Saudades dos cigarros que nunca fumarei
De Gustavo Nogy
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Saudades dos cigarros que nunca fumarei - Gustavo Nogy
1ª edição
2017
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N717s
Nogy, Gustavo
Saudades dos cigarros que nunca fumarei [recurso eletrônico] / Gustavo Nogy. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2017.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-85-01-11237-8 (recurso eletrônico)
1. Ensaio brasileiro. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
17-44570
CDD: 869.4
CDU: 821.134.3(81)-4
Copyright © Gustavo Nogy, 2017
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissãode partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina, 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2585-2000.
Produzido no Brasil
ISBN 978-85-01-11237-8
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Atendimento e venda direta ao leitor:
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Dedico este livro ao meu pai, João, que ainda vive comigo.
Dedico este livro à memória de minha mãe, Laura,
que sempre viverá.
Alguns amigos dispuseram de seu tempo e leram este livro com muita atenção. Suas sugestões foram valiosas: Artur Brito, Carlos Ramalhete, Emmanuel Santiago, William Bottazzini, Ronald Robson e Diogo Chiuso. Eu adoraria dizer que os méritos são meus e a responsabilidade pelos erros é deles, mas sabemos que não é bem assim. Outros amigos, apesar de não terem lido os originais, apoiaram — e, espero, continuarão a apoiar — diariamente o autor: Francisco Razzo, Joel Pinheiro da Fonseca, Horacio Neiva, Evandro Alkimim, Daniel Costa Lima, Thiago Grossi. Ao poeta Carlos Guedes agradeço por ter sido meu primeiro mentor; muito do que li e, portanto, muito do que sou, devo a ele. Ao escritor Alexandre Soares Silva devo a imerecida (mentira: merecida) apresentação. É uma honra ter sua amizade. Não poucos escritores gostam de falar mal da própria família, para justificar bloqueios criativos, atrasos editoriais, angústias terríveis, literatura ruim. Não tenho essa desculpa: minha família é tão boa, amorosa e divertida quanto eu gostaria que fosse. É uma alegria tê-los por perto. Ao Carlos Andreazza: pela confiança, pela paciência, pela oportunidade. Espero que continuemos a bagunçar o coreto. À minha mulher, Ana Maria, porque sem ela teria sido tão mais difícil e, sobretudo, tão menos bonito. E, naturalmente, ao Francis, Paulo Francis, meu cachorro, personagem recorrente destas páginas, alegria de todas as horas. Que Deus nos abençoe.
De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
— APPARÍCIO TORELLY, BARÃO DE ITARARÉ
Sumário
Apresentação, por Alexandre Soares Silva
Meu amigo Max Brod
As cólicas de Michel de Montaigne
Que rei sou eu?
O futuro de uma ilusão
Do ateísmo geográfico
Pais e filhos
Sociedade dos Ateus Anônimos
Baseado em fatos reais
A coisa pública
Do aborto ao botox
Magia negra
A bola parada
Como vieram ao mundo
Suspeitei desde o princípio
Pra não dizer que não falei dos beagles
Não seja você mesmo, por favor
Profissão não é mérito
O sétimo dia
Nazi baby
Sísifo on the beach
Condenar o pecado, perdoar a literatura do pecador
Democracia: modos de usar
Milagres que se repetem
Toda nudez será ignorada
A cultura brasileira (não) existe
Da medicina como corte e costura
Escravos de Jó
No pictures
Crime sem castigo
Que argumento, afinal de contas, é um par de tetas?
O cru e o cozido
Mula sem cabeça
Ao infinito e além
O verdadeiro desporto nacional
Pôneis malditos
O último bípede
O taxista metafísico
Risco de vida
Onde vivem os monstros
Ler não é crime
A identidade na época de sua reprodutibilidade técnica
Teatro mágico
Preço não é valor
Capeletti gay
Caminho suave
Esse tal de espírito olímpico
Uma nota de rodapé ao golpe de 1964
Reler é preciso, ler não é preciso
Toda forma de amor
Educação sentimental
Eu, leitor
Esta cidade não merece um verso
Vida de artista
O fator Hitler
Capitalistas, graças a Deus
O doente imaginário
É isto um livro?
Síndrome de Estocolmo
Em briga de mulher e mulher, homem não mete a colher
A natureza não é mãe; é madrasta
Je suis quem, exatamente?
Meu mel, não diga adeus
A vida secreta dos livros
Memento mori
Apresentação
por Alexandre Soares Silva
O ensaio é o mais amigável dos gêneros literários. A simpatia, o encanto e o charme são acidentais em outros gêneros: há grandes romances antipáticos (O estrangeiro, Memórias do subsolo), grandes poemas antipáticos (Se te queres matar, por que não te queres matar?
