A Célula Maligna
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Sobre este e-book
Um grupo de mulheres se reúne em uma clínica de fertilidade belga, onde a Dra. Margherita Dumas oferece um tratamento experimental e revolucionário para seus problemas de infertilidade. Um ano depois, cada uma das mulheres dá à luz meninos saudáveis.
Trinta anos depois, um misterioso assassino começa a exterminar as crianças nascidas no programa de Dumas. O inspetor Harry Houston e sua equipe são designados para resolver o caso e levar o assassino à justiça.
Com pouco tempo e quase nenhuma pista, Harry e sua equipe podem encontrar o elo entre os eventos do passado e as mortes dos indivíduos inocentes da Clínica Sobel?
A Célula Malígna, de Brian L. Porter, é um conto arrepiante de exploração científica, assassinato e mistério.
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A Célula Maligna - Brian L. Porter
Dedicatória
A Célula Maligna é dedicada à minha mãe, Enid Ann Porter (1914 – 2004), cujo amor e apoio sempre me impulsionaram, à minha esposa, Juliet, que fornece esses itens em nossas vidas cotidianas.
Agradecimentos
A Célula Maligna começou como um conto. Uma das primeiras pessoas a ler, Sheila Noakes, gostou tanto que quis saber mais sobre os personagens, e me incentivou a transformar a história em um romance completo. Escrever a versão mais longa provou ser uma experiência agradável, pela qual agradeço a Sheila. Ela também leu cada capítulo concluído para garantir que a nova versão não perdesse a atração sentida no conto original.
O personagem Harry Houston foi criado com a ajuda e as informações fornecidas pelo inspetor-chefe David Moffat da Scottish Police College em Tulliallan, no condado de Fife. Sua ajuda foi inestimável para o desenvolvimento de Harry Houston como pessoa e policial.
Malcolm Davies leu e releu A Célula Maligna tantas vezes que provavelmente o conhece melhor do que eu, e agradeço a ele por seu tempo e esforços para garantir uma história fluida e concisa.
À Graeme S. Houston, agradeço por seus excelentes designs de capa para o e-book e o livro impresso, e por seu encorajamento durante a minha jornada. Por encontrar um local para versão impressa, minha gratidão vai à minha agente Aidana.
Finalmente, como sempre, agradeço à minha querida esposa, Juliet, pela paciência e apoio durante as longas horas sentada sozinha ouvindo o som dos meus dedos no teclado. Suas críticas honestas ajudaram a manter minha escrita direta e precisa.
Parte Um
UMA NOVA CRIAÇÃO
Prólogo
Primavera de 1974, Oostende, Bélgica
A mulher gritou, um uivo primitivo representando a natureza imutável da continuidade física da humanidade através dos tempos. Embora tivesse prometido a si mesma que não iria gritar, mesmo sentindo muita dor, finalmente cedeu ao desejo natural associado ao nascimento de um bebê, e no momento em que a cabeça saiu pelo canal de parto e lentamente atravessou o caminho para o mundo, seu corpo não aguentou mais. Ouvira aquele grito tantas vezes no passado, de outras na mesma situação, e pensara que essas mulheres eram fracas e incapazes de se controlarem. Agora, ela sabia.
O homem de jaleco branco, cuja mão ela segurava firmemente, falou gentilmente, a tranquilizando, a incentivando. — Só mais um pouco, está acabando, e tudo vai ficar bem.
Ela estava suando, as pernas doíam por serem mantidas separadas por tanto tempo pelos estribos. Ele insistiu no uso, caso precisasse agir se surgissem complicações, e as costas pareciam que nunca iriam parar de doer. Repetidamente, em sua mente, ela se perguntava se a dor e a exposição humilhante sofridas valiam a pena, e repetidamente a resposta surgiu em sua mente. Claro que sim!
