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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ser budista é...

"Certa vez, eu estava num avião, na poltrona do meio da fileira de um vôo transatlântico, quando um homem simpático sentado ao meu lado fez uma tentativa de ser cordial. Vendo minha cabeça raspada e saia cor de vinho ele concluiu que eu era budista. Quando foi servida a refeição, o homem, atenciosamente, se ofereceu para pedir uma refeição vegetariana para mim. Tendo presumido corretamente que eu era budista, ele também presumiu que eu não comia carne. Esse foi o início da nossa conversa. O vôo era longo e, para afastar o tédio, passamos a falar de budismo.
Com o passar do tempo, tenho me dado conta de que as pessoas frequentemente associam o budismo e os budistas à paz, à meditação e à não-violência. De fato, parece que muitos pensam que vestes cor de vinho ou de açafrão e um sorriso sereno é tudo o que se precisa para ser budista. Sendo eu um budista fanático, devo me orgulhar dessa reputação, especialmente por seu aspecto de não-violência, tão raro nesta época de guerras e violência, sobretudo a violência religiosa. Ao longo da história da humanidade, a religião parece ter gerado brutalidade. Ainda hoje, atos de violência praticados por extremistas religiosos dominam os noticiários. No entanto, posso dizer com confiança que, até o presente, nós budistas não nos desonramos. A violência nunca teve um papel na propagação do budismo. No entanto, em razão da formação budista que recebi, também me sinto um pouco descontente quando vejo o budismo ser associado a nada além de vegetarianismo, paz e meditação. O príncipe Sidarta que sacrificou todo o luxo e conforto nos palácios, deveria estar em busca de algo mais do que mansidão e vida campestre quando se pôs a caminho para descobrir a iluminação.
Embora em essência seja bastantes simples, o budismo não se presta a uma explicação fácil. Ele é complexo, vasto e profundo, quase além da imaginação. Embora seja não-religioso e não-teísta, é difícil alguém apresentar o budismo sem um tom teórico e religioso. À medida que o budismo chegou a diferentes partes do mundo, as características culturais que foi acumulando o tornaram mais complicado de decifrar. Roupagens teístas, como incenso, sinos e chapéus multicoloridos conseguem atrair a atenção das pessoas, mas, ao mesmo tempo, podem ser obstáculos. Elas acabam pensando que isso é tudo o que constitui o budismo, afastando-se assim, da sua essência."

Dzongsar Norbu Khyentse Rinpoche - "O Que Faz Você Ser Budista?" - Editora Pensamento

domingo, 17 de janeiro de 2010

O que é o Budismo.



O budismo é uma abordagem científica, religiosa, filosófica. É uma tradição, um sistema de psicologia, uma prática espiritual, um método de transformação da mente. Para mim ele é uma atitude perante a vida. Existem milhares de abordagens religiosas, filosóficas e psicológicas para nos ajudar a superar as dores e as dificuldades de nossas existências.

A tradição budista, em especial, nos proporciona muitos guias eficazes a começar pelo próprio Buda que, renunciando a uma vida principesca, tomou de seu corpo e de sua mente e deles fez instrumento para a iluminação, ou seja, para se tornar espiritualmente livre.

A tradição budista abarca um sistema até hoje irrefutável de psicologia e prática espiritual iniciada há cerca de seis séculos a.C. e desenvolvida ao longo de milhares de anos. Para o budismo é extremamente importante a maneira como encaramos as situações da vida diária enriquecendo a tecnologia do despertar com métodos que transformam nossas experiências e emoções com energias criativas aumentando nosso desenvolvimento espiritual e nos conduzindo aos mais elevados estados de consciência.É uma abordagem científica do trabalho que salienta a autoconsciência crítica nos levando a realizar todas as lições e conselhos espirituais à luz de nossa própria experiência e observação.

No budismo a compreensão apenas como exercício intelectual não tem o menor valor a não ser que ela  transforme nossa vida. Não é aprendizado e sim o reconhecimento da natureza da realidade o que nos leva ao ponto de vista de que o sofrimento existe porque somos ignorantes - no sentido de que já temos uma natureza pura e não sabemos - porque temos medo e necessidades. Assim condicionados, acreditamos que o alívio jaz fora de nós mesmos ignorando que a paz está dentro de nós. Se estamos onde estamos, fomos nós e não os outros que nos colocaram neste lugar. Logo, cabe a nós e a mais ninguém nos tirar desta situação.

O Buda foi um sábio e um terapeuta para a mente e não um pregador religioso. Ele não foi um profeta, um messias. Não fundou nenhum credo ou religião. É atribuída ao Buda a afirmação de que não devemos aceitar algo porque é acreditado por muitas pessoas ou porque vem de algum livro. Ele estimulava o uso da própria compreensão, do discernimento após ponderação cuidadosa.

