Os Eleitos - Livro Ii

Os Eleitos

A Trilha

Livro II

Kátia Sanábio

Aos meus alunos de filosofia, que contribuíram

para minha constante investigação ao longo de

vinte e quatro anos...

Pela riqueza maior por tê-los conhecido e o

privilégio da partilha de grandes experiências

durante a trilha da vida!

E por ter dado a eles o melhor de mim e ter

recebido o melhor deles, em forma de carinho,

ensinamentos e a percepção da grande riqueza e

beleza que é a diversidade humana!

Muita gratidão a todos!

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Sumário

1.De volta à Gruta da Aliança........ ........07

2.Terra Real................................................15

3.Thallmom e o inesperado.....................34

4.Treinos Intensificados...........................46

5.Conhecendo a Sombra..........................63

6.Código de Honra ..................................76

7. Rumo à Trilha.......................... ............82

8. Frente a Frente com o Inimigo........121

9. Revelação ............................................131

10.O Retorno à Trilha.............................149

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1. De volta à Gruta da Aliança

A tensão era muito grande no interior do Centro

de Formação, principalmente na sala de Sodhiamam.

Afinal, Thallmom e Raniel não conseguiram entrar.

Os eleitos estavam em sua maioria atônitos, sem

saber o que esperar, mas a presença dos Magos era tudo

que lhes restavam.

Estes estavam de costas para os eleitos alinhados

de frente para a porta com as mãos estendidas.

Através de seus dedos de ambas as mãos,

indicador, médio e anular saia uma energia luminosa azul

com o poder de selar a porta impedindo a multidão de

espectros de arrombá-la.

Todos os eleitos, atrás dos cinco Magos com os

corações em sobressalto olhavam atônitos para a porta

enorme de jacarandá que rangia diante das batidas

incontroláveis do exército do Imperador.

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O cheiro da sala era muito ruim. Estava impregnada

por uma fumaça fina e cinzenta que vinha dos espectros e

entrava pelas frestas da porta. A sensação era de que tudo

em volta estava apodrecendo. Alleni abafava com as mãos

os seus ouvidos. Degas percebendo a aflição da amiga, não

pensou duas vezes e tomou-a nos braços.

- Não sou criança, pode me soltar - disse a jovem com

orgulho, mas ao mesmo tempo esperando que ele não

desistisse da ideia de envolve-la em um abraço.

- Eu sei que não, mas eu é que preciso ficar bem perto –

dizendo isso com a voz baixa, Degas a abraçou mais

fortemente e seus olhos encontraram os olhos medrosos

de Alleni. Com um sorriso tímido ela abaixou o olhar. Mas

logo ficaram atentos quando a voz de Sodhiamam ecoou:

-Todos alertas, vamos partir!

Um grande alívio percorreu a espinha dos

eleitos. Guental fez com suas mãos rapidamente um

grande círculo surgir desenhado no chão em volta dos

noviços e dos magos enquanto uma boa quantidade de

energia magnética azul ainda protegia a porta, e em um

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piscar de olhos desapareceram envoltos por uma rajada de

raios e faíscas que rodopiavam até o teto.

Alguns minutos depois a porta finalmente foi

rompida pelo exército enfurecido de Sekirath e os

espectros entraram como um enxame de abelhas

enlouquecidas.

Uns passavam por cima dos outros e quando

perceberam que a sala estava vazia deram gritos agudos

terríveis jogando tudo que viam para o auto, devastando

totalmente a sala de Sodhiamam.

Neste mesmo instante, todos os Magos e seus

discípulos chegaram nas matas da Floresta da Luz.

Imediatamente Sodhiamam abriu um espelho

dimensional com sua mão direita, formando um giro

brilhante no ar.

Todos então puderam ver o que estava

acontecendo na sala em que estavam.

Não lamentaram a destruição que viram, mas

sim a ausência de Thallmom e Raniel.

- Acalmem-se, eles sabem o que fazem – disse com

tranquilidade o Mestre Mago olhando para Herídiam que

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consentiu com um movimento delicado e afirmativo de

sua cabeça.

Assim, todos seguiram Sodhiamam que se

dirigiu para a entrada da Gruta da Aliança dos Magos, e

agora, neste momento, poderiam sentir-se mais seguros.

Antes de se acomodarem em seus quartos,

Herídiam, Séllem, Guental e Greiffus prepararam

rapidamente chás, pães e sopas para todos.

Diante de uma lareira encrustada na pedra das

paredes da gruta, sentaram-se ainda um pouco assustados

com o rumo dos acontecimentos vividos, mas a voz doce

e aconchegante de Herídiam os confortava conversando

sobre a importância de estarem unidos e firmes em seus

propósitos.

Sodhiamam em um dado momento pediu licença

aos eleitos para se reunir com os Magos no salão ao lado

para melhor decidirem o rumo de todos diante dos

acontecimentos.

Os sete eleitos ficaram confortáveis, e o assunto

girou em torno da grande experiência vivida.

Ao retornarem à sala de refeição Sodhiamam

pediu a atenção de todos.

