Citrus
Citrus
Citrus
C.
Eliminar frutos doentes.
Pulverizar na pr-colheita com produtos base de cobre ou
ditiocarbamatos.
Qual o causador do albinismo nas plantas ctricas e quais os
sintomas?
O albinismo ocorre em plantas ctricas que, desde a emergncia,
se mostram incapazes de produzir clorofila. A planta pode ser afetada
como um todo ou ter apenas partes albinas (hipostilo ou cotildones).
Quando afetadas apenas parcialmente, as plantas podem-se recupe-
rar e tornarem-se plantas normais, o que no acontece quando o
albinismo total.
De maneira geral, essa doena s afeta algumas plantas da
sementeira, mas em alguns casos, os danos podem chegar a 50%.
Considera-se o fungo Alternaria tenuis como o agente causal
mais comum, embora Aspergillus flavus tambm possa ocasionar o
albinismo. Esses fungos infestam a parte externa das sementes quando
de sua remoo do fruto. Durante o armazenamento crescem sobre
a semente e produzem uma toxina inibidora da produo de clorofila.
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O controle realizado por meio do tratamento das sementes
com fungicidas protetores e pelo armazenamento em condies
prejudiciais aos fungos.
O que causa a rachadura dos frutos ctricos?
A rachadura dos
frutos ctricos no uma
doena. Em determina-
dos perodos do ano
observam-se, com fre-
qncia, rachaduras em
frutos verdes ou em fase
de maturao, associa-
das a problemas de de-
sequilbrio hdrico e
presena de fungos opor-
tunistas. A leso surge
quando ocorrem chu-
vas aps um perodo de estiagem prolongada. Nessas ocasies, a
polpa se expande em razo do fluxo repentino de seiva, e a casca,
incapaz de acompanhar a dilatao, sofre forte presso que resulta
na ruptura do fruto em pontos menos resistentes.
Nos bordos da rea rachada do fruto, aparecem leses marrons
causadas pelo fungo Alternaria sp., que pode ser o instrumento que
proporciona a formao de substncias gomosas nos tecidos internos
do fruto. As substncias gomosas tm a tendncia de absorver gua
em excesso, resultando em maior desenvolvimento dos tecidos,
naquele ponto.
De que forma pode-se evitar a rachadura dos frutos?
As medidas para evitar a rachadura so as seguintes:
O controle das irregularidades do clima utilizando a irrigao
um passo para diminuir as rachaduras.
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A manuteno da umidade do solo em nveis adequados,
nas reas irrigadas, e a umidade do ar entre 70% e 75%
podem reduzir consideravelmente o distrbio.
Manter a planta livre da concorrncia do mato, pelo menos
no perodo seco.
Utilizar cobertura morta, a fim de conservar a umidade e evitar
grandes variaes no teor de gua.
Manuteno de um programa adequado de nutrio da
planta utilizando potssio, aplicao da calagem elevando
a saturao de bases por volta de 70% e o uso de clcio
como nutriente.
No caso de aparecimento de leses escuras, prximas s
rachaduras sintomas de Alternaria fazer uma pulverizao
preventiva, nos anos seguintes, com fungicidas cpricos.
Qual o causador da podrido-das-razes e quais os sintomas?
Existem vrios tipos de podrides das razes, causadas por
diferentes fungos. O mais comum o fungo Phytophthora
citrophthora, porm fungos do gnero Rosellinia tambm so citados
como causadores de podrides-de-razes. Nesse caso, a ocorrncia
maior em pomares instalados em solos cobertos, anteriormente,
pela mata.
Os sintomas tm incio com o amarelecimento da parte area,
e so semelhantes aos da gomose-de-Phytophthora, porm nas razes
afetadas aparecem cordes pardos, constitudos pelo fungo em
desenvolvimento. Debaixo da casca, observa-se uma formao
branca em forma de leque, muito caracterstica dessa doena.
O controle deve ser preventivo. Nas reas onde a mata foi arran-
cada, deve-se fazer uma gradagem profunda, a fim de expor o solo
aos raios solares por alguns dias; retirar todos os tocos remanescentes;
e drenar o solo caso tenha excesso de umidade. Se possvel, fazer a
desinfeco das reas de abertura das covas, meses antes do plantio
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Qual o causador da doena mofo-cinzento e quais os sinto-
mas?
A doena denominada mofo-cinzento do tronco foi descrita
nos estados do Nordeste do Brasil e no Estado de So Paulo, sendo
de ocorrncia espordica e causada por fungos do gnero Ustulina.
Os sintomas so revestimentos salientes, de colorao cinzenta
tendendo ao azulado, na base do tronco, formando uma crosta
espessa. Retirando-se essa crosta pode-se observar, abaixo da casca,
linhas negras que correspondem ao apodrecimento das razes,
naquela regio.
O controle feito por meio de limpeza da base do tronco,
pincelando em seguida com pasta bordaleza. A umidade em torno
do tronco tambm deve ser evitada.
Existe algum fungo que controla pragas?
Sim. O fungo-vermelho (Aschersonia) age sobre insetos-praga
dos citros, sendo utilizado em controle biolgico. Quando se verifica
o aparecimento de folhas com um nmero muito grande desse fungo,
o pomar no deve ser pulverizado contra a mosca-branca e algumas
cochonilhas.
Qual a causa da seca da ponta dos ramos e quais os sintomas?
A seca dos ponteiros dos ramos de citros pode ter vrias causas.
Por essa razo, indispensvel identificar o agente causal para que
se possa aplicar o controle mais adequado.
No Brasil, os fungos Colletotrichum, Phomopsis, Fusarium e
Ascochyta podem causar essa doena, alm de outros agentes, ou
fatores, como a clorose-variegada, o declnio, o estresse hdrico, a
seca, a desnutrio, etc.
Para um controle satisfatrio, deve-se averiguar o estado nutri-
cional da planta, realizar poda de formao aps as colheitas, poda
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de limpeza e aplicao de produtos sistmicos para evitar nova
infeco.
Qual a causa e quais os sintomas do descamamento da casca
do tangor murcote?
Trata-se de doena secundria com registros espordicos, no
Brasil, causada por Dothiorella sp., fungo que afeta principalmente
o tronco do tangor murcote, ou os galhos da forquilha principal, for-
mando leses com necrose e descascamento.
O controle principal a raspagem da rea afetada e aplicao
da pasta bordaleza.
Qual a causa da melanose, em citros, e quais seus sintomas?
Essa doena causada pelo fungo Phomopsis citri, e sua inci-
dncia favorecida por condies de elevada umidade.
As leses nos frutos so superficiais, no interferindo em seu
aproveitamento no processamento de sucos. Essas leses, que apare-
cem dispersas ou em estrias, na superfcie do fruto, so salientes e
escuras, variando consideravelmente em tamanho, dependendo da
idade do fruto e do perodo de infeco.
Como deve ser feito o controle da melanose, em citros?
A poda de ramos secos uma importante medida de controle
ao reduzir os focos de infeo, pois o fungo sobrevive de uma estao
para outra, nesses ramos.
As pulverizaes preventivas devem ser feitas com fungicidas
triazis em alternncia com produtos cpricos, antes de os frutos
chegarem ao tamanho de uma bola de pingue-pongue, quando
3/4 das ptalas tiverem cado.
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Quais os sintomas da mancha-aureolada e qual seu controle?
Essa doena afeta as folhas causando manchas pardacentas de
1 cm a 1,5 cm de dimetro que, s vezes, se juntam ocupando grandes
reas foliares. A principal caracterstica da leso so anis concntri-
cos que, geralmente, no se completam, com pontuaes escuras
perceptveis vista desarmada, que so frutificaes de seu agente
causal, o fungo Pellicularia filamentosa.
O controle pode ser feito com sucesso com a aplicao de
produtos cpricos, ou base de ditiocarbamatos, ambos na dosagem
de 200 g/100 L de gua, to logo se distingam as primeiras leses.
Qual a causa da antracnose do limo Galego e qual seu
controle?
A antracnose da lima cida Galego causada pelo fungo
Gloeosporium limetticola. Os primeiros sintomas ocorrem em condi-
es de alta umidade, afetando frutos e folhas. Nos frutos, as leses
so corticosas, salientes, apresentando pequeno rego em torno da
salincia. As leses ocorrem em nmero reduzido, uma ou duas por
fruto.
Nas folhas, as leses causam intensas deformaes, distores,
manchas necrticas salientes pardacentas, que chegam a corroer
parte do limbo foliar, deixando pequenos furos.
A antracnose do limo Galego uma doena secundria e s
se recomenda o controle em casos excepcionais de alta infestao
dos frutos. Nesses casos, deve-se aplicar, antes do surgimento dos sinto-
mas, um fungicida base de benomyl ou um produto base de cobre.
Qual a causa da falsa melanose ou mancha-de-graxa, em
citros, e quais os sintomas?
Essa doena causada por fungos do gnero Mycosphaerella,
as leses ocorrem nas folhas onde notam-se manchas oleosas, entre
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os tecidos, de colorao castanha, tendendo ao negro, lisas ao tato,
salientes, rodeadas de um halo amarelo. So muito comuns em regies
de inverno chuvoso e aparecem com intensidade em perodos de
alta umidade. Caso persistam as condies climticas adequadas
pode ocorrer um severo desfolhamento.
O controle somente recomendado quando o desfolhamento
comear a causar danos econmicos produo. A aplicao de
mancozeb aps a florada e antes do perodo chuvoso diminui a
intensidade dos sintomas.
Qual o agente causal e quais os sintomas da podrido-pedun-
cular?
A podrido-peduncular uma doena que ataca o fruto maduro
na fase da colheita, mas os maiores estragos ocorrem na fase de ps-
colheita, quando o fungo, que permanece no pednculo do fruto
colhido, germina e penetra nos tecidos, ocasionando sintomas de
apodrecimento mole, tornando o fruto muito flcido.
O agente causal o fungo Diaporthe medusae, e o controle
deve ser feito principalmente na poca da colheita, tomando cuidado
para no machucar o fruto, retirando parte do pednculo e armaze-
nando os frutos em locais arejados, limpos e com temperatura em
torno de 5C a 10C.
Qual a causa do falso-exantema e quais os sintomas?
O falso-exantema causado pela picada do inseto chamado
Platylus bicolor, que prefere ramos tenros. Nesses ramos aparecem
protuberncias devidas ao acumulo de goma nos tecidos internos,
que fora a casca. Depois de algum tempo, a casca, assim forada,
se rompe em rachaduras longitudinais de onde exsuda uma espcie
de goma. Quando no h rachadura, as protuberncias vo diminuin-
do ao passo que os galhos envelhecem.
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Quando aparecem muitos ramos afetados, recomenda-se o
controle do inseto com pesticidas menos agressivos ao meio ambiente,
e registrados para citros.
O que causa e quais os sintomas do creasing , ou deforma-
es da casca dos frutos?
A causa fisiolgica, e parece ser devida a uma carncia de
potssio. No fruto afetado, notam-se reentrncias e salincias anor-
mais devidas falta de formao do albedo. Frutos com essa
anomalia, quando embalados, podem abrir rachaduras, facilitando
a entrada de fungos oportunistas.
Qual a causa do colapso-do-mesfilo e quais os sintomas
mais visveis?
A causa fisiolgica envolvendo aspectos nutricionais. Notam-
se, no limbo das folhas, reas claras, transparentes, devidas ao colapso
das clulas do tecido interno da folha.
