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O Caçador de Estrelas
O Caçador de Estrelas
O Caçador de Estrelas
E-book186 páginas2 horas

O Caçador de Estrelas

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Sobre este e-book

Um moleiro solitário quase cede à depressão, abandonando a vida do alto de um despenhadeiro, quando uma ave fénix se cruza no caminho. Enquanto a fénix se consome no céu em milhares de pontos luminosos, lamenta nunca ter visto uma estrela cadente, julgando ser essa a razão do infortúnio que vive. Isto fá-lo adiar o termo da vida, partindo em busca de uma dessas estrelas, aventurando-se num universo de pessoas e experiências insólitas, com o intuito de pedir a uma estrela cadente um único desejo. Quiçá a resposta que merece encontrar.

IdiomaPortuguês
EditoraAli Águas
Data de lançamento9 de jul. de 2024
ISBN9798227507280
O Caçador de Estrelas

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    O Caçador de Estrelas - Ali Águas

    ALI ÁGUAS

    O

    CAÇADOR

    DE

    ESTRELAS

    Cada passo é uma lição com um destino

    ÍNDICE

    O CAÇADOR DE ESTRELAS 6

    A TRANSLAÇÃO DO ENTENDIMENTO 9

    O PRISMA DO ARCO-ÍRIS 11

    O ZÉNITE DA ÁRVORE 15

    O QUADRANTE DO PRESENTE 18

    A ESTAÇÃO DO EQUILÍBRIO 21

    O OBSERVATÓRIO DA COMPAIXÃO 24

    O SABER DOS METEORITOS 29

    O NÚCLEO DA LUZ 32

    O ESPAÇO-TEMPO DA DECISÃO 36

    A PASSAGEM MERIDIANA DO SILÊNCIO 39

    A IMENSIDÃO DE JÚPITER 43

    O EFEITO SUPERNOVA 49

    O SONHO DE UMA ESTRELA 51

    O VÓRTICE DOS PASSOS 57

    O ESPECTRO DA PAZ 61

    O CAMINHO A ANOS-LUZ 64

    O PODER EMISSOR DA ATITUDE 69

    O COSMOS DA SABEDORIA 75

    A MAGNITUDE DA ADVERSIDADE 80

    A ESTRELA BINÁRIA ECLIPSANTE 83

    O BRILHO ABSOLUTO DA COMPAIXÃO 87

    O DESVIO NA ÓRBITA 90

    O LIMITE ESTACIONÁRIO DO PENSAMENTO 94

    A APARIÇÃO DO COMETA RESPOSTA 97

    A TEORIA DE ACUMULAÇÃO DE PALAVRAS 102

    O LUGAR DO UNIVERSO INFINITO 108

    A VARIAÇÃO DAS CONSTANTES DO CAMINHO 111

    OS PÓLOS CELESTES DOS PROBLEMAS 115

    A HORA SIDERAL DO AGORA 121

    O FIRMAMENTO NA ENCRUZILHADA 126

    O ESPLENDOR CELESTE 131

    O UNIVERSO DESABITADO 135

    A ASCENSÃO RETA DO REGRESSO A CASA 139

    A ANOS-LUZ 142

    A TRANSLAÇÃO IMPOSSÍVEL 147

    O MOTOR DE APOGEU DO SONHO 151

    A FORÇA GRAVITATÓRIA 154

    O MAPA CELESTE 158

    O PRINCÍPIO COSMOLÓGICO PERFEITO DO MUNDO 161

    Título O Caçador de Estrelas

    Autora Ali Águas

    Primeira edição 2021

    © Ali Águas, 2021

    © Direitos de edição reservados

    Edição Ali Águas

    Capa Raquel Ribeiro - Design Studio

    https://linktr.ee/R.DesignStudio

    Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico, eletrónico, ou por meio de gravação, nem ser introduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma copiado para uso público ou privado - além do uso legal como breve citação em artigos e críticas - sem prévia autorização dos titulares do copyright.

    Hoje, mais do que nunca, a pensar em todos

    os que procuram uma estrela, uma resposta.

    O CAÇADOR DE ESTRELAS

    Neste pequeno universo de infinitas possibilidades, por este tempo que se esqueceu, não sou o protagonista. Não sou o vil vilão ou um benfeitor que irá aparecer algures na trama para salvar o mundo. Tampouco posso dizer que seja uma personagem que alguma vez venha a transcender a natureza dos acontecimentos a apresentar. Nalgum ponto da narrativa saberão quem sou. Por ora, sou o narrador de uma história que preciso de contar. Uma história que começa onde o verdadeiro protagonista tomou a decisão de por fim à tristeza da pior maneira que se possa conceber.

    Entre indecisão e decisão, anoitecera. Sob o discreto olhar da Lua, no limiar da falésia, fixou o mar a fustigar as rochas com fragor. O ruído forte das vagas não bastou para vencer a ideia enraizada de que não valia a pena tentar encontrar uma resposta para o sofrimento, enganado que estava.

