazerR
^A9D,72 9(o sei .uanto a voc+ mas eu vou trocar min#a vaca por uns fei81es- 9ingu/m mais estF vendo o lado engraado a.ui-
! modo como a metFfora / utilizada em BaC# ad.uire um to.ue novo e mais pGs-moderno+ por/m+ .ue o empregado no #orror clFssico ou no folclore- 9o gnero de #orror clFssico+ as metFforas fre.]entemente seguem uma
Znica dire(o+ ou se8a+ s(o escritas como fic(o .ue representa outra coisa- ,m %ranHenstein, a #istGria se desenrola com a cria(o pelo Dr- Fran5enstein de um monstro feito de partes de cadFveres #uma nos e por meio da
interven(o cientfica+ gan#ando vida- A #istGria fictcia aponta para o potencial da cincia de ultrapassar suas fronteiras e criar algo .ue n(o pode ser controlado- ,m contraste+ no universo Buffy+ os roteiristas comeam com a id/ia
de .ue os adolescentes lutam contra press1es sociais+ violncia e outros #orrores sociais- ,nt(o+ eles tomam essas metFforas+ usadas para falar das realidades da vida+ e as tornam reais- ,nfim+ os telespectadores s(o apresentados a
um programa no .ual os piores #orrores dos personagens n(o s(o apenas os monstros .ue eles combatem+ mas a triste realidade de #orrores dos dias de escola+ como reuni1es de pais e mestres+ n(o ter parceiro para o baile de
formatura+ ser caoado na aula e n(o fazer parte das *heerleaders.
Portanto+ a metFfora / tornada literal a escola realmente / um inferno mas+ para Buffy e seus amigos+ isso n(o / o pior- ,sse procedi mento serve para levar a metFfora para al/m da simples correspondncia- ,mbora
combater as foras do mal n(o se8a fFcil para Buffy e seus amigos+ esse n(o / o problema mais difcil com .ue eles tm de lidar- 9esse sentido+ a metFfora tem a #abilidade para dizer o indizvel+ perturbando-nos com a id/ia de .ue
a metFfora e a realidade podem n(o estar t(o distantes- Portanto+ a metFfora personifica o conceito de simulacro de Baudrillard2 a id/ia de .ue a cGpia no caso+ a metFfora / mais real .ue o original- "omo eSplica Po>ell2
Para Baudrillard+ uma das caractersticas da sociedade pGs-moderna / .ue somos todos igualmente encantados pela onda do simulacro- 9o universo de Nolly>ood+ da arte popular+ ';+ *"&er&litz, o estonteante espetFculo da
midias*ape, sinais e imagens n(o tm mais a menor correspondncia com o mundo JrealJ+ mas criam uma #iper-realidade prGpria uma ordem de representa (o .ue n(o / irreal+ mas substituiu a realidade e / mais .ue real+ mais
real .ue o real--- ,sses mundos #iper-reais s(o apresentados como imaginFrios apenas para nos fazer acreditar .ue o resto de Los Angeles e a Am/rica s(o reais- Mas n(o s(o- ,les tamb/m s(o #iper-reais puro simulacro-
$&*
!s roteiristas e o criador de BaC# fizeram eSatamente isso2 pegar o .ue parece irreal e tornF-lo mais real .ue o real- 9o mundo de Buffy+ a escola de ensino m/dio realmente / o inferno= mas todo mundo tamb/m n(o ac#a issoR
$&*
<im Po>ell+ $ostmodernism!or Beginners X9ova Qor52 6riters and 7eaders+ BEE?Y+ p- @?-
A ironia da metFfora
A id/ia de .ue os contos de fada e outros monstros supostamente mticos de fato eSistem continua como um ponto de ironia em toda a s/rie- !s perso nagens fre.]entemente se referem a essa ironia para fazer observa1es deste
tipo2 JPois /+ ele / um tipo de demTnio procurando fulano ou sicrano todo-poderoso+ e eu ten#o de det-lo antes .ue comece outra destrui(o pro fana e se8a outra noite de tera-feira em 4unnydaleJ XJ7evelationsJY- !u+
consideremos !z e 6illo> discutindo um encantamento2
60LL!62 A###K 0sso / t(o frustranteK
!z2 9ada ZtilR
60LL!62 9(o+ / Gtimo- 4e .uisermos tornar as samambaias invisveis ou nos comunicar com camar1es+ eu ten#o tudo a.ui- !z2 9ossas vidas s(o diferentes das de outras pessoas-
XJLraduation Day+ Part !neJY
A ironia de tais comentFrios estF em sua natureza refletiva2 a #abilidade para ver uma situa(o sob o ponto de vista dos outros+ fora do universo Buffy= ou se8a+ um mundo onde n(o eSistem demTnios nem a Boca do 0nferno-
A id/ia de .ue os monstros .ue Buffy e seus amigos combatem n(o s(o necessariamente suas piores preocupa1es mostra uma nova dimens(o da metFfora presente na s/rie- A lin#a divisGria entre metFfora+ realidade e ironia /
t(o tnue .ue mal se pode dizer .ual / .ual- Liles eSemplifica isso+ .uando ele e Buffy est(o falando a respeito das notas de um teste2
BOFFQ2 Uuando ela viu essas notas+ sua cabea girou e eSplodiu-
L0L,42 ,O estou em cima da Boca do 0nferno #F muito tempo- 0sso foi uma metFfora+ certoR XJLovers 6al5JY
7aramente os roteiristas da s/rie incluem metFfora .ue+ de alguma maneira+ n(o ten#a uma distor(o irTnica- Om eSemplo / o episGdio J,ars#otJ+ em .ue Buffy+ por acaso dotada com o poder de ouvir os pensa mentos dos
outros+ ouve algu/m dizer2 JAman#( a esta #ora+ vou matar todos elesJ- Uuando ela descobre .ue #F um aluno com um rifle na torre do relGgio da escola+ a conclus(o parece Gbvia+ e ela concentra seus esforos em impedir o
iminente tiroteio- 9o fim+ o aluno+ <onat#an+ sG estava tentando se matar+ e diz2 J,u n(o poderia ferir ningu/mJ- A #istGria mostra uma novidade no enredo+ com Buffy+ tendo eSperimentado os pensamentos+ a dor e a angZstia
coletivas de todo o corpo discente+ sendo capaz de abordar
a.ueles sentimentos de isolamento e de inadapta(o- "om isso+ ela impede o suicdio- A ironia metafGrica / .ue a verdadeira assassina / a moa dos lanc#es+ .ue estF pondo veneno de rato na comida da cantina- Por tanto+ o
lanc#e escolar / realmente veneno- A ironia novamente presente+ o episGdio teve a data de eSibi(o adiada em raz(o de ser muito prGSima W de um tiroteio real ocorrido numa escola-
,sse delicado e.uilbrio entre a ironia+ o literal e a metFfora infunde a s/rie com mZltiplos nveis de significado para o pZblico dissecar e com os .uais se identificar- ! prGprio ttulo+ Bu!!", a Caa-(ampiros, 5 um tributo irTnico
W premissa da s/rie+ .ue / a de uma estudante bonita+ loira+ obcecada por moda+ tendo poder sobrenatural para derrotar as foras do mal .ue se escondem no mundo- Muitos crticos n(o respeitam a s/rie por causa desse ttulo Gbvio
demais= mas eles n(o enSergam essa ironia .ue determina a premissa da #istGria e proporciona um conteSto para as .uest1es sociais bem reais ocultas sob a superfcie das metFforas do programa-
,m 4unnydale+ / preciso tomar cuidado com o .ue se dese8a+ pois os dese8os podem tornar-se realidade- Om eSemplo ocorre em J'#e 6is#J+ .uando "ordelia "#ase dese8a .ue Buffy nunca c#egue a 4unnydale- ! .ue acontece+
ent(o+ / a terrvel realidade de um Jmundo bizarroJ+ onde ^ander e 6illo> s(o vampiros+ Liles / um bibliotecFrio .uase mentalmente doente+ .ue n(o cumpriu seus deveres de observador+ e o Mestre estF vivo e fazendo novas e
mel#ores mF.uinas para eStrair sangue de suas vtimas- A ironia+ lGgico+ consiste no fato de .ue o mundo dese8ado por "ordelia acaba morrendo- !utros eSemplos ocorrem em J4omet#ing BlueJ+ .uando 6illo>+ apGs ser
abandonada pelo namorado !z+ faz um encantamento para realizar sua vontade- ,ntretanto+ s(o suas metFforas faladas .ue se reali zam- ^ander+ a .uem ela metaforicamente c#ama de Jm( de demTniosJ+ se v sendo perseguido por
demTnios- Uuando 6illo>+ zangada+ diz a Liles metaforicamente .ue ele Jn(o enSerga nadaJ+ Liles fica cego- ,sses dois cenFrios s(o uma referncia ao irm(o gmeo mau+ num mundo bizarro onde as coisas n(o s(o como
deveriam ser-
A evolu(o da metFfora
A id/ia de .ue a metFfora / um fator de motiva(o em muitos dos primeiros episGdios / apenas parte da #istGria- 9a verdade+ a s/rie progride a partir do emprego da metFfora do Jmonstro da semanaJ+ representando uma vers(o
de angZstia adolescente+ para o uso da metFfora como um meio de tratar as difceis .uest1es de vida+ morte+ amor+ amizade e Zltima realidade- Acompan#emos agora esse desenvolvimento no decorrer das trs primeiras temporadas-
P70M,07A ',MP!7ADA2 0D,9'0DAD, , P,7",Pvi!
