O Alcorão
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O Alcorão - Profeta Maomé
EDIÇÕES BESTBOLSO
O Alcorão
O Alcorão é o livro sagrado que contém o código religioso, moral e político dos muçulmanos. O texto original em árabe clássico é considerado pelos mulçumanos a palavra textual de Deus, revelada ao Profeta Maomé por intermédio do arcanjo Gabriel. O Alcorão traduzido do árabe por Mansour Challita é a edição mais recomendada pelos estudiosos brasileiros. Nascido na Colômbia, o escritor e tradutor passou a infância e boa parte da juventude no Líbano e durante 15 anos foi ministro plenipotenciário da Liga dos Estados Árabes. Conhecedor da cultura árabe e de suas tradições, Mansour Challita é um mestre do manejo da língua portuguesa fiel à beleza estilística do original.
6ª edição
RIO DE JANEIRO – 2016
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Maomé, c. 570-m. 632
A331
O alcorão [recurso eletrônico] / tradução Mansour Challita. - 1. ed. - Rio de Janeiro: BestBolso, 2016.
recurso digital
Tradução de: Al-qhuran
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-7799-519-6 (recurso eletrônico)
1. Alcorão. 2. Islamismo. 3. Livros eletrônicos. I. Challita, Mansour.
16-33176
CDD: 297.122
CDU: 297.18
O Alcorão, com tradução de Mansour Challita.
Título número 144 das Edições BestBolso.
Sexta edição impressa em março de 2013.
Texto revisado conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título original árabe:
AL-QHURĀN
Copyright da tradução © by Mansour Challita.
Direitos de reprodução da tradução cedidos para Edições BestBolso, um selo da Editora Best Seller Ltda. Edições BestBolso e Editora Best Seller Ltda são empresas do Grupo Editorial Record.
www.edicoesbestbolso.com.br
Design de capa: Tita Nigrí
Todos os direitos desta edição reservados a Edições BestBolso um selo da Editora Best Seller Ltda. Rua Argentina 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000.
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-7799-519-6
Sumário
Apresentação: O que você deve saber para aproveitar plenamente a leitura do Alcorão – Mansour Challita
O ALCORÃO:
1ª Abertura
2ª A vaca
3ª A tribo de Omran
4ª As mulheres
5ª A mesa servida
6ª O gado
7ª As alturas
8ª Os espólios
9ª O arrependimento
10ª Jonas
11ª Hud
12ª José
13ª O trovão
14ª Abraão
15ª Al-Hijr
16ª As abelhas
17ª A viagem noturna
18ª A gruta
19ª Maria
20ª Taha
21ª Os profetas
22ª A peregrinação
23ª Os crentes
24ª A luz
25ª O discernimento
26ª Os poetas
27ª As formigas
28ª As narrativas
29ª A aranha
30ª Os bizantinos
31ª Lukman
32ª A prostração
33ª Os coligados
34ª Sabá
35ª O criador
36ª Ia. Sin
37ª As fileiras
38ª Sad
39ª Os grupos
40ª O perdoador
41ª Os versículos detalhados
42ª A consulta
43ª Os ornamentos
44ª A fumaça
45ª A ajoelhada
46ª As dunas
47ª Muhamad
48ª Vitória
49ª Os aposentos
50ª Kaf
51ª Os furacões
52ª O monte
53ª A estrela
54ª A lua
55ª O clemente
56ª O dia inelutável
57ª O ferro
58ª A discussão
59ª O reagrupamento
60ª A mulher testada
61ª As fileiras
62ª Sexta-feira
63ª Os hipócritas
64ª O logro mútuo
65ª O divórcio
66ª As proibições
67ª O reino
68ª A pena
69ª O inelutável
70ª As escadas
71ª Noé
72ª Os djins
73ª O encontro
74ª O emantado
75ª A ressurreição
76ª O homem
77ª Os emissários
78ª A notícia
79ª Os arrebatadores
80ª Ele franziu as sobrancelhas
81ª O obscurecimento
82ª A terra fendida
83ª Os defraudadores
84ª Fenda no céu
85ª As constelações
86ª O visitante da noite
87ª O altíssimo
88ª O que tudo envolve
89ª A aurora
90ª A cidade
91ª O sol
92ª A noite
93ª A manhã
94ª O alívio
95ª O figo
96ª O coágulo
97ª Kadr
98ª A prova
99ª O terremoto
100ª Os corcéis
101ª A calamidade
102ª A rivalidade
103ª A tarde
104ª O difamador
105ª O elefante
106ª Koraich
107ª A caridade
108ª A abundância
109ª Os descrentes
110ª O socorro
111ª A corda de esparto
112ª A sinceridade
113ª A alvorada
114ª Os homens
Notas explicativas*
Nota
* Os números (de 1 a 20) encontrados no decorrer do texto correspondem a notas explicativas localizadas no fim do livro.
