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domingo, 3 de novembro de 2024

Tema do ENEM 2024: 'Desafios para a valorização da herança africana no Brasil'


O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) sempre surpreende com temas de redação que impulsionam discussões fundamentais e reflexões sobre a sociedade brasileira. Em 2024, o tema "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil" coloca em pauta uma questão essencial para entendermos nossa formação histórica e cultural, e para discutirmos os caminhos necessários para promover um país mais justo e consciente de suas raízes.

A herança africana no Brasil é vasta e rica, permeando desde a culinária, a música, e a dança, até a religião, a linguagem e a própria estrutura social. No entanto, a valorização dessa herança enfrenta desafios significativos. Apesar de seu papel crucial na formação da identidade brasileira, a contribuição africana tem sido subestimada, negligenciada ou estereotipada ao longo da história. O racismo estrutural e a falta de representatividade nas esferas de poder e na mídia ainda perpetuam uma visão limitada e desvalorizada dessa herança.

Refletir sobre os desafios de valorização dessa herança é também falar sobre o reconhecimento das lutas históricas enfrentadas pela população afro-brasileira. É discutir a importância de políticas públicas que incluam a valorização da história e da cultura africana nas escolas e nos currículos. É também destacar o papel dos movimentos sociais, das iniciativas culturais, e da voz ativa da comunidade negra para que as contribuições e a cultura afro-brasileira sejam reconhecidas e respeitadas em todos os níveis da sociedade.

Além disso, trazer essa temática à tona no ENEM é um lembrete da urgência de repensar nossos próprios preconceitos e de trabalhar para desconstruir visões que invisibilizam a riqueza dessa herança. Envolver estudantes nesse debate é um passo essencial para criar uma geração consciente e comprometida com a igualdade racial e com o respeito à diversidade.

O tema deste ano propõe mais do que uma discussão; propõe uma reflexão que busca caminhos para superar preconceitos, fomentar o respeito e celebrar a cultura africana que pulsa nas veias do Brasil. Essa é uma oportunidade de lembrar que a verdadeira valorização passa pela educação, pelo diálogo e por ações que promovam a igualdade e a justiça.

No fundo, entender e valorizar a herança africana é também reconhecer quem somos como brasileiros. É honrar as histórias que fazem parte do tecido cultural do país e avançar na construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente de seu passado e de seu futuro.

Que o tema deste ENEM inspire a todos a abraçarem a diversidade e a reconhecerem a riqueza cultural que compõe o Brasil!

domingo, 28 de agosto de 2011

As leis sobre diversidade

Nem sempre quem tem deficiência está matriculado na escola regular. Para reverter esse quadro, é fundamental que pais e educadores conheçam a legislação
Meire Cavalcante ([email protected]) WriteAutor('Meire Cavalcante');

“Desculpe, não estamos preparados.” Pais de crianças com deficiência precisam saber: argumento como esse não pode impedir o filho de estudar.Professores e gestores devem lembrar: não há respaldo legal para recusar a matrícula de quem quer que seja.As leis que garantem a inclusão já existem há tempo suficiente (leia abaixo) para que as escolas tenham capacitado professores e adaptado a estrutura física e a proposta pedagógica. “Não aceitar alunos com deficiência é crime”, alerta Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, procuradora da República em São Paulo. A legislação brasileira garante indistintamente a todos o direito à escola, em qualquer nível de ensino, e prevê, além disso, o atendimento especializado a crianças com necessidades educacionais especiais. Esse atendimento deve ser oferecido preferencialmente no ensino regular e tem nome de Educação Especial. A denominação é confundida com escolarização especial. Esta ocorre quando a criança freqüenta apenas classe ou escola que recebe só quem tem deficiência e lá aprende os conteúdos escolares. Isso é ilegal. Ela deve ser matriculada em escola comum, convivendo com quem não tem deficiência e, caso seja necessário, tem o direito de ser atendida no contraturno em uma dessas classes ou instituições, cujo papel é buscar recursos, terapias e materiais para ajudar o estudante a ir bem na escola comum. Esse acompanhamento – a Educação Especial – nada mais é que um complemento do ensino regular. 

Alguns estados, porém, estão reconhecendo essas escolas como de Ensino Fundamental Especial, o que não é previsto em lei, para facilitar o repasse de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), contrariando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A situação pode mudar com a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, há negociações para aumentar o por- } centual diferenciado para o aluno com necessidades educacionais especiais. Os recursos devem financiar a escolarização da criança no ensino regular e o atendimento especializado em turno distinto. “Se a rede não oferecer esse serviço, o repasse poderá ser feito para instituições sem fins lucrativos, desde que elas estabeleçam convênios com as Secretarias de Educação e cumpram exclusivamente o papel de apoiar a escolarização, e não de substituí-la”, conclui Cláudia.



Várias leis e documentos internacionais estabeleceram os Direitos das pessoas com deficiência no nosso país. Confira alguns deles

1988
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como princípio para a Educação o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.

1989
LEI Nº 7.853/89

Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa.

1990
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)

Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular. 

1994
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

O texto, que não tem efeito de lei, diz que também devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais.

1996
LEI E DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LBD)

A redação do parágrafo 2o do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo na escola comum.

2000
LEIS Nº10.048 E Nº 10.098

A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo o que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicação, sejam ou não de massa.

2001
DECRETO Nº3.956 (CONVENÇÃO DA GUATEMALA)

Põe fim às interpretações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um direito humano e privar pessoas em idade escolar dele, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere a convenção e a Constituição

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 

Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como princípio para a Educação o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Direitos das Pessoas com Deficiência
, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, 342 págs., Ed. WVA, tel.(21) 2493-7610, 40 reais 


28/06/2009