9a primeira temporada+ vemos eStensas metFforas .ue se referem W mudana para uma nova escola+ encontrar uma turma+ fazer amigos+ lidar com a auto-estima adolescente e as .uest1es da auto-identidade- ,sses temas s(o
evidentes no primeiro episGdio+ .uando Buffy se esfora para negar seu legado de caadora diante de Gbvia atividade vamprica+ e en.uanto seus novos amigos lutam com o fato de .ue os vampiros e a Boca do 0nferno s(o reais-
J'#e Pac5J / permeado pela metFfora da press(o dos colegas e da influncia negativa .ue essa influncia descontrolada pode eSercer- 9esse episGdio+ ^ander e vFrios outros alunos 8F con#ecidos por mau comporta mento s(o
magicamente possudos pelo esprito da #iena e criam um pandemTnio na escola- 9a verdade+ / o terrorismo provocado pela Jmatil#aJ .ue aproSima a metFfora da realidade das panelin#as na escola- A ironia n(o passa despercebida
pelo telespectador+ .uando Liles diz a Buffy+ apGs ela descrever o comportamento cruel de ^ander- JI devastador ele virou um garoto de BC anos- "laro .ue voc terF .ue matF-loJ-
J6itc#J / outro episGdio .ue lida diretamente com os problemas de adapta(o+ JpanelasJ e a importVncia de determinados pap/is- ;emos a.ui uma m(e tomando o corpo de sua fil#a adolescente+ Amy+ para reviver seus dias de
glGria no grupo das *heerleaders. A trama tem uma reviravolta interessante .uando descobrimos .ue "at#erine Xa m(e de Amy+ no corpo de AmyY tamb/m usa magia para derrubar as outras concorrentes para a vaga na e.uipe-
9ovamente+ vemos um caso em .ue a realidade n(o estF t(o longe da metFfora+ uma vez .ue fre.]entemente ouvimos #istGrias reais en volvendo sHaters .ue contratam JbatedoresJ para endurecer a competi(o+ pais em 8ogos de
pe.uenas ligas matando uns aos outros pelo desempen#o de seus fil#os+ e zgarotas plane8ando o assassinato umas das outras por ciZme-
A auto-estima e a auto-identidade s(o abordadas com maior desta.ue em J!ut of Mind+ !ut of 4ig#tJ- 9esse episGdio+ os alunos da 4unnydale Nig# se vem atacados por uma fora invisvel- Por meio de investiga1es+ Buffy
encontra evidncias de .ue algu/m estF morando na escola- A pessoa / Mareie 7oss+ de .uem ningu/m parece lembrar-se- Mareie+ sentindo-se invisvel por tanto tempo+ literalmente fica invisvel e comea a se vingar da.ueles .ue
antes a ignoravam- A #istGria aponta para os sentimentos de isolamento+ invisibilidade e de se perder na multid(o+ .ue tantos adolescentes vivem diariamente+ tocando nos temas de auto-estima+ auto-identidade e na id/ia de "#arles
Norton "ooley+ da Jidentidade no espel#oJ- A Jidentidade no espel#oJ se refere W id/ia de .ue o sentido do eu numa pessoa deriva da id/ia de como essa mesma pessoa / percebida pelos outros Xou+ no caso de Mareie+ n(o
percebidaY- 4egundo a teoria de "ooley+ o eu sG se desenvolve pelo contato com os outros e Jeu e sociedade camin#am 8untos como fases de um todo comum- 'en#o cincia dos grupos sociais em .ue vivo t(o imediata e
autenticamente .uanto de mim mesmob
$&@
$&@
"#arles Norton "ooley+ Kuman Jature and the So*ial Sel! X9ova Qor52 4c#oc5en+ BE%$Y+ reimpresso em On Sel! and So*ial Organization Charles Korton Coole", editado por Nans <oac#im 4c#ubert X"#icago2 Oniversity of
"#icago Press+ BEE?Y+ p- B@@-BA@-
4,LO9DA ',MP!7ADA2 AM!7 UO, 9i! D,O ",7'!
9a segunda temporada+ as metFforas do amor entre estudantes+ dos relacionamentos conturbados e da constata(o de .ue a pessoa .ue voc ama n(o / .uem voc pensava .ue fosse+ torna-se o principal tema da s/rie2 amor .ue
n(o dF certo- ! eSemplo mais forte ocorre no relacionamento .ue se desenvolve entre Buffy e Angel- ,les se encontram na primeira temporada e logo um romance surge entre os dois- "omo diz Liles2 JOm vampiro apaiSonado pela
caa-vampiros= isso / .ue / po/ticoJ- Agora+ por/m+ comeamos a ver sinais de .ue o amor deles passarF por um terreno pedregoso+ como no eSemplo a seguir+ nesta conversa entre Buffy e Angel2
A9L,L2 044! n(o / um conto de fadas- Uuando eu bei8o voc+ voc n(o acorda de um sono profundo e vive feliz para sempre-
BOFFQ2 Uuando voc me bei8a+ eu .uero morrer- XJ7eptile BoyJY
A lin#a do enredo da segunda temporada muda de dire(o nos episGdios J4urpriseJ e J0nnocenceJ- ApGs fugir do 8uiz+ Buffy e Angel se refugiam um no outro e finalmente fazem amor- A reviravolta na trama aparece na forma da
maldi(o cigana .ue tin#a trazido de volta a alma de Angel+ muitos anos atrFs- A implica(o / .ue se eSperimentar um Znico momento de verda deira felicidade+ Angel perderF a alma novamente- , ele vive esse momento de
felicidade nos braos de Buffy- Uuando acorda+ Angel / literalmente uma pessoa diferente+ o maligno mngelus+ mostrando-nos uma vel#a metFfora tor nada literal2 JDepois .ue dormimos 8untos+ ele ficou totalmente diferenteJ- 9a
segunda metade de segunda temporada+ Buffy encontra um novo vil(o para combater+ seu antigo amante+ Angel3mngelus- ! relacionamento tamb/m se torna um foco para a luta entre relacionamento e dever- Buffy / forada a matar
Angel para salvar o mundo+ mesmo depois de descobrir .ue sua alma foi mais uma vez recuperada- A.ui a metFfora pode ser vista como o fim doce e ao mesmo tempo amargo de um relacionamento no .ual a pessoa / novamente
vista a partir da perspectiva original do amor+ mas mesmo assim ele termina- ! relacionamento tamb/m cont/m o tema de sacrificar algo .ue voc ama por algum propGsito superior-
Al/m das metFforas .ue cercam Buffy e Angel+ J;oc n(o / a pessoa .ue eu pensava .ue fosseJ / um tema metafGrico constante nessa temporada- A nova aluna da Am/rica do 4ul+ .ue veio num programa de intercVmbio+ / na
verdade uma mZmia XJ0nca Mummy LirlJY- !s garotos legais se revelam como sendo membros de uma sociedade secreta .ue venera uma serpente demTnio e .ue sacrifica garotas adolescentes XJ7eptile BoyJY- ! vel#o amigo de
Buffy+ Billy Ford#am+ acaba revelando-se como membro de um culto de aspirantes a vampiro XJLie to MeJY- 'ed+ o novo namorado da m(e de Buffy+ / um robT com uma tendncia a matar suas esposas XJ'edJY- 6illo> descobre
.ue !z / um lobisomem XJP#asesJY- Liles descobre .ue <enny /+ na verdade+ uma cigana enviada para observar Angel X_0nnocenceJY- A Langue do 4cooby descobre .ue Liles tem um passado negro como rebelde e mago invocador
de demTnios XJ'#e Dar5 AgeJY- 'odas essas identidades ocultas abordam as lutas pelo eu+ pela identidade e a ambig]idade moral .ue se travam em toda a s/rie-
',7",07A ',MP!7ADA2 ! F0M D! MO9D!
A terceira temporada nos leva ao Zltimo ano de Buffy e a Langue do 4cooby+ e W.uelas clFssicas metFforas da escola de ensino m/dio2 JA for matura / como o fim do mundoJ= J! baile / a noite mais importante da min#a vidaJ= e
J,u morro se n(o gan#ar o concurso de 7ain#a da ;olta ao LarJ- Al/m dessas+ vFrias metFforas .ue comearam nas duas primeiras temporadas+ tais como amor+ trai(o e .uest1es de auto-estima e identida de+ continuam na terceira
temporada-
! primeiro episGdio da temporada+ JAnneJ+ comea com Buffy+ partindo para Los Angeles apGs matar Angel+ assumindo nova identidade e sendo 8ogada de volta ao mundo das matanas para a8udar Lily a encontrar seu
namorado desaparecido- ,la descobre .ue o rapaz se tornara vtima de Men+ um demTnio .ue se disfara de coordenador de um albergue para adolescentes- Para continuar com sua opera(o demonaca de minera(o+ Men escraviza
os 8ovens do albergue+ obriga-os a trabal#ar at/ ficarem vel#os e acabados+ e depois os devolve ao mundo deles para morrer- 9a dimens(o infernal de Men+ o tempo passa de modo diferente+ o .ue parece ria um perodo de poucos
dias para as vtimas de Men e.]ivale a d/cadas no mundo real- Men e seus vassalos sub8ugam seus cativos adolescentes+ anunciando rapidamente .ue os prisioneiros n(o s(o Jningu/mJ- Depois de algum tempo+ os prisioneiros
perdem a identidade- 0ronicamente+ .uando c#ega a essa dimens(o+ Buffy / capaz de recuperar a identidade .ue deiSara para trFs apGs sair de 4unnydale- A metFfora da perda de auto-estima e identidade por .ue passam tantos
adolescentes / lidada de frente+ e a mensagem oculta / J4e8a voc mesmoJ-
A temporada tamb/m trata do desafio de lidar com dois dos maiores traumas envolvidos na escola2 o baile de formatura e a prGpria formatura-
Buffy e seus amigos est(o preocupados com a possibilidade de ter um momento absolutamente perfeito o momento com .ue todos os alunos esperam+ plane8am e aguardam ansiosamente o baile- Pairando sobre esse baile+
por/m+ estF a iminente ascens(o do prefeito a demTnio e o aluno .ue vem treinando Jc(es do infernoJ para atacar na noite da festa- 0ronica mente+ o episGdio J'#e PromJ aponta para as falsas esperanas associadas aos rituais da
escola+ com o subteSto implcito de .ue+ mesmo com todo plane8amento e eSpectativa+ todos podem estar prestes a ter uma decep(o muito maior- Buffy supera at/ esse dilema+ por/m+ enfrentando os c(es do inferno+ mudando seu
vestido de baile e sendo procurada+ para sua total surpresa+ por Angel X.ue retornara da morte no fim da segunda temporadaY para danar-
Para muitos formandos+ a perspectiva de deiSar o costumeiro ambiente da escola+ os amigos+ mudar para uma faculdade em outro lugar ou entrar para as foras de trabal#o parece o fim do mundo- ,m 4unnydale Nig#+ / mesmo=
ou pelo menos teria sido+ se o prefeito tivesse conseguido o .ue .ueria- A formatura de 4unnydale Nig# coincide eSatamente com o momento marcado para a ascens(o do prefeito- ! Znico meio de derrotF-lo / sair dos limites da
Langue do 4cooby e convocar todos os alunos da escola a participar da luta- A metFfora da formatura como a Zltima reuni(o do grupo antes de cada um seguir seu camin#o+ al/m da iminente luta .ue enfrentar(o para permanecer
8untos como amigos+ n(o se perde a- Buffy e os alunos triunfam no fim com o prefeito+ em sua forma de grande cobra-demTnio+ sendo eSplodido 8unto com a escola- ! ato de eSplodir a escola monta o palco para a metFfora do
fim definitivo .ue / a formatura= n(o #F outra escol#a+ eSceto seguir novos rumos na vida- A Zltima cena irTnica do episGdio / a do ano escolar de 4unnydale+ rasgado e cado no c#(o+ com a inscri(o2 J4unnydale Nig# _EE !
Futuro / 9ossoJ-
,m 4unnydale+ os monstros Ws vezes s(o mais #umanos .ue os #umanos+ as metFforas s(o mais reais .ue a realidade+ e ser caadora n(o eSclui uma garota do estresse da adolescncia nem da decis(o .uanto ao .ue vestir no
baile de formatura- !s roteiristas e o criador da s/rie forneceram as metFforas+ os atores as interpretaram+ e agora a tarefa dos telespecta dores / interpretar+ legitimar e incorporar as metFforas em suas realidades socialmente
construdas-
!!
Se/'i4e/'+3 7+8 B655@, & >&8+'& I6e 4+8& &+ )&d+
Mic#ael P- Levne e 4teven <av 4c#neider
-uando amam, no deseWam, e 3uando deseWam no
podem amar.
4igmund Freud
$&C
$&C
J!n t#e Oniversal 'endency to Debasement in t#e 4p#ere of Love X"ontributions to t#e Psyc#ology of Love 00YJ+ The Standard 0dition o!The Complete $s"*hologi*al WorHs o! Sigmund %reud, editado e traduzido para o
ingls por <- 4trac#ey XLondres2 Nogart#+ BE@&-A* [BEB$\Y+ p- B?&-
Destrinando Bu!!"
