sábado, 31 de maio de 2008

fofices do design XII


Declaro aqui, abertamente, guerra a todos os temas de ursinhos, coraçõezinhos, menininhas e menininhos, carrinhos, cirquinhos e qualquer outro tema infantilóide que acabe em "inho" para quartos de bebês e crianças. Os temas em sí não são o problema, confesso. O problema está na maneira em como eles são interpretados.
Bom, até aí nada de novo, vocês vem acompanhando meu desgosto com esse assunto (décor para quartos de bebês) faz um certo tempo.
Respeito e poupo somente os que, como vocês podem ver, tem design moderno, cor, um ar de vintage, cor (sim, estou repetindo porque cor é muito importante e bebês gostam de cor), e que não dá para chamar de "inho", por mais que você queira. 
O time de designers da Dwellshop tem um trabalho impecável tanto para gente pequena como para gente grande. Tem tema? Tem. Dá para achar "bonitinho", "engraçadinho" ou "fofinho"? Não. Quando você olha para os produtos da Dwell você só consegue dizer:
Uaaau.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

AMPROPOA

Era cinco da tarde de 2003. O vento frio do outono já estava levantando folhas caídas das árvores. Numa sala sem placas em um prédio de endereço obscuro, umas 16 mulheres esperavam pelo começo, todas caladas e com olhar baixo. Finalmente a presidente levantou-se, foi ao microfone e falou:

-Boa tarde. Declaro aberta mais uma sessão da AMPROPOA. Estou vendo novas pessoas entre nós. Alguém gostaria de vir se apresentar para o grupo?

Levantei a mão correndo (não aguentava mais de ansiedade) e fui ao microfone:

-Oi. Meu nome é Flavia Fiorillo e eu sou uma mãe que procura pelo em ovo.
-Olá Flavia.-Foi a resposta em coro.

Todos aplaudiram e depois que contei minha terrível saga até chegar até lá, cedi a vez para outras 4 mães que, como eu, resolveram que era hora de tomar rédeas da própria vida.
O processo para a cura foi penoso e a duração interminável. Passei pelos 12 estágios e hoje digo com orgulho de estou clean por mais de 3 anos. Não precisei mais voltar à sede da Associação das Mães que PROcuram Pelo em Ovo Anônimas.
Sabem aquele tipo de mulher que fica tirando a temperatura do filho a cada 23 minutos quando ela acha que deve estar subindo para 36,8ºC e depois de 2 horas sem mudança (na temperatura que não subiu) liga assim mesmo para o pediatra desesperada porque tem certeza de que tem alguma coisa errada? Aquela que entra no quarto do bebê que está dormindo tranquilamente a cada 18 minutos para ver se ele está respirando? Aquela mãe que exige que o amiguinho de 3 anos da classe do filho seja expulso da escolinha só porque ele mordeu seu filho e fica na orelha da diretora por semanas, dia sim, dia sim? Pois é. Meu caso não era assim tão extremo, isso para mim seria o equivalente e enxugar uma garrafa de tequila e outra de gim enquanto eu bebo socialmente.
OK, isto está longe de ser desculpa pois não deixamos de ser todas doentes, só varia o grau. Assumo que fui um dia obcecada (no pior sentido da palavra) com coisas que não tem a menor importância, não importa como as veja. Foi um período em que eu ficava exausta, tanto fisica como mentalmente. Não sobrava tempo para nada. O Tico e o Teco quase pediram demissão, alegando que isso não estava na descrição de tarefas deles quando foram contratados.
Não tenho vergonha. Passou.
Tenho certeza que você também achou ou está próxima de achar o seu equilíbrio e vai deixar a vida de seu filho em paz, mesmo que ele queira colocar um pé da sandália havaiana de Super-Man e o outro do Macqueen para ir se encher de germes comendo a areia da pracinha com o melhor amiguinho dele que nem por isso insiste em morde-lo o tempo todo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

