Parte 5 - A História Do Batismo Infantil No Período Patrístico

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1.

1 A Histria do Batismo Infantil no Perodo Patrstico:


Compreende-se por Perodo Patrstico, os primeiros sculos da Igreja a
partir do trmino dos documentos do Novo Testamento (c. 100 d. C.) at o
decisivo Conclio de Calcednia (451 d. C). Este perodo histrico tambm
registra como o Batismo de Crianas foi considerado pela Igreja de Cristo.
O que estes primeiro lderes receberam do perodo apostlico em relao
ao Batismo de Crianas e como eles se comportaram? Como a igreja entendeu
sua relao com as crianas crists? Eram ou no recebidas pelo o rito do
batismo para serem iniciadas na Igreja como discipulas de Cristo? O que diz a
histria da Igreja diz?
Em seu livro O Batismo Infantil, Paulo Anglada observa que os primeiros
lderes da Igreja de um modo geral e como era de se esperar, reconheceram e
mencionaram a prtica do batismo de crianas na vida da Igreja: Nove, dentre
doze dos Pais que viveram nos dois primeiros sculos, referem-se prtica do
batismo infantil
1
. Evidentemente alguns destes lderes jamais sero
considerados por suas posies teolgicas quanto a outros temas, mas sim
como testemunhas de que o batismo de crianas era um prtica normal.
Um contemporneo dos Apstolos, o Bispo de Esmirna, Policarpo (c. 69
d. C. Esmirna 155 d. C.), afirma em seu martrio que tinha vivido em servio
de Cristo por oitenta e seis anos. Considerando que outra data recordada fora
a sua idade de nascido, o estudioso Joachim Jeremias, em seu livro The
Origins of Infant Baptism concluiu o seguinte:
"...seus pais ou foram cristos, ou no mnimo, convertidos antes
de seu nascimento. Se foram pagos, ele deveria ter sido
batizado com sua casa em sua converso. Mas, se seus pais
foram cristos, a palavra SERVO de Cristo por oitenta e seis
anos compreende-se um batismo cedo, aps seu nascimento,
antes do que um batismo como uma criana de idade
madura....
2

Outro importante nome deste perodo o de Irineu, Bispo de Lion (sia
Menor, c. 130 d. C. Lion, c. 208 d. C.). Conforme o cita Philippe Lanes em o

1
ANGLADA, Paulo R. B. O Batismo Infantil. So Paulo: Os Puritanos, 2000, p. 44.
2
BAJIS, Jordan. Infant Baptism. Disponvel em: URL < http://goarch.org/ourfaith/ourfaith7067>. Acesso
em: 17 de nov. 2009
Estudo Sobre o Batismo de Crianas, ler-se de Irineu que Cristo veio para
salvar todas as pessoas por si mesmo; todas que por Cristo renascem em
Deus; infantes, crianas, jovens e pessoas idosas. E a expresso latina
Renascuntur in Deum renascer em Deus a expresso especfica
empregada por todos os Pais da Igreja em referncia ao batismo com gua.
3

Tambm Tertuliano, grande apologeta cristo do segundo sculo
(Cartago, c. 155 d. C id., c. 220 d. C ) afirmou: De acordo com a condio e
a posio de cada um, e de acordo com a idade, mais proveitoso adiar o
batismo, especialmente no caso das criancinhas.
4
Tertuliano pensava ser
mais proveitoso adiar o batismo... no por contrariedade, mas por preveno.
Ele acreditava que o batismo podia salvar por si mesmo, acreditava no poder
regenerador do rito (ex opere operato da operao est operado).
Tertuliano temendo que o pecado pudesse anular o efeito regenerador
do batismo na vida do batizado, pensava que a melhor poca para o rito seria o
fim da vida, como observou Louis Berkhof: O batismo de crianas j era
corrente nos dias de Orgenes e Tertuliano, embora este ltimo o
desestimulasse, com base em questes de convenincia.
5

De Orgenes (Alexandria, entre 183 e 186 Tiro entre 252 e 254) se l:
A Igreja recebeu dos Apstolos a Tradio de dar o batismo tambm aos
recm-nascidos".
6

De Gregrio Nazianzeno, Dr. da Igreja (c. 330 id. C. 390) se percebe
uma defesa racional do batismo infantil
7
, no obstante preferisse administra-lo,
onde no houvesse perigo de morte, ao terceiro ano de vida do infante.
8


