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Versões - Josina Do Amaral
Apresentação
Apenas escrevo.
Às vezes escrevo poesia. Mas, não me preocupo com isso, escrevo sobre o que penso, ouço e experimento.
Dessa forma, me autoajudo a compreender, aceitar, viver intensamente ou se necessário, superar tudo.
Registro as coisas minhas, as coisas alheias, o que vejo, o que quero, o que sonho.
Coisas que enfrento, coisas que me fazem parar e o que me move.
Ou apenas, algumas versões de todas essas coisas.
Nada de sofisticado, bem elaborado, inteligente ou conceitual.
Apenas, registros de momentos, alguns até parecem bobagens (e são), mas, quando escritos, foram o combustível da minha existência.
Há os que gosto mais, neles desmancho emoções e sentidos em palavras.
Anoto e guardo tudo que me faz sentir desde adolescente.
Ao reler minhas anotações dos 15 aos 35 anos de idade, vi em mim, muitas versões.
Ao juntar tudo e publicar, socializo duas décadas de vida, de adolescente a mulher.
CAPÍTULO I
Primeiras Versões
Primeiras versõesDescoberta
Descobri outro dia, um outro ser em mim...
Pesquisei, interroguei, para ser sincera, até me assustei.
Tranquei-me. E quietinha no quarto iluminado era realidade, tudo à flor da pele e de uma vez só.
Ora aos berros, ora em prantos, ora aos risos em silêncio.
Parecia loucura, bem próximo de tristeza, inundando-se de alegria repentina.
Sinceramente, dentro de mim eu fiz faxina. E como resultado, revela-se naquele solitário momento o fruto da minha intensa alma.
Corrigi alguns erros de gramática, digitei, soltei o verbo!
Não passava de um sonho incubado, a sete chaves trancado, esperando a coragem chegar...
Outro dia, encontrei as chaves do baú de pensamentos guardados no fundo de mim mesma, pensei que fosse outro ser, não era, me descobri sonhadora.
Fiz poesia.
Solidão por bem-querer
Já andei tanto por este mundo de estrada de chão, que meus pés craquentos de poeira, já sonharam por voos em bandos de andorinhas.
Já vivi tanto em meio à multidão, que minhas caraminholas almejam por um tempo só.
Só para refletir sobre as andanças e em quantos anda minha carga de fé e crença em construir um mundo melhor.
Já vi tanto deste mundo de falta de pão, que provei o calango, a pouca sede imposta pelo sertão e o agradecimento a Deus, pelo viver.
Mas, principalmente, por não ter medo de partir.
Já falei tanto pelos cantos que passei, que já nem falo nada, só aproveito a presença e voz de quem por mim passa e espero a solidão.
O tempo de ajuntamento é só um momento na vida de um poeta, então, faço festa, dou risada e espero o tempo de ficar só.
Solitário, consigo sentir o meu avesso, ouvir as batidas do meu peito e dar razão ao meu juízo e consciência.
Tão meus, quanto os devaneios de juventude, os tropeços, os beijos lançados no ar, assim para quem conseguisse alcançar...
Publicação
Ah, se eu tivesse a coragem necessária para publicar de uma vez só, ao mundo, o meu amor.
Em todos os outdoors, em todos os sites, em todas as revistas, em todos os eventos...
Todos os lugares ao mesmo tempo.
Todos os canais de televisão, anunciando uma única notícia: o meu amor por ti.
Eu vou além...
Imagina todas as rádios tocando uma linda canção de amor e falando de nós.
Falando desse amor que quer se revelar de forma única, encantadora...
Escandalosamente inesquecível.
Sim, arrebatadoramente age a paixão.
Ah, eu poderia também contratar as melhores orquestras e colocá-las debaixo da tua janela, tocando acompanhada de corais as mais belas canções de amor.
Ali sim, estaria representado este sentimento profundo, sincero,