A carta discute orientações para casais, enfatizando a importância da harmonia entre marido e mulher, respeito mútuo e cumprimento de deveres. Também aborda como a mulher deve se comportar de forma discreta e servir a família.
A carta discute orientações para casais, enfatizando a importância da harmonia entre marido e mulher, respeito mútuo e cumprimento de deveres. Também aborda como a mulher deve se comportar de forma discreta e servir a família.
A carta discute orientações para casais, enfatizando a importância da harmonia entre marido e mulher, respeito mútuo e cumprimento de deveres. Também aborda como a mulher deve se comportar de forma discreta e servir a família.
A carta discute orientações para casais, enfatizando a importância da harmonia entre marido e mulher, respeito mútuo e cumprimento de deveres. Também aborda como a mulher deve se comportar de forma discreta e servir a família.
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D.
Francisco Manuel de Melo
CARTA DE GUIA DOS CASADOS (...) Uma das coisas que mais assegurar podem a futura felicidade de casados a propor!"o do casame#to. A desigualdade #o sa#gue$ #as idades$ #a fa%e#da$ causa co#tradi!"o& a co#tradi!"o$ disc'rdia. E eis aqui os tra(al)os por o#de *+m. ,erde-se a pa%$ e a *ida i#fer#o. ,ara satisfa!"o dos pais co#*m muito a propor!"o do sa#gue para o pro*eito dos fil)os$ a da fa%e#da$ para o gosto dos casados$ a das idades. ."o porm que se/a preciso uma co#formidade$ de dia por dia$ e#tre o marido$ e mul)er& mas que #"o se/a e0cessi*a a *a#tagem de um a outro. De*e ser esta *a#tagem$ qua#do a )a/a$ sempre a parte do marido$ em tudo 1 mul)er superior. E qua#do em tudo se/am iguais$ essa a suma felicidade do casame#to. (...) ,ro*emos a *er se ser2 poss3*el dar alguma regra ao amor& ao amor$ que soe ser a pri#cipal causa de fa%er os casados mal-casados$ umas *e%es porque falta$ e outras porque so(e/a. Ame-se a mul)er$ mas de tal sorte que se #"o perca por ela seu marido. Aquele amor cego fique para as damas... Sai(a-se$ e tema-se$ que tam(m )2 .arcisos do amor al)eio$ como de seu pr'prio. (...) 42 algu#s$ Se#)or ..$ de t"o pouco /u3%o$ que fa%em oste#ta!"o de seu pr'prio cati*eiro. Igual afro#ta a um casado sa(er-se que o ma#da a sua mul)er$ que sa(er- se ela de seu marido escra*a$ e #"o compa#)eira. Este foro$ esta prerrogati*a$ de que cada um (em que use$ logo ao pri#c3pio co#*m que se co#certe. O marido te#)a as *e%es de Sol em sua casa$ a mul)er$ as da 5ua. Alumie com a lu% que ele l)e der$ e te#)a tam(m alguma claridade. A ele suste#te o poder$ a ela a estima!"o. Ela teme a ele$ e ele fa!a que todos a temam a ela$ ser"o am(os o(edecidos. Dissera eu que as mul)eres s"o como as pedras preciosas$ cu/o *alor cresce$ ou mi#gua$ segu#do a estima!"o que delas fa%emos. (...) 4ou*e quem du*idasse se podia ser perfeito o amor e#tre aqueles que por co#*e#i+#cias e por co#certos se casaram$ e#te#de#do que esta perfei!"o de querer s' se guarda*a para os que casa*am por amores. (...) ,ersuado-me$ Se#)or ..