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Doenas Bacterianas
Francisco Ferraz Laranjeira Barbosa
Hermes Peixoto Santos Filho
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Qual a causa da clorose-variegada-dos-citros?
A clorose-variegada-dos-citros, ou amarelinho, causada por
uma bactria sistmica denominada Xylella fastidiosa, que habita o
lenho das plantas.
De incio, considerou-se essa doena como uma nova anorma-
lidade das plantas ctricas, recebendo a denominao de amarelinho-
dos-citros. Entretanto, depois de observaes mais cuidadosas sobre
a sintomatologia, passou-se a cham-la de clorose-variegada-dos-
citros (CVC).
Como se dissemina a CVC?
A disseminao dessa doena feita por insetos (cigarrinhas)
especficos da planta ctrica. A disperso da bactria em mdias e longas
distncias, a partir de um foco inicial, feita por meio da comerciali-
zao de mudas contaminadas e de material vegetativo infectado,
utilizado para a enxertia.
Por que as mudas so o veculo mais importante na dissemi-
nao da doena?
Porque a bactria necessita de cerca de dois anos para comear
a apresentar os sintomas de frutos duros e pequenos, que constitui o
fator mais importante dessa doena. A planta que resulta de muda
feita com borbulhas contaminadas ir produzir frutos midos desde
o incio da produo.
Quais as plantas mais afetadas pela CVC?
As plantas que apresentam sintomas mais acentuados, em
condies de campo, possuem entre 2 e 6 anos de idade.
Algumas variedades apresentam menores ndices de ataque da
clorose-variegada, mas como os resultados variam de regio, ainda
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no possvel identificar variedades com alta resistncia. No entanto,
as variedades Lue Gim Gong e Westin, classificadas como moderada-
mente suscetveis, so as que apresentam o melhor comportamento
frente doena.
As tangerinas, limes e pomelos so consideradas as espcies
mais resistentes doena, bem como as tangerineiras Cravo e
Ponkan. O tangor Murcott, os limes verdadeiros Siciliano e
Eureka e as limas cidas Tahiti e Galego cultivadas em reas
altamente infectadas no apresentam sintomas da doena.
Quais os sintomas visuais mais notveis da CVC?
As laranjeiras ata-
cadas apresentam sinto-
mas na parte area, na
forma de clorose das fo-
lhas nos setores mediano
e superior da copa, seme-
lhante s deficincias de
zinco, potssio ou molib-
dnio, atingindo poste-
riormente toda a planta.
s manchas clor-
ticas, na parte de cima das folhas, correspondem bolhosidades cor
de palha, na face de baixo, parecidas com os sintomas de toxidez-
de-boro. Os frutos ficam pequenos, com a casca endurecida, e
amarelecem precocemente. As plantas severamente atacadas exibem
galhos com folhas e frutos pequenos na parte superior da copa e
desfolhamento dos ponteiros.
Quais as medidas de controle mais eficientes da CVC?
Como ainda no existe uma nica medida de controle eficiente,
necessrio que as prticas culturais se voltem para o controle do
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inseto vetor. As medidas de controle tm que ser feitas em conjunto
para uma possvel convivncia com a doena. Essas medidas visam
impedir a entrada da CVC em reas sem a doena, diminuir seus
efeitos, dificultar sua disseminao no pomar e selecionar plantas
para estudos de resistncia.
Existem meios de impedir a entrada da CVC numa regio
isenta?
Sim. Existem meios de impedir a entrada da doena em regies
isentas, como:
Exercer vigilncia permanente nas barreiras, evitando o
transporte indiscriminado de mudas.
Fazer plantio de mudas sadias, adquiridas em viveiros registra-
dos, evitando a comercializao de mudas provenientes de
regies contaminadas.
Manter o pomar com as ruas limpas e o mato baixo, nas
entrelinhas.
Realizar inspees peridicas nos pomares para detectar a
presena de cigarrinhas e focos iniciais da doena. Plantas
com menos de 4 anos, com frutos pequenos, so irrecupe-
rveis.
Fazer aplicaes quinzenais de inseticidas, nos viveiros,
quando as plantas estiverem emitindo novas brotaes.
Os viveiros devem ser instalados a cerca de 200 m de pomares
ctricos.
Procurar nos pomares afetados, plantas de elite, remanescen-
tes e sem sintomas, com bom aspecto vegetativo.
Comunicar imediatamente aos rgos de pesquisa, para mul-
tiplicao e estudo do potencial de resistncia dessas plantas.
A poda realmente exerce um controle satisfatrio da CVC?
A poda dos ramos deve ser feita a uma distncia de 50 a 70 cm,
a partir da ltima folha inferior com sintomas. A poda visa diminuir
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densidade de in-
culo e deve ser feita
quando o pomar esti-
ver sob controle, para
deteco dos focos
iniciais.
Qual o agente causal do cancro-ctrico e quais seus sintomas?
O cancro-ctrico uma doena causada pela bactria
Xhantomonas axonopodis pv. citri, que provoca leses nas folhas,
frutos e ramos e sua queda, reduzindo a produo.
Nas folhas, os sintomas comeam com o surgimento de man-
chas amarelas pequenas, que crescem aos poucos, transformando-
se em leses corticosas salientes, localizadas nos dois lados do limbo
foliar.
Com o envelhecimento da leso, aparece um halo amarelo
bem delineado em sua volta. Nos ramos, as leses so crostas salientes
de cor parda, semelhantes das folhas, porm agrupadas, recobrindo
extensas reas.
Nos frutos, os sintomas so inicialmente superficiais, com leses
necrticas salientes, que provocam o rompimento da casca, possibi-
litando a entrada de outros microrganismos que iro acelerar a
podrido.
Existem variedades ctricas resistentes ao cancro-ctrico?
Existe ampla variao nos nveis de resistncia ao cancro-ctrico
entre espcies, hbridos e cultivares de citros.
Variedades resistentes:
A lima cida Tahiti.
As tangerinas Satsuma, Tankan e Ponkan e Calamondim.
A laranja Azeda Double Calice.
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Variedades suscetveis:
A lima cida Galego.
O limo Siciliano.
As laranjas Bahia e Baianinha.
A tangor Murcott.
As tangerinas Kara, e, Oneco.
O tangelo Orlando.
O pomelo Marsh Seedless.
As variedades de laranja doce mais resistentes so:
Folha Murcha.
Moro.
Sangunea de Mombuca.
Lima Verde.
Navelina.
Pera.
O controle qumico do cancro-ctrico eficaz?
O controle qumico deve ser empregado como um componente
do controle integrado, visando proteger, de infeco, as brotaes
novas. Isoladamente, o controle qumico no tem poder curativo e
ineficiente. Os bactericidas cpricos so os mais indicados, principal-
mente quando aplicados em cultivares ctricas com nveis interme-
dirios de resistncia.
Quais os principais mtodos de controle do cancro-ctrico?
A preveno a melhor arma contra o cancro-ctrico e deve
ser feita j na implantao, ou renovao, do pomar, usando mudas
sadias e fazendo plantio de quebra-ventos. Os cuidados devem ser
redobrados durante a colheita. Essa fase a mais favorvel para a
disseminao da doena por causa do intenso trnsito de pessoas e
materiais dentro da propriedade. O controle da larva minadora deve
ser feito de modo eficiente sempre que, no talho, 50% das plantas
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apresentarem brotaes novas. Escadas, sacolas e caixas devem ser
desinfetadas.
Antes de entrarem no pomar, os trabalhadores devem trocar
de roupa e fazer a desinfeco de mos e calados. Para o transporte,
deve-se evitar que os caminhes entrem nos pomares. Veculos e
quaisquer outros equipamentos, que entrarem no pomar, tambm
devem ser desinfetados, passando por um arco rodolvio, e os restos
de colheita como qualquer material vegetal devem ser eliminados.
Ainda se faz erradicao de pomares por causa do cancro
ctrico?
Sim. As medidas
regulatrias so estabe-
lecidas pelo Ministrio
da Agricultura e incluem
leis, decretos, portarias e
normas para prevenir a
introduo e dissemi-
nao da bactria em
novas reas e sua ocor-
rncia em novos plantios.
A Campanha Nacional de Erradicao do Cancro Ctrico
(CANECC), rgo do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abasteci-
mento (Mapa), no Decreto Lei n
o
65061, estabelece que a bactria
deve ser eliminada de plantas contaminadas.
Existem outras bactrias que afetam o citros?
Sim. Ainda no registrada no Brasil, a bactria Pseudomonas
syringae pv. syringae causa o secamento dos tecidos de ramos, brotos
e folhas, e manchas escuras nos frutos. A doena conhecida nos
Estados Unidos como citrus blast.
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O que greening?
Tambm denominada huanglongbing (HLB), o greening uma
doena causada por uma bactria, recentemente descoberta no Brasil
e ainda sem denominao em portugus.
Qual a importncia do greening?
Nos pases onde ela ocorre, os prejuzos so enormes porque
a doena deixa a planta improdutiva, e os frutos ficam deformados e
imprestveis para qualquer tipo de uso, com o agravante de ser trans-
mitida por borbulhas e por um inseto vetor.
Quais os sintomas do greening?
O sintoma inicial um ramo amarelecido em contraste com a
cor normal do resto da planta. As folhas apresentam manchas
irregulares com reas de cor verde e amarela. Os frutos tornam-se
deformados e assimtricos.
Existe algum mtodo de controle do greening?
Depois de instalada na planta no h como controlar essa
doena. A planta tem que ser erradicada. O controle preventivo
consiste na utilizao de mudas registradas, oriundas de borbulheiras
protegidas e adquiridas em viveiros telados.
Recomenda-se tambm o controle qumico do inseto vetor, em
pomares novos, com inseticidas sistmicos aplicados via tronco ou
no solo; e em pomares em produo, por meio de pulverizaes
com neonecotinides, fosforados ou piretrides.
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Doenas Virticas
Paulo Ernesto Meissner Filho
Hermes Peixoto Santos Filho
Cristiane de Jesus Barbosa
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Quais as principais viroses que ocorrem nos pomares ctricos
do Brasil?
As principais viroses dos pomares ctricos do Brasil so:
O vrus-da-tristeza-dos-citros (Citrus tristeza vrus, CTV), que
causa a doena tristeza-dos- citros.
O vrus-da-sorose-dos-citros (Citrus psorosis vrus, CPsV), que
causa a doena sorose-dos-citros.
O vrus da leprose-dos-citros (Citrus leprosis vrus, CiLV), que
causa a doena leprose-dos-citros.
Todos os vrus so transmitidos pela borbulha?
No. So transmitidos pela borbulha somente os vrus que
circulam na seiva, tambm chamados sistmicos, como o vrus-da-
tristeza e o vrus-da-sorose. O vrus-da-leprose considerado um vrus
localizado, pois fica restrito leso original da picada do inseto vetor.
O que uma planta tolerante a uma virose?
Uma variedade tolerante uma variedade que, ao ser infectada
pelo patgeno, no desenvolve a doena de maneira severa, de modo
que as perdas so menores do que em uma variedade que no possui
tolerncia. A tolerncia um tipo de resistncia.
O que uma planta imune a uma virose?
Planta imune significa planta livre de doena por no possuir
qualidades favorveis para o desenvolvimento do patgeno.
Quais so as medidas gerais para o controle de viroses dos
citros?
