Lagoa Funda, Caldeira de Santa Bárbara, Terceira
É aqui que se encontra a maior e mais bem preservada floresta natural dos Açores. Sobreviveu em virtude da inacessibilidade, sendo preciso andar pelo menos uma hora em terreno difícil para se entrar neste "Mundo Perdido". Se Arthur Conan Doyle se baseou nos Tepuis Sul-Americanos, esta caldeira não é muito diferente, mas em vez de se subir, desce-se.
A primeira vez que lá fui foi completamente à descoberta. Já tinha ouvido falar que havia caminhos para descer à caldeira, caminhos esses difíceis e nunca marcados. Foi com esta quantidade enorme de informação que deixei o carro perto das antenas no topo da Serra e segue jogo por um caminho que, apesar de pouco usado, parecia óbvio. Passada meia hora estava no topo de uma parede a ver a caldeira lá em baixo, umas boas dezenas de metros verticais abaixo. E agora para descer? Continuo a seguir o caminho, nas bifurcações metendo sempre pela direcção que me parecia mais provável de se dirigir a uma falha na parede intransponível. Resultou, ao fim de uma hora de caminhada estava dentro da Caldeira. Mas continuo a descer, na direcção da Lagoa Funda, que já tinha visto de lá de cima. Só ao chegar ao fundo me apercebo da grandiosidade do local. Uma lagoa perdida, rodeada de tapetes de musgos com profundidade suficiente para enterrar uma pessoa, de um lado uma floresta completamente intocada, do outro uma parede vertical enorme. Brutal! Como não gosto de voltar para trás continuo a seguir ao longo da parede, onde um corredor se abre entre esta e a floresta intransponível, ela própria uma parede de vegetação. Ao longo do caminho vou tirando fotos e mais fotos. E vou tentando subir a parede num ou outro ponto onde me parecia que era possível. Mas não, de cada vez deparava com uma parte perfeitamente vertical, sem hipótese. É assim que me vejo com o sol a pôr, sem água, comida, ou noção exacta de onde estou (apesar do GPS) ao fim de umas 5 ou 6 horas de caminhada. Ainda por cima não disse a ninguém que para aqui vinha nem há rede de telemóvel. Porreiro. Mas continuo a tentar subir paredes até que por fim, voilá, uma brecha que me permite conquistar o topo e que, depois de uns metros a rastejar na vegetação, me leva a um caminho! Tou safo. É já à luz de frontal (que anda sempre na mochila de fotografia) que prossigo e chego ao carro passada mais uma hora.
Desde então voltei ao local algumas vezes para fotografia ou trabalho de campo, sempre acompanhado e pelo caminho certo. Mas a primeira impressão deste sítio foi de um mundo perdido onde efectivamente me perdi. E assim continua.
A primeira vez que lá fui foi completamente à descoberta. Já tinha ouvido falar que havia caminhos para descer à caldeira, caminhos esses difíceis e nunca marcados. Foi com esta quantidade enorme de informação que deixei o carro perto das antenas no topo da Serra e segue jogo por um caminho que, apesar de pouco usado, parecia óbvio. Passada meia hora estava no topo de uma parede a ver a caldeira lá em baixo, umas boas dezenas de metros verticais abaixo. E agora para descer? Continuo a seguir o caminho, nas bifurcações metendo sempre pela direcção que me parecia mais provável de se dirigir a uma falha na parede intransponível. Resultou, ao fim de uma hora de caminhada estava dentro da Caldeira. Mas continuo a descer, na direcção da Lagoa Funda, que já tinha visto de lá de cima. Só ao chegar ao fundo me apercebo da grandiosidade do local. Uma lagoa perdida, rodeada de tapetes de musgos com profundidade suficiente para enterrar uma pessoa, de um lado uma floresta completamente intocada, do outro uma parede vertical enorme. Brutal! Como não gosto de voltar para trás continuo a seguir ao longo da parede, onde um corredor se abre entre esta e a floresta intransponível, ela própria uma parede de vegetação. Ao longo do caminho vou tirando fotos e mais fotos. E vou tentando subir a parede num ou outro ponto onde me parecia que era possível. Mas não, de cada vez deparava com uma parte perfeitamente vertical, sem hipótese. É assim que me vejo com o sol a pôr, sem água, comida, ou noção exacta de onde estou (apesar do GPS) ao fim de umas 5 ou 6 horas de caminhada. Ainda por cima não disse a ninguém que para aqui vinha nem há rede de telemóvel. Porreiro. Mas continuo a tentar subir paredes até que por fim, voilá, uma brecha que me permite conquistar o topo e que, depois de uns metros a rastejar na vegetação, me leva a um caminho! Tou safo. É já à luz de frontal (que anda sempre na mochila de fotografia) que prossigo e chego ao carro passada mais uma hora.
Desde então voltei ao local algumas vezes para fotografia ou trabalho de campo, sempre acompanhado e pelo caminho certo. Mas a primeira impressão deste sítio foi de um mundo perdido onde efectivamente me perdi. E assim continua.