Como o homem havia prometido, logo terminou. A dor diminuiu gradualmente, e a mulher, finalmente livre do peso carregado no útero por tanto meses, e com a dor do parto permanecendo apenas como uma memória, dormiu. O homem ficou observando-a contente, sabendo que haviam conseguido algo especial, talvez como todos os homens que testemunhavam o nascimento de uma criança se sentiam, embora isso fosse mais do que especial, e ele sabia disso. Não tinha ideia do que o futuro poderia ter para qualquer um deles, mas por enquanto, se deliciava com o brilho do sucesso enquanto observava os seios da mulher adormecida se soltarem suavemente sob o vestido fino, enquanto ela respirava ritmicamente no sono profundo e merecido.
A escuridão caiu sobre a pequena cabana isolada, o som das ondas do mar quebrando na praia próxima. O homem checou uma última vez se os pacientes estavam dormindo alegremente e, quando uma sensação de alívio e alegria tomou conta de si, finalmente sucumbiu ao cansaço de seus membros, os olhos fechando lentamente e adormecendo em paz. Havia muito trabalho para fazer, levaria tempo, paciência e muitas tentativas e erros. Mas isso poderia esperar até amanhã.
Capítulo Um
Turin, abril de 1976
As notícias ao redor do mundo não eram boas. No dia 02 de abril daquele ano, o príncipe do Camboja, Sihanouk, deixou o cargo de monarca do país diante da maré crescente do comunismo que tomou conta da nação, para ser substituído por Pol Pot, que se tornou o Primeiro Ministro e ditador daquele país sitiado. Poucas pessoas podiam ter imaginado naquele momento o holocausto que em breve varreria o Camboja, matando milhões de pessoas e trazendo medo, degradação e pobreza arrebatadora a quase todos os habitantes da esfera de influência maligna de Pol Pot.
Enquanto os acontecimentos no sudeste da Ásia eram manchete em todo o mundo, notícias de menor proporção global, mas de muita importância pessoal, foram o principal assunto na casa de Antonio e Lucia Cannavaro, onde chegaram notícias de suma importância.
— A carta, Antonio, recebi a carta da clínica. Fui aceita!
— Cara, cara, estou tão feliz por você, minha linda esposa. Talvez agora teremos a família que sempre sonhamos.
— Sim, querido, e eles irão nos pagar bem por deixarmos usarem esse novo método em mim.
— Desde que seja seguro, estou feliz, querida. Por favor, posso ver a carta?
Lucia entregou a carta para o marido, que começou a ler.
Clínica Sobel
Bruxelas
28 de março de 1976
+32 (0)2 640 97 97
Prezada Senhora Cannavaro,
É com satisfação que informo que após sua solicitação à clínica e os resultados dos testes realizados por nosso representante em Turin, estamos oferecendo-lhe uma vaga no nosso programa experimental de tratamento de infertilidade.
Como foi informado na entrevista realizada em nossa filial, você terá que passar dois meses conosco, onde iremos aplicar uma técnica revolucionária desenvolvida por nossa equipe médica para acabar com a sua infertilidade e, esperamos, garantir que você e seu marido sejam abençoados com um filho em um futuro próximo.
No fim desse período, você receberá a quantia acordada de dois mil dólares para compensar o tempo gasto aqui e o tempo longe de seu marido.
Durante a sua estadia, realizaremos práticas médicas seguras e você não será exposta a nenhum perigo. No entanto, como também foi informado na entrevista, as práticas que usamos são revolucionárias no campo da medicina e é necessário que não revele a sua participação nesses testes para ninguém além de sua família e, de preferência informe apenas o seu marido.
Senão cumprir essas condições, sua participação será cancelada e sua vaga será oferecida para outra candidata.
Por favor, entre em contato o mais rápido possível por telefone através do número acima para confirmar a aceitação desta oferta e assine a confirmação.
Novamente, parabéns por ser selecionada e estamos ansiosos para conhecê-la quando comparecer à clínica no dia 1 de maio.
Atenciosamente,
Charles DeVries
Dr. Charles DeVries
Administrador
Antonio e Lucia dançavam juntos pelo pequeno apartamento. Estavam longe de serem ricos, Antonio ganhava apenas o suficiente para sobreviver, trabalhando como mecânico em uma pequena oficina mecânica de automóveis. Ele e Lucia estavam tentando ter um filho desde que se casaram há três anos. Testes mostraram ser altamente improvável ela ser capaz de engravidar naturalmente, devido à uma pequena obstrução nas trompas uterinas. Além disso, foi descoberto que Antonio tinha uma contagem muito baixa de espermatozoides, portanto as chances de uma gravidez natural eram mínimas.