    Inclinando-se para o oceano, fechou os olhos para facilitar a tarefa. Por sorte, a natureza vive alheia aos dilemas humanos e irrompe sempre quando menos se espera. Foi o caso de uma Fénix que manou da escuridão da escarpa, extraviada, quase esbarrando nele, impelindo-o a cair sentado em terra firme. Resfolegou com o susto e alçou o olhar ao firmamento, por surpresa aliviado de não

    ter caído no abismo. A Fénix consumiu-se num suspiro em mil centelhas no céu que, de repente, absorveram a atenção, enlevado com o imenso lenço negro matizado de pontos luminosos. Há quanto tempo não olhava para o céu assim? Sôfrego pelo que o céu lhe reservava, deixou-se cativar pelo magnetismo cósmico. Um espetáculo fascinante ao alcance de todos, pensou para si, maravilhado.

    No seu campo de visão identificou constelações, como quando era criança. Pulou de Mercúrio para Vénus, procurou um astro avermelhado e descobriu Marte. Encontrou um Júpiter mais reluzente e, na mesma órbita, sonhou com descobrir o satélite Europa. Deu consigo a imaginar vogar nos anéis de Saturno, qual barco à deriva.

    Antes de ceder ao mundo real, reservou a despedida a Orionte, o Caçador. A constelação com a qual fantasiava na infância, vendo a imagem de um caçador de arco e flecha, a caçar as estrelas mais brilhantes do mundo celeste. À vista desarmada, o périplo astronómico prosseguiu, observando o cinturão do Orionte, onde três estrelas cintilavam alegremente. Seguiu-se a avermelhada Betelgeuse e, traçando linhas no céu, chegou à brilhante Sírio de encontro ao cintilo branco-amarelado de Prócion, compondo o Triângulo de Inverno, tal como recordava fazer. Associou esta particularidade do cosmos ao período de tempo que ainda faltava para a estação invernal e na possibilidade de perseguir até lá um sonho antigo, o sonho de ver uma estrela cadente. Fenómeno que nunca tivera o privilégio de assistir. Porventura, poderia concretizar este sonho até à chegada do frio.

    Há quantos anos não se permitia acreditar num sonho? Pensando mais ou pesando melhor a vida: nunca saíra da aldeia, onde vivia há mais de três décadas. Nunca viajara. Nunca conhecera os lugares que a vista alcançava durante o dia. A serra de Cinco Montanhas cobertas de paisagens idílicas que, em tempos, fomentavam a ideia de que a vida é algo mais do que sofrimento. Aquela paisagem bem podia esconder a alegria,

    a coragem e a paz de espírito que ele não sabia encontrar em si. Percorrer as montanhas a pé foi a ideia seguinte. A estrela cadente simbolizava tudo aquilo que não tinha e desejava. E se ali, no Equador Celeste, ainda não conseguira ver nenhuma dessas estrelas, talvez nalgum ponto daquela extensão de terra avistasse alguma!

    Vários testemunhos asseguravam que tinham pedido um desejo depois de ver um corpo fulgurante surgir do nada, raiando a noite com um rasto polvilhado de luzentes partículas. Alguns descreviam o instante como fugaz mas mágico; um vislumbre incomparável, corroboravam os que somavam fenómenos idênticos. Quem procurar com afinco estas estrelas realizará os seus sonhos, atestavam os mais fervorosos. Outros, porém, afirmavam que já não acreditavam em estrelas cadentes, nem em outra estrela qualquer a que pudessem formular um desejo. Os seus anseios não se tinham cumprido com a única estrela vislumbrada e a certeza de que nunca se iriam realizar era-lhes mais credível do que qualquer fantasia atribuída a um corpo celeste.

    Este novo plano de continuar a busca de uma estrela cadente ganhou força face à ideia de deitar tudo a perder, entusiasmado com o facto de a avistar realmente. Ainda que venha a ser a mais diminuta das estrelas fugazes! Só então poderá confessar a sua dolência e o desejo de a superar. Caso a viagem venha a ser um fracasso, retornará à decisão antes da Fénix se atravessar na sua vida.

    Com o olhar perdido no teto do mundo, interrogava-se «onde estará a minha estrela?», na esperança de vencer de uma vez por todas o mal-estar da tristeza, saturado de viver neste estado.

    Antes de se recolher no velho moinho, a voz interior vibrou com uma firme intenção:

    - Serei o Caçador de Estrelas. Amanhã darei início à busca pelas Cinco Montanhas. O Universo aguarda-me. Encontrarei a minha estrela!

    A TRANSLAÇÃO DO ENTENDIMENTO

    Quando o Caçador de Estrelas decidiu partir em busca da almejada estrela cadente, preparou a sacola, outrora pejada de sonhos, hoje, com uns quantos apetrechos e víveres secos. Atrás, deixou a morada de uma vida, um velho moinho que a cada movimento bramia por descanso, e memórias que preferia não lembrar. Levava consigo uma ilusão perdida e, esquecida numa algibeira, uma nota de esperança, escassas que andavam as moedas!

    Embora a ideia de percorrer as montanhas a caminhar se mostrasse incerta, viu no chão um feixe de luz a iluminar a rota a seguir, como um farol serve de guia aos mareantes. O empurrão que precisava para começar.