Apresentação
O que você deve saber para aproveitar plenamente a leitura do Alcorão
Mansour Challita
CORÃO OU ALCORÃO?
Muitas pessoas sustentam que o livro sagrado dos muçulmanos deve chamar-se, em português, o Corão, não o Alcorão, neste caso o al
já está representando o artigo o
.
Etimologicamente, elas estão certas.
Acontece, contudo, que em português a maioria das palavras árabes incorporou o artigo al de forma inseparável. Dizemos o açúcar (não o çúcar), o arroz (não o roz), a alfândega (não a fândega), a álgebra (não a gebra), o algodão (não o godão), o almíscar (não o míscar), o alcaide (não o caide), o alferes (não o feres), a alquimia (não a quimia), o alambique (não o lambique) etc.
Em francês, por oposição, a maioria dessas mesmas palavras é empregada sem o artigo original. Assim se diz: le sucre, le riz, le coton, le musc etc. e, portanto, Le Coran.
Cada língua tem seus caminhos.
A palavra Alcorão obedece, desse modo, à tendência geral da língua portuguesa no que diz respeito às palavras de origem árabe, o que a consagrou sob essa forma.
IMPORTÂNCIA E CONTEÚDO DO ALCORÃO
Há algumas décadas, bastava ao homem culto saber que o Alcorão era o livro que havia fundado uma das três grandes religiões monoteístas do mundo.
Hoje raramente um dia se passa sem que o Alcorão seja mencionado no noticiário internacional. O aiatolá Khomeini afirmava que obedecia ao Alcorão quando impunha o xador às mulheres ou quando mandava apedrejar adúlteros e adúlteras, executar homossexuais e contrabandistas, proibir a música e a dança ou fechar as escolas mistas.
Paralelamente, temos assistido nos últimos anos ao renascimento do Islã militante que, invocando ainda o Alcorão, está transformando as feições e reorientando a vida de muitos países desde o norte da África até o sul da Ásia. Em nome dele, as bebidas alcoólicas são proibidas em todo o reino da Arábia Saudita. Em nome dele, um ladrão é açoitado em praça pública no Paquistão. Em nome dele, milhões de mulheres muçulmanas continuam a cobrir o rosto com véu. Que outro texto legislativo do século VII continua a ser respeitado e aplicado como o Alcorão?
Decorre desses fatos um contraste que ninguém procura disfarçar entre a sociedade muçulmana e a atual sociedade ocidental, liberal e permissiva – contraste que, às vezes, assume a forma de um conflito de civilizações.
O mesmo conflito se manifesta, aliás, nos próprios países muçulmanos entre o modernismo e o tradicionalismo. Ataturk na Turquia e Riza Khan no Irã rejeitaram, no começo do século XX, a lei do Alcorão e seus costumes e impuseram a lei e os costumes europeus. Mal haviam morrido, porém, e uma reação terrível arrasou suas reformas e restabeleceu a lei islâmica.
Embora em diferentes intensidades, o mesmo conflito renasceu em vários países muçulmanos entre os que defendem as tradições e os que defendem a evolução, com reflexos imprevisíveis sobre o futuro. O interesse despertado pelo Alcorão ultrapassa assim o quadro da cultura geral para integrar-se na atualidade política.
O Alcorão é ao mesmo tempo um livro religioso e a obra-prima da literatura árabe – nunca igualada antes dele ou depois. Seu estilo distingue-se pela força e pela originalidade, pela majestade da palavra inspirada, pela musicalidade e pelo colorido da poesia oriental.
Como é o caso da maioria dos livros sagrados que fundaram uma religião, o Alcorão não foi escrito por Maomé. Ele, aliás, não sabia ler ou escrever. Pregava suas ideias ao sabor da inspiração e das circunstâncias; e naquela época de literatura oral, seus seguidores retinham-lhe as palavras na memória ou as inscreviam em qualquer material disponível: pele de cabra, omoplatas de camelo, folhas de tamareira, pedras, pergaminhos.
Após a morte do Profeta, seu sucessor, Abu Bakr, receando que a mensagem se perdesse com o desaparecimento dos primeiros companheiros e as flutuações dos textos memorizados, encarregou Zaid Ibn Thabet de reunir todos os fragmentos. E Osman, terceiro sucessor de Maomé, mandou organizar o livro definitivo que chegou até nós.
Os textos foram repartidos em 114 suras ou capítulos, subdivididos em versículos, num total de 6.235.
Cada sura é como uma preleção na qual os ouvintes são exortados a seguir determinadas normas morais ou a aplicar determinadas leis ou a crer em determinadas verdades ou a tirar conclusões dos fatos históricos que lhes são narrados.
Cada sura possui um título: As mulheres, As abelhas, A aurora, Os poetas... Mas não se trata de um título que resume o assunto como nos livros comuns: é apenas uma palavra ou uma expressão empregada na sura e que foi escolhida como título.