NF numerosas e diversas eSplica1es entre os acadmicos+ particularmente nas Freas de cinema+ estudos culturais e ingls+ para a raz(o do tremendo sucesso de fa";como s/rie de televis(o- Por JsucessoJ+ muitos pensam n(o
sG no sucesso comercial ou no alto valor como entretenimento certamente in.uestionFveis mas tamb/m no sucesso artstico- ,m outras palavras+ BaC# / fre.]entemente vista e considerada como uma s/rie .ue possui
um grande m/rito al/m do JmeroJ entretenimento- !s estudiosos em .uest(o ac#am .ue se trata de uma programa intrigante+ .ue refora importantes mensagens morais e lida de maneira criativa com .ues t1es significativas
envolvendo adolescentes e suas famlias+ ao mesmo tempo em .ue desafia o pZblico em vFrios nveis-
De acordo com 7ic#ard Lreene e 6ayne Quen+ por eSemplo+ BaC# Jreflete a compleSidade dos vFrios dilemas morais .ue encontramos no mundo real e as intui1es .ue costumam guiar nossas tomadas de deci s1es morais+ e+
por meio de um astuto uso de alegoria+ a s/rie assume posi1es bem apoiadas em numerosos temas morais prementesJ-
$&A
, como argumenta <anet M- Nalfyard+ Jo comportamento [de Buffy\+ sua fun(o narrativa e sua mZsica+ tudo
indica uma subvers(o de comportamentos= narrativas e mZsicas .ue normalmente s(o o territGrio masculino- 'alvez essa se8a a essncia do girl power... a apropria(o de um territGrio Xe mZsicaY antes inacessvel Ws mul#eresJ-
$&?
$&A
7ic#ard Lreene e 6ayne Quen+ J6#y "an_t 6e 4pi5e 4pi5eR2 Moral '#emes in Bu!!" the #ampire Sla"erA, Sla"age C, >>>-slayage-tv Xmaro de $%%BY- ;er tamb/m "aptulo $% deste volume e o teSto de 7#onda 6ilcoS+J
_6#o Died and Made Ner '#e BossR_ Patterns of Morality in Bu!!"A, em %ighting the %or*es WhatFs at StaHe in Bu!!" the #ampire Sla"er, editado por 7#onda ;- 6ilcoS e David Lavery XLan#am2 7o>man and Littlefeld+ $%%$Y+ p-
&-BA-
$&?
<anet M- Nalfyard+ JLove+ Deat#+ "urses and 7everses Xin F minorY2 Music+ Lender and 0dentity in Bu!!" the #ampire Sla"er and 4nge%F. Sla"age N, >>>-slayage-tv Xdezembro de $%%BY-
0nfelizmente+ os argumentos oferecidos em defesa dessas e outras #ipGteses semel#antes consistem em pouco mais .ue a apresenta(o de sinopses de trama- DesnecessFrio dizer ou mel#or+ talvez se8a necessF rio dizer .ue
n(o se pode estabelecer+ por eSemplo+ a subvers(o da s/rie ou a invers(o dos pap/is tpicos de cada seSo observando .ue Buffy / a personagem mais poderosa no roteiro- 'ampouco o fato de Buffy ter pro blemas com a m(e basta
para mostrar .ue BaC# se envolve profundamente com assuntos familiares do mundo real- , assim por diante-
Para muitos+ BaC# alcanou ou foi reduzida a um status de *ult. Por um lado+ o rGtulo de *ult 5 empregado para enfatizar o nvel de paiS(o e compromisso sentido pelo programa por seu pZblico adolescente- Por outro
lado+ / usado para eSplicar por .ue BaC#, apesar de seu sucesso comercial e apelo pop cultural+ n(o tem conseguido o respeito crtico do sistema televisivo mais popular- "omo observa o criador e produtor da s/rie+ <oss 6#edon+ o
lado negativo de ser uma s/rie considerada A*ultA / .ue Jvoc / colocado num nic#o .ue [simplesmente afasta\ algumas pessoasJ-
$&E
$&E
Allan <o#nson+ J6#y "an_t Buffy "reator Let Any 7espectRJ Chi*ago Tri&une X&% de setembro de $%%BY-
ACultA / menos um termo descritivo .ue uma eSpress(o retGrica carregada com uma variedade de significados pessoais e ideolGgicas- 9o entanto+ ac#amos .ue faz sentido perguntar o .ue o termo realmente significa a.ui+ al/m
do fato de BaC# ser encontrada+ pelo menos por en.uanto+ na se(o A*ultA das locadoras de vdeo-
'eorias errTneas do sucesso de Bu!!"
4e .uisermos compreender os verdadeiros motivos do sucesso de BaC#, devemos primeiramente abrir m(o de algumas estran#as supersti1es .ue parecem ter dominado os analistas da s/rie- Livres dessas estran#as no1es+
teremos uma introdu(o para a nossa tese .ue /2 a popularidade e eficFcia de BaC# n(o se deve W inova(o em gnero ou .ual.uer outra Frea+ nem a .ual.uer coisa notFvel Xmuito menos eSclusivaY acerca da s/rie+ seus s*ripts, a
atua(o+ linguagem ou mensagem-
$*%
9o lugar de tudo isso+ a potncia de BaC#, seu sucesso e influncia se devem precisamente+ e a maior parte do tempo sem a menor inibi(o+ Ws suas dimens1es convencionais ou arcaicas-
,s.uea a coisa do vampiro2 / sG enfeite de vitrine- Buffy 4ummers / a clFssica Jgarota .ue mora ao ladoJ2 um ob8eto parado Salmente instFvel tanto de amor .uanto de dese8o- ,la e+ at/ certo ponto+ 6illo> s(o o deleite do (o"eur,
ob8etos perfeitamente ade.uados para os .uais os adolescentes tanto rapazes .uanto garotas podem pro8etar e dirigir suas fantasias narcisistas Xe outrasY-
$*%
Para um contraste+ ver por eSemplo a introdu(o de 7#onda ;- 6ilcoS e David Lavery em %ighting the %or*es.
,m primeiro lugar+ em muitos sentidos BaC# apresenta repetidamente temas con#ecidos como ciZme+ inve8a e insegurana= angZstia+ dese8o e seSualidade dos adolescentes= relacionamento entre namorados e namoradas+ m(es e
fil#as+ e coisas assim- NF pouca+ se / .ue alguma+ liga(o substancial com os grandes temas gGticos presentes em )r2*ula, %ranHenstein ou outras obras-primas da literatura gGtica+ tampouco #F algum envolvimento s/rio com o
folclore tradicional .ue cerca os vampiros- 9a verdade+ muitos episGdios enfocam um pot-pourri de demTnios de desen#o animado e #abitantes rec/m-criados de outros mundos+ al/m de somente vampiros- 4tacey Abbott tem uma
vis(o diferente+ argumentando .ue en.uanto BaC# Atem usado os Zltimos .uatro anos para metodicamen-te desmontar e reconstruir as conven1es do gnero vampiro e trabal#ar no sentido de gradualmente desvincular a dicotomia
vampiro3caa-vampiro do ritual religioso e da supersti(oJ+ a s/rie efetivamente subverte e moderni za os smbolos presentes na antiga literatura a respeito de vampiros+ bem como seu significado-
$*B
Mas os smbolos em .uest(o s(o
empregados em BaC# superficialmente- Para subverter um smbolo da maneira sugerida por Abbott+ os roteiristas do programa teriam de estar envolvidos com os smbo los na medida em .ue eles ocorressem em seu conteSto
original #istGrico e literFrio- ,m BaC#, por/m+ crucifiSos+ estacas de madeira e Fgua benta s(o apenas recursos visuais e brincadeiras .ue servem a propGsitos funcionais na transmiss(o das narrativas seriais-
$*B
4tacey Abbott+ JA Little Less 7itual and a Little More Fun2 '#e Modem ;ampire in Bu!!" the #ampire Sla"erA, Sla"age C, >>>-slayage-tv Xmaro de $%%BY-
,m segundo lugar+ apesar de seus elementos gGticos e seu consciente Xse n(o refletivoY uso de conven1es gen/ricas+ na verdade nada #F de terror em BaC#. 0sso deve ser intencional- Uuantas vezes voc v uma m(o sair de uma
cova e levar um sustoR X4abemos mais ou menos .uando uma m(o ou outra coisa vai sair de uma cova+ por isso sentamos e espera mos-Y ,m contraste com programas como 4l5m da Imaginao X'#e '>ilig#t `oneY e+ mais
recentemente+ 4r3ui(o T, BaC# tem uma notFvel falta de .ual.uer genuno artifcio para provocar medo- Om episGdio apGs outro parece contar .uase totalmente com artifcios bem batidos para gerar tens(o+ como por eSemplo
algu/m entrando numa sala .uando o telespectador sabe de antem(o .ue algo vai acontecer Xsempre aconteceY+ ou .uando uma figura mal/vola subitamente aparece no meio da tela+ vindo do nada- 9a verdade+ esses artifcios
especficos cu8o ob8etivo / gerar o assim c#amado Jefeito sustoJ
$*$
+ em vez de verdadeiros arrepios+ sensa(o de mist/rio+ ou o #orror propriamente dito s(o usados na s/rie ad nauseum.
