Mediações do Cinema de Animação no Trabalho Docente
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Mediações do Cinema de Animação no Trabalho Docente - Thalyta Botelho Monteiro
Conteúdo
1
PARA INÍCIO DE CONVERSA
1.1 A docente-pesquisadora e o objeto animação
1.2 Problema
1.3 Objetivos
1.4 Problematização
1.5 Justificativa
1.6 Contribuições
1.7 Organização do livro
2
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2.1 Situação-limite
Escolha do tema
Identificação das professoras parceiras
2.2 Produção de conhecimento
Docentes com projetos com animação em 2018
2.3 Conscientização
Interação entre pesquisador e projetos
2.4 Práxis
Criação das animações
2.5 Libertação
Apresentações
2.6 Diálogo
Entrevistas
Conversa coletiva para devolutiva
3
MAPEAMENTO DE DOCENTES DO ESPÍRITO SANTO ADEPTOS DO TRABALHO COM ANIMAÇÃO: BREVE CARACTERIZAÇÃO
4
ANIMAÇÃO E O TRABALHO DOCENTE NA PERSPECTIVA DO TRABALHO CRIATIVO
4.1 Cinema de animação, desenho de animação, desenho animado ou animação?
4.2 Os princípios fundamentais da animação: criação e técnica
4.3 Influência do Anima Mundi no uso da animação em sala de aula
4.4 Museus de animação e processos educativos
4.5 Trabalho: intervenção criativa do homem sobre o mundo
4.6 O trabalho docente e a formação educacional
4.7 Mediação e educação
5
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
5.1 Caracterização das docentes
5.2 Categorias de análise
5.2.1 Parcerias
5.2.2 Método e práxis pedagógica
5.2.3 Técnica e criação
5.3 Animação e autonomia: limites e possibilidades
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A
TERMOS DE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA
APÊNDICE B
OBSERVAÇÕES ENTREGUES ÀS PROFESSORAS
APÊNDICE C
QUESTIONÁRIO APLICADO (2017)
ANEXO A
ATIVIDADE RELACIONANDOO ANIMAÇÃO AO CONTEÚDO CURRICULAR
Pontos de referência
Capa
Sumário
Mediações do cinema de animação no trabalho docente
Thalyta Botelho Monteiro
Mediações do cinema de animação no trabalho docente
Curitiba, PR
2024
AGRADECIMENTOS
À professora Gerda, pela oportunidade em cursar o doutorado. Mais que uma orientadora, foi amiga e conselheira. Aprendo com a senhora, sempre.
Ao professor Erineu, por acreditar no meu trabalho e me proporcionar tamanhas parcerias.
À minha família: aos meus pais, Elza e Cleomar.
Ao Rodrigo, pela paciência e compreensão com minhas ausências, estresses. Obrigada pelo companheirismo, meu amor!
Ao meu filho, Martin: a mamãe precisou dividir o tempo que tinha com você para ser uma doutora!
A Elisa e Rhamires, que cuidaram do meu pequeno para que eu pudesse trabalhar e estudar.
Meu imenso carinho, gratidão e respeito a Silvana, Priscilla, Lívia, Kah e Tati. Vocês cuidaram de mim no meu momento mais frágil, mas também mais sublime.
Ao Grupo de Pesquisa Infâncias, Tecnologias e Imagens, pelas contribuições.
A Samira Sten, Angélica Vago-Soares e Fernanda Camargo, por todo o carinho, amizade e auxílio no decorrer deste processo.
Ao Lopes, pela amizade e parceria, principalmente nos momentos em que precisei de livros, mas não tinha dinheiro para comprá-los. Sua atitude fez muita diferença! Seu coração é tão grande quanto você.
Às professoras Maria de Fátima, Cristiane, Raquel e Rebeka. Sem vocês, este estudo não teria sido possível.
Joelma, grata pelas palavras, pelo carinho e pela força. Você fez diferença para que este momento chegasse.
Adriano, meu querido amigo! Obrigada por estar comigo e dividir alegrias e tristezas desse universo acadêmico. Grata por me mostrar que a vida é mais do que a aparência.
Minha gratidão, também, a Fabio Yanaji, Marcos Magalhães, Sávio Leite e Rafael Buda, pela partilha de conhecimentos sobre o universo da animação.
Vejo, enfim, a luz brilhar. Já passou o nevoeiro.
(Enrolados)
Nem todo super-herói tem superpoderes.
(Os Incríveis)
Quer ser um espectador na vida? Ou quer ser um personagem?
(O Incrível Mundo de Gumball)
A aventura está lá fora.