A questão é que o que quer que alguém esteja tentando aprender, énecessário que tenha a experiência de modo direto em vez de extraí-la de livros ou de mestres ou apenas com a adaptação a um padrão já estabelecido. O Buda se propôs a não aceitar nada que não tivesse primeiro descoberto por si mesmo. Não se trata da tentativa de obter ajuda de nenhuma outra pessoa, mas sim de descobrir por si próprio.

Todos estes conceitos, ideias, esperanças, receios, emoções e conclusões são criados a partir de nosso pensamentos especulativos, das nossas heranças psicológicas, da nossa educação e assim por diante. Tendemos apenas a colocá-los todos juntos, o que é causado, em parte, é evidente, pela falta de qualificação do nosso sistema educacional. Dizem-nos o que pensar em vez de nos ensinarem como realizar buscas verdadeiras em nosso íntimo.

O importante é transcendermos o padrão de conceitos mentais que formamos. Dessa forma, é necessário introduzir a idéia da conscientização. Podemos então nos indagar todas as vezes e podemos ir al´me de meras opiniões e das supostas conclusões de bom-senso. Temos de aprender a ser cientistas qualificados e a não aceitarmos nada. Tudo deve ser vista através do nosso próprio microscópio e temos que chegar às nossas próprias conclusões e do nosso modo. Até que façamos isso, não há Salvador, nem Guru, nem bênçãos e orientação que possam servir de auxílio.

A questão como um todo, então, é que devemos ver com nossos próprios olhos e não aceitar nenhuma tradição apresentada como se ela possuísse algum poder mágico inerente. Não existe nada mágico que possa nos transformar de um momento para o outro. No entanto, como temos uma mente mecanizada, sempre procuramos por algo que funcione a um leve aperto de um botão. Existe uma grande atração pelo atalho e, se existir algum método de profundidade que ofereça um caminho rápido, preferiremos segui-lo a suportar jornadas árduas e práticas difíceis. Seja na prática da meditação ou na vida do dia-a-dia, existe a tendência de sermos impacientes.

Buda nunca alegou ser uma encarnação de Deus ou qualquer tipo de divindade. Era apenas um simples ser humano que tinha passado por certas coisas e que tinha alcançado o estado de vigília da mente. É possível, pelo menos parcialmente, para qualquer um de nós fazer esta experiência.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Budismo é lógico! Não há espaço para fantasias no budismo!

Terminando de ler o livro "Vazio Luminoso", quero compartilhar que o budismo é totalmente lógico! Apesar de muitas deidades, elas não são nada além do que um meio hábil, um simbolismo para que possamos despertar em nós mesmos suas qualidades de amor, compaixão e sabedoria. Digo despertar porque essas qualidades já estão inerentes em nós. Logo, o budismo costuma dizer que já somos as deidades, já somos buda, seres iluminados. Somos um diamante, porém, encoberto pela lama da nossa ignorância, da ignorância daquilo que o budismo nos ensina, de que devemos ser amigos até de nossos defeitos e sentimentos ruins e transformá-los no diamante. O que fazemos quando encontramos uma pedra preciosa no solo? Retiramos, limpamos e posteriormente lapidamos. Então, ela mostra todo o seu brilho! As práticas são essa lapidação, esse polimento. Isso é o que se chama de "estágio de criação da yoga das deidades". À medida que nós aprendemos a trabalhar com as imagens , gradualmente experimentamos o significado das deidades diretamente, sem pensamento conceitual, automaticamente. Somos como elas, somos uma deidade. Nosso corpo se torna precioso e passamos a agir na vida com mais cuidado, com mais carinho conosco e com todas as pessoas. Como está no livro, "em vez de imaginá-las, (as deidades) sentimos a presença real de suas naturezas até que finalmente possam se tornar tão reais que as encontramos cara a cara". As deidades iradas não são motivo para que sentir medo ou aversão ou mesmo que se imaginar que elas são coisas más, demoníacas. Elas agem com uma energia irada, mas por pura compaixão, assim como uma mãe chama vigorosamente a atenção de um filho quando ele solta sua mão e, atravessando a rua, corre o risco de ser atropelado.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tummo - O Fogo Interior

"Tummo é a sabedoria do fogo. Esta prática combina exercício físico, retenção da respiração, respiração de uma forma especial e visualizações. Através da combinação destes três elementos podemos gerar um fogo interno que queima todos os bloqueios e obstáculos passados, presentes e futuros. Quantos menos bloqueios tivermos, mais abertos somos. Continuamos a abrir cada vez mais até que a determinada altura somos infinitos. O nosso coração, a nossa energia, o nosso amor— tornam-se infinitos. E para atingirmos este estado de plenitude e abertura utilizamos a sabedoria do fogo interior."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Dzambhala