$ que esta coisa a que o mu#do c)ama amor$ #"o s' uma coisa$ porm muitas com um pr'prio #ome. ,oder2 (em ser que por isto os a#tigos fi#gissem )a*er ta#tos amores #o mu#do$ a que da*am di*ersos #ascime#tos. Eu co#sidero dois amores e#tre a ge#te6 o primeiro aquele comum afecto com que$ sem mais causa que a sua pr'pria *iol+#cia$ #os mo*emos a amar$ #"o sa(e#do o que$ #em o por que amamos& o segu#do aquele com que prosseguimos em amar o que tratamos e co#)ecemos. O primeiro aca(a #a posse do que se dese/ou& o segu#do come!a #ela$ mas de tal sorte$ que #em sempre o primeiro e#ge#dra o segu#do #em sempre o segu#do procede do primeiro. De o#de i#firo que o amor que se produ% do trato$ familiaridade e f dos casados$ para ser seguro e e0cele#te$ em #ada depe#de do outro amor que se produ%iu do dese/o do apetite... ,arecer2 dificultuoso o co#siderar como 1 pessoa que #"o )a*emos *isto poderemos amar com perfei!"o. 5arga a disputa$ e #"o daqui. Digo eu que fa!amos$ Se#)or ..$ #este caso$ como os que cortam madeira e a la#!am ao rio$ para que sua corre#te l)a le*e (sem algum tra(al)o) ao porto. Eles #"o sa(em por o#de *ai sua mercadoria$ mas 7 (asta-l)es sa(er que ela c)ega a sal*ame#to$ por outras que /2 tem c)egado$ para que l)a e#treguem 1s 2guas com muita co#fia#!a. Dei0e-se le*ar o casado do poder daquele *irtuoso costume& #"o lute #em force/e com a corre#te$ que qua#do me#os o espere (e sem sa(er como aquilo foi) ele se ac)ar2 ama#do a sua mul)er$ e se#do dela muito segurame#te amado. D+-se-l)e a e#te#der 1 mul)er que a coisa que mais de*e querer a seu marido. Te#)a o marido para si que a coisa que mais de*e querer sua )o#ra$ e logo sua mul)er. (...) Se/a a mul)er )o#rada$ como di%em que o Corpo Sa#to$ que #"o aparece se#"o #as gra#des tempestades$ e sempre para remdio delas. Acuda aos males de sua casa$ aos tra(al)os de seu marido$ e de seus fil)os (...) (...) 42 umas mul)eres 3dolos$ que ou s"o i#util3ssimas$ ou se pre%am de o ser& e s' l)es parece que #asceram para ser adoradas$ e disso s' querem ser*ir. Ora eu me co#te#to com que #"o fa!am mais de um ser*i!o em suas casas$ e se/a este6 sir*a a mul)er de ser se#)ora de sua casa$ satisfa!a as o(riga!8es deste seu of3cio& que assa% far2 de ser*i!o 1 sua casa$ a seu marido$ se o fi%er como de*e. Criou-as Deus fracas$ se/am fracas& o0al2 fa!am o que s"o o(rigadas& #"o l)es quero pedir mais que sua o(riga!"o. 4ei-de estra#)ar por for!a um dito de aquele #osso t"o #omeado$ e ta#to para #omear$ 9ispo D. Afo#so$ que di%ia6 :A mul)er que mais sa(e$ #"o passa de sa(er arrumar uma arca de roupa (ra#ca;... Sou de muito difere#te opi#i"o$ e creio certo )2 muitas de gra#de /u3%o& *i$ e tratei algumas em Espa#)a$ e fora dela. ,or isto mesmo me parece que aquela sua agilidade #o perce(er e discorrer$ em que #os fa%em *a#tage#s$ #ecess2rio temper2-la com gra#de cautela. A este seu /ui%o #"o se pode p<r lei alguma& aos e0erc3cios si. Como se agora a um )omem fosse dada uma #a*al)a de fi#3ssimo a!o$ para que fi%esse um feito ruim& mas esta#do ela ai#da em tosco$ aquele que l)e esco#desse a pedra em que a queria afiar$ fi%era o mesmo que se l)a tirasse da m"o$ e escusasse o malef3cio. Assim$ pois #os #"o l3cito pri*armos as mul)eres do su(til3ssimo metal de e#te#dime#to$ com que as for/ou a #ature%a& podemos se quer$ des*iar-l)e as ocasi8es de que o agucem em seu perigo e #osso da#o. =a!amos$ Se#)or ..