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Jacuba é gambiarra: Edição Bilíngue
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Jacuba é gambiarra: Edição Bilíngue
E-book72 páginas1 hora

Jacuba é gambiarra: Edição Bilíngue

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Sobre este e-book

Talvez todo falante de português brasileiro entenda o que significa "gambiarra": improvisação, quebra-galho, uso de recursos alternativos nas dificuldades do cotidiano. Mas provavelmente muitos desconhecem a origem da palavra e a enorme importância do seu uso nas artes, na literatura e na cultura do Brasil.

Eis aí a proposta inédita deste livro: a busca de compreensão do termo, sua história, a localização de recorrências em célebres romances e a força desse proceder diferente, que burla o consumismo desenfreado e o mercado.

O ensaio nos leva a descobrir que "jacuba", receita simples de comida que sempre conta com um ingrediente seco (farinha de mandioca ou fubá de milho), água ou café e, em momentos de muita precariedade, apenas um refresco ralo (como na Marinha), já era um prato usado pelos africanos escravizados em Minas Gerais, no início do século XIX, como fórmula de sobrevivência.

Jacuba é gambiarra é o primeiro estudo sobre esses dois verbetes no Brasil. Escrito de forma clara, em português e em inglês, não tem finalidade exclusivamente acadêmica. Interessa a leitores em geral que queiram se aprofundar no estudo da literatura, da antropologia, da história e das artes contemporâneas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de out. de 2017
ISBN9788551302774
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    Jacuba é gambiarra - Sabrina Sedlmayer

    Sabrina Sedlmayer

    Jacuba é

    gambiarra

    A jacuba is

    a gambiarra

    versão para o inglês: Rodrigo Seabra

    to Ricardo Malafaia

    Because there is in us, as much as we accomplish

    To be ourselves alone with no nostalgia,

    A longing for company —

    The friend whom, as he talks, we love.

    (Sá-Carneiro, Fernando Pessoa)

    para Ricardo Malafaia

    Porque há em nós, por mais que consigamos

    Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,

    Um desejo de termos companhia —

    O amigo como esse que a falar amamos.

    (Sá-Carneiro, Fernando Pessoa)

    In everyday Brazilian Portuguese, the word jacuba can be used either as a reference to a sort of recipe that changes according to regional culture and the circumstances or to name, derogatively, a simple dish, one that involves little technical difficulty and a certain amount of improvisation, and that is made when one is faced with a scarcity of ingredients and proper conditions for preparation. The character Riobaldo, in the book Grande sertão: veredas (published in English as The devil to pay in the backlands), brings up this mushy food in several moments of his journey: "[That day,] my fast had been broken only by a drink of jacuba." As we soon come to realize, this is not a complete meal, only something used when the situation demands so, to postpone satiety, a sort of imitation that fools hunger.

    In that same language, the word gambiarra, amongst other important meanings, is used to name a main power line that branches out to feed light bulbs. An engineer or a technician would use the expression "quadro de gambiarras" to name the provisional distribution board in a worksite. Theater glossaries describe gambiarra as the stick (known as a batten in English) situated above the proscenium or even above the audience, a few feet above the stage, that holds the light spots, either white or colored, that are used to light then scene frontally. Using this meaning, Euclides da Cunha uses the word figuratively in Os sertões (published in English as Rebellion in the backlands): "In their eyes, the scene before them – real, concrete, inescapable – was a stupendous bit of fiction which was being acted out on that rude stage to the sinister glow of leaping flames [of a gambiarra] (originally in Cunha, 1993, p. 554). In everyday use, the word refers to improvised solutions to problems, usually of a precarious and provisional nature, the way an English-speaker would use the word makeshift."

    In terms of etymology, the word jacuba was registered by Luiz Caldas Tibiriçá in his Dicionário tupi-português – com esboço de gramática de tupi antigo with the meaning of a drink prepared with water, flour and sugar. It is also used as such in Os sertões:

    From there, they would run, ever so often, in a turmoil, throwing away their mugs of jacuba and the bits of barbecue rushing over the fences, when, suddenly, a shot cracked ahead and soon whistling bullets would come, piercing the ceilings, shattering slats and beams, ripping the edges of walls, turning over cauldrons – scattering soldiers like a puff of wind over the straw. (loose translation, originally Cunha, 1933, p. 585)

    Gonçalves Dias, in his Dicionário da língua tupy, in 1858, would already point to cuacú as to cover; jecoacú-oçú, Lent; jecoacub, the abstinence of eating, to go on a diet, fasting; jecoacuba, fasting and Friday (Dias, 1998). The work above, by Tibiriçá, also allows us to infer the formation of the word jacuba from other terms translated during the work: je, a reflexive prefix; cuacuba, to hide; jecuacuba, to hide (for fasting).

    The jacuba also corresponds to the collation, a light meal that monks have after the Collationes, their nightly meetings, likely some sort of porridge, the name of which was extended to the meal one has at the end of a fasting either prescribed or imposed by a night of sleep, which is logically called breakfast, and to the popular hunger-sater made with flour (manioc or corn) and water, which was essential to avoid what was described by Euclides da Cunha (again, in a loose translation): "The long days of

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