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Dzambhala é mais conhecido por ser o Buda da abundância e bem... todos querem dinheiro! A rica cor de ouro de sua pele representa o aumento e o crescimento: resumindo, ele pode nos trazer riqueza material e nos ajudar a sair da pobreza, mas, o mais importante, sua prática pode nos trazer também a riqueza espiritual e o crescimento pessoal a fim de nos transformar numa pessoa melhor. Assim com todos os budas, sua prática pode nos levar até o alcance da iluminação última. Sua forma é a de um homem baixo, gordo e corpulento o que vem de um tempo em que amplamente se acreditava que a obesidade era sinônimo de riqueza e luxo. Ele também tem uma expressão arrogante em seu rosto e está sentado na postura do conforto real: esta postura é um aviso que serve para nos dizer que se continuarmos a olhar e agir dessa maneira arrogante em nossas tentativas de conseguir riqueza material, na verdade, em vez disso, teremos pobreza. Pensem! Nossa ganância está ferindo os outros? O conforto real de sua forma indica que Dzambhala está livre do samsara – através de sua prática e feitos, ele também adquiriu todo dinheiro, fama e riqueza do universo e não mais experimenta sofrimentos. Ele pode se dar ao luxo de se recostar tranquilo – ele conseguiu tudo o que queria! Ele nos mostra como nossa prática para ele pode nos guiar até a iluminação última onde também podemos ter literalmente tudo que queremos Ao mesmo tempo, ele pisa numa concha com seu pé direito para mostrar que, mesmo que ele tenha alcançado toda essa riqueza, ele está acima dela e não mais permite que os laços do samsara o subjuguem de novo. Dzambhala segura uma fruta na sua mão direita que significa que, se seguirmos sua prática, ele pode “arcar com os frutos” de nossos esforços para ganhar alcances espirituais e iluminação. Em sua mão esquerda, ele segura um mangusto que é um mudra da antiga Índia como um presságio de que coisas boas estão chegando. O mangusto cospe lindas jóias que realizam desejos. Ambos trabalham para nos atrair para a prática de Dzambala com uma promessa imediata de riqueza. As bênçãos de Dzambhala e o valor de sua prática são universais. Manter uma imagem ou estátua dele, ou dar uma estátua de Dzmbhala de presente a alguém é auspicioso para qualquer um em qualquer lugar. Sua energia espiritual em forma de som que ajuda a transformar a mente é o mantra:

OM DZAMBHALA ZALENDRAYÊ SOHÁ
Mas, importantíssimo! Só se pode fazer a prática e repetição do mantra após receber a iniciação de um mestre realizado! Acho que joguei muita água fria em quem achou que era fácil!

sábado, 29 de agosto de 2009

Diz Sua Santidade, o Dalai Lama.

O ódio, a afeição ou a inveja desestabilizam o nosso espírito e impedem-no de se comportar com equanimidade em relação aos seres. Comportarmo-nos com equanimidade não significa sermos indiferentes ou não nos sentimos implicados no sofrimento dos outros. Adotar tal atitude conduz-nos, muito pelo contrário, a agir para com os outros de maneira igualitária, sem mostrarmos preferências ou rejeições, com compaixão e amor, e fazendo tudo o que está ao nosso alcance para ajudar todos os seres, sem distinção, a atingir o despertar.

A verdadeira prática não se manifesta nos locais de culto, mas no exterior, em sociedade, onde nos confrontamos com situações reais e com as pessoas que podem suscitar ódio, amor, compaixão, desejo. Praticar uma religião não consiste simplesmente em orar, mas em desenvolver as emoções positivas que são o amor altruísta, a compaixão, a bondade, a generosidade, o sentido das responsabilidades e em dar sem contar e sem esperar nada em troca a todos os que nos rodeiam, amigos e inimigos.

Habitualmente, esperamos de uma pessoa que auxiliamos que se mostre reconhecida, de uma qualquer maneira. Se não o fizer, podemos sentir crescer dentro de nós raiva, ressentimento, ou ainda vontade de a prejudicar. Se tivermos aprendido a trabalhar o espírito e a observar o que se passa dentro de nós, poderemos então interromper o processo em curso e pôr termo à emoção perturbadora que nos impele a reagir com violência. Torna-se ainda mais fácil de realizar se considerarmos a pessoa que nos enfrenta um mestre cujo papel consiste em nos ensinar a desenvolver a paciência e a compaixão. Pensemos nisto quanto formos levados a viver este tipo de situação e veremos que, uma vez transposto este passo, é cada vez mais fácil comportarmo-nos assim, desenvolver a paz de espírito.

