Diário De Uma Suicida 2
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Diário De Uma Suicida 2 - Ricardo Junior De Amorim
Diário de uma Suicida II
Ricardo Junior de Amorim
Diário de uma Suicida II
O macabro diário de Suellen Swanson
"No silêncio eu sinto sua presença, na sombra ele se esconde, mas ele está cada vez mais próximo de mim, eu fecho os olhos e tento fingir que é um pesadelo, mas o pesadelo é real, você pode fingir que está bem e que há um Deus olhando por você e que quando precisar ele irá te ajudar, mas cuidado para não acordar do transe e se deparar com uma arma apontada na cabeça e a beira de uma janela de um prédio no terceiro andar - aí será tarde demais...
Prólogo
Talvez você conheça a história, talvez vocês já ouvissem boatos do que aconteceu com ela, seu caso ganhou repercussão por toda mídia, não é preciso dizer que um diário a livraria de uma morte horrenda, um simples diário salvaria toda sua família. Mas se você ainda não sabe, se você está lendo de primeira mão não posso deixar a mercê de fatos cabíveis.
Era uma noite turbulenta onde o temporal não cessava um segundo, o vento forte assoprava nos galhos das árvores e os pingos grossos caíam bruscamente ao chão como se fossem pedras a se chocar. Ela já estava decidida, não havia como voltar atrás, ela correu até o sótão no seu quarto isolado da sua maldita família, ela procurou pela Magnum 44 e o encontrou em uma caixinha escondida bem debaixo da cama, uma chave dentro da cômoda, caso não a encontrasse a livraria de fazer algo maligno, mas o demônio quando atenta, ele atenta mesmo e, não desiste do que quer.
Ela pegou a chave, abriu a caixinha e – ficou hipnotizado com o brilho da Magnum, um revólver prateado com seis balas, ela estava pronta... Quarenta minutos depois Suellen já havia matado seu pai, sua mãe e seus dois irmãos, ela apontou a arma na cabeça e disparou contra si, ela escutou o click soar três vezes, o tambor girou mais não havia munição, ela correu até a cozinha na despensa encontrou uma corda, ela ouvia gritos do lado de fora a chamando, mas ela não poderia perder o foco.
Ela subiu na mesa e traçou um nó e sentiu a corda apertando-lhe o pescoço, ela se martirizava, tentava se salvar, mas era apenas um reflexo de todo suicida quando tem uma corda no pescoço. Suellen estava mais próxima da morte agora, mas a corda não foi forte o suficiente e logo cedeu e ela foi ao chão. Seus vizinhos tentavam arrombar a porta da sua casa que insistia em não ceder.
Suellen pegou sua navalha e não se conteve, ela cortou os pulsos onde o sangue fluía incessantemente, ela não tinha sequer mais cinco minutos, ela subiu as escadas para o terceiro andar e voltou onde tudo começou, a multidão cercava sua casa e ela apareceu rente a janela, eles olharam para ela e gritavam para ela não fazer aquilo, mas já não era mais ela, havia alguém com ela. A janela se abriu e ela se aproximou, ela ainda imprecou qualquer um que ousasse tomar sua casa, ela sentiu as vistas estremecer e a fraqueza lhe sucumbir e já não sentiu mais nada, ela caiu lá de cima e do que restou foi uma notícia no jornal de um suicídio e um diário que nunca foi encontrado.
Dez anos depois uma família se muda para a mesma casa de Suellen e uma garota chamada Sophia passa pelos mesmos mal bocados. Uma mesma noite gélida e ventosa, o nevoeiro cobria tudo ao redor do casarão e corvos sobrevoavam ao redor gritando horripilantemente. O mesmo quarto e a mesma casa, mais uma família, e – o mesmo Magnum 44, dez mortes relacionadas com a casa, um suicídio inexplicável e dezenas de indagações.
Sophia só precisava encontrar o diário da suicida e livrar Suellen para sempre daquele paradoxo infernal, ela só teria que o encontrá-lo, mas seu tempo era curto e estava acabando, ela até o encontrou, mas já era tarde demais, o Magnum 44 já havia disparado seis vezes e a última bala foi sua. Dói em saber que um diário é culpado de tudo, dói nela saber que ela é culpada pela morte horrenda de sua família, no entanto agora é tarde para lamentar. Pois, agora do que restara daquela noite era simplesmente Sophia debruçada ao chão ao lado de um boneco e a posse de um diário que segurava em suas mãos e que supostamente contém mistérios que ainda não foram interpretados – até agora.