$*$
;er 7obert Baird+ J'#e 4tartle ,ffect2 0mplications for 4pectator "ognition and Media '#eoryJ+ %ilm -uarterl" Xprimavera de $%%%Y+ p- B$-B*-
9ada disso pode negar .ue BaC# costuma divertir+ entreter+ prender a aten(o e ser eScitante e estimulante- Mas n(o muito mais do .ue isso- Basicamente+ os analistas de BaC# s(o a.ueles .ue tentam fazer o programa
parecer mais do .ue /- ,m nossa vis(o+ o interesse bFsico e o forte apelo de BaC# n(o est(o em sua inova(o ou perspicFcia+ muito menos em suas mensagens morais acerca de autoconfiana e famlia- 4eu sucesso estF+ isso sim+
em sua capacidade de divertir e envolver os telespectadores psicologicamente- Para os adolescentes+ em particular+ a s/rie evoca emo1es e fantasias a respeito de amor e dese8o incluindo amor e dese8o reprimi dos al/m de
outros aspectos de seSualidade+ inve8a+ vingana narcisista+ a dicotomia menina boazin#a3menina mF+ e coisas assim-
'ratamento s/rio de problemas do dia-a-diaR
Alguns analistas argumentam .ue o .ue distingue BaC# de outras s/ries de televis(o / .ue ela trata dos problemas cotidianos reais dos adolescentes ainda .ue um tanto transformados- 7#onda ;- 6ilcoS e David Lavery+ por
eSemplo+ afirmam .ue J9o mundo de Buffy+ em contraste [com The Wonder \ears, $art" o! %i(e e Se(enth Kea(en\, os problemas .ue os adolescentes enfrentam se tornam verdadeiros monstrosJ-
$*&
,mbora se8a verdade .ue BaC#
cont/m tramas envolvendo .uest1es de autoridade+ amizade+ amor e outros aspectos da vida .ue ad.uirem forma e enfo.ue especiais na adolescncia+ a id/ia de .ue BaC#, de alguma maneira+ leva a s/rio esses problemas+ en.uanto
os programas n(o o fazem+ / falsa- A s/rie n(o trata problemas adolescentes de uma forma distintamente s/ria e sG aborda essas .uest1es em sua superficialidade+ e com base em estereGtipos- Para muita gente+ BaC# / um programa
gostoso e divertido- Mas a.ueles .ue tentam fazer a s/rie parecer algo .ue ela n(o / imaginando .ue transmite importantes .uest1es e mensagens morais= .ue em termos peda gGgicos sua principal utilidade estF em seus
ensinamentos /ticos= e .ue o programa transmite mel#or .uais.uer ensinamentos .ue J\$) Blue, 0' e assim por diante est(o totalmente e.uivocados- BaC# no 5 um programa s/rio- Pode ser usado para propGsitos acadmicos
s/rios+ mas o erro de muitos analistas de BaC# 5 levar o programa em si a s/rio- Pode sem dZvida ser inteligente+ criativo e comovente+ interessante+ divertido e eSci tante+ sem ser particularmente s/rio mesmo .ue pretenda tal
coisa+ ou .ue aborde alguns tGpicos s/rios- !s adolescentes entendem isso- 9a maioria dos casos+ a literatura crtica de BaC# oferece um bom eSemplo de adolescentes mais uma vez sendo incompreendidos por adultos bem
intencionados .ue tentando ser JmodernosJ e com eles relacionar-se bemperdem o barco- 6ilcoS+ Lavery e outros analistas de BaC# est(o pensando em .uest1es familiares e problemas adolescentes+ .uando devem considerar
o seSo e o escapismo fantFstico-
$*&
>ilcoS e Lavery+ J0ntroductionJ+ em %ighting the %or*es, p- SiS-
! .ue estF muito errado com boa parte da anFlise acadmica de BaC# / .ue ela coloca em lugar errado o valor e o apelo da s/rie- ! apelo n(o estF em sua inova(o ou conteZdo intelectual ou moral+ nem no fato de representar
de forma bril#ante os problemas adolescentes da vida real+ de maneira .ue as outras s/ries de '; n(o conseguem fazer- 4e <oss 6#edon / de fato um JgnioJ+
$**
n(o / por.ue faz todas essas coisas .ue os analistas de BaC#
absurdamente afirmam+ elevando suas prGprias fic-1es e fantasias acerca do .ue acontece em vFrios episGdios+ e se impressionando com algum diFlogo inteligente e estimulante- !s analistas de BaC# est(o+ em linguagem
psicanaltica+ reprimindo+ pro8etando e JencenandoJ suas prGprias fantasias em rela(o ao programa- ,les adoram BaC#.
$**
David Lavery+ JAfter>ord2 '#e Lenius of <oss 6#edonJ+ em %ighting the %or*es, p- $@B-@C-
;alores .uestionFveis e estereGtipos
NF tamb/m algo irTnico nas afirma1es da.ueles .ue erroneamente elogiam 4a";como algo mais do .ue mero entretenimento+ e .ue como "amille Bacon-4mit# criticam outros .ue escrevem a respeito da s/rie sem levF-
la a s/rio Xou suficientemente a s/rioY-
$*@
A ironia a.ui / .ue+ na tentativa de atribuir a BaC# uma seriedade acadmica+ esses analistas demonstram uma grave falta de compreens(o e discernimento da s/rie+ e+ talvez mais
importante+ dos tipos de tarefas+ propGsitos e m/todos .ue os teoristas culturais e outros envolvidos com cultura popular se empen#am em empregar- Afirmar .ue BaC# / divertida+ mas n(o traz as virtudes .ue os teoristas gostam de
atribuir a ela+ n(o assinala necessariamente aderncia de nossa parte a essa ou outra distin(o acentuada+ ou a .ual.uer distin(o .ue se8a+ entre alta e baiSa cultura- 9(o reflete esnobismo ou se.uer um bom ol#o crtico- ,Sige
apenas padr1es avaliatGrios comuns-
$*@
"amille Bacon-4mit#+ JFore>ord2 '#e "olor of t#e Dar5 in Bu!!" the #ampire Sla"erA, em %ighting the %or*es, p- Si-Svi-
Bacon-4mit# critica duramente tanto os leigos .uanto os analistas .ue aderem Ws Jvel#as pressuposi1esJ e vem a s/rie como uma cobia do mercado adolescente+ alimentando suas fantasias+ dese8os+ gostos e des gostos+ e
assim por diante- ,mbora ela este8a correta .uanto W natureza das pressuposi1es+ Bacon-4mit# n(o tenta desafiF-las seriamente- Mas apontar apenas tais pressuposi1es n(o basta para provar .ue+ aplicadas a BaC# Xe poucos as
aplicariam universalmente a todos os programas de televis(oY+ elas s(o falsas ou enganosas- Muitos dos acadmicos .ue se envolvem com BaC# confundem o valor eStrnseco limitado .ue a s/rie pode ter sob um ponto de vista
acadmico por eSemplo+ como o paradigma para um tipo de gnero com algum m/rito intrnseco .ue+ segundo eles+ a s/rie Xcom seus roteiristas+ mZsicos+ cenGgrafos e figurinistasY possui para ter sucesso e c#arme-
Longe de ser subversiva num sentido positivo+ BaC# na verdade personifica valores .uestionFveis e estereGtipos em numerosos nveis- Assim+ por eSemplo+ a s/rie n(o desafia os estereGtipos seSuais nem os pap/is de ambos os
seSos XeSceto superficialmenteY+ ou a.ueles a respeito romance e verdadeiro amor= pelo contrFrio+ os refora- 'ampouco faz 8ustia W compleSidade da vida diFria dos adolescentes+ ou das rela1es entre pais e fil#os- ,m vez disso+
ela minimiza tal compleSidade e dificuldade com tratamentos caracteristicamente unidimensionais- BaC# no aborda problemas morais s/rios e+ no conteSto de uma trama especfica+ n(o os ilustra nem casualmente- 9(o #F a
menor indica(o de um verdadeiro discernimento acerca de .uais .uest1es morais os adolescentes enfrentam= sG um relance de tumulto emocional- A moralidade e as #istGrias de moralidade em BaC# est(o no nvel da moralidade
do desen#o animado encenado em fantasia narcisista eSatamente como a violncia da s/rie- "omo podem tantas pessoas .ue JestudamJ BaC# se deiSar absorver a tal ponto pela coreografia+ pelo diFlogo inteligente e pelos
rostos bonitos a ponto de dizer .ue o valor da s/rie estF al/m do entretenimentoR
Oma analista de BaC# .ue n(o parece seduzida pelo programa a esse ponto / ,lyce 7ae Nelford- 9um recente ensaio+
$*C
Nelford claramente ilustra com rela(o W eSpress(o da raiva feminina como BaC# refora+ at/
eSemplifica+ mas n(o desafia nem enfra.uece os estereGtipos culturais eSistentes Xno caso+ .uanto aos pap/is do #omem e da mul#erY- 4egundo Nelford+ en.uanto o programa consegue opor-se W Jmensagem de .ue a raiva /
inteiramente inapropriada para meninas direitas+ de classe m/diaJ+ / crucial recon#ecer .ue Jn(o serve nen#uma eSibi(o pura de raiva- 9o decorrer das .uatro primeiras temporadas+ aprendemos .ue a eSibi(o apropriada significa+
acima de tudo+ eSpressar raiva de maneira contida+ com o uso da sagacidade e do #umorJ Xp- BEY- As demonstra1es potencialmente subversivas Xpor serem tradicionalmente JmasculinasJY de agressividade por parte de Buffy s(o
praticamente anuladas por meio de piadin#as delicadas e engraadas+ Jum #Fbil trocadil#o antes de enfiar uma estaca no cora(o de um vampiro+ por eSemplo+ etc-J
$*A
$*C
,lyce 7ae Nelford+ J _My ,motions Live Me Po>er_2 '#e "ontainment of Lirls_ Anger on Bu!!" the #ampire Sla"erA, em Fig#ting t#e Forces+ p- B?-&*-
$*A
Debora# 9etburn+ JMedia 4tudies Does Buffy2 And Buffy+ as Al>ays+ PrevalsJ+ resen#a de livro+ Jew \orH O&ser(er X$@ de maro de $%%$Y+ p- $C-
NF muito menos trabal#o auto-refletivo a respeito da natureza da seriedade acadmica de BaC# o .ue trata e o .ue tenta realizar (ersus o .ue deveria ou poderia ser do .ue deveria #aver+ ou do .ue realmente eSiste nas
vFrias disciplinas das cincias #umanas com rela(o a seus ob8etos e m/todos de estudo- I a seriedade acadmica de BaC# .ue merece estudo a.ui+ n(o Ba"; em si- !s acadmicos nos departamentos de ingls+ cinema e televis(o e
estudos culturais lucrariam mais se investigassem a natureza das rea1es crticas irrefletidas e estreitas a BaC#, em vez de eles prGprios reagirem W s/rie de maneira irrefletida+ estreita e errTnea- "omo paradigma de uma s/rie de ';
superficial mas imensamente popular+ BaC# merece certo grau de aten(o acadmica- 0sso n(o significa .ue ten#a de ser considerada alguma coisa al/m de um eSemplo bem feito+ mas comum+ de cultura pop-
Numil#ando Bu!!"