Termos confiança em nós e nas nossas qualidades não significa que sejamos orgulhosos. É importantes termos confiança naquilo que somos, nos nossos talentos e capacidades particulares, de modo a desenvolver a fé na existência, na qual se apoiará a capacidade de gerar a bondade, a benevolência, a compaixão e o amor altruísta. A fé e a confiança são indispensáveis ao desenvolvimento das qualidades humanas. Constituem um terreno fértil onde crescem todas as sementes que dão origem às emoções positivas.

Via e-mail, de Portugal, por Helena Mello.

sábado, 22 de agosto de 2009

A Integração – As qualidades naturais da mente

Mahamudra Lineage Gurus - Click to enlarge
São inicialmente apresentadas neste texto as qualidades da experiência de Mahamudra e particularmente a presença natural da Grande Compaixão. Em seguida são introduzidos os princípios fundamentais da integração dos pensamentos e emoções conflituosas como auxiliares no caminho.
A compreensão – prajna – e a compaixão – bodhichitta, são conhecidas como os dois pólos fundamentais do ensinamento de Buda bem como as duas qualidades do despertar, da experiência de mahamudra.
A sabedoria, prajna, é o conhecimento da natureza da realidade, conhecimento da interdependência (e impermanência) de todas as coisas, o conhecimento, e a experiência da vacuidade. “Prajnaparamita”, a perfeição da sabedoria, é também conhecimento imediato ou cognição em si, sabedoria que se experimenta a si-mesma.
A compaixão pode se apresentar segundo três aspectos:
A compaixão com referência aos seres.
É a qualidade do coração que faz-nos, não somente, não ser indiferentes aos outros, mas sermos profundamente tocados e receptivos aos seus sofrimentos e à suas dificuldades. Esta compaixão vive-se na experiência da realidade do outro. É participar da realidade do outro com um coração e uma mente abertos.
A compaixão com referência à realidade.
Esta compaixão é a mais profunda que a primeira, no sentido em que ela vive a situação no conhecimento de sua natureza e compreende a ilusão que é a causa do sofrimento. Esta compaixão se vive participando realmente e profundamente um com o outro; é uma compaixão de comunhão íntima. Em seguida, a terceira é:
A compaixão sem referência.
Ela não tem objeto e nem porque, sem noção, sem idéia nem justificação. É uma compaixão que não é fabricada: ela não repousa em nenhum raciocínio nem sobre uma experiência de amante e amada nem sobre o que quer que seja. Esta compaixão sem referência é a do Budha, dos despertos. É a natureza mesma da experiência imediata, primordial e dela é indissociável. O desperto, vive a experiência primordial mahamudra, vive esta compaixão sem referência. Esta compaixão está no mais profundo de nossa vivência e ela manifesta-se naturalmente quando o eu, o indivíduo não habita mais esta experiência.
Na tradição do mahamudra-dzogchen, esta compaixão fundamental chama-se tuje, termo que traduzimos também por “sensibilidade”. “Compaixão” não é plenamente satisfatório. É um termo freqüentemente entendido como uma atitude condescendente e misericordiosa... ou de amor, porém numa experiência dual, enquanto tuje exprime esta experiência de sensibilidade fundamental que é duma receptividade e também de uma disponibilidade completa e perfeita, além de todo obstáculo e de toda a resistência. É uma experiência sem barreira nem obstáculos. Nesse nível, a compaixão não é mais uma resposta deliberada, mas uma adequação imediata, harmoniosa e espontânea à própria energia da situação.
Sua Santidade o Dalai Lama diz freqüentemente: “Podemos viver sem religião, mas não podemos viver sem compaixão”. Com efeito, podemos muito bem não aderir a uma religião enquanto pensamento filosófico, teológico, enquanto sistema de crenças ou de percepções do mundo, mas não podemos viver sadiamente sem esta dimensão de compaixão que procede, no que tem de fundamental, desta experiência primordial.
O ponto importante é que na experiência primordial, encontram-se ainda presentes também a compreensão que é compaixão desperta, assim como o amor e a sabedoria de um Budha.
Um último ponto importante a considerar é a integração do ponto de vista do mahamudra. Revendo as qualidades da mente: abertura, a claridade e a sensitividade.
Uma vez reconhecida, vivida a natureza vazia, luminosa e ilimitada, da mente sem obstáculos, é também reconhecida a natureza de suas manifestações: de seus pensamentos e de suas emoções. As emoções, os pensamentos e as paixões habituais são também, profundamente, vazias, luminosas e ilimitadas.
A prática de mahamudra não é parar, bloquear os pensamentos, as emoções, mas reconhecer sua natureza. Considerar os pensamentos como obstáculos e querer desenvolver um estado de meditação sem pensamentos, um estado de meditação no qual pensamentos e experiências seriam de algum modo suspensos: uma tranqüilidade pacífica onde tudo é colocado entre parênteses... Uma tal suspensão das experiências seria também uma espécie de inibição e finalmente de opacidade.
Kyabdje Kalu Rinpoche dizia que é possível meditar mahamudra assim, desenvolver um estado de repouso mental confortável... É agradável, mas é um estado em que falta lucidez, que é opaco e que não tem nada a ver com a experiência autêntica.
A energia do desejo, a paixão reconhecida em sua essência é uma energia livre que chamamos a “felicidade vazia”. Plenamente reconhecida, é liberada, e o que é condicionante e alienante torna-se uma energia livre que é a expressão da sabedoria e do despertar.
Assim as cinco emoções conflituosas básicas, transmutadas, são as “cinco sabedorias”:
- O desejo, o apego, torna-se então sabedoria do discernimento;
- O ódio, a agressividade, torna-se então a sabedoria semelhante ao espelho;
- A inveja, o ciúme torna-se então a sabedoria da realização;
- O orgulho, torna-se então a sabedoria da equanimidade;
- A opacidade mental, a ignorância, torna-se a sabedoria da esfera da vacuidade do dharmadatu.
Todas as manifestações da mente tornam-se então espontaneamente o jogo das cinco sabedorias. Nesta perspectiva, quanto mais matéria prima mais sabedoria. As emoções são ditas “madeira trazida para a fogueira da sabedoria”. Quanto mais madeira, mais a fogueira arde.