), mas é impossível haver um grande ensaio antipático. É da natureza do ensaio que seja de alguma forma encantador, e do ensaísta que tenha charme – pelo menos na página, se não na vida.
É uma pena que o Brasil não tenha produzido mais ensaístas de qualidade, porque talvez o gênio brasileiro esteja aí: afinal, o ensaio é aparentado da crônica de jornal, do qual é um primo um pouco mais estendido e variado. Ambos requerem o charme de que falei no parágrafo de cima. Vivem disso: são os dois gêneros amigáveis. A crônica é uma conversa amigável de dez minutos num bar; o ensaio é uma conversa de uma hora ou duas na casa de campo de um amigo.
O Brasil teve grandes cronistas, me dizem (às vezes não sei se concordo). Mas o Brasil não produziu muitos grandes ensaístas; ou pelo menos ninguém que esteja para o ensaio como Machado de Assis está para o romance, Nelson Rodrigues para as peças de teatro, ou Glauco Mattoso para os poemas homoeróticos sobre pés.
Pois bem: Gustavo Nogy. Charme
não é um elogio comum na boca dos críticos literários, mas Gustavo Nogy, esse gigante barbado que parece um missionário vitoriano ou o cientista maluco que sequestra Pato Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho em Pato Donald na Pérsia Antiga, escreve com charme. Se o leitor abrir por curiosidade Saudades dos cigarros que nunca fumarei numa livraria, o mais provável é que vá para a poltrona mais próxima para ler o livro com um sorriso no rosto (mas onde mais estaria o sorriso?). Cada ensaio é uma conversa com o amigo que na adolescência o leitor aspirava a ter e nunca teve.
O charme do livro é o de gentilmente espetar as ilusões confortadoras da época, e talvez as suas (vá lá, uma ou duas minhas); e há um conforto em ver alguém calmamente destruindo confortos amanhecidos. Não, não seja você mesmo, diz Nogy; não, não confie no Estado; não resgate a sua criança interior; não estrague o seu final de semana com viagens a praias lotadas — e aprenda a ficar em casa.
Nogy é também um estoico, pedindo que aceitemos e até recomendando como boas algumas durezas da vida: a um conhecido cheio de uma alegria motivacional um pouco repugnante, por exemplo, ele deseja um pouco de melancolia. Gustavo Nogy é um Sêneca que vai na padaria, um Marco Aurélio que gosta de futebol.
Termino citando alguns trechos do livro para que o leitor tenha uma ideia do estilo do autor, que é um dos melhores praticantes vivos da língua portuguesa. Aqui, por exemplo, Nogy fala sobre a suposta imposição por parte dos homens às mulheres de padrões inatingíveis de beleza:
Caso as mulheres queiram mesmo saber, confesso os crimes que cometi, e que todo homem comete: falamos de vocês, mulheres, e falamos bem, quase o tempo todo. Dos seios pequenos gostamos porque são pequenos. Dos grandes, porque são grandes. Quando de tamanho médio, nós os elogiamos porque são do tamanho perfeito
, mas tudo dependerá da mulher com quem de fato estejamos — de seios pequenos, grandes ou médios.
Da mulher que tem carnes abundantes, elogiamos a abundância, e àquela que tem carnes de menos, chamamo-la mignon. Quando loira, gostamos porque é loira; quando morena, gostamos por ser morena. E se branca, e se negra, e se ruiva, e se índia, e se nova, e se madura. E gostamos de todas juntas, se possível, nos nossos sonhos mais impossíveis. Há quem traia a morena com a loira, ou a loira com a morena, ou ambas com a negra — ou ainda quem, tendo em casa uma desinteressante Elizabeth Hurley, renda-se aos encantos de uma divina Brown.
Aqui, sobre teorias da conspiração:
São tantas as teorias conspiratórias que não pode haver tantas conspirações assim. Jesus se casou com Maria Madalena, teve filhos, netos e bisnetos. O Holocausto não aconteceu ou, se aconteceu, foi tramado pelos próprios judeus. Kennedy não foi morto por um maluco solitário e típico. Elvis está vivo, gordo e feliz, cantando nalgum clube decadente. A princesa Diana foi assassinada pela família real, com o urgente intuito de acobertar os escândalos que toda a gente já estava entediada de conhecer. Josh Saviano, Paul Pfeiffer, é o Marilyn Manson. [...] O 11 de Setembro foi planejado e executado pelo governo Bush, com o compreensível intuito de salvar do esquecimento uma administração até então soporífera. O vírus Ebola foi espalhado pelo presidente Obama. O presidente Obama foi espalhado pelo vírus Ebola.