As medidas gerais para o controle de viroses so:
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Usar mudas e gemas obtidas de plantas sadias para a forma-
o de pomares.
Estabelecer os viveiros distantes de plantios de citros.
Manter viveiros, borbulheiras e matrizes em telados prova
de insetos.
Treinar pessoal para reconhecimento visual das plantas com
sintomas de viroses, no incio da ocorrncia.
Vistoriar o plantio periodicamente, eliminando as plantas com
sintomas de viroses. Para que a erradicao de plantas
doentes d bons resultados, necessrio que todos os
produtores da regio faam esse tipo de controle.
Manter o pomar, a rea e sua volta livres de plantas dani-
nhas, a fim de evitar a formao de possveis colnias de
vetores e fonte de vrus.
Erradicar as plantaes velhas bem como plantas isoladas.
O que indexao?
Indexao a realizao de testes com plantas matrizes ou
com mudas, a fim de certificar que elas esto livres de viroses.
O que pr-imunizao?
Pr-imunizao
uma tcnica que provoca
a infeco de uma planta
com uma estirpe fraca de
um vrus, para que ela
venha a oferecer proteo
contra uma estirpe forte,
garantindo, dessa maneira,
um controle de manifes-
taes severas da doena.
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possvel obter plantas sadias de uma planta infectada?
Sim. Fazendo-se cultura de tecidos com meristemas obtidos de
uma planta infectada com viroses, ou utilizando a microenxertia,
possvel obter plantas sadias. Manter as plantas infectadas em tempe-
raturas elevadas, durante algumas semanas, tambm permite a
produo de plantas sadias.
necessrio remover da lavoura as plantas infectadas com
viroses j erradicadas?
No. Basta picar as folhas para acelerar seu murchamento e
decomposio.
Atualmente, qual a virose mais importante para a cultura do
citros?
Atualmente, a virose mais importante para os citros a leprose.
O que causa a leprose nos citros?
A leprose causada por um vrus localizado, transmitido pelo
caro-vermelho (Brevipalpus phoenicis).
Quais as variedades mais afetadas pela leprose?
Essa doena ataca com mais efetividade as laranjas doces, mas
j foi relatada, em menor intensidade, nas seguintes variedades:
laranja Azeda, tangerinas Cravo, Mexerica e Clepatra, limes
Siciliano, Ponderosa e Galego, lima da Prsia, Cidra e Pomelos.
Quais so os sintomas da leprose?
Os sintomas da leprose so os seguintes:
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Nas folhas, ocorrem leses rasas, visveis nas duas faces, e
bastante variveis de acordo com a variedade infectada.
De modo geral, so amareladas e arredondadas, s vezes
com o centro marrom ou necrosado.
Nos frutos, as leses comeam a aparecer quando os frutos
medem cerca de 5 cm de dimetro e apresentam-se, inicial-
mente, com manchas rasas, amareladas, que vo aumentando,
tornando-se deprimidas e escuras medida que os frutos
amadurecem.
Nos ramos novos, os sintomas tm incio com manchas ama-
reladas, rasas, que vo se tornando salientes, de cor marrom
a avermelhada. Quando mais velhas, tomam um aspecto de
cortia, cor de palha e, dependendo de seu nmero, podem
causar a seca do ramo.
Quais as recomendaes para controlar a leprose dos citros?
Antes de mais nada, deve-se adotar a seguinte medida:
Fazer inspees regulares para determinar o nmero de
caros nos frutos. Deve ser amostrado um mnimo de 20 plan-
tas por talho. Quando for constatada infestao com caros
em mais de 5% das plantas, recomenda-se o controle qumi-
co com acaricidas.
Outras medidas de controle recomendadas so as seguintes:
Plantio de mudas sadias.
Poda de limpeza.
Controle de plantas daninhas.
Colheita antecipada.
Qual a melhor poca para aplicar os acaricidas?
Como os sintomas da doena aparecem por volta de 20 dias
aps a picada do caro, o conhecimento da poca em que ele aparece
facilita a aplicao do acaricida no momento correto. Como o caro
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adquire resistncia aos produtos, recomenda-se alternar o uso de
acaricidas do mesmo grupo.
Qual o agente causal da tristeza-dos-citros?
A tristeza causa-
da por um vrus deno-
minado vrus-da-triste-
za-dos-citros (Citrus
tristeza virus, CTV), e os
sintomas dependem do
tipo de combinao en-
tre copa e porta-enxerto.
A combinao de laran-
ja doce (copa) sobre la-
ranja azeda (porta-enxerto) pode matar a planta.
Em outras combinaes de copa e porta-enxerto, podem
ocorrer:
Declnio lento da planta.
Deformao e diminuio no tamanho dos frutos.
Reduo da produo.
Caneluras (stem pitting) nos ramos.
O que canelura ou stem-pitting?
Stem-pitting um dos sintomas causados pelo vrus-da-tristeza-
dos-citros nos ramos, ou no tronco, de plantas suscetveis infectadas.
Com a infeco pelo vrus, h a produo de sulcos ou caneluras
nos ramos, que ficam impregnados de goma.
O que causa a tristeza-de-capo-bonito?
Essa virose causada por uma variante (estirpe) do vrus-da-
tristeza.
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Como transmitido o vrus-da-tristeza?
Esse vrus transmitido por pulges e pelo uso de borbulhas
infectadas.
Qual o procedimento de rotina para identificar o vrus-da-
tristeza em um plantio?
O procedimento de rotina consiste em:
Colher ramos maduros (arredondados), retirar a casca e
verificar a presena de caneluras.
Enxertar mudas de limo Galego com borbulhas das plantas
em teste.
Encaminhar amostras ao laboratrio para a realizao de teste
sorolgico de ELISA.
Qual a forma correta de controle do vrus-da-tristeza nos
plantios?
A forma correta de controle do vrus-da-tristeza consiste em:
Plantar mudas pr-imunizadas contra a tristeza.
No utilizar a combinao copa/porta-enxerto de laranja
doce/laranja azeda, uma vez que essas mudas morrem ao
serem infectadas pelo vrus.
Que virides causam doenas de citros no Brasil?
Os virides causadores de citros no Brasil so:
O viride da exocorte (Citrus exocortis virus, CEVd).
Variantes patognicos do viride do nanismo do lpulo (Hop
stunt viroid, HSVd) que causa a xiloporose.
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O que causa a exocorte nos citros e quais os sintomas?
Essa doena causada pelo viride da exocorte (Citrus exocortis
viroid, CEVd), que provoca descamamento e fendilhamento na base
do tronco, bem como diminuio do vigor da planta.
Como o viride da exocorte transmitido?
Esse viride transmitido por:
Ferramentas de corte contaminadas com seiva de plantas
infectadas.
Uso de borbulhas obtidas de plantas infectadas.
Qual a maneira correta de controle da exocorte?
A maneira correta de controle da exocorte consiste em:
Adquirir as borbulhas de instituies que as produzem por
microenxertia, que um tcnica segura de produzir plantas
sadias.
Retirar borbulhas de plantas livres de exocorte.
Desinfestar as ferramentas de corte utilizadas no pomar,
mergulhando-as em soluo contendo 2% de hidrxido de
sdio e formaldedo.
O que causa a xiloporose nos citros?
A xiloporose causada por variantes patognicos do viride
do nanismo do lpulo, HSVd.
Quais os principais sintomas da xiloporose?
A xiloporose provoca amarelecimento e formao de goma na
casca. Ocorrem salincias na parte interna da casca, a que correspon-
dem depresses no lenho.
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Como o viride da xiloporose transmitido?
Esse viride transmitido por borbulhas obtidas de plantas
infectadas e por ferramentas de corte contaminadas.
Como controlada a xiloporose?
A utilizao de borbulhas sadias, a microenxertia e o uso de
clones nucelares permitem obter plantas sadias. Deve-se, tambm,
desinfestar os instrumentos de corte com soluo de hipoclorito de
sdio.
Quem o causador do declnio nos citros e quais os seus
sintomas?
O declnio dos citros uma anormalidade que ocorre na planta
ctrica, ainda de causa desconhecida.
Apesar dos citros apresentarem outros tipos de declnio causa-
dos pela idade, estresse hdrico, doenas de razes e troncos, esse
tipo de declnio apresenta sintomas particulares como:
Entupimento dos vasos condutores de seiva.
Acmulo de zinco nos tecidos da casca.
Murchamento das folhas.
Morte da copa acompanhada com brotao intensa do porta-
enxerto.
Brotao intensa no meio da copa, com os ramos crescendo
para cima, formando um ngulo reto e paralizao do cresci-
mento.
Com a paralizao do crescimento, as folhas ficam sem brilho
e caem; morrem os ramos e depois de alguns anos morrem as plantas
infectadas.
Os sintomas so observados em plantas com 7 a 10 anos de
idade.
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Quais as combinaes copa/porta-enxerto mais suscetveis
ao declnio?
O declnio produz sintomas em todas as plantas enxertadas
com limo Cravo, limo Rugoso, limo Volkameriano e Poncirus
trifoliata.
E quais as combinaes mais resistentes?
A combinao com o porta-enxerto laranja Caipira no produz
sintomas.
Como identificar as rvores afetadas pelo declnio?
Para identificar as rvores afetadas pelo declnio, deve-se fazer
o teste de injeo de gua, por presso, no tronco das plantas suspeitas
de estarem infectadas, ou verificar o acmulo de zinco no xilema
das plantas afetadas.
Como o declnio transmitido?
Experimentalmente, essa doena foi transmitida pela enxertia
de razes de uma planta doente em uma sadia.
Qual a forma correta de controle do declnio dos citros?
A forma correta de controle do declnio arrancar as plantas
doentes substitundo-as por plantas sadias.
O que provoca a sorose?
A sorose causada pelo vrus-da-sorose dos citros (Citrus
psorosis vrus, CPsV).
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Quais os sintomas da infeco pelo vrus-da-sorose?
O vrus-da-sorose provoca o descascamento do tronco, e a
produo de extensas reas necrticas, que muitas vezes apresentam
exsudao de goma.
Como transmitido o vrus-da-sorose nos citros?
Esse vrus transmitido por enxertia.
Qual a forma correta de controlar a sorose nos plantios?
A forma correta de controle da sorose a utilizao de mudas
sadias, que podem ser obtidas a partir de clones nucelares, ou pelo
tratamento de plantas pela termoterapia ou pela microenxertia.
Qual o agente causador da morte sbita (MSC)?
A hiptese mais provvel que a MSC seja causada por um
vrus e disseminada por um vetor de maneira muito semelhante
verificada com a tristeza dos citros. Caso essa hiptese se confirme, a
MSC se constitui numa sria ameaa citricultura brasileira, pois a
doena ataca principalmente as combinaes de limoeiro Cravo
como porta-enxerto, que representam 85% dos mais de 200 milhes
de rvores da citricultura brasileira.
Quais os sintomas da morte sbita dos citros?
Inicialmente, as plantas afetadas apresentam folhas de cor verde-
plida e desfolha, que se acentua com o desenvolvimento da
anomalia, semelhante aos sintomas do declnio dos citros. As razes
mostram-se apodrecidas e sem radicelas. Retirando-se a casca na
regio da enxertia observa-se, em sua parte interna, uma colorao
amarelada no encontrada nas plantas sadias.
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Em quanto tempo a planta atacada pela morte sbita vem a
morrer?
