Darwin e a Seleção Natural
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Darwin e a Seleção Natural - Pedro Paulo Pimenta
CONVITE À REFLEXÃO
frontDARWIN E A SELEÇÃO NATURAL - UMA HISTÓRIA FILOSÓFICA
© Almedina, 2019
Publicado em coedição com a Discurso Editorial
AUTOR: Pedro Paulo Pimenta
COORDENAÇÃO EDITORIAL: Milton Meira do Nascimento
EDITOR DE AQUISIÇÃO: Marco Pace
PROJETO GRÁFICO: Marcelo Girard
REVISÃO: Roberto Alves
DIAGRAMAÇÃO: IMG3
ISBN: 9788562938313
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pimenta, Pedro Paulo Darwin e a seleção natural : uma história filosófica /
Pedro Paulo Pimenta. – São Paulo :
Edições 70 : Discurso Editorial, 2019. – (Convite à reflexão)
Bibliografia.
ISBN 978-85-62938-31-3 (Edições 70)
1. Ciência - Filosofia 2. Ciência - História
3. Darwin, Charles, 1809-1882 4. Evolução (Biologia)
- Filosofia 5. Seleção natural I. Título. II. Série.
19-31255 CDD-576.8
Índices para catálogo sistemático:
1. Seleção natural : Filosofia darwinista : Ciências biológicas 576.8
Maria Paula C. Riyuzo - Bibliotecária - CRB-8/7639
Este livro segue as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro, protegido por copyright, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de alguma forma ou por algum meio, seja eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenagem de informações, sem a permissão expressa e por escrito da editora.
Dezembro, 2019
EDITORA: Almedina Brasil
Rua José Maria Lisboa, 860, Conj.131 e 132
Jardim Paulista | 01423-001 São Paulo | Brasil
www.almedina.com.br
Índice
Introdução
1 Uma analogia inusitada
2 Organismo e população
3 Escassez e abundância
4 Metáfora e experiência
4 Analogia técnica e finalidade
5 Oposição e antagonismo
6 Maleabilidade das formas
7 Um processo opaco
8 Um novo quadro da natureza
9 Da seleção natural à evolução
10 Ramificação ou hierarquia?
11 Um mal-entendido instrutivo
Referências bibliográfias
Introdução
Toda língua é um método analítico e
todo método analítico é uma língua.
Uma ciência bem acabada não é mais
que uma língua bem feita.
Condillac, A Língua dos Cálculos, 1798
A história das ciências é marcada pelo uso das metáforas e analogias, empregadas como instrumentos analíticos e não apenas como recurso de estilo. A Origem das espécies (1859) não é exceção. Encerra-se com uma imagem de longa história – a árvore da vida – que ilustra bem o que Darwin entende como sendo a dinâmica e o resultado da seleção natural. A história da natureza orgânica é a história da sucessão dos seres vivos, que se dá, a partir de um tronco ou origem comum, em ramificações de extensão e adensamento desiguais (não em uma linha ou série ascendente) e é marcada pelas extinções (os galhos que caem, as folhas que ressecam). Referindo-se assim a um processo infinitamente mais complicado do que uma simples imagem poderia sugerir, Darwin transmite com eficácia, na conclusão de seu livro, uma ideia que vinha formulando há quase vinte anos, que exprimira em seus cadernos de notas com imagens de ramificações específicas e que, no cap. 4 do livro – justamente aquele dedicado à Seleção natural
– aparece esquematizada em um diagrama que foi desde sempre o espanto de seus leitores. No centro da tortuosa demonstração empreendida na Origem das espécies, encontra-se uma figuração que ilumina e condensa o sentido do argumento, ao mesmo tempo em que enriquece o estilo do autor.
Esse arranjo se insere em uma estruturação mais ampla, que vinha sendo montada desde os primeiros capítulos da obra, dedicados às ideias de seleção artificial (cap. 1), de seleção natural (cap. 2) e de luta pela existência (cap. 3). A ideia de seleção natural é obtida a partir de uma analogia por inversão da ideia de seleção artificial. Esta última é, para Darwin, um processo inerente às práticas de cultivo agrícola, e, embora tenha uma componente voluntária, acontece, no mais das vezes, desvinculada de intenção. Algo similar é pensado na natureza, desta vez como um efeito desprovido de agente. Quanto à expressão luta pela existência
, é metafórica, como declara o próprio autor, tem suas origens da economia política de Malthus, e, por estar vinculada à ideia de divisão fisiológica do trabalho
, também à de Adam Smith. Esses empréstimos junto ao vocabulário da agricultura e da economia são característicos de um processo que a filósofa Judith Schlanger denominou circulação dos conceitos
, e do qual a história natural e a biologia são, em particular, muito devedoras (Schlanger 1970, cap. 1; ver também Hesse 1966, cap. 1). No caso de Darwin, a economia política fornece o princípio (metafórico) de elucidação de um processo que por analogia fora compreendido a partir da agricultura.
O objetivo deste ensaio é estudar a operação desses mecanismos de transposição no interior da Origem das espécies, tomando como base o texto da primeira edição, de 1859. Isto é importante. Pois em edições subsequentes, principalmente a de 1872, que foi a última publicada em vida de Darwin, e em A ascendência do homem (1876), a circulação dos conceitos é enriquecida por outras analogias que vêm alterar, ao menos em parte, as consequências da revolução produzida no pensamento biológico quando da publicação inicial da Origem das espécies. Como procuraremos mostrar, essas oscilações silenciosas na teoria de Darwin só se deixam apreender através de uma leitura cuidadosa dos textos, exercício aparentemente trivial que, no entanto, permite encontrar nas páginas desses livros o testemunho da profunda,