Nessas preleções, os assuntos não são tratados sob forma de dissertações filosóficas ou teológicas, esgotando-se cada tema antes de outro ser abordado. Os assuntos são diversos e um mesmo tema pode retornar mais adiante no texto. Inevitavelmente há, portanto, muitas repetições, pois vários assuntos foram desenvolvidos em diferentes ocasiões, perante públicos distintos.
EXTENSÃO E ORDEM DAS SURAS
Suras e versículos variam muito em extensão. A sura mais longa (intitulada A vaca) contém 286 versículos. As três mais curtas contêm três versículos cada uma. E há versículos formados de uma única palavra, e outros compostos de várias frases.
Oitenta e seis das 114 suras foram reveladas em Meca, onde Maomé nasceu, em 570, e viveu até a idade de 52 anos; 28 suras foram reveladas em Medina, onde se refugiou e morreu em 632.
Por algum motivo que desconhecemos, nem os versículos dentro das suras, nem as suras dentro do livro, foram colocados em ordem cronológica ou reunidos por assunto. Os temas se repetem nas diversas suras. Ademais, alguns versículos revelados em Meca foram incluídos em suras reveladas posteriormente em Medina.
A única ordem seguida foi colocar as suras mais longas em primeiro lugar e as mais curtas em último lugar. É essa ordem tradicional que se encontra em todas as edições árabes do Alcorão e que adotamos, naturalmente, em nossa tradução.
Há exegetas, contudo, que procuram substituir essa classificação por duas outras.
A primeira, baseada em estudos minuciosos, dispõe as suras por ordem cronológica: o que permite acompanhar a evolução do pensamento de Maomé desde as primeiras revelações até as últimas, embora haja algumas variações de um exegeta a outro.
Daremos a seguir a classificação adotada por J.M. Rodwell na sua tradução inglesa do Alcorão.
ClASSIFICAÇÃO CRONOLÓGICA
Para acompanhar a evolução do pensamento de Maomé da primeira revelação à última, ler as suras na seguinte ordem (os números representam os números das suras na presente edição):
96, 74, 73, 93, 94, 113, 114, 1, 109, 112, 111, 108, 104, 107, 102, 92, 68, 90, 105, 106, 97, 86, 91, 80, 87, 95, 103, 85, 101, 99, 82, 81, 84, 100, 79, 77, 78, 88, 89, 75, 83, 69, 51, 52, 56, 53, 70, 55, 54, 37, 71, 76, 44, 50, 20, 26, 15, 19, 38, 36, 43, 72, 67, 23, 21, 25, 17, 27, 18, 32, 41, 45, 16, 30, 11, 14, 12, 40, 28, 39, 29, 31, 42, 10, 34, 35, 7, 46, 6, 13, 2, 98, 64, 62, 8, 47, 3, 61, 57, 4, 65, 59, 33, 63, 24, 58, 22, 48, 66, 60, 110, 49, 9, 5.
A segunda classificação segue uma ordem subjetiva, determinada pelo gosto pessoal de cada um, no afã de apresentar ao leitor, primeiro, as suras mais curtas e mais poéticas e depois as mais longas e mais dogmáticas. O objetivo é tornar a leitura do Alcorão mais fácil e atraente. Reproduziremos em seguida a classificação adotada por N.J. Dawood, que também traduziu o Alcorão para o inglês.
CLASSIFICAÇÃO LITERÁRIA
Para conhecer, em primeiro lugar, as páginas mais poéticas do Alcorão, ler as suras na seguinte ordem (os números representam os números das suras na presente edição):
1, 99, 82, 81, 76, 55, 71, 100, 113, 114, 95, 93, 92, 89, 94, 96, 97, 102, 103, 104, 107, 108, 101, 98, 91, 88, 90, 87, 19, 86, 12, 85, 84, 83, 80, 79, 78, 77, 75, 74, 70, 73, 69, 68, 10, 67, 28, 27, 64, 63, 18, 14, 62, 61, 57, 56, 53, 52, 51, 50, 47, 46, 45, 11, 13, 44, 43, 42, 41, 40, 37, 36, 35, 34, 32, 31, 30, 29, 26, 25, 24, 23, 20, 17, 15, 7, 105, 106, 11, 112, 72, 60, 59, 58, 49, 48, 39, 38, 33, 21, 16, 8, 9, 2, 4, 65, 5, 109, 110, 22, 3, 6, 66.
Cada sura tem um número, e cada versículo dentro das suras também. Geralmente, nas traduções do Alcorão, coloca-se o número de cada versículo antes de iniciá-lo, o que dá ao livro o aspecto de um código e contribui para afastar a mente do leitor da ideia de que o Alcorão, além de livro santo, seja uma obra literária de grande beleza.
