24.11.08

Abrigo

Carrapateira, Algarve
Como acabo de ver um artigo científico que aborda o uso de conchas de caracóis como abrigo para artrópodes, aqui ficam umas vespas que ali encontraram uma nova casa.

5.11.08

Osga

Monchique, Algarve
Será Tarentola? Ou Hemidactylus? Alguém sabe? Pelo que sei a melhor forma de distinguir é olhar prós dedos mas esqueci-me de os focar :)

19.10.08

Trabalho sujo

Gruta dos Balcões, Terceira, Açores
Anda uma pessoa a estudar 20 anos para depois se meter no meio da lama...

14.8.08

Tarantula

Hogna radiata, Dunas da Amorosa, Minho
Apesar de grandes, as nossas tarântulas estão confusas. Ou melhor, nós é que estamos confusos porque ninguém sabe afinal que espécies temos, entre Hognas, Lycosas e Allocosas. Mas com este tamanho todo ainda ninguém se lembrou de as estudar? É verdade... E não é só na Península Ibérica onde temos mais de uma dezena de espécies de que não se sabe bem o status (muitas delas provavelmente foram erroneamente descritas como novas espécies). É também o caso da Madeira, onde as muitas espécies endémicas estão tão mal descritas que ninguém sabe muito bem o que existe.

4.8.08

Atlas

Azib n Tizgui, Alto Atlas, Marrocos
Mais uma imagem de uma caminhada de 6 dias no Alto Atlas em Abril de 2008. Sem uma nuvem que se visse durante todo o percurso, só o nascer e pôr do sol nos proporcionavam esta luminosidade suave. Entre um banho na água de um ribeiro alimentado pelo degelo e um jantar numa tenda berbere :)

19.6.08

Helix

Santa Maria, Açores
Esta é uma entre 10 fotos enviadas por mim que chegaram às semi-finais do Wildlife Photographer of the Year, edição 2008. Não sei a percentagem que chega a esta fase, mas para o ano será melhor, espero :)

11.6.08

A Armadeira de Monte Gordo

Loxosceles rufescens, Mértola
Há algum tempo que não recebia nenhum mail acerca da famosa "Armadeira de Monte Gordo". Surgiu há alguns anos e ciclicamente é posto de novo a circular supostamente por alguém que foi mordido por esta aranha da foto, a Loxosceles rufescens. Conta a história, numa das versões mais populares acompanhada de fotos de necrose num dedo da mão, que o coitado do senhor foi mordido por esta aranha. Isto aconteceu em Monte Gordo, onde colónias destas aranhas subsistem depois de terem sido importadas nos cachos de bananas. As primeiras versões que me chegaram há uns anos não falavam das bananas mas eram escritas em português abrasileirado. Quando é que o sotaque se transformou em bananas não sei, só sei que é mais um "hoax", uma mentira.
Realmente existe em Portugal continental esta Loxosceles. É muito comum, principalmente em zonas secas como no Alentejo interior e mesmo dentro de casas. E pode causar necrose. Mas, ao contrário do referido no mail, não causa necroses graves, não salta, não é agressiva, não vem do Brasil ou das bananas e nem se chama armadeira. Muito menos há casos de amputações ou morte.
Aliás, em Portugal não existe nenhuma aranha que possa causar qualquer tipo de problema grave. O mais que podem fazer é eliminar uma quantidade enorme de insectos praga, sintetizar venenos que permitam futuramente elaborar novos medicamentos, alertar para situações de desequilíbrio ecológico ou mesmo servir como objectos de estudo comportamentais por excelência (ao terem uma inteligência similar a muitos mamíferos). Tirando estes "problemas" não causam certamente mais nenhum perigo...

9.6.08

A viúva alegre

Dunas da Amorosa, Minho
Sem ter tido a oportunidade de confirmar a identidade, dado que apenas vi juvenis, esta poderá ser a infame "viúva-negra". Na verdade a nossa viúva, Latrodectus tredecimguttatus, parece ser bastante comum em zonas dunares de norte a sul do país. Imagino que muitas casas construídas em cima de dunas também as tenham. Infelizmente não se deixa de aí construir, se estas aranhas fossem perigosas até podiam ser muito úteis contra a quantidade de atentados ambientais que se vêm no nosso litoral. Uma espécie de controlo biológico contra pragas humanas :)
Os grãos de areia e restos de presas que se vêem na teia servem como refúgio, a aranha esconde-se em baixo desta pequena construção, invisível aos predadores.

2.6.08

4167m

Vista do Toubkal (4167m), Alto Atlas, Marrocos
Nem toda a gente tem a oportunidade de subir a mais de 4000m de altitude. Ou está longe, ou requer muita preparação física e técnica, ou ambos. Mas o Toubkal será uma excepção, com apenas alguma preparação e tendo vontade não fica nada difícil lá chegar. Isto apesar de ser o ponto mais alto do Norte de África. Sem ter sido a minha primeira vez a mais de 4000, foi certamente a mais fácil (da última andei perdido nas crevasses de um glaciar Alpino durante a noite :)) Depois de 4 dias de caminhada em Abril de 2008 fez-se a ascenção ao 5º dia, felizmente com um tempo formidável. E a vista valeu bem a pena, depois de carregar com 2kgs de material fotográfico extra...