E aqui sobre manifestações:
[...] o eleitor pede, chora, exige: passe livre, direito de ser vadia e não ser tratada como puta, direito de ser puta e não ser tratada como vadia, casamento, divórcio, casamento gay, divórcio gay, adoção, aborto, adoção gay, aborto gay, lei que garanta meia-entrada para estudantes, lei que garanta que a meia-entrada para os estudantes não atrapalhe o orçamento dos artistas, que o Estado permita, que o Estado proíba, que o Estado ao menos prometa que vai pensar.
Não acho, ao contrário de tanta gente, que a língua portuguesa esteja decaindo; mas ela decaiu em algum ponto do século XX, e tudo que se lê hoje em dia, no Brasil pelo menos, em livros, jornais e internet, é quase sempre e na melhor das hipóteses um português inodoro, um português sem graça, um pouco como uma taça de champanhe deixada em cima da mesa durante uma noite inteira. Quando se lê Saudades dos cigarros que nunca fumarei, encontram-se páginas e páginas em que o português brasileiro está vivo, em que ele tem ritmo e graça e charme — em que ele tem um gosto particular e evidente.
Isso é pouco? Isso é muito mais do que muito.
Meu amigo Max Brod
Jorge Luis Borges dizia: Que outros se orgulhem dos livros que escreveram; eu me jacto dos livros que li.
Entre o escritor e seus leitores não existe hierarquia. A arte da escrita, nobre o quanto pareça, depende da leitura. E não falo de técnicas arcanas, educação liberal, vanguardas teóricas de anteontem (nascidas velhas), mas sim da leitura amorosa, conscienciosa e inteligente — despida de escrúpulos e exagerada submissão —, que não é nem mais nem menos que uma delicada conversa entre o autor e seus leitores. Se for o caso: entre o autor e seu único leitor.
Não raro me comovo, escritor de obra nenhuma, escritor de obra que há de vir — se boa ou ruim, se desprezível ou valorosa, Deus saberá —, com as manifestações de leitores fiéis, cúmplices. Há os que, menos tímidos, agradecem-me por supostamente terem aprendido algo com o que escrevo. Outros, mais reservados, acompanham cada texto com entusiasmo e minuciosa discrição. Eu me comovo e me surpreendo.
Ainda que cultivem (ou simulem) proverbial misantropia, os escritores querem ser lidos. Querem comunicar algo a alguém — ou não escreveriam. Se Franz Kafka desejasse, de fato, que sua obra fosse destruída pelas chamas, não a teria confiado a Max Brod. Escrever não é ensinar o que quer que seja, e ler não é estar sentado, como garoto em sala de aula, a aprender de mestres cheios de gravidade e indisfarçável soberba. Escrever é, tão somente, entabular conversa com amigos — e, admita-se, inimigos — que não podemos ver. A eles todos deixo consignados meu compromisso e minha gratidão. Todos os leitores, em seu anonimato e em sua generosa prudência, são Max Brod.
As cólicas de Michel de Montaigne
Falar de si mesmo aborrece, e eu deveria me ocupar de metafísicas, revoluções, céus e infernos, todos os grandes temas que desde o Gênesis dão assunto e emprego para cronistas, poetas e historiadores, mas resolvi falar das minhas agruras muito íntimas e muito desimportantes porque, como dizia Montaigne, que não sabia fazer outra coisa, estudo a mim mesmo mais que a outro assunto. É a minha metafísica, é a minha física
.
E se Michel de Montaigne falava do tamanho modesto do próprio pênis, dos arroubos amorosos, da velhice, das cólicas de que sofria e de tantas outras bobagens, eu, que nada percebo de físicas e metafísicas, que sou incapaz de acompanhar as discussões seríssimas dos filósofos acadêmicos, tenho de falar de mim mesmo para ter assunto. Na falta de especulações ontológicas estritas, especulo sobre minhas circunvoluções gástricas, e minha Crítica da razão prática começaria assim:
Certas vezes, o estômago me vai mal.
Escrevo e, de imediato, corrijo: quase sempre o estômago me vai mal. É o tipo de incômodo que não me chega a indispor contra a vida, mas, quando o estômago me vai mal, a vida parece ser menos do que é. Menos de qualquer coisa que ignoro. De tal modo estou habituado que já não sei o que seria de mim se meu estômago não se me indispusesse tantas vezes. Não me lembro de como é passar dias inteiros, ou sequências inteiras de dias inteiros, sem saber do estômago que tenho. Há doenças piores, nojentas, mortais. Há doenças que, sem serem mortais, são tão hostis quanto os mais hostis dos homens-bomba.