Nas edições árabes, por oposição, o número é colocado depois do versículo num pequeno círculo artístico que não atrapalha a leitura. Seguindo um método similar, colocamos o número de cada versículo em uma coluna à direita, ao lado de um losango vazado que remete à arte árabe. Desse modo, o leitor poderá consultar qualquer versículo pelo número.
Por outro lado, eliminamos os números romanos, usados em muitas traduções para enumerar as suras e usamos tanto para as suras quanto para os versículos os números arábicos, mais simples e mais claros. Em nossas anotações, o primeiro número refere-se à sura, o segundo, ao versículo. Assim, 2:182 indica o versículo nº 182 da sura nº 2.
Todas as suras, exceto uma, começam com a saudação: Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Vinte e nove suras começam com letras isoladas do alfabeto árabe, sobre a interpretação das quais os exegetas divergem.
De acordo com a tradição muçulmana, foi numa noite do mês do Ramadã do ano 610 que, enquanto dormia ou estava em transe, Maomé, então com 40 anos, viu o anjo Gabriel na sua frente. Ordenou o anjo: Recita!
Que recitarei?
, perguntou Maomé. Recita!
, repetiu o anjo. Que recitarei?
, voltou Maomé a perguntar. Recita!
, disse o anjo pela terceira vez.
Recita em nome de teu Senhor que criou,
Criou o homem de sangue coagulado.
Recita. E teu Senhor é o mais generoso,
Que ensinou com a pena,
Ensinou ao homem o que não sabia.
Eram os primeiros versículos do Alcorão, que fariam parte da sura intitulada O coágulo.
Até a sua morte, 22 anos depois, Maomé recitaria a seus seguidores versículos do Alcorão que dizia receber diretamente de Deus por intermédio do anjo Gabriel.
É uma blasfêmia atribuir este Alcorão a outro que não a Deus. Ele é a confirmação do que o precedeu e a elucidação do Livro incontestável do Senhor dos Mundos. (10:37)
O DOGMA DO ISLÃ
Eis como N.J. Dawood resume o dogma pregado por Maomé:
Deus havia revelado sua vontade aos judeus e aos cristãos pela voz de seus Mensageiros. Mas eles desobedeceram às ordens de Deus e dividiram-se em seitas cismáticas. O Alcorão acusa os judeus de terem corrompido as Escrituras, e os cristãos, de adorarem Jesus como o Filho de Deus, quando Deus nunca teve filho e quer ser adorado com absoluta exclusividade. Tendo-se assim desencaminhado, judeus e cristãos devem ser chamados de novo para a senda da retidão, a religião verídica fundada por Abraão e que Maomé, o último dos Profetas, veio pregar.
Completam o dogma as cinco seguintes proposições:
1. Deus é único e onipotente. É o criador e o Senhor absoluto dos céus e da terra e de tudo quanto existe neles. Sabe tudo e pode tudo. Nada acontece senão pela Sua vontade. Faz o que Lhe apraz. Seu poder é ilimitado e discricionário. Os homens são Seus servos.
Desgraça alguma acontece senão com a permissão de Deus. (64:11)
Se teu Senhor quisesse, todos os habitantes da terra seriam crentes. (10:99)
Possui as chaves do desconhecido, e só Ele as possui. E sabe o que há na terra e no mar. Nenhuma folha cai sem Seu conhecimento. E não existe grão no seio da terra escura ou coisa alguma, seca ou verde, que não esteja registrada no Livro evidente. (6:59)
Se quiséssemos, poríamos todas as almas no caminho da retidão. Mas digo-o em verdade, encherei o inferno de djins e de homens. (32:13)
E Ele perdoa a quem Lhe apraz e castiga quem Lhe apraz. (2:284)
A Ele pertencem os nomes mais sublimes. Sua grandeza é representada por metáforas inesquecíveis.
E quando Moisés chegou a Nosso encontro e seu Senhor lhe falou, disse: Senhor meu, deixa-me ver Tua face.
Respondeu o Senhor: Não me verás. Observa, porém, o monte. Se ele permanecer no seu lugar, poderás Me ver.
Mas quando Deus desvelou Sua face ao monte, o monte caiu em pó. E Moisés perdeu os sentidos. (7:143)
Sua imagem completa forma-se traço por traço, de um versículo a outro. Ele sabe castigar com vigor, sabe mesmo ser vingativo e astucioso; mas como sabe também ser generoso e liberal! E como sabe ser justo e clemente!
Quem praticar uma boa ação, receberá dez vezes seu equivalente, e quem cometer uma ação má, receberá apenas o seu equivalente, e ninguém será lesado. (6:160)
Ó vós que credes, sede firmes na distribuição da justiça, testemunhado por Deus, mesmo contra vós mesmos ou contra vosso pai, vossa mãe e vossos parentes, trate-se de um rico ou de um indigente. Deus vela sobre todos. (4:135)
Sendo o poder de Deus ilimitado e discricionário, e considerando-se que nada acontece senão com Sua permissão e conforme Sua presciência, nasceu a ideia da predestinação, da fatalidade, do maktub. Está mesmo tudo escrito no Livro? E em que sentido? Descobrir as respostas nos pronunciamentos do Alcorão não é um dos menores atrativos da leitura.