O pequeno anúncio no jornal local parecia uma mensagem enviada por Deus para Lucia. A nova clínica havia sido inaugurada recentemente e estavam procurando mulheres com o diagnóstico clínico de infertilidade para participar dos testes de um novo tratamento para esse problema. Prometiam uma grande chance de sucesso e até mesmo pagar pelo tempo das candidatas aceitas.
Lucia ficou encantada ao ser convidada para o consultório médico local indicado pela clínica, para verificar se era qualificada para participar do projeto e realizar todos os testes necessários e, às vezes, invasivos exigidos pela clínica. O médico havia enviado o relatório para a clínica e agora ela havia recebido a carta e estava feliz, mais feliz do que se sentia há muito tempo. Antonio compartilhava a felicidade da esposa, dançando mais um pouco na pequena e apertada sala de estar do apartamento de um quarto, onde ambos esperavam em breve ouvir o som de um bebê juntando-se a eles.
— Temos que comprar roupas novas para sua viagem e estadia na Bélgica, — Antonio disse.
— Não podemos pagar por isso, Antonio, — respondeu a esposa. — Temos que guardar nosso dinheiro para a chegada do bebê.
— Se der certo, — Antonio a advertiu, tentando ser realista sobre as chances do casal.
— Oh, vai dar certo, querido, sei que vai, — ela respondeu.
Durante a semana seguinte, outros casais na Europa e nos Estados Unidos receberam cartas de aceitação similares e o deleite do jovem casal italiano se refletiu na alegria e no entusiasmo experimentados por quem teve a sorte de ter sido selecionado. Naquele momento, o Dr. Charles DeVries, responsável pela nova clínica pioneira de infertilidade situada no centro de uma das cidades mais antigas da Europa, poderia ter pedido ou recebido qualquer coisa desses jovens, tal como a gratidão por receber a oportunidade de se tornarem pais.
É claro, não sabiam que o próprio DeVries teria pouca ou nenhuma participação no processo do tratamento recebido na clínica. Afinal, ele era apenas o administrador do local, mas gostava de ser o rosto da clínica e havia trabalhado duro para cultivar a imagem como a figura paterna e atenciosa dessa instituição. Todos os visitantes das instalações comentavam sua capacidade de acalmar até a paciente mais nervosa.
Em algumas semanas, mulheres de todo o mundo iniciariam suas viagens, pelo ar, mar e de trem até a nova clínica revolucionária, onde todas tinham a única esperança de tornar realidade os sonhos da maternidade.
Capítulo Dois
A mulher olhou para as duas crianças brincando alegremente no chão à sua frente. Os dois garotos eram perfeitos, quase perfeitos demais, pensou. Era tão difícil diferenciá-los um do outro. Nunca houve gêmeos assim, pensou, ela tinha os carregado dentro de seu corpo, tinha dado à luz a eles e agora era a responsável por cada minuto de suas vidas diárias. Eles a amavam, dependiam dela, interagiam com ela de uma maneira que nunca pensou ser possível. Tinham começado a falar há alguns meses e ambos conseguiam dar alguns passos sem ajuda. Ela estava orgulhosa do progresso deles. Eles tinham mentes vivas e ativas, assim como sempre soube que teriam. Afinal, era só olhar para o homem sentado no escritório do outro lado da parede da sala de jogos, o homem que esteve ao seu lado durante todo o processo, que segurou sua mão ao dar à luz aos garotos, e cujo sangue e composição genética fluíam nas veias dos dois garotos, dos quais agora dependiam tantos futuros. Sua mente fazia parte do projeto que os criara.
A porta da sala de jogos abriu e o homem de jaleco branco entrou e a atravessou, se posicionando no sofá ao lado dela.
— Eles parecem bem, — ele disse, com um sorriso esperto no rosto.
— Claro que estão bem, estão sempre bem, não estão, garotos? — ela respondeu, expressando a pergunta puramente retórica na direção das duas crianças que, evidentemente, não estavam dispostas responderem.
