Books by Rosilene Komarcheski
Panorama Quilombola, 2022
Jurema é árvore espinhosa e encantada, cujo encanto provém de inúmeras tradições indígenas e atra... more Jurema é árvore espinhosa e encantada, cujo encanto provém de inúmeras tradições indígenas e atravessa tradições cristãs e rituais afro-brasileiros. Produtos elaborados de suas partes vegetais curam o corpo material e abrem passagens no corpo espiritual. É palavra indígena que persistiu viva, usada na língua portuguesa do Brasil, nomeadora de corpos humanos e inumanos, materiais e espirituais, como a Cabocla Jurema. É também nome dado à mata, à floresta como um todo. É palavra usada para nomear uma tarefa difícil, trabalhosa ou extenuante. Traça o feminino como força persistente em meio à destruição e ao abandono. Árvore da caatinga, é símbolo de resistência em um ambiente árido. Juremal é um lugar sagrado, cuidado e cultuado. Nomear JUREMA esta coleção convoca todos estes sentidos e forças ancestrais para estarem junto das publicações sob seu selo, bem como adiciona a eles a perspectiva contemporânea de entender os direitos humanos como direitos ambientais.
Papers by Rosilene Komarcheski
Divers@!
Com o presente texto busca-se apresentar algumas elaborações teóricas promovidas desde a perspect... more Com o presente texto busca-se apresentar algumas elaborações teóricas promovidas desde a perspectiva decolonial na construção do pensamento social na América Latina, de modo a evidenciar como o pensamento fronteiriço tem contribuído para a descolonização das Ciências Sociais. Ao reagirem aos processos de colonialidade impostos pela modernidade, em seus pensamentos e ações, sujeitos subalternizados têm contribuído para a elaboração de conceitos situados a partir de suas experiências históricas e socioculturais. Nesse contexto, tem se destacado na atualidade a produção de intelectuais de fronteira, aqueles que, sendo sujeitos historicamente subalternizados e/ou acadêmicos comprometidos com as lutas decoloniais, têm desvelado lugares epistêmicos invisibilizados pelo paradigma da modernidade, no intuito de gestar um paradigma outro na região.
Revista Brasileira de Educação do Campo, 2022
Quilombola School Education arises from the struggle of quilombola populations for the right to a... more Quilombola School Education arises from the struggle of quilombola populations for the right to a school education that corresponds to their particularities, which is understood as a school education that comes in addition to the quilombola education, already carried out in the daily life of community life. Thus, community participation in Quilombola School Education is essential for its realization. The João Surá quilombo, located in Paraná, has a Quilombola State School, in which since 2011 the Letter of Consent has been adopted as an instrument through which the community can appoint the civil servants to the school. The study here presented aims to analyze the adoption of the Letter of Consent at the aforesaid school, specially by taking the community participation in consideration. The research took place between 2018 and 2020, based on the action research methodology. The results indicate that the Letter of Consent has contributed to a process of greater community participatio...
Participação comunitária na educação escolar quilombola: a Carta de Anuência no quilombo João Surá (PR), 2022
Este conteúdo utiliza a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International License Open Acces... more Este conteúdo utiliza a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International License Open Access. This content is licensed under a Creative Commons attribution-type BY Revista Brasileira de Educação do Campo Brazilian Journal of Rural Education
Guaju, Aug 20, 2019
Expressions of neo-extractivism: a reading on the mining industry in Adrianópolis, Paraná, Brazil... more Expressions of neo-extractivism: a reading on the mining industry in Adrianópolis, Paraná, Brazil Rosilene Komarcheski 1 Resumo O presente estudo tem como objetivo analisar a configuração local que toma o neoextrativismo minerário no município de Adrianópolis-PR. Para tanto, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e documental acerca do tema bem como de informações obtidas com a realização de entrevistas abertas com lideranças locais sobre o contexto da mineração na região. A análise se deu a partir das principais características do modelo neoextrativista conforme colocado por autores latinoamericanos em anos recentes, as quais foram complementadas de acordo com os resultados obtidos com a pesquisa para o contexto local. Como resultados principais obteve-se que o município tem se inserido em uma dinâmica neoextrativista, mas que este modelo se expressa de forma específica no local, tendo em vista aspectos socioambientais e político-econômicos que a singulariza diante das dinâmicas mais amplas que tomam o modelo na América Latina em anos recentes. Palavras-chave: Neoextrativismo. Indústria da mineração. Adrianópolis (PR).