Do livro: DHARMA – La voie du Bouddha - Mahamudra-Dzogchen
Versão: Flávio Capllonch Cardoso

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Skandha

"A palavra sânscrita skandha tem um duplo significado: pode indicar um grupo composto de unidades menores ou uma única unidade que faz parte de um grupo maior como uma divisão de exército que contém muitos soldados, mas é parte de uma força muito maior. Tradicionalmente, em seu uso budista, a ênfase era no primeiro sentido, a ideia de que cada skandha é um grupo de dharmas. Em tibetano, phung po significa literalmente 'monte, pilha', enquanto as primeiras traduções para o inglês usavam 'agregar'. Para mim, ambas as palavras soam bastante estranhas, pouco naturais. O significado alternativo tem sido mais preferido, especialmente por eruditos ocidentais, que tem usado expressões tais como 'constituintes da personalidade' ou 'componentes psicológicos'. No todo, sinto que é melhor mantê-la em sânscrito.
A filosofia budista é sempre prática e se relaciona diretamente com a experiência, por isso, muitas vezes parece ser mais uma psicologia espiritual do que uma filosofia. O sistema dos skandhas demonstra como eles se combinam para produzir a ilusão de um ser e, ainda assim, esse ser não tem base na realidade. Embora sejamos tão completamente apegados a ele, tudo o que somos e tudo o que experimentamos pode ser explicado perfeitamente sem ele. Trungpa Rinpoche descreveu os cinco skandhas como o processo de cinco etapas do desenvolvimento do ego. É por isso que não estou completamente feliz em traduzir skandha como 'componente', o que dá a impressão de entidades separadas em vez de elementos interativos e interdependentes de um processo. Eles não são tanto do que somos feitos, mas sim como funcionamos."
De "Vazio Luminoso" - Francesca Fremantle - Editora Nova Era - página 131

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dharma


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“Outra maneira de olhar a natureza da existência é a partir do ponto de vista de nossa própria percepção, da maneira como experimentamos o mundo individual que cada um de nós habita. Todos os fenômenos que aparentam existir fora de nós estão também contidos dentro deste mundo, porque a nossa experiência real deles somente existe dentro de nossas mentes, intermediadas pelos sentidos. O budismo analisa esse reino da nossa experiência em termos de unidades básicas, ou dharmas, em sânscrito. Em um contexto budista, dharma no singular (muitas vezes começado com uma maiúscula) normalmente significa o ensinamento do Buda, mas esses dois significados da palavra compartilham um princípio subjacente e não são tão diferentes um do outro quanto parecem à primeira vista. Algumas vezes ao traduzir, a pessoa não sabe dizer qual dos dois significados foi pretendido e, algumas vezes, ambos estão implicados ao mesmo tempo.

