Paciência nunca foi, exatamente, um talento que Deus me deu. Talvez, justamente por isto, tenho sido obrigada a desenvolvê-la nos últimos anos. O mais interessante é que não basta ter paciência e nem usar paciência. É importante fazer isto com o mínimo de dor possível. E como é difícil!
Tenho tentado exercitar a generosidade além da paciência. Pode parecer que estou fazendo cursinho para virar santa, mas é muito mais simples que isto: estou tentando ser feliz. Eu disse mais simples... Não disse mais fácil! E tenho percebido que estamos habituados a sofrer desnecessariamente. Sofremos mais pela expectativa da dor do que pela dor em si, não porque vivemos em um mundo de sacrifício, mas porque insistimos em querer ter o controle sobre tudo o tempo todo, o que inclui prever o futuro, com possíveis sofrimentos.
Hoje, Fernando me disse que sou desapegada. Gostaria muito de ser, mas não creio que tenha atingido tal nível de refinamento. Acredito que o que ele chama de desapego seja, na verdade, uma mistura de bom senso, exercício consciente de generosidade e uma boa dose de instinto de auto-preservação. Eu desato os nós antes que as cordas me machuquem. Só isto.
Viver não é um ato involuntário, não é algo que acontece de forma displicente. É preciso aprender a viver. E somente agora tenho a sensação de que estou ensaiando os primeiros passos. Se a vida não começa aos 40, talvez seja só um pouquinho antes!
Olhando para o passado, percebo que sofri tanto por razões tão tolas e tratei com descaso questões realmente importantes. Parece que vamos nos construindo a cada passo de uma forma muito sutil e incompreensível. No entanto, é tudo história pessoal e eu devia me desfazer dela, mas, afinal, o que restaria?
“Nada como um dia depois do outro, com uma noite no meio”, minha avó sempre diz. Me impressiona a sabedoria popular... O desastre de hoje, provavelmente será a tristeza nostálgica de amanhã. O grande amor impossível de um dia, acaba virando uma lembrança doce e distante, lá no fundo da memória. O conflito stressante, razão de riso. A saudade dolorosa, esquecimento anestésico. Tudo é passageiro, menos o motorista, o trocador e o tempo que implacavelmente é testemunha ocular dos ciclos. Perene, inatingível...
Ainda não adquiri o benefício da idade para dar conselhos, mas se pudesse dar algum certamente começaria minha lista por algo como: não sofra excessivamente, portanto não sofra, porque todo sofrimento é excessivo. Depois viria: perdoe sempre, se não puder perdoar, ao menos não fique memorizando a dor que alguém te causou. A dor fica com quem pensa nela e não necessariamente com que a sofre. O terceiro conselho certamente seria: permita-se sentir, permita-se acreditar, permita-se amar. Sem julgamento, sem crítica, sem sentimento de culpa. Passamos metade da nossa vida amando a queima roupa todas as criaturas que fazem os nossos sinos mentais tocarem. E a outra metade nos odiando porque somos assim: tão absolutamente idiotas. Meu terceiro conselho pretende evitar isto.
Depois viriam mil detalhes, porque pratico o pecado da minúcia... Não sentir pena de si; não amar mais os conceitos do que as pessoas; saber a hora de parar e a hora de começar; compreender que o coração sempre será mais sábio do que a razão, mesmo que na hora não faça sentido; não brigar com pessoas, somente discutir idéias; agradecer todos os dias, mesmo que não se saiba porque; praticar o riso sempre que puder, já que o choro costuma chegar de surpresa, etc...etc...etc...
A vida pode ser algo surpreendente desde que cada um se dê esta chance. Desde que não sejamos tão arrogantes a ponto de pensar que tudo está sob nosso controle. Nos últimos anos, o único momento em que “perdi o controle da situação” foi o exato instante em que dei o primeiro passo para ser feliz. É muito bom saber que podemos estar completamente errados, isto abre novas e incríveis possibilidades. E só a sabedoria que o tempo nos traz possibilita esta alegria de errar.
Tenho tentado exercitar a generosidade além da paciência. Pode parecer que estou fazendo cursinho para virar santa, mas é muito mais simples que isto: estou tentando ser feliz. Eu disse mais simples... Não disse mais fácil! E tenho percebido que estamos habituados a sofrer desnecessariamente. Sofremos mais pela expectativa da dor do que pela dor em si, não porque vivemos em um mundo de sacrifício, mas porque insistimos em querer ter o controle sobre tudo o tempo todo, o que inclui prever o futuro, com possíveis sofrimentos.
Hoje, Fernando me disse que sou desapegada. Gostaria muito de ser, mas não creio que tenha atingido tal nível de refinamento. Acredito que o que ele chama de desapego seja, na verdade, uma mistura de bom senso, exercício consciente de generosidade e uma boa dose de instinto de auto-preservação. Eu desato os nós antes que as cordas me machuquem. Só isto.
Viver não é um ato involuntário, não é algo que acontece de forma displicente. É preciso aprender a viver. E somente agora tenho a sensação de que estou ensaiando os primeiros passos. Se a vida não começa aos 40, talvez seja só um pouquinho antes!
Olhando para o passado, percebo que sofri tanto por razões tão tolas e tratei com descaso questões realmente importantes. Parece que vamos nos construindo a cada passo de uma forma muito sutil e incompreensível. No entanto, é tudo história pessoal e eu devia me desfazer dela, mas, afinal, o que restaria?
“Nada como um dia depois do outro, com uma noite no meio”, minha avó sempre diz. Me impressiona a sabedoria popular... O desastre de hoje, provavelmente será a tristeza nostálgica de amanhã. O grande amor impossível de um dia, acaba virando uma lembrança doce e distante, lá no fundo da memória. O conflito stressante, razão de riso. A saudade dolorosa, esquecimento anestésico. Tudo é passageiro, menos o motorista, o trocador e o tempo que implacavelmente é testemunha ocular dos ciclos. Perene, inatingível...
Ainda não adquiri o benefício da idade para dar conselhos, mas se pudesse dar algum certamente começaria minha lista por algo como: não sofra excessivamente, portanto não sofra, porque todo sofrimento é excessivo. Depois viria: perdoe sempre, se não puder perdoar, ao menos não fique memorizando a dor que alguém te causou. A dor fica com quem pensa nela e não necessariamente com que a sofre. O terceiro conselho certamente seria: permita-se sentir, permita-se acreditar, permita-se amar. Sem julgamento, sem crítica, sem sentimento de culpa. Passamos metade da nossa vida amando a queima roupa todas as criaturas que fazem os nossos sinos mentais tocarem. E a outra metade nos odiando porque somos assim: tão absolutamente idiotas. Meu terceiro conselho pretende evitar isto.
Depois viriam mil detalhes, porque pratico o pecado da minúcia... Não sentir pena de si; não amar mais os conceitos do que as pessoas; saber a hora de parar e a hora de começar; compreender que o coração sempre será mais sábio do que a razão, mesmo que na hora não faça sentido; não brigar com pessoas, somente discutir idéias; agradecer todos os dias, mesmo que não se saiba porque; praticar o riso sempre que puder, já que o choro costuma chegar de surpresa, etc...etc...etc...
A vida pode ser algo surpreendente desde que cada um se dê esta chance. Desde que não sejamos tão arrogantes a ponto de pensar que tudo está sob nosso controle. Nos últimos anos, o único momento em que “perdi o controle da situação” foi o exato instante em que dei o primeiro passo para ser feliz. É muito bom saber que podemos estar completamente errados, isto abre novas e incríveis possibilidades. E só a sabedoria que o tempo nos traz possibilita esta alegria de errar.