ABORDAGEM SOCIOLÓGICA SOBRE A POPULAÇÃO NEGRA NO ESTADO DO PARANÁ, 2018
Em João Surá, o desenvolvimento se apresenta na figura de projetos e empreendimentos públicos e p... more Em João Surá, o desenvolvimento se apresenta na figura de projetos e empreendimentos públicos e privados que têm sido impostos sobre seu território desde a década de 1970. Os processos através dos quais tais projetos e empreendimentos foram executados têm surtido efeitos cumulativos ao longo do tempo, promovendo, entre outras coisas, a expropriação de terras quilombolas e de bens naturais e culturais a elas associados. Desses processos deriva-se também a emergência de conflitos territoriais que se apresentam atualmente no quilombo, uma vez que o território, alvo da cobiça capitalista, passa a ser objeto de disputas e a comunidade tem seus direitos negados.
Indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais, 2018
O desenvolvimento tem sido alvo de intensos debates na América Latina
nas últimas décadas, sendo ... more O desenvolvimento tem sido alvo de intensos debates na América Latina
nas últimas décadas, sendo que na atualidade diversas pesquisas procuram desvelar a lógica da colonialidade que opera por detrás do seu discurso. O desenvolvimento, enquanto projeto da modernidade ocidental, reproduz o racismo nos dias atuais através de um discurso estruturado sobre significantes estereotipados que o justificam como projeto de salvação. A materialização do racismo no campo brasileiro tem se dado com toda a gama de danos e ameaças sobre as populações negra e indígena a partir da execução de empreendimentos desenvolvimentistas. As comunidades quilombolas têm sido profundamente afetadas por esse processo, sendo comuns os casos de expropriação e expulsão territorial, exploração de seu trabalho, e tantas
outras formas de violência material e simbólica. No quilombo João Surá o desenvolvimento tem se apresentado na figura de projetos e empreendimentos públicos e privados impostos sobre seu território desde a década de 1970, tais como: projetos de colonização e ordenamento fundiários; empreendimentos de pecuária extensiva, de produção madeireira e de conservação ambiental; e ameaças latentes
representadas pelo avanço da mineração e de projetos de construção de barragens na região. Os processos através dos quais tais projetos e empreendimentos foram executados têm surtido efeitos cumulativos ao longo do tempo, promovendo, dentre outras coisas, a expropriação de terras quilombolas e de bens naturais e culturais a elas associados. Nesse contexto, no presente trabalho buscamos explicitar os
processos pelos quais se deu [e tem se dado] a execução de projetos e
empreendimentos públicos e privados sobre o território de João Surá, evidenciando o racismo implícito na lógica pela qual estes operam. A análise articulada entre impactos socioambientais e discriminação etnicorracial possibilita compreender as desigualdades multiplicadas que afetam comunidades quilombolas.
Thesis Chapters by Rosilene Komarcheski
Conflitos socioambientais, territorialidades e fronteiras, 2022
Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os... more Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Vide ADIN nº 3.239 § 1º Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos
Redes de re-existência desde o quilombo João Surá, 2019
O objetivo do presente estudo foi compreender como se processou a inserção da comunidade quilombo... more O objetivo do presente estudo foi compreender como se processou a inserção da comunidade quilombola de João Surá, localizada na região do Vale do Ribeira paranaense, em uma rede de movimentos sociais que atua em defesa dos direitos de comunidades quilombolas e como esta comunidade tem se organizado socialmente nesse processo. A sua realização se deu por meio de pesquisa bibliográfica e documental e de pesquisa de campo, esta última desenvolvida em João Surá entre os anos de 2016 e 2019, segundo uma metodologia de pesquisa participante, na qual utilizou-se uma combinação de técnicas de
etnografia e de história oral, com a realização de entrevistas a lideranças locais por meio das quais investigou-se as suas trajetórias de vida e de luta. A construção analítica utilizada como base para o estudo partiu da proposta teórico-analítica de Alberto Melucci, para quem os
movimentos sociais devem ser compreendidos como redes, onde as relações tecidas entre os atores adquirem destaque. A partir disso, enfatizamos a estrutura de latência que compõe as redes, na qual são realizadas as ações e tecidas relações que se dão no cotidiano, não sendo visíveis. A visibilidade que adquirem as redes, por sua vez, prescinde daquilo que é promovido na latência, que a alimenta continuamente. A esta proposta conjugamos a noção de reexistências, com a qual buscamos ampliar a ideia de resistência como algo fixo para uma perspectiva que possibilite evidenciar a diversidade de resistências expressas pelo grupo, bem como as suas especificidades. Esta noção se fundamenta principalmente nas concepções de rexistências, de Porto-Gonçalves, de territorialização das lutas, de Zibechi, e de resistência cotidiana, de James Scott. Evidenciamos no estudo que a rede na qual João Surá se insere se apresenta sob duas grandes concentrações de nós, uma que emerge com o processo de
mobilizações que tem ocorrido no Vale do Ribeira desde fins da década de 1980 em torno da questão das barragens e da questão quilombola; e outra, resultante de um processo de mobilizações em torno da questão quilombola ocorrido no estado do Paraná, que se iniciou em 2004. Demonstramos assim que João Surá não só se insere em movimentos sociais específicos, como o quilombola, por exemplo, como também acaba se relacionado com um conjunto de outros atores que compõe esta rede mais ampla. A inserção de João Surá nesta rede ampliada
se relaciona intimamente com a atuação de algumas de suas lideranças, as quais têm tecido relações e promovido ações com atores diversos ao longo do tempo e, assim contribuído para a
organização social do grupo e para a visibilidade que este adquire. As re-existências expressas pelo grupo, por sua vez, se apresentam de múltiplas formas, que vão desde aquelas mais visíveis, em geral promovidas em redes, até as que se realizam no cotidiano da vida comunitária, que alimentam a realização das demais.