A palavra dharma tem o sentido básico de manter e apoiar. Seu uso primário é para transmitir as idéias de lei, religião e dever que preservam a sociedade humana e são preservados por ela em uma relação recíproca. Em um nível pessoal significa o papel especial na vida que cada ser vivente nasceu para realizar – a verdade interior da pessoa, a lei pela qual alguém vive. Pode também significar a natureza inerente da qualidade de qualquer coisa, a lei que determina exatamente o que cada coisa é e faz. Assim como o dharma de um rei é reinar, o dharma do fogo é queimar. Nesse sentido, existem inúmeros dharmas, as leis fundamentais de tudo o que existe. Entre eles, certos elementos físicos e psicológicos em particular foram identificados no budismo como estando na raiz de nossa maneira de perceber o mundo.

A ligação entre dharma e os dharmas é a própria idéia de lei interior e verdade. O dharma ensinado pelo Buda revela a verdade sobre a existência, a lei final da vida. Dharma, a verdade em si, manifesta-se espontaneamente como os muito dharmas, as realidades fragmentadas da existência relativa, temporária. Eles tomam muitas formas, aparecem e desaparecem, ainda assim, em essência, nunca foram nda além da verdade.”

De “Vazio Luminoso” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 129 e 130

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Incerteza e Oportunidade

Uma amiga e eu nos falamos por telefone, ela lá do sul e eu aqui no sudeste de uma distância de 1480 quilômetros! Ela me indicou este texto. Repasso.

O LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER – Sogyal Rinpoche – Editora Talento / Palas Athena – páginas 144 a 145. - http://www.travessa.com.br/O_LIVRO_TIBETANO_DO_VIVER_E_DO_MORRER/artigo/25A4C5F3-43D8-4E96-B07F-6C96B6BE9D66

“INCERTEZA E OPORTUNIDADE
Uma das características centrais dos bardos é que são períodos de profunda incerteza. Tome esta vida como o exemplo principal. À medida que o mundo à nossa volta se torna mais turbulento também as nossas vidas tornam-se cada vez mais fragmentadas. Sem contato e sintonia com nós mesmos, ficamos ansiosos, agitados e freqüentemente paranóicos. A alfinetada de uma pequenina crise estoura o balão das estratégias atrás das quais no escondemos. Um único momento de pânico revela-nos como tudo é precário e instável. Viver o mundo moderno é sem duvida viver em um reino do bardo; não é preciso morrer para experienciá-lo.

Essa incerteza que já agora permeia tudo torna-se ainda mais intensa, mais acentuada depois que morremos quando os mestres ns dizem que nossa claridade ou confusão é ‘multiplicada por sete’.

Qualquer pessoa que olhe com honestidade para sua vida verá que vivemos em constante estado de dúvida e ambigüidade. Nossa mente fica alternando entre confusão e claridade. Se só ficássemos confusos todo o tempo, isso permitiria ao menos alguma espécie de claridade. O que é de fato desconcertante a respeito da vida é que às vezes, apesar de toda nossa confusão, podemos ser realmente sábios! Isso nos revela o que é o bardo: uma contínua e desalentadora oscilação entre claridade e confusão, perplexidade e discernimento, certeza e incerteza, sanidade e insanidade. Em nossa mente, tal como somos agora, sabedoria e confusão surgem simultaneamente, ou, como dizemos, ‘co-emergentes’. Isso mostra que nos defrontamos com um contínuo estado de escolha entre aquelas alternâncias e que tudo depende afinal do que escolhemos.

Essa constante incerteza pode fazer tudo parecer triste e quase em esperança; mas, se você olhar para ela com maior atenção, verá que sua própria natureza cria intervalos, espaços em que profundas oportunidades de transformação florescem continuamente – desde que possam ser vistas e aproveitadas.

Como a vida nada mais é que uma oscilação permanente entre nascimento, morte e transição, as experiências do bardo estão nos acontecendo o tempo todo e são parte fundamental da nossa constituição psicológica. No entanto, quando a nossa mente passa de uma assim chamada situação ‘sólida’ para a seguinte, esquecemo-nos dos bardos e seus intervalos. Habitualmente ignoramos as transições que estão sempre ocorrendo. Na realidade, como os ensinamentos podem nos ajudar a compreender, cada momento de nossa experiência é um bardo, tal como cada pensamento e cada emoção que emanam e tornam a morrer no âmago da mente. Os ensinamentos nos alertam para o fato de que é especialmente nos momentos de forte mudança e transição que a verdadeira natureza primordial de nossa mente, semelhante ao céu, terá uma oportunidade de se manifestar.

Deixe-me dar-lhe um exemplo. Imagine que você volta para casa um dia, após o trabalho e encontra a porta de sua casa arrombada, pendurada nas dobradiças. A casa foi assaltada. Você entra e descobre que tudo o que possuía desapareceu. Por instantes fica paralisado, em estado de choque e, em meio ao desespero, procura freneticamente entrar no processo mental de tentar lembrar o que foi roubado. O resultado é terrível: você perdeu tudo. Sua mente passa da inquietação e agitação ao atordoamento e os pensamentos se acalmam. E há uma súbita, profunda imobilidade, quase uma experiência de felicidade. Não há mais luta nem esforço, porque ambos são inúteis. Agora, tudo o que você tem a fazer é desistir, não há escolha.