$ o que podemos. .os cuidados e empregos dos )ome#s$ #"o se metam as mul)eres$ fiadas em que tam(m t+m como #'s e#te#dime#to$ e em que a alma #"o mac)o #em f+mea$ como alguma em seu fa*or alega*a. (...) Se/a a mul)er como a m"o do rel'gio$ e o marido se/a o rel'gio. Apo#te ela$ e soe ele. Um mostre$ outro resol*a& que a#da#do desta ma#eira temperado o rel'gio$ todos o cr+em$ todos o t+m por or2culo. ."o s' se co#certa a si mesmo$ mas fa% a#dar aos outros co#certados& e ao co#tr2rio$ se se desco#certa$ tam(m aos outros. >$ como folgo de *er uma mul)er ig#orar aquilo que #"o ra%"o sa(er ... Ac)o gra#de perfei!"o qua#do erram aquelas coisas que l)e podiam p<r imperfei!"o$ se as acertassem. E#te#da a mul)er como mul)er... ,ois comecei com os meus ad2gios$ )ei-de aca(ar com eles. Ou*i um dia$ cami#)a#do$ que Deus o guardasse de mula que fa% him$ e de mul)er que sa(e latim. O riso e gosto com que l)e escutei esta e#gra!ada se#te#!a me fa% agora lem(rar dela& #"o se /ulgue por i#dece#te$ se pro*eitosa. O po#to est2 em que o latim #"o o que da#a$ mas o que co#sigo tra% de outros sa(eretes e#*olto aquele sa(er. Tom2ra que as mul)eres #"o sou(essem de guerras$ #em estados$ #em procurassem por isso. E#fadam-me umas que se metem em elei!8es de go*er#os$ /ulgar de (rigas$ ? praticar desafios$ mo*er dema#das6 outras que se pre%am de e#te#der *ersos$ a(oca#)am em li#guage#s al)eias... (...) =alar sempre$ mau& ri/o$ mal3ssimo& e em lugares i#dece#tes$ pior que tudo. Aco#tece que muitas que se pre%am de discretas$ respo#dem alto #as igre/as$ para que as ou!am e aplaudam& e#te#dem com as amigas$ que l)e ficam lo#ge$ a fim de serem ou*idas. Tam(m o suspirar 1 prega!"o$ fa%er gestos com a ca(e!a$ como que l)e co#te#ta o que se disse$ compassar a musica$ s"o coisas que #"o )ou*eram de ser. =ale a mul)er discreta o #ecess2rio$ (ra#do$ a tempo$ com tom que (aste para ser ou*ida da pessoa a quem fala$ e #"o das outras. Comparou (em um e#te#dido as pessoas com os si#os$ que pela *o% se co#)ece se est"o s"os$ ou que(rados. O mel)or li*ro a almofada e o (astidor& mas #em por isso l)e #egarei o e0erc3cio deles. Estas que sempre querem ler comdias$ e que sa(em roma#ces delas de cor$ e os di%em 1s *e%es e#toados$ #"o ga(o. Outras s"o mortas por li*ros de #o*elas$ tais pelos de ca*alarias. Aqui mais perigosa a afei!"o que o uso. 9em *e/o que se l)es pode permitir este dese#fado& mas se/a com maior cautela a aquelas que e0cessi*ame#te se l)e e#tregarem. Co#clus"o (... ) Se#)or meu. Casa limpa. @esa asseada. ,rato )o#esto. Ser*ir quedo. Criados (o#s. Um que os ma#de. ,aga certa. Escra*os poucos. Coc)e a po#to. Ca*alo gordo. ,rata muita. Ouro o me#os. A'ias que se #"o pe!am. Di#)eiro o que se possa. ,i#turas as mel)ores. 5i*ros algu#s. Armas que #"o faltem. Casas pr'prias. Bui#ta peque#a. @issa em casa. Esmola sempre. ,oucos *i%i#)os. =il)os sem mimo. Ordem em tudo. @ul)er )o#rada. @arido crist"o& (oa *ida e (oa morte. Torre Cel)a$ em D de @ar!o de 7EDF. G