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Papers by Rosilene Komarcheski
nas últimas décadas, sendo que na atualidade diversas pesquisas procuram desvelar a lógica da colonialidade que opera por detrás do seu discurso. O desenvolvimento, enquanto projeto da modernidade ocidental, reproduz o racismo nos dias atuais através de um discurso estruturado sobre significantes estereotipados que o justificam como projeto de salvação. A materialização do racismo no campo brasileiro tem se dado com toda a gama de danos e ameaças sobre as populações negra e indígena a partir da execução de empreendimentos desenvolvimentistas. As comunidades quilombolas têm sido profundamente afetadas por esse processo, sendo comuns os casos de expropriação e expulsão territorial, exploração de seu trabalho, e tantas
outras formas de violência material e simbólica. No quilombo João Surá o desenvolvimento tem se apresentado na figura de projetos e empreendimentos públicos e privados impostos sobre seu território desde a década de 1970, tais como: projetos de colonização e ordenamento fundiários; empreendimentos de pecuária extensiva, de produção madeireira e de conservação ambiental; e ameaças latentes
representadas pelo avanço da mineração e de projetos de construção de barragens na região. Os processos através dos quais tais projetos e empreendimentos foram executados têm surtido efeitos cumulativos ao longo do tempo, promovendo, dentre outras coisas, a expropriação de terras quilombolas e de bens naturais e culturais a elas associados. Nesse contexto, no presente trabalho buscamos explicitar os
processos pelos quais se deu [e tem se dado] a execução de projetos e
empreendimentos públicos e privados sobre o território de João Surá, evidenciando o racismo implícito na lógica pela qual estes operam. A análise articulada entre impactos socioambientais e discriminação etnicorracial possibilita compreender as desigualdades multiplicadas que afetam comunidades quilombolas.
Thesis Chapters by Rosilene Komarcheski
etnografia e de história oral, com a realização de entrevistas a lideranças locais por meio das quais investigou-se as suas trajetórias de vida e de luta. A construção analítica utilizada como base para o estudo partiu da proposta teórico-analítica de Alberto Melucci, para quem os
movimentos sociais devem ser compreendidos como redes, onde as relações tecidas entre os atores adquirem destaque. A partir disso, enfatizamos a estrutura de latência que compõe as redes, na qual são realizadas as ações e tecidas relações que se dão no cotidiano, não sendo visíveis. A visibilidade que adquirem as redes, por sua vez, prescinde daquilo que é promovido na latência, que a alimenta continuamente. A esta proposta conjugamos a noção de reexistências, com a qual buscamos ampliar a ideia de resistência como algo fixo para uma perspectiva que possibilite evidenciar a diversidade de resistências expressas pelo grupo, bem como as suas especificidades. Esta noção se fundamenta principalmente nas concepções de rexistências, de Porto-Gonçalves, de territorialização das lutas, de Zibechi, e de resistência cotidiana, de James Scott. Evidenciamos no estudo que a rede na qual João Surá se insere se apresenta sob duas grandes concentrações de nós, uma que emerge com o processo de
mobilizações que tem ocorrido no Vale do Ribeira desde fins da década de 1980 em torno da questão das barragens e da questão quilombola; e outra, resultante de um processo de mobilizações em torno da questão quilombola ocorrido no estado do Paraná, que se iniciou em 2004. Demonstramos assim que João Surá não só se insere em movimentos sociais específicos, como o quilombola, por exemplo, como também acaba se relacionado com um conjunto de outros atores que compõe esta rede mais ampla. A inserção de João Surá nesta rede ampliada
se relaciona intimamente com a atuação de algumas de suas lideranças, as quais têm tecido relações e promovido ações com atores diversos ao longo do tempo e, assim contribuído para a
organização social do grupo e para a visibilidade que este adquire. As re-existências expressas pelo grupo, por sua vez, se apresentam de múltiplas formas, que vão desde aquelas mais visíveis, em geral promovidas em redes, até as que se realizam no cotidiano da vida comunitária, que alimentam a realização das demais.