— Está tudo indo de acordo com o seu programa de criação de filhos? — o homem perguntou.
— Você faz parecer tão técnico, — ela respondeu.
— Não é isso o que você é, técnica e uma das melhores na sua área, devo acrescentar?
— Sim, claro. Só que eles não têm a concepção real de quão importante são para mim ou para você.
— Um dia saberão e terão orgulho de sua herança, educação e linhagem.
A mulher pareceu mergulhar em pensamentos profundos por mais ou menos um minuto, e então se levantou do sofá e pediu para o homem segui-la. Quando foram para o outro lado da sala, os gêmeos se levantaram em perfeito uníssono, firmaram-se nas pernas jovens e começaram a andar lentamente, mas com firmeza, uma segurança incomum em crianças tão jovens, em direção ao casal. Ao se aproximarem do casal sorridente, os garotos estenderam a mão. Primeiro o homem e depois a mulher responderam da mesma maneira. Os dois garotos pegaram as mãos dos adultos, que os levaram a outro quarto alegre e decorado para crianças, onde logo estavam dormindo pacificamente sob as cobertas quentes das camas aconchegantes, equipadas com uma variedade de equipamentos de monitoramento. Estava na hora da soneca da tarde.
Depois de garantir que os garotos estivessem dormindo em segurança e que as câmeras responsáveis por registrarem todos os seus movimentos estavam ligadas e funcionando corretamente, o homem e a mulher deixaram a sala, refizeram os passos através do tapete azul da sala de jogos e entraram no escritório, localizado do outro lado da parede.
O homem ficou parado por um longo tempo olhando pela janela do escritório, enquanto a mulher fazia anotações na mesa. Ele observou uma família de melros enquanto se alimentavam do gramado, mãe, pai e dois filhotes caçando vermes suculentos. Em seguida, veio um esquilo descendo o tronco da árvore alta no meio do gramado, ansioso por encontrar uma nova fonte de comida e retornar ao esconderijo secreto.
O homem tinha a sorte de apreciar essas paisagens, pois a janela do escritório estava perfeitamente posicionada para observar as pequenas maravilhas da natureza ocorridas regularmente no amplo jardim do lado de fora. Em nítido contraste com a vista panorâmica, no quarto lindamente decorado e com aquecimento central para onde os gêmeos haviam sido levados, e na sala de jogos soberbamente equipada e bem iluminada que ele e a mulher acabavam de sair, não havia janelas.
Capítulo Três
Bruxelas, 1 de maio de 1976
— Bem-vindas senhoras, dou-lhes as boas-vindas. Meu nome é Dr. Charles DeVries e é com prazer em nome de todos os médicos e da equipe clínica que desejo a todas uma excelente estadia em nossas instalações e um futuro mais feliz ainda quando forem embora. Se todas puderem informar seus nomes para Angelique ali naquela mesa, uma de cada vez, por favor, ela irá distribuir os quartos e lhe informar a direção. Lembrem-se, apenas o primeiro nome, por favor, senhoras. Gostaríamos de preservar a privacidade de nossos clientes aqui na clínica, até entre eles, então criamos essa condição para ficarem aqui, de usarem apenas o primeiro nome quando conversarem entre si. Sem sobrenomes, por favor, senhoras, nunca!
Esta última informação foi entregue com tanta força e convicção que algumas mulheres reunidas no hall de entrada da clínica naquele dia, sentiram como se tivessem entrado em algum tipo de acampamento militar e estavam sendo recepcionadas por algum sargento do pelotão de recrutas, ao invés de estarem entrando em uma clínica de fertilidade nos arredores da linda cidade de Bruxelas pelo diferente, charmoso e muito bonito, Dr. Charles DeVries.
Cada uma das seis mulheres presentes na espaçosa e iluminada área da recepção da clínica, chegaram naquele dia como definido anteriormente nas instruções do Dr. DeVries. Algumas tinham chegado na Bélgica, um, dois ou três dias atrás, mas arrumaram acomodações em vários hotéis até a hora que deveriam se apresentar na clínica. Era certo que cada uma delas tinha ficado impressionada enquanto seus respectivos táxis as levavam da pequena estação