I em contraste a esse emaran#ado de afirma1es estran#as e insustentFveis a respeito do sucesso e valor de BaC#, .ue afirmamos .ue a potncia da s/rie+ seu sucesso e eficincia+ vm 8ustamente de suas dimens1es
convencionais e arcaicas- 4tacey Abott argumenta .ue2
! .ue faz de Bu!!", a Caa-(ampiros um programa de televis(o t(o eficiente / .ue o mal .ue ela combate n(o / um produto de um mundo antigo+ mas sim do mundo real- Bu!!" tem usado os Zltimos .uatro anos para me-
todicamente desmontar e reconstruir as conven1es do gnero vampiro e trabal#ar no sentido de gradualmente desvincular a dicotomia vampiro3caa-vampiro do ritual religioso e da supersti(o- A remo(o do dogma religio so e da
supersti(o do gnero e a transforma(o do vampiro num ser fsico em vez de et/reo recon#ece .ue a.uilo .ue descrevemos como JmalignoJ / um produto natural do mundo moderno-
"ontrariando essa e outras vis1es semel#antes+ afirmamos .ue Buffy 4ummers+ como a ar.u/tipa Jgarota .ue mora ao ladoJ Xembora com uma identidade supersecretaY+ personifica certos temas centrais de amor e de se8o+ temas
.ue se forem compreendidos em termos psicanalticos a8udam a eSplicar pelo menos um aspecto central do apelo da s/rie- ,vitaremos+ a seguir+ a discuss(o de outros aspectos centrais do apelo de BaC#X aspectos estes .ue n(o s(o
especficos W s/rie+ mas fazem parte da natureza cinemFtica e televisiva em geral+ como a tendncia a elicitar rea1es de voyeurismo+ sadismo+ maso.uismo e narcisismo de seus telespectadores-
,m seu ensaio em BEB$+ J4obre a 'endncia Oniversal W Numil#a(o na ,sfera do AmorJ+ Freud afirma .ue o amor+ no sentido de afei(o profunda e duradoura+ e o dese8o seSual eram geralmente+ embora n(o universalmente+
incompatveis XBAEY- ,le argumenta .ue o motivo de a maioria dos #omens procurar a8uda psicanaltica / um certo grau de impotncia+ e .ue essa impotncia / mais ps.uica do .ue fsica- ,le tenta eSplicar o fato um tanto estran#o
de .ue fre.]entemente+ mesmo .ue um #omem se8a capaz de fazer seSo com a pessoa .ue ele afirma amar+ / insatisfatGrio em vFrios graus+ Ws vezes a um grau altssimo- Assim+ eram vFrios os pacientes .ue afirmavam ser
impotentes com a pessoa .ue amavam-
De acordo com Freud+ o motivo para isso / o seguinte2 devido W barreira do incesto .ue fisicamente entra em cena .uando o menino consegue superar o compleSo de Idipo o dese8o de dormir com a m(e e ser como o pai a
corrente afetuosa e a corrente seSual anteriormente unidas no amor3dese8o do menino pela m(e agora seguem diferentes camin#os e se
separam- "omo resultado da barreira do incesto+ seSo e afei(o devem ser mantidos a distVncia= portanto+ a impotncia resulta .uando+ em termos ps .uicos+ o ob8eto do dese8o tamb/m se torna ob8eto de amor- ,m outras
palavras+ se e .uando o ob8eto de dese8o se tornar o ob8eto de amor+ ele representarF+ em termos ps.uicos+ a m(e com .uem / proibido fazer seSo- Freud+ portanto+ conclui2 AOnde eles amam, no deseWam, e onde deseWam no
podem amarA XB?&Y-
Uuais s(o algumas das implica1es do ensaio de FreudR ,le tenta eSplicar por .ue todos os relacionamentos con8ugais ou e.uivalentes+ mesmo .uando s(o dese8Fveis de maneira geral+ est(o fadados+ em menor ou maior grau+ a
ser insatisfatGrios= por .ue JamorJ e JseSoJ Xisto /+ bom seSoY s(o mais ou menos como uma mistura de Fgua e Gleo- 'amb/m eSpli ca+ ou pressup1e+ a natureza do ob8eto do amor2 por .ue nos sentimos atrados por determinadas
pessoas+ repetidamente- XI comum .ue pessoas divorciadas se casem novamente com a mesma pessoa= alternativamente+ talvez voc con#ea algu/m .ue se ten#a separado ou rompido um namoro+ sG para depois se envolver com
uma pessoa incrivelmente semel#ante W anterior-Y ! ensaio de Freud a8uda a eSplicar por .ue apesar dos esforos Ws vezes #erGicos as pessoas fre.]entemente n(o se sentem atradas por a.ueles a .uem gostariam de amar ou
por .uem dese8ariam sentir interesse seSual-
"omo a Jgarota .ue mora ao ladoJ doce+ encantadora e virginal= e ao mesmo tempo atraente+ sedutora e sempre potencialmente Xse n(o de fatoY acessvel Buffy / representada como uma 8ovem mul#er .ue al gu/m ama e
.uer pTr sobre um pedestal+ mas tamb/m a dese8a seSualmente e tem fantasias com ela- As pessoas Xnotadamente os #omensY deveriam se sentir mais ou menos impotentes perto dela- ,m termos ps.uicos+ ela /+ como a garota .ue
mora ao lado+ n(o sG a mul#er .ue os #omens dese8am+ mas tamb/m+ afinal+ nossa m(e- 9(o sG os personagens da s/rie Xprincipal mente ^ander+ Liles+ Angel e 4pi5eY+ mas tamb/m os telespectadores do seSo masculino
contemplam+ ou psi.uicamente representam+ Buffy dessa maneira inerentemente instFvel e conflitante- ! amor+ segundo Freud+ / anacltico=
$*?
ou se8a+ baseia-se no ob8eto de amor original da criana2 a m(e- ! modo de superar a
impotncia e alcanar um nvel de satisfa(o seSual com algu/m .ue voc ama+ isto /+ sente afei(o+ / se distanciar psi.uicamente a pessoa do ob8eto de amor original Xa m(eY .ue ela repre senta- A satisfa(o ou potncia seSual
depende dessa estrat/gia- Distanciar-se psi.uicamene do ob8eto de amor primFrio / efetivamente J#umil#F-loJ+ tirar o ob8eto de seu pedestal e parar de JsupervalorizF-loJ Xtermo de FreudY+ para .ue a corrente seSual n(o se8a
desfeita ou derrotada pela corrente afetuosa- 0sso eSplica a presena do termo J#umil#a(oJ no ttulo do ensaio de Freud+ de BEB$-
$*?
"omo eSplica "#arles 7ycroft+ JFreud--- distinguia dois tipos de escol#a de ob8eto2 narcisista e anacltica--- a es*olha ana*l:ti*a ocorre .uando se baseia no padr(o de dependncia da infVncia em algu/m diferente de si--- a
implica(o / .ue o #omem redescobre uma m(e e a mul#er redescobre um pai--- Alternadamente--- na escol#a narcisista+ a escol#a seSual segue um camin#o marcado pelo instinto de autopreserva(oJ O4 Criti*ai )i*tionar"
o!$s"*hoanal"sis [Londres2 Penguin+ BEA%\+ p- CY- ;erMic#ael P- Levine+ JLuc5y in Love and ,motionJ+ em The 4nal"ti* %reud $hilosoph" and $s"*hoanal"sis, editado por Mic#ael P- Levine XLondres2 7outledge+ $%%%Y+ p- $&B-
$@?-
Freud n(o descreve eSplicitamente como se consegue essa #umil#a(o+ e n(o #F nada em seu teSto .ue defina .ue os m/todos se8am se.uer mais ou menos unvocos- Desde .ue os m/todos em uso cumpram a fun(o de
psi.uicamente distanciar o ob8eto de dese8o do ob8eto original de afei(o+ n(o importa- A implica(o no ensaio de Freud / .ue o m/todo mais comum de #umil#a(o / a prFtica de certos atos seSuais Xorais e anais+ talvezY .ue um
#omem n(o faria com uma mul#er .ue ele tem em alta estima- ,m contraste+ mul#eres como ob8etos de amor s(o psi.uicamente vistas ou re presentadas como prostitutas ou Madonas- , se um #omem .uer uma boa rela(o seSual+ /
mel#or .ue ela se8a com um ob8eto psi.uicamente representado como uma JprostitutaJ- "omo dizia Freud2 JI possvel--- [.ue\ a tendncia observada t(o fre.]entemente nos #omens das classes sociais mais altas de escol#er uma
mul#er de uma classe inferior como amante permanente ou at/ esposa se8a nada mais .ue uma conse.]ncia de sua necessidade de um ob8eto seSual #umil#ado+ ao .ual se associa a possibili dade psicolGgica de satisfa(o completaJ
XB?@Y-
Freud n(o .uer dizer .ue / impossvel fazer seSo com um ob8eto de amor+ e at/ ele admite .ue Ws vezes ambos podem ocorrer 8untos- ,le afir ma .ue J#F apenas poucas pessoas esclarecidas nas .uais as duas correntes de afei(o
e sensualidade se tornam devidamente fundidas= o #omem sempre sente respeito pela mul#er .ue funciona como uma restri(o em sua atividade seSualJ XB?@Y- 9o entanto+ se o seSo / mais ou menos satisfatGrio+ a satisfa(o serF
sempre diminuda at/ certo ponto+ se o ob8eto seSual tamb/m for JrespeitadoJ ou se for um ob8eto de afei(o-
A teoria de Freud oferece uma eSplica(o por .ue a impotncia em vFrios graus / um problema para os #omens+ e por .ue devemos acreditar .uando um #omem diz .ue+ apesar do amor+ o seSo com a pessoa .ue ele ama /
insatisfatGrio- A teoria eSplica uma variedade de outras coisas+ como por .ue o erotismo+ n(o #umil#ando as mul#eres+ n(o funciona para estimu lar os #omens da mesma maneira .ue a pornografia+ .ue de !ato humilha as mul#eres-
A pornografia envolve um elemento de sub8uga(o ou de #umil#a(o+ .ue+ se n(o for por outro motivo Xembora eSistam outros motivosY+ envolve atos seSuais .ue muitos #omens gostariam de fazer+ mas .ue suas parceiras n(o
aceitariam- A teoria se estende a ponto de esclarecer at/ a atra(o do lingerie JordinFrioJ para os #omens e vFrias outras dinVmicas+ intrapessoais e interpessoais+ dos relacionamentos- Por eSemplo+ escreve Freud+ Ja psicanFlise nos
mostra .ue .uando o ob8eto original de um impulso dese8oso se perde devido W repress(o+ ele / fre.]entemente representado por uma infinita s/rie de ob8etos substitutos+ nen#um dos .uais+ por/m+ trazendo plena satisfa(o- 0sso
pode eSplicar a inconstVncia na escol#a de ob8etos+ a _carncia de estimula(o_--- .ue / uma caracterstica t(o fre.]ente do amor de adultosJ Xp- B?EY-
At/ agora estamos discutindo a teoria de Freud aplicada aos #omens- 9o entanto+ no mesmo ensaio+ ele discute brevemente a satisfa(o seSual das mul#eres+ tamb/m- "omo a Jgarota .ue mora ao ladoJ+ Buffy n(o sG personifica
para outros a combina(o instFvel e paradoSal da amante afetuosa e da escol#a de ob8eto sensual+ mas tamb/m incorpora 8uventude+ dese8o seSual e a .ualidade do virginal- De acordo com Freud+ no caso de mul#eres+ #F pouco
sinal da necessidade de #umil#ar seu ob8eto seSual- 0sso sem dZvida tem a ver com a ausncia nelas+ via de regra+ de alguma coisa semel#ante W supervaloriza(o seSual encontrada nos #omens- Mas seu longo afastamento da
seSualidade e a permanncia de sua sensualidade em fantasia tm outra importante conse.]ncia para elas- ,las acabam tornando-se incapazes de desfazer a liga(o entre ativi dade sensual e a probi(o+ e se mostram fisicamente