dormindo em pé

Passei a última semana dormindo como as vacas. Em pé. E em cada chance que eu tinha para me encostar em uma parede, amigo, banco de rua ou poste. 
A cria menor, (que carinhosamente chamo de) Matraca-Trica, adoeceu. Depois foi a vez da Fofoquinha, a maior (desgraça nunca vem sozinha, já diz o ditado). Isso quer dizer que no máximo, cochilei por 40 minutos a cada 20 que passei acordada dando remédio, colocando compressa fria na testa, esperando a crise de tosse passar e segurando a mãozinha dos meus cotocos de gente. Sem quase nunca entrar em sono profundo. Na hora em que entrava, alguém chamava ou tossia até vomitar. No dia seguinte a vida continuava normal, depois de ter 4 horas e meia de sono. Descansar para quê?
Se eu parar para pensar bem, faz cinco anos que não durmo. O pior é ainda ter um pouco de massa cinzenta ativa (que faz seu auto exame com frequência) que chegou à conclusão de que como a calota polar, está perdendo massa vertiginosamente a cada ano que passa. Depois do último exame a conclusão foi a de que está sobrado uns 41% da massa original. Tem também os coitados dos meus 2 neurônios, Tico e Teco, que nunca mais se viram. Quando Fofoquinha nasceu eles entraram em revezamento: enquanto um ficava acordado me mantendo respirando e piscando os olhos, o outro cochilava. E tem sido assim desde então. Um deixa bilhete para o outro quando trocam de turno. Na grande maioria das vezes esquecem de contar a metade da missa e eu fico eternamente com cara de tacho diante da vida.
Não sei se estou fazendo muito sentido, a sensação de embriaguez é grande e acho que não estou escrevendo lé com cré. Meu primeiro texto dadaísta, quem diria!
Eu não estou gostando de emburrecer a olhos vistos. Eu protesto.
Francamente não entendo como nenhum cientista fez ainda um estudo em long term sleep deprivation (e eu lá sei como traduzir isso para o português??!!) em mães. Algum documento oficial para a gente mostrar às caras metades quando eles olham para a gente com cara de :"Sei. Nunca ouvi desculpa tão esfarrapada."



terça-feira, 20 de maio de 2008

fofices do design XI

O grande boom da decoração no momento: wall stickers. Faz a gente se perguntar como ninguém tinha pensado nisso antes, não faz?
Realmente são divertidos e sem compromisso. Não gostou, basta descolar da parede e inventar outra coisa. São baratos e você pode inventar o que bem entender.
A Wallcandy Arts levou o conceito um pouco mais longe e juntou a fome com a vontade de comer: sticker para desenhar com giz, uma lousa interativa. E com o plus de serem em fomatos de animais, círculos, árvores, espelho, foguete ou até mesmo quadrados.
Esses stickers vão fazer até você esquecer da sujera que esse monte de giz vai fazer no chão do quarto.

eu acredito em fadas

Também acredito em gnomos. E em duendes, no coelho da Páscoa, Papai Noel, até no Super Man. Acredito nas Princesas e no Homem Aranha. Acredito em qualquer ser fantástico que tira a minha responsabilidade direta pela desgraça que acontece com a vida de meus filhos. Pois não é assim que a cabecinha deles interpreta mudanças em suas vidas tão confortávéis? E como podemos ser tão más a ponto de tirar a fralda ou a chupeta, mudar da mamadeira para o copo, por exemplo? Desgraça pouca é bobagem.
Acredito em qualquer coisa que facilite lidar com o desespero que eles sentem (ou você acha que eu gosto de ver o sangre de mi sangre se esvaindo em lágrimas, berrando e berrando e implorando pela peta, se agarrando nas minhas calças como se tivesse o fígado arrancado??) e que os ajude nesse período delicado de transição.
Eles vão lutar até a última gota de lágrima, até perder a voz de tanto chamar a mamãe, vão bater a cabeça no chão, na parede, aonde for. A coisa vira um cabo de guerra de força de vontade. Adivinha qual é o lado mais fraco dessa corda?
O que eles querem é que você se comova rápido e devolva seja lá o que for que você tirou. O que eles querem é que você se sinta o cocô do cavalo do bandido, a pior madrasta de conto de fadas, o ser mais escabroso da face da terra, contanto que devolva. Eles são muito bons nisso, não são?
Agora, fala para eles irem chorar para a fadinha para ver o que acontece. 
A fadinha é minha grande aliada em casa. Foi responsável por sumir com as chupetas, as fraldas, as mamadeiras, o berço.
Quando foi a hora da cria mais velha dizer bye-bye para  a chupeta, esta "quebrou-se" por que ela já era uma moça e chupeta tem prazo de validade(i.e. a mamãe passou a tesoura no bico da peta). A fadinha então  levou a dita cuja para reciclar para outro bebê (quando eu invento uma lorota, eu invento uma lorota). Duas noites depois minha cria teve uma recaída e chorava desesperadamente pela peta. Eu só precisei dizer uma vez para que ela se acalmasse e se conformasse:
-Querida, se dependesse da mamãe eu já teria te dado a peta, mas infelizmente eu não a tenho, a fadinha levou embora. Você acha que a mamãe gosta de ver você assim triste?
Tá certo, eu de vez em quando falo demais. Me empolgo e vou mais longe do que devo. Mas queridas leitoras não se preocupem, já comecei a "poupança da terapia" para os dois, pois com tanta lorota desconfio que esse dia vai chegar logo, logo.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