Assim, num instante você perdeu alguma coisa preciosa e no instante imediatamente seguinte você descobre que a sua mente repousa num estado de paz profunda. Quando esse tipo de experiência acontece, não corra logo em seguida em busca de soluções. Fique por uns instantes nesse estado de paz. Permita que ele seja um intervalo, uma brecha. E se você de fato descansar nesse intervalo, olhando dentro da mente, vislumbrará a natureza imortal da mente iluminada.”

No sexto parágrafo, me lembrei de um filme em que a personagem diz que sonhou que estava caindo na água e se debatendo. Por fim, ela começa a afundar e ver que está mesmo se afogando, morrendo. Ela se entrega, se deixa ir e diz que se sente perfeitamente bem e tranqüila. Conheço uma pessoa que sofreu um severo acidente de carro e que ouvia as pessoas dizerem que ela estava morta. Mas não estava e, no entanto, não sentia nenhuma dor, só a aflição de querer dizer que ainda estava viva. Por fim, é claro, foi salva ou eu não estaria aqui relatando isso.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

DIT - Diálogo Interno Torturante

Le Penseur - Auguste Rodin

A lei do karma é extremamente importante na compreensão de Liberação através da audição. O que acontece conosco depois da morte não tem nada a ver com punição, destino ou poder superior, mas é inteiramente resultante de nossas próprias ações. É simplesmente a aplicação da lei universal, justiça universal. O Buda disse que se quisermos entender nossas vidas passadas, basta-nos olhar para as nossas condições atuais, porque elas são o resultado do passado. Se quisermos saber como a vida futura será, devemos examinar as ações presentes, porque são a causa do sofrimento futuro. Isso não quer dizer que podemos compor listas mecânicas de causas e efeitos; fatores externos e as ações de outras pessoas também desempenham grande papel na construção do destino e existem variáveis demais para se fazer predições exatas, principalmente sobre eventos e circunstâncias exteriores. Mas nossas reações a essas circunstâncias e o que fazemos delas são nossa inteira responsabilidade.

É no mundo interior dos pensamentos, emoções e reações que podemos realmente observar o mecanismo de causa e efeito. O karma funciona de momento a momento, assim como por longos períodos de tempo. Qualquer pensamento ou emoção que surge na mente cria um efeito; ele deixa seus traços ali e cada traço pode se reproduzir repetidamente. Raiva gera mais raiva; desejo gera mais desejo. Sempre que uma reação negativa se torne habitual, é posto em movimento um processo interminável, circular, de uma causa propiciando o surgimento de um efeito, em seguida aquele efeito se tornando uma causa semelhante e assim por diante, repetidamente. O que parece em um momento uma reação insignificante de aborrecimento ou ressentimento pode terminar envenenando a mente por horas ou mesmo dias.

Felizmente, a força do karma é igualmente poderosa em direções positivas. Felicidade gera mais felicidade tanto para nós quanto para os outros. Um sentimento de simpatia ou um ato de bondade cria as condições para uma bondade maior se desenvolver. Geralmente parece mais fácil pensar sobre o karma em termos de boas ou más ações significativas, impelindo-nos em direção a vidas futuras felizes ou infelizes. Mas é realmente a corrente de pensamentos mais comum, familiar e quase despercebida que está continuamente determinando o padrão de nosso destino. O sonhar acordado e o mexerico subconsciente, os pensamentos e preocupações habituais que passam pela nossa mente todo o tempo estão continuamente criando karma, perpetuando nosso senso de ser.

“Vazio Luminoso – Para entender o clássico Livro Tibetano dos Mortos” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 74 e 75.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

As artes e S.S. Dalai Lama

Os cinco sentidos contribuem para criar as emoções no homem. É por isso que a música, a pintura, a arte sacra em geral exercem influência sobre as nossas emoções e podem ajudar-nos a transformar emoções negativas no seu contrário. É, em particular, o caso da música, que possui a virtude de nos remeter para níveis profundos do nosso ser.

domingo, 5 de julho de 2009

Diz sua Santidade o 14º Dalai Lama

A disciplina (shila) é um dos factores que contribuem para alcançar o despertar com a meditação (samadhi), o conhecimento ou a sabedoria (prajna). Estes diferentes elementos são complementares. A ausência de ética traduz-se principalmente por uma maneira de estar que prejudica os outros. Conduzindo-nos deste modo, não só fazemos mal aos outros como também espalhamos as sementes do nosso próprio sofrimento. Devemos ter uma consciência clara de tudo isto para podermos desenvolver uma disciplina ética baseada no conhecimento e na sabedoria. O aspecto mais elevado da ética consiste em pensar que a felicidade dos outros conta mais do que a nossa.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Mil Budas

Dudjom Lingpa
"Até que a sucessão de mil Budas da Era Afortunada chegue ao fim, que minhas emanações possam surgir sem interrupção realizando vastos benefícios para todos os seres a serem domados."