Impressionados com essa dominação absoluta de Deus, alguns descrentes ironizavam: E quando se lhes diz: ‘Gastai do que Deus vos concedeu’, os que descreem dizem aos que creem: Alimentaríamos os que Deus alimentaria se Ele quisesse?
(36:47)
2. Outros elementos da religião muçulmana são a ressurreição dos mortos, o juízo final, a Geena (inferno) e o Paraíso. A ressurreição de todos os homens precederá o dia do julgamento. E após o julgamento, os condenados irão para a Geena e lá permanecerão enquanto permanecerem os céus e a terra
, (11:107) e os eleitos, para o Paraíso onde permanecerão enquanto permanecerem os céus e a terra
. (11:108)
As delícias do Paraíso são descritas sob a forma alegórica das delícias deste mundo que mais sensibilizam o beduíno do deserto: jardins e rios, frutas e água de nascente, e esposas formosas.
Mas é tanto a ressurreição como a Geena que são descritas com as imagens mais impressionantes.
Assim, quando a trombeta soar uma só vez, e a terra e as montanhas forem erguidas e, depois, esmagadas de um só golpe, naquele dia será a ressurreição. (69:13 a 15)
Nesse dia, os homens serão como borboletas dispersas e as montanhas, como lã cardada. (101:4 e 5)
Naquele dia, enrolaremos o céu como se enrola um pergaminho. E como iniciamos a primeira criação, iniciaremos a segunda. (21:104)
Os que rejeitam Nossos sinais, breve os jogaremos ao Fogo. Cada vez que suas peles forem queimadas, as substituiremos por outras para que continuem a experimentar o suplício. (4:56)
3. Maomé é o mensageiro de Deus, encarregado de transmitir Sua palavra aos homens. O Alcorão liga inúmeras vezes o nome de Maomé ao nome de Deus e exorta: obedecei a Deus e a Seu Mensageiro.
Crentes são os que creem em Deus e em Seu Mensageiro. (24:62)
Para aqueles que não creem em Deus e em Seu Mensageiro, preparamos um fogo flamejante. (48:13)
4. O Alcorão não classifica os homens conforme sua raça, cor, nacionalidade, cultura, posses econômicas, classes sociais. Não obstante essas diferenças, todos os homens são iguais perante Deus. O que os distingue é sua fé. O mundo é dividido em dois campos: o dos muçulmanos (os crentes) e dos não muçulmanos (os descrentes ou infiéis).
Com certeza. Deus separará, no dia da Ressurreição, os que creem dos judeus e nazarenos e magos e idólatras. (22:17)
O crime mais citado como merecedor dos suplícios do inferno é a descrença:
Se persistirdes na descrença, como vos defendereis de um dia que tornará branco o cabelo das crianças? (73:17)
A atitude para com os judeus e os cristãos, chamados os adeptos do Livro
, é mais deferente do que a reservada aos idólatras. Assim mesmo, varia segundo as relações que se desenvolveram entre eles e os muçulmanos. Alguns versículos lhe são favoráveis; outros, desfavoráveis.
5. Além das verdades em que o muçulmano deve crer, há cinco deveres que lhe são prescritos: a prece, o jejum, o pagamento do tributo dos pobres, a peregrinação a Meca e a guerra santa.
São realmente crentes os que creem em Deus e em Seu Mensageiro, que não duvidam e que lutam, com sua vida e suas posses, pela causa de Deus. (49:15)
A LEI DO ALCORÃO
A lei do Alcorão é feita de dois elementos: uma severidade rigorosa (notadamente contra os assassinos, os adúlteros, os ladrões e os renegados) e um espírito de indulgência, de justiça e de perdão. Determina que se cortem as mãos ao ladrão, que se apliquem cem açoites ao adúltero e à adúltera, mas recomenda a clemência para os que se arrependem e repete centenas de vezes que Deus é compassivo e misericordioso.
Quando dois dentre vós cometerem um adultério, castigai-os. Mas se se arrependerem e se emendarem, deixa-os em paz. Deus é perdoador e clemente. (4:16)
E prescreve a justiça em todas as circunstâncias, mesmo a favor do inimigo.