Relutantemente, convivo com meu modesto homem-bomba interior. Um terrorista íntimo, que muitas vezes chega a ser amigável, mas está sempre à espreita de oportunidades. Nunca sei ao certo, depois das refeições, se aquele será meu 11 de Setembro.
O que sei é que começou com uma fatia de bolo. A essa altura eu devia ter 24, 25 anos, e tudo ia bem. O futuro me parecia glorioso ou, se não glorioso, porque não havia motivos para acreditar na glória, gloriosamente ordinário. Comi a fatia de bolo e mal sabia eu que era a fatia de bolo que me comia a mim.
Naquela noite fui ter com o diabo e o diabo me disse, muito diabolicamente, que aquela era a fatia de bolo, e não o pão, que ele havia acabado de amassar. Depois daquela noite em que fui ter com o maligno, tantas outras noites se seguiram, e seguem. Uma indisposição persistente, ora ligeira, ora demorada, me acompanha desde então.
Quando, num almoço, dizem Comi até passar mal!
, isso me atinge com a força de trezentas bofetadas. Porque para mim essa frase tem sentido muito mais preciso, mot juste, que para o comum dos mortais. Não sabem as pessoas o que é comer até passar mal!
como sei quase todos os dias. Comer até passar mal, para mim, é comer até passar mal.
O leitor que me acompanha até aqui deve estar a se perguntar: Que tem esse puto, afinal?
Não sei ao certo. Sei que há um desajuste qualquer no estômago, ou no restante do corpo, ou na mente, ou no arranjo entre o estômago, o restante do corpo e a mente, que me faz sentir a (falta de) digestão. Se as mulheres se orgulham das dores do parto, eu posso me orgulhar de lhes saber os enjoos de grávidas. Disso eu sei bem, sem estar grávido.
Não sou melancólico, pessimista, vegetariano. Nietzsche sofria de mal parecido, somado às enxaquecas, e não era melancólico. Gostava da vida. Ao modo dele, um tanto histérico, um tanto desesperado, mas parecia gostar. Nietzsche era um menino cujo bigode cresceu demais, só isso. Mas sabia se divertir.
E esse mal de Nietzsche
, esse sentir o estômago como soldado que sentisse as dores na perna que lhe foi amputada, as dores imaginárias na perna que não está mais no lugar devido, me faz sentir o estômago como uma presença tão constante quanto a presença do melhor amigo. Da mulher que amo. Do cachorro que adotei.
Meu estômago só não é mais fiel do que meu cão, diga-se logo. Já procurei especialistas. Vendi meu corpo à ciência e o devolveram por falta de préstimos. Voltou de lá esquadrinhado, medido, pesado, auscultado, fotografado. Não parece haver nada. O que parece haver é um transtorno qualquer de ansiedade, ou maldição semelhante, sapo enterrado nalguma encruzilhada.
Aflições digestivas, a propósito, me fazem pensar nas relações sutis entre mente e corpo; no quanto esqueleto e espírito estão imbricados. Sempre desconfiei das doenças chamadas psicossomáticas. A ideia de que a mente pudesse adoecer o corpo, ou, por outro lado, de que pudesse curar as doenças do corpo, não me convencia. Coisa de quem escreve livros de autoajuda ou vende florais de Bach. É reconfortante acreditar que um ajuste na mente curará sua embolia pulmonar.
Entretanto, desde que sofro com esses achaques, tenho de reconhecer que a proximidade entre carne e alma é maior do que se imagina. A depender das descargas emocionais ou psíquicas de que sou autor e vítima, meu estômago reage com tal prontidão que mais parece ser ele, e não meu cérebro, a produzir as descargas emocionais e psíquicas. Como se me fossem indicados psiquiatra para o estômago e gastroenterologista para o cérebro.
Metafísica à parte, também as relações entre corpo e caráter têm lugar. Convidam-me para almoços e jantares e vou logo perguntando: A que horas será o jantar? O que haverá para comer?
Tenho restrições. Não que o mal-estar decorra de comidas muito específicas, porque não é o caso, mas a perspectiva de comer coisas de que não gosto invoca os demônios, digo, provoca a ansiedade que depois me fará das suas.
Porque se de ordinário já sou bastante objetivo nos meus gostos e desgostos, nas minhas alegrias e aflições, esse mal de estômago me fez encurtar os caminhos, dizer logo as coisas que precisam ser ditas, reclamar das que precisam ser reclamadas, sem tempo nem jeito para muitas cerimônias. Dizem que você é o que você come. Eu sou o que não como, ou o que não consigo comer. Em tempo: desapareçam