impotentes+ ou se8a+ frgidas+ .uando tal atividade finalmente l#es / permitida- ,ssa / a origem do esforo por parte de muitas mul#eres em manter at/ as rela1es legtimas em segredo por algum tempo= e da capacidade de outras
mul#eres para uma sensa(o normal logo .ue a condi(o da proibi(o se8a restabelecida por um caso de amor secreto2 infi/is aos maridos+ elas s(o capazes de manter uma segunda ordem de fidelidade com o amante- A condi(o de
proibi(o na vida erGtica das mul#eres+ penso eu+ / comparFvel W necessidade por parte dos #omens de #umil#ar seu ob8eto seSual- Ambos--- visam abolir a impotncia fsica .ue resulta da fal#a dos impulsos afetuosos e sensuais em
se fundir+ Xp- B?CY
As pessoas Ws vezes iludem-se a si prGprias+ pensando .ue as condi1es de proibi(o do seSo para as mul#eres 8ovens foram superadas+ em vez de amenizadas+ na sociedade contemporVnea- BaC# 5 um eScelente eSemplo de um
teSto cultural pop .ue desmente tal vis(o- A s/rie refora+ por vFrios meios Xpor eSemplo+ proibi(o parental+ a /tica de matar+ gra ves conse.]ncias negativasY+ a proibi(o do seSo para as 8ovens- "omo em muitos outros aspectos+
esse / um caso em .ue BaC# refora+ em vez de subverter ou contradizer+ os estereGtipos tradicionais do #omem e da mul#er-
DinVmica ps.uica de amor e dese8o
,stamos nos aproSimando da conclus(o de .ue #F muito a dizer a respeito da vida seSual de Buffy .ue /+ afinal de contas+ o ponto focai predominante da s/rie .ue ilustra aspectos centrais da tese de Freud e dF ao pZblico
8ovem Xe tamb/m n(o t(o 8ovemY+ tanto masculino .uanto feminino+ algo com .ue se fiSar+ fantasiar e se identificar- ! primeiro en contro seSual de Buffy+ .ue / postergado semana apGs semana na segunda temporada+ / certamente
com um ob8eto proibido2 Angel- ! seSo entre os dois / muito especial+ e provavelmente muito bom+ por.ue+ se / .ue eSiste uma Jcondi(o de proibi(oJ+ ela estF presente a+ entre uma caa-vampi ros e um vampiro- I o e.uivalente
ps.uico na televis(o a fazer seSo no banco traseiro de um carro+ ou JperigosamenteJ .uando os pais de um dos parceiros est(o dormindo- !s subse.]entes encontros seSuais de Buffy nem c#egam perto de ser t(o bons nem para
Buffy nem para os telespectadores (o"eurs da s/rie-
9o entanto+ devemos lembrar .ue+ mesmo para Freud+ o seSo JruimJ seSo com menos .ue a potncia e o dese8o totais geralmente / mel#or .ue n(o ter seSo+ e pode na verdade ser bastante satisfatGrio+ sem ser
completamente satisfatGrio- !s encontros seSuais de Buffy e sua seSualidade sempre incipiente d(o ao programa um elemento .ue contribui muito para eSplicar o interesse do pZblico e o prazer cinemFtico dos telespectado res em
assistir aos episGdios toda semana+ de temporada em temporada- I simplesmente o atrativo do seSo adolescente feminino um fetic#e bem con#ecido .ue pode ser grandemente elucidado com referncia ao ensaio de Freud Xcomo
tentamos demonstrarY- Para reiterar a.ui nossa posi(o anterior+ n(o se trata de BaC# ter modernizado temas gGticos+ muito menos subvertido estereGtipos do #omem e da mul#er+ deiSando-os em Jsaia 8us taJ- Ba"; n(o tem temas
gGticos s/rios= tem sG a saia-
! tema principal no ensaio de Freud+ a tendncia universal para a #umil#a(o no amor+ pode ser mais claramente ilustrado com rela(o a vFrios relacionamentos na s/rie- 4em contar alguns arran8os altamente implausveis
apresentados nos fins das temporadas+ ^ander respeita e sente grande afei(o pela casta e fiel Xn(o eSatamente seL"8 6illo> ele n(o tem dese8o por ela- A natureza de seu respeito por Buffy / muito me nos distinta- 4abemos
desde o incio .ue ele tem uma .ueda por ela+ e tamb/m sabemos .ue a coloca numa esp/cie de pedestal- ,n.uanto tal dinVmica eSistir+ / improvFvel .ue #a8a um encontro seSual satisfatGrio para eles ou para o pZblico= isso ficou
registrado por meio da desa8eitada tentativa por parte de ^ander de estuprar Buffy .uando ele estava possudo por um demTnio+ num dos primeiros episGdios XJ'#e Pac5JY-
Angel+ por outro lado+ n(o / um garoto nervoso+ ainda estudante+ mas sim um #omem feito um #omem3vampiro do mundo- "om $*% anos+ ele terF necessariamente algum aspecto de #umil#a(o+ at/ perver s(o+ em seus
encontros seSuais com Buffy+ a virgem de BC anos de idade- Angel / ao mesmo tempo um Prncipe ,ncantado .ue realiza as fantasias de uma garota+ um ob8eto proibido+ e tamb/m um Jvel#o su8oJ+ um lobo eScitado Xe vampirescoY
em pele de cordeiro romVntico- ,n.uanto isso+ algumas das mul#eres da s/rie principalmente Drusilla+ mas tamb/m "ordelia+ at/ certo ponto representadas como promscuas+ desinibidas+ ou literalmente endemoniadas+ 8F s(o
#umil#adas- ,ssas s(o as garotas com .uem se faz seSo+ segundo as regras cinematogrFficas+ n(o a.uelas .ue s(o ob8etos de amor-
"onsideremos tamb/m o breve+ por/m apaiSonante+ relacionamento entre Liles e <enny "alendar- ,la / a avanada efetivamente Xe tamb/m literalmente+ pelo menos por algum tempoY garota mF + en.uanto .ual .uer
relacionamento seSual entre Liles+ o !bservador3pai+ e Buffy continua sendo impensFvel por causa da barreira do incesto- "omo 8F tentamos mos trar nos parFgrafos precedentes+ / precisamente a eSistncia dessa barrei ra+ erguida
diante do profundo dese8o seSual do menino ainda criana por sua m(e Xcomo ob8eto de amor primFrioY+ .ue acaba levando ao seSo insatisfatGrio ou W impotncia deflagrada nas vidas de tantos #omens+ e .ue eSplica o sucesso e a
popularidade de BaC#, uma s/rie em .ue as dinVmicas ps.uicas de amor e dese8o s(o #iperbolicamente representadas e rigorosamente cumpridas+ semana apGs semana- 4G os JanalistasJ de BaC# n(o enSergam a escrita na parede+
e eles / .ue saem perdendo+ pois 8ustamente a se encontram os deleitFveis prazeres da s/rie-
$*E
$*E
Meus sinceros agradecimentos a <anet Fletc#er+ 4tep#anie Lreen e <ames 4out# por seus valiosos comentFrios e sugest1es a respeito de um rascun#o anterior deste captulo-
J2 tenho di!i*uldade para lem&rar o 3ue a*onte*eu na semana passada. Om guia dos episGdios de Bu!!", a Caa-(ampiros e 4ngel
l
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em >Y`Y?`>QQB8
Bem-vindo W Boca do 0nferno XJ6elcome to t#e Nellmout#JY Joss Whedon
J'#e NarvestJ Joss Whedon
BruSa XJ6itc#JY )ana 'eston
Uueridin#o da Professora XJ'eac#er_s PetJY )a(id ;reenwalt
9unca Mate um Laroto no Primeiro ,ncontro XJ9ever Mill a Boy on t#e First DateJY 'o& )es Kotel, )ean Batali
A Matil#a XJ'#e Pac5JY Joe 'einHeme"er, <att +iene
Angel XJAngelJY )a(id ;reenwalt
,u 7obT--- ;oc+ <ane XJ0 7obot--- Qou <aneJY 4shle" ;a&le, Thomas 4. Sw"den
! 4#o> de Bonecos XJ'#e Puppet 4#o>JY 'o& )es Kotel, )ean Batali
Pesadelos XJ9ig#tmaresJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
Fora da Mente+ Fora da ;is(o XJ!ut of Mind+ !ut of 4ig#tJY Thomas 4. Sw"den, 4shle" ;a&le, Joss Whedon
A Larota da Profecia XJProfecy LirlJY Joss Whedon
$
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em R`YQ`>QQB8
A ;olta XJ6#en 4#e 6as BadJY Joss Whedon
Precisa de 7eto.ues XJ4ome Assembly 7e.uiredJY T" +ing
,scola da Pesada XJ4c#ool NardJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
A MZmia 0nca XJ0nca Mummy LirlJY <att +iene, Joe 'einHeme"er
! Laroto 7/ptil XJ7eptile BoyJY )a(id ;reenwalt
Nallo>een XJNallo>eenJY Carl 0llsworth
Minta para mim XJLie to MeJY Joss Whedon
A 0dade das 'revas XJ'#e Dar5 AgeJY )ean Batali, 'o& )es Kotel
! .ue / .ue eu Fao Parte 0 XJ6#afs My LineR Part !neJY Koward ;ordon, <arti JoLon
! .ue / .ue eu Fao Parte 00 XJ6#afs My LineR Part '>oJY <arti JoLon
'ed XJ'edJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
!vos Malvados XJBad ,ggsJY <arti JoLon
4urpresa XJ4urpriseJY <arti JoLon
0nocncia XJ0nnocenceJY Joss Whedon
Fases XJP#asesJY 'o& )es Kotel, )ean Batali
,nfeitiados+ ,ntediados e "onfusos XJBe>itc#ed+ Bot#ered+ and Be>ilderedJY <arti JoLon
A PaiS(o XJPassionJY T" +ing
Mortos pela Morte XJMilled by Deat#JY 'o& )es Kotel, )ean Batali
,u sG 'en#o !l#os para voc XJ0 only #ave eyes for youJY <arti JoLon
;amos Pescar XJLo Fis#JY )a(id %ur", 0lin Kampton
Metamorfose Parte 0 XJBecoming+ Part !neJY Joss Whedon
Metamorfose Parte 00 XJBecoming+ Part '>oJY Joss Whedon
&
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em CQ`YQ`>QQ]8
Anne XJAnneJY Joss Whedon
A Festa dos Mortos XJDead Man_s PartyJY <arti JoLon
Fait# c#ega a 4unnydale XJFait#+ Nope+ and 'ric5JY )a(id ;reenwalt
A Beleza e as Bestas XJBeauty and t#e BeastsJY <arti JoLon
A ;olta Ws Aulas XJNomecomingJY )a(id ;reenwalt
A Banda do "#ocolate XJBand "andyJY Jane 0spenson
7evela1es XJ7evelationsJY )ouglas $etrie
!s Amores Passam XJLovers 6al5JY )an #e&&er
! Dese8o XJ'#e 6is#JY <arti JoLon
7eparos XJAmendsJY Joss Whedon
P(o de gengibre XJLingerbreadJY Thania St. John, Jane 0spenson
0ndefesa XJNelplessJY )a(id %ur"
Om `/-9ingu/m XJ'#e `eppoJY )an #e&&er
Larotas MFs XJBad LirlsJY )ouglas $etrie
As "onse.]ncias XJ"onse.uencesJY <arti JoLon
A 'erra dos "lones XJDoppelg(nglandJY Joss Whedon
0nimigos XJ,nemiesJY )ouglas $etrie
! Alcance da ;oz XJ,ars#otJY Jane 0spenson
!p1es XJ"#oicesJY )a(id %ur"
! Baile de Formatura XJ'#e PromJY <arti JoLon
! Dia da Lradua(o Parte B XJLraduation Day+ Part !neJY Joss Whedon
! Dia da Lradua(o Parte $ XJLraduation Day+ Part '>oJY Joss Whedon
*
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em YR`>Y`>QQQ8
A "aloura XJ'#e Fres#manJY Joss Whedon
"ondi1es de ;ida XJLiving "onditionsJY <arti JoLon
A "ruel Luz do Dia XJ'#e Nars# Lig#t of DayJY Jane 0spenson
! PrGprio Medo XJFear+ 0tself_Y )a(id %ur"
"erve8a MF XJBeer BadJY Tra*e" %or&es
"ora1es 4elvagens XJ6ild at NeartJY <arti JoLon
4 0niciativa XJ'#e 0nitiativeJY )ouglas $etrie
Agonia XJPangsJY Jane 0spenson
Oma Ligeira 'risteza XJ4omet#ing BlueJY Tra*e" %or&es
4ilncio XJNus#JY Joss Whedon
Predestinados XJDoomedJY <arti JoLon, )a(id %ur", Jane 0spenson
Om 9ovo Nomem XJA 9e> ManJY Jane 0spenson
Meu Papel na ,.uipe XJ'#e 0 in 'eamJY )a(id %ur"
Adeus 0o>a XJLoodbye 0o>aJY <arti JoLon
A Larota deste Ano XJ'#is Qear_s LirlJY )ouglas $etrie