    Hesitante, distanciou-se de casa, dando os primeiros passos da aventura que o aguardava, desprendendo-se do passado raptor. A cada passo olhava para trás, recuava e tornava a tomar caminho. Vacilou mas perseverou. Pouco a pouco, perdeu de vista o moinho, o terreno e a aldeia. Ao indício de um novo horizonte, a melancolia e o arraigamento refrearam, e permitiu-se encorajar.

    A visão tornou-se clara e registou tudo em redor. Deleitou-se com o musicar da folhagem das árvores, que entoavam alegres ao som da brisa provinda do mar. Essa melodia recordou-lhe que

    era livre. Livre para escolher pensamentos e fazer as escolhas certas, decidir o que sentir sob qualquer circunstância ou definir a senda da própria existência. Inspirou e soltou com alívio o desalento que acumulara durante tanto tempo.

    Um sorriso desenhou-se-lhe no rosto carregado. A jornada afigurava-se mais leve depois de prescindir da bagagem nostálgica que lhe pesava.

    Ouviu o grasnar das gaivotas ao longe, aspirou o ar marítimo e desejou caminhar na areia morna da praia e banhar os pés à beira-mar. Desejou salpicar o rosto com as lágrimas das ondas e não com as suas, e voltar a sonhar. Alegrou-se ao visualizar o sonho e guindou o olhar ao céu, onde a estrela da tarde, Vénus, abrilhantava o final de um dia de entendimento, com a branco-azulada Espiga bem perto, mais tímida; enquanto as estrelas vizinhas, tanto dos asterismos de Leão como de Balança, Escorpião, Ofiúco e Sagitário, dormiam ainda. De bom grado, as raras nuvens, ditosas, retribuíram o sorriso em seu lugar.

    Prosseguiu rumo à costa até que o marulho das ondas evidenciou a cercania do mar. Quando por fim se deteve na presença do abismo de água salgada, demorou, contemplando a vitalidade do mar e o Sol a despedir-se a poente. Então, razoou:

    - As ondas nunca cessam, elevam-se, deslocam-se e caem num sem-fim de marés. Tal como a vida flui com altos e baixos. Como não percebi isto antes? O caminho não termina quando caímos. O caminho, sempre em movimento, continua quando caímos e quando nos conseguimos levantar. Afinal, todos caímos. O importante é se vamos voltar a levantar-nos ou não.

    Espero, caro Leitor, que este entendimento oriente o Caçador nas aventuras e desventuras do caminho que irá percorrer, para trazer de novo a alegria à sua vida. Veja que a jornada acabou de começar…

    O PRISMA DO ARCO-ÍRIS

    Passou a noite na praia para observar o maior número de astros, beneficiando da distância da luminosidade das povoações, que favorecia a visibilidade de milhares e milhares de estrelas. Era como apreciar um mapa celeste animado, onde as constelações visíveis interagiam umas com as outras, cada uma no seu campo de visão.

    Com os dedos fazia uso de uma Régua invisível, estabelecendo as distâncias entre os astros, reconhecendo-os. A fadiga da primeira etapa iludiu-lhe os olhos, pensando ver a estrela S Doradus, em Espadarte, envolta na grande Nuvem de Magalhães, por onde vagueou a cair de sono. Pensou até divisar Meseta, o pobre ensonado!

    Quando vencido pelo cansaço, acabou por adormecer nas dunas mais abrigadas do areal.

    A noite bem dormida deu para o Caçador de Estrelas começar a tirada do dia seguinte bem cedo, retomando o destino pelo interior do território a percorrer, já na base da primeira montanha.

    Ao longo do dia o clima foi variando, de manhã, soalheiro e, da parte da tarde, velado pela chuva miudinha que, de imprevisto, irrompeu sobre o quadro bucólico que palmilhava. O caminho, uma vereda de terra batida entre pomares, conduzia-o com convicção até ao surgir de dois ramais. Eram ambos similares, mas a incerteza de qual o trajeto mais favorável à sua busca tornou-se uma deliberação difícil de tomar. A única certeza era a de que evitaria sempre a selva que a serra circular encerrava no interior das montanhas.

    A selva, temida pelos habitantes das Cinco Montanhas, era um lugar virgem e inóspito, que poucos ousavam invadir. Encontrar um quaisquer dos predadores residentes era o maior temor do Caçador. Sobretudo temia perder-se na selva e acabar na mandíbula do Grande Felino. Desde pequenino que ouvia como os que lhe haviam sobrevivido tinham perdido algo de si mesmos, e a maioria a vida. Por isso, trilhar as montanhas sem pisar o chão da selva era a única alternativa nesta viagem! Mas, qual dos caminhos era o acertado?

    Optou pelo caminho onde o Sol, apesar dos chuviscos, deveria de continuar a rutilar por mais tempo. Pelo menos, por ali a viagem tornar-se-ia amena.

    Após uma hora de caminho deparou-se com um homem que se abrigava sentado por debaixo de uma árvore carregada de frutos, na berma do trilho. A figura logo lhe cativou a atenção. Tratava-se de um ancião de longas barbas, trajando roupas andrajosas e sapatos

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