Entre o aparecimento dos sintomas e a morte da planta decor-
rem, aproximadamente, seis meses, sendo a evoluo dos sintomas
mais rpida na primavera.
Quais as variedades mais afetadas?
Quando enxertadas com limo Cravo, as variedades mais
afetadas so a:
Valncia.
Pra.
Hamlim.
Natal.
Westin.
Pineapple.
Nas enxertias com limo Volkameriano, s foi constatado
ataque na variedade Natal.
O que fazer para controlar a morte sbita?
At o momento
no existe uma medida
efetiva de controle da
doena, visto que no
se tem certeza da causa.
Pode-se, entretanto,
evitar e diminuir a inci-
dncia do problema
com as seguintes medi-
das:
No formar pomares com mudas tendo o limo Cravo como
porta-enxerto, em regies com a doena.
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No transportar material propagativo (borbulhas e mudas)
para fora das reas afetadas.
Interplantar, no pomar com a doena, plantas formadas com
porta-enxertos resistentes (Clepatra ou Sunki).
Produzir mudas em telados e com porta-enxertos resistentes.
Notificar o rgo especializado sobre o surgimento de plantas
com sintomas.
Antnio Souza do Nascimento
Nilton Fritzons Sanches
Aloysia Cristina C. de Noronha
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Pragas
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Existem pragas primrias e secundrias? Como distingui-las?
Sim. Existem pragas primrias e pragas secundrias.
Pragas primrias so as que ocorrem todos os anos, em altas
populaes, provocando danos econmicos, exigindo, por isso, me-
didas de controle. O caro-da-ferrugem, a ortzia, a larva minadora
(em viveiro ou em pomar novo), a cochonilha-escama-farinha e as
coleobrocas so consideradas primrias.
Pragas secundrias so as que ocorrem em baixas populaes,
raramente causam danos econmicos e, por isso, raramente exigem
medidas de controle. As moscas-das-frutas, a mosca-branca Aleuro-
thrixus floccosus, o pulgo-preto Toxoptera citricidus, a cochonilha-
verde Coccus viridis e o cabea-de-prego Chrysomphalus ficus so
classificadas como secundrias.
O controle do mato importante para o controle de pragas?
Sim. O mato deve ser capinado (mecnica ou quimicamente)
nas linhas e roado nas entrelinhas do pomar. O uso da grade deve
ser evitado ou limitado a uma ou duas vezes ao ano.
O que deve ser levado em conta no controle das pragas de
um pomar de citros?
No controle das pragas, preciso atentar para o conceito do
MIP (Manejo Integrado de Pragas) e classificar as pragas em primrias
e secundrias, adotando um sistema de monitoramento populacional
de pragas e inimigos naturais.
Qual o momento apropriado para fazer o controle de uma
praga em um plantio?
O momento mais apropriado para fazer o controle quando a
praga ameaa atingir nveis populacionais que provocam danos
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econmicos, o que pode ser detectado pelo monitoramento popula-
cional da praga.
Que defensivos agrcolas so recomendados para o controle
das principais pragas dos citros?
Para o controle das principais pragas dos citros, deve-se dar
preferncia aos agroqumicos de menor espectro de ao, ou seja,
os mais seletivos. Para isso, preciso consultar as tabelas com grades
de agroqumicos definidas pelas instituies oficiais.
Como possvel controlar o caro-da-ferrugem? Existe
controle biolgico?
Antes de decidir pelo controle qumico, necessrio fazer amos-
tragem da populao da praga no perodo de outubro a dezembro,
na Regio Nordeste, e nos perodos de primavera e vero, na Regio
Sudeste.
Em cada talho de 2 mil plantas, escolhem-se ao acaso 20 plantas,
colhem-se trs frutos por planta, e com uma lupa observa-se o nmero
de caros por fruto, em uma nica visada (1 cm
2
). Quando a infestao
mdia alcanar 10 frutos com 30 ou mais caros por cm
2
de fruto,
deve ser iniciado o controle qumico.
Alguns produtos indicados para o controle qumico so: aba-
mectin, dicofol, quinomethionate, enxofre e mitraz. Recomenda-se
a alternncia dos produtos em uma mesma safra. Adotando-se a
amostragem, possvel obter frutos limpos com uma a duas
pulverizaes por safra.
O controle do caro-da-ferrugem tambm pode ser feito com
o emprego do caro-predador, Iphiseiodes zuluagai, uma das espcies
mais comuns nesse tipo de controle.
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Que cochonilha causa mais problemas planta ctrica?
Dentre as cochonilhas que atacam as plantas ctricas, a ortzia
Orthezia praelonga a que causa os maiores prejuzos. O inseto
suga a seiva da planta, injeta toxinas e provoca o aparecimento da
fumagina (fuligem que recobre folhas, frutos e ramos).
A ortzia ataca em focos ou reboleiras. grande o nmero de
plantas ornamentais e cultivadas, que servem de hospedeiros da
praga, inclusive as ervas daninhas presentes no pomar ctrico.
Como se controla a ortzia?
Trata-se de uma
praga de difcil controle
e de custo elevado, por
isso necessrio fazer
inspees peridicas
(mensalmente). Uma vez
localizado o foco de ata-
que, as plantas infesta-
das devem ser marcadas
para fins de controle qu-
mico antes que ocorra a disseminao dentro do pomar.
Depois de marcadas, as plantas devem receber o seguinte
tratamento:
Capinas sua volta e retirada do mato capinado.
Poda dos ramos mais infestados e dos ramos secos, que de-
vem ser queimados ou enterrados.
Controle qumico com inseticidas sistmicos (dimethoato
75 a 125 mL/100 L de gua; acetato 120 a 159 g/100 L de
gua), em pulverizaes ou com granulados, no solo (aldicarb
40 a 80 g/planta).
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Adubao orgnica e mineral visando fortalecer a planta.
(repetir a operao dois meses aps, se necessrio).
Controle biolgico distribui joaninhas (coccineldeos) em
pomares infestados, dando preferncia a Pentilia egena,
Sagreus bimaculosus, Hyperaspis silvestrii e Diomus sp.
Ofungo Cladosporium clodosporioides, na concentrao de
300 mil esporos por mL, pode controlar a populao da praga
em 80% em condies de campo, se aplicado em perodos
midos. Outra opo a utilizao do caracol rajado (Oxysti-
la pulchella).
Como devem ser feitas as pulverizaes e a aplicao de
inseticidas granulados no solo?
Os granulados devem ser aplicados em sulcos de 10 a 15 cm
de profundidade, na projeo da copa, na proporo de 10 a 30 g
por rvore.
As pulverizaes devem ser feitas molhando abundantemente
a face inferior das folhas, os ramos e o troco das plantas.
Deve-se pulverizar o pomar contra a larva minadora?
O controle qumi-
co mais recomenda-
do quando se trata de
viveiros ou de pomar
recm-instalado.
Em pomares adul-
tos, recomenda-se o
controle qumico so-
mente quando 40%
das plantas estiverem
afetadas. Os produtos
de maior eficincia so:
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O lufenoron.
O abamectin.
O imidacloprid.
Em pomares adultos, o controle qumico desaconselhvel em
razo do alto custo e, tambm, pelo fato de haver eficincia relativa-
mente alta dos inimigos naturais nativos e pelo bom desempenho do
parasitide Ageniaspis citricola, atualmente bem disseminado em
vrias regies do Pas.
Como feito o controle da broca-da-laranjeira?
Para controlar a broca-da-laranjeira, localiza-se, na planta, o
orifcio por onde a larva est expelindo a serragem, optando-se por
uma das seguintes medidas para mat-la:
Com o auxlio de um arame, atinge-se a larva no interior da
galeria. Utilizando uma seringa, injeta-se querosene ou um
inseticida fosforado no orifcio, fechando-o em seguida com
cera de abelha ou sabo em barra.
Introduz-se, no orifcio, 2 ou 3 g de gastoxim pasta (sulfeto
de alumnio).
Para o controle do adulto, utiliza-se a planta armadilha maria-
preta (Cordia curassavica). No perodo de janeiro a junho, faz-se a
coleta manual do besouro (de duas a trs vezes por semana) sobre a
planta armadilha. A maria-preta deve ser plantada num espaamento
de 100 a 150 m, de preferncia no contorno do pomar e em local
no sombreado. importante que essa operao seja iniciada logo
que apaream os primeiros besouros nas plantas armadilhas, o que
ocorre nos meses de janeiro e fevereiro.
Qual a importncia econmica da escama-farinha?
Essa praga causa danos mais elevados em pomares novos, de
2 a 3 anos de idade. O controle deve ser feito marcando as plantas
infestadas e pulverizando tronco e ramos com leo mineral em mistu-
ra com um inseticida (Triona + Methidation), ou outro fosforado.
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Quais so as moscas-das-frutas mais comuns nas lavouras
de citros?
So duas as moscas-das-frutas mais importantes, a Ceratitis
capitata (mosca-do-mediterraneo) e a Anastrepha fraterculus (sem
nome comum).
Deve-se controlar a mosca-das-frutas na cultura dos citros?
Sim. O controle deve ser
feito sempre que for consta-
tada a presena da praga, no
pomar, na seguinte seqncia:
Primeiramente, faz-se
o monitoramento po-
pulacional utilizando
armadilhas.
Quando o nmero
mdio de moscas/
armadilha/dia (MAD)
for igual a 1, inicia-se o controle utilizando isca txica.
Emprega-se um pulverizador costal com bico em leque (usa-
do para herbicida) ou pulverizador tratorizado, adaptado de
forma que sejam aplicados de 100 a 200 mL da calda por m
2
da copa das rvores, em ruas alternadas. O tratamento deve
ter incio antes da maturao dos frutos, e de acordo com o
ndice MAD (=1).
Em breve, o controle biolgico das moscas-das-frutas poder
ser efetuado em escala comercial com a criao massal e liberao
de parasitides (vespinhas que parasitam a larva da praga no interior
do fruto). A tecnologia j est disponvel no Brasil, mas esse processo
depende da instalao de uma complexo industrial, denominado
de biofbrica. O projeto da biofbrica Moscamed Brasil est
formalizado junto ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abasteci-
mento (Mapa).
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Alm dessas formas de controle, os frutos cados devem ser
recolhidos e enterrados. Essa medida contribui para reduzir a popu-
lao da mosca-das-frutas.
Que tipos de armadilha so utilizados no monitoramento
populacional das moscas-das-frutas e quais os atrativos usados?
As armadilhas usadas so do tipo McPhail e Jackson.
No tipo McPhail, utiliza-se atrativo alimentar base de
hidrolizado de protena ou melao de cana-de-acar.
No tipo Jackson, utiliza-se o atrativo sexual trimedlure.
Como feita a confeco dos frascos caa-moscas?
Para a confeco de frascos caa-moscas, utilizam-se frascos
vazios de soro hospitalar ou garrafas de plstico de gua mineral.
Na altura mdia da garrafa, faz-se uma reentrncia semelhante a um
cone invertido, com um basto de ponta arredondada e aquecida, e
furos de 3 mm a 5 mm, com uma broca ou com a ponta de um metal
aquecido, no vrtice afundado da reentrncia.
Como feita a instalao da armadilha ou frasco caa-
moscas?
As armadilhas ou frascos caa-moscas devem ser pendurados
no interior da copa da rvore, entre 1,50 m e 1,80 m de altura, na
proporo de uma armadilha por hectare.