... e que vosso ódio não vos impeça de serdes justos para com os que odiais. (5:8)
Mesmo para um delito tão secreto quanto o adultério, a lei exige quatro testemunhas:
Aquelas de vossas mulheres que forem suspeitas de adultério, chamai quatro testemunhas dos vossos contra elas. Se as testemunhas testemunharem, confinai-as então em vossas casas até que a morte as leve ou até que Deus lhes indique um caminho. (4:15)
Além do código penal, há no Alcorão um código civil que regulamenta o casamento, o repúdio, a poligamia, os juros, o vestuário feminino, as relações entre homens e mulheres, o testamento, a filiação, os alimentos permitidos e proibidos, a atitude para com os adeptos de outras religiões, o vinho, os jogos de azar, a caça e dezenas de outros assuntos.
Maomé foi perseguido e exilado pelos habitantes de sua cidade natal, Meca, quando começou a pregar a nova religião; e só pela força pôde a ela voltar mais tarde. Ademais, teve que sustentar guerras contra os idólatras, os judeus, os cristãos. O Alcorão contém, portanto, muitas disposições relativas ao comportamento dos muçulmanos na guerra, aos cativos, aos despojos, aos inimigos, aos aliados, às dispensas de combater e numerosos outros assuntos de caráter militar.
Constitucionalmente, o Estado que o Alcorão parece favorecer é um Estado teocrático, baseado na orientação de um chefe supremo justo que aplica a palavra de Deus, e na igualdade de todos os muçulmanos, sem discriminação nascida da raça, classe social, nacionalidade, do grau de instrução ou das posses.
Todos os crentes são irmãos. Fazei a paz entre vossos irmãos e temei a Deus. Quiçá recebereis misericórdia. (49:10)
NARRATIVAS HISTÓRICAS
O Alcorão contém a narração de muitos acontecimentos bíblicos e evangélicos, tais como a criação de Adão e Eva e sua expulsão do Paraíso; a história de José e de seus 11 irmãos; a perseguição do Faraó aos judeus e a ida destes para a Terra da Promissão; a história de Salomão e da rainha de Sabá; o nascimento de Jesus; e muitos outros, com similitudes e dissimilitudes em relação às versões da Bíblia e do Evangelho.
COMPORTAMENTO PESSOAL E SOCIAL
Dezenas de detalhes do comportamento social são regulamentados no Alcorão, desde o asseio pessoal, como as relações íntimas entre marido e mulher, até a maneira de saudar, andar, responder aos insensatos, visitar o Profeta e dirigir-se a ele. Abrange, às vezes, minúcias quase surpreendentes num código tão vasto:
Ó vós que credes, quando vos pedem nas assembleias: Apertai-vos para dar lugar aos demais
, dai lugar aos demais. Deus vos dará lugar no Paraíso. E quando vos dizem: Levantai-vos
, levantai-vos... (58:11)
É, todavia, na pregação das virtudes pessoais e sociais que o Alcorão atinge o sublime. Prega e exalta a generosidade, a caridade, a hospitalidade, a gratidão e condena em termos duros a avareza, a mentira, a hipocrisia, a avidez, a cobiça, a deslealdade, o orgulho, a arrogância. Reflexo dos povos orientais, prega também o culto da família e a bondade para com os pais. Inovação digna de apreço: diversos erros e delitos são punidos, impondo-se ao pecador algum ato de caridade.
Por esse lado, o Alcorão ultrapassa os limites de qualquer religião para aplicar-se a todos os homens em todos os tempos.
A boa ação e a má ação não são iguais. Repele o mal da melhor maneira, e verás aquele que era teu inimigo agir como se fosse teu amigo leal. (41:34)
Meu filho, observa a oração, prescreve a justiça, proíbe o mal e suporta com força de alma o que te atingir. (31:17) E não trates os outros com altivez (31:18) e não caminhes com jactância, pois jamais fenderás a terra e jamais atingirás a altura das montanhas. (17:37)
Nos vossos bens, que haja sempre um quinhão para o pobre e o deserdado. (51:18)
O ESTILO DO ALCORÃO
O estilo do Alcorão é diferente de qualquer outro estilo, árabe ou não árabe. Reproduzi-lo é impossível. Mas sacrificá-lo inteiramente e deturpá-lo, como nas traduções comuns, equivale a oferecer um Alcorão que não satisfaz ao leitor culto.
Fora sua prodigiosa beleza de forma, da qual esta tradução tentou salvar o que pudesse, o estilo do Alcorão apresenta características próprias cujo conhecimento permitirá ao leitor familiarizar-se mais rapidamente com o texto.
A maior parte do Alcorão é escrita na primeira pessoa do singular ou do plural: é Deus que fala pela boca de Maomé. Quando se dirige a uma só pessoa (tu), está dirigindo-se a Maomé; quando se dirige a muitas pessoas (vós), está se dirigindo ao conjunto dos muçulmanos; e quando fala deles , está falando dos não muçulmanos, podendo esses ser todos os não muçulmanos ou determinado grupo deles (os cristãos, os judeus, os idólatras, os habitantes de uma cidade), conforme as circunstâncias.