Capítulo um
Dirigia atentamente pela pista molhada, a chuva não dava trégua por um minuto e aquela estrada coberta de buraco era suficiente para um vacilo causar um acidente fatal, Sarah Potter estava de licença do trabalho, após resolver um caso que exigiu muito de si, ela tirou licença de duas semanas, mas o que era para ser uma colônia de férias se tornou trabalho novamente.
Após aceitar o pedido do sargento Ross para investigar a cena de um suicídio Sarah deixou a cidade calma e tranqüila de Rio Casca e partiu rumo à cidade de Santana do Manhuaçu, ela iria investigar o famoso casarão antigo da Rua 7.500. Ela já estava acostumada com isso, mas o principal motivo dela estar ali era um diário encontrado na cena do crime, ela ficou famosa por conseguir desvendar um caso a partir de um diário e agora ela teria chance novamente, mas as coisas agora eram diferentes, pois ao contrário do outro caso ela não iria prender ninguém por que todos já estavam mortos, sua missão agora era mais difícil, teria que descobrir tudo que aconteceu com os moradores daquela casa há dez anos, e, por conseguinte, tudo que aconteceu agora.
Sarah não se importava com a dificuldade dos casos, pra ela cada caso é um caso e, tem o mesmo grau de dificuldade. Mas esse a interessava mais, esse já tinha ganhado repercussão na mídia e se ela conseguisse desvendá-lo ficaria altamente popular, ela foi se aproximando de algumas placas que indicavam a cidade logo à frente, ela passou por umas lombadas e a chuva ainda caía fortemente, ela deu seta para direita e entrou no trevo.
Aquela Blazer branca foi adentrando a cidade e despertando interesse nos olhares dos curiosos, Sarah parou em frente a um supermercado e pediu informações sobre o tal casarão antigo, um sujeito de estatura alta, magro e cabelos brancos a instruiu sobre o caminho.
— Pode ir em frente e na segunda entrada ali no centro você sobe e vai reto, depois bem lá encima ao lado da igreja na segunda rua você vira à direita, você não irá se perder, a polícia está toda lá e muitos repórteres também.
Sarah agradeceu ao senhorzinho e ainda fez mais uma pergunta.
— Por acaso você sabe onde eu encontro por aqui um cappuccino bem cremoso e quentinho?
— Cappuccino?
— Sim um tipo de café cremoso.
— Ah! Você quer café?
— Não eu quero cappuccino.
— Olha moça eu não sei onde você vai achar esse tal de cappuccino não, mas café na padaria lá na praça tem.
Sarah agradeceu e continuou seu caminho, aquela conversa com aquele mineiro não daria em nada, ela acelerou o carro e foi seguindo a rota indicada, ela curvou no canteiro à frente e subiu rumo à praça, por um segundo ela achou que se perderia, mas um carro da polícia com a cirene ligada subindo a rua foi o bastante para ela segui-lo.
Ela foi subindo pelo centro na rua da praça atrás do carro da polícia, ela olhou para a padaria ao lado e olhou se eles teriam cappuccino, mas ela não conseguiu ver nada, o movimento suspeito dela fez com que despertasse suspeita na polícia a sua frente que logo parou o carro e a abordaram.
— Boa tarde senhora está procurando alguma coisa por aqui? – Os policiais olharam a placa do carro que indicava Rio Casca e foi o suficiente para eles pedirem para ela descer e eles fazerem uma vistoria.
— Estou procurando um casarão antigo, podem me ajudar – Sarah não quis se revelar de imediato, ela quis brincar um pouco com os policiais.
— Você pode descer do carro fazendo um favor, precisamos dá uma olhada.
— Pois bem, fique a vontade.
— Você não é dessas bandas né?
— Não, não sou.
— O que você veio realmente fazer aqui?
— Eu sou detetive e o caso Sophia foi passado para mim.
— Olha moça não brinque comigo, minha paciência é pequena, por favor, sua identidade e sua habilitação.
Sarah pegou seus documentos e mostrou aos policiais como se estivesse tudo bem, eles olharam para aquele nome.
— Sarah Potter? Você é a detetive Sarah Potter?
— Ah, então me conhecem?
Eles logo entregaram os documentos dela e a guiaram até o local, os policiais ficaram vermelhos como pimentões, Sarah não se importou com a abordagem e deixou barato, como havia tempo que ela não passava por isso ela até riu depois, eles viraram na rua logo em seguida e Sarah avistou aquele enxame de gente ao redor de uma fita amarela que demarcava o local, ela ainda não havia avistado o casarão só o topo dele.