Que espcies de coleobrocas so mais importantes do ponto
de vista econmico?
As coleobrocas mais importantes do ponto de vista econmico
so:
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Broca dos ramos (Diplosquema rotundicolle).
Broca da laranjeira (Cratosomus flavofasciatus).
Arlequim pequeno(Macropophora acentiffer.
Os danos causados so o enfraquecimento da planta, em razo
das galerias provocadas pelas larvas, no interior do tronco e ramos,
alm da quebra de galhos quando o ataque ocorre em ramos mais
finos.
Quais os benefcios do caracol rajado para o pomar ctrico?
O molusco Oxystyla pulchella, popularmente conhecido por
caracol rajado, contribui para a reduo das cochonilhas, caros,
fungos e lquens de cobertura, alm de ciclar macro e micronutrientes
no pomar.
Como combater
os caracis Auris
bilabbiata e o
Ausis sp., prejudi-
ciais aos citros?
O controle desses
caracis pode ser mec-
nico (catao manual) ou
qumico, em polvilha-
mento.
Quais os inimigos naturais mais importantes no controle das
cochonilhas?
So os fungos entomopatognicos, as joaninhas, bicho lixeiro,
caracol rajado, entre outros.
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Que danos a cochonilha-cabea-de-prego causa aos citros?
Os danos causados pela cochonilha-cabea-de-prego so o
definhamento das plantas e a mancha nos frutos.
Que danos o pulgo preto provoca na planta?
Os danos do pulgo preto so o encarquilhamento das folhas
e atrofia no desenvolvimento das plantas novas.
Qual a melhor forma de controle da abelha-cachorro?
A melhor maneira de controlar a abelha-cachorro destruir os
ninhos localizados nas proximidades do pomar e utilizar iscas base
de acar mascavo e inseticida.
Que danos as lagartas provocam planta ctrica?
As lagartas destroem a folhagem, mas raramente seu ataque
provoca dano econmico.
Quais as espcies de caros mais comuns em plantios ctri-
cos?
Os caros mais comuns so:
caro-da-ferrugem Phyllocoptruta oleivora.
caro-da-leprose Brevipalpus phoenicis.
caro-branco Polyphagotarsonemus latus.
caro-das-gemas Eriophyes sheldoni.
caro -purpreo Panonychus citri.
caro-mexicano Tetranychus mexicanus.
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Que prejuzos os caros causam aos citros?
Os prejuzos causados pelos caros so: depreciao da
qualidade do fruto, queda de folhas, transmisso de doenas, entre
outros.
Que prejuzos o caro-da-ferrugem causa citricultura?
Os prejuzos do caro-da-ferrugem so a reduo do peso do
fruto quando o ataque severo, depreciao do valor comercial em
razo da aparncia externa do fruto, alm da queda de folhas em
pocas de estiagens prolongadas.
Quais os principais caros-predadores observados em citros
e qual sua importncia?
So os caros da famlia Phytoseiidae, conhecidos como
fitosedeos, destacando-se as espcies:
Iphiseiodes zuluagai.
Euseius citrifolius.
Euseius concordis.
Euseius alatus.
Esses caros contribuem para a manuteno do equilbrio do
ecossistema regulando a populao dos caros-praga em nveis acei-
tveis ( sem causar prejuzos ao pomar), contribuindo para a reduo
do nmero de pulverizaes.
Quais as recomendaes quanto ao uso de acaricidas?
recomendvel fazer rotao de produtos com diferentes prin-
cpios ativos visando reduzir a resistncia dos caros a determinado
princpio ativo, e utilizar preferencialmente produtos seletivos, pois
muitos acaricidas e inseticidas-acaricidas so prejudiciais aos caros-
predadores.
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A aplicao de acaricida no seletivo deve ser feita em poca
de baixa populao dos predadores, informao que pode ser obtida
fazendo o monitoramento do pomar.
Existem espcies exticas de joaninhas que tambm podem
ser predadoras de pulges?
Sim, vrias. Uma esp-
cie, recentemente introdu-
zida no Brasil pela Embrapa
Mandioca e Fruticultura, o
Cryptolaemus montrouzieri,
muito eficiente no controle
de pulges, no s alimenta-
se desse inseto como tam-
bm de cochonilhas sem
carapaa, como a cochoni-
lha-branca-dos-citros, Pla-
nococcus citri.
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Nematides
Ceclia Helena Silvino P. Ritzinger
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Quais as principais espcies de nematides observados na
cultura do citros?
Vrias espcies de nematides j foram observadas na rizosfera
dos citros, destacando-se as seguintes:
Tylenchulus semipenetrans.
Pratylenchus sp.
Pratylenchus coffeae.
Pratylenchus brachyurus.
Pratylenchus vulnus.
Radopholus citri.
Radopholus similes.
Belonolaimus longicaudatus.
Meloidogyne sp.
Meloidogyne incognita.
M. javanica.
M. arenaria.
Xiphinema brevicola.
X. index.
Trichodorus sp.
Paratrichodorus sp.
Paratrichodorus lobatus.
P. minor.
Hemicycliophora sp.
Hemicycliophora arenaria.
Hemicycliophora nudata.
Quais os nematides que causam maiores danos citricul-
tura?
Os que provocam os maiores danos citricultura so:
Tylenchulus semipenetrans. (nematide-dos-citros).
Pratylenchus sp. (nematide-das-leses).
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Radopholus citri (do declnio rpido dos citros ou nematide-
caverncola).
Quais os principais sintomas e sinais de fitonematides na
cultura de citros.
Sintomas:
Na parte area, podem ocorrer clorose-foliar, diminuio no
tamanho das plantas (nanismo) e menor produo de frutos.
No sistema radicular, ocorrem deformaes e depaupera-
mento das razes, e, em estgios mais avanados, a planta
no tem sustentao. Nos horrios mais quentes do dia, as
plantas tambm podem apresentar murcha, mesmo com
disponibilidade de gua. Pode ocorrer descolorao e queda
das folhas e prolongamento do estgio vegetativo.
Sinais:
Depauperamento das razes acompanhado de necroses.
Menor volume radicular.
Presena de galhas.
Nodulaes em razes.
Razes lisas, como se tivessem sido lavadas, sem as radicelas
ou plos radiculares.
Por que os sintomas de nematides tornam-se mais visveis
medida que a planta ctrica envelhece?
Porque a planta mais velha sofre muito mais estresse do que a
planta mais nova, que ainda no produziu frutos, cujo sistema radicu-
lar, pouco profundo, suficiente para sustentar a copa.
Com o envelhecimento e a maturao das plantas ctricas, o
sistema radicular tende a desenvolver-se e aprofundar-se para susten-
tao da copa, sendo acompanhado pela populao de nematides,
que se multiplica e infecta maior nmero de radicelas (razes aliment-
cias).
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Dessa forma, o maior porte da planta no recebe sustentao
adequada do sistema radicular prejudicado pelos nematides em
sua funo de absoro de gua e nutrientes.
Existem tcnicas para identificao da ocorrncia de fitone-
matides na cultura de citros?
Sim. A observao de plantas com m formao, com sintomas
de deficincia nutricional, principalmente depois da adubao,
sugere a atividade de fitonematides e a necessidade de amostragem
do solo e razes para fins de anlise.
Plantas de porte menor, com amarelecimento ou queda de
folhas, ou com atraso na florao e frutos de tamanho reduzido, fora
de perodo de seca prolongado ou de excesso de umidade, tambm
merecem ser amostradas para anlises nematolgicas.
A presena de razes com ndulos ou de razes depauperadas,
lisas, sem radculas, tambm pode ser um indicativo da atuao de
fitonematides. Nesse caso, deve-se fazer coleta de amostra de solo
e razes para anlise em laboratrio especializado.
Em algumas situaes, necessrio lanar mo de mtodos
laboratoriais e de tcnicas mais sofisticadas, como a eletroforese, para
a extrao de nematides do solo e de razes.
possvel fazer o completo extermnio dos nematides?
No. impossvel eliminar totalmente os nematides de solos
infestados. Contudo, h diversas prticas culturais que facilitam a
reduo da populao de nematides, bem como a convivncia em
nveis abaixo do nvel de dano.
Que fatores dificultam o controle dos nematides?
Para estabelecer um bom controle necessrio conhecer a
quantidade de nematides no solo. Entretanto, muito difcil estimar
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185
a real quantidade de nematides, visto que as condies de solo e
os diversos estgios da cultura podem mascarar as estimativas.
O recomendvel estimar a populao de nematides em diversos
estgios da cultura.
Como os nematides podem sobreviver no solo em condies
desfavorveis ao cultivo dos citros?
Os nematides podem reduzir seu metabolismo, como tambm
se alimentar de outros hospedeiros como as plantas daninhas. Alm
disso, os restos culturais infestados e o grande nmero de espcies
de plantas e ervas daninhas hospedeiras desses nematides, na rea
de plantio, facilitam sua sobrevivncia e dificultam o controle.
Como ocorre a disseminao de nematides nas reas de
cultivo?
Uma vez que a locomoo dos nematides bastante lenta
nos solos, no passando de alguns centmetros por ano, sua dissemi-
nao basicamente dependente da ajuda do homem, seja por meio
do plantio de mudas contaminadas, seja pela gua de irrigao,
principalmente quando em sulco. A presena de plantas daninhas
hospedeiras e os equipamentos infestados utilizados nos tratos
culturais, principalmente nas prticas de adubao e capinas, tambm
facilitam a disseminao.
Quais as medidas de preveno e controle de fitonematides
em citros?
As medidas de preveno e controle dos fitonematides so:
Utilizar mudas sadias, com certificado de qualidade.
Evitar ocorrncia de estresse hdrico ou nutricional para que
as plantas no fiquem predispostas ao ataque de fitonema-
tides.
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Usar cultivares ou porta-enxerto resistentes.
Eliminar as ervas daninhas e plantas hospedeiras.
Fazer irrigao por gotejamento ou microasperso.
Monitorar a populao dos nematides por amostragem de
solo e razes, pelo menos em dois estdios da planta, corres-
pondendo emisso de novas razes.
Eliminar as plantas afetadas e de todos os restos culturais na
rea, pois o nematide pode permanecer em restos de razes
infectadas por perodo superior a 12 meses.
O que fazer para controlar os fitonematides antes do plantio?
Para o controle de fitonematides antes do plantio, preciso:
Fazer a anlise de solos com um ms de antecedncia, pelo
menos.
Em caso de infestao, recomenda-se deixar o solo em pousio,
por um perodo mnimo de seis meses. Revolver o solo para
expor restos culturais e favorecer seu aquecimento e assim
diminuir a populao de nematides.
Verificar a existncia, no mercado, de nematicidadas reco-
mendados e registrados no Mapa.
Utilizar somente mudas certificadas, isentas de fitonema-
tides.
Fazer o monitoramento da populao de possveis fitonema-
tides na rea de produo.
Incrementar o uso de matria orgnica, de modo a favorecer
o crescimento de microrganismos antagnicos.
Limpar os equipamentos sempre que se passar de uma rea
limpa e vigorosa para uma rea suspeita e vice-versa.
Como deve ser feita a coleta de solo para anlise nematolgica?
A rea de plantio deve ser, inicialmente, estratificada por tipo
de solo, textura, presena de plantas invasoras, histrico de cultivos
anteriores e topografia.