Mas Deus não fala somente na primeira pessoa do singular ou do plural. Fala de si mesmo também na terceira pessoa do singular. Muitas vezes, na mesma frase, fala na primeira e na terceira pessoas:
Não viste, que do céu, Deus faz descer água e com ela, produzimos frutas de cores diversas? (35:27)
Estais seguros de que Ele não vos devolva ao mar e não envie uma tempestade que vos afogue por vossa ingratidão sem que possais encontrar quem promova vossa causa contra Nós? (17:69)
Da mesma forma, em certas frases, Deus dirige-se ora a Maomé, ora a todos os muçulmanos:
Não sabeis que a Deus pertence o reino dos céus e da terra e que, fora d’Ele, não tendes nem defensor nem protetor? (2:107)
Segue, como os que se arrependeram contigo, o caminho reto, como te foi mandado. E não oprimais. Deus observa o que fazeis. (11:112)
Como o Alcorão não foi escrito, mas transmitido oralmente por Maomé, um sinal de mão, um aceno da cabeça ou outro gesto do corpo podiam indicar de quem se falava. Na tradução, para tornar o sentido mais claro, é necessário às vezes substituir o pronome pelo nome das pessoas a que ele se refere.
É o caso, entre outros, do próprio Maomé, que é mencionado muitas vezes pelo simples pronome ele (por exemplo, nos versículos 7:184; 10:38; 11:35; 25:4; 32:3; 33:40; 36:69; 37:158; 42:24; 46:8; 47:2; 48:29; 58:8). Quando julgamos que o texto ficava mais explícito substituindo-se o pronome pelo nome de Maomé, fizemos a substituição, conservando ao nome sua grafia árabe: Muhamad.
A língua árabe tem recursos de que as línguas europeias não dispõem. Por exemplo, além do singular e do plural, o árabe tem um terceiro número: o duplo, isto é, tem flexões especiais para o verbo, o substantivo, o adjetivo, o pronome quando se trata de dois objetos ou duas pessoas. Tem também flexões diferentes conforme se trata do plural feminino ou masculino, de coisas ou de pessoas. E os verbos têm afixos que lhe diversificam o sentido muito mais do que nas línguas europeias.
Esses e outros recursos possibilitam ao grande escritor uma concisão desconhecida em outros idiomas. No Alcorão, essa concisão chegou a uma virtuosidade nunca atingida antes dele ou depois. Cria por si mesma uma música e um ritmo tão belos e tão intraduzíveis quanto um tema de Mozart. E uma das tarefas mais difíceis do tradutor é respeitar essa concisão tanto quanto possível e evitar a prolixidade.
O mundo do Alcorão é um mundo masculino. Deus fala aos homens e fala-lhes das mulheres.
Há um vocabulário caracteristicamente corânico, mesmo em relação ao árabe clássico. Algumas de suas expressões têm o sabor de frutas desconhecidas, embora seja difícil às vezes apreender-lhes o sentido. Exemplos:
O Senhor dos mundos. (1:2) O Senhor dos levantes. (37:5) O Senhor dos levantes e dos poentes. (70:40) O Senhor dos dois levantes e dos dois poentes. (55:17) O Senhor dos sete céus. (23:86)
O duplo da vida e o duplo da morte. (17:75) O castigo do último mundo e do primeiro. (79:25)
Os levantes e os poentes da terra. (7:137) A distância de dois Orientes. (43:48)
Os herdeiros do Paraíso. (59:20) Os herdeiros da Geena. (5:86)
Corações incircuncisos. (2:88) Os que têm a doença no coração. (5:52)
Estão fechados com cadeados seus corações? (47:24)
Outras expressões e imagens refletem o meio e a época nos quais o Alcorão foi revelado. Era um meio de desertos e oásis, de comércio primitivo e de atividades pastoris. Maomé fala aos seus ouvintes a linguagem que eles entendem.
Para marcar o começo do jejum no fim da noite, diz: E comei e bebei até que comeceis a distinguir, na aurora, a linha branca da linha preta.
(2:187) Diz: Ninguém será lesado do valor de uma mecha de lampião.
(17:71) Diz: Deus não prejudica ninguém, nem do peso de uma formiga.
(4:40) Diz: E os que invocais em vez d’Ele não mandam nem na casca de um caroço de tâmara.
(35:13)
Deixamos intatas essas imagens saborosas quando outros tradutores falam do peso de um átomo
ou escrevem: Não sereis defraudados no mínimo que seja.
Uma deformação, pitoresca em si mesma, foi perpetrada por N.J. Dawood na sua tradução inglesa do Alcorão. Nela, as delícias do Paraíso são descritas sob forma de imagens alegóricas aptas a tocar a sensibilidade dos beduínos, a quem o Alcorão foi primeiro revelado: frutas, sombras densas, jardins (o que mais faltava ao homem do deserto) e esposas jovens, virgens, lindas (o que ele mais almejava). E promete aos eleitos água de nascente
(56:18), uma raridade no deserto, particularmente apreciada. Nesse caso, o tradutor achou que água de nascente não era bastante atraente e substituiu-a por vinho (por que não uísque?).