Uuem / ;ocR XJ6#o Are QouRJY Joss Whedon
! 4uperastro XJ4uperstarJY Jane 0spenson
!nde Acontecem as Loucuras XJ6#ere t#e 6ild '#ings AreJY Tra*e" %or&es
A Ascens(o da Lua 9ova XJ9e> Moon 7isingJY <arti JoLon
! Fator Qo5o XJ'#e Qo5o FactorJY )ouglas $etrie
Primitivo XJPrimevalJY )a(id %ur"
0n.uieta(o XJ7estlessJY Joss Whedon
@
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em CE`YQ`CYYY8
Buffy (s DrFcula XJBuffy vs- DraculaJY <arti JoLon
Meu ;erdadeiro ,u XJ7eal MeJY )a(id %ur"
J'#e 7eplacementJ Jane 0spenson
Fora de "ontrole XJ!ut of My MindJY 'e&e**a 'and +irshner
9(o NF Lugar como o 9osso Lar XJ9o Place Li5e NomeJY )ouglas $etrie
4 Famlia XJFamilyJY Joss Whedon
Louco de Amor XJFool for LoveJY )ouglas $etrie
J4#ado>J )a(id %ur"
JListening to FearJ 'e&e**a 'and +irshner
,m Perigo XJ0nto t#e 6oodsJY <arti JoLon
'riVngulo XJ'riangleJY Jane 0spenson
Ponto de "ontrole XJ"#ec5pointJY )ouglas $etrie, Jane 0spenson
Laos de 4angue XJBlood 'iesJY Ste(en S. )e+night
PaiS(o XJ"rus#JY )a(id %ur"
Fui "riada para te Amar XJ0 6as Made to Love QouJY Jane 0spenson
,ste "orpo XJ'#e BodyJY Joss Whedon
Para 4empre XJForeverJY <arti JoLon
J0nterventionJ Jane 0spenson
J'oug# LoveJ 'e&e**a 'and-+irshner
,spiral XJ4piralJY Ste(en S. )e+night
! Peso do Mundo XJ'#e 6eig#t of t#e 6orldJY )ouglas $etrie
! Dom XJ'#e LiftJY Joss Whedon
C
V
'emporada BaC#
7estr5ia nos 0stados Mnidos em YC`>Y`CYY>8
9egociando Parte B XJBargaining+ Part !neJY <arti JoLon
9egociando Parte $ XJBargaining+ Part '>oJY )a(id %ur"
;ida apGs a Morte XJAfter LifeJY Jane 0spenson
0nunda(o XJFloodedJY Jane 0spenson, )ouglas $etrie
A ;ida em 4/rie XJLife 4erialJY )a(id %ur", Jane 0spenson
At/ o Fim XJAli t#e 6ayJY Ste(en S. )e+night
Mais uma ;ez+ com 4entimentos XJ!nce More+ >it# FeelingJY <oss 6#edon
'abula 7asa XJ'abula 7asaJY 'e&e**a 'and +irshner
,smagado XJ4mas#edJY )rew S. ;reen&erg
J6rec5edJ <arti JoLon
4umio XJLoneJY )a(id %ur"
PalFcio "arne Dupla XJDoublemeat PalaceJY Jane 0spenson
4eres Mortos XJDead '#ingsJY Ste(en S. )e+night
Feliz AniversFrio+ Buffy XJ!lder and Far A>ayJY )rew S. ;reen&erg
Oltima Forma XJAs Qou 6ereJY )ouglas $etrie
! "asamento XJNell_s BellsJY 'e&e**a 'and +irshner
J9ormal AgainJ )iego ;utierrez
,ntropia XJ,ntropyJY )rew S. ;reen&erg
;endo tudo ;ermel#o XJ4eeing 7edJY Ste(en S. )e+night
;il1es XJ;illainsJY <arti JoLon
Faltam Dois XJ'>o to LoJY )ouglas $etrie
'Zmulo XJLraveJY )a(id %ur"
A
(
'emporada BaC#
74inda sem t:tulos em portugu/s, ini*iadanos 0stados Mnidos em CN`YQ`CYYC8
Lessons
Beneat# Qou
4ame 'ime+ 4ame Place
Nelp
4elfless
Nim
"onversations >it# Dead People
4leeper
9ever Leave Me
Bring !n t#e 9ig#t
4#o>time
Potential
'#eMillerinMe
First Date
Let it Done
4tory'eller
Lies My Parents 'old Me
DirtyLirls
,mpty Places
'ouc#ed
,nd of Days
"#osen
>- 'emporada 4ngel
7estr5ia nos 0stados Mnidos em YR`>Y`>QQQ8
Bem-vindo a Los Angeles XJ"ity of---JY Joss Whedon, )a(id ;reenwalt
"ora(o 4olitFrio XJLonely NeartsJY )a(id %ur"
9a ,scurid(o XJ0n t#e Dar5JY )ouglas $etrie
,u me Desmanc#o 'odo XJ0 Fali to PiecesJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
Om Apartamento com uma Bela ;ista XJ7m >3a ;uJY )a(id ;reenwalt, Jane 0spenson
Bom 4enso e 4ensibilidade XJ4ense and 4ensitivityJY Tim <inear
A Despedida de 4olteiro XJ'#e Bac#elor PartyJY Tra*e" Stern
,u ;ou me Lembrar de ;oc XJ0 6ill 7emember QouJY Jeannine 'enshaw, )a(id ;reenwalt
! NerGi XJNeroJY Tim <inear, Koward ;ordon
Distribuindo os Dons XJParting LiftsJY Jeannine 'enshaw, )a(id %ur"
! 4onVmbulo XJ4omnambulistJY Tim <inear
,sperando XJ,SpectingJY No>ard Lordon
,la XJ4#eJY Marti 9oSon
,u te Peguei de <eito XJ0_ ve Lot Qou Onder My 45inJY Jeannine 'enshaw, )a(id ;reenwalt
! Fil#o PrGdigo XJ'#e ProdigalJY Tim <inear
! 7ingue XJ'#e 7ingJY Koward ;ordon
A ,ternidade XJ,ternityJY Tra*e" Stern
"inco por "inco XJFive by FiveJY Jim +ou!
4antuFrio XJ4anctuaryJY Tim <inear, Joss Whedon
`ona de Luerra XJ6ar `oneJY ;ar" Camp&ell
,ncontro Ws "egas XJBlind DateJY Jeannine 'enshaw
4#ans#u em Los Angeles XJ'o 4#ans#u in L-A-JY )a(id ;reenwalt
$
V
'emporada 4ngel
7estr5ia nos 0stados Mnidos em CE`YQ`CYYY8
! <ulgamento XJ<udgmentJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
Agora e 4empre XJAre Qou 9o> or Nave Qou ,ver BeenRJY Tim <inear
Primeiras 0mpress1es XJFirst 0mpressionsJY Shawn '"an
0ntacto XJOntouc#edJY <ere Smith
Meu Menino XJDear BoyJY )a(id ;reenwalt
! .ue 0mporta / a Aparncia XJLuise 6ill Be LuiseJY Jane 0spenson
Daria XJDariaJY Tim <onier
A Mortal#a de 7a#mon XJ'#e 4#roud of 7a#monJY Jim +ou!
J'#e 'rialJ )ouglas $etrie, Tim <inear, )a(id ;reenwalt
7eencontro XJ7eunionJY Tim <inear, Shawn '"an
7edefini(o XJ7edefinitionJY <ere Smith
Din#eiro 4angrento XJBlood MoneyJY Shawn '"an, Joss Whedon
Feliz AniversFrio XJNappy AnniversaryJY )a(id ;reenwalt, Joss Whedon
J'#e '#in Dead LineJ Jim +ou!, Shawn '"an
A NistGria se 7epete XJ7epriseJY Tim <inear
,pifania XJ,pip#anyJY Tim <inear
JDis#armonyJ )a(id %ur"
JDead ,ndJ )a(id ;reenwalt
Meus Pertences XJBelongingJY Shawn '"an
Al/m do Arco-ris XJ!ver t#e 7ainbo>JY <ere Smith
Atrav/s do ,spel#o XJ'#roug# t#e Loo5ing LlassJY Tim <inear
9(o NF Lugar como o !utro Lado XJ'#ere_s 9o Place Li5e Plrtz LlrbJY )a(id ;reenwalt
&- 'emporada 4ngel
7estr5ia nos 0stados Mnidos em CN`YQ`CYY>8
Amor da Min#a ;ida XJNeartt#robJY )a(id ;reenwalt
As ;is1es XJ'#at ;ision '#ingJY Je!!re" Bell
Min#a ;el#a Langue XJ'#at !ld Lang of MineJY Tim <inear
"arpe 9octem XJ"arpe 9octemJY S*ott <urphe"
Procurando Fred XJFredlessJY <ere Smith
Billy XJBillyJY Tim <inear, Je!!re" Bell
Fil#os XJ!ffspringJY )a(id ;reenwalt
! Despertar XJUuic5eningJY Je!!re" Bell
Lullaby XJLullabyJY Tim <inear
Papai XJDadJY )a(id K. ;oodman
AniversFrio XJBirt#dayJY <ere Smith
Provedor XJProviderJY S*ott <urphe"
,spera 4olitFria XJ6aiting in t#e 6ingsJY Joss Whedon
7evela1es XJ"oupletJY Tim <inear
Lealdade XJLoyaltyJY <ere Smith
Durma Bem XJ4leep 'ig#tJY )a(id ;reenwalt
Perd(o XJForgivingJY Je!!re" Bell
! Dobro ou 9ada XJDouble or 9ot#ingJY )a(id ;oodman
! Preo XJ'#e PriceJY )a(id %ur"
Om Mundo 9ovo XJA 9e> 6orldJY Je!!re" Bell
Lraa Divina 7ABenedi*tion A8 'im Minear
! Aman#( XJ'omorro>JY )a(id ;reenwalt
NG 'emporada 4ngel
74inda sem t:tulos em portugu/s, ini*iada nos 0stados Mnidos em E`>Y`CYYC8
Deep Do>n "alvary
Lround 4tate 4alvage
'#e Nouse Al>ays 6ins 7elease
4louc#ing 'o>ard Bet#le#em !rp#eus
4upersymetry Players
4pin t#e Bottle 0nside !ut
Apocalipse+ 9o>is# 4#iny Nappy People
Nabeas "orpses '#eMagiBullet
Long Day_s <ourney 4acrifice
A>a5ening Peace !ut
4oulless Nome
9ota do ,ditor2 os nomes dos episGdios foram baseados nas informa1es fornecidas no site2 #ttp233seriesonline-terra-com-br3bufy3buffy-#tml W /poca desta edi(o-
A#+ /R ;amos ver a sua vida-
A9D7,6 AB,7D,09 / palestrante de Filosofia na Oniversidade de ,dimbur-go- 4ua pes.uisa se concentra principalmente na intera(o entre lGgica e a filosofia da cincia+ e suas mais recentes publica1es eSploram tGpicos em
lGgica informal e n(o clFssica- ,le n(o / ruim nisso+ n(o= / apenas britVnico-
6,9DQ L!;, A9D,74!9 / professora assistente de ,studos 'eolGgicos na Oniversidade 4aint Louis- I especializada em #istGria da igre8a medieval+ concentrando-se em tGpicos delicados como misticismo+ estudos apoclpticos e
#eresia- ! livro .ue ela estF escrevendo atualmente trata da evolu(o no fim da 0dade M/dia das diretrizes para separar revela1es falsas e verda deiras= assim ela pode usar a maior parte da terceira temporada de 4ngel como
instrumento para seu trabal#o- ,la tamb/m concorda com 6esley 6yn#d#am-Pryce .ue as profecias apocalpticas n(o s(o eSatamente uma cincia-
'!BQ DA4P0' / professor assistente no Departamento de ,nsino+ Aprendizado e Liderana da Oniversidade !este de Mic#igan+ em Malamazoo+ Mic#igan- ,le / co-editor de $opular Culture and Criti*ai $edagog" XLarland+ $%%%Y
e das futuras S*ien*e %i*tion Curri*ula, C"&org Tea*hers, and \outh Culture7s8 XPeter LangY- 'oby foi o alvo do antigo Pro8eto &B& da 0niciativa+ uma tentativa frustrada de clonar Bruce 4pringsteen-
L7,L F!74',7 / pes.uisador associado snior no <anhattan Institute !or $oli*" 'esear*h. 4ua disserta(o foi acerca de religi(o e poltica no pensamento de <o#n Loc5e+ mas atualmente estuda reforma educacional- Busca
inspira(o no fabuloso trabal#o de Buffy nessa Frea+ no fim da terceira temporada+ .uando ela demonstrou .ue at/ as mais apavorantes escolas podem drasticamente ser mel#oradas-
70"NA7D L7,,9, tem P#-D em Filosofia pela Oniversidade da "alifGrnia+ 4anta BFrbara- Atualmente / professor assistente de Filosofia na Oniversi dade ,stadual 6eber- ,le publicou teStos a respeito de epistemologia+ metafsica e
/tica- 7ic#ard desconfia .ue Anya tem raz(o acerca dos coel#os-
<A"!B M- N,LD / estudante graduado em Filosofia na Oniversidade Mar.uette+ em Mil>au5ee+ 6isconsin- 4eus interesses em pes.uisa incluem filosofia alem( do s/culo ^0^+ filosofia poltica e social e MarS- Publicou material a
respeito da teoria da lei natural e atualmente estF escrevendo sua disserta(o acerca da /tica marSista- 4ente-se aliviado 8F .ue para namorar sua esposa n(o precisou dos servios de um demTnio da vingana-
'N!MA4 4- N0BB4 / professor e c#efe do Departamento de Filosofia no Boston "ollege- ,screveu dois livros acadmicos a respeito de 4(o 'omFs de A.uino e / autor de Shows 4&out Jothing Jihilism in $opular Culture !rom The
0Lor*ist to Sein!eld X4pence+ BEEEY- Atualmente+ estF trabal#ando com outro livro+ $aint It Bla*H $hilosoph" and %ilm Joir. Ainda sofrendo dos #Fbitos televisivos da infVncia+ ele gosta dos vampiros de BaC#, mas insiste .ue
Barnabas "ollins / o vampiro mais moderno de todos-
<A4!9 MA6AL / professor assistente de Filosofia na Oniversidade de 'ennessee+ em "#attanooga- 'rabal#a principalmente com /tica e /tica ambiental+ e publicou mat/ria em periGdicos como $hilosophi*al Studies, Journal o!