nas últimas décadas, sendo que na atualidade diversas pesquisas procuram desvelar a lógica da colonialidade que opera por detrás do seu discurso. O desenvolvimento, enquanto projeto da modernidade ocidental, reproduz o racismo nos dias atuais através de um discurso estruturado sobre significantes estereotipados que o justificam como projeto de salvação. A materialização do racismo no campo brasileiro tem se dado com toda a gama de danos e ameaças sobre as populações negra e indígena a partir da execução de empreendimentos desenvolvimentistas. As comunidades quilombolas têm sido profundamente afetadas por esse processo, sendo comuns os casos de expropriação e expulsão territorial, exploração de seu trabalho, e tantas
outras formas de violência material e simbólica. No quilombo João Surá o desenvolvimento tem se apresentado na figura de projetos e empreendimentos públicos e privados impostos sobre seu território desde a década de 1970, tais como: projetos de colonização e ordenamento fundiários; empreendimentos de pecuária extensiva, de produção madeireira e de conservação ambiental; e ameaças latentes
representadas pelo avanço da mineração e de projetos de construção de barragens na região. Os processos através dos quais tais projetos e empreendimentos foram executados têm surtido efeitos cumulativos ao longo do tempo, promovendo, dentre outras coisas, a expropriação de terras quilombolas e de bens naturais e culturais a elas associados. Nesse contexto, no presente trabalho buscamos explicitar os
processos pelos quais se deu [e tem se dado] a execução de projetos e
empreendimentos públicos e privados sobre o território de João Surá, evidenciando o racismo implícito na lógica pela qual estes operam. A análise articulada entre impactos socioambientais e discriminação etnicorracial possibilita compreender as desigualdades multiplicadas que afetam comunidades quilombolas.
etnografia e de história oral, com a realização de entrevistas a lideranças locais por meio das quais investigou-se as suas trajetórias de vida e de luta. A construção analítica utilizada como base para o estudo partiu da proposta teórico-analítica de Alberto Melucci, para quem os
movimentos sociais devem ser compreendidos como redes, onde as relações tecidas entre os atores adquirem destaque. A partir disso, enfatizamos a estrutura de latência que compõe as redes, na qual são realizadas as ações e tecidas relações que se dão no cotidiano, não sendo visíveis. A visibilidade que adquirem as redes, por sua vez, prescinde daquilo que é promovido na latência, que a alimenta continuamente. A esta proposta conjugamos a noção de reexistências, com a qual buscamos ampliar a ideia de resistência como algo fixo para uma perspectiva que possibilite evidenciar a diversidade de resistências expressas pelo grupo, bem como as suas especificidades. Esta noção se fundamenta principalmente nas concepções de rexistências, de Porto-Gonçalves, de territorialização das lutas, de Zibechi, e de resistência cotidiana, de James Scott. Evidenciamos no estudo que a rede na qual João Surá se insere se apresenta sob duas grandes concentrações de nós, uma que emerge com o processo de
mobilizações que tem ocorrido no Vale do Ribeira desde fins da década de 1980 em torno da questão das barragens e da questão quilombola; e outra, resultante de um processo de mobilizações em torno da questão quilombola ocorrido no estado do Paraná, que se iniciou em 2004. Demonstramos assim que João Surá não só se insere em movimentos sociais específicos, como o quilombola, por exemplo, como também acaba se relacionado com um conjunto de outros atores que compõe esta rede mais ampla. A inserção de João Surá nesta rede ampliada
se relaciona intimamente com a atuação de algumas de suas lideranças, as quais têm tecido relações e promovido ações com atores diversos ao longo do tempo e, assim contribuído para a
organização social do grupo e para a visibilidade que este adquire. As re-existências expressas pelo grupo, por sua vez, se apresentam de múltiplas formas, que vão desde aquelas mais visíveis, em geral promovidas em redes, até as que se realizam no cotidiano da vida comunitária, que alimentam a realização das demais.