Sarah parou o carro, pois não teria como passar pela multidão de curiosos e de sugadores de notícias, os policiais a escoltaram até o local, eles foram abrindo uma brecha pela multidão, o sargento Ross estava dialogando com a mídia quando Sarah chegou e ele a avistou, seu olhar estupefato para o lado direito chamou a atenção e um blogueiro logo reconheceu Sarah e as atenções mudaram todas para ela.
— Sarah, então você é a detetive que assumirá o caso Sophia Leblanc e Suellen Swanson?
— Sarah você se sente preparada para assumir o caso, pois não tem três dias que você resolveu o caso Clarisse?
— Sarah Potter como é se vê diante de mais um caso de suicídio?
As perguntas vinham de todo lado e Sarah mal conseguia se concentrar para responder, nisso os policiais abafou os repórteres e a levaram para o outro lado da faixa e o sargento Ross se aproximou dela.
— Detetive Potter, prazer tê-la em nossa cidade!
— Queria poder dizer o mesmo sargento.
— Vixi... – Disse um dos policiais e saiu dando algumas risadas.
— Vejo que melhorou de vida, virou detetive nomeada por todo estado?
— É a vida me serviu bem, mas corta essa Ross eu te conheço bem, eu vim cá pelo trabalho e não para falar de minha vida.
— Vocês já se conhecem? – Perguntou Vinci uns dos policiais que havia abordado a detetive.
— Sim, a gente já trabalhou junto na academia de polícia.
— Infelizmente durou pouco tempo né? – Disse Ross.
— Felizmente você quis dizer? Se durasse mais tempo eu desistiria da carreira.
Ross deu uma risada meio sem graça diante a situação constrangedora, pelo visto Sarah não se simpatizava muito bem com ele.
— Ela diz isso por que eu não quis me casar com ela. – Disse Ross.
— Isso não é verdade, ele me cantava o tempo inteiro, até que eu saí para fazer direito e me mudei para o Rio de Janeiro, depois voltei para Rio Casca onde me tornei detetive, e ele tomou outro rumo.
— Mas e aí Potter você se casou?
— Não mais estou noiva, então não me encha o saco, eu só vim pelo caso. Onde está a garota?
— Soldado Vinci deixe-a a parte de tudo.
Vinci saiu junto de Potter mostrando para ela a cena onde foram encontrados os corpos, ele apresentou o casarão antigo para Sarah que se arrepiou ao se deparar com aquela casa funesta. Uma brisa fria passou por seus cabelos e seu corpo todo estremeceu aquilo parecia um aviso para ela cair fora, mas ela já estava dentro.
Vinci foi levando Sarah para dentro da residência ele foi até o ponto demarcado onde foi encontrado o corpo de Sophia adjunto do diário e de um boneco. Naquele mesmo lugar, ele disse que também foi encontrado o corpo de Maison um garoto de dezesseis anos e os corpos do pai e da mãe de Sophia. A detetive avaliou o local, as marcas de sangue espalhadas por toda área, o perímetro estava muito arenoso e o sangue se misturava a areia ganhando uma cor vermelho púrpura bem escura, era bem diferente daquilo que Sarah estava acostumada a ver.
— Onde foram encontrados os outros corpos? – Perguntou Sarah.
— Foram encontrados na casa.
— Mostre-me a casa e depois me leve até o corpo de Sophia e também quero o diário.
— Ok, então vamos!
Capítulo dois
As portas estavam trancadas para não permitir que qualquer curioso pudesse fazer qualquer gracinha e entrar na casa, ou até mesmo impedir que um bêbado qualquer que quisesse se esconder da chuva durante a noite entrasse nela. Sarah analisava tudo com muita perfeição, essa era sua diferença em relação aos outros detetives, ela era cautelosa com os mínimos detalhes.
— O que a perícia forense disse? – Ela perguntou.
— A população está relacionando onze mortes a esse caso.
— Como assim onze?
— Todos aqueles que pisaram nesta casa morreram, os três padres: Morrison, Eder e Jordan, também Jake um ajudante dos padres, Maison o ex-namoradinho da Sophia, e a família dela juntamente dela.
— A família dela era em quantos?
— Seis; o senhor Louis e a dona Abbie, as meninas Sophia, Jodie, Mollie e o garoto Johnny.
— Todos morreram?
— Sim, todos tiveram uma morte violenta.
— E a perícia o que