(Up – Altas Aventuras)
PREFÁCIO
ANIMUS é um conceito que busco relacionar com a trajetória e a pessoa de Thalyta Botelho Monteiro. A palavra provém do latim e significa alma. A obra que aqui apresento, assim como a trajetória da autora, é forjada nesse conceito: na coragem e determinação de Thalyta, bem como no objeto de suas pesquisas com a animação. ANIMUS deriva da raiz indo-europeia ANE, que dá sentido a todo ser vivo, aquele que respira, que tem coragem, vontade e emoções. No ANIMUS fundem-se a razão e a emoção para produzir a vida com Arte. Isso podemos reconhecer na caminhada de superação da jovem estudante que conheci na Universidade Federal do Espírito Santo, no período em que finalizava o curso de licenciatura em Arte Visuais, em 2007.
Ao ser convidada para prefaciar este livro, muitos momentos do convívio com Thalyta vêm-me à lembrança. Sou tomada por recordações de uma jovem que se destacava dentre as demais por sua trajetória de lutas por inclusão e por seus relatos enquanto universitária de origem popular (Monteiro, 2006, 2016). Especialmente, ocorre-me a imagem de uma jovem com malas, caixas e sacolas, que continham brinquedos ópticos, materiais para produção e projeção de imagens em movimento. Lembro-me de sua persistência em fomentar, no ensino da arte, a pergunta: como são produzidos os desenhos animados? Durante o estágio na educação básica, levou essa pergunta aos estudantes do ensino básico com a provocação de desvelar os mecanismos de produção de imagens e, assim, desmistificar o discurso imagético/hermético subliminar presente na grande mídia. Com efeitos produzidos da técnica stop motion, conduziu pesquisas com jovens e crianças. A produção de animações com os estudantes possibilitou a análise crítica sobre os produtos da indústria cultural, colocando em questão a produção de simulacros em imagens manipuladas. A metáfora de quebrar o brinquedo
era por nós usada para representar a necessidade de buscar o que se escondia por trás dos produtos apresentados para o consumo nas mídias de recreação e entretenimento. O trabalho educativo iniciava-se no desafio de desvelar a filosofia da caixa-preta
. Esse termo foi usado por Flusser (1985) para chamar atenção aos perigos da manipulação das imagens, especialmente na produção e recepção da fotografia na sociedade. Essa preocupação é atual e toma relevo hoje com as fake news, na chamada sociedade da informação, e já era destacada por Flusser, que escrevia:
O observador confia nas imagens técnicas tanto quanto confia em seus olhos. Quando critica as imagens técnicas (se as critica), não o faz enquanto imagens, mas enquanto visões de mundo. Essa atitude do observador em face das imagens técnicas caracteriza a situação atual, onde tais imagens se preparam para eliminar o texto. Algo que apresenta consequências altamente perigosas (Flusser, 1985, p. 14).
Segundo Flusser, o fotógrafo domina o aparelho, mas, pela ignorância dos processos no interior da caixa, é por ele dominado. Nesse sentido, defendia que o domínio dos processos de produção é fundamental ao domínio crítico e à reflexão emancipadora sobre o texto imagético. Essa reflexão está presente nas atividades educativas propostas por Thalyta na educação básica, como também se apresentava enquanto pesquisa em seu processo de formação inicial e continuada de docente em Artes. A monografia apresentada no fim do curso de Artes Visuais, intitulada Quadro a quadro: a animação como recurso para o ensino de arte
(Monteiro, 2007), apontava para um aprofundamento do tema. Essa tarefa ela assumiu no desenvolvimento de sua dissertação de mestrado.
Sua mudança de cidade, junto do Rodrigo, seu companheiro, para o interior capixaba impôs-lhes o desafio de melhor compreender os espaços educativos em comunidades do campo. Foi em contexto de escolas do campo que desenvolveu pesquisa com o protagonismo de crianças na produção de Cinema de Animação. A dissertação intitulada Cinema de animação e o ensino de arte: experiência e narrativa de criança em contexto campesino
, defendida em 2013, possibilitou-nos compreender como as infâncias campesinas podem participar como autonomia e autoria de projetos com imagens e, dessa forma, aproximar a escola da comunidade.
ANIMUS, enquanto motivação, foi o que impulsionou o trabalho de Thalyta — Tata, como nosso Grupo de Pesquisa Imagens, Tecnologias e Infâncias (GPITI) carinhosamente a chama. Na educação básica provocou o trabalho com animação junto aos alunos e aos professores. Participou e propôs formação continuada de professores de Arte e compartilhou resultados de suas pesquisas em fóruns qualificados de educação, bem como publicou os resultados em artigos e eventos. Os trabalhos desenvolvidos extrapolaram os muros das escolas e alcançaram as comunidades por meio das famílias dos estudantes e em espaços da sociedade civil organizada, como associações comunitárias, sindicatos e igrejas. Sua participação em eventos nacionais e internacionais, como a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP), a Federação dos Educadores de Arte do Brasil (FAEB), e em fóruns qualificados de discussão da Animação, como o Anima Mundi, oportunizou-lhe ampliar as interlocuções e conhecer profissionais, pesquisadores em outros territórios, com eles estabelecendo importantes parcerias investigativas. A comunicação apresentada na Univesität-Siegen, Alemanha, em 2011, abriu-lhe perspectivas internacionais que se ampliaram exponencialmente nos últimos anos, como a participação em eventos e pesquisas na América Latina, a exemplo da apresentação de trabalhos, em Mendoza, Argentina, no encontro do Observatório da Formação de Professores de Arte no Brasil e Argentina, em 2017.