25.5.08

E.T.

Paúl de Arzila, Coimbra
Foto tirada durante um COBRA (o que é o COBRA???) na Reserva Natural do Paúl de Arzila. Em um único dia, 4 pessoas, 142 espécies de aranhas! E este louva-a-deus, com umas antenas formidáveis e a curiosidade natural de criatura inteligente (ou quase...).

19.3.08

Bactérias

Gruta do Natal, Terceira, Açores
Afinal é mesmo possível ver bactérias a olho nú. Em muitas grutas, onde as condições de temperatura e humidade são relativamente constantes, podem-se formar mantos que recobrem as paredes na sua totalidade. Muitas colónias formam mesmo padrões de crescimento muito peculiares.

15.2.08

Símbolo dos Açores?

Hortênsia (Hydrangea macrophylla), Terceira, Açores
A hortênsia é usada em tudo o que é folheto, cartaz publicitário ou imagem que queira representar os Açores no seu estado "natural". Surpreendentemente ou não, 99% dos turistas que visitam as ilhas (incluindo biólogos), não sabem que esta planta é não só introduzida como invasora! Originária do extremo oriente é plantada por tudo o que é estrada ou caminho nestas ilhas. Mesmo quem ache que a flôr é bonita não pode deixar de se perguntar porque razão esta planta do outro lado do mundo é usada como "símbolo" Açoriano. Tem tanta lógica como usar um koala num eucalipto para representar Portugal (pensando bem já estivemos mais longe disso). Não teremos outras opções?

5.2.08

Efémera

Ephemeroptera, Angra do Heroísmo, Açores
Este é um caso de aproveitar o momento enquanto se pode. Os efemerópteros passam a maior parte da sua vida sob a forma de larvas em água doce. Tornam-se adultas por apenas umas horas a uns dias com o fim único de acasalar e, no caso das fêmeas, pôr os ovos. As suas larvas são muito usadas como indicadores do estado ambiental de habitats aquáticos.

26.1.08

Macrothele

Macrothele calpeiana, Fonte Benémola, Algarve
Depois da mais pequena aranha europeia, endémica de Sesimbra, aqui fica a maior aranha europeia, possivelmente endémica do sul da Península Ibérica. Com um tamanho de corpo (excluindo patas) de até 4 cm, já mete respeito. É assim 500.000 vezes maior que a Anapistula sp. em volume. Curiosamente, um bicho deste tamanho foi descoberto pela primeira vez em Portugal apenas em Março de 2007 por um alemão em férias. Isto demonstra bem o pouco que se conhece deste grupo.
Esta é também a única aranha listada na Directiva Habitats, como tal a única espécie protegida em Portugal. Apesar de as listagens de invertebrados incluídos nestas listas parecerem ter sido feitas de forma verdadeiramente aleatória, pelo menos lembraram-se deles :)

16.1.08

Risco de Extinção

Anapistula sp., Gruta do Fumo, Sesimbra
Apresento uma nova espécie de aranha cavernícola, do género Anapistula, família Symphytognathidae. Um grande nome para a mais pequena aranha Europeia com meio milímetro quando adulta. Esta foto foi tirada in situ, em condições no mínimo adversas com um fole, uma lente 50mm invertida e um bom trípé. Mesmo assim não saiu como queria, mas como as condições permitiram. Como curiosidade, esta espécie aparenta ser partenogénica, ou seja, não existem machos dando-se a reprodução através de "clonagem" das fêmeas. Ainda não se tem a certeza, mas pensa-se que esta espécie será descendente de alguma outra aranha que existisse à superfície quando autênticas florestas tropicais recobriam toda esta área, há milhares de anos. Com a vinda das grandes épocas glaciais, algumas destas pequenas aranhas podem-se ter refugiado no clima mais “temperado” das grutas e aí ficaram até hoje. Os seus parentes mais próximos conhecidos estão agora restritos à floresta tropical Africana.
Descoberta há dois anos por mero acaso em 3 grutas muito próximas no Sistema do Frade durante uma actividade do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, não só se trata de uma nova espécie para a ciência, como os critérios IUCN a classificam como “criticamente em perigo de extinção”. Os critérios foram pensados para vertebrados, mas são muitas vezes aplicados a invertebrados com as devidas reservas. No entanto, a verdade é que a área de distribuição potencial da espécie (que deve andar por apenas 2 km2) tem-se reduzido significativamente devido às pedreiras mais próximas. Infelizmente, todas as tentativas de um ano para obter uma autorização do ICN(B) e do PNA para estudar a espécie foram goradas, afinal de contas é apenas um "insecto", não se pode esperar grande interesse. Não quer dizer que esteja à espera disto, mas era razoável que estes pequenos seres fossem pelo menos considerados como parte da Natureza e da Biodiversidade. Um dia as mentalidades mudam, haja esperança. Entretanto, aqui fica o registo de mais uma espécie única no nosso país.