atraso de vida

Feliz dia das mães.
Assim, atrasado mesmo. Fiz uma média e descobrí que sou atrasada com a vida mais ou menos 2 semanas. Portanto estarei chegando nessa ocasião festiva em alguns dias.
As pessoas me ligam, só retorno semanas depois. Mesma coisa com exames médicos. Levo um mês para marcar, quando marco é para daqui 45 dias, esqueço de pegar os ditos depois e levo 6 meses para retornar ao médico que me pediu esses exames. Ou não retorno nunca mais. Responder email, então, nem se fala. As vacinas dos meus filhos estão mais acumuladas que a Megasena. E o povo acha que sou mal educada, grossa, sem consideração. Ai, ai....
Não é por mal que isso acontece, é porque tenho filhos. Tem sempre um ou alguma coisa no caminho quando a gente tem que ir no banco, fazer supermercado, terminar aquele free lance, escrever mais um capítulo do livro (sim, logo logo vamos ter um livro!); tudo no mesmo dia num espaço de tempo de duas horas e quarenta minutos. Um deles impreterivelmente fica doente quando tenho, uma vez ao ano, uma festa ou jantar; outro que decide que precisa fazer cocô na hora de sair (quando já estamos com 20 minutos de atraso) e leva mais uns 15 minutos cantando no vaso enquanto a vontade vai e vem. Quantas vezes não tive que voltar para casa do meio do caminho porque um esqueceu de escovar os dentes ou a outra deixou o casaco em cima da cadeira? Essas coisas todas acontecem no meio do nosso dia-a-dia que já está cheio. A gente vai se enrolando e quando vê a bola de neve já está indo descontroladamente morro abaixo. Em alguns momentos eu gostaria que o dia tivesse 32 horas, para pelo menos dar tempo de sentar e tomar um chá como se fosse gente. Nesses momento sempre me vejo cantando a música do coelho da Alice:

É tarde, é tarde.
É tarde até que arde.
Ai, ai meu Deus,
Alô, adeus,
É tarde, é tarde, é tarde.

Apesar de tudo, tento parecer calma diante deles e não apressá-los. Ainda não é hora de começar com essa ladainha com esses projetos de gente. 

Para terminar, ainda no assunto que nem comecei-o dia das mães-queria dizer que foi uma semana intensa, cheia de emoções. Chorei até com o comercial de dia das mães das Casas Bahia, ora vejam se pode-ok, a TPM teve 40% de participação das lágrimas, mas a gente fica mesmo mais sensível, não fica? Ganhei 2 lindos desenhos (e só, fiz questão) feitos pelas mãozinhas das minhas crias. Ainda temos mais comemorações neste sábado. A escola resolveu atrasar o evento para que todas pudéssemos curtir em paz. Já até separei os óculos escuros e os lenços de papel, e se conheço bem as outras mulheres teremos, como sempre, um amontoado de mães sentadas no chão enxugando lágrimas disfarçadamente pelo canto dos óculos escuros enquanto a petizada canta alguma música com letra de rimas duvidosas (porém mais emocionantes do que último capítulo de novela) bem ensaiada para a ocasião.

terça-feira, 6 de maio de 2008

as pajens e eu-toma que o filho é teu!

Uniduni-tê
Salamê minguê
Um sorvete colorê
A escolhida foi VOCÊ!