A Animação, dessa forma, esteve presente tanto em seu percurso investigativo como em suas ações cotidianas de trabalho e vida. A tese de doutorado intitulada Cinema de animação no trabalho docente
, defendida em 2021, é aqui publicada na Coleção Educação e Culturas. Essa pesquisa, em particular, elabora-se na esteira de uma trajetória desafiadora dessa pesquisadora. Investiga as mediações da animação na educação, particularmente no trabalho de professores de Arte. A pesquisa qualitativa com inspiração na pesquisa-ação aborda o trabalho docente de três professoras de arte da educação básica, no município de Vitória, durante os anos de 2018 e 2019.
O conceito de mediação é especialmente abraçado pela pesquisadora. Na pesquisa desenvolvida, assim como no próprio movimento da pesquisadora, esse conceito é particularmente relevante. Enquanto conceito que se define com base nos processos sociais, engendrando práticas e produtos, definindo correlações de forças ideológicas presentes na sociedade. A mediação de primeira ordem, segundo Mészáros (1981), é o trabalho, por meio do qual é possível produzir uma nova realidade, humanizada. Pelo trabalho a pessoa produz objetos e práticas que transformam a natureza. De acordo com Sánchez Vázquez (1990), essa prática não se realiza por simples necessidade de subsistência, mas decorre da necessidade que a pessoa tem de se manter ou se elevar como ser humano. As diferentes formas como se desenvolve o trabalho, sob diferentes condições sociais e naturais ao longo da história, possibilitam-nos compreender a gênese dos objetos e práticas presentes em nosso dia a dia e que são decorrentes da ação humana. Assim, a mediação do trabalho docente é tema na prática investigativa de Thalyta Botelho Monteiro. Como o professor de artes acessa o conhecimento da Animação? Como o trabalho com a Animação tensiona outras áreas e conhecimento na sala de aula? O que a mediação da Animação pode provocar no currículo escolar? Essas e outras perguntas podem ser suscitadas por meio da leitura do livro que aqui apresentamos.
Na animação, enquanto mediação, os brinquedos ópticos mecânicos, como thaumatrope, praxinoscópio e zootrópio, são compreendidos como produções humanas, resultado de um processo de pesquisa e produção de conhecimento. Hoje, ao manipular um brinquedo óptico, as pessoas podem buscar suas gêneses e passar da condição de consumidores passivos à condição de autores críticos. Também os educadores que integram o processo de formação discutem o processo de formação tradicional e passam a valorizar o processo de criação.
O conceito de mediação, enquanto conceito complexo e abrangente, possibilita-nos ainda localizar os movimentos e tensionamentos presentes na sociedade que fomentam mudanças e/ou determinam as práticas, bem como o produto do trabalho humano. A exemplo, cito o próprio movimento da pesquisadora, que, diante dos processos sociais que a tensionam e motivam ao movimento, torna-se, durante a fase final de sua pesquisa de doutorado, mãe de Martin, que nasceu em abril de 2020, e foi aprovada como professora do Instituto Federal de Educação do Espírito Santo (IFES/Ibatiba). Isso forçou seu deslocamento para Ibatiba. Mas ela não foi só; com ela foram Rodrigo, seu companheiro, e Martin, assim como também o "ANIMA", que é aquela a força que dá vida ao ser, o espírito. As energias e forças compartilhadas no trabalho coletivo do Grupo de Pesquisa Imagens, Tecnologias e Infâncias também acompanham Thalyta nesse movimento. E a Animação também foi e continua junto à pesquisadora.
Em 2020 foi publicado o resultado de uma ação articulada pela pesquisadora, com base em sua mediação educativa em Ibatiba. Realizou, na semana de 28 de outubro a 1 de novembro de 2020, o Dia Internacional da Animação, com o apoio institucional do IFE/Ibatiba. Nessa ação, envolveu aproximadamente 600 pessoas, em sua maioria crianças, em nove sessões de Animação, com a parceria do Anima Mundi. Desta forma, colocou o audiovisual em debate também em cidades localizadas fora do eixo das grandes metrópoles. Mais do que a realização de um evento, ela promoveu o debate na região, discutindo o papel da mídia e propondo discussão acerca da história da arte e da história da Animação. Também fomentou o debate sobre o processo de produção da Animação. Assim se posicionou no artigo publicado:
[...] o aluno se vê rodeado por imagens e precisa saber lidar com elas ou entender a sua importância. Além disso, aprender a fazer uma animação pode fazer com que ele deixe de ser apenas receptivo, consumidor, para entender como funciona, como se produz esse gênero e, assim, desenvolver seu pensamento crítico (Monteiro, 2020).