Além dessas expressões e imagens, o Alcorão emprega certas palavras e fórmulas comuns, dando-lhes um sentido específico. Exemplos: Gastar significa no Alcorão fazer liberalidades, gastar em benefício dos outros, não de si mesmo. Crentes são os muçulmanos; descrentes , os não muçulmanos. A submissão é a submissão a Deus, isto é, a adoção do Islã como religião. O Livro refere-se, geralmente, ao Alcorão; mas pode referir-se também ao Antigo Testamento ou ao Evangelho. Muitas vezes, o leitor deve adivinhar, pelo sentido, de que livro se trata. Adeptos do Livro são os cristãos e os judeus, os quais receberam um livro revelado (a Torá, a Bíblia, o Evangelho) e nele acreditam. Os associados de Deus são os ídolos a quem os idólatras atribuíam poderes divinos, fazendo deles como associados de Deus no reino dos céus e da terra. Sinal é manifestação, fenômeno, prova, prodígio. Lembremos que Geena , isto é, o inferno, é uma palavra portuguesa de origem árabe, assim como sura , que indica cada um dos capítulos do Alcorão.
Um exemplo típico dos problemas de tradução: o Alcorão proíbe o juro ou a usura ? O vocábulo árabe ( ar-rabu ) aplica-se aos dois termos. E muitos tradutores, achando que seria demais proibir o juro, proibiram a usura. Basta, porém, comparar os diversos versículos nos quais o assunto é tratado para se convencer de que o Alcorão proibiu mesmo o juro. Esses versículos são, particularmente, os de números 275 a 279 da segunda sura. O versículo 275 diz:
Os que vivem de juros não se levantarão de seus túmulos senão como aquele que o demônio esmaga. É porque dizem: O juro é como o comércio.
Mas, na verdade, Deus permitiu o comércio e proibiu o juro.
Se o juro fosse legal e a usura, proibida, não teria o Alcorão dito: Deus permitiu o juro e proibiu a usura
?
E quando... Esta expressão, no começo dos versículos, não introduz uma oração subordinada que pede uma oração principal, mas é a continuação de uma oração principal subentendida. "E lembra-te, ou lembrai-vos de quando houve isso ou aquilo, ou de quando fizemos isso ou aquilo..." É essencial anotar esta observação para familiarizar-se imediatamente com essa construção, muito frequente.
E quando os anjos disseram: Ó Maria, Deus te anuncia a chegada de Seu Verbo, chamado o Messias, Jesus, filho de Maria. Será ilustre neste mundo e no outro, e será um favorito de Deus.
(3: 45)
E quando vos livramos dos Faraós que vos infligiam os piores suplícios, imolando vossos filhos e poupando vossas mulheres. Vossa humilhação era uma dura provação imposta por vosso Senhor. (2: 49)
Certas palavras, que aparecem em nossa tradução com letra maiúscula (o árabe não tem letras maiúsculas), são empregadas no Alcorão num sentido incomum:
A Hora: o fim do homem ou o fim do mundo, a ressurreição.
O Grito: calamidade enviada por Deus e que destrói os homens, suas habitações e propriedades.
O Tremor: calamidade enviada por Deus e que atinge mais particularmente os homens.
O Indubitável: a morte ou o fim do mundo, o juízo final, sobre a chegada dos quais não pode haver dúvida.
A Calamidade, a Rebelde, a Algazarra, o Estrondo são também usados no sentido de castigo divino particularmente severo.
O Julgamento: o juízo final, o julgamento dos mortos depois de ressuscitados.
O Fogo: a Geena, o Inferno. (Quando a palavra começa com letra minúscula, significa apenas as chamas.)
O Enganador: o demônio.
Existem outros substantivos usados também num sentido peculiar e que o leitor terá prazer em identificar.
Assinalemos, para terminar, diversas construções de frases que, mesmo em árabe, são pouco usuais e constituem mais uma característica do estilo corânico. Procuramos salvar o que foi possível da originalidade dessas construções, ao risco de forçar a estrutura da frase em português:
E quem vira as costas e se afasta, Deus é autossuficiente, digno de louvores. (57:24)
E aqueles que vencem a própria avareza, são eles os vitoriosos. (59:9)
Quanto aos que renegaram e desmentiram Nossas revelações, serão eles os herdeiros da Geena. (5:86)
Quem dentre vós cometer um mal por desconhecimento e se arrepender e se emendar, Deus é clemente e misericordioso. (6:54)
Há um estilo corânico como há um estilo bíblico. Despido desse estilo, o Alcorão não é mais o Alcorão.
O ALCORÃO
1. ABERTURA
2. A VACA