3
IRINEU apud LANDES, Philippe. Estudo Sobre o Batismo de Crianas. So Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 1952, p. 83.
4
TERTULIANO apud ROBERTS, Alexander, D. D. Et Al. The Writing of the Father - Tertulian
Part Third. Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1995, p. 178.
5
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemtica. Campinas: Luz Para o Caminho Publicaes. 1999,
p. 627.
6
AQUINO, Felipe. Escola da F. Disponvel em: URL
<http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc= DOUTRINA&id=dou0337>. Loc. Cit. Ep. Ad. Rom.
LV, 5,9. Acesso em: 17 de nov. 2009.
7
FRIEDRICH. The Theological Dictionary of The New Testamente. Michigan: WM. B.
Eerdmans Publishing Company, 1967, Vol. V, p. 652.
8
SCHAFF, Philip. History of the Christian Church. Oak Harbor, WA: Logos Research
Systems, Inc. 1997.

J Cipriano, Bispo de Cartago (c. 210 c. 258) afirma: "Do batismo e da
graa no devemos afastar as crianas".
9
E em resposta a um bispo que lhe
escreveu sobre o batismo de crianas se devemos esperar at o oitavo dia
como fizeram os judeus a circunciso? Ele respondeu: No, a criana deve ser
batizada logo que nasce."
10

Deste perodo, um dos mais importantes nomes o de Agostinho, Bispo
de Hipona (Tasga, 354 m. 430). Nome de grande destaque entre os Pais da
Igreja e considerado o telogo dos sacramentos por ter desenvolvido
importantes conceitos sobre a Santa Ceia e o Batismo. E sobre o batismo
infantil como sinal de graa e rito de iniciao afirma o seguinte: As crianas
so apresentadas para receber a graa espiritual [o batismo], no tanto por
aquelas que as levam nos braos,... Mas, sobretudo pela sociedade universal
dos santos e dos fiis...
11
.
Outro tambm importante nome desta poca o do controvertido
Pelgio (Gr-Bretanha, c. 360 Egito, c. 422), que por desvios em importantes
questes doutrinrias fora frontalmente combatido por Agostinho. Entretanto
quanto ao batismo infantil afirma: O batismo deve ser administrado s
crianas; com as mesmas palavras batismais com que administrado aos
adultos
12
. E tece para si a seguinte defesa:
Caluniam-me como se eu negasse o batismo de crianas. Nunca
tive conhecimento de algum, nem mesmo o mais mpio hertico,
que negasse o batismo s crianas; porque quem pode ser to
mpio que impea as crianas de serem batizadas, de nascerem
de novo em Cristo, fazendo que assim perca o direito do reino de
Deus?
13

Como se observou aqui, muitos so os documentos histricos que
nitidamente confirmam a prtica do batismo de crianas j nos primeiros
sculos da Igreja, como herana do Igreja Primitiva (dos dias dos apstolos). E
digna de grande nota e sumria importncia destacar que no existe

9
Ibid., Loc. Cit. Carta a Fido.
10
LUTHERAN, The Church - Missouri Synod. Infant Baptism History. Disponvel em: URL
<www.lcms. org/pages/internal.asp?NavID=4411>.Acesso em: 17 de nov. 2009
11
SCHAFF ,Philip. Pais Niceno e Ps-Niceno. NY: Christian Literature Publishing Co., 1887.
Primeira Srie, Vol. I. Loc. Cit. Epstola 98,5 de Agostinho. Disponvel em: URL
<http://www.newa dvent.org/fathers/1102098.htm>. Acesso em: 17 de nov. 2009.
12
PELGIO apud LANDES, Op. Cit., p. 89.
13
Ibid., p. 89.
qualquer documento oficial da Igreja de Cristo que negasse s crianas crists
o privilgio do batismo cristo.
No Antigo Testamento por 1.500 anos, desde a instituio do rido da
circunciso; no primeiro sculo da Igreja da Nova Aliana, ou Novo
Testamento, tambm as crianas tambm recebiam a marca da promessa, ou
rito de iniao como discipulas de Cristo, conforme entendeu os primeiros
Lderes reconhecidos na Igreja aps os apostlica por cerca de 500 anos,
batizando as crianas de Cristo. E tambm os credos e confisses aps estes
lderes por cerca de 1000 anos como se ver na prxima parte.

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