Maysa Machado
Nesse encontro presenciado por mim, reacende a energia e um novo olhar pra perceber o caminho entre o Ser e o Outro, que está do lado de fora.
Um abraço a todos! Em pleno outono carioca, temperaturas amenas...
Um blog que valoriza a poesia. Buscando-a nas imagens, nos sons, nas artes plásticas...na angústia demasiadamente humana.
Nosso cancioneiro é rico, precioso. Ouçam com alegria esta linda melodia, poética, suave.
Sugestão: Se puderem saiam cantarolando...
Deus me deu um coração poeta
O PRIMEIRO QUARTO MINGUANTE DO OUTONO
Maysa Machado
Júpiter e Vênus estão presentes e próximos
ao que meus olhos vêem, nesta noite carioca.
Zona sul... Aquém e além.
Lua, recém minguante, enforma-se em D
Estende véus e cavalga o negro céu.
Tudo silente, mudando passo a passo
Olho a olho.
Ilumina firmamento e terra.
Empresta seu brilho às nuvens cativas que ordenha.
Os aviões chegam e partem, deixam a nós a cidade.
O céu de Santa é pródigo em luzes, imagens e sons.
Não sei de horários permitidos para voar nas noites...
Sei dos espaços infindos em que vivo, observo e amo.
O céu habitado por planetas, estrelas, aviões e ruídos...
Por figuras estranhas e passageiras
É meu particular companheiro.
Inusitado traz seus sons bárbaros e humanos.
Em sua imensidão ameniza a dor de existir
que sinto.
E o silêncio fortuito repõe a vida
em seu lugar único.
Santa Teresa, 10 de abril de 2012
Um abraço
Maysa
SEXTA FEIRA SANTA
Maysa Machado
Pintura de Giotto - Compianto sul cristo morto, Cappella degli Scrovegni, Padova.
(Para Eva)
Uma amiga, de fé judaica, me pergunta:
— Para vocês qual a data mais importante: O Natal ou a Páscoa?
Respondo:
— O Natal. Nele você comemora o nascimento de Jesus.
No entanto, é estranho que para a maioria, com quem convivo, aquela é uma data de celebração de nascimento e de ausência. Há um vazio, um buraco. No entorno, quase sempre, faltam muitos entes queridos.
O Natal, então, transmuta-se em celebração infantil. Carinhos e lembranças dirigem-se às crianças. A figura do Papai Noel avulta. É data muito importante nas celebrações cristãs.
A Semana Santa é mais complexa. Aceitar a Ressurreição é para poucos. Só mesmo com fé e espírito evoluído... A Sexta Feira Santa, então, nem se fala... Mesmo. Um convite ao silêncio, à reserva e cuidado interior.
Na minha infância, um dia de grandes tormentos. Ia à Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, próximo ao Túnel Novo, em Botafogo, com minha mãe. Acompanhava a procissão e rezava pelo senhor morto. A imagem esculpida era tão verossímil que a achava verdadeira. Sofria na fila, a lenta agonia, e depois, com cada gota de sangue... Escorrido do rosto santo, os cravos às mãos, o corpo desnudo, acabavam de vez com minha alegria de menina.
Hoje, percebo em minha experiência de vida, que a representação primeira da imagem masculina é de um mártir.
Mas são doces aflições, avalio... Nos dias que correm a violência - tão intensa- em imagens difusas ou concretas que subvertem qualquer conceito, ou expectativa humanista. Há um Cristo imolado a cada dia. Uma Páscoa solene, em cada vida, que alcança o dia seguinte.
Então, minha amiga, confesso que me enganei. Um equívoco, doloroso e simples. Nos dias que correm, na Semana Santa, o ensinamento bíblico se reafirma. Embora a sociedade de Consumo de ênfase ao Natal. Precisamos do fato, do acontecimento, da lembrança.
Ressurreição a cada dia. É sempre um recomeço. Para os bons e leves de espírito... E para todos. Amém.
FELIZ PÁSCOA! À TODOS.
Um abraço
Maysa