O Senhor dos Yoguis, Nüdan Dordje, primeira aparição de Dudjom Lingpa nessa terra. A chamada Era Afortunada é esta era em que o Buda Shakyamuni surgiu na terra.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Diz Sua Santidade, o Dalai Lama


"Para os ocidentais, no contexto da sua vida moderna e activa, trabalhar o espírito pode, por vezes, parecer difícil. O que conta é a força da determinação, pois esta gera uma imensa coragem para agir sem tardar, sejam quais forem as circunstâncias enfrentadas. Assim, se o quisermos realmente, é-nos sempre possível transformar o espírito permanecendo activos no trabalho, na vida familiar, nas actividades e tarefas quotidianas."
Mensagem enviada por correio eletrónico por Helena Mello - Lisboa, Portugal.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Tulku Jigme Tromge Rinpoche em Belo Horizonte

Tulku Jigme Tromge Rinpoche - Clique na foto para ampliar

Chagdud Gonpa Dawa Drolma, Belo Horizonte.
Tulku Jigme Tromge Rinpoche, filho de Sua Eminência Chagdud Tulku Rinpoche, estará concedendo a iniciação e ensinamentos de Avalokiteshvara (ou Cherenzig) de Drimed Kachod Wangpo em Belo Horizonte nos dias 20 e 21 de Junho.
Essa iniciação se refere a prática completa de Avalokiteshvara, onde uma parte é utilizada para o ritual de jejum, Niungne.
Chagdud Tulku Rinpoche tinha a poderosa aspiração de que seus alunos ocidentais tivessem contato com essa sadana.

OM MANI PEME HUNG HRI

domingo, 7 de junho de 2009

Mantra do Buddha Shakyamuni para o Saga Dawa do ano do Boi de Terra

Shakyamuni mantra

Saga Dawa

Clique para ampliar

Sunday, June 7, is the anniversary of three important events: the Birth, the Enlightenment, and the Passing into Parinirvana by Shakyamuni Buddha.
We consider on this day positive and negative actions are multiplied by one million times.
In Namdroling Monastery, the sangha (community) of Monks and Nuns are completing a week-long prayer intensive known as the Great Accomplishment Group Practice of Kama Teachings (Kama Drupchen).
This is followed by Ritual Dance (Cham) and the hanging of a 180-foot painting (Thangka) of Shakyamuni Buddha.
A Fire Offering Puja is held as well.

Namdroling Nyingmapa Monastery Arlikumari
P.O. Bylakuppe pin 571104
Mysore District Karnataka State, India
Website: http://www.palyul.org/
News: http://news.palyul.org/

If you would like to accumulate merit and join in the practices on this special day, you can do any of the following:
- Do not eat meat
- Feed and save the lives of animals
- Recite the Mantra of the Buddha

OM MÜNI MÜNI MAHA MÜNAIÊ SOHÁ

Canto do Mahamudra

Milarepa - Clique para ampliar - Wallpaper

Quando medito no grande Mahamudra,
Permaneço sem esforço, na natureza última.
Relaxado, no espaço não perturbado,
Banhado de claridade, no espaço-vacuidade.
Sou pura consciência, espaço-felicidade,
E permaneço sereno, sem nenhum pensamento,
Vejo a igualdade, no espaço variado.
E nesse momento, esta natureza mesma
Tem um infinito desdobrar de muitas certezas.
Reflito sua claridade e sua atividade,
Perfeita em si mesmo, espontaneamente.
Nada necessito, e sou bem feliz!
Nada espero, não temo mais, sou feliz sem esses dois!
Minha confusão tornou-se grande sabedoria,
Minha mente é alegre, e feliz meu coração!

Milarepa

Extrato do livro: Dharma – La Voie du Bouddha (O Caminho do Buda)
Tradução de Flávio Capllonch Cardoso

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Comentário de uma pessoa

"Mas a única coisa que não curto é porque o povo que pratica budismo é meio modinha, sabe? Budista de boutique! Eu tenho antipatia disso... Povo vai lá, pratica budismo, fala pro mundo inteiro que são budistas e continuam fazendo merda com os outros. Com a família, com amigos, etc. Sei lá... Parece que o povo não tem muita noção do que é compaixão!"