Os temas de seu interesse estão relacionados ao ANIMUS, ao sopro de vida que pulsa em Thalyta. Temas como leitura de imagens (Monteiro; Lins, 2013), albinismo (Monteiro, 2019) e socialização da arte (Monteiro; Schütz-Foerste, 2021) são abordagens presentes nos estudos dessa pesquisadora. Sua inserção no contexto do IFES/Ibatiba possibilitou a realização de formação continuada de professores do campo, por meio do Programa Escola da Terra. No ano de 2022, coordenou os trabalhos de formação com professores da região do Caparaó, alcançando mais de 12 municípios do entorno de Ibatiba. A perspectiva diferenciada na análise e compreensão do papel formador assumido por Thalyta está presente no texto escrito para a Aula Inaugural do Curso de Pedagogia, recentemente criado no IFES/Ibatiba, curso no qual assume como primeira coordenadora. Sua percepção do contexto educativo na mesorregião do Caparaó aponta para a necessidade de fomentar processos educativos diferenciados, que atentem para as culturas e os distintos modos de produção presentes na região, como podemos acompanhar no texto introdutório à Aula Inaugural realizada no dia 13 de fevereiro de 2023.
Nosso curso é presencial no turno noturno e na região do Caparaó não há esta modalidade em um raio de aproximadamente 80 km. Ibatiba possui muitas escolas do campo com características urbanas. São espaços, livros, currículos e também a falta de pertencimento em se aceitar sujeito do campo. Muitos desconhecem as políticas do/para o campo e sua importância. Sabemos que o campus também é referência em questões ambientais e educacionais. Desse modo, a partir destas interfaces tentamos construir um curso que cumprisse as matrizes e referências curriculares da educação e ampliasse a valorização da educação do campo e as questões ambientais. Trata-se de um passo na construção de conhecimento em educação e formação profissional da nossa região.¹
ANIMUS, que significa sopro de vida, é um conceito que se funde e confunde com o ANIMA, e certamente acompanhará Thalyta Botelho Monteiro em sua caminhada e mediações em todos os espaços nos quais atua e ainda atuará. No livro que aqui apresentamos, o leitor encontrará importantes apontamentos do potencial investigativo da pesquisadora e, sobretudo, um testemunho de quem acredita da educação pública, de qualidade, laica e mediada pela arte.
Fundamentada na educação freiriana, a pesquisadora critica toda proposta educativa bancária
, que não fomente a busca incansável pela pergunta, ou que promova a alienação e adestramento dos sujeitos. Assim defende, fundamentada em Freire (2018, p. 26):
Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.
Em seu percurso docente, assim como na pesquisa que aqui apresentamos, fica evidente a defesa que faz da educação como prática de libertação. A noção de libertação é desenvolvida pela pesquisadora com base no pensamento freiriano, que significa a superação do estado de opressão. Nesse contexto de reflexão, a autora reforça uma ideia fundamental ligada à necessidade humana de construção de autonomia e emancipação, que se traduz na vocação histórica e ontológica de ser mais
(Freire, 2017 apud Monteiro, 2021, p. 40).
Para tanto, enfatiza a necessidade de desafiar a curiosidade epistemológica
que seja capaz de promover a criatividade e o pensamento crítico. Especialmente, compreende o papel do professor e a mediação das linguagens nesse processo. Os desenhos animados, enquanto produto do trabalho humano, remetem ao processo de sua produção, assim como nos desafiam à compreensão do papel que ocupam na sociedade, sobretudo na formação e informação que desempenham junto ao público infantil. Na escola, a mediação imagética da Animação pode ainda desafiar o trabalho interdisciplinar e organizacional do espaço escolar quando possibilita o trabalho em equipe e o uso de novas tecnologias na sala de aula. Para tanto, a mediação educativa, que vai além do trabalho do professor, pode ser exercida pela imagem como também na interação entre os diferentes sujeitos. Assim, corroboramos a ideia defendida por Thalyta de que o trabalho com animação se constitui enquanto prática inclusiva; para a autora, no trabalho com Animação há incentivo na participação dos estudantes com necessidades especiais na proposta, como também de crianças com dificuldades, com ou sem laudo ou dificuldade de aprendizagem (Monteiro, 2021, p. 132). Assim, recomendo a leitura atenta deste livro, que oportuniza uma reflexão engajada no campo da educação com arte. Como nos sugere a própria autora, o trabalho docente mediado pela Animação pode ir além da transferência de