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Cada rea, de 10 ha, no mximo, deve ser amostrada com
20 subamostras, coletadas em zig-zag, de forma a cobrir toda a rea,
que devem ser bem misturadas em um balde ou recipiente limpo,
para ento ser feita uma amostra composta. Depois da secagem ao
ar livre, essa amostra composta deve ser embalada em uma caixa de
10 x 10 x 10 cm ou num saco de plstico, sem umidade, e enviada a
laboratrio autorizado, para anlise nematolgica.
Como feito o controle de nematides nos solos de pomares
j estabelecidos?
Aps o estabelecimento do nematide na rea de cultivo, sua
eliminao praticamente impossvel. A eliminao das plantas
afetadas e o isolamento da rea so as medidas mais seguras.
O que se deve fazer com as plantas atacadas por nematides?
Como o ataque de fitonematides geralmente ocorre em rebo-
leiras, o mais prtico :
Remover as plantas infestadas e queimar as razes atacadas.
Proteger a rea afetada com o plantio de espcies no hospe-
deiras, como crotalria ou mucuna.
Monitorar as plantas vizinhas, para certificar-se de que no
houve contato de razes das plantas infectadas com as plantas
sadias.
Em situaes especficas, dependendo da espcie do nema-
tide, do relevo e tipo de solo, recomenda-se inclusive uma
escavao ao redor da rea infestada para impedir o desloca-
mento de fitonematides procura de razes sadias, como
no caso do nematide-caverncola (Radopholus citri) e do
nematide-das-leses (Pratylenchus coffeae).
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Quais os sintomas e prejuzos do nematide-das-galhas nas
plantas ctricas?
Os sintomas desse fitonematide so:
Disfuno nas razes, que resulta no menor tamanho das
folhas e em clorose acentuada.
Reduo na produo.
O crescimento da raiz principal pode ser paralisado e ocorrer
uma proliferao de razes laterais.
Em infeces severas, a planta pode morrer antes que o
nematide complete seu ciclo.
Entretanto, como nem todas as espcies ctricas so suscetveis
a esse nematide, necessrio haver a identificao da espcie e
seu monitoramento no solo e nas razes.
Quais os sintomas caractersticos do declnio rpido dos
citros?
Os sintomas ca-
ractersticos do ataque
do declnio rpido dos
citros Radopholus citri
esto relacionados com
a formao de galerias
e extensas reas ne-
crticas no crtex, em
virtude da alimentao
e migrao do nema-
tide nos tecidos para-
sitados. Em conseqncia, as razes perdem sua capacidade de
absoro e sustentao. Alm disso, as plantas atacadas ficam mais
susceptveis a doenas causadas por fungos, como o Sclerotium,
Phytophthora e Fusarium.
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Quais os prejuzos que os nematides dos gnero Trichodo-
rus e Paratrichodorus causam planta ctrica?
Geralmente, esses nematides, quando associados ao sistema
radicular dos citros, reduzem o crescimento e alongamento das razes,
em razo de uma interrupo em sua zona de crescimento. Sua
importncia est mais relacionada a sua ocorrncia em viveiros, pois,
com a reduo do sistema radicular, as mudas desenvolvem-se menos
e, muitas vezes, podem apresentar sintoma de murcha acentuado.
Quais os danos que o nematide-anelado causa s plantas
ctricas?
Esse nematide, Hemicycliophora arenaria, possui duas cutcu-
las externas, sendo, por isso, muitas vezes citado como nematide-
anelado. A infeo causada por ele origina uma hiperplasia na regio
de crescimento das razes alimentcias. Esse sintoma diferente do
sintoma causado pelo nematide-das-galhas porque ocorre somente
na regio terminal das razes secundrias ou tercirias, ao passo que
as infeces causadas pelo nematide-das-galhas, as nodulaes
ocorrem ao longo das razes secundrias ou tercirias.
Como o nematide-dos-citros se manifesta?
Os sintomas so muito parecidos com os sintomas de origem
bitica ou abitica, que impedem o bom funcionamento do sistema
radicular. Por isso sua deteco pode ser tardia. Esse nematide, tam-
bm conhecido como o agente da morte lenta dos citros, caracteriza-
se por um crescimento populacional muito lento, em razo de sua
movimentao tambm lenta nos solos e de sua dependncia do
crescimento radicular dos citros.
Geralmente, o sintoma de sua infeco observado s aps
um perodo de 10 anos. As razes infectadas tm a aparncia suja,
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pois o nematide recoberto por uma massa gelatinosa que corres-
ponde massa de ovos. Se uma planta, altamente infestada, retirada
da rea e, imediatamente for feito o replantio de outra muda, no
mesmo local, esta nova muda ser rapidamente infestada e morre.
Essa situao muitas vezes conhecida como problema de replantio,
a qual muitas vezes pode envolver problemas com populaes de
diversas espcies de Phytophthora.
Quais os nematicidas mais utilizados na cultura do citros?
Em razo de restries relacionadas ao uso de produtos
qumicos, cujos resduos causam grande impacto no meio ambiente
e porque, muitas vezes, o produto pode no ser encontrado no
mercado ou no ter registro especfico para a cultura, recomenda-se
consultar um agrnomo credenciado para indicar o nematicida.
A forma, a dosagem e o modo de aplicao so descritos na emba-
lagem do produto.
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Uso de Agrotxicos
Hermes Peixoto Santos Filho
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O que um agrotxico?
Agrotxicos so produtos e agentes de processos fsicos,
qumicos ou biolgicos, destinados ao uso nos setores de produo,
armazenamento e beneficiamento de produtos agrcolas, nas
pastagens, na proteo de florestas nativas ou implantadas e de outros
ecossistemas e tambm de ambientes urbanos, hdricos e industriais,
com a finalidade de alterar a composio da flora e da fauna a fim de
preserv-las da ao danosa de pragas consideradas nocivas. Esto
includos na definio de agrotxicos, alm dos inseticidas,
fungicidas, acaricidas e bactericidas, os desfolhantes, dessecantes,
estimulantes e inibidores de crescimento.
Como os agrotxicos podem intoxicar as pessoas?
Os agrotxicos podem intoxicar as pessoas por via dermal,
drmica ou cutnea, isto , pela pele, pela respirao (nariz e boca)
e por via oral (boca).
Quais os critrios para a escolha do agrotxico?
Na escolha do agro-
txico a ser empregado
no tratamento fitossani-
trio do pomar, devem ser
levados em considerao
os seguintes aspectos:
A eficincia do produ-
to no controle da praga
ou doena em questo.
Possveis efeitos sobre os inimigos naturais.
Existncia de possveis efeitos sobre o inimigo visado, que
possam estimular a formao de raas resistentes.
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Grau de periculosidade para o homem, os animais e o meio
ambiente.
Ao usar o agrotxico, deve-se tomar cuidado especial com
o perodo de carncia, ou seja, com o intervalo recomendado
entre a ltima aplicao do defensivo e a colheita dos frutos,
de modo que o resduo se encontre abaixo do mnimo
considerado satisfatrio pelos padres toxicolgicos atuais.
verdade que as pragas adquirem resistncia aos agrot-
xicos?
Por seu modo de ao, alguns agrotxicos favorecem a forma-
o de raas resistentes do inimigo que se pretende combater, o que
precisa ser evitado quando o emprego do produto no pode ser
dispensado. esse o caso dos fungicidas sistmicos, atualmente no
mercado, razo pela qual sua utilizao deve ser feita com critrio.
Em razo de serem extraordinariamente eficientes contra certas
doenas de difcil controle, como a antracnose, no se pode deixar
de utiliz-los no pomar.
Para evitar a formao de raas resistentes, no entanto, a cada
trs ou quatro pulverizaes com o mesmo produto, deve-se alternar
com a aplicao de outro fungicida de contato, tambm eficiente
contra a doena.
Como saber se as misturas entre agrotxicos so compatveis?
muito difcil saber da incompatibilidade entre produtos, por
serem muitos e apresentarem diferentes tipos de incompatibilidade.
Entretanto, existem tabelas sobre essa incompatibilidade, que podem
ser consultadas pelo agricultor.
Como todo produto deve ser comprado ou aplicado com base
em receiturio agronmico, o agrnomo que emitir a receita deve
saber desses detalhes.
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Existem agrotxicos mais perigosos do que outros?
Sim. A distino de seu grau de periculosidade feita pela cor
da faixa colocada na base do rtulo dos produtos e por sua classifi-
cao, que varia de I para os mais txicos a IV para os menos txicos.
Todos os agrotxicos, porm, so perigosos. Em razo de sua
formulao, alguns tm um grau toxicolgico mais baixo, e
exatamente com esses que ocorrem os casos mais freqentes de
intoxicao, pois o aplicador se descuida, imaginando que o produto
menos perigosos.
O que princpio ativo?
Princpio ativo, ou ingrediente ativo, a substncia, o produto
ou o agente que efetivamente confere eficcia aos agrotxicos e afins.
no ingrediente ativo que est o perigo de intoxicaes e agresso
ao meio ambiente.
Qual a diferena entre calda bordaleza e calda sulfoclcica?
A calda bordaleza composta de cal virgem (1 kg ) e sulfato de
cobre (1 kg ), diludos em 100 L de gua.
A calda sulfoclcica composta de cal virgem (12,5 kg ) e de
flor de enxofre (25 kg ), diludos em 100 L de gua.
Qual a diferena entre calda bordaleza e pasta bordaleza, e
como devem ser utilizadas?
A calda bordaleza preparada dissolvendo-se 1 kg de sulfato
de cobre e 1 kg de cal virgem em 100 L de gua, e deve ser utilizada
em pulverizaes sobre folhas, ramos e troncos.
A pasta bordaleza mais concentrada, misturando-se 1 kg de
sulfato de cobre e 1 kg de cal virgem em 10 L de gua, e deve ser usada
em pincelamentos de troncos e ramos, no devendo ser pulverizada.
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Mrcio Eduardo Canto Pereira
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Ps-colheita
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Como verificar se o fruto est maduro e pronto para
colheita?
Para laranjas e tan-
gerinas, a maturao
caracterizada pela por-
centagem mnima de
suco (de 35% a 45%),
pelo teor de slidos so-
lveis (entre 9 e 10
Brix)
e pela relao slidos
solveis/acidez total
titulvel ratio (8,5-10).
Os valores dependem
de cada variedade.
No caso da lima cida Tahiti, a casca perde a rugosidade e
adquire colorao verde-clara, e os frutos atingem a porcentagem
mnima de 40% de suco.
O teor de slidos solveis pode ser obtido facilmente no campo,
com auxlio de um refratmetro, colocando algumas gotas do suco
no visor do aparelho, verifica-se os Brix olhando o visor contra a
luz. A porcentagem de suco obtida por meio da frmula % =
(PS*100)/(PF-PS), onde PS = peso do suco e PF = peso da fruta, so
valores obtidos com auxlio de uma balana.
Como se faz a colheita dos frutos?
Os frutos podem ser colhidos por toro do pednculo e arran-
quio, ou com o uso de tesouras ou alicates de colheita, cujas lminas
so curtas e de pontas arredondadas. O arranquio um mtodo mais
rpido, mas que provoca maior grau de danos aos frutos, principal-
mente na regio peduncular, favorecendo a entrada de patgenos e
a perda de gua.