4pplied $hilosoph" e Journal o! #alue In3uir". ,le ainda estF procurando sua passagem de primeira classe para se refrescar com moWo depois de decolar-
4NA7!9 M- MAQ, / professora assistente de Filosofia na Oniversity <o#n "arroll- Publicou vFrios artigos acerca de filosofia medieval e / co-autora de On O*Hham e On 4ugustine. Uuando l fontes primFrias+ toma cuidado para
n(o resmungar baiSin#o-
9,AL M09L / professor associado de "incias Numanas e estudos femininos em ;irginia 'ec#- I autor de Keroes in Kard Times Cop 4*tion <o(ies in the M.S., e co-editor de 'eel +no*Houts #iolent Women in the <o(ies. ,studa
acerca da violncia na mdia e lamenta o efeito disso em seus .uatro gatos+ .ue precisar(o de c#ips implantados na cabea para .ue os #umanos possam dormir em segurana-
"A7!LQ9 M!74M,Q,7 / professora de Filosofia na Oniversidade ,stadual de 9ova Qor5+ em Buffalo- ,screve a respeito de est/tica e Freas relacionadas e / autora e editora de vFrios livros+ incluindo <aHing Sense o!Taste %ood
and $hilosoph" XBEEEY e On )isgust X$%%&Y- Mora em cima de uma boca do inferno e de vez em .uando vai lF para usar o forno-
<AM,4 LA6L,7 leciona Filosofia na Oniversidade ,stadual de 9ova Qor5+ em Buffalo- ,screveu um livro a respeito de <ean-Paul 4artre e outro criticando a eSplica(o biolGgica acerca dos testes de U0+ e atualmente estF
trabal#ando na rela(o entre metafsica e /tica na filosofia de Mant- ,m seu tempo livre+ gosta de fazer compras+ passear e salvar o mundo de demTnios inefFveis-
M0"NA,L L,;09, / professor de Filosofia na Oniversidade !este da AustrFlia e no Baruc# "ollege+ da Oniversidade Municipal de 9ova Qor5- 4eus trabal#os recentes incluem Integrit" and the %ragile Sel! Xco-autoria de Damian
"oS e Marguerite La "azeY e 'a*ism in <ind Xco-editado com 'amas Pata5iY- ,le n(o escreveu um livro acerca de distZrbios alimentares e n(o / Mic#ael Levin- 'em um .u com Buffy e ciZme de 4pi5e-
'7A"Q L0''L, / instrutora de- 4ociologia e Antropologia na Oniversidade ,stadual "olumbus- 4eus interesses em pes.uisa incluem cultura popular+ religi(o e folclore- 4ua disserta(o tratou de um estudo do movimento reli gioso
neopag(o+ seus festivais e folclore- Por causa desse trabal#o+ ela estF acostumada a viver cercada de bruSas e ainda procura uma prova da eSistncia dos demTnios para acrescentar a ocupa(o de J!bservadoraJ em seu currculo-
M0M0 MA709O""0 / professora assistente de Filosofia e estudos femininos na Oniversidade Leste de 6as#ington+ perto de 4po5ane- 4eus interesses em pes.uisa incluem epistemologia+ teoria feminista e .ual.uer coisa ligada aos
dois seSos- "onvencida de .ue serF a prGSima caa-vampiros+ Mimi aguarda pacientemente um telefonema do "onsel#o dos !bservadores-
M,L044A M- M0LA;," / estudante na Oniversidade <o#n "arroll+ e .uer se formar professora de ensino m/dio- Adora danar+ principalmente bale+ Pointe+ sapateado e 8azz- e noite+ pode ser vista praticando seu agitado #ip-#op
satanista-
<,440"A P7A'A M0LL,7 publicou artigos acerca de /tica e teoria feminista e / autora de Trust 4 $hilosophi*al 4pproa*h Xa ser lanada pela Broadvie> PressY- I professora assistente de filosofia na Oniversidade de Maine+ onde
gosta de dar cursos como introdu(o Ws tortas e camin#ada avanada-
MAD,L09, MO9',74B<!79 / professora associada de Filosofia na Oniversidade de 'oledo+ onde dF um curso on-line, ! ,u nos Fatos da "incia e na Fic(o "ientfica- Publicou mat/rias em $hilosophia <athemati*a e S"nthese. A
doutora M+ seu marido e fil#a s(o os Znicos Muntersb8orns= como Buffy diz2 J! amor leva voc a fazer loucurasJ-
<,FF7,Q L- PA4L,Q / professor associado de NistGria na Oniversidade de Missouri+ no *ampus principal em "olumbia- ,le / autor de The T"rann" o! $rinters Jewspapers $oliti*s in the 0arl" 4meri*an 'epu&li* e numerosos
artigos acadmicos acerca de #istGria americana antiga- ,screve tamb/m uma coluna de Jaconsel#amento #istGricoJ para a revista de #istGria on-line, Common-$la*e, e tem um we&log em Kistor" Jews JetworH X#ttp233#nn-usY- I
muito menos esnobe .ue os professores de #istGria em O"-4unnydale-
L7,L!7Q 4AMAL / um bibliotecFrio acadmico em Boston+ Massac#usetts- ,le tem bac#arelado em mZsica e mestrado em cincia bibliotecFria+ ambos da Oniversidade 7utgers+ e mestrado em divindade da 0pis*opal )i(init"
S*hool, em "ambridge- "omo colega bibliotecFrio+ Lregory sempre ac#ou Liles uma fonte de inspira(o- 9o entanto+ apesar dos muitos livros raros com .ue lida nas bibliotecas em .ue trabal#ou+ Lreg ainda n(o encontrou uma
coisa obscura+ perigosa ou fascinante como o .ue 7upert Liles certa vez guardou na biblioteca de 4unnydale Nig#-
4',;,9 <AQ 4"N9,0D,7 / candidato a P#-D- em Filosofia na Oniversidade Narvard+ e em estudos de cinema na ,scola de Artes 'isc#+ da Oniversi dade de 9ova Qor5- ,le / autor de )esigning %ear 4n 4estheti*s o! Cinemati*
Korror X7outledgeY+ editor de %reudFs Worst Jightmares $s"*hoanal"sis and the Korror %ilm X"ambridge Oniversity PressY e Jew Koll"wood #iolen*e XManc#ester Oniversity PressY e co-editor de Korror International X6ayne
4tate Oniversity PressY e Mnderstanding %ilm ;enres XMcLra>-NillY- ,le se formou em matana em O-"- Ber5eley+ com um grau menor tamb/m em #istGria da Boca do 0nferno-
MA7L 4NOD' ensina Filosofia na Oniversidade Le>s em 7omeoville+ 0llinois- Al/m de assistir a muitos programas de televis(o+ ele escreveu artigos acerca de /tica empresarial+ bio/tica e filosofia crist(- 4empre se surpreen de .ue
BaC# n(o ten#a sido cancelada depois da primeira temporada+ como seu seu outro programa favorito+ The 4d(entures o! Bris*o Count", Jr.
<AM,4 B- 4!O'N / professor associado de Filosofia na Oniversidade Mar.uette+ em Mil>au5ee+ 6isconsin- 4eus numerosos artigos a res peito de filosofia medieval clFssica e na 7enascena foram publicados em periGdicos como
The 'e(iew o! <etaph"si*s, 'i(ista di Storia delia %iloso!ia, #i(arium e <edie(al $hilosoph" and Theolog". "omo nunca .uis ser florista+ <ames ainda tem esperanas de um dia aparecer na capa de Sanit" %air.
4"!'' 7- 4'7!OD faz doutorado no Departamento de Filosofia na Oniversidade 'emple- 4ua pes.uisa e seus esforos envolvendo publica1es enfocam a /tica 5antiana+ filosofia indiana antiga e est/tica- ,m seus #orF rios de folga+
4cott adora 8ogar pT.uer com os meninos-
6AQ9, QO,9 obteve o mestrado na Oniversidade ,stadual 4an <os/- Atualmente+ leciona em vFrias faculdades da comunidade na Frea da baa- 4eu prGSimo pro8eto serF a pes.uisa da permissibilidade moral da necrofilia de destruir
casas-

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