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- Meus queridos eleitos, permaneçam aquecidos e

descansem bastante. Não poderemos permanecer aqui por

muito tempo. Iremos embora logo que amanhecer. Nosso

destino deverá ser modificado. Diante do ocorrido não

poderemos mais voltar para nossas vidas e continuar

nosso aprendizado normalmente. O cerco está se

aproximando e teremos que agir o quanto antes.

Precisaremos da ajuda de nossos irmãos maiores, os

Mampays e devemos seguir para a Terra Real.

Foi um alvoroço geral. Lembravam muito

claramente da estadia neste continente dimensional

quando atravessaram o 10º portal com toda sua beleza

divina e mágica.

-Teremos que adiantar mais uma vez nossos planos, e

nesta dimensão guardada pela nossa Ordem da Aliança

dos Magos da Luz estaremos completamente a salvo.

Fiquem todos em paz e até amanhã!

Dizendo isso Sodhiamam foi para seu quarto

com seus irmãos magos, Guental e Greiffus.

Herídiam com Séllem permaneceram com os

eleitos para acomodá-los em seus quartos. Greiffus antes

de se retirar da sala de refeições passou perto de Lurian

que o acompanhava com os olhos.

Ao se aproximar tocou as mãos da jovem e de

imediato deram um aperto de mãos mútuo enquanto seus

olhos falavam de paixão.

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Não era o momento de dizer qualquer palavra, mas ficou

evidente a cumplicidade e a confiança que um dispensava

ao outro.

Amoron observou esse breve encontro e não conteve

um sorriso no canto dos lábios.

Lurian percebeu a expressão de Amoron e só este

presenciou o quanto a face da jovem enrubescia.

Tímida, Lurian rapidamente se aproximou de sua amiga

Alleni e ambas ficaram unidas conversando o resto da

noite.

Millus e Degas divertiam-se como sempre e

miolos de pão voavam pela mesa tentando acertar a caneca

Kellor que com muita paciência ria quando os

miolos ficavam presos em seus cabelos ondulados.

Ronavir ajudava Séllem e Herídiam a desfazer a

mesa e chamou por Amoron.

- Venha nos ajudar. Precisamos de sua força - falou

Ronavir provocando o aprendiz.

- Acho que já tem muita gente trabalhando. Será que serei

útil?

-Sempre cabe mais um quando se trata de trabalho - falou

Herídiam sorrindo para o eleito.

Seu sorriso fez o coração de Amoron saltar.

Meio atrapalhado, achando que todos poderiam ouvir seu

nervosismo, se aproximou pegando um prato das mãos de

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Herídiam. Segundos depois ele se voltou rapidamente para

pegar outro prato e não calculando bem a distância virou-

se com um impulso forte, ficando cara a cara com a bela

maga. Herídiam ficou paralisada diante dele sem se mover.

Olhos nos olhos, Amoron pôde sentir a respiração de

Herídiam por um segundo. Algo muito forte foi sentido

pelos dois. Uma química enorme possuía seus corpos em

apenas uma fração de segundos. Ambos voltaram

rapidamente cada qual para uma direção. Amoron

tropeçou na cadeira ao lado o que provocou muito riso

entre os garotos que aproveitando a ocasião jogaram

muitos miolos na cabeleira farta de Amoron.

- Vocês sabem que o chão é de vocês, não é meninos? -

exclamou Séllem.

-Claro! Daqui a pouco estará tudo limpo! – disse Degas

sorrindo.

- Nem parece que há pouco tempo atrás esses meninos

estavam sobre o cerco dos espectros e corriam risco de

vida – disse Séllem olhando toda aquela algazarra!

- Ainda bem, é disso que precisamos, da leveza dos jovens

e do amor pelo um bem maior, além é claro do gosto pela

aventura! – exclamou Herídiam, se refazendo do

inapropriado momento de atração por Amoron.

E assim, todos terminaram a arrumação do local.

Aos poucos cada um se acomodou em seus quartos. Mais

um dia findou na Floresta da Luz.

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O silêncio era profundo. Muito atentamente

podia-se observar uma fileira de Mampays guardando a

entrada da gruta em árvores próximas. Naquela noite um

vulto negro cruzou o céu e no alto de sua sabedoria as

corujas Mampays permaneceram imóveis e em silêncio.

Trilha Sonora: Esperança

* * *

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2. Terra Real

Assim que clareou o dia, todos já estavam

sentados em volta da mesa de refeições acordados pelo

canto de um melro, pássaro preto que acompanhava

Herídiam e sempre estava próximo quando a Dama do

Amor estava na Floresta da Luz.

Sodhiamam caminhava pela floresta em

companhia dos cavalheiros Magos da Terra: Greiffus, e do

Mago da Água: Guental. Embora estivessem certos de que

seus irmãos Magos estavam bem, não conseguiam

nenhuma forma de comunicação com eles. Os três magos

seguiram em direção à cachoeira para entrar em sintonia

com Raniel e Thallmom tentando uma forma de

comunicação por via meditativa. Mas nada aconteceu.

As horas se passaram e a manhã seguia tranquila quando

subitamente Greiffus entrou no refeitório