Estava no parquinho do clube outro dia-pensando bem, quando não estou no parquinho do clube??-e enquanto as crias estavam ficando tontas de tanto dar volta na roda gigante, parei para observar várias cenas bucólicas de fim de tarde com muito sol. Uma delas era uma mãe, uma bebéia e a pajem. A mãe levava o carrinho e as sacolas, a bebéia ia no colo da pajem. Mais adiante uma mãe lendo revista enquanto a pajem brinca com seu filho no tanquinho de areia. No banco ao meu lado a pajem está dando mamadeira para um bebê enquanto a mãe, que está sentada do lado, fala ao telefone. Outra mãe levando sacolas e tranqueiras e uma menina no colo da pajem.
Recebí um comentário aonde uma querida leitora conta que estava um dia também no parquinho assistindo a seguinte cena: um bebê chorava, chorava, chorava. Soluçava e voltava a chorar. Quem tentava acalmar o tadico era a pajem, enquanto a mãe corria de um lado para o outro esquentando mamadeira, procurando chupeta e depois, estressada, desistiu e foi tomar banho (??!!). Só depois que o bebê acalmou a mãe aliviada (e cheirando bem) pegou o bebê no colo.
Minha mãe uma vez me disse que criança é que nem cachorro: afeiçoa-se e respeita a mão que o alimenta. Ela também falou que, como cachorros, tudo se consegue de uma criança se tem um prêmio envolvido, mas isso é assunto (discutível, bem discutível) para outro post. Voltando à vaca fria (até hoje essa expressão não faz sentido para mim...): nesse ponto ela acertou. Por isso rola tanto ciúmes entre mães e babás, as mães não aguentam ver que seus filhos gostem mais de uma "estranha" do que dela. Despedem a moça que estava fazendo seu trabalho tão, mas tão direitinho por um motivo qualquer e a criança, coitada, perde o ponto de referência e de afeição. O que não aconteceria se a mãe participasse mais da vida de seus filhos. Tá bom, todo mundo trabalha, não tem tempo, chega tarde , pode inventar a desculpa que quizer que eu aceito e concordo. Porém quando você estiver presente, esteja presente. Brinque, cuide, faça cafuné, faça bolo de areia, empurre balança, carregue seu filho, aposte corrida, leia, dê banho. É fácil a gente perder a perspectiva do que é importante, ou do que deveria ser. 

Obs: Me sinto na obrigação de novamente pedir desculpas pela imagem, que apesar de mui fofa (e por esse motivo não resisti), é na minha opinião levemente racista.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

gerações


MÃE EDUCA.
Dãa.

AVÓ ESTRAGA.
Saímos eu e meu marido para fazer sabe-se lá o quê um dia desses e deixamos nossa filha, então com dois anos e qualquer coisa (quase três, vai); com vovó. Para nossa surpresa, quando chegamos, a garota estava com uma larga boca de palhaço vermelha (para ser mais exata num dos lados do rosto a pintura ia até a orelha), incluindo dentes com uma generosa crosta bem pintada e espelho bem rabiscadinho: tudo de batom.
-Mas mãe-disse eu-maquiagem??!!!!! Ela não tem nem 3 anos! Tá maluca?!-perguntei depois de tirar ela do quarto.
-Ué, e daí?
-Não pode. Não quero. Ponto.-respondí.
Meu marido, colocando panos quentes (aliás frios, eu já estava ficando com a cabeça perigosamente beeem quente) na história e tentando fazer uma pegadinha com minha mãe, perguntou:
-Por acaso a senhora deixava a Flavia usar maquiagem quando ela era pequena?
Ela respondeu sorrindo:
-Eu? Eu não, eu era a mãe dela. Só que agora eu sou avó.

BISAVÓ CORROMPE.
Final de almoço na casa da minha avó, depois que todas as crianças se empapuçaram de massa, azeitonas, pão e sabe-se lá quantas outras bobagens-quase tudo feito em casa por minha avó com aquele amor e carinho que só os comerciais de margarina em semana do dia das mães sabe expressar (honestamente não faço questão que eles comam salada e carne lá, eles fazem isso aqui em casa): minha avó traz para meus filhos uma generosa travessa de suspiros feitos por ela seguidos de sorvete e chocolates. As frutas eventualmente chegam à mesa mais tarde, mas minha avó não percebeu ainda porque estava correndo (tá, exagerei na licença poética. A velhinha só consegue andar rápido e olhe lá) atrás de toda a petizada com a dita travessa insistindo para eles pegarem só mais um suspiro: "Quer que coloque mais um no sorvete, fica uma delícia, quer experimentar?". Finalmente ela desiste depois que eles comeram suspiros, sorvete e bombons e vem se sentar conosco. Vê pedaços de melancia e vira para a mais velha que está lambendo a boca toda cheia de migalhas de suspiro:
-Quer um pedaço? Você não quer melancia? E pêra? Então só uma fatia de caqui.
A mais velha nem dá bola, está ocupada com uma taça de sorvete agora.
Uns dois minutos depois minha avó desiste da fruta, se vira para mim indignada e diz:
-Seus filhos não comem fruta nenhuma, não é?-em tom de reprimenda mesmo, rabugenta como qualquer ser humano que viveu mais de 87 anos- Eu nunca vejo eles comerem fruta quando estão aqui em casa, você não dá fruta para eles PORQUÊ?