A colheita com tesouras mais delicada e, comumente, utilizada
nos casos de frutos para exportao e tangerinas. realizada em duas
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etapas: na primeira, faz-se um corte para retirar o fruto do galho e, na
segunda, corta-se o pednculo rente ao clice.
Que cuidados devem ser observados na colheita?
Durante a colheita, deve-se:
Evitar colher frutos nas primeiras horas da manh, quando
ainda esto trgidos, ou com orvalho, e as bolsas de leo
presentes na casca dos frutos so facilmente rompidas, geran-
do manchas de oleocelose.
Descartar os frutos com cortes ou qualquer outro tipo de
injria.
Evitar a exposio ao sol dos frutos colhidos, bem como a
mistura de frutos colhidos com os que estavam no cho.
Como realizar as operaes de transporte at a empacota-
dora?
O transporte at a
empacotadora deve ser
feito preferencialmente em
caixas de plstico limpas,
para evitar danos aos frutos
por amassamento. Deve-se
evitar, tambm, o pisoteio
da carga e a sobrecarga.
Que tipo de fruto deve ser descartado na etapa de seleo?
Na etapa de seleo, devem ser descartados:
Frutos danificados mecanicamente.
Frutos verdes, com ratio baixa, fraca colorao de suco e
que podem gerar sabor estranho.
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Frutos muito maduros, facilmente afetados por doenas e
mais sensveis aos danos mecnicos, o que pode gerar sabor
estranho e contaminao do restante da carga.
Quais os critrios de classificao para a comercializao?
A classificao de laranjas, lima cida Tahiti e tangerinas baseia-
se na cor da casca (escala visual), no dimetro do fruto (mm) e na
presena de defeitos e manchas (%), que vo determinar a colorao,
a classe e a categoria do lote, respectivamente. Essas informaes
so veiculadas nos rtulos da embalagem.
Qual a relao da colorao da casca com a maturao dos
frutos?
Normalmente, a colorao verde associada a frutos imaturos
e a cor laranja a frutos maduros. No entanto, possvel obter frutos
maduros internamente e que ainda conservam a cor verde ou esver-
deada da casca. Esse fato acontece principalmente nas regies de
clima mais quente e de menor amplitude trmica, onde o desenvolvi-
mento da colorao laranja da casca durante a maturao do fruto
prejudicada pelas temperaturas mais altas.
Existe alguma tcnica para melhorar a colorao dos frutos?
Sim. a tcnica do desverdecimento, que consiste na exposio
dos frutos ao etileno, ou a produtos liberadores de etileno, fitormnio
gasoso que estimula a degradao da clorofila, responsvel pela cor
verde e o surgimento da colorao laranja.
Como se faz o desverdecimento?
Aps a lavagem e o tratamento com fungicida, os frutos devem
ser submersos em soluo de ethephon a 4000 mg/L, durante
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10 minutos. Solues de 1.000 e 2.000 mg/L tm oferecido bons
resultados, em alguns casos.
Aps a secagem e acondicionamento, os frutos devem ser
armazenados em cmara frigorfica com 90% de umidade relativa e
temperatura entre 15
o
C e 18
o
C para laranjas e tangerinas, e entre
18
o
C e 21
o
C para pomelos.
A temperatura influencia o processo de desverdecimento?
A temperatura de armazenamento afeta a colorao e a durao
do processo, que tambm varia de acordo com a cultivar e a regio
de cultivo. Temperaturas mais baixas favorecem o desenvolvimento
da cor laranja, mas prolongam o processo de desverdecimento.
Temperaturas acima de 28
o
C no so recomendadas.
A soluo utilizada para o desverdecimento pode ser reapro-
veitada?
A soluo de ethephon pode ser reutilizada por at seis meses,
desde que se tome o cuidado de armazen-la em recipiente fechado
para evitar perdas por evaporao.
possvel realizar o desverdecimento em cmara de armaze-
namento?
Sim. Para isso, injeta-se o gs etileno em concentraes de at
10 mg/L (ou ppm), por um perodo de 1 a 3 dias. A faixa de tempera-
tura recomendada de 20
o
C a 25
o
C, com umidade relativa de 90%
a 95%. Deve-se tomar cuidado com a renovao de ar dentro da
cmara a cada 12 ou 24 horas.
Existem limitaes para o uso do desverdecimento?
Concentraes muito altas de etileno e temperaturas altas (30
o
C)
podem inibir o processo e causar injrias na casca. O desverdecimento
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200
tambm acelera a senescncia dos frutos, favorecendo a incidncia
de doenas.
Qual a finalidade da cera aplicada aos frutos ctricos?
O enceramento objetiva melhorar a aparncia do fruto conferin-
do-lhe brilho, reduzindo a perda de peso, a transpirao e a murcha
do fruto. A aplicao de cera tambm contribui para a reduo da
incidncia de podrides e para o prolongamento da vida til ps-
colheita dos frutos.
Como se faz a aplicao da cera?
Na maioria dos
casos, utiliza-se cera
base de carnaba ou de
polmeros, no diluda,
por imerso dos frutos
ou por asperso. Aps
essa etapa, os frutos
passam pela secagem
em tnel de ar quente
ou com vento gerado
por ventiladores.
O polimento feito com escovas industriais, ou com pano limpo
e seco, quando o beneficiamento no mecanizado.
Quais as condies para armazenamento refrigerado dos
frutos ctricos?
As condies de armazenamento dependem da variedade, do
local de cultivo e do estgio de maturao do fruto. De modo geral:
Laranjas podem ser armazenadas a 5
o
C e entre 90% e 95%
de umidade relativa, por cerca de dois meses.
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201
Tangerinas so conservadas nas mesmas condies, por qua-
tro semanas.
Lima cida Tahiti conserva-se a 10
o
C e entre 90% e 95%
de umidade relativa, por quatro semanas.
Tratamentos fungicidas, filmes plsticos e cera auxiliam no
prolongamento da vida til ps-colheita dessas frutas.
A refrigerao pode prejudicar os frutos?
Temperaturas mais baixas que as recomendadas podem
ocasionar injrias pelo frio, gerando manchas de colorao vermelha
ou marrom e depresses na casca.
A umidade relativa tambm deve ser controlada para no
favorecer a incidncia de doenas, quando muito alta, ou a excessiva
perda de peso, quando baixa.
Quais so as embalagens usadas na comercializao?
As embalagens usadas so:
Caixas de madeira.
Sacos de polietileno ou propileno.
Caixas de plstico
Caixas de papelo ondulado.
As embalagens no devem causar danos aos frutos e devem
ter dimenses que permitam a paletizao conforme o Palete Padro
Brasileiro (PBR), de 1 x 1,20 m.
As embalagens podem ser reciclveis ou retornveis. Nesse
ltimo caso, devem ser limpas e desinfetadas a cada utilizao.
No caso de comercializao em sacos de 5 kg, recomenda-se
acondicion-los em caixas paletizveis.
O que paletizao?
A paletizao a organizao das caixas empilhadas em
camadas formando um paraleleppedo de dimenses conhecidas,
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202
chamado palete, a fim de
facilitar a movimentao
da carga e reduzir os da-
nos causados aos produ-
tos.
Quais as diferenas entre os tipos de embalagem?
As caixas de madeira so resistentes, mas causam danos aos
frutos e no permitem boa sanitizao, contribuindo para a contami-
nao e a m qualidade dos frutos.
As caixas de papelo ondulado tm maior custo que as de
madeira, mas so prticas, de boa resistncia, reciclveis e melhoram
a apresentao e as condies de higiene na comercializao.
As caixas de plstico so retornveis, mas dificultam a manuten-
o e a reposio, onerando a comercializao.
A rotulagem obrigatria?
Todas as embalagens
devem ser rotuladas de
acordo com a legislao
vigente, para identificao
do produto e para fins de
rastreabilidade. O rtulo
deve estar visvel para o
comprador, mesmo quan-
do as embalagens estive-
rem paletizadas, empilha-
das ou em exposio.
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Marlia Ieda da Silveira Folegatti
Fernando C. A. U. Matsuura
20
Aspectos Nutricionais,
Processamento
e Produtos
204
Quais os princi-
pais nutrientes
da laranja?
Os principais nu-
trientes da laranja so
acares, fibras, pots-
sio e vitamina C.
O processamento altera o valor nutricional das frutas
ctricas?
Isso pode acontecer. No processo de extrao do suco ocorre
sua exposio ao oxignio, provocando oxidao e perda de vitamina
C. Sempre que o processamento envolve um tratamento trmico,
tambm ocorre a degradao de vitaminas, principalmente da
vitamina C.
No processamento do suco concentrado congelado, ocorre a
concentrao dos nutrientes do fruto . No processamento de produtos
aucarados, como gelias, frutas em calda e cristalizadas, ocorre o
aumento do valor energtico pela concentrao dos nutrientes do
fruto e acrscimo de outros, como os acares adicionados no pro-
cessamento.
Como evitar perdas de vitamina C durante o processamento
de frutas ctricas?
As perdas de vitamina C podem ser minimizadas diminuindo-
se a incorporao de ar durante o processamento ou retirando o ar
incorporado, por processo de desaerao ou aplicando tratamentos
trmicos mais brandos.
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205
Quais as vantagens do processamento de frutas ctricas?
O processamento permite:
O aproveitamento de frutos fora dos padres para comerciali-
zao in natura (desde que no estejam comprometidos
quanto qualidade fisiolgica e microbiolgica).
O aumento do tempo de conservao e comercializao dos
produtos.
A agregao de valor.
A explorao de novos mercados.
Quais os principais produtos derivados de frutas ctricas?
Os principais produtos e subprodutos obtidos com o processa-
mento de frutas ctricas so:
Suco pasteurizado.
Suco concentrado congelado.
Pectina.
leos essenciais.
Xaropes.
Licores.
Gelias.
Frutas em calda.
Doces cristalizados, entre outros.
Que produtos derivados de frutas ctricas podem ser proces-
sados em pequena escala?
Os produtos que podem ser processados em pequena escala
so:
Licores.
Gelias.
Frutas em calda.
Doces cristalizados.
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206
Que tipo de laranja utilizado para o processamento de
sucos?
Para o processamento de sucos, so usados frutos maduros,
com ratio adequado, preferencialmente de variedades com elevado
rendimento de suco, como a Pra.
Conforme a poca do ano, podem ser usados blends (mistu-
ras) de sucos de diferentes variedades de laranja.
Em algumas regies do Brasil, so destinadas ao processamento
de sucos laranjas fora dos padres de qualidade para consumo,
como fruta de mesa.
Qual o ratio ideal para o processamento de sucos de
laranja?
Para a indstria, os frutos devem ser colhidos com um ratio
de 14-16. Frutos com esse valor apresentam adequado balano doce-
cido, o que influi favoravelmente no sabor do suco, alm de propor-
cionar maior rendimento para produtos concentrados.
O que ratio?
Ratio a relao entre o teor de slidos solveis totais (princi-
palmente, acares) e a acidez total titulvel dos sucos ctricos. uma
medida utilizada para verificar o estgio de maturao dos frutos.
Como processado o suco de laranja simples pasteurizado?
No processamento do suco de laranja simples pasteurizado,
frutos lavados e selecionados passam por operaes de extrao,
acabamento (em que se extrai parte da polpa presente no suco),
pasteurizao e embalagem.
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207
Quais os equipamentos necessrios para o processamento
de suco de laranja simples pasteurizado?
Os equipamentos necessrios so:
Lavador.
Esteira de seleo.
Extratores.
Finishers.
Pasteurizador (trocador de calor com placas).
Embaladora.
Como deve ser armazenado e qual o tempo de conservao
do suco de laranja simples pasteurizado?
O suco de laranja simples pasteurizado armazenado em
temperatura de refrigerao (de at 12
o
C) e tem vida de prateleira de
at sete dias.
Por que o suco de laranja desenvolve sabor amargo?
Durante o processo de extrao do suco, ocorre o rompimento
da casca e do albedo da laranja e a contaminao do suco com
alguns compostos presentes nessas estruturas, denominados
flavonides, responsveis pelo desenvolvimento do sabor amargo.
Esse problema pode ser minimizado pela reduo do contato do
suco com a casca da laranja, durante a extrao.
Como processado o suco de laranja concentrado conge-
lado?
As principais etapas do processamento do suco de laranja con-
centrado congelado so:
Lavagem.
Seleo.
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208
Extrao.
Acabamento.
Pasteurizao.
Evaporao.
Resfriamento.
Acondicionamento.
Congelamento.
Por que o teor de slidos solveis totais do suco de laranja
concentrado mais alto?
A remoo de parte da gua do suco de laranja pela concen-
trao possibilita a economia de espao para o acondicionamento,
transporte e comercializao da mesma quantidade de slidos da
fruta. O suco de laranja concentrado at o teor de slidos solveis
de 55 a 65Brix. Nessa concentrao, o suco, mesmo congelado,
permanece fluido. Essa concentrao de slidos favorece a
conservao do produto.
Como consumido ou utilizado o suco de laranja concentra-
do congelado?
Para ser consumido, o suco de laranja concentrado congelado
diludo at que atinja o teor original de slidos solveis da fruta.
Esse suco tambm pode ser usado para a elaborao de suco reconsti-
tudo, suco tropical (formulado com gua e acar), gelia e outros
produtos aucarados.
Como podem ser aproveitados os resduos do processamento
do suco de laranja?
Os principais resduos do processamento de laranja so casca,
albedo, polpa e sementes.
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209
A casca pode ser
aproveitada para a
obteno de leos
essenciais.
O albedo, para a
obteno de pectina.
A polpa pode ser de-
sidratada e/ou peleti-
zada e utilizada na
alimentao animal.
Quais as aplicaes da pectina na indstria de alimentos?
A pectina pode ser utilizada como agente geleificante e aerante,
na produo de gelias, doces em massa, balas, sobremesas, entre
outros produtos.
Como feita a gelia de laranja?
Para o processamen-
to de gelia, adicionam-se
ao suco de laranja acar,
cido ctrico (se necessrio
e em quantidade suficiente
para abaixar o pH para
3,0-3,2) e pectina. A mistu-
ra concentrada em tacho
aberto ou a vcuo, at apro-
ximadamente 67,5Brix.
Normalmente, parte da pectina e o cido so adicionados perto
do final da concentrao, para evitar a hidrlise da pectina. Emsegui-
da, feito o acondicionamento, em geral, em copos ou potes de
vidro com tampa metlica, o fechamento dos recipientes, sua inverso
e resfriamento.
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Como processado o doce de albedo cristalizado?
O albedo (de laranja ou pomelo) cristalizado obtido por
impregnao com xarope de sacarose e glicose at que a concentra-
o de acares seja suficientemente alta para conserv-lo.
O albedo, cortado em pedaos, submetido a uma fermentao
em salmoura (por 4 a 7 dias), lavado e imerso em xarope de 20Brix.
A cada intervalo de 24 horas, aumenta-se a concentrao do xarope
em 10Brix, at a completa saturao do albedo. Em seguida, o albedo
imerso em gua fervente, por 20 segundos, e seco em estufa entre
50C e 60C, por cerca de 8 horas, at que o produto obtenha umi-
dade final adequada (por volta de 20%).
Opcionalmente, pode-se aplicar uma camada de acar
finamente granulado superfcie do produto.
Como so processados os gomos de tangerina ou de pomelo
em calda?
A tangerina ou o pomelo em calda so feitos a partir de frutos
maduros de textura firme.
Os frutos so lavados em gua clorada corrente, seleciona-
dos, classificados, descascados e os gomos separados.
Os gomos so acondicionados em embalagens s quais
adiciona-se xarope de sacarose (em concentraes variveis).
A embalagem submetida exausto (retirada de ar) e
fechada.
Realiza-se ento o tratamento trmico (que esteriliza o pro-
duto) e o resfriamento.
Quais os equipamentos necessrios para o processamento
de gomos de tangerina ou de pomelo em calda?
Os equipamentos so: lavador, classificador, enchedeira, exaus-
tor de ar, recravadeira (quando so usadas latas), esterilizador do tipo
cozedor e resfriador.
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Quais as embalagens utilizadas e o tempo de conservao
de gomos de tangerina ou de pomelo em calda?
Os gomos de tangerina ou de pomelo em calda podem ser
embalados em latas ou em potes de vidro com tampa metlica.
O tempo de conservao do produto em calda varia, em geral, de
6 a 12 meses.
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Carlos Alberto da Silva Ledo
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Experimentao
Agrcola
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O que experimentao?
Experimentao uma atividade cujo objetivo estudar os
experimentos, ou seja, seu planejamento, conduo, coleta e anlise
dos dados e interpretao dos resultados.
Por que fazer experimentao com citros?
Geralmente, o objetivo da experimentao buscar solues
para determinados problemas demandados pelos agricultores, como,
por exemplo, qual o melhor espaamento a ser utilizado no plantio
de citros, qual o melhor mtodo de enxertia, que cultivar de citros
recomendar para determinado local, qual a melhor poca de plantio,
que lmina de irrigao utilizar, etc.
Quais os principais delineamentos experimentais utilizados
na cultura de citros?
Em experimentos instalados em condies controladas, como
em casas de vegetao, utiliza-se o delineamento inteiramente casua-
lizado. Nos experimentos instalados no campo, o delineamento mais
utilizado o de blocos casualizados.
Como deve ser a disposio de um bloco no delineamento
em blocos casualizados?
O bloco deve ser o mais homogneo possvel, podendo haver
diferenas marcantes de um para o outro. Em uma rea com gradiente
de fertilidade no sentido horizontal, os blocos devem ser dispostos
no sentido vertical.
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Como deve ser a parcela de experimentos de citros instalada
no campo?
Utilizam-se parcelas com duas a quatro plantas teis, no formato
quadrado ou retangular, com dimenses que variam de 4,0 a 7,0 mx
4,0 a 7,0 m.
Como deve ser conduzido o experimento com a cultura de
citros?
O experimento deve ser conduzido de forma a se obter a maior
preciso possvel, principalmente nas regies tropicais, em que as
condies climticas e de solo so muito heterogneas, contribuindo
dessa forma para o aumento do erro experimental.
Que fatores contribuem para aumentar o erro experimental?
Os fatores que contribuem para aumentar o erro experimental
so:
Heterogeneidade das parcelas experimentais, devida a varia-
es na fertilidade do solo, no nivelamento, textura e estrutura
do solo, drenagem, etc.
Heterogeneidade do material experimental dentro dos trata-
mentos.
Tratos culturais desuniformes, como adubaes, controle de
ervas daninhas, pragas e doenas.
Competio intraparcelar devida ao aparecimento de falhas
dentro da parcela.
Competio interparcelar devida competio com plantas
nas parcelas vizinhas.
Ataque de pragas, doenas e ervas daninhas que ocorrem
de forma localizada.
Amostragem de forma heterognea e no representativa da
parcela.
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Como deve ser avaliado o comportamento das cultivares de
citros?
Por se tratar de uma planta perene, a avaliao das cultivares
de citros deve basear-se no desempenho observado em diversas
colheitas.
Por que importante avaliar as cultivares de citros em diver-
sos locais?
As cultivares de citros apresentam comportamento diferenciado
dependendo do ambiente em que foram avaliadas. Em determinado
local, o desempenho dos citros o resultado da ao do gentipo
sob a influncia do ambiente. Quando se consideram vrios locais,
alm dos efeitos genticos e ambientais, tem-se tambm o efeito da
interao entre eles. Entende-se por efeito do ambiente as diferenas
de tratos culturais, condies climticas, condies do solo, etc.
Com base em que uma cultivar de citros recomendada
para determinado local?
A recomendao de cultivares de citros para locais especficos
baseia-se em anlises de adaptabilidade e estabilidade fenotpica.
Na conduo desses estudos, avalia-se um grupo de cultivares em
vrios locais. Com isso, possvel a identificao de cultivares de
citros de comportamento previsvel e que sejam responsivas s varia-
es do ambiente.
Como analisar os dados e interpretar os resultados de um
experimento?
Em virtude do fcil acesso aos pacotes computacionais de
anlise estatstica, observam-se anlises de experimentos mal
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realizadas e resultados
erroneamente interpre-
tados. Esse fato justifica
a participao de um
tcnico conhecedor das
tcnicas experimentais
e mtodos quantitati-
vos, em todas as fases
do experimento, desde
o planejamento, con-
duo, coleta de dados,
at a fase de anlise dos dados e interpretao dos resultados.
Clovis Oliveira de Almeida
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Economia
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Quais as principais
frutas ctricas pro-
duzidas no Brasil?
As principais frutas
ctricas produzidas no Bra-
sil, so: a laranja, o limo e
a tangerina.
O Estado de So Pau-
lo lidera a produo nacio-
nal das trs frutas.
Qual a fruta ctrica mais produzida e consumida no Brasil?
A fruta ctrica mais produzida e consumida, no Brasil, laranja.
Que tipo de laranja mais produzido e consumido no Brasil?
O tipo de laranja mais produzido e consumido, no Brasil,
laranja Pra.
Qual o maior produtor mundial de citros?
O maior produtor mundial de citros o Brasil, em razo de sua
expressividade na produo de laranja.
Qual o principal pro-
duto citrcola expor-
tado pelo Brasil?
O principal produto
citrcola exportado pelo Brasil
o suco concentrado de
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laranja. Somente o valor das exportaes de suco de laranja supera
em mais de duas vezes o valor total das exportaes brasileiras de
frutas in natura.
Em que poca a laranja alcana os melhores preos, no mer-
cado interno?
Na Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais do Estado
de So Paulo (Ceagesp), o maior entreposto de venda de laranja do
Brasil, o perodo de melhores preos vai de outubro a abril, com
pico nos meses de fevereiro e maro. Nesse perodo, os preos so
mais elevados em razo da menor produo de laranja Pra, espe-
cialmente, e possivelmente tambm, pelo aumento de demanda. Esse
aumento de demanda tem estreita relao com o perodo mais quente
do ano, quando os consumidores aumentam a ingesto de frutas e
lquidos.
O que impulsionou o desenvolvimento da citricultura brasi-
leira e, em especial, da paulista?
O fator impulsionador foi a produo de suco concentrado de
laranja destinado ao mercado externo. Esse fato tambm explica
porque o produtor nacional especializou-se na produo de cultiva-
res destinadas produo de suco, dando pouca nfase s cultivares
de mesa.
Atualmente, o mercado interno de suco pronto para consumo
e o de frutas de mesa tem sido apontado como a grande alternativa
da citricultura nacional, que ainda altamente dependente do com-
portamento